Você está na página 1de 8

Conferência IADIS Ibero-Americana WWW/Internet 2005

WEB MARKETING: UMA ANÁLISE DA ADOPÇÃO


EMPRESARIAL NA EUROPA

Flávio Gomes Borges Tiago a)


Maria Teresa Borges Tiago a)
João Pedro Almeida Couto a)
José António Cabral Vieira a)
a) Universidade dos Açores, Departamento de Economia e Gestão

RESUMO
As forças da globalização e o despontar das novas tecnologias estimulam as empresas a desenvolverem um conjunto de
competências. Neste contexto a Internet e o Web Marketing têm adquirido uma crescente importância, pelo que o
objectivo deste trabalho é compreender o seu impacto ao nível das maiores empresas europeias. Os resultados alcançados,
através da análise do comportamento on-line das 500 maiores empresas europeias, apontam para a existência de factores
contextuais que condicionam o nível de sofisticação do Web Marketing.

PALAVRAS-CHAVE
Web Marketing, Empresas Europeias, Vendas On-line

1. INTRODUÇÃO
A presença das empresas na Internet deriva de dois factores: a) da necessidade de acompanhamento dos
concorrentes e consumidores e b) como uma ferramenta de auxílio aos esforços realizados pela área de
vendas e de marketing (Stern, 1999). O modo como as organizações exploram essa presença é contudo
diverso, pelo que com vista ao entendimento do ambiente do Internet e Web Marketing foi necessário
proceder-se à sistematização dos principais temas abordados por inúmeros trabalhos de investigação
(Kimiloğlu, 2004; Wagonfeld e Deighton, 2002; Hou e Rego, 2002; Dubois e Vernette, 2001; Ngai, 2003;
Barwise, Elberse e Hammond, 2000), dividindo-as em quatro grandes áreas: alterações ao nível do
marketing, influência no comportamento das empresas e consumidores, implicações ao nível das transacções
e tendências actuais. O presente estudo procura explorar estes paradigmas à luz da realidade europeia,
analisando para tal o comportamento on-line das quinhentas maiores empresas da Europa.
Uma revisão da nomenclatura utilizada ao nível do Internet Marketing leva a que se questione se estamos
perante um processo evolutivo ou se existe uma ruptura entre o marketing tradicional e esta nova abordagem
do marketing (Dickson, 2000; Christensen e Teldow, 2000; Miller, 2000; Harari, 1999; Burke, 1997). De
acordo com Straus et al. (2003), o Internet Marketing afecta o marketing tradicional sob dois prismas:
primeiro, através do aumento da eficiência de algumas ferramentas tradicionais do marketing; segundo, ao
transformar muitas das estratégias de marketing, pelo incremento tecnológico associado.
É ponto comum que para o sucesso on-line é necessário desenvolver novas estratégias de marketing e, em
especial, um repensar do marketing-mix (Strauss e Frost, 2003). A forma como deverão ser efectivamente
definidas estas variáveis tem sido estudada pelos mais diversos ângulos: produto e serviço oferecido (Dubois
e Vernette, 2001); formas de comunicação (Zettelmeyer, 2000); comercialização de produtos não digitais
(Wilson e Abel, 2002); comercialização de produtos industriais (Honeycutt, Flaherty e Benassi, 1998). Já em
1992, Waterschoot e Van den Bulte se tinham debruçado sobre os tradicionais 4Ps aplicados ao fenómeno da
Internet em ambientes de redes digitais, trabalho este mais recentemente foi aprofundado por outros autores
(Hanson, 2000; Negroponte, 1995). Kalyanam e McIntyre (2002) desenvolveram a questão do e-marketing
mix na perspectiva comparada entre as empresas com presença e comércio na Internet e aquelas que mantêm
apenas uma perspectiva tradicional.

