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Aula Hepatites Virais (vídeo aula)

● Caso clínico
→ No exame físico, do caso abaixo, detectou-se placas brancas, sem padrão
reticular localizadas em mucosa jugal bilateralmente.
→ Diante do caso clínico a principal hipótese de diagnóstico foi de líquen plano
oral, que é uma doença subcutânea, com essa apresentação clínica.
→ Para confirmação do diagnóstico é necessária a realização de biópsia incisional,
assim diante do caso clínico, solicitou-se um novo plaquetograma, esse exame
pode sofrer alterações com frequência, ele é realizada no máximo 24 horas antes
do procedimento.
→ O limite da contagem de plaquetas recomendado para a execução de
procedimentos cirúrgicos ambulatoriais é de 50.000 células. Desta forma,
realiza-se a biópsia e confirma-se o diagnóstico clínio (líquen plano oral).

● Conceito: inflamação do fígado


● Causas:
→ Infecções: causada por bactérias, fungos, vírus ou protozoários
→ Toxicidade: álcool (cosumo crônico de bebidas alcoólicas), medicamentos (uso
crônico), agentes químicos
→ Doenças autoimunes
→ Doenças metabólicas
● Sinais: icterícia (pigmentação amarelada das mucosas e da pele, que ocorre por
conta do aumento da bilirrubina no sangue), colúria (pigementação escura da urina,
ocorre em virtude ao aumento da eliminação da bilirrubina pela urina) e acolica
fecal (fezes claras, devido a ausência de bilirrubina nas fezes).
● Sintomas: dor ou desconforto abdominal; dor muscular; fadiga; náusea e vômitos;
perda de apetite; febre; prurido em pele.
● Manifestações/Complicações das hepatites
→ Outras manifestações mais avançadas das hepatites incluem a esteatose, que é o
acúmulo de gordura no fígado, e possui diversas causas incluindo a hepatite C.
A esteatose pode evoluir para a
cirrose, que é uma doença crônica
do fígado, que se caracteriza por
fibrose e formação de nódulos, essa
fibrose bloqueia a circulação
sanguínea, e uma das complicações
da cirrose, é o desevolvimento de
carcinoma hepatocelular.

→ Outras manifestações mais


avançadas que são secundárias a
cirrose incluem a ascite e as varizes
esofágicas.
♦ Ascite: termo utilizado
para o acúmulo anormal de líquidos dentro da cavidade abdominal, essa
condição está associada a algumas doenças como a cirrose hepática. A ascite
ocorre por redução da pressão oncótica e o aumento da pressão hidrostática.
♦ Varizes esofágicas: se formam em consequência da hipertensão portal, uma
complicação progressiva da cirrose. A importância dessas varizes esofágicas
é que a ruptura e o sangramento dessas varizes são complicações graves, que
se não tratadas adequadamente podem resultar em alta taxa de mortalidade.

● Fígado

→ Órgão muito importante no organismo, em virtude de suas diversas funções.


Essas funções podem ser subdivididas em funções vasculares para
armazenamento e filtração do sangue, funções metabólicas relacionadas à
maioria dos sistemas do organismo, e funções secretoras e excretoras,
responsáveis pela formação da bile.
→ Existem diversos exames laboratoriais para avaliar alterações nas funções do
fígado como:
● Exames para avaliar lesões hepatócitos: alanina transaminase (ALT);
aspartato transaminase (AST); desidrogenase láctica e 5-nucleotidase.
● Testes para avaliar alterações da síntese do fígado: albumina; Fatores de
coagulação; Tempo de protrombina; International Normalized Ratio –
INR.
● Exames para avaliar alterações no fluxo biliar e lesões nas vias biliares:
bilirrubina; Gama-glutamil
transpeptidase; Fosfatase alcalina.
● Exames para avaliar
complicações e estágios da cirrose:
classificação de Child-Pugh;
Alfa-fetoproteína; Plaquetas; e
MELD/PELD.
● Embora outros vírus possam
causar inflamação do fígado. Quando
se utiliza o termo hepatites virais se
refere a doenças provocadas pelos
vírus hepatotrópicos, que são agentes
com tropismo primário pelo tecido
hepático. Essas infecções apresentam
características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais semelhantes, mas com
algumas particularidades. Então as hepatites virais correspondem às infecções
causadas pelos vírus da hepatite A (HAV) ou B (HBV) ou C (HCV) ou D (HDV) ou
E (HEV).

