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GUIA DE PRINCÍPIOS

BÁSICOS SOBRE DISFAGIA


Dicas das principais manobras e exercícios - Adulto e Idoso

Produzido por Annelise Ayres


Revisado e Ilustrado por Erica Sitta
O conteúdo deste manual é destinado a
fonoaudiólogos. O mesmo não deve ser usado
de forma isolada e não deve substituir a decisão
clínica individualizada a cada paciente.
INTRODUÇÃO

O ato de engolir e se alimentar possui inúmeras importâncias para nossa saúde, bem-estar e
qualidade de vida. Os alimentos que ingerimos são uma das principais fontes de energia para o
nosso dia-a-dia.

Ficar impossibilitado de realizar essa função, além de trazer impactos significativos na nossa
saúde, como a desidratação e desnutrição, traz ao indivíduo impactos emocionais e sociais
importantes.
INTRODUÇÃO

Sendo assim, tratar os problemas de deglutição vai muito além de reabilitar uma função e
permitir que um indivíduo possa ingerir nutrientes de forma segura. Significa possibilitar a um
indivíduo retomar situações sociais como almoço de família ou festas com a mesma qualidade de
vida que tinha antes de ser impossibilitado de deglutir com segurança.

Portanto, saber e poder tratar um paciente com disfagia é poder permitir a ele voltar a sentir um
dos maiores prazeres da vida e deixar de ter seu convívio social limitado por uma dificuldade.
INTRODUÇÃO

Assim sendo, este material tem como objetivo introduzir o tema da atuação fonoaudiológica na
disfagia orofaríngea em pacientes adultos e idosos, possibilitando ao profissional iniciar ou
retomar seus estudos sobre o tema.

Nessa apostila você terá acesso a:


• definição da deglutição;
• fisiologia da deglutição e estruturas envolvidas;
• definição das alterações de deglutição;
• definição da disfagia;
• principais sinais e sintomas da disfagia;
• principais técnicas terapêuticas na disfagia.
DEGLUTIÇÃO
Aprendendo a Fisiologia e o Funcionamento
O QUE É DEGLUTIÇÃO?

A deglutição é uma função biológica,


complexa e coordenada.

Consiste em uma ação muscular automática, na qual


estão envolvidos músculos da respiração e do trato
gastrointestinal, objetivando transporte de nutriente
a boca até o estômago de forma segura e eficiente e
a realização da limpeza da cavidade oral/nasal.

É um processo rápido e dinâmico, que envolve uma


ação coordenada de músculos e nervos.
DEGLUTIÇÃO

No feto, a deglutição faríngea é


observada entre a 10ª e a 11ª
semana de gestação.

Entre a 13ª e 14ª semana, o feto é


capaz de deglutir, abrir e fechar a
boca e protuir a língua.
DEGLUTIÇÃO

A deglutição madura, ou seja já estabelecida,


se inicia com o surgimento dos primeiros molares decíduos (+ 18 meses).
A deglutição envolve estas 5 ações de forma coordenada e simultânea:

Mandíbula estabilizada
Dentes Ponta da língua
pelas contrações dos
tocando as papilas
em oclusão músculos elevadores da
palatinas
mandíbula

Ausência de contração
Ausência de
dos músculos mentual e
movimentos cefálicos.
orbicular
DEGLUTIÇÃO

O ato de deglutir ocorre aproximadamente


600 vezes por dia em um adulto sadio:
• 35 vezes/hora na vigília e
• 6 vezes/hora durante o sono.
DEGLUTIÇÃO

Participam na deglutição em torno de 30 músculos e seis pares de nervos cranianos.

Quando qualquer uma dessas estruturas não apresenta bom funcionamento a deglutição pode
ficar prejudicada, levando a um impacto significativo na proteção de vias aéreas e na nutrição do
indivíduo.

