Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1. Introdução
1
total dos principais problemas de saúde que atualmente afligem os países
industrializados, isto é, as enfermidades cardiovasculares e os tumores malignos.
(LAURELL, 1982, p.2)
Falar de saúde como processo de produção é falar de uma experiência que
não se reduz ao binômio queixa-conduta já que aponta para a multiplicidade
de determinantes da saúde e para a complexidade das relações entre os
sujeitos trabalhadores, gestores e usuários dos serviços de saúde. O que se
produz neste processo é a um só tempo a saúde e os sujeitos aí implicados.
Por isso, falamos da humanização do SUS como processo de subjetivação
que se efetiva com a alteração dos modelos de atenção e de gestão em
saúde, isto é, novos sujeitos implicados em novas práticas de saúde.
Pensar a saúde como experiência de criação de si e de modos de viver é
tomar a vida em seu movimento de produção de normas e não de
assujeitamento a elas. (BENEVIDES, 2005, pág. 570)
2. Material e Método
3. Resultados
A elaboração deste artigo ocorreu em duas etapas, sendo que a primeira etapa
foi selecionar as revisões sistemáticas da literatura que pudessem contribuir para a
elaboração do objetivo principal deste artigo. Em um segundo momento, foi
realizado uma separação para eleger os artigos com maior relevância para
2
elaboração do trabalho, conforme conceitos utilizados, áreas de atuação e setores
em que foram realizados, totalizando 22 obras.
Diante destas etapas foi decidido que a realização deste artigo se daria em dois
eixos principais, sendo eles a educação popular como instrumentalidade no Serviço
Social na saúde e a utilização da educação popular no atendimento social ao
paciente oncológico.
A revisão literária atrelada a prática profissional permitiu observar e ter como
norte a experiência da educação popular como instrumentalidade no serviço social
no atendimento ambulatorial ao paciente com câncer.
Essa atuação se dá pela prática de tal metodologia no atendimento social. O
Assistente Social na atenção ao câncer trabalha com o indivíduo atrelado de uma
doença estigmatizada como sendo sempre mortal. O Assistente Social e equipe
multiprofissional trabalharam nos atendimentos e grupos de orientações que o
tratamento é para viver. E partem de que é processo, longo, porém um processo.
Que visa à cura, o controle da dor e na melhora da qualidade de vida do paciente e
de seus familiares.
Os desenvolvimentos das atividades do Serviço Social devem estar em
consonância com o projeto profissional, que foi idealizado no período de transição
dos anos 1970 aos 1980, num processo de redemocratização da sociedade
brasileira. Além de seguir o código de ética da profissão que garante aos
profissionais diretrizes e seguranças para realização de suas ações.
4. Discussão
Para começar a falar sobre Educação Popular é necessário apontar que a
educação, historicamente, serviu como ferramenta de dominação das classes
dominantes e, como sistema, contribuiu e ainda contribui para a manutenção e
reprodução do status quo.
Porque a educação sobrevive aos sistemas e, se em um ela serve à
reprodução da desigualdade e à difusão de ideias que legitimam a
opressão, em outro pode servir à criação da igualdade entre os homens e à
pregação da liberdade.
(Brandão, 1993, p. 98-99).
A educação foi conhecida como uma forma de transferência de conhecimentos
de interesse da burguesia. Porém não existe uma única maneira de ensinar, não há
um único modelo de educação. Todavia, na maioria das vezes ela é vista como
dominante.
Paulo Freire, descontente com essa educação alienada e sem grandes
acréscimos para os educandos e crente na ideia de que educação é um ato de
amor, solidário, coletivo e não apenas algo solitário, na qual somente se despeja
saber, decidiu radicaliza-la, inserir um método de aprendizagem que fosse capaz de
mudar os sujeitos e o mundo. Então, elaborou a Educação Popular a qual se inicia
com as ideias levantadas a partir das palavras geradoras. Considerada um
movimento social confiava no poder da criatividade e na possibilidade de libertar os
homens e mulheres daquela rotina não refletida.
O mais importante nesta palavra, “reinventar”, é a ideia de que a educação
é uma invenção humana e, se em algum lugar foi feita um dia de um modo,
pode ser mais adiante refeita de outro, diferente, diverso, até oposto. Muitas
vezes um dos esforços mais persistentes em Paulo Freire é um dos menos
lembrados. Ao fazer a crítica da educação capitalista, que ora chamou
também de “educação bancária”, ora de “educação do opressor”, ele
3
sempre quis desarmá-la da ideia de que ela é maior do que o homem.
(Brandão, 1993, p.99-100)
Na Educação Popular o método deve ser construído e reconstruído sempre,
uma vez que é elaborado coletivamente dentro do circulo de cultura. É considerada
por muitos, como um instrumento de produção de uma nova consciência, uma
aproximação com a realidade.
Por entender as classes populares como detentoras de um saber não
valorizado e excluídas do conhecimento historicamente acumulado pela
sociedade, nos mostra a relevância de se construir uma educação a partir
do conhecimento do povo e com o povo provocando uma leitura da
realidade na ótica do oprimido, que ultrapasse as fronteiras das letras e se
constitui nas relações históricas e sociais. Nesse sentido, o oprimido deve
sair desta condição de opressão a partir da fomentação da consciência de
classe oprimida. (Maciel, 2011, p. 328)
4
considerada um instrumento importante para fazer com que a educação chegasse
aos últimos rincões do país.
Contudo, por sua dimensão política, a Educação Popular acabou se
transformando em grande movimento e com o golpe militar que implantou a ditadura
no Brasil, ela foi “cassada”. Enquanto movimento, passou a contribuir na construção
de espaços de resistência à ditadura.
