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ANDREW JUMPER
MONOGRAFIA
Garanhuns
1998
2
Sumário
I. Introdução............................................................................................................03
VII. Conclusão
VIII. Bibliografia..........................................................................................................22
2
3
I. Introdução
porque retira das Escrituras todo embasamento teológico para defender este assunto tão
desembocar deste tema para a vida cristã. Concordo plenamente com ele, quando muitos
crêem, porém poucos são os que estão persuadidos nesta fé. Principalmente nestes dias,
Além do mais a obra missionária tem sido prejudicada por uma crescente onda de
Introdutoriamente, cremos que a Certeza de Salvação, embora sendo uma doutrina tão
possuem a fé que salva, mas poucos obtêm aquela confiança gloriosa que transparece
claramente na linguagem de Paulo. Penso que todos devemos admitir que assim, de
fato, acontece.”2
nominal, religiosa e mística, mas não tem persuadido-os a serem “gigantes de fé”,
homens e mulheres que estejam de fato, como diz o Apóstolo Paulo, desenvolvendo sua
salvação com tremor e temor.3 Os ventos de doutrina tem soprado até mesmo em
vemos homens e mulheres levando até às últimas conseqüências seu testemunho, tudo
1
Santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor, J.C. Ryle, Ed. Fiel 1987, SP, p.156
2
idem.
3
4
porque possuíam uma convicção inigualável que, nas palavras do historiador Stephen
Neill, os levava a dizer: “não temos nada a perder”! Estas palavras eram resultado, creio
Vamos tentar caminhar neste prisma, sob esta luz. Neste trabalho, vamos desenvolver
salvação como fruto da fé e outras vezes como uma qualidade da fé”4, e Joel Beeke
acrescenta: “Neste sentido, segurança não é a essência da fé, mas o ‘creme da fé’”5. Já
que mera noção material. Fé não é conhecimento histórico como Beza poderia mais
tarde ensinar, mas um conhecimento certo e salvífico conjugado com uma confiança
uma forte ênfase de que esta certeza ocorre de acordo com a medida de sua fé, pela qual
os crentes crêem que são e permanecerão verdadeiros e vivos membros da igreja, e que
têm o perdão dos pecados e a vida eterna.7. Geoffey Thomas, define segurança da fé
como aquela que o crente possui e lhe dá certeza de que é um crente e que o capacita a
3
Filipenses 2.12 - Bíblia Revista e Atualizada
4
Entre Gigantes de Deus – J.I. Packer, ed. Fiel, 1996, p. 196
5
Westminster Theological Journal, 1993, p.04
6
Does assurance belong to the essence da fé? Calvino e os calvinistas – Joel Beeke, 1994 – Nature and
Definition of Faith
7
Cânones de Dort – Os cinco artigos de fé sobre o Arminianismo – Art. 09
4
5
dizer “eu sei que meus pecados estão perdoados; eu sei que vou para o céu; eu sei por
o Espírito santo opera no coração do crente é como uma força que o detém de uma vida
Por causa deste tema tão apaixonante, tanto os reformadores como os puritanos
que a Palavra de Deus possui, a fim de levar o leitor a se conscientizar de que ele pode e
deve admitir que Deus, através da aplicação do Espírito Santo, nos dá plena convicção
da salvação, uma vez adquirida pelos méritos de Cristo na cruz do Calvário. Embora
sendo muitos, expomos alguns textos, procurando reafirmar as bases bíblicas sobre a
certeza de salvação, para que não haja dúvidas quanto a este mister, e para que
Jó chega a dizer: “Depois de revestido este meu corpo da minha pele, em minha
carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, os meus olhos o verão, e não outros...”9,
8
Jornal – Os Puritanos. p. 07
9
Jó 19.26,27
5
6
perfeita paz aquele cujo propósito é firme; porque ele confia em ti”10. Aqui vemos o
certeza da salvação como afirma: “por que estou bem certo de que nem a morte, nem a
vida, nem anjos, nem principados, nem coisas do presente, nem do porvir, nem poderes,
nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor
de Deus que está em Cristo Jesus Nosso Senhor”11, tornando-se conscientemente certo
