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ABORDAGEM FONOAUDIOLÓGICA NA • Prontidão para o estímulo: movimentos de

DISFAGIA NEONATAL – AVALIAÇÃO E procura, movimentos de sucção, levar as mãos


TRATAMENTO à linha;
• média, levar as mãos à face, preensão palmar e
O período neonatal compreende período de 0 a
protrusão de língua;
28 dias. O número de mortes é 30x maior que no • Postura corporal/padrão motor: estável com
período pós-natal, e as causa incluem asfixia, apoio, estável sem apoio, flexão,
infecções graves e partos prematuros (esse último é a instável/tremores/desorganização ou hipotonia
maior causa). fisiológica;
A coordenação SDR em RN (principalmente • Sucção: não apresenta sucção, apresenta
prematuros) pode não ocorrer de forma correta devido grupos de sucções, sucção esporádica,
regulares, irregulares, pausas muito longas; há
a imaturidade neural; esse desequilíbrio pode levar a
pausa adequada; é preciso ajudar a dar pausas
apneia da prematuridade, bradicardia (batimentos para o neonato se organizar ou coordenação da
lentos), aspiração, hipoxia, e alteração dos reflexos sucção/deglutição/respiração;
laríngeos com risco de aspiração. • Grau de força de sucção: fraca, média/fraca,
média, forte/média ou forte;
A importância da coordenação SD e RD em • Variação na força de sucção: sim ou não
RNs prematuros • Variação no ritmo de sucção: sim ou não
• Movimentação de mandíbula: excursão
A alimentação segura em RNPTs depende da
exagerada, tremores, movimento organizado
coordenação SDN, para que seja efetiva e haja ou travamentos;
ganho de peso (eficiência nutricional), sem a • Movimentação de língua: retração, protrusão
ocorrência e aspirações. A imaturidade das exagerada, canolamento, língua alargada,
estruturas/funções orais é a maior causa de maior suckling
tempo de internação de RNTPs. Podem apresentar • organizado ou incoordenação do movimento.
inibição do reflexo respiratório (ausência do reflexo • Sinais de estresse: mudança de coloração
(cianótico, avermelhado), taquicardia,
de apneia, causando sucção contínua sem bradicardia, oscilação da saturação de
interrupções para respirar), que pode levar a quadros oxigênio, desconforto respiratório, cansaço,
de hipoxemia (insuficiência de O2 no sangue) e náuseas, vômito/refluxo ou tosse/engasgo;
acidose respiratória. • Estado comportamental do neonato após o
estímulo: sono profundo, sono leve, sonolento,
Avaliação Fonoaudiológica na Disfagia • alerta, agitado/irritado ou choro;
• Outros sinais de desconforto: soluços, caretas,
Neonatal
espirros, sobressaltos ou movimentos
Movimentos que o neonato deve apresentar na corporais de aversão/recusa.
sucção: vedamento labial, compressão labial com Para que o RN seja considerado estável,
formação de leves sulcos nas comisuras labiais, deve ter FC = 120 a 160 bpm, FR = 60 rpm, e
movimentos antero-posteriores de língua e mandíbula. SatO2 > 90%; esses parâmetros devem ser avaliados
Disfagia na fase oral se dá pela sucção débil; durante toda a avaliação/terapia.
disfunções laríngeas se manifestam através de tosse, Níveis de proficiência para alimentação via
oral de RNs:
engasgos, vômitos, regurgitação, RGE, baixo peso
• Nível 1: proficiência < 30% e taxa de
ponderal e aspiração. transferência < 1,5 mL/min, que indica
Fatores de Risco em RNs → Os mesmo baixa habilidade oral e baixa resistência
descritos no resumo sobre DGT em neonatos. para alimentação (alta fadiga);
Avaliação → O fono deve posicionar o bebê • Nível 2: proficiência < 30% e taxa de
em seu colo e observar os seguintes aspectos transferência > 1,5 mL/min, que demonstra
(somados aos descritos no resumo sobre DGT em baixa habilidade oral e alta resistência para
a alimentação (baixa fadiga);
neonatos):
• Nível 3: proficiência > 30% e taxa de
• Estado comportamental inicial do neonato: transferência < 1,5 mL, que expressa alta
sono profundo, sono leve, sonolento, alerta, habilidade oral e baixa resistência para
agitado/irritado ou choro; alimentação;
• Nível 4: proficiência > 30% e taxa de
transferência > 1,5 mL/min, que mostra alta
habilidade oral e alta resistência para
alimentação (baixa fadiga).

Recursos para tratamento fonoaudiológico


de RNs descritos na literatura:
• A indução dos automatismos orais ausentes ou
incompletos/inconsistentes por técnicas
específicas, como tapping, massagens,
estímulos gustativos, de acordo com o reflexo
que deseja ser eliciado, pois melhora os
reflexos;
• Estimulação tátil e gustativa na região peri e
intraoral com dedo enluvado;
• Estímulo da sucção não nutritiva durante a
alimentação por sonda;
• Sucção no seio materno com esgotamento de
leite prévio para garantir o prazer e o contato
mãe e bebê;
• Estratégias de manuseio global adequando
postura e organização corporal, bem como
estabilidade postural;
• Adequação de postura a alimentação,
buscando alinhamento de tronco e cabeça com
recém-nascido em posição semi-elevada com
simetria corporal. Convém evitar a
hiperextensão corporal e da cabeça;
• Adequação de bicos com formatos diversos e
tamanho e luz do furo de acordo com cada
caso. A adaptação destes utensílios, conforme
a necessidade do recém-nascido, leva a uma
alimentação mais eficaz e segura;
• A variação quanto ao volume a ser oferecido e
o intervalo entre as mamadasAdequação do
ritmo e pausas necessárias a uma coordenação
sucção-deglutição-respiração eficientes;
• Indicação de bicos com redução de fluxo de
leite ou, ainda, o espessamento da dieta para
reduzir o escape posterior prematuro em
recém-nascidos com risco de aspiração
traqueal;
• Trabalho em equipe (nutrição, médicos,
enfermeiros, técnicos de enfermagem e
psicólogos, entre outros), para proporcionar o
melhor ao recém-nascido e à sua família;
• Participação efetiva da família no processo
terapêutico, buscando uma interação mãe-
bebê, bebê-pais, a fim de prepará-los para a
alta hospitalar;
• Seguimento do recém-nascido pré-termo e de
risco para acompanhamento de possíveis
sequelas e prevenção de complicações pela
disfagia em programas de follow-up.

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