Desta forma, para trabalhar com deglutição é fundamental que o profissional conheça cada parte
em separado desse processo e a integração do conjunto.
FASES
DA DEGLUTIÇÃO
FASES DA DEGLUTIÇÃO

Atualmente, na literatura há diversas


subdivisões das fases da deglutição.
Optamos por usar neste material a
descrita no Tratado de Fonoaudiologia.
Sendo elas:

• Fase Antecipatória
• Fase Oral
• Fase Faríngea
• Fase Esofágica
FASE ANTECIPATÓRIA
FASE ANTECIPATÓRIA

É importante lembrar que a mastigação e a


deglutição acontecem de maneira encadeada e
não separadamente, por este motivo há a
necessidade da investigação desta função
desde a trituração do alimento até seu
transporte ao estômago para assim revelar
achados de interferência.
FASE ANTECIPATÓRIA

A Fase Antecipatória ocorre desde o momento que colocamos o alimento na boca até o
momento prévio ao disparo do reflexo de deglutição. Essa fase é caracterizada pela preparação
do bolo alimentar para ser deglutido.

É voluntária. Compreende basicamente do processo de mastigação. Sua duração depende da


consistência do alimento e durante esse momento os lábios, língua e bochechas devem manter
o alimento na cavidade oral, prevenindo o escape anterior (pelos lábios para fora da boca) ou
posterior (sobre a base da língua).
FASE ANTECIPATÓRIA

O processo de mastigação que ocorre nessa fase da deglutição é compreendido por 3 etapas:

1 2 3
Incisão ou mordida

Trituração
• Apreensão do alimento entre as • É a fase em que o alimento é • Transforma o alimento em

Pulverização
bordas incisais, obtida através triturado e reduzido a partículas elementos tão reduzidos até
da elevação da mandíbula. menores. chegar na consistência ideal
para a deglutição.
• A língua, coordenadamente • Essa fase ocorre principalmente
com as bochechas, posiciona o nos pré-molares, devido a • Ocorre principalmente nos
alimento entre as superfícies pressão intercuspideana ser molares e os movimentos
oclusais dos dentes pré molares maior que a dos molares, com mandibulares são variados e de
e molares, preparando as etapas isso podendo moer mais menor amplitude.
seguintes. facilmente os alimentos.
• Duração: 25-30% do tempo
• Duração: 5-10% do tempo total • Duração: 65-70% do tempo total do ciclo mastigatório
da mastigação total da mastigação
FASE ANTECIPATÓRIA

A fase antecipatória é composta por movimentos voluntários


(vedamento labial e movimentação da língua) e involuntários
(elevação laríngea). Veja alguns detalhes importantes:

A língua é o agente primário dessa fase. Forma o bolo alimentar e o


posiciona contra o palato duro, para ser transportado posteriormente
para orofaringe.

Bolo
Alimentar

O Esfíncter Superior do
Esôfago (ESE) está fechado
FASE ANTECIPATÓRIA

Mandíbula: raiz mandibular do nervo


trigêmeo

Controle dos lábios, bochechas e boca:


raiz motora do nervo facial
Ramo sensitivo do nervo
facial (corda do tímpano) Movimento da língua: nervo hipoglosso
FASE ORAL
FASE ORAL

Inicia no momento da transferência do bolo alimentar da cavidade oral anterior para a


orofaríngea, ultrapassando a arcada amigdaliana, sendo o último momento de atividade
voluntária da deglutição.

O intervalo entre o contato da língua com o palato duro e o início do processo do bolo,
juntamente com o movimento cranial do osso hióide é de 1 segundo.

Quando essa fase ocorre com eficiência não resta nenhum resíduo de alimento na boca.
FASE ORAL

Bolo alimentar saindo da cavidade oral


indo para a cavidade orofaríngea

Bolo alimentar
na cavidade orofaríngea
FASE ORAL

Mandíbula: raiz mandibular do nervo


O paladar é estimulado trigêmeo
através do nervo facial e
glossofaríngeo. Controle dos lábios, bochechas e boca:
raiz motora do nervo facial
A sensação de textura e
peso do alimento na boca
é estimulado através do Movimento da língua: nervo hipoglosso
nervo trigêmio.
FASE FARÍNGEA
FASE FARÍNGEA

É composta por uma série de eventos importantes que ocorrem numa sucessão rápida,
coordenada e com precisão.

O Palato Mole eleva-se para vedar a nasofaringe, prevenindo que o alimento vá para
cavidade nasal (refluxo nasal). Língua e o movimento da parede faríngea realizam a
propulsão do bolo no sentido caudal. Laringe é elevada e traquinada anteriormente, ou
seja, se direciona para debaixo da base da língua, realizando a proteção das vias aéreas
inferiores, fechando-a, juntamente com o fechamento das pregas vocais e das pregas
vestibulares e pela cobertura do vestíbulo laríngeo pela epiglote.
FASE FARÍNGEA

O palato mole se fecha, evitando a passagem do bolo para a


nasofaringe. A parede posterior da faringe vem para a frente
espremendo o bolo contra o dorso da língua. O alimento não poderá
subir, uma vez que o palato mole está fechado, e nem retornar para a
boca, uma vez que o dorso da língua está impedindo a passagem para
a cavidade oral. Portanto, o alimento terá que descer.