● Espectro clínico das hepatites virais


→ As hepatites virais apresentam um amplo espectro clínico, que varia desde
formas assintomáticas até formas sintomáticas. Tanto as hepatites virais agudas
quanto as crônicas são em sua maioria assintomáticas.
→ As hepatites agudas sintomáticas podem ser subfulminate ou fulminante (são
formas graves), e podem causar diversos sinais e sintomas.
→ A hepatite crônica sintomática ocorre nas fases mais adiantadas da lesão
hepática e são dependentes do tipo de vírus.
→ A tabela abaixo descreve o período de incubação dos diferentes vírus que
causam as hepatites. Observa-se que cada um deles apresentam características
diferenciadas, incluindo diferentes períodos de incubação e também patogênese.
Nota-se que a hepatite A e a hepatite E, que apresentam formas semelhantes de
transmissão, não apresentam forma crônica, apenas a forma aguda. A hepatite B
apresenta um percentual de cronificação dependente da idade, enquanto que a
hepatite C tem um percentual alto de cronificação comparado com as outras
formas de hepatite viral. A hepatite D, que é dependente da infecção pelo HBV,
tem uma apresentação variada da cronificação, no qual 10% são nos casos de
coinfecção (quando ocorre junto com a hepatite B) e 70% a 80% são em casos
de superinfecção (indivíduo já têm a hepatite B e secundariamente se infectam
com o vírus da hepatite D).
→ Nessa outra tabela apresentada abaixo, observa-se a janela diagnóstica para os
testes disponíveis no Brasil, para o estabelecimento do diagnóstico das hepatites
virais. Para todos os agentes etiológicos é possível a detecção de anticorpos,
sendo que para a hepatite A, essa detecção é mais precoce. Já os antígenos
somente são detectados nas hepatites B e C, assim como a detecção do material
genético (ácidos nucleicos). OBS: janela diagnóstica é diferente de tempo de
incubação, no qual tempo de incubação é o tempo entre a exposição e o
surgimento dos primeiros sinais e sintomas, e janela diagnóstica é o tempo de
exposição até a detecção de anticorpos.

● Epidemiologia das hepatites virais


→ A hepatite viral é um problema de saúde pública no mundo. No qual 325
milhões de pessoas estão vivendo com hepatite, mas 80% não tem acesso a
exames e ao tratamento.
→ O gráfico abaixo mostra a mortalidade anual global para quatro doenças
infecciosas, que são problemas de saúde pública no mundo. Sendo elas: hepatite
viral, tuberculose, HIV e malária. Observa-se que a taxa de mortalidade por
hepatite viral está crescendo ao longo do tempo, diferente das outras doenças,
que também possuem alta mortalidade.
→ Na figura abaixo, observa-se as mortes de hepatites virias de acordo com o tipo
de vírus no mundo. Observa-se a grande parte dos casos de morte por hepatite
viral foram causadas pelo vírus da hepatite B e da hepatite C, isso é resultante do
grande percentual de cronificação dessas infecções, ou seja, são duas infecções
que evoluem em grande percentual a doença crônica, e assim, os pacientes
desenvolvem cirrose e secundariamente em carcinoma hepatocelular, que são as
principais causas de morte nessa população.
→ A figura abaixo mostra a taxa de incidência/detecção das hepatites virais,
segundo o agente etiológico e o ano de notificação. Observa-se que o tipo de
hepatite mais frequente no Brasil é a hepatite C, seguida da hepatite B e hepatite
A.