poderia desampará-lo, pelo contrário, estaria guardando-o para o dia final. Já a seu
discípulo Timóteo, Paulo enfatiza a segurança da salvação como um depósito que será
preservado até o dia de Cristo, quando diz: “...sei em quem tenho crido e estou bem
12
certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele dia”. Quando
Paulo está escrevendo aos Colossenses este mostra que estar salvo era uma questão de
entendimento”13
Já Pedro instrui seus crentes a procurarem com zelo e diligência, em suas vidas
poderá se perder, como Ele mesmo diz: “Mas vós não credes, por que não sois das
seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão e ninguém as arrebatará de minha
10
Is 26.3
11
Rm 8.38,39
12
II Tm 1.12
13
Cl 2.2
6
7
mão. Aquilo que o Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode
arrebatar. Eu e o pai somos um.15 Russel Shedd comentando este trecho afirma: “A
prévio dos salvos, há também uma salvação executada, e haverá também uma
finalização e esta salvação deverá ser preservada para que sejamos segundo a imagem
de Jesus Cristo, como diz: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles
que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos
Seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.17
Aos Efésios, Paulo fala sobre o penhor, a garantia da salvação e mesmo depois
que cremos diz ele, “ ...fostes selados com Espírito Santo da promessa, o qual é o
salvação.
I João 5.13: “Estas coisas vos escrevi a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós
que credes em o nome do Filho de Deus”. Não há como alguém negar que os crentes
não podem ter certeza da salvação, mas o apóstolo escreve para assegurar a todos os que
crêem, a plena vida eterna guardada e assegurada através da Soberania do Pai, isto é
14
II Pe 1.10
15
Jo 10. 26-30
16
Bíblia Shedd - Comentários
17
Rm 8.28-29
18
1.13-14
7
8
aqueles crentes que pertenciam a Cristo. Eles tinham a vida eterna, pois os mesmos
Estes textos nos levam a algumas implicações práticas. Dentre elas podemos
citar uma vida de humildade e eterna gratidão, pois a salvação não depende do esforço
humano e sim da Poderosa Soberania de Deus, que nas palavras de Agostinho exprime
muito bem este resultado da segurança: “Estar certo de nossa salvação, não é arrogante
Deus”.19
Senhor Jesus e o amam com sinceridade, procurando andar diante dele em toda a boa
19
Defence of the Apology, Bispo Jewell, 1570
20
Dt. 29:19; Mq. 3:11; João 5:41; Mat. 8:22-23; I João 2:3 e 5: 13; Rm. 5:2, S; II Tim.4:7-8.
8
9
II. Esta certeza não é uma mera persuasão conjectural e provável, fundada numa
falsa esperança, mas uma infalível segurança da fé, fundada na divina verdade das
promessas de salvação, na evidência interna daquelas graças a que são feitas essas
sermos nós filhos de Deus, no testemunho desse Espírito que é o penhor de nossa
herança e por quem somos selados para o dia da redenção.21 Esta doutrina da certeza
da fé, tem como princípio a aplicação das verdades espirituais ao crente através do
Espírito Santo, pois como Paulo nos diz: “o Espírito, testifica com o nosso Espírito de
que somos filhos de Deus”. Este o faz através das Promessas outorgadas na Escritura,
fato mais uma vez que releva a Palavra como meio gerador da fé de que o Espírito está
III. Esta segurança infalível não pertence de tal modo à essência da fé, que um
verdadeiro crente, antes de possuí-la, não tenha de esperar muito e lutar com muitas
dificuldades; contudo, sendo pelo Espírito habilitado a conhecer as coisas que lhe são
livremente dadas por Deus, ele pode alcançá-la sem revelação extraordinária, no devido
uso dos meios ordinários. É, pois, dever de todo o fiel fazer toda a diligência para
tornar certas a sua vocação e eleição, a fim de que por esse modo seja o seu coração
no Espírito Santo confirmado em paz e gozo, em amor e gratidão para com Deus, em
firmeza e alegria nos deveres da obediência que são os frutos próprios desta
21Hb. 6:11, 17-19; I Pd. 1:4-5, 10-11; I João 3:14; Rom.8:15-16; Ef.1: 13-14, e 4:30; II Cor.1:21-22.