Com a elevação da laringe e do músculo cricofaríngeo ocorre a


abertura do transição faringoesofágica, permitindo a passagem do
alimento para o esôfago.
Bolo alimentar
na cavidade orofaríngea
FASE FARÍNGEA

A inervação motora dos componentes


faríngeos da deglutição ocorre através dos
seguintes pares de nervos cranianos:
trigêmeo, facial, glossofaríngeo, vago e
Nervo Glosofaríngeo e hipoglosso, juntamente com segmentos
Nervo Vago cervicais C1-3.
FASE FARÍNGEA
FASE ESOFÁGICA
FASE ESOFÁGICA

Ocorre após a passagem do bolo alimentar pelo Esfíncter Esofágico Superior (EES). Neste
momento a laringe retorna a sua posição normal e o tônus muscular da esfíncter aumenta
evitando a regurgitação do alimento e a aerofagia.

O transporte esofágico envolve a peristalse do bolo no sentido crânio-caudal, finalizando


com o relaxamento do esfíncter esofágico inferior com a passagem do bolo para o interior
do estômago.
FASE FARÍNGEA

A fase esofágica envolve contrações musculares que fazem


a propulsão do bolo através do esfíncter esofágico superior
até o estômago.

Bolo alimentar
FASE FARÍNGEA

É feito pelo nervo laríngeo


superior e ramos do nervo O controle motor do esôfago é
laríngeo inferior ou recorrente feito pelos ramos diretos e
a nível do esôfago cervical. indiretos do nervo vago.

Nas porções média e distal é


feito pelos ramos torácicos do
nervo vago.
IMPORTANTE

O fonoaudiólogo é o profissional habilitado


para tratar os distúrbios de deglutição da fase
antecipatória até a faríngea. A fase esofágica é
de competência médica.

ATENÇÃO
ESTRUTURAS
ENVOLVIDAS NO
PROCESSO DE
DEGLUTIÇÃO
ESTRUTURAS ANATÔMICAS
ESTRUTURAS ANATÔMICAS

No processo de deglutição temos seis grandes estruturas anatômicas envolvidas,


compostas por ossos, músculos, nervos e/ou cartilagens, as quais participam no preparo e
no transporte do bolo alimentar até o estômago.
1 ESTRUTURAS ANATÔMICAS

1 2 3
• É composta pelos lábios, • Se comunica com o • Parte intermediária da

Nasofaringe

Orofaringe
Cavidade oral

bochechas, dentes, nariz por meio das faringe, estende-se do


gengivas, dois terços coanas. palato mole até o nível
anteriores da língua, • Possui na parade do hióide.
assoalho da boca e posterior a tonsila
palato duro e mandíbula. faríngica e na parede
lateral os óstios
faríngicos da tuba
auditiva.
1 ESTRUTURAS ANATÔMICAS

4 5 6
• Estende-se para • É um órgão curto • É um tubo fibro-
Laringofaringe

Laringe

Esôfago
baixo a partir do que conecta a músculo-mucoso
osso hióide, e faringe com a que se estende
conecta-se com o traquéia. entre a faringe e o
esôfago e estômago.
anteriormente com
a laringe.
ESTRUTURAS ANATÔMICAS

Laringofaringe

Nasofaringe
Laringe

Orofaringe

Cavidade Oral
ESTRUTURAS ÓSSEAS
Osso maxilar 2
1
Osso mandíbular
ESTRUTURAS ÓSSEAS

Coluna cervical
3

Osso hióide
4
ESTRUTURAS ÓSSEAS

As estruturas ósseas envolvidas no processo


de deglutição são 4 e estão localizadas na
face e no pescoço.
ESTRUTURAS
CARTILAGINOSAS
ESTRUTURAS CARTILAGINOSAS

