Você está na página 1de 5

Centro de Informações Estratégicas em

Vigilância em Saúde do Piauí

BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO CIEVS PI

Síndrome Respiratória Aguda Grave -SRAG

A Secretaria de Saúde do Estado do Piauí (SESAPI), por meio do Centro de


Informações Estratégicas em Saúde (CIEVS) vem através deste boletim informar sobre
os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Piauí de janeiro a abril de
2021, com o intuito de favorecer o conhecimento oportuno do perfil
sociodemográfico e epidemiológico dos casos de SRAG hospitalizados no Estado.

O sistema de informação oficial para notificação de casos e óbitos por SRAG é o SIVEP
GRIPE (https://sivepgripe.saude.gov.br/sivepgripe/). O Ministério da Saúde, no guia
de vigilância de influenza laboratorial, determina que em todos os casos de SRAG
deve ser realizado a coleta de nasofaringe e o enviada para o LACEN para realização
do teste de RT-PCR para influenza. As fichas são digitadas pelos núcleos hospitalares
de epidemiologia do Estado.

Perfil epidemiológico dos casos de SRAG hospitalizados no Piauí

No Estado do Piauí, nos quatro primeiros meses de 2021, foram notificados 7.724
casos de SRAG hospitalizados, representando aumento de 633% em relação ao
mesmo período de 2019 (1.220 casos). Desse total de casos, 13 foram confirmados
para Influenza (0,17%), 5.850 para COVID-19 (75,72%), 06 para outros vírus
respiratórios (0,08%), 05 para outros agentes etiológicos (0,06%), 678 casos foram
classificados como SRAG não especificada (8,78%) e 1.173 casos estavam sem
informações (15,19%). Ressalta-se que o preenchimento adequado de todos os
campos da ficha de SRAG são essenciais para um monitoramento efetivo dos casos no
Estado.

Como é possível observar no gráfico 01, os meses de março e abril representaram


66,6% (A) de todos os casos de SRAG por COVID-19 notificados em 2021 e, em todos
os meses, a principal causa de SRAG foi em decorrência da COVID-19 (B). Entretanto, é
importante ressaltar que na faixa etária de 0 a 20 anos foram notificados 336 casos de
SRAG e destes, apenas 83 (25%) foram em decorrência da COVID-19,l ogo, nesses
indivíduos é essencial a testagem para outros vírus respiratórios.

Gráfico
A)
01 - Distribuição dos casos de SRAG no Estado
B)
do Piauí de janeiro a abril de 2021.

3000 2 .7 6 9
O u tra s S R A G
N ú m e ro d e C a s o s

1 4 .3 2 % J a n /2 0 2 1 2 .3 2 4
C O V ID - 1 9
1 9 .0 6 % F e v /2 0 2 1 2000
3 7 .0 8 % M a r /2 0 2 1 1 .4 7 0
1 .1 5 9
2 9 .5 4 % A b r /2 0 2 1
1000

0
1

1
1
2

2
2
0

0
0
/2

/2

2
2

r/
r/
v
n

b
e
a

A
F
J

T o ta l = 5 8 5 0
M ês

Distribuição dos casos de SRAG por COVID-19 no Estado do Piauí por mês de notificação (A) e
casos de SRAG por classificação final (B).
Dos 7.724 casos de SRAG notificados no Estado do Piauí, 3.420 (44,3%) eram do sexo
feminino e 4.304 (55,7%) do sexo masculino. Como é possível observar no gráfico 02-
A), em todos os meses o número de indivíduos do sexo masculino com SRAG foi
superior ao feminino. Em janeiro, 63% dos casos de SRAG apresentavam alguma
comorbidade, em fevereiro 62% enquanto em março e abril esse percentual foi para
58% (Gráfico 02 – B).

Gráfico 02 – Casos de SRAG no Estado do Piauí distribuídos por mês, gênero e


presença ou ausência de comorbidades.