9
10
confirmar a sua eleição e vocação, embora não devamos alicerçar a base de nossa
constante. Como Pedro diz em sua segunda carta: “associai à fé a bondade, e a bondade
amor.”23
IV. Por diversos modos podem os crentes ter a sua segurança de salvação
algum pecado especial que fira a consciência e entristeça o Espírito Santo, cedendo a
fortes e repentinas tentações, retirando Deus a luz do seu rosto e permitindo que andem
em trevas e não tenham luz mesmo os que temem; contudo, eles nunca ficam
inteiramente privados daquela semente de Deus e da vida da fé, daquele amor a Cristo e
certeza de salvação poderá, no tempo próprio, ser restaurada pela operação do Espírito,
e por meio delas eles são, no entanto, suportados para não caírem no desespero
24
absoluto. Comentando sobre este aspecto, Geoffrey Thomas afirma que é concebível
a possibilidade de um cristão passar por tempos em que ele tem dúvida da sua salvação,
22
Ref. I João 5:13; I Cor. 2:12; I João 4:13; Hb. 6:11-12; II Pd. 1:10; Rm. 5:1-2, 5. 14:17, e 15:13; Sal.
119:32; Rm. 6:1-2; Tt 2:11-12, 14; II Cor. 7: 1; Rm. 8: 1; 12; I João 1:6-7, e 3:2-3.
23
II Pe 1.5-8
24
Ref. Sal. 51: 8, 12, 14; Ef. 4:30; Sal. 77: 1-10, e 31:32; I João 3:9; Lc. 22:32; Mq. 7:7-9; RJ. 32:40; II
Cor. 4:8-10.
10
11
ou por longos períodos sem a certeza da salvação, sendo assim, a segurança não
Quando lemos a história das doutrinas, vemos alguns lampejos sobre o que
pensavam os Pais apostólicos. Por exemplo, Louis Berkhof retrata este tempo dizendo
que “a fé era usualmente tida como o notável instrumento para o recebimento dos
e entrega pessoal a Ele, tendo como objeto especial a Jesus Cristo e o Seu sangue
expiatório”. Berkhof continua: “essas idéias são reiteradamente expressas pelos Pais
sobre a fé, Berkhof aqui não trata nada sobre a questão da Segurança da Fé.
a realidade da experiência do crente. Este verte considerável luz sobre o dilema. Depois
Deus através de si mesmos eles não são tentados pelo desassossego, o qual
freqüentemente vem sobre eles, mas são repetidamente abalados por maiores terrores.