→ Essa outra figura mostra a proporção de casos de hepatites virais notificados


segundo as regiões do país.
→ Dados referentes a óbitos por hepatites virais segundo o agente etiológioc.
Observa-se que o grande número de óbitos corresponde à hepatite C, resultante
do grande percentual de cronificação desta infecção.

● Hepatite A (HAV)
→ Transmissão: fecal-oral por meio do contato entre indivíduos, contato com água
ou alimentos contaminados pelo vírus.
→ Epidemiologia: forma mais comum de hepatite viral no mundo; ocorre com
maior frequência em áreas com falhas no saneamento básico.
→ Prevenção: cuidados de higiene e alimentação, como por exemplo, a lavagem
dos alimentos com água limpa e o cozimento apropriado; há vacina (faz parte do
calendário vacinal: 1 dose para crianças de 15 meses até 4 anos); doenças de
evolução benigna; a infecção confere imunidade (IgG) ao HAV, mas não aos
outros vírus.
→ Alerta para homossexuais com orientação específicas em relação a transmissão
do vírus da hepatite A.
→ O vírus da hepatite A é
um RNA vírus, não é envelopado
e apresenta um capsídeo que
envolve o genoma viral, esse
capsídeo é composto proteínas
estruturais e é onde se encontra o
antíngeno HAV, que será
utilizado no estabelecimento do
diagnóstico.

→ A figura abaixo ilustra


resumidamente o curso natural da
infecção pelo vírus da hepatite A (HAV). Uma das linhas representa os níveis da
alanina transaminase (ALT), que é uma das enzimas hepáticas que ficam
aumentadas no decorrer da infecção pelo vírus da hepatite A. Outra linha
representa anticorpos da classe IgM e uma outra representa anticorpos da classe
IgG.
♦ O tempo de incubação é de 15 a 45 dias.
♦ Embora a doença seja em sua maioria assintomática, quando existem
sintomas eles são mais frequentes em adultos acima de 50 anos,
caracterizando por dor abdominal, náuseas, vômitos, mal estar e icterícia,
que ocorrem numa faixa de 70 a
80% dos adultos.
♦ As respostas imunes,
humorais e celulares costumam
manifestar-se pouco tempo
depois da elevação das
transaminases, no qual a
produção de anticorpo ocorre
pouco antes do pico das
transaminases. A imuglobulina
da classe IgM pode ser detectada
antes ou simultaneamente ao
surgimento dos sintomas
clínicos, reduzindo em cerca de 3
a 6 meses após o pico,
tornando-se indetectáveis pelos
testes de diagnóstico. Por sua vez
a imunoglobulina da classe IgG surge logo após a produção das classe IgM,
e so anticorpos IgG podem persistir indefinidamente, e estes anticorpos são
os que conferem imunidade e proteção aos indivíduos em uma próxima
exposição ao vírus da hepatite A.
♦ Não há forma crônica.
→ A tabela abaixo mostra os marcadores da hepatite A e a interpretação dos
resultados sorológicos. Têm-se o anti-HAV total, que representa anticorpos da
classe IgM e IgG juntos e têm-se anti-HAV da classe IgM.
♦ O RNA do HAV pode ser detectado nas fezes ou sangue quando há viremia
(grande carga viral).
♦ Embora se utilize com mais frequência o soro para a detecção dos anticorpos
os anticorpos da classe IgG podem ser detectados no fluido oral, soro, urina
e fezes.