239
ISBN: 972-8924-03-8 © 2005 IADIS

Esta realidade cibernauta, para além de acarretar alterações significativas ao nível das variáveis base do
marketing, e consequentemente do Internet Marketing, tem implicações de âmbito estratégico. Também
define novas fronteiras de actuação para as organizações (Kimiloğlu, 2004). Consequentemente, influencia a
forma como o Web Marketing – dimensão específica do Internet Marketing relacionada apenas com os
conteúdos e especificidades dos websites das organizações, é conduzido. Neste âmbito, há a considerar o
envolvimento e comprometimento da empresa na actividade on-line, passível de ser medido através do nível
de sofisticação do Web Marketing praticado.
Quelch e Klein (1996) ao analisarem a postura das empresas on-line, concluíram que a forma como a
Internet é explorada pelas empresas depende muito do seu historial de actividade. Assim, estes autores
sugerem a existência de dois modelos de actuação distintos: o primeiro desenvolvido por empresas
multinacionais, que utilizam inicialmente a Internet como mais um veículo de comunicação e informação e
que só numa fase mais avançada exploram as suas potencialidades em termos de transacções comerciais; e o
segundo adoptado por start-ups, ou seja, empresas que surgem direccionadas ao aproveitamento das
potencialidades da Internet. Estas seguem uma postura baseada desde o início nas transacções on-line.
Tendo por base a abordagem anterior e, simultaneamente, o tipo de página e o público-alvo da mesma,
Cox e Koelzer (2004) sugerem uma classificação dos websites diferente: sites institucionais; sites de
informação sobre produtos e serviços; sites orientados para as transacções e sites de CRM ou e-CRM,
consoante as funcionalidades destes.
Existem outras propostas de classificação de utilização da web que têm sido apresentadas. Em 1995,
Hoffman, Novak e Chatterjee apresentaram uma das primeiras propostas, nas quais se procedia à
classificação dos websites com base no seu desempenho comercial. Para estes autores o site poderia abranger
algumas das seguintes categorias: montra on-line, presença na Internet, conteúdos, centro comercial, motor
de busca e site de incentivo.
Através de uma visão mais agregada, Ho (1997) apresentou uma classificação com apenas 3 categorias
consoante os próprios objectivos de negócio das empresas envolvidas: (1) promoção de produtos e serviços;
(2) recolha de dados e informações e (3) processamento de transacções electrónicas.
Ainscough e Luckett (1996) tendo por suporte o mesmo conceito de Hoffman, Novak e Chatterjee (1995),
apresentaram uma categorização sintética enquadrando os sites em quatro categorias: interactive brochure;
virtual storefront; information clearing house e customer service tool.
Angehrn (1997) apresentou uma modalidade de categorização dos websites com base nas grandes linhas
estratégicas do comércio electrónico, tendo como ponto de vista a própria empresa promotora da actividade.
O modelo descrevia quatro níveis de presença na web: nível de informação virtual, nível de comunicação
virtual, nível de distribuição virtual e nível de transacção virtual.
Os estudos apresentados por este conjunto de autores, bem como os desenvolvidos por Griffith e Krampf
(1998) e Ju-Pak (1999) analisam a performance dos websites tendo por base um forte enfoque no Internet
Marketing.
O levantamento bibliográfico conduz a um conjunto vasto de formas de categorização dos websites
comerciais, dos quais se destaca a apresentada por Ainscough e Luckett (1996), que tem sido alvo de
aplicação em estudos empíricos posteriores. Todavia, os modelos apresentados assentam num factor comum:
nos objectivos que a empresa procura alcançar com a sua presença na Internet.
Dadas as inúmeras classificações existentes para os sites comerciais, é compreensível que exista uma
panóplia de configurações dos websites em termos de design (Cox e Koelzer, 2004). De acordo com estes
autores, apesar de se encontrarem diversos formatos, existe um conjunto de informações que aparecem em
quase todos eles: informação sobre a empresa e os seus produtos/serviços, historial da empresa, contactos e
dependendo da indústria e da dimensão da empresa poderão ser facultadas informações sobre os recursos
humanos e as oportunidades de carreira.
Portanto, podem-se encontrar duas estratégias base de desenvolvimento dos website, que são reflexo do
nível de comprometimento da empresa para com a actividade on-line (Strauss et al., 2003; Palmer e Griffith,
1998):
- Estratégia de comunicação: todo o site é desenvolvido com vista a proporcionar ao internauta (cliente,
fornecedor, accionista, entre outros) o máximo de informações sobre a empresa e os seus produtos, bem
como permitir a rápida comunicação da empresa com seus clientes.
- Estratégia de transacção: as componentes apresentadas ao nível do site são conducentes à compra on-
line, possibilitando paralelamente a reserva de produtos ou serviços, a simulação de orçamentos e o
acompanhamento das encomendas.