Freire, quando elaborou sua teoria queria revolucionar aquela educação
alienada existente, na qual somente os educadores eram possuidores do saber e
estes repassavam para os educandos. No contexto ambulatorial ao lidar o paciente
oncológico em determinadas ocasiões é possível apenas reproduzir o que a lei diz
ou o que o exame diz. Sem existir um discernimento sobre a conjuntura do paciente.
A perspectiva libertadora que a educação popular propunha era mudanças na
estrutura do sistema, ela propunha a valorização do saber e do poder popular.
Brandão considera o saber do povo como um saber importante e que devem
ser consideradas as experiências coletivas do povo como ponto de partida para o
processo de aprendizagem quanto ao processo saúde-doença.
A Educação Popular acontece em qualquer local onde há lutas populares,
assim não devemos considerar o lugar físico, mas sim o espaço onde ocorrem as
relações. Para que isso seja efetivado, é necessário avaliar como a população
“conhece” os processos da realidade e assim desencadear o processo educativo,
para poder elaborar os sujeitos que irão encontrar maneiras de solucionar os
problemas enfrentados no dia a dia, como o adoecimento.
É importante salientar, que nos anos de 1960 o significativo aumento da
participação popular na política e nas iniciativas de educação popular, concentrou a
maior parcela de sujeitos à favor de uma socialização política. A metodologia
Freiriana tem como um dos pontos de partida a ideia do saber das classes
populares.
As experiências de Educação popular passam a ter um caráter maior de
organização política a fim de conscientizar e contribuir na organização
popular. Este foi um momento de articulação dos compromissos políticos
assumidos com movimentos sociais populares, os quais consideramos
como movimentos de classe que tem por objetivo a condução da
transformação da sociedade a partir do lugar político popular. (Maciel, 2011,
p.322)
5
O objetivo principal da educação popular é consentir que o homem, junto com
sua relação com o mundo, tomem mais consciência da realidade que estão e que
vivem. Todavia, para que isso seja possível, o homem necessita se desdobrar na
transformação de sua realidade.
Quando instituída por Paulo Freire, tinha por caracteística criar um novo
método de apreensão, na qual o instrumento seria o saber das classes populares,
gerando uma conscientização das mesmas para uma futura transformação da
sociedade. Sendo assim, geralmente ela está presente na atuação dos profissionais
do serviço social, já que estes os acompanham em suas lutas, mobilizações.
O Serviço Social, desde a década de 1960 se aproximou da educação popular,
assim como destaca alguns autores como Paulo Netto (2002), essa aproximação,
ainda que com limites, contribuiu para desencadear o Movimento de Reconceituação
da profissão. Momento esse que os assistentes sociais iniciam um processo que
apontava na ruptura do Serviço Social tradicional com os sistemas capitalistas.
Iamamoto, afirma que é indispensável reassumir o trabalho de educação, de
organização e mobilização popular, é preciso ter uma clara visão sobre a qualidade
da participação nos espaços coletivos, pois estes podem sim ter práticas
assistencialistas, mas podem também possuir práticas democráticas em prol da
organização e mobilização popular.
6
Sendo assim, esta instrumentalidade no Serviço Social permite que o
profissional transforme as relações cotidianas e, assim, modifiquem suas condições
de trabalho em determinada realidade social. É a partir dessas modificações do
cotidiano profissional que os assistentes sociais utilizam suas instrumentalidades
nas suas devidas ações.
Na medida em que os profissionais utilizam, criam, adequam às condições
existentes, transformando-as em meios/instrumentos para a objetivação das
intencionalidades, suas ações são portadoras de instrumentalidade. Deste
modo, a instrumentalidade é tanto condição necessária de todo trabalho
social quanto categoria constitutiva, um modo de ser, de todo trabalho.
(Guerra, 1995, p. 2)
7
popular permite essa aproximação, tornando-a assim instrumentalidade no Serviço
Social que o permite se constituir em um instrumento para a mudança.
Segundo Iamamoto (2010, p. 200), os assistentes sociais devem ter
conhecimento criterioso dos processos sociais e de sua experiência pelos sujeitos ,
já que isso poderá acarretar em ações inovadoras. Além do mais, o “conhecimento é
pré-requisito para impulsionar a consciência crítica e uma cultura pública
democrática”, e fazendo essa afirmativa, a autora instiga o desenvolvimento de
projetos e pesquisas que beneficiem o conhecimento do modo de vida e do trabalho
da população atendida, além de fazer com que os assistentes sociais impulsionem a
consciência política dessa mesma população.
Até porque a consciência política significa a consciência de fazer parte de
uma determinada força hegemônica é a primeira fase de uma
autoconsciência, na qual a teoria e prática finalmente se unificam. (Gramsci,
1995, p. 21).
5. Conclusão
8
6. Referências bibliográficas
GOUVÊA, Maria das Graças. Educação Popular junto aos Movimentos Sociais,
Doutorado/PUC/SP/1997.
GRAMSCI, Antonio. Concepção dialética da história. Trad. Carlos Nelson Coutinho. Ed.
10. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1995.
HILL, Ricardo. Metodologia básica do serviço social. São Paulo: Moraes, 1980.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm – acesso em
17/11/2016.
IAMAMOTO, Marilda Vilela. O cenário atual e suas incidências na questão social. In: O
Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. SP: Cortez, 2002.
MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.). Pesquisa social. Petrópolis: Vozes, 1994.
9
NETTO, José Paulo. A construção do projeto ético-político do Serviço Social.
Disponível em: http://www.cpihts.com/pdf03/jose%20paulo%20netto.pdf – acesso em
17/11/2016.
TORRES, Maria Rosa. (org.) EDUCAÇÃO POPULAR: Um encontro com Paulo Freire.
São Paulo: LOYOLA, 1987.
10