● Hepatite B
→ Transmissão: ocorre por meio de relações sexuais (sem proteção) com uma
pessoa infectada; da mãe infectada para o filho durante a gestação, parto ou
amamentação; ao compartilhar material para uso de drogas, de higiene pessoal
ou de confecção de tatuagem e colocação de piercings; por transfusão de sangue
contaminado, embora incomum na atualidade.
→ Epidemiologia: é bem prevalente no sudeste asiático, na áfrica central e na
região amazônica; de acordo com a OMS – 257 milhões de portadores crônicos
de infecção pelo HBV.
→ Prevenção: evitar as situações de risco; há vacina 3 doses (faz parte do
calendário vacinal), para crianças acima de 7 anos e adultos.
→ Evolução: 90-95% evoluem com resolução espontânea após a fase aguda,
entretanto a hepatite crônica é de alta morbidade.
→ O vírus da hepatite B
é o único, que causa hepatite,
constituído por DNA em seu
material genético. Esse DNA é revestido por duas camadas, uma externa
denominada de envelope e possui um antígeno de superfície que é o HBsAG
(utilizado para o diagnóstico da doença), e uma camada interna denominada de
capsídeo e é constituído pelo HBcAG (também utilizado para o diagnóstico da
doença). Além disso, o vírus da hepatite B tem uma ainda uma outra proteína
que é utilizada também no diagnóstico que é o HBeAG.

→ História natural da hepatite B: a partir da infecção pelo HBV a doença pode se


apresentar de forma aguda ou de forma crônica.
♦ A maioria dos casos de hepatite aguda tem evolução benigna e são
identificados pelos aumentos dos níveis séricos das transaminases. Nesse
momento o paciente pode apresentar sintomas de infecção viral inespecífica,
acompanhados de leves alterações gastrointestinais. Após a fase inicial pode
ocorrer à forma equiterica da doença em que os pacientes apresentam
icterícia seguida de uma fase de convalescência com melhora progressiva do
quadro clínico do indivíduo, e isso, ocorre em um percentual alto dos
pacientes em torno de 90-95%, já um percentual de 0,2% evoluem com
hepatite aguda fulminante.