240
Conferência IADIS Ibero-Americana WWW/Internet 2005

Assim, compreende-se que a forma como as empresas exploram as potencialidades da Internet enquanto
instrumento auxiliar de marketing e como novo mercado varie muito e seja reflexo da estratégia global da
organização.

2. HIPÓTESES DO ESTUDO
O número de estudos que tem examinado os factores contextuais e os elementos constituintes de um website
é considerável (Berthon, Pitt e Watson, 1996; Ainscough e Luckett, 1996; Gow, 1997; Liu et al., 1997;
Griffith e Krampf, 1998; Palmer e Griffith, 1998; Young e Benamati, 2000; Bodkin e Perry, 2004). Contudo,
a maioria destes trabalhos debruçou-se sobre empresas norte-americanas e negligenciou a realidade europeia.
Assim, o presente trabalho explora a realidade europeia no que concerne à adopção de práticas de Internet e
Web Marketing por parte das suas maiores empresas.
As formas de utilização das ferramentas do website intra-indústrias, estabelecidos com base numa
adaptação dos critérios definidos por Ainscough e Luckett (1996) e nos apresentados por Cox e Koelzer
(2004), constituíram a base das hipóteses desenvolvidas neste estudo.
Ao longo deste trabalho, e de acordo com o levantamento bibliográfico efectuado, considerar-se-á o nível
de sofisticação das webpages das organizações como um indicador da própria evolução da empresa no que
concerne à utilização das ferramentas de Internet Marketing.
Estudos empíricos sugerem a existência de diferenças consideráveis nas modalidades de utilização da
Internet entre empresas de sectores económicos diferentes (Young e Benamati, 2000). Winter et al. (2000)
realizaram um estudo exploratório, sobre a forma como as empresas desenvolvem os conteúdos das páginas
web, que aponta para a existência de diferenças significativas inter indústrias, quer ao nível da apresentação
de conteúdos quer ao nível das funcionalidades dos mesmos. Alguns autores (Alba et al., 1997; Bakos 1991;
Benjamim e Wigand, 1995; Burke, 1996; Hoffman e Novak, 1996; Lynch e Ariely, 2000; Barwise, Elberse e
Hammond, 2002; Srinivasan, Lilien e Rangaswamy, 2002), sugerem mesmo que a diferença entre sectores de
actividade é visível pela forma como as empresas encaram e adoptam as inovações, como foi o caso da
Internet.
Assim, e com base nestes conceitos, foi definida o primeiro postulado deste trabalho, o qual se encontra
subdivido em duas hipóteses.
Postulado: A utilização das ferramentas do Internet Marketing depende da actividade da empresa.
Mais particularmente no que se refere às vendas on-line, o número de investigadores que se debruçou
sobre as suas características é considerável (Quelch e Klein, 1996; Alba et al., 1997; White e Manning, 1998;
Bailey, 1998; Lynch e Ariely, 2000; Lee e Gosain, 2001; Poon e Joseph, 2001; Kimiloğlu, 2004). Em 1997,
Gow efectuou um estudo transversal a várias indústrias e concluiu que 10% das empresas que possuíam site
na Internet, o utilizavam como loja on-line. Nesse mesmo ano, Liu et al. (1997) examinando as páginas web
das 500 maiores empresas americanas, listadas na revista Fortune determinaram a existência de diferenças
em termos de intensidade de utilização da componente de venda inter indústria. Deste modo a primeira
hipótese foi estabelecida com base nessas dissemelhanças encontradas, ficando com a seguinte configuração:
Hipótese 1: A existência de venda on-line nos websites depende da actividade da empresa.
Tal como foi referido por Honeycutt, Flaherty e Benassi (1998), verifica-se ao nível das indústrias
extractivas e de transformação uma fraca adesão à Internet e, consequentemente, uma reduzida utilização das
ferramentas do Web Marketing. Neste contexto, e tendo por base os níveis de sofisticação dos websites atrás
apresentados definiu-se como segunda hipótese de estudo a que se segue: Hipótese 2: O nível de
sofisticação das webpages está relacionado com a indústria de base.

3. METODOLOGIA E RESULTADOS
Em termos metodológicos este trabalho foi desenvolvido a partir dos dados obtidos nas páginas de Internet
das 500 maiores empresas europeias. Assim e com vista à validação das hipóteses definidas aplicou-se uma
metodologia constituída por diversas fases: (1) sistematização das fontes de informação relevantes; (2)
identificação das entidades que constituem o universo a analisar; (3) compilação dos dados junto dos
websites destas empresas; (4) recolha e validação dos dados e (5) tratamento e análise estatística.