As estruturas cartilagionosas envolvidas no processo


de deglutição são 6 e estão localizadas na laringe.
3 ESTRUTURAS CARTILAGINOSAS

1 2 3
• Em forma de anel, cuja • Situam-se na placa • Posiciona-se acima do

Aritenóides
Cricóide

Tiróide
altura aumenta ascendente da cartilagem anel da cricóide, em
paulatinamente para a cricóide, uma de cada forma de meio-tubo com
parte posterior. lado da linha mediana, abertura para trás
com forma piramidal. envolvendo o conjunto
formado pela placa
ascendente da cricóide
encimada pelas
aritenóides.
3 ESTRUTURAS CARTILAGINOSAS

4 5 6
• Em forma de • Situa-se acima da • É muito pequena e
Epiglote

Corniculadas

Cuneiformes
folha, se fixa na cartilagem localiza-se
parte interna da aritenoide. anteriormente à
cartilagem
face anterior da corniculada
cartilagem correspondente,
tireóide. ligando cada
aritenoide à epiglote.
ESTRUTURAS CARTILAGINOSAS

Epiglote

Corniculada

Tireóide
Aritenóide

Cricóide
PREGAS VOCAIS

Base da língua

Epiglote
Pregas Vestibulares
Pregas Vocais
Pregas ariepiglóticas
Cartilagem cuneiforme
Cartilagem corniculada
Glote
ESTRUTURAS NEURAIS
ESTRUTURAS NEURAIS

O controle neurológico da deglutição envolve 4 grandes componentes :

1. fibras sensoriais aferentes contidas nos nervos encefálicos,

2. fibras cerebrais, do mesencéfalo e cerebelares que fazem sinapse com os centros da


deglutição no tronco cerebral,

3. os pares centrais da deglutição no tronco cerebral, e

4. as fibras motoras eferentes contidas nos nervos encefálicos.


4 ESTRUTURAS NEURAIS

Nervo Trigêmeo (V par)


Nervos Cranianos são todos
aqueles nervos que fazem Nervo Facial (VII par)
conexão com o Encéfalo,
numeram-se os Nervos Cranianos Nervo Glossofaríngeo (IX par)
com algarismos Romanos de I a
XII, obedecendo à ordem de sua Nervo Vago (X par)
origem aparente no Encéfalo no
sentido rostrocaudal. E estes são Nervo Acessório (XI par)
os nervos cranianos envolvidos no
processo de deglutição. Nervo Hipoglosso (XII par)
4 ESTRUTURAS NEURAIS

1 • músculos bucinador e
2 • músculos intrínsecos
3 • nervo trigemio (V par)
4 •constritores
Bochechas

Língua

Mandíbula

Faringe
risório → nervo facial → nervo hipoglosso superiores: musculo
(VII par). (XII par) tireofaríngeo e
•músculos extrínsecos cricofaríngeo
•estiloglosso, •constritores inferiores:
hioglosso e músculo
genioglosso → nervo estilofaríngeo,
hipoglosso (XII par) salpinofaringeo e
•palatoglosso → nervo palatofaríngeo
glossofaríngeo e vago •inervados pelo plexo
(IX e X pares) faríngeo
ESTRUTURAS MUSCULARES
ESTRUTURAS MUSCULARES

As estruturas musculares envolvidas no processo de


deglutição são compostas pelos músculos da língua,
da mastigação, do palato mole, da faringe e da
laringe.
ESTRUTURAS MUSCULARES

Músculos da Língua

Músculos intrínsecos: ficam dentro da língua, Músculos extrínsecos: se originam fora e se


quando se contraem provocam alterações na inserem na língua, mudam a posição da língua
forma da língua. em relação à mandíbula.

• Musculo longitudinal superior e inferior; • Músculo estiloglosso: eleva a parte superior da


transverso e vertical. língua.
• Músculo hioglosso: abaixa e retrai a língua.
• Músculo genioglosso: principal depressor da
língua, evita que esta se projete
posteriormente e obstrua a respiração.
• Músculo palatoglosso: abaixador do véu
palatino quando a língua está imóvel ou
elevador da parte posterior da língua quando
véu palatino está imóvel.
ESTRUTURAS MUSCULARES

Músculos da Mastigação
Os músculos da mastigação são
divididos didaticamente em
elevadores, depressores e elevadores
auxiliares. São compostos pelos
músculos que estão ligados à
realização dos movimentos depressores
mandibulares, de língua, lábios,
bochechas e osso hioide.
auxiliares
ESTRUTURAS MUSCULARES

Músculos Elevadores: principal função é elevar a mandíbula

● Músculo Temporal: eleva a mandíbula, contrai os feixes anteriores na abertura máxima e os


feixes posteriores na retração mandibular, age no deslocamento contralateral. É fundamental na
determinação do tônus muscular da posição postural da mandíbula.

