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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUÍZ DE DIREITO DA VARA DE EXECUÇÕES

CRIMINAIS DA COMARCA DE TRÊS CORAÇÕES-MG

Processo: 0040221-98.2017.8.13.0290

PABLO GOMES DE MATOS, já qualificado nos autos em epígrafe, vem


respeitosamente, mediante seu advogado que ao final subscreve, propor, Agravo em
Execução, com fulcro no art. 197 da lei 7210/84, por não se conformar com a decisão
de sequencial 366, ao qual indeferiu ao reeducando a progressão ao regime aberto.

Requer o agravante que seja recebido e processado o presente agravo, já com


as inclusas razões, para que Vossa Excelência possa retratar-se, caso assim entenda.

Na eventualidade da manutenção da decisão, após a oitiva do representante do


Ministério Público, requer a defesa para que seja determinada a formação de
INCIDENTE DE AGRAVO À EXECUÇÃO, procedendo a digitalização e/ou
complementando a digitalização dos documentos arrolados ao final já digitalizados,
COM A EXTRAÇÃO DE TRASLADO ELETRÔNICO, a fim de que instruam o presente
recurso.

Rol de documentos:

Guia de Execução, seq. 1.1;

Decisão agravada, seq. 366;

Certidão de intimação da defesa, seq. 375;

Documentos da execução: relatório e atestado de pena atualizados.

Termos em que,

Pede deferimento.

Belo Horizonte, 11 de maio de 2021


RAZÕES RECURSAIS

RECORRENTE: PABLO GOMES DE MATOS


ORIGEM: VARA DE EXECUÇÕES CRIMINAIS DA TRÊS CORAÇÕES-MG

PROCESSO Nº: 0040221-98.2017.8.13.0290

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS


COLENDA CÂMARA
ÍNCLITOS DESEMBARGADORES

I RESUMO DA DEMANDA

O Paciente foi condenado a uma pena de 8 anos e 8 meses, tendo já cumprido


7 anos 2 meses e 27 dias de pena. Apesar de ter cumprido mais de oitenta por cento da
pena e ter direito ao regime aberto, esse ainda se encontra em regime fechado.

II- DA ILEGALIDADE DA MANUTENÇÃO DO REEDUCANDO EM REGIME


FECHADO

Consta contra o Agravante uma suposta falta grave em 24/08/2020 ainda não
apurada e devidamente processada. O reeducando já cumpriu todos os requisitos
objetivos para a progressão ao regime aberto, contudo, permanece preso em função da
mora estatal, sem ter contra ele nenhuma formação de culpa em relação a falta grave.

Ademais, mesmo em caso de condenação pela falta grave, a luz da


jurisprudência do STF e do STJ, o reeducando ainda sim teria direito a progressão ao
regime aberto.

Atualmente prevalece no STF o entendimento de que a falta grave pode


acarretar em interrupção do prazo de progressão, ocasionando a regressão de regime
do reeducando, como exposto em verbis:

“A prática de falta grave acarreta a interrupção da contagem do prazo


para a progressão do regime de cumprimento de pena. 3. A interrupção
do referido prazo decorre de uma exegese sistemática das regras
legais existentes”; “O réu que cumpre pena privativa de liberdade, ao
praticar falta grave, pode ser transferido para regime mais gravoso; ou
se já cumpre pena no regime mais oneroso (regime fechado) é
permitido o reinício da contagem do prazo para a progressão, levando-
se em conta o tempo de pena remanescente”. 1

Aplicando esse entendimento ao caso do Agravante, esse ainda sim teria


cumprido o prazo para progressão ao regime aberto.

O Paciente inicialmente teve sua progressão para o regime aberto concedida em


28/06/2020, caso fosse computada a falta grave em seu desfavor esse regrediria ao
regime fechado, tendo como novo marco a data de 24/08/2020, data da suposta falta
grave.

Restando então 2 anos e 2 meses de pena restante para serem cumpridas a


partir da nova data. Considerando esse novo marco, o reeducando iria precisar cumprir
1/6 da pena restante para progredir ao regime semi-aberto, ou seja, 4 meses e 18 dias.
Prazo esse alcançado em 16 de novembro de 2020, restando a partir desse novo marco
1 ano e 10 meses de pena. O próximo marco, sendo agora para o regime aberto, foi
alcançado em 4 de março de 2020, mais de dois meses atrás.

Outro requisito que deve ser analisado para a progressão é o bom


comportamento do reeducando, que como disposto no art. 112 § 1º, no qual deverá ser
atestado pela direção do presídio. Como consta em atestado juntado pela direção do
presídio em sequencial 359, o Paciente ostenta boa conduta carcerária, não tendo
contra si nenhum fato desabonador desde a suposta falta grave cometida em agosto de
2020.

O STJ tem entendido tendo como base o AgRg no HC 571.485/SP, j. 23/06/2020,


que a conduta carcerária deve ser analisada com um todo, podendo em casos extremos
ser negado a progressão, caso o reeducando integre facção criminosa e tenha sido
colocado em regime disciplinar diferenciado.

Ora, tais circunstâncias extremas não se aplicam ao Agravante, tendo em vista


que esse não integra facção criminosa, tampouco é considerado um preso de alta
periculosidade, tendo sido condenado por crimes de natureza comum.

Fica evidente, a luz da jurisprudência majoritário que temos no nosso país, que
sendo absolvido ou condenado da falta grave a ele imputado, ainda sim o Paciente tem
direito irrevogável a progressão para o regime aberto. Não existe hipótese legal
plausível que justifique o Agravante a permanecer em regime fechado.

1
Precedentes: HC n. 97.135/SP, Relatora a Ministra Ellen Gracie, Segunda Turma, DJ de 24.5.11; HC
n. 106.685/SP, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, Primeira Turma, DJ de 15.3.11; RHC n.
106.481/MS, Relatora a Ministra Cármen Lúcia, Primeira Turma, DJ de 3.3.11 ;
Trazido tais fatos ao juiz da execução penal, esse deixou de apreciar o mérito
até a audiência de justificação marcada para 11/06 do presente ano, agravando a
situação do reeducando e deixando-o preso ilegalmente.

O Agravante deveria estar solto a mais de dois meses e vem sofrendo excesso
de execução a seis meses.

Passados oito meses da suposta falta grave, nem mesmo o processo


administrativo disciplinar foi instaurado, e o Agravante se encontra preso em uma
situação pior de que a se encontraria se já tivesse sido condenado por tal falta. Sendo
assim, é claro que está sendo violada a liberdade e os direitos fundamentais do
Agravante, que em decorrência da mora estatal pode até mesmo cumprir a integralidade
de sua pena em regime fechado, violando o direito a ressocialização que o reeducando
merece ao cumprir sua pena.

Dos Pedidos:

Mediante todo exposto requer de Vossas Excelências:

a) O conhecimento e o provimento do recurso, reconhecendo o direito do Agravante


a progressão ao regime aberto, sendo posto em liberdade e estipulado as
condições para o cumprimento do regime conforme disposto nos arts. 113 e 114
da Lei 7210.

Termos em que,
Pede deferimento.

Belo Horizonte 11 de maio de 2021.

IAGO FERREIRA DE MELO CASTELO


BRANCO
OAB/MG nº 196.785

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