241
ISBN: 972-8924-03-8 © 2005 IADIS

Utilizaram-se como amostra do estudo as quinhentas maiores empresas europeias, de acordo com a
seriação segundo o volume de vendas efectuada em 2003 e publicada pela instituição alemã Handelsblatt. A
compilação dos dados junto foi efectuada com base numa adaptação das metodologias apresentadas pelos
autores Young e Benamati (2000) e Houghton e Winklhofer (2004). As variáveis foram medidas numa escala
ordinal que classificava cada uma delas consoante a existência ou não dos seus diversos elementos.
Os primeiros autores desenvolveram uma grelha de recolha das informações das empresas junto dos seus
websites, que foi aplicada na investigação, embora com ligeiras adaptações. A grelha havia sido
desenvolvida, tendo por base os trabalhos empíricos anteriormente efectuados por diversos autores (ver,
Berthon, et al. 1996; Gow 1997; Griffith e Krampf, 1998). A utilização do Internet Marketing foi analisada
considerando quatro factores das actividades que podem ser considerados como elementos base da
sofisticação e eficácia de um website: nível de vendas (customer sales), nível de serviço (customer service),
nível de comunicação (communication) e nível de informação (informational level). De acordo com a revisão
bibliográfica efectuada, os elementos que compõem cada uma das categorias são os apresentados na figura 1.
Venda on-line Envio email

Transacções Subscrição
financeiras Mailing lists

Descrição produtos Nível de vendas Comunicação Responsabilidade


e serviços social

Log-in Personalização

Preço Keyword search


Sofisticação
do Website
Função de cálculo Relatórios e contas

Search de agentes Press releases e


e lojas notícias diárias

Acompanhamento Nível de serviço Informação Informações para


de encomendas fornecedores

Línguas Emprego

Politica de
Área de suporte
privacidade
Fonte: Análise do autor

Figura 1. Factores determinantes da sofisticação do website


Procurando compreender melhor a forma como estas empresas exploram as potencialidades da Internet,
os seus sites foram classificados de acordo com os critérios propostos por Ainscough e Luckett (1996) e Cox
e Koelzer (2004). Analisando a amostra de acordo com as quatro categorias distintas definidas por Ainscough
e Luckett (1996): interactive brochure; virtual storefront; information clearing house e customer service
tool, verifica-se a existência de formas diferentes de actuação das empresas consoante as indústrias a que
pertencem.
Das 500 maiores empresas europeias cerca de 16% empregam os cinco elementos da interactive brochure
na sua webpage, retirando partido máximo desta forma de informação aos diversos parceiros. Contudo,
analisando cada uma destas componentes verifica-se que este meio não é muito empregue como forma de
difusão de informação junto dos fornecedores, uma vez que é adoptado por cerca de 20% dos analisados.
Cerca de 93% destas empresas utiliza o site na Internet como forma de divulgação dos seus resultados
financeiros. As características de virtual storefront foram encontradas em cerca de 25% das empresas
estudadas. Estas adicionam às anteriormente referidas, as capacidades de visualização de produtos e serviços,
verificação de preços, log-in, bem como aquisição de bens e serviços on-line ou efectuação de transacções
financeiras. Destas características a descrição dos produtos e serviços é aquela que surge em quase todos os
sites examinados (94%).
Observa-se que a quase totalidade das empresas, que têm a listagem de preços disponível para consulta, e
que perfazem 24% da população analisada, facultam a possibilidade de aquisição on-line. O número de
empresas que têm áreas reservadas aos seus clientes, ou seja, que permitem acesso a conteúdos específicos