Por tão violentas as tentações que preocupam suas mentes como não parecem
compatíveis com aquela certeza de fé’. “Certamente, enquanto ensinamos que fé deve
25
Segurança da Salvação – Geoffrey Thomas – Jornal Os Puritanos, p. 07
26
História das Doutrinas Cristãs, Louis Berkhof, p. 183
11
12
ser certa e segura, nós não podemos imaginar uma certeza que não tenha dúvida, ou
alguma segurança que não é assaltada”27 Calvino demonstra aqui claramente que o
salvo pode por vezes, passar pelas dúvidas devido aos problemas externos. Contudo, ao
escrever as suas Institutas, ele confirma que “é verdadeiro crente aquele que,
convencido por firme convicção de que Deus é Pai bondoso e bem disposto, assume
todas as coisas na base de sua generosidade; aquele que, apoiando-se nas promessas da
Quando nos deparamos com a época dos Puritanos, período áureo para a
doutrina e a vida cristã, vemos como eles se tornavam exaustivos em todos os seus
temas. Desde assuntos práticos que giram em torno da sua cultura como também, e
Afirmavam que a segurança plena de salvação pessoal precisava ser considerada como
um fruto de fé mais do a essência da fé. Joel Beek cita Samuel Rutherford quando diz:
em Cristo...” e continua, ... “Ela é uma segurança de conhecimento que Cristo veio ao
mundo para morrer pelos pecadores e posso descansar em Cristo com todo coração para
a salvação. Beek diz ainda: “Segurança não é a essência da fé mas o creme ou o recheio
da fé.” Outra ênfase puritana é de que o pensamento pessoal sobre segurança, não deve
ser divorciado de uma estrutura trinitariana, isto é, sua realização dentro do crente,
27
Does assurance belong to essence of Faith? – Joel R. Beeke - 1994
28
Institutas, III, ii.16
12
13
atribuindo-a como a obra econômica do Espírito Santo: Quando se fala sobre a obra do
Espírito Santo em nós, temos que apoiá-la em três pilares: 1- A aplicação das promessas
de Deus em Cristo, na qual o crente se apropria pela fé; 2- O resultado prático do ato de
que Cristo é o seu Salvador e tem perdoado seus pecados. O terceiro fundamento
puritano é de que esta obra segura e seladora do Espirito Santo é baseada na aliança da
eleição eterna.29
A segurança resulta da certeza objetiva que Deus não pode e não quer deserdar seus
filhos adotados. Sua aliança não pode ser quebrada ou anulada, por isto é fixada em seu
Nas palavras de Thomas Brooks, “Uma coisa para mim é crer, e outra coisa para
mim é crer naquilo que creio”30 Beek continua: “Desta maneira o Espírito capacita o
significados.”31
caminho para que os Calvinistas pudessem trabalhar muito sobre o assunto. Os cânones
expõem que “os crentes podem estar certos e estão certos dessa preservação dos eleitos
29
Jeremiah Burroughs, An Exposition of Prophecy of Hosea, 1988, 590
30
Heaven on Earth, 14
13
14
certeza ocorre de acordo com a medida de sua fé, pela qual eles crêem que são e
permanecerão verdadeiros e vivos membros da igreja e que têm o perdão dos pecados e
a vida eterna. Ao falar sobre o fundamento da certeza, afirmam: “Esta certeza não vem
de uma revelação especial, sem a Palavra ou fora dela, mas vem da fé nas promessas
de Deus, que ele revelou abundantemente em sua Palavra para nossa consolação. Vem
também do testemunho do Espírito Santo, testificando com o nosso espírito que somos
filhos e herdeiros de Deus, e finalmente do zelo sério e santo por uma boa consciência e
por boas obras.”32 Desta maneira fica muito claro que havia uma unidade de
doutrina da certeza da salvação. Antes de mais nada, Peterson expõe a posição oficial
dos Romanistas, promulgada pelo Concílio de Trento: “pessoas não podem ter certeza
da salvação senão à parte de uma revelação especial de Deus”.33 Esta posição Romana
não tem mudado desde aquele Concílio em 1547. Isto é verdade, pois quando
repudiada por aquele Concílio. Segurança da Salvação é, diz o verbete, “um conceito da
teologia protestante que significa a crença na justificação, tão firme, que essa crença não
admite dúvida quanto à salvação final do homem. Tal certeza de salvação – que a
31
idem
32
Os Cânones de Dort, perg. 09 e 10
14
15
teologia católica descreve como absoluta – foi repudiada pelo Concílio de Trento,
