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(Divine Sovereignty)
REV. C. H. Spurgeon
Notai, novamente, que diferenças há nas condições dos homens neste mundo .
Mentes poderosas são de vez em quando descobertas em homens cujos
membros estão vestindo as correntes da escravidão, e cujas costas são
oferecidas ao chicote – eles têm pele negra, mas são no intelecto vastamente
superiores aos seus brutais senhores. Assim, também, na Inglaterra;
encontramos homens sábios freqüentemente pobres, e homens ricos raramente
não são ignorantes e vãos. Um vem a este mundo para ser ataviado com a
púrpura imperial – outro nunca vestirá senão a humilde vestimenta de um
camponês. Um tem um palácio para morar e colchão de penugem para o seu
repouso, enquanto outros encontram senão um lugar duro de descanso, e nunca
terá um cobertor mais suntuoso do que as palhas de sua cabana. Se
perguntarmos a razão disto, a resposta ainda é: “Sim, ó Pai, porque assim te
aprouve”. Assim, de outras maneiras você poderá observar na passagem pela
vida como a soberania se manifesta. A um homem Deus dá uma vida longa e
uma saúde uniforme, para que ele dificilmente conheça o que é ter dias de
enfermidade, enquanto outros cambaleiam através do mundo e encontram um
túmulo a quase todo passo, sentindo milhares de mortes ao temer uma. Um
homem, mesmo na extrema idade avançada, como Moisés, tem os seus olhos
não turvados; e embora seu cabelo seja grisalho, ele permanece tão firmemente
sobre os seus pés como quando era um jovem na casa de seu pai. Onde,
novamente perguntamos, está a diferença? E a única resposta adequada é: é o
efeito da Soberania de Jeová. Encontrareis, também, que alguns homens são
tirados na aurora de sua vida – na flor da juventude – enquanto outros vivem
além dos setenta anos. Uma parte antes de alcançar o primeiro estágio de
existência, e outro tem sua vida prolongada até que se torne totalmente um
fardo; devemos, eu compreendo, necessariamente traçar a causa de todas estas
diferenças na vida ao fato da Soberania de Deus. Ele é o Governador e Rei, e
não fará o que quer com o que é Seu?
II. Em tudo quanto temos dito aqui, provavelmente a maioria está de acordo
conosco; mas, quando chegamos ao segundo ponto, OS DONS SALVÍFICOS,
um grande número de pessoas ficará contra nós, porque não podem receber
nossa doutrina. Quando aplicamos esta verdade com respeito à Soberania
Divina na salvação dos homens, então, encontramos os homens se levantando
para defender os seus semelhantes, a quem eles consideram prejudicados pela
predestinação de Deus. Porém, nunca ouvi de homens se levantando pelo
diabo; e, todavia, creio que se algumas das criaturas de Deus tivessem direito
de queixar-se de Seus tratamentos, estas seriam os anjos caídos . Pelo seu pecado,
eles foram arremessados do céu imediatamente, e não lemos de qualquer
mensagem de misericórdia que tenha sido enviada a eles. Uma vez lançados
fora, sua condenação foi selada; enquanto que aos homens Deus deu uma
trégua, foi enviada redenção a seu mundo, e um grande número deles foram
escolhidos para vida eterna. Por que não contender com a Soberania tanto num
caso como no outro? Afirmamos que Deus escolheu um povo dentre a raça
humana, e Seu direito de assim fazer é negado. Mas eu pergunto: porque não se
discute igualmente o fato de Deus ter escolhido homens e não anjos caídos, ou
Sua justiça em fazer tal escolha? Se a salvação fosse uma questão de direito,
certamente os anjos teriam direito de reivindicar misericórdia tanto como os
homens. Não estavam assentados numa dignidade mais do que igual? Pecaram
mais? Cremos que não. O pecado de Adão foi tão deliberado e completo, que
não podemos supor um pecado maior do que o que ele cometeu. Se os anjos
que foram expulsos do céu tivessem sido restaurados, não haveriam prestado
maior serviço a Seu Criador, do que o que nós jamais poderemos prestar? Se
fôssemos os juízes nesta questão, poderíamos dar liberdade aos anjos, mas não
aos homens. Admirai, então, a Soberania e o amor Divino que, apesar dos anjos
terem sido quebrados em pedaços, Deus levantou um número de eleitos dentre
a raça humana para colocá-los entre os príncipes, através dos méritos de Jesus
Cristo nosso Senhor.
