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do Mundo
a Partir de Si Mesmo
Ensaios
Ensaios
Coletânea de artigos
escritos por jovens da
Fundação Logosófica
1ª Edição
2015
Belo Horizonte
158.2 A transformação do mundo a partir de si mesmo: Ensaios; coletânea de
T772 artigos escritos por jovens da Fundação Logosófica / Patrícia Finelli
(organização) Fundação Logosófica, Setor Juvenil.
Belo Horizonte: Gráfica Editora Del Rey, 2015.
ISBN: 978-85-60232-02-4
CDD – 158.2
Da Sabedoria Logosófica
Sumário
Introdução 9
Ensaios
Por mundos nunca
antes navegados...
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Quando estou atenta ao que ocorre nele, tenho a prerrogativa
de realizar conscientemente todos os movimentos e atos da
minha vontade. Ter em mente o propósito de melhorar o
mundo me guia para que essa vontade esteja sempre voltada a
fazer o bem e me superar. Então, percebi que poderia colaborar
no avanço pela superação da condição moral da humanidade.
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Vou ter que perguntar! No exato momento em que ele
responde, me sinto a pessoa mais ridícula do mundo. Era um
assunto pessoal: a lavanderia havia ligado para o número do
trabalho dizendo que a roupa do meu colega demoraria para
ser entregue.
Mas e aí, o que fazer? Aceitar que sou assim e obrigar os outros
a aceitarem também? Isso não me soava bem…
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Mas fica a pergunta: Que diferença faz para o mundo eu
mudar essa característica? Parece óbvio, mas, somente ao
analisar essa experiência, entendi que, se me torno um ser
humano um pouco melhor, o mundo ganha algo melhor. Eu
tenho todos os recursos e possibilidades, e agora, no auge da
minha juventude, é o melhor momento de colocá-los em
prática!
“Por que sou assim?”, “Por que cometo uma e outra vez os
mesmos erros?”. Muitas vezes me fiz essas perguntas, e
imagino que não sou a única. Elas me atormentavam na
adolescência, porque eu não encontrava um caminho que me
levasse a respondê-las. As respostas só chegaram depois…
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mas sim que seguia como antes. Encontrei-me estancada na
vida que levava, sem sentir que amadurecia e que realizava
mudanças importantes.
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Para saldar
uma dívida
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Resolvi iniciar a mudança que havia prometido. Sei que se
trata de um desafio e tanto, mas, além de valer a pena, terei
mantido a palavra com aquele menino que ainda vive em
mim.
***
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Caro leitor, explicar o que ocorreu depois dessas palavras não
será algo fácil. Gostaria que você fizesse o esforço de se
recordar daqueles documentários das savanas africanas, em
que leões, hienas e búfalos se digladiam brutalmente. A grande
diferença é que, diante dos meus olhos, estavam seres
humanos — dotados de reservas morais e espirituais de
altíssima hierarquia — mas que, naquele momento, em face do
total descontrole dos seus instintos, mais se assemelhavam a
bestas incontroláveis, gritando, esbravejando e dirigindo
ofensas aos funcionários do aeroporto.
Desde criança, sempre fui bem na escola e nunca tive que fazer
grandes esforços para passar de ano. Ficava a maior parte do
dia vendo televisão ou em outras distrações. Às vezes, até me
reprovava pela forma como usava meu tempo, mas isso não
era suficiente para me fazer mudar.
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também nas pessoas mais próximas, que sabem do meu
propósito de ser cada dia um pouco melhor do que fui ontem.
Hoje já não penso na vida como algo estático, como algo que é
assim e não vai mudar. Pelo contrário: luto e me esforço para
renová-la constantemente, para preenchê-la com minhas
melhores realizações. Embora sejam lutas, nelas não encontro
amargura, senão uma enorme felicidade, pois está presente o
firme anseio de converter-me num ser humano melhor.
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incontrolável, mas a tempo de eu avaliar se queria mesmo
perguntar, se seria útil, oportuno, ou se havia uma forma mais
ativa de alcançar aquele conhecimento.
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Já era final da tarde quando alguém ligou para aquele número.
Era o dono do aparelho, que se mostrou bastante preocupado.
Combinamos de nos encontrar num local público e seguro para
resolver tudo aquilo. No lugar marcado, depois de me explicar
que poderia ter perdido contatos importantes da empresa em
que trabalha, ele perguntou como poderia me retribuir e
ressaltou o valor da minha conduta. Lembro-me claramente de
ter lhe dito que devolver o celular era o mínimo que eu podia
fazer. Recusei qualquer recompensa e fui embora.
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Sou dona de mim mesma?
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No fim tudo dá certo?