242
Conferência IADIS Ibero-Americana WWW/Internet 2005

através de log-in, é superior ao daquelas que utiliza a webpage como canal de venda e distribuição. Convém
salientar que uma vez que se estão a observar maioritariamente empresas multinacionais, os sites destas
podem não reflectir a sua postura ao nível das subsidiárias e possuírem um carácter muito mais institucional,
o que explica alguns dos valores encontrados. Algumas empresas, em especial aquelas que apostam neste
veículo como forma de adquirirem maiores níveis de conhecimento e interacção com os clientes, apostam na
componente de comunicação: information clearing house. A importância conferida a alguns elementos desta
categoria é evidente ao observarmos que 98% das empresas possuem formas de envio de e-mails por parte
dos clientes. Porém, no que se refere ao nível de personalização da interacção e à subscrição das mailing list
os valores não são tão expressivos, existindo respectivamente 18% e 38% das empresas examinadas com
estas modalidades de aproximação ao cliente.
Cerca de 73% das empresas analisadas enumeram e permitem pesquisar os seus revendedores e/ou
agentes mesmo empresas subsidiárias nos diferentes países. Este é um dos elementos utilizados na categoria
customer service tool. Nesta dimensão de análise ainda se incluem a área de suporte ao cliente, o número de
línguas em que a página se encontra disponível, a possibilidade de cálculo e acompanhamento das
encomendas efectuadas. Estes últimos dois itens não apresentam valores muito elevados de adesão, o que é
compreensível dado que cerca de 25% destas empresas têm práticas de comércio on-line.
Comparando os resultados obtidos neste estudo com relação à sofisticação do website das empresas
europeias com aqueles que são apresentados num estudo similar, levado a cabo por Young e Benamati
(2000), com base nas 500 maiores empresas a operar nos Estados Unidos da América, obtém-se a seguinte
matriz.
Tabela 1. Comparação Europa /EUA
Resultados Resultados Resultados Resultados
Europa EUA Europa EUA
Características % Sites Características % Sites
Transacções financeiras 19 34,7 Relatórios sociais 46 2,9
Log-in 32 29,4 Descrição dos produtos/ serviços 94 97,3
Pesquisa de agentes e lojas 73 47,6 Relatórios financeiros 93 95,1
Função de cálculo 15 14,7 Press releases 89 89
Acompanhamento de encomendas 10 4,3 Oportunidades de emprego 67 88,4
Envio de e-mails 98 92 Keyword search 73 59,4
Mailing lists 38 23,3 Política de segurança 88 52,7
Personalização 18 6,3 Informações para fornecedores 20 34,1

Verifica-se que existem algumas diferenças significativas entre os dois estudos, que podem ter origem em
factores de duas ordens: diferença dos períodos em análise (2000 – EUA e 2004 – Europa) e características
das empresas e indústrias que compõem a amostra. De acordo com Porter (2004), este último factor pode ser
significativo e indicador de especificidades quer ao nível da estrutura da indústria e das cadeias de valor
destas empresas, bem como no que respeita às características do próprio mercado alvo. Contudo, no que se
refere aos aspectos base de uma webpage existe uma forte aproximação dos resultados obtidos nos dois
estudos. As empresas europeias apresentam uma componente de pesquisa de lojas ou agentes mais
desenvolvida que a das suas congéneres americanas.
A seguir apresentam-se os testes chi-quadrado a fim de se verificar a existência uma relação de
independência entre as variáveis sector de actividade económica/nível de sofisticação.
Tabela 2. Tabela de comparação de variáveis nominais Indústria/Sofisticação
Indústria Chi-Quadrado P-value /Sig. S/NS
Automóvel e aeroespacial 58,03 0,00 S
Química e farmacêutica 62,31 0,00 S
Banca e serv. financeiros 167,15 0,00 S
Utilidades 52,74 0,00 S
Construção e imobiliário 78,97 0,00 S
Petróleo e energia 45,30 0,01 S
Engenharia e electrónica 108,20 0,00 S
Retalho e logística 128,65 0,00 S
Turismo 15,38 0,12 N
Outra 43,83 0,00 S
Nível de significância: S = significante para um nível de 5% e NS = não significante