A) B)

2000 F e m in in o A u s ê n c ia d e C o m o rb id a d e
N ú m e r o d e In d iv íd u o s

M a s c u lin o 2000 P re s e n ç a d e C o m o rb id a d e

1500 N ú m e ro d e C a s o s
1500

1000
1000

500
500

0
0
1 1 1 1
2 2 2 2
1

21
0 0 0 0
02

02

/2 /2 r/
2
r/
2 02

20
n v
/2

/2

/2

a e a b

r/
ar
ev
n

J F M A

b
Ja

A
F

P e r ío d o P e r ío d o

Dentre os casos de SRAG de janeiro a abril de 2021 no Piauí, 37,2% possuíam doenças
cardiovasculares, 23,4% Diabetes Mellitus (DM), 2,8% Doença Renal (DR) e 4%
obesidade (Gráfico 03 - A). Em janeiro, a faixa etária acima de 71 anos representava
32% dos casos de SRAG e, em abril esse percentual caiu para 27%, o que pode ser um
resultado do início do processo de vacinação no Estado. A média de idade dos casos
de SRAG dos quatro primeiros meses de 2021 foi 58,2 anos e não foi observado
mudança da média de idade entre os meses.
Gráfico 03 – Distribuição dos Casos de SRAG por comorbidade (A) e faixa etária (B).
A) B)

C a r d io p a tia s
1500
DM 100
N ú m e ro d e C a s o s

> 90
DR
80 81 a 90
O b e s id a d e
P e rc e n tu a l

1000 71 a 80
60 61 a 70
41 a 60
500 40
21 a 40
0 a 20
20

0
0
1 1 1 1
2 2 2 2
1

0 0 0 0
/2 /2 2 2
2

r/ r/
0

n v a
/2

/2

a e b
r/

r/

J F M A
v
n

b
e
a

A
F
J

P e r ío d o
P e r ío d o

O tempo médio entre o início dos sintomas e a data de notificação da SRAG foi de
aproximadamente 11 dias (SD±4,8) em todos os meses, o que evidencia a
necessidade de monitoramento dos casos de COVID-19 nesse período (Gráfico 04 -A).
O tempo médio de dias de internação na UTI em janeiro foi 9,5 (SD± 8,8), fevereiro
8,9 (SD± 9,0), março 7,6 (SD±6,5) e abril 7,0 dias (SD±6,3) (Gráfico 04 – B).
Gráfico 04 – Tempo entre o Início dos Sintomas e a Notificação por SRAG (A) e
Tempo Médio de Internação na UTI por SRAG (B).

A) T e m p o E n t r e o In íc io d o s S in to m a s e a N o t ific a ç ã o B) T e m p o M é d io d e In t e r n a ç ã o n a U T I p o r S R A G
p o r S R A G n o P ia u í.

40 20

30 15
D ia s

D ia s
20 10

10
5

0
0
1

1
1
2

2
2

1
1
0

0
0

2
2
/2

/2

2
2

0
0
r/
r/
v
n

/2

/2

2
2
a

b
e
a

r/
r/
M

v
n
F
J

b
e
a

A
F
J
P e r ío d o P e r ío d o

O mês de março de 2021 possuiu o maior número de casos de SRAG assim como o
maior número de casos que necessitaram de internação em UTI. Nesse período
houve o colapso do sistema de Saúde no Estado e o pico da segunda onda de
COVID-19. No mês de abril, evidenciou-se uma diminuição no número de casos e
internação em UTI por SRAG, refletindo o impacto da ampliação das medidas de
isolamento social. Apesar disso, é importante ressaltar que o número de casos de
SRAG em abril (2.324) ainda é alarmante, uma vez que em julho de 2019,
considerado o pico da primeira onda de COVID-19 no Estado, o número de casos se
SRAG foi de 2.631. Por isso, nesse momento, é de extrema importância continuar
adotando as medidas de isolamento e distanciamento social ampliadas.

Tabela 01 – Informações sobre internação em UTI dos casos de SRAG no Piauí de


janeiro a abril de 2021.
Janeiro Fevereiro Março Abril
UTI – SIM 393 463 785 533
UTI – NÃO 633 842 1554 1468
SEM INFO UTI 134 164 431 322
Fonte: SIVEP-Gripe

Dos 7.724 casos de SRAG, 1.583 vieram a óbito entre janeiro e abril de 2021. A
letalidade mensal dos casos hospitalizados por SRAG é sempre menor em
comparação a letalidade dos casos de SRAG que necessitam de internação em UTI, o
que evidencia a importância de um monitoramento precoce e contínuo para se
evitar um desfecho desfavorável. No mês de março, por exemplo, a taxa de
letalidade nos pacientes internados por SRAG em UTI foi 2,2x maior em relação a
taxa de letalidade geral por SRAG (Gráfico 05-A).
Gráfico 05 – Taxa de Letalidade por SRAG no Piauí de janeiro a abril de 2021.