Assim também agora, por que Deus tem enviado Sua palavra a nós, enquanto uma
multidão de pessoas ainda está sem ela? Por que cada um de nós aproxima-se do
tabernáculo de Deus, Domingo após Domingo, tendo o privilégio de ouvir a
voz de um ministro de Jesus, enquanto outras nações não têm sido visitadas do
mesmo modo? Não poderia Deus fazer com que a luz brilhasse nas trevas ali
bem como fez aqui? Não poderia Ele, se tivesse Lhe agradado, ter enviado
mensageiros ligeiros como a luz para proclamar o evangelho por toda a terra?
Poderia ter feito se quisesse. Visto que sabemos que Ele não o fez, nos
inclinamos com humildade, confessando Seus direitos de fazer o que quiser
com o que é Seu.
Mas, permita-me trazer a doutrina uma vez mais para os nossos âmbitos.
Contemplai como Deus mostra Sua Soberania neste fato, que dentro da mesma
congregação, aqueles que ouvem o mesmo ministro, e ouvem a mesma verdade, um é
tomado e outro é deixado . Por que será que numa de minhas ouvintes, sentada
nos últimos bancos da capela, e tendo sua irmã ao seu lado, o efeito da pregação
será diferente do que na outra? Elas têm sido criadas sobre os mesmos joelhos,
balançadas no mesmo berço, educadas sob os mesmos auspícios, ouvem o
mesmo ministro, com a mesma atenção – por que uma será salva e a outra
deixada? Longe de nós criar qualquer escusa para o homem que é condenado;
não conhecemos nenhuma; mas também, longe esteja de nós o tomar a glória de
Deus. Afirmamos que é Deus que faz a diferença – que a irmã salva não terá
que agradecer a si mesma, mas a Deus. Haverá também dois homens dados a
bebedice. Algumas palavras faladas transpassarão um deles fora a fora, mas o
outro permanecerá imóvel, embora eles sejam, em todos aspectos iguais, tanto
na constituição como na educação. Qual é a razão? Talvez você diga: porque
um aceitou e o outro rejeitou a mensagem do evangelho. Porém, você voltou à
mesma questão: quem fez com que um aceite-a e o outro a rejeite? Não
se atreva a dizer que o homem fez a diferença por si próprio. Você deve admitir
em sua consciência que é somente a Deus que pertence este poder. Mas aqueles
que não gostam desta doutrina estão, todavia, armados contra nós; e dizem:
como Deus pode justamente fazer tal diferença entre os membros de Sua
família? Suponha um pai que tivesse um certo número de filhos, e que a um
desse todos os seus favores, e consignasse os outros à miséria – não deveríamos
dizer que o mesmo era um pai mau e cruel? Respondo: sim. Mas não é o mesmo
caso. Você não tem um pai com quem tratar, mas um juiz . Você diz: todos os
homens são filhos de Deus; eu exijo que você prove isto. Nunca li isto na minha
Bíblia. Jamais me atreveria a dizer, ‘Pai nosso que estás no céu', até que fosse
regenerado. Não posso me regozijar na paternidade de Deus para comigo até
que seja um com Ele, e co-herdeiro com Cristo. Não ousaria reivindicar a
paternidade de Deus como um homem não regenerado. Não é um pai e um
filho – porque o filho tem o que reivindicar de seu pai – mas é um Rei e um
súdito; e não é nem mesmo uma relação como esta, porque há uma
reivindicação entre súdito e Rei. Uma criatura – uma criatura pecaminosa, não
pode ter nenhuma reivindicação sobre Deus; porque isto faria a salvação ser
pelas obras e não pela graça. Se os homens podem merecer salvação, então, o
lhes salvar é somente o pagamento de um débito, e não seria dado a eles mais