porque, mesmo que ao cristão seja absolutamente proibido duvidar do que Deus fez em
Jesus Cristo, ou duvidar da sua vontade salvífica universal, isso não exclui toda
experiência, contudo Peterson declara que esta certeza prática nada mais é do que uma
“certeza pequena”. O teólogo sistemático católico Ludwig Ott tenta explicar este ponto
de vista declarando que: “ninguém pode com certeza de fé saber se tem cumprido ou
não todas as condições que são necessárias para sua justificação”. A doutrina do
purgatório caminha na idéia de que “as almas que morreram na caridade de Deus e no
segurança, estamos pensando dos caminhos que o crente vem a se engajar nesta
segurança, não das bases nas quais esta salvação descansa. As bases da salvação são
como segurança para pessoas que não tem plena certeza como para pessoas que tem”.36
que pertencem a Ele ao Filho. O Pai também envia o Filho ao mundo para salvá-los,
33
Robert Peterson, Presbyterion 18/1 (1992) 10-24
34
Salvos pela Graça, A. Hoekema, p.153
35
Christian Assurance, Robert Peterson, p13
36
Covenant Seminary Review , 1992, p.14
15
16
uma continuidade na identidade do povo de Deus. Às mesmas pessoas são dados pelo
Pai ao Filho, crerem nele, são preservados por Ele e serão ressuscitados por Ele no
que sendo esta a segunda parte, a mesma está comprometida interiormente com os
crentes, pois é a aplicação da obra salvífica de Cristo nos corações. Citando uma
que nós conhecemos Deus como Pai. A segurança então, está ligada fortemente à obra
do Espírito Santo nas vidas dos cristãos”. 3. A perseverança dos Santos em 1 Jo 5.1-5.
santidade, e no amor como evidência da vida eterna. Se a vida eterna é real, ela é
demonstrada na vida dos crentes. Deus graciosamente assegura a seu povo pela Palavra,
pelo Espírito e por sua obra em suas vidas. Estes completam-se um ao outro a fim de
que possamos reter a verdadeira certeza da vida eterna como Peterson enfatiza quando
Para Louis Berkhof, “há uma dupla segurança, isto é, a segurança objetiva da fé ,
que é a certa e indubitável convicção de que Cristo é tudo o que declara ser e que fará
altura de uma convicção firme de que cada crente como indivíduo pode já ter seus
ensinam que idealmente, a fé deve conter plena segurança da salvação, mas ensina
37
D.A. Carson, The Gospel according to John, 1991, pp 290-92
38
Teologia Sistematica, Louis Berkhof, p.607
16
17
também que alguns crentes podem sentir falta dela algumas vezes. Nesse caso, devemos
cultivar maior segurança e orar para que possamos discernir com maior clareza o
católico para reafirmar que a posição da Igreja Católica desde o Concílio de Trento não
J.C. Ryle quando fala sobre o assunto, traz implicações pertinentes quanto a vida
certeza da salvação como uma segura esperança e algo verdadeiro e bíblico, mostrando
através de variados textos bíblicos, razões firmes para aceitarmos o tema como algo
crente pode nunca chegar a ter a segura esperança, e no entanto, ser salvo. Neste
assunto, Ryle enfatiza que Deus não dá atenção à quantidade da fé, mas antes à
qualidade da fé, tudo porque Ele conhece a estrutura humana. E continua, “Ele jamais
permitiria que se dissesse que uma pessoa pereceu ao pé da cruz”. O autor desenvolve
seu tema e chega ao seu terceiro ponto, apostando nas razões pelas quais a plena certeza
da esperança é extremamente desejável, primeiro por causa do consolo e paz que ela nos
traz e segundo por que contribui para libertar um filho de Deus da servidão do pecado.
sofridos. Neste aspecto Ryle também expõe de maneira apaixonante que a segurança da
salvação capacita o crente a enfrentar a morte mais violenta e dolorosa, sem qualquer
39
Salvos pela Graça, A. Hoekema, p.156
17
18
‘Agora começo um relacionamento com Deus que nunca será interrompido. Adeus, meu
pai e minha mãe, meus amigos e parentes, adeus mundo e todos os seus deleites, adeus
comida e bebida; adeus sol, lua e estrelas. Bem vindo, Deus Pai...bem-vinda vida eterna;
bem-vinda morte. Oh Senhor, em tuas mãos entrego o meu espírito, pois remiste a
VII. Conclusão
A certeza de salvação e as implicações para a Eclesiologia e a Missiologia.