♦ Entre 5 a 10% dos casos de hepatite aguda em adultos há a evolução para


hepatite crônica. A hepatite crônica é definida quando há persistência do
antígeno por mais de 6 meses, mas caso essa infecção ocorra por transmissão
vertical o risco de cronificação é bem elevado, cerca de 90% nos casos de
recém nascidos. A partir da hepatite crônica os pacientes ao longo do tempo
evoluem para cirrose hepática, esses pacientes com cirrose podem evoluir
para um quadro de descompensação da alteração hepática ou podem evoluir
com o desenvolvimento do carcinoma hepatocelular. Nas duas situações os
pacientes podem evoluir para óbito ou serem, caso eles não venham óbito
antes, candidatos a transplante de fígado. Uma particularidade dessa infecção
é que os paciente podem evoluir da hepatite crônica direto para o carcinoma
hepatocelular, independente da ocorrência de cirrose, fato que é considerado
pré-requisito no caso da hepatite C, por exemplo.
→ Marcadores da Hepatite B
♦ O gráfico ilustra a expressão dos marcadores sorológicos e moleculares da
infecção pelo vírus da hepatite B, ao longo do tempo de evolução da doença.
Além do DNA viral, representado pela linha rosa, e alanina transaminase
(ALT), representada pela linha cinza, existem diversos outros marcadores
que podem ser utilizados para o diagnóstico da infecção pelo HBV. No curso
dessa infecção, a maioria dos indivíduos circulam dois antígenos o HBsAG e
o HBeAG. O HBcAG que é aquele antígeno da superfície do núcleo
capsídeo não circula, por isso ele não é um marcador da infecção. Estes
antígenos o HBeAG, o HBsAg e o HBcAG estimulam a resposta imune
humoral na pessoa infectada, resultando na circulação de três anticorpos: o
anti-HBc da classe IgMm, o anti-HBC da classe IgG e o anti-HBs, estes são
marcadores sorológicos da infecção pelo HBV. O DNA viral é detectado
durante a replicação viral, sendo um importante marcador molecular da
infecção.
♦ O quadro abaixo descreve resumidamente a função dos marcadores
sorológicos e moleculares na infecção pelo vírus da hepatite B. São
marcadores detectados no soro. Depois do DNA viral o HBsAG é o primeiro
marcador sorológico a ser detectado, sendo detectado mesmo antes da
elevação das enzimas hepáticas (transaminases) ou do surgimento das
manifestações clínicas da doença.
→ Tratamento: baseia-se nos resultados dos exames sorológicos, presença ou
ausência de cirrose hepática, na agressão hepatocelular e na replicação viral.
Pode ser realizado com a utilização do interferon-alfa peguilhado (substância
moduladora da resposta imune), associado ou não ao uso de antivirais como
tenofovir, entecavir ou lamivudina. Embora a hepatite B seja uma doença
considerada até o momento sem cura, de acordo com a sociedade brasileira de
hepatologia é possível utilizar-se os três termos seguintes:
♦ Cura clínica: baseada na normalização de transaminases e no controle da
replicação viral. Reduz o risco de progressão da doença hepática e o risco de
carcinoma hepatocelular.
♦ Cura funcional: perda do HBsAG, porém com persistência do cccDNA
(estrutura do genoma viral) associado aos critérios da cura clínica.
♦ Cura virológica: erradicação do cccDNA com base nos critérios da cura
funcional e da cura clínica.
● Hepatite C
→ Transmissão: ocorre primeiramente por meio do sangue contaminado incluindo
transfusão de sangue e derivados contaminados (atualmente em virtude do
controle eficiente no processo de transfusão de sangue, é mais incomum), assim
como por meio de materiais utilizados para procedimentos odontológicos,
acupuntura, etc; compartilhamento de seringa para uso de dorgas injetáveis,
higiene pessoal, para confecção de tatuagem, e colocação de piercings; da mãe
infectada para o filho durante a gravidez (mais rara); e sexo sem camisinha com
uma pessoa infectada (mais rara).
→ Epidemiologia: OMS – 3% (185 milhões de pessoas) da população mundial
infectada; Brasil – 3-5 milhões de indivíduos infectados.
→ Prevenção: evitar as situações de risco; não há vacina.
→ Evolução: 80% evoluem para forma crônica – destes 80% em torno de 20%
cirrose e 1-5% carcinoma hepatocelular.
→ Vírus da hepatite C: é um RNA
vírus, que apresenta duas camadas uma
externa que é um envelope lipoprotéico e
uma interna que é o capsídeo, que envolve
o material genético.
→ O mapa abaixo mostra a
distribuição da doença no mundo de
acordo com os genótipos do vírus da
hepatite C. Existem seis genótipos e diversos subtipos. Por conta disso o
tratamento é muito complexo, já que é dependente do genótipo do vírus.
Observa-se que no Brasil o genótipo que prevalece é o genótipo 1, e na
sequência o genótipo 3.
→ História natural (sem tratamento) da hepatite C: a partir da infecção pelo HCV
os pacientes desenvolvem hepatite aguda de forma geral. A hepatite C aguda
apresenta evolução subclínica, com cerca de 80% dos casos assintomáticos e
anictéricos, o que dificulta o diagnóstico, pois os pacientes estão infectados, e
assim podem tanto transmitir a doença quanto podem evoluir para a forma
crônica. Aproximadamente 20% dos casos apresentam a forma ictérica e podem
ou não ter sintomas que costumam ser inespecíficos como mal estar, dor
abdominal, anorexia, entre outros. Destes pacientes 20% evoluem para cura e
80% ao longo de anos e décadas evoluem para hepatite crônica, destes pacientes
que desenvolvem a forma crônica da doença, 80% evolui para doença estáveis
com níveis normais das transaminases ou com alterações das funções hepáticas
ou alterações leves da função hepática, enquanto que 20% evoluem para cirrose
hepática, destes um percentual de 1-4% ao ano evoluem para carcinoma
hepatocelular.
→ Marcadores de hepatite C: o diagnóstico ocorre por meio da detecção de
anticorpos contra o vírus. Mas é possível também estabelecer o diagnóstico por
meio da detecção do material genético viral.

