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FACULDADE SÃO FRANCISCO DA PARAÍBA – FASP

CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

JOSÉ CAZUZA NETO

TUTELAS PROVISÓRIAS DE URGÊNCIA E DE EVIDÊNCIA

Cajazeiras – PB
2021
JOSÉ CAZUZA NETO

TUTELAS PROVISÓRIAS DE URGÊNCIA E DE EVIDÊNCIA

Trabalho apresentado à disciplina Direito Processual


Civil III, ministrada pelo Profº Me. Victor de Saulo
Dantas Torres, do 6º período do Curso de Bacharelado
em Direito da Faculdade São Francisco da Paraíba –
FASP, para fins de avaliação e atribuição de nota.

Cajazeiras – PB
2021
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1 INTRODUÇÃO

O processo representa um instrumento jurídico capaz de tutelar direitos. Trata-se do


caminho percorrido pela ação, através do qual a jurisdição estatal, utilizando-se dos
mecanismos necessários e previstos no ordenamento jurídico, busca assegurar decisões
tempestivas, justas e úteis. Para que o processo tenha efetividade, é preciso romper obstáculos
que impedem a concretização do direito substancial.
A prestação jurisdicional em período de tempo razoável é uma garantia fundamental
estabelecida na Constituição da República Brasileira de 1988, especificamente no art. 5º,
LXXVIII, mas essa prestação pode ser muito lenta em várias situações. A demora excessiva
pode causar grave prejuízo ao litigante, que tem o seu direito em risco. Por outro lado, a
demora cria vantagem injusta para a outra parte. Tal situação pode ser equilibrada com a
aplicação das tutelas provisórias, institutos regulados no Código de Processo Civil de 2015
(CPC/2015) nos artigos 294 a 311.
Tutela provisória é uma ferramenta que o julgador utiliza em caráter provisório para
assegurar ou até mesmo proteger um direito em inúmeras situações de urgência ou na tutela
de evidência, antes da decisão final que baseia em compreensões ainda não concluídas dos
fatos. Principal função do instituto das tutelas provisórias é dar maior efetividade ao processo,
ajudando a contornar um pouco a morosidade do sistema processual. No caso das tutelas
provisórias, o caráter é provisório porque podem ser revogadas ou modificadas no decorrer do
tempo.
O objetivo da jurisdição não é mais visto como apenas realizar a vontade concreta da
lei, mas a de prestar a tutela ao direito material. Tendo em vista que caracteriza a atividade
jurisdicional é a tutela ao direito daquele que, no conflito, tem uma vantagem garantida pela
ordem jurídica. Existem também situações concretas nas quais a duração do processo e a
espera da composição do conflito geram prejuízos ou risco de prejuízos para uma das partes,
podendo assumir proporções sérias, comprometendo a efetividade da tutela a cargo da justiça.
Nesse sentido, o presente trabalho aborda as tutelas provisórias de urgência e da
evidência, conforme as disposições do CPC/2015 e a doutrina correlata ao tema.