243
ISBN: 972-8924-03-8 © 2005 IADIS

A hipótese zero considerada é que existe uma relação de independência entre cada uma das variáveis
anteriormente definidas. Para um nível de significância de 5% obtém-se um resultado do teste χ2 que indica
que H0 é rejeitada, com excepção do sector do turismo, dado que as diferenças entre os valores observados e
os valores esperados são significativamente diferentes. Portanto, de uma forma geral, existe uma relação de
dependência entre os sectores de actividade económica/nível de sofisticação.
Tabela 3. Tabela de comparação de variáveis nominais Indústria/Vendas on-line
Indústria Chi-Quadrado P-value /Sig. S/NS
Automóvel e aeroespacial 28,88 0,00 S
Química e farmacêutica 43,00 0,00 S
Banca e serv. financeiros 71,77 0,00 S
Utilidades 19,81 0,00 S
Construção e imobiliário 43,00 0,00 S
Petróleo e energia 31,54 0,00 S
Engenharia e electrónica 45,37 0,00 S
Retalho e logística 75,37 0,00 S
Turismo 9,00 0,01 S
Outra 8,60 0,01 S
Nível de significância: S = significante para um nível de 5% e NS = não significante
Na tabela anterior são expostos os testes chi-quadrado efectuados com as variáveis indústria/vendas on-
line. Para um nível de significância de 5% existe uma relação de dependência entre a indústria e a presença
de venda on-line.
As vendas on-line são uma das funcionalidades associadas ao Internet Marketing que mais tem sido
estudada (Quelch e Klein, 1996; Alba et al., 1997; White e Manning, 1998; Bailey, 1998; Honeycutt,
Flaherty e Benassi, 1998; Lynch e Ariely, 2000; Lee e Gosain, 2001; Poon e Joseph, 2001; Kimiloğlu, 2004),
estando na base da hipótese seguidamente testada. Os valores encontrados através da metodologia do chi-
quadrado, para um nível de significância de 5%, validam a hipótese de que a existência de comercialização
on-line varia consoante o sector de actividade da empresa e, consequentemente, de acordo com os produtos
ou serviços comercializados.
A última premissa analisada diz respeito às diferenças de sofisticação das webpages inter-indústrias,
baseada no conceito apresentado por Honeycutt, Flaherty e Benassi (1998) de que alguns sectores ostentam
uma menor adesão à Internet, combinada com uma reduzida utilização das ferramentas do Web Marketing ,
que se traduz em níveis inferiores de sofisticação dos seus websites. Tal como foi anteriormente referido, o
teste chi-quadrado aponta para a existência de influências da indústria de pertença no nível de sofisticação
dos websites e, logicamente, valida esta hipótese. Para um nível de significância de 5%, obtém-se uma
relação de dependência entre os diferentes ramos e a presença de vendas on-line, com excepção do sector das
utilidades, que se apresenta como não sendo significativo para o nível de significância testado.
De seguida é apresentado o quadro síntese dos resultados obtidos.
Tabela 4. Quadro síntese das hipóteses
Hipóteses Validação
Postulado: A utilização das ferramentas do Internet Marketing depende da actividade da empresa; Parcialmente Aceite
H1: A existência de venda on-line nos websites depende da actividade da empresa; Aceite
H2: O nível de sofisticação dos webpages está relacionado com a indústria de base. Parcialmente Aceite
No caso do presente estudo diagnosticou-se, através dos testes chi-quadrado realizados, que a variável
sofisticação não é independente da indústria, por isso pode-se deduzir que a base da proposição estabelecida
é verdadeira.
Sumariamente no caso do postulado estabelecido, podemos inferir que este é verdadeiro mas não na sua
totalidade, como se pode depreender da tabela anteriormente apresentada.

4. CONCLUSÕES E IMPLICAÇÕES
Os objectivos principais, inicialmente traçados, foram alcançados na íntegra nesta investigação, tendo-se
ainda conseguido alargar os níveis de conhecimento da temática e estabelecer novas perspectivas de
investigação futura. Os resultados apontam para a existência de diferentes padrões de sofisticação dos
websites, no que respeita às vendas on-line e à combinação das quatro variáveis base em análise (nível de
venda, nível de serviço, nível de comunicação e nível de informação). No que respeita à utilização de uma