● Músculo Masseter: além de ser elevador, atua na projeção anterior da mandíbula e na


lateralização.

● Músculo Pterigóideo Medial: paralelo ao masseter, é também elevador e age em conjunto com o
masseter na protrusão e na lateralização da mandíbula, com boca fechada.
ESTRUTURAS MUSCULARES

Músculos Depressores - principal função é rebaixar a mandíbula.


Em ação conjunta os músculos pterigóideo lateral e os supra-hióideos realizam o rebaixamento da
mandíbula e a musculatura infra-hióidea estabiliza o osso hióide. Outras ações destes músculos.

● Músculo Pterigóideo Lateral: projetar a mandíbula à frente, atuar nos movimentos laterais e
estabilizar a articulação temporomandibular.

● Músculos suprahióideos: agem elevando o osso hióideo e com ele a laringe durante a fase
involuntária da deglutição, agindo junto aos infra-hióideos mantém o osso hiódeo, propiciando
uma base firme para os movimentos de língua.
● Músculo Digástrico: é essencialmente depressor.
● Músculo Geni-hióideo: facilita a deglutição.
● Músculo Milo-hióideo: favorece a deglutição puxando o hióide para cima e deprime a
mandíbula.
ESTRUTURAS MUSCULARES

Músculos Auxiliares - não são considerados propriamente músculos da mastigação, mas


participam ativamente das funções estomatognáticas.

● Músculo Orbicular dos Lábios: produz o fechamento e a projeção à frente dos lábios.

● Músculo Bucinador: puxa a comissura labial, comprime os lábios e as bochechas, empurra o bolo
alimentar para a superfície oclusal.

● Músculo Zigomático Maior: junto com o zigomático menor leva a comissura labial para cima e
para fora.

● Músculo Zigomático Menor: puxa a comissura labial e o lábio superior em particular, para cima e
para fora.
ESTRUTURAS MUSCULARES

Músculos do Palato Mole

● Músculo palatoglosso: aproxima o arcos palatinos fechando a cavidade oral e isolando-a da


cavidade faríngea.

● Músculo palatofaríngeo: atua no deslocamento das paredes laterais, aproxima os arcos


palatofaríngecos, ocluindo o istmo faríngico.

● Músculo da úvula: levanta ainda mais o quadrante posterior do véu palatino (eleva a úvula).

● Músculo elevador do véu palatino: eleva o palato mole, tracionando-o posteriormente, fechando
a comunicação da nasofaringe com a orofaringe.

● Musculo tensor do véu palatino: enrijece o palato, auxilia na abertura da tuba auditiva.
ESTRUTURAS MUSCULARES

Músculos da Faringe

● Constritores superiores: músculo tireofaríngeo e cricofaríngeo. Durante sua contração levam


constrição ou redução do diâmetro da faringe.

● Constritores médios.

● Constritores inferiores: astilofaríngeo, salpinofaríngeo e palatofaríngeo realizam a elevação de


partes da faringe ao se contrair.
ESTRUTURAS MUSCULARES

Músculos da Laringe

● Musculos extrínsecos:
● Supra-hiódeos: estilo-hiódeo,digástrico, milo-hiódeo e gênio-hiódeo (Aproximam
cranialmente o osso hióde e a laringe)
● Infra-hiódeos: omo-hiódeo, esterno-hiódeo, esternotireóideo e tiro-hiódeo (Deprimem
caudalmente o osso hiódeo e a laringe).

● Músculos intrínsecos: estão relacionados com a alteração no comprimento e tensão das pregas
vocais e no tamanho e formato da rima glótica.
DEFINIÇÃO DAS
ALTERAÇÕES DE
DEGLUTIÇÃO
ALTERAÇÕES DA DEGLUTIÇÃO

DEGLUTIÇÃO ATÍPICA

Ocorre devido a um movimento inadequado de uma das estruturas responsáveis pelo processo de
deglutição durante a fase oral, sem presença de alterações estruturais.