“No fim tudo dá certo. Se não deu certo, é porque ainda não
chegou ao fim.” A máxima, tornada célebre por Fernando
Sabino, faz parte do repertório de muita gente. Talvez já se
tenha incorporado à cultura popular. Às vezes, serve como
mantra tranquilizador. Em outros casos, é usada como ex-
pressão de otimismo.
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Mas devo ao leitor uma confissão: aquela frase não foi
pronunciada através da voz física, que se propaga com o som;
foi, em vez disso, a fala de um pensamento, freado a tempo e
impedido de se manifestar em voz alta. A promessa jamais
ocorreu, para felicidade de todos os envolvidos, que seguiram
ativamente empenhados em busca das soluções.
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cerca, e que as mudanças que começam no meu mundo
interno têm o poder de ser duradouras.
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Ainda assim, um leve incômodo parecia lhe apontar que isso
não estava bem. Às vezes, observava com admiração as pessoas
que sempre tinham um sorriso no rosto, que se mostravam
cheias de confiança e naturalidade e que se encontravam
rodeadas de amigos. Então se perguntava: “Como é ser uma
pessoa assim? Como seria se eu fosse mais desenvolta?”.
Apesar de ter a sensação de que havia uma grande distância
entre sua vida e a dessas pessoas, lhe inquietava a ideia de ser
como elas. Seria possível uma transformação tão grande?
Essa é a adolescente que fui e a nova pessoa que sou hoje, com
mais amigos, mais interesse pela vida dos demais, mais ativa e
generosa, e, certamente, com maiores possibilidades de con-
tribuir para formar um mundo melhor.
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Vamos jogar futebol?
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O jogo de futebol continua acontecendo, a bola está em campo
o tempo todo, desde que acordo até a hora em que me deito.
Ao devolver o que não é meu, ao respeitar a lei não passando
pelo acostamento, ao ser paciente ajudando o outro, estou
dando a contribuição que cabe a mim para um mundo melhor.
Por outro lado, quando sou desonesta em não falar para o
garçom que a conta veio errada ou sou indiscreta relatando a
conversa que ouvi, estou contribuindo para piorar o mundo.
E aí, em qual time você quer jogar? Qual time você quer que
ganhe? O que me resta a dizer é que vença o melhor. Bom jogo
para todos!
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Acabei montando na minha imaginação o presente “perfeito”:
Primeiro, levar a ele a gratidão pela perfeição do
l
universo.
Depois, compartilhar a alegria por poder perceber a
l
grandeza dessa criação, da qual somos parte muito
importante, por termos uma partícula divina em nós,
que se chama consciência.
Ainda, mostrar-lhe que a verdadeira liberdade, que é a
l
liberdade de pensar, está ao seu alcance, bastando que
aprenda a utilizar as faculdades mentais e sensíveis com
que foi dotado, não se deixando escravizar por pensa-
mentos de massa, crenças e dogmas.
Apresentar-lhe a realidade dos pensamentos! Quão
l
importante seria fazê-lo perceber que os pensamentos
têm vida própria, ensiná-lo a reconhecê-los, combatê-
los, se forem maus, e mantê-los por perto, caso sejam
bons e úteis!
Demonstrar-lhe que, sim, é possível ser responsável
l
por seus atos, não temer fazer o que é certo e não ter
vergonha de admitir que errou. E mais: que é possível
aprender com esses erros, retirando deles o que faltou
para o acerto.
Explicar-lhe o funcionamento das leis universais, que
l
jamais podem ser burladas, e a importância de colocar-
se sob seu amparo.
Mas o mais importante seria esclarecer que, para que
l
esse presente seja realmente proveitoso, é necessário
que ele aplique e comprove em sua própria vida todos
esses aspectos.
52
Família, base
de um mundo melhor
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Conhecendo a mim mesma, vejo que não tenho apenas a
estatura semelhante à da minha mãe, mas também seu jeito
ativo e alegre. Do meu pai, mais que a cor dos olhos, herdei a
calma e a responsabilidade. Além de outros aspectos que eu
mesma trouxe em minha bagagem espiritual, herdei de meus
ascendentes algumas características negativas e limitações, que,
como indivíduos e como família, nos empenhamos em superar.
Tenho estudado para ser cada dia melhor. Aos poucos, vou
vencendo a impaciência, a falta de vontade, a intolerância e
tantas outras deficiências psicológicas; percebo que já
melhorei e vislumbro, com entusiasmo, a família que pretendo
constituir e que já pode contar com um ser humano melhor e
mais consciente da sua responsabilidade.
56
Um mundo
onde ninguém é pequeno
Então, nada mais lógico que iniciar por mim mesmo, buscando
ser aquilo que eu espero que os outros sejam: honestos, éticos,
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Um dia, me encontrava no metrô e, observando ao meu redor,
vi um homem vestido de terno, com uma pasta executiva.