Teologia, não poderia deixar de trazer implicações práticas para a doutrina da Certeza
não está tão interessada em assuntos que a fazem pensar e raciocinar. Hoje estamos
passando por um tipo de crise que tem gerado crentes de vida cristã superficial e
remédio para a igreja cristã neste final de século. Certeza da salvação ao meu ver, é um
tema sempre presente, ou melhor, deveria ser nos púlpitos e nas escolas dominicais. A
crise eclesiológica que passamos, é o reflexo da doutrina ensinada no que diz respeito a
O ensino sobre segurança da fé, não tem sido trabalhado eficazmente. Estamos
que trata dos Puritanos, percebo como eles tratavam deste assunto com tamanha
seriedade e profundidade. Havia uma busca pelo “esgotar” do tema. Um desejo que a
40
Santidade, sem a qual, ninguém verá o Senhor, J.C. Ryle, 1987,p.149.
18
19
doutrina fosse pura e pronta para ser absorvida pela mente, gerando assim edificação,
apenas a isto, mas também ao conteúdo que a igreja dá à mensagem que deve levar em
J.I. Packer quando comenta sobre a eclesiologia dos puritanos, argumenta que as
profissões de fé, eram submetidas a testes antes de serem acreditadas, até mesmo por
aqueles que as faziam. Packer continua: “... para o Puritano, a segurança era mais do
que uma simples inferência humana; antes era a convicção, outorgada por Deus, de que
um crente está firmado na graça, uma convicção selada pelo Espírito em sua mente e
coração, tal qual como a verdade dos fatos do evangelho foi selada sobre sua mente
quando nasceu a fé, trazendo consigo a mesma certeza imediata”41. Uma das questões
básicas pelas quais temos crentes fracos e superficiais, é devido ao fato que não temos
seguido o exemplo dos irmãos do século dezessete. Os crentes não são provados,
cristianismo verdadeiro.
digo missiologia, falo a respeito de que nos arraiais denominados reformados e outros,
não há um compromisso atuante dos crentes na missão. Quando afirmo missão, o faço
evidenciando a certeza da fé, é de que a doutrina em voga, tende por fazer os crentes
confiando em suas próprias obras, mas na obra concluída de Cristo. Aquele que não
19
20
possui esta segurança tornar-se-á absorvido com seus conflitos íntimos, que pouco
tempo lhe restará para outras coisas, e logicamente, pouco tempo terá para Deus. Na
verdade, o grande número de crentes que estão buscando ajuda dos psicólogos
completa uma tarefa, já está pronto para outra. ‘Que devo fazer em seguida Senhor?’...
Um crente que goza de segurança põe a mão em qualquer trabalho que tiver para fazer,
porá o pescoço debaixo de qualquer jugo em prol de Cristo; nunca pensa que já fez o
bastante, sempre pensa que fez muito pouco e, quando já fez tudo que podia, senta-se
obra missionária também será muito mais cheia de frutos. Teremos crentes aceitando
Somos desafiados por esta doutrina, a fazer que nossos crentes, alunos de
apaixonarem pela doutrina da fé, mas também que produzam esta mesma segurança que
nos levará para o céu, e também nos motivará para uma abnegada vida cristã.
41
Entre os Gigantes de Deus, J.I.Packer, p.198
42
Santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor. J.C. Ryle, p. 151
20
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VIII. BIBLIOGRAFIA
Beeke, Joel R. – Does Assurance Belong to the Essence of Faith, Spring 1994 – TMSJ.
Berkhof, Louis – História das Doutrinas Cristãs, 1ª Edição em Português 1992, Editora
PES.
Ryle, J. C. – “Santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor” – Editora Fiel, 1987, SP
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