Na atipia verdadeira, somente com o trabalho fonoaudiológico, Pode-se observar, em resumo:


já poderíamos criar a possibilidade de modificação do modo de • Posturas inadequadas de cabeça,
deglutir, pois a forma, isto é, as estruturas responsáveis pela função • Transtornos de hábitos orais,
estariam adequadas, o que permitiria boas condições de deglutição. • Alimentação com somente uma
Em geral, estas atipias ocorrem por problemas de postura consistência na infância,
inadequada da cabeça, por alteração do tônus, da mobilidade ou da • Alteração de tônus, mobilidade e
propriocepção dos órgãos fonoarticulatórios: língua, lábios, propriocepção dos órgãos
bochechas, e palato mole. fonoarticulatórios.
ALTERAÇÕES DA DEGLUTIÇÃO

DEGLUTIÇÃO ADAPTADA

Ocorre quando há a presença de uma alteração estrutural na cavidade oral que provoque uma
dificuldade na deglutição. Desta forma, o paciente se adapta às alterações existentes para conseguir
engolir.

Na deglutição adaptada, por mais que o fonoaudiólogo tente, e Pode-se observar, em resumo:
às vezes, até consiga que o paciente degluta de forma correta • Alterações de oclusão dentária,
durante a sessão, este novo padrão de deglutir dificilmente se • Falhas dentárias,
automatizará. Neste caso, encaminhe primeiro para reabilitação • Prótese dentária,
dentária, aguardando a mordida ficar topo a topo para depois • Respirador oral,
iniciar o trabalho fonoaudiológico na adequação da deglutição. • Frênulo curto.
ALTERAÇÕES DA DEGLUTIÇÃO

DISFAGIA

Qualquer alteração no transporte do bolo alimentar da boca até o estômago que gere risco de
penetração e/ou aspiração laríngea.

Pode-se observar em:


• Doenças neurodegenerativas,
• Traumas de face,
• Câncer de cabeça e pescoço.

É neste tipo de alteração da deglutição que iremos dar ênfase neste guia básico de Disfagia.
DISFAGIA
Causas, Sintomas e Estratégias de Intervenção
DISFAGIA

É caracterizada por alteração em qualquer uma das fases da deglutição, em consequência


de comprometimentos neurológico, mecânico ou psicogênico, que pode comprometer a
deglutição e levar a riscos de desnutrição ou aspiração de alimentos.

Ocorre quando o processo de ação simultânea de todas as estruturas envolvidas na


deglutição é rompido.

É decorrente de variadas condições médicas e até psíquicas.


CAUSAS DA DISFAGIA

MECÂNICAS NEUROGÊNICAS
Decorrentes de alteração nas estruturas Relacionadas com alterações do Sistema
envolvidas no processo de deglutição Nervoso Central ou Sistema Nervoso Periférico
DADOS SOBRE DISFAGIA

Prevalência das principais causas de disfagia neurogênica no adulto e idoso tem-se:

• 16% e 22% em indivíduos acima de 60 anos;


• 20% as 40% em pacientes com Doença de Parkinson, Traumatismo Cranio Encefálico ou
Acidente Vascular Encefálico;
• 30% a 50% em idosos em asilos;
• 60% em pacientes de homecare;
• 45% a 65% dos pacientes com Acidente Vascular Cerebral nos primeiros 6 meses.

A mortalidade associada a disfagia é referida em 45% em um período de 12 meses.


IMPORTANTE

As complicações de pacientes com disfagia


podem vir a ser graves, independentemente
de fatores socioeconômicos e sociais dos
indivíduos.

O reconhecimento deste quadro é um fator


fundamental que precipita a piora imediata do
status do paciente, podendo evoluir
rapidamente ao óbito.
ATENÇÃO
DISFAGIA

Sinais e sintomas mais


Dificuldade em
frequentemente Dificuldade de Regurgitação
iniciar a
encontrados em mastigação nasal
deglutição
pessoas com disfagia:

Tosse e/ou
Controle de Voz molhada,
engasgos nas
saliva diminuído úmida
refeições

Queda no nível Aumento da


de saturação frequência
Pigarro durante as cardíaca durante
refeições as refeições
POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES EM DISFAGIA