Podia-se perceber que algo o angustiava. Ele estava com a testa
franzida e o olhar baixo. De repente, levantou os olhos e me
fitou. Respondi-lhe instantaneamente com um largo sorriso,
ao qual, para minha surpresa, ele me devolveu outro, de forma
cordial e sincera. A viagem continuou, porém este homem não
era o mesmo. Observava a paisagem da janela, e agora se via
nele um semblante de tranquilidade.
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Finalmente, me perguntei: Como posso resolver os problemas
da humanidade que estão dentro de mim? E quais seriam esses
problemas?
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Eu?! Salvar o mundo?
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Princípios são princípios
68
Um nobre ideal
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Espelho, espelho meu,
quem sou eu?
Era uma vez uma madrasta bondosa. Todos os dias, ela se olhava
no espelho e perguntava:
***
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acontece? O que todos sabem: um reclama de um lado, o
outro reclama do outro, todos ficam insatisfeitos e nada
muda.
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em cada situação. Também é preciso ter cuidado para que as
experiências não passem em branco; todas elas podem
encerrar um grande valor se, além de observarmos,
analisarmos e refletirmos sobre o vivido, extraímos uma
conclusão útil para o futuro.
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Externamente, não havia nada, de fato, que levasse ao
problema que os funcionários estavam vivendo; mas,
internamente, em ambas as mentes, havia acontecido um
acidente nuclear e tudo estava contaminado por um agente
tóxico: a raiva que nutriam um pelo outro.
Por que faço as coisas que faço? Para que trabalho, estudo,
convivo com as pessoas etc.? Qual o sentido de tudo isso?
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entre uma aula e outra, em que eu e meus colegas nos
sentávamos no corredor para esperar, eu tentava aproveitar o
tempo lendo um artigo da matéria ou vendo e-mails e
mensagens no celular. Também para aproveitar o tempo,
quando chegava em casa, era a conta de comer alguma coisa e
eu já estava no quarto, pondo tudo em dia. Mal sobravam
alguns minutos para conversar com meus pais.
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uma missão impossível: “Quem sou eu perto de sete bilhões
de pessoas? O que devo fazer de tão extraordinário para que
todos sejam mobilizados? Aliás, o que quero mudar no
mundo?”
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Um papo de hoje
sobre o amanhã...
– Mas... Como?!
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Aprendendo a manejar os recursos internos que possuo,
estou me sentindo cada vez mais confiante. Afinal, isso
significa descobrir com quais ferramentas conto para
enfrentar os desafios que a vida oferece.
***
86
Minha responsabilidade
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integral, meditação tântrica etc. Tenho aprendido que cada
passo que dou, cada palavra que digo, cada movimento que
faço precisa ser uma parte de um longo, minucioso e
consciente processo de evolução, no rumo de um objetivo bem
maior que eu mesmo. Sem atalhos, sem heróis, sem fórmulas
mágicas; a questão reside toda no esforço individual e na
tentativa de nos unir a partir de uma obra comum de superação
humana. Se isso não parece simples, é exatamente porque não
é. Mas cabe a cada um de nós decidir o que faremos da nossa
vida, e com o que queremos ocupar nossos dias, nossas
preocupações, nossos corações. Há coisas difíceis e fáceis à
mão. Difíceis como, por exemplo, transformar o mundo a
partir de si mesmo. E fáceis, sempre fáceis, como falar que o
mundo anda errado.
Logosofia:
www.logosofia.org.br
Colégio Logosófico:
www.colegiologosofico.com.br
Editora Logosófica:
www.editoralogosofica.com.br
Publicação da
Fundação Logosófica
Em Prol da Superação Humana
Projeto editorial:
Maria Lúcia da Silveira,
Paulo Salles, Clarice Laender,
Renato Ribeiro
Diagramação:
Verônica Cavalieri
Revisão de textos:
Patrícia Finelli, Ana Gabriela Lemos,
Clarice Laender, Clarice França
Fundação Logosófica
Em Prol da Superação Humana
Rua Piauí, 742
Bairro Funcionários
Belo Horizonte
Minas Gerais – Brasil
Telefone: (31) 3218-1717
www.logosofia.org.br
Impressão:
Gráfica Editora Del Rey
“A transformação do mundo a
partir de si mesmo” foi o tema
que os jovens estudantes de
Logosofia se propuseram investigar
à luz desta nova concepção
humanística. Esse estudo os fez
voltar sobre a realidade do mundo
mental, cuja influência mais
evidente se expressa na cultura e
costumes de um povo. Também os
fez refletir sobre seu mundo interno,
que se manifesta em seu tempera-
mento, caráter, tendências e
predileções. A investigação os levou
a revisar os conceitos e valores que
devem ser incorporados à vida, para
que cada um seja ator consciente
dessa transformação.