244
Conferência IADIS Ibero-Americana WWW/Internet 2005

das vertentes mais visível do Internet Marketing, as vendas on-line, verificou-se que esta é efectivamente
mais utilizada em alguns sectores do que em outros.
Em primeiro lugar, a investigação ilustra a importância da presença on-line e da sua face visível, o
website. Segundo, a pesquisa sugere que as organizações devem ver na Internet muito mais do que um
espaço de presença. Contudo, refira-se que a utilização por parte das empresas de algumas das ferramentas do
Internet Marketing não é por si só garantia do sucesso de qualquer iniciativa on-line, uma vez que este vai
depender da forma como a organização implementa efectivamente uma determinada estratégia on-line, em
linha com a sua postura ao nível do marketing estratégico.
O presente estudo apresenta algumas limitações no que se refere à própria análise do design do web site.
Este trabalho não abordou a facilidade de utilização (userfriendly), a apelatividade da página, nem mesmo as
tecnologias empregues. Outra das limitações que pode ser apontada relaciona-se com a amostra escolhida.
Subjacente a esta escolha esteve o conceito de analisar em primeiro lugar as empresas mais pioneiras ao nível
europeu, no que respeita à utilização das novas tecnologias. Deste modo estabeleceu-se um trilho para futuras
investigações mais alargadas. Novos estudos poderão ser levados a cabo com vista à validação e
consolidação das conclusões retiradas na presente investigação. Por um lado, poderá ser alargado o modelo
de avaliação do website de forma a integrar outras variáveis, das quais se destacam os elementos relativos à
facilidade de utilização, interacção, design e qualidade de informação. Por outro lado, um futuro
aprofundamento do propósito conceptual e empírico deste trabalho constitui um desafio a considerar. Neste
âmbito poder-se-à alargar a base de empresas a outros continentes, ou a outro tipo de entidades.

AGRADECIMENTOS
FCT - CEEAplA (Centro de Estudos de Economia Aplicada do Atlântico)

BIBLIOGRAFIA
Ainscough, T. e Luckett, M. (1996). The Internet for the rest of us: marketing on the World Wide Web, Journal of
Consumer Marketing, 13 (2), pp. 36-47.
Alba, J., Lynch, J., Weitz, B., Janiszewski, C., Lutz, R., Sawyer, A. e Wood, S. (1997). Interactive home shopping:
consumer, retailer, and manufacturer incentives to participate in electronic marketplaces, Journal of Marketing, 61,
pp. 38-53.
Angehrn, A. (1997). Designing mature internet strategies: The ICDT Model, European Management Journal, August.
Bailey, J. (1998). Electronic Commerce: prices and consumer issues for three products: books, compact discs, and
software, OCDE/GD, (98) 4.
Bakos, J. (1991). A strategic analysis of electronic marketplaces, MIS Quarterly,15, pp. 295-310.
Barwise, P., Elberse, A. e Hammond, K. (2000). Marketing and the Internet: a research review, London Business School,
em http://www.marketingandtheinternet.com.
Benjamin, R. e Wigand, R. (1995). Electronic markets and virtual value chains on the information superhighway, Sloan
Management Review, 36 (winter), pp.62-72.
Berthon, P., Pitt, L. e Watson, R. (1996). The World Wide Web as an advertising medium, Journal of Advertising
Research, 36(1), pp.43-55.
Bodkin, C. e Perry, M. (2004). Goods retailers and service providers: Comparative analysis of web site marketing
communications, Journal of Retailing and Consumer Services, 11(1), 19-29.
Burke, R. (1996). Virtual shopping: breakthrough in marketing research, Harvard Business Review, (M-A), pp.120-131.
Burke, R. (1997). Do you see what I see? The future of virtual shopping, Journal of the Academy of Marketing Science,
25 (4), pp.352-360.
Christensen, C. e Tedlow, R. (2000). Patterns of disruption in retailing. Harvard Business Review, 78 (1), pp.42.
Cox, B. e Koelzer, W. (2004). Internet Marketing, Pearson Education Ltd: London.
Dickson, P. (2000). Understanding the trade winds: the global evolution of production, con-sumption, and the Internet,
Journal of Consumer Research, 27.
Dubois, P.-L. e Vernette, E. (2001). Contribution et pistes pour la recherche en e-marketing, Recherche et Applications
en Marketing, 16 (3), pp.1-8.

245
ISBN: 972-8924-03-8 © 2005 IADIS

Gow, K. (1997). Risk versus opportunity, Computerworld, October 5.