A) B)
C a r d io p a tia s
**
UTI DM
60
S R A G* 60 DR
51%
50 O b e s id a d e
44% 50
42%
38%
L e t a l id a d e

40

L e t a l id a d e
40

30 30
23%
19% 19%
20 17%
20

10 10

0 0
1 1 1 1 1 1 1 1
2 2 2 2 2 2 2 2
0 0 0 0 0 0 0 0
/2 /2 r/
2
r/
2
/2 /2 2 2
a
n e
v a b n v r/ r/
J F M A a e a b
J F M A

P e r ío d o P e r ío d o

* Taxa de Letalidade de SRAG – Número total de indivíduos notificados com SRAG no mês dividido
pelo número de indivíduos que foram a óbito no mesmo mês.
** Taxa de Letalidade de UTI – Número total de indivíduos notificados com SRAG que foram
internados na UTI no mês dividido pelo número de indivíduos internados por SRAG que foram
internados na UTI e foram a óbito no mês

Março foi o mês com o maior número de casos por SRAG e maior taxa de letalidade,
o que pode ter sido em decorrência do colapso do sistema de saúde nesse período.
Indivíduos hospitalizados por SRAG com DR e/ou obesidade e/ou DM apresentaram
uma taxa de letalidade superior em ralação à taxa de letalidade geral por SRAG
(Gráfico 05-B). Além disso, nos meses de março e abril houve um crescimento
significativo da letalidade nos indivíduos com DR e obesidade. Apesar das
cardiopatias ser o grupo de comorbidade mais prevalente nos indivíduos com SRAG,
não houve diferença significativa da taxa de letalidade desses indivíduos. Isso,
porém, pode ter diferença se as cardiopatias fossem classificada em subgrupos,
entretanto, na ficha de SRAG não temos essa opção.
Centro de Informações Estratégicas em
Vigilância em Saúde do Piauí

BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO CIEVS PI

EQUIPE TÉCNICA EPIDEMIOLOGIA/CIEVS PI/SESAPI

COORDENAÇÃO DE EPIDEMIOLOGIA/CIEVS PI/SESAPI


Maria Amélia de Oliveira Costa

COMISSÃO DE COLETA E ORGANIZAÇÃO DOS DADOS EPIDEMIOLOGIA/CIEVS PI/SESAPI


Cíntia Ramos da Cunha
Fabiano de Melo Miranda
Maria Helena Lima Miranda
Mônica da Silva Pinto Cronemberger
Nelma Pinho da Cunha Muniz
Rosymar Piauilino Costa

COMISSÃO DE ANÁLISE DE DADOS EPIDEMIOLOGIA/CIEVS PI/SESAPI


Djanane Lopes dos Santos
Ester Miranda Pereira
Malena Gonçalves Almeida
Ocimar de Oliveira Alves Barbosa

SUPORTE TÉCNICO EPIDEMIOLOGIA/CIEVS PI/SESAPI


Cleudinar Gomes da Silva
Espedito Fabiano Barbosa e Silva
José Gabriel Gomes Oliveira
Maria Márcia Pereira de Araújo
Teodoro Cardeal dos Santos Júnior

APOIO TÉCNICO EPIDEMIOLOGIA/CIEVS PI/SESAPI


Raimunda Lima Freire

AUXÍLIO ADMINISTRATIVO EPIDEMIOLOGIA/CIEVS PI/SESAPI


Herbert Lucas Silva dos Santos
Luara Brenda do Nascimento Tiburcio

APOIOS

MINISTÉRIO DA SAÚDE/FIOCRUZ
Adriano Arnóbio José da Silva e Silva - Apoiador Ministério da Saúde/Fiocruz - VIGIAR-SUS.
Brunna Verna Castro Gondinho - Apoiadora Ministério da Saúde/Fiocruz - CIEVS PI.
Lígia Fernanda Vieira Borges - Apoiadora Ministério da Saúde/ Fiocruz - RENAVEH.

DUDOH/SUGMAC/SESAPI
Elaine de Macedo Marques
Joao Victor da Silva Barboza
Rita Noélia da Costa e Sousa

UFPI
Emídio Marques de Matos Neto – NESP/UFPI

Você também pode gostar