2 TUTELAS PROVISÓRIAS DE URGÊNCIA E DA EVIDÊNCIA

As tutelas provisórias possuem em comum o objetivo maior de combater riscos de


injustiça ou dano a direito, decorrentes da longa espera para obter uma solução judicial. As
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tutelas representam provimentos imediatos, que são aplicados ao caso concreto para
minimizar consequências injustas suportadas por uma das partes, enquanto a outra obtém
vantagem. Assim, o CPC/2015 define as tutelas provisórias de urgência e da evidência.
As técnicas processuais de tutela provisória, se prestam eventualmente em
complemento e aprimoramento da tutela principal, sendo alcançadas mediante todo o
provimento que, afinal, solucionará definitivamente o litígio configurador do objeto do
processo. Em todo aspecto, as chamadas tutelas provisórias correspondem a incidentes do
processo, e não a processos autônomos.
O CPC/2015 agrupou no gênero de tutelas provisórias, as tutelas satisfativas e as
tutelas cautelares, as quais são fundadas em juízo de probabilidade. No entanto, tutela
provisória é gênero que contém duas espécies: a tutela provisória de urgência e a tutela
provisória de evidencia. Já a tutela provisória de urgência, por sua vez, corresponde a duas
espécies: tutela antecipada e tutela cautelar.
As tutelas provisórias têm em comum a meta de combater os riscos de injustiça ou de
dano, derivados da possível espera, que sempre será longa por sinal, sendo assim do conflito
submetido à solução judicial final. São as tradicionais medidas de urgência cautelares
(conservativas) e antecipatórias (satisfativas), todas voltadas ao combate do perigo (dano) que
possa advir do tempo necessário para cumprimento de todas as etapas do devido processo
legal.
As tutelas de urgência e da evidência poderão ser requeridas tanto antes como no curso
do procedimento, sendo que o pedido principal deve ser formulado nos mesmos autos da
tutela provisória.
Diante a tutela da evidência, ela favorece-se a parte que tem o direito material a favor
de sua pretensão, deferindo como tutela satisfativa imediata, juntando o ônus de aguardar os
efeitos definitivos da tutela jurisdicional àquele que se acha em situação incerta quanto à
problemática juridicidade da atividade manifestada. A tutela de urgência se divide em tutela
cautelar e antecipada, podendo elas serem concedidas em caráter anterior ou incidental. A
tutela de evidência é espécie de tutela antecipada, concedida sempre de maneira incidental. A
denominada tutela de evidência (tutela provisória não urgente) se divide em tutela de
evidência propriamente dita (art. 311, II, III e IV, do CPC) e tutela de evidência sancionatória
(art. 311, I, do CPC). As tutelas de urgência e de evidência podem ser exigidas antes ou
durante o curso do procedimento. O pedido principal deverá ser formulado nos mesmos autos
em que houver a formulação do pedido de tutela provisória, seja cautelar ou anterior.
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Tendo em vista aspectos observados, a tutela antecipada é a que precede todo o pedido
principal. O autor irá indicar na petição inicial, seu fundamento é a sua exposição básica do
direito que deseja assegurar e o perigo na demora da prestação da tutela jurisdicional. Depois
de efetivada a tutela, é que o pedido principal deverá ser formulado ou criado, nos mesmos
autos em que veiculado o pedido cautelar. São características: satisfaz imediatamente o direito
material; o requerente já usufrui imediatamente de parte do direito afirmado ou, pelo menos,
dos efeitos da procedência; coincidem o conteúdo da tutela e o conteúdo pretendido com a
sentença; exige também o requerimento.
Diante disso a tutela cautelar garante para satisfazer e a tutela antecipada satisfaz para
garantir, ou seja, uma depende da outra. O objeto da tutela cautelar é garantir o resultado final
do processo, mas essa garantia na da tutela cautelar é garantir o resultado fina, digamos que
permite a futura satisfação do direito. Já as características da tutela cautelar são: não satisfaz o
direito material, somente assegura a futura satisfação; o requerente não usufruirá,
imediatamente do seu direito afirmado, não há coincidência entre o postulado na cautelar e o
postulado ao final no processo principal; pode ser deferida de ofício.
A tutela de evidência, como espécie de tutela provisória, é diferente da tutela de
urgência, e recebeu um capítulo próprio no novo Código de Processo Civil. O art. 311, caput,
do CPC consagra expressamente o entendimento de que a tutela de evidência independe da
demonstração de perigo da demora da prestação da tutela jurisdicional, em diferenciação
importante e indiscutível com a tutela de urgência. Faz-se cabível em qualquer espécie de
processo ou de procedimento, inclusive nos Juizados Especiais.
Assim, a tutela de evidência é espécie de tutela antecipada, concedida sempre de
maneira incidental. Seu objetivo é de combater a injustiça que é suportada por aquela parte,
mesmo tendo comprovação de seu direito material, simplesmente assegura a futura satisfação.
Já a tutela de evidência é espécie antecipada, concedida sempre de maneira incidental. A
atuação do contraditório prévio à decisão jurisdicional é a regra, mas há exceção com a
hipótese da tutela provisória de urgência, que por sua única natureza não comporta prévia,
cientifica da parte adversa, sob pena de ineficácia do cuidado. A tutela de evidência no qual o
contrário perde seu poder de real influência, visto que o direito é tão claro que a manifestação
da parte contrária só demoraria a solução do resultado.
Tutela de evidência se aplica, nos termos do art. 311 e incisos do CPC/2015, quando
ficar caracterizado abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte;
as alegações de fato conseguirem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese
firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante; tratar-se de pedido
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reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que


será decretada a ordem de entrega do objeto seguro, sob cominação de multa; ou, a petição
inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do
autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida provável .
A tutela de evidência prima pela efetividade, porque nega a má-fé e a demora
processual, tendo aplicação prática, caso concedida, para reverter o efeito negativo de
eventual recurso de apelação, por exemplo. As tutelas de urgência e da evidência, nos termos
do Código de Processo Civil, são caracterizadas pela provisoriedade, no sentido de que não se
revestem de caráter definitivo, e, ao contrário, se destinam a durar por um espaço.

3 CONCLUSÃO

O Estado Democrático de Direito, sob a Constituição da República de 1988, tem o


processo civil como um dos mais relevantes instrumentos para concretizar direitos. Nesse
cenário, as tutelas provisórias certamente representam uma garantia constitucional da maior
importância, pois contribuem para resguardar outras garantias que podem ser ameaçadas pela
excessiva demora do processo.
O acesso à justiça depende não apenas da ação jurisdicional, mas da resposta
alcançada dentro de um prazo razoável, pois o decurso do tempo pode prejudicar o usufruto
do direito de forma irremediável. O processo civil deve ser eficiente para solucionar conflitos
através de um sistema que preste a efetiva tutela jurisdicional.
As tutelas provisórias de urgência e da evidência estão entre os mais importantes
institutos do processo civil, no que se refere a obtenção da prestação jurisdicional em tempo
razoável, garantindo direitos fundamentais e cumprindo papel imprescindível perante muitos
casos levados à justiça. Dessa forma, é esperado que as tutelas provisórias, da forma como
estão definidas no CPC/2015, possam surtir os efeitos almejados pelo legislador,
principalmente para atender às garantias constitucionais e preservar direitos da parte que é
prejudicada pela morosidade processual.
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REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm
Acesso em: 2 jun. 2021

NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 10ª ed. -
Salvador: Editora JusPODIVM, 2018.

THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. 59 ed. rev., atual. e
ampl. - Rio de Janeiro: Forense, 2018.

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