Griffith, D. e Krampf, R. (1998). An examination of the Web-based strategies of the top 100 US retailers, Journal of
Marketing Theory and Practice, 6 (3), pp.12-23.
Hanson, W. (2000). Principles of Internet Marketing, Cincinnati, Ohio: South-Western College Publishing.
Harari, O. (1999). Obsolete.com?, Management Review, (September), pp.31.
Ho, J.(1997). Evaluation the world Wide Web: a global study of commercial sites, Journal of computer mediated
communication, 3 (1), July.
Hoffman, D. e Novak, T. (1996). Marketing in hypermedia computer-mediated environments: conceptual foundations,
Journal of Marketing, 60, pp. 50-68.
Hoffman, D., Novak, T. e Chatterjee, P. (1995). Commercial scenarios for the web: opportunities and challenges, Journal
of Computer Mediated Communication, Special Issue on Electronic Commerce, 1(3).
Honeycutt, E., Flaherty, T. e Benassi, K. (1998). Marketing industrial products on the Internet, Industrial Marketing
Management, 27 (1), pp.63-72.
Hou, J. e C. Rego (2002). Internet marketing: An overview, Working paper. University of Mississippi, EUA.
Houghton, K. e Winklhofer, H.(2004). The effect of website and e-commerce adoption on the relationship between smes
and their export intermediaries, International Small Business Journal, 22 (4), pp. 369-385.
Ju-Pak, K-H. (1999). Content dimensions of Web advertising: A cross-national comparison, International Journal of
Advertising, 18 (2), pp. 207-31.
Kalyanam, K. e McIntyre, S. (2002). The E-Marketing Mix: a contribution of the e-tailing wars, Journal of the Academy
of Marketing Science, 30 (4), pp. 487-499.
Kimiloğlu, H. (2004). The e-literature: a framework for understanding the accumulated knowledge about internet
marketing, Academy of Marketing Science Review, 6.
Lee, S. e Gosain, S. (2001). The Internet and the reshaping of the music cd market, Electronic Markets, 11 (2), pp. 1-6.
Liu, C., Arnett, K., Capella, L. e Beatty, R. (1997). Web sites of Fortune 500 companies: facing consumers through home
pages, Information and Management, 31, pp.335-45.
Lynch, J. e Ariely, D. (2000). Wine online: search costs affect competition on price, quality, and distribution, Marketing
Science, 19 (Winter)(1), pp.83-103.
Miller, N. (2000). Profiting from E-Commerce, Journal of Property Management, 65, pp.84.
Negroponte, N. (1995). Being Digital. Knopf.
Ngai, (2003). Internet marketing research (1987-2000): a literature review and classification, European Journal of
Marketing, 37 (1/2), pp. 24-49.
Paajanen, B. e Allington, C. (1998). Internet Marketing: Can you Resist a byte?, Journal of Internet Marketing, 1(1).
Palmer, J. e Griffith, D. (1998). An emerging model of Web site design for marketing, Communications of the ACM,
44(3), pp. 44-51.
Poon, S. e Joseph, M. (2001). A preliminary study of product nature and electronic commerce, Marketing Intelligence
Research, 19 (7), pp.493-500.
Porter, M. (2001). Strategy and Internet, Harvard Business Review, March, pp.62-78.
Quelch, J. e Klein, L. (1996). The Internet and international marketing, Sloan Management Review, 38, pp. 60-75.
Srinivasan, R., Lilien, G., e Rangaswamy, A. (2002). Technological opportunism and radical technology adoption: an
application to e-business, Journal of Marketing, 66 (July), pp. 47–60.
Sterne, J. (1999). World Wide Web Marketing, John Wiley & Sons: New York.
Strauss, J., El-Ansary, A. e Frost, R. (2003). E-Marketing, 3rd edition, Prentice Hall: New York.
Wagonfeld, A. e Deigthon, J. (2002). Note on Marketing and Internet, Harvard Business Review, pp. 1-16
Waterschoot, W. e Van den Bulte, C. (1992). The 4P classification of the marketing mix revisited, Journal of
Marketing, 56 (Outubro), pp. 83-93
White, G. e Manning, B. (1998). Commercial WWW site appeal: how does it affect online food and drink
consumers’purchasing behaviour?, Internet Research, 8 (1), pp.32-3.
Winter, S., Saunders, C. e Hart, P. (2000). Electronic window dressing? Impression management on the Internet, Working
paper, UNC Charlotte.
Young, D. e Benamati, J. (2000). Differences in public web sites: the current state of large U.S. firms, Journal of
Electronic Commerce Research, 1 (3), pp.94-105.
Zettelmeyer, F. (2000). Expanding to the Internet: pricing and communication strategies when firms compete on multiple
channels, Journal of Marketing Research, 37(August), pp. 292-308.

246

Você também pode gostar