do que deveria ser dado. Mas afirmamos que a graça deve ser diferenciada, se é
para ser graça de alguma forma. Oh, mas alguns dirão: não está escrito que “ Ele
dá a cada um a medida de graça, para o que for útil? ” Bem, se você gosta de repetir
esta maravilhosa citação tão freqüentemente atirada sobre minha cabeça, você é
bem vindo; porque está não é uma citação da Escritura, a menos que seja duma
edição Arminiana. A única passagem parecida com esta se refere aos dons
espirituais dos santos, e dos santos somente. Mas digo, admitindo a vossa
suposição, que uma medida de graça é dada a cada um para o que foi útil,
todavia, Ele dá alguma medida de graça particular para que faça aquela
proveitosa. Por que o que entendeis por graça, que possa ser usada para o que
for útil? Eu posso entender que seja um aperfeiçoamento do homem no uso da
graça, mas não posso compreender que seja uma graça que é aperfeiçoada para
ser usada pelos homens. Graça não é uma coisa que eu uso; graça é algo que me
usa. Mas as pessoas falam da graça às vezes como se fosse algo que elas
pudessem usar, e não como uma influência que tem poder sobre eles. Graça não
é algo que eu posso aperfeiçoar, mas que me aperfeiçoa, me usa e opera em
mim; e que as pessoas falem sobre a graça universal, ela é totalmente sem
sentido, não existe tal coisa, nem pode existir. Eles podem falar corretamente
das bênçãos universais, porque vemos que os dons naturais de Deus são
espalhados por todo lugar, num maior ou menor grau, e os homens podem
recebê-los ou rejeitá-los. Não é assim, contudo, com a graça. Os homens não
podem tomar a graça de Deus e usá-la para voltar, por si mesmos, das trevas
para luz. A luz não vem para as trevas e diz: me use; mas a luz vem e dissipa as
trevas. A vida não chega ao morto e diz: me use, e seja restaurado à vida; mas
ela vem com um poder de si própria e restaura o morto à vida. A influência
espiritual não chega aos ossos secos e diz: use este poder e se revistam de carne;
mas ela vem e os reveste com carne, e a obra é feita. A graça é pois uma coisa
que vem e exerce uma influência sobre nós.
Porém, permiti que vos diga ,irmãos, que esta doutrina da Soberania
Divina está longe de fazer com que senteis em indolência; espero em
Deus que ela vos humilhe, e vos leve a dizer: “Eu sou indigno da
menor de todas as Tuas misericórdias. Reconheço que Tu tens o direito
de fazer comigo o que quiser. Se me esmagas, um verme miserável, Tu
não serás desonrado; não tenho direito de pedir que tenhas compaixão
de mim; apenas te rogo que tenhas misericórdia de mim. Senhor, se Tu
quiseres, és capaz de me perdoar, e Tu nunca destes graça a alguém
que a procure mais. Porque estou vazio, sacia-me com o pão do céu;
porque estou nu, veste-me com Tua roupa; porque estou morto; dá-me
vida”. Se elevares este pedido com toda tua alma e com toda tua
mente, ainda que Jeová seja soberano, Ele estenderá Seu cetro e te
salvará, e viverás para Lhe adorar na beleza da santidade, amando e
bendizendo Sua graciosa Soberania. “O que crer ” é a declaração da
Escritura “e for batizado, será salvo; mas o que não crer será
condenado”. O que crer em Cristo somente, e for batizado com água
em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, será salvo, mas o que
rejeitar a Cristo e não crer nEle, será condenado. Este é o Soberano
decreto e proclamação do céu – curve-se diante dele, reconheça-o,
obedeça-o e que Deus te abençoe.