→ Tratamento:
♦ Objetivo: obter resposta virológica sustentada, que consiste na (RVS)=
indicada pela indetectabilidade do HCV-RNA; evitar a progressão da
infecção e suas consequências, como a cirrose hepática e o carcino; aumentar
a qualidade e a expectativa de vida do paciente; diminuir a incidência de
novos casos e reduzir a transmissão da infecção pelo HCV; baseia-se no
genótipo de vírus, duração de 12 a 24 semanas; há cura em mais de 90%,
que aderem e respondem ao tratamento.
♦ Drogas: todos os medicamentos atuam diretamente no vírus interrompendo a
sua replicação. O tratamento pode ser feito com interferon-alfa peguilhado;
assim como os antivirais disponíveis no brasil como daclastavir, simeprevir,
sofosbuvir, podem ser utilizados também em associação de ombitasvir +
dasabuvir + ritonavir, associação de ledipasvir + sofosbuvir, e associação de
elbasvir + grazoprevir.
♦ Quando o paciente conclui o tratamento e é considerado curado, o mesmo
após a soroconversão espontânea, ele não está imune, ou seja, o paciente
pode desenvolver novamente a doença se houver nova exposição.
● Hepatite D (HDV)
→ Transmissão: dependente da infecção pelo HBV, pois não consegue se
reproduzir sozinho; vias de transmissão e fatores de risco semelhantes ao HBV;
pode ser transmitido com o HBV (coinfecção) ou infectar portadores crônicos do
HVB (superinfecção).
→ Epidemiologia: a infecção é endêmica onde há infecção pelo HBV.
→ Prevenção: vacina e tratamento para a hepatite B.
→ Vírus da hepatite D: é um RNA
vírus, e este material genético é
protegido pelo envelope (camada
externa), que é constituída pelo
antígeno HBsAg. Esse vírus ainda
apresenta um outro antígeno que é o
HDVAg, que fica no interior do
envelope.

→ História natural da hepatite D:


♦ Coinfecção: ocorre quando o indivíduo sádio se infecta pelos dois vírus,
HBV e HDV, nesta situação os pacientes podem evoluir para hepatite
crônica, podendo assim desenvolver cirrose (raro); podem evoluir também
para a recuperação e também para a hepatite fulminante, resultando em
morte.
♦ Superinfecção: o indivíduo que já tem o vírus da hepatite B se infecta pelo
vírus HDV, com isso a evolução para a hepatite crônica, e secundariamente
cirrose é mais frequente, pois este indivíduo já tem um fígado alterado pela
infecção prévia do vírus da hepatite B. Mas também podem evoluir para
doença aguda grave ou doença fulminante, resultando em morte.
→ Marcadores e diagnóstico de hepatites D: o HDV é capaz de estimular uma
resposta humoral por meio da produção de anticorpos da classe IgM e IgG e com
isso é possível a realização de um exame sorológico por meio da detecção de
anticorpos anti-HDV (IgM e IgG); pesquisa do HDVAg; detecção do genoma
viral circulante (HDV-RNA) por PCR; e a hepatite D deve ser investigada em
indivíduos HBsAG+ e que residam ou tenham estado em áreas endêmicas para
hepatie B.
● Hepatite E
→ Transmissão: é semelhante ao HAV.
→ Epidemiologia: frequente em países da Ásia, África e Índia; no Brasil – região
Norte.
→ Prevenção: evitar situações de risco; há vacina, uso restrito à China, que é um
país onde a doença é bem prevalente.
→ Vírus da hepatite E: é um RNA
vírus, em que este material genético é
envolto por um capsídeo, que é constituído
em sua superfície pelo antígeno HEVAg.

→ Marcadores e diagnóstico da
hepatite E: a figura abaixo mostra a
dinâmica dos principais marcadores
utilizados no diagnóstico da infecção pelo
vírus da hepatite E. Que é uma infecção que só tem forma aguda e a maioria dos
casos tem evolução silenciosa e se resolve rapidamente. A linha vermelha
representa os níveis das transaminases, a linha amarela os níveis dos anticorpos
anti-HEV da classe IgM, a linha azul representa os níveis dos anti-HEV da
classe IgG, a barra laranja representa a viremia nas fezes e a barra verde
representa a ocorrência dos sintomas. O teste para pesquisa de anti-HEV da
classe IgM pode ser utilizada para o diagnóstico da infecção recente pelo HEV,
observa-se que a maior titulação se dá entre a quinta e sexta semana a partir da
exposição, e logo depois essa titulação cai. Anti-HEV da classe IgG são
encontrados desde o início da infecção, com o pico entre 30 e 40 dias após a fase
aguda, onde há grande elevação dos títulos (marcadores), mas esse corpo pode
permanecer por até 14 anos após a exposição ao vírus. O vírus também pode ser
detectado nas fezes, e isso pode ocorrer aproximadamente 1 semana antes do
surgimento dos sintomas e podem persistir por mais de 2 semanas. No soro o
RNA viral pode ser detectado na maioria dos pacientes, duas semanas após o
início da doença, em alguns casos essa reatividade pode se prolongar por 14 a 16
semanas.

● Prevenção das hepatites virais​: vacina para


hepatite A e B; uso de preservativos nas relações
sexuais; não compartilhar seringas, agulhas ou
objetos perfurocortantes; não compartilhar objetos
pessoais de higiene pessoal, como por exemplo,
escova de dentes, lâminas de barbear e materiais de
manicure; consumir somente égua potável; e
higienizar alimentos.
● Interface das hepatites virais com a
odontologia
→ Em 2010 o ministério da saúde publicou um
manual chamado de ABCDE das hepatites virais para cirurgiões dentistas, neste
manual a orientações para o atendimento odontológico de pacientes com
hepatites virais e também pacientes transplantados de fígado, com orientações
específicas na fase pré-transplante e pós-transplante. Algumas dessa orientações
são as seguintes:
♦ Interação com a equipe multidisciplinar de cuidado ao paciente, pois é
necessário um detalhamento médico detalhado e completo.
♦ Durante quadros de hepatite aguda, apenas urgências odontológicas devem
ser realizadas, os procedimentos eletivos devem ser adiados aguardando o
momento oportuno para serem realizados.
♦ Sempre, sejam em hepatite agudas e crônicas, solicitar hemograma, exames
bioquímicos (testes de função hepática) e coagulograma (plaquetas, tempo
de protrombina, tempo de tromboplastina parcial ativada e INR).
♦ Risco de sangramento trans e pós-operatório.
♦ Avaliar a necessidade de ajustes de doses de medicamentos necessários
durante o tratamento odontológico. Como grande parte dos medicamentos
são metabolizados pelo fígado, em muitos casos haverá a necessidade de
ajustes de dose que podem ser, por exemplo, em um caso em que esteja
indicada a prescrição de um antibiótico a cada 8 horas, em contato com a
equipe médica, pode ser que equipe recomende que este medicamento seja
prescrito a cada 12 horas.
● Considerações finais
→ As hepatites virais são doenças com impacto negativo na saúde pública mundial,
em especial as formas de hepatite que tem alto percentual de cronificação como
HBV e HCV.
→ Uma das estratégias para reduzir este impacto foi a introdução dos testes rápidos
para triagem das hepatites virais (hepatites B e C).
→ Vacina para hepatite B (e hepatite D) é oferecida em 3 doses gratuitamente pelo
MS/Brasil – faz parte do calendário vacinal e foi ampliada para adultos até 49
anos.
→ O cirurgião dentista precisa estar atento às questões de transmissão, assim como
cuidados com o manejo odontológico, especialmente, risco de sangramento e
cautela na prescrição de medicamentos que sejam metabolizado pelo fígado.

Site sociedade Brasileira de Hepatologia

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