Você está na página 1de 3

BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO

Ética Profissional A

Professor José Carlos Gomes Marçal Filho

André Bartolomeu Cisneiros da Silva

Resenha

O Existencialismo de Sartre

Jean Paul Sartre tomou para si a tarefa de trazer para a filosofia um pouco
mais do racionalismo que vinha se instalando na ciência, desvinculando aquela
dos vícios de pensamento que a religião exerceu sobre a ciência e a religião.

Ao propor que a filosofia não deveria encarar a vida sob o ponto de vista da
criação do homem e do universo por um ser chamado Deus, Sartre colocou
uma nova visão dentro da filosofia cujas implicações trouxeram maturidade e
clareza ao pensamento moderno, embora essa tendência já havia vinha sendo
proposta por Kierkegaard, Heidegger e Jaspers.

A ideia de que a essência precede a existência foi um dos pilares do


pensamento filosófico que prevalecia até o momento. Tendo vivido a realidade
da guerra e sofrido a privação da liberdade em um campo de concentração
nazista na Alemanha, seu pensamento foi marcado pela busca incansável da
defesa da liberdade e o engajamento político por uma sociedade mais justa e
despida de preconceitos.

Se a existência não é precedida pela essência, ou seja, se não temos uma


predefinição de valores que expliquem o homem, a priori, como bom ou mal, ou
que estabeleçam limites para sua vida, e assim decidam por ele, teremos então
que entender o homem como um ser que cria sua própria definição moral e
ética, e por isso, aquilo que define o homem, em maior profundidade, é a
liberdade.

O que Sartre entende por liberdade é a condição humana de ser. A liberdade é


a condição humana que o define com um ser que cria sua própria condição de
existência a partir de seus atos e, por isso, segundo Sartre, é somente quando
age que o homem pode se conhecer. É a partir de suas escolhas, livres, por
não ter amarras ou imposições morais, que o homem pode ser definido e assim
compreendido.

Então, o homem é aquilo que se tornou por suas próprias decisões e escolhas,
mas principalmente por suas ações. E é somente por suas ações que podemos
conhecer o homem, por aquilo que se tornou concretamente.

Neste sentido, Sartre se aproxima de Marx, quando encara a história da


humanidade como uma sucessão de eventos marcados pela ação humana e
construídos por meio de escolhas humanas e não por intervenções ou
desígnios divinos.

Porém, diferente de Marx, Sartre vê que as ações humanas são também


caracterizadas pela subjetividade, e seu foco é no indivíduo e não na
sociedade ou nas classes sociais. Segundo Sartre é o indivíduo que dá sentido
à sua vida e é somente por sua subjetividade que ele se insere na história,
justamente por criar sua própria história individual.

Além disso, se somos responsáveis por nossos atos, essa responsabilidade


nos coloca novamente no protagonismo da vida, e cada escolha que fazemos,
embora individualmente, é também uma escolha para a humanidade, visto que
esta decisão se torna uma imagem e modelo para os outros.

Daí que, embora existencialmente individuais, nossas vidas construídas por


nós mesmos têm impacto na sociedade e cada escolha individual reflete no
mundo. Por isso ele fala da angústia que essa responsabilidade traz. Angustia
e desamparo por não se apoiar em projetos anteriores ou futuros, mas na crua
liberdade do que podemos vir a ser pelas nossas realizações.
Irremediavelmente só, mas, ao mesmo tempo, livre e preso a suas próprias
escolhas, como qualquer outra pessoa. E sim responsável.

E cada ação me põe a descoberto. Por ser um ser social, sou aquilo que me
veem fazer e por isso, minha ação se soma a outras ações e é esse coletivo
que se insinua na intersubjetividade das ações humanas.

Certamente que os acontecimentos da Europa, a guerra e o surgimento de


ideologias totalitárias afetaram enormemente seu pensamento, a ponto de,
muitas vezes se aproximar das propostas marxistas e em outras divergir. Mas é
nessa definição de liberdade e engajamento que a filosofia sartreana se
destaca como uma vigorosa proposta de visão de mundo e do indivíduo
madura, crítica e propositiva baseada na ação, inclusive por sua revisão e nova
visão da dialética, ao incluir a importante questão da subjetividade como
elemento de explicação da atuação do indivíduo no social e a influência das
determinações sociais e econômicas sobre os grupos e indivíduos.

Você também pode gostar