1 2 3
• Ocorre principalmente • Leva a depleção • Ocorre quando há a

Pneumonia aspirativa
Desidratação

Desnutrição
pela necessária muscular e disfunção entrada de alimento,
modificação da textura nervosa, afetando líquidos e/ou
dos alimentos e indiretamente a secreções nas vias
espessamento ou deglutição e contribui aéreas (aspiração
suspensão da ingestão para o declínio laríngea).
de líquidos. funcional.
ATUAÇÃO
FONOAUDIOLÓGICA NAS
DISFAGIAS OROFARÍNGEAS
NO ADULTO E IDOSO
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA

Objetivos para com o paciente:

• Estabilização da deglutição por maior


tempo possível.
• Manutenção do estado nutricional por via
oral, e quando não for mais possível, por
via alternativa.
• Minimizar ou eliminar os riscos de
aspiração (alimentos, saliva e secreções).
• Preservação das condições pulmonares e
Terapia de hidratação.
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA

Objetivos da terapia
mudar a fisiologia da deglutição :

• Por meio da utilização de estratégias


compensatórias para redirecionar e
melhorar a deglutição.
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA

É sempre importante ressaltar ao paciente a sua


responsabilidade e papel ativo no processo de
reabilitação, cooperando e realizando os
exercícios, mesmo na ausência do terapeuta, para
que haja efetividade do processo terapêutico.
Pois, esse trabalho envolve mudanças em hábitos
comportamentais já "enraizados" pelo paciente,
os quais só conseguiremos modificar com a
repetição sistemática dos exercícios, manobras e
orientações propostas.
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA

Há dois tipos de terapia fonoaudiológica nas disfagias orofaríngeas no adulto e idoso.

Feita com o oferecimento de alimento Feita sem o oferecimento de alimento de


de qualquer consistência, com ou sem qualquer consistência, sendo composta
a utilização de manobras e/ou outras por exercícios miofuncionais, estimulação
estratégias compensatórias. sensorial e treino de manobras e/ou
outras estratégias compensatórias,
somente com deglutição de saliva.
PRINCIPAIS TÉCNICAS
UTILIZADAS NA REABILITAÇÃO
MANOBRAS DE AUMENTO
DO INPUT* SENSORIAL

*Input é um termo da língua inglesa, que em português pode ser traduzido como entrada.
Sendo assim, input sensorial nada mais é do que uma "entrada" sensorial, um estímulo sensorial.
1TÉCNICA DE MUDANÇA DO VOLUME

RESULTADO
A) • Quando aumentamos o
volume por porção que
MELHOR
• Propicia-se ao paciente
input sensorial maior
vai à boca (melhor sensação),
devido ao "peso"do
alimento na língua
VOLUME
MAIOR
1TÉCNICA DE MUDANÇA DO VOLUME

RESULTADO
B) • Quando reduzimos o volume
por porção que vai à boca
DIFERENTE
• O paciente necessita de
menos controle do alimento
em fase oral, proporcionando
à ele a possibilidade de
organizar melhor o alimento
e com mais tempo.
VOLUME
MENOR
1 TÉCNICA DE MUDANÇA DO VOLUME

Não existe uma padronização de quanto é muita ou pouca quantidade de alimento que se
coloca por vez na boca do paciente. Por isso deve-se prestar bastante atenção na forma de
fazer. Perceba qual é a quantidade da alimentação do paciente e manipule a mudança do
volume através desta comparação, tanto em aumentar quanto em diminuir, até encontrar
a mais adequada e segura para o paciente.
2 TÉCNICA DE MUDANÇA DA CONSISTÊNCIA

• Necessário adequado • Necessário adequado • Possibilita maior tempo

Líquido
Sólido

Pastoso
controle oral e controle oral e disparo de preparo de fase oral,
mastigação do reflexo de deglutição. bom para pacientes com
pouca organização de
fase oral e atraso no
disparo de deglutição.
• Não depende da
mastigação.

Quanto mais viscoso for o alimento maior a força empregada pela língua na fase oral
2 TÉCNICA DE MUDANÇA DA CONSISTÊNCIA

Sugestões de consistências para cada tipo de alteração da deglutição*


Desordens da deglutição Melhor consistência Pior consistência
Redução da amplitude e mobilidade de língua Líquido-pastoso inicialmente, depois líquido Sólido
Redução da coordenação da língua Líquido Sólido
Redução da força da língua Líquido Sólido
Atraso da deglutição faríngea Líquido-pastoso inicialmente, depois sólido Líquido
Redução do fechamento laríngeo Pastoso e sólido Líquido
Redução da elevação laríngea Líquido-pastoso Pastoso e sólido
Disfunção cricofaríngea Líquido Pastoso e sólido
Redução da contração da parede posterior da faringe Líquido Pastoso e sólido
Redução do movimento da base da língua Líquido Pastoso

*Adaptado de Logemann, 1997 e Jotz, CArrara-De-Angelis, Barros, 2009


2 TÉCNICA DE MUDANÇA DA CONSISTÊNCIA

A partir da avaliação da deglutição do paciente, muda-se as consistências do alimento conforme a


necessidade e as alterações que o mesmo apresentar. Isso com base naqueles controles necessários da
descrição de cada consistência (visto anteriormente na tabela) e nas alterações apresentadas específicas
pelo próprio paciente.

Por exemplo: se com alimento sólido o paciente apresentar tosse, engasgo, muito resíduo de alimento,
aumento de tempo de trânsito oral, o fonoaudiólogo deve mudar a consistência para semi-sólido ou
pastoso. Fazemos as mudanças necessárias de acordo com cada caso e com as características
encontradas na avaliação.
3 TÉCNICA DE ESTIMULAÇÃO TERMO-TÁTIL

Indicada para pacientes com demora no início da deglutição e diminuição de sensibilidade intraoral.
Pode ser realizada:

Estimulação digital com dedo de luva, com Sempre após a estimulação associar a função →
cotonetes gelados associados ou não a um com alimento ou saliva.
sabor, espelhinho laríngeo, colher de metal.
O movimento realizado é sempre da região • Hipersensibilidade: estímulo aplicado leve e
mais anterior para posterior intra-oralmente. rapidamente.
• Hipossensibilidade: estímulo aplicado com
Regiões de estimulação: gengivas, papila mais força e lentamente.
retroincisal, laterais, ponta e meio e base de
língua.
3 TÉCNICA DE ESTIMULAÇÃO TERMO-TÁTIL

DICA 1 DICA 2

Estudos demonstram que Uso de alimentos cítricos


alimentos frios diminuem o aumenta a gustação e
tempo de trânsito oral pois estimula o nervo
são mais sensíveis e/ou trigêmeo, aumentando a
perceptíveis pelas capacidade de percepção
estruturas da cavidade oral. dos receptores.
3 TÉCNICA DE ESTIMULAÇÃO TERMO-TÁTIL

Com o paciente com a postura sentada, com os ombros relaxados, cabeça na posição de 90 graus e o
olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo pede para que ele abra a boca. Com o material escolhido com
temperatura gelada, associado ou não a consistência cítrica, o fonoaudiólogo, com a ajuda de um dedo
de luva ( podendo utilizar também cotonete, espelhinho laríngeo e/ou colher de metal) passa esse
material na região a qual deseja-se estimular.
MANOBRAS POSTURAIS
MANOBRAS POSTURAIS

As manobras posturais são voluntárias e precisam da ação do paciente.

Essas manobras podem interferir nas mudanças das dimensões faríngeas e no fluxo
gravitacional da comida. Podem também ser utilizadas como Métodos compensatórios para
alterações de deglutição orgânicas.

E tem como objetivo eliminar ou reduzir possíveis penetrações e/ou aspirações laríngeas.
1 MANOBRA DO QUEIXO PARA BAIXO

Indicação: falta de controle oral que leve a escape prematuro do bolo alimentar, atraso na deglutição
faríngea, redução do fechamento de vias aéreas e estase em valéculas.
Pode ser usada com todas consistências.

INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Esta postura estreita o espaço entre a aritenóide e a base da
relaxados, cabeça na posição de 90⁰ e o epiglote e direciona o bolo com maior eficiência para o Esfíncter
olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo pede Esofágico Superior (EES), com a possibilidade de:
para que ele no momento que for engolir • Redução da penetração de alimentos.
abaixe a cabeça para frente, como se • Manter o bolo alimentar em posição anterior
tivesse a intenção de encostar o queixo no permitindo maior controle.
pescoço. • Diminuir o tamanho de entrada para vias aéreas.
• Empurrar a base de língua contra parede da faringe.
2 MANOBRA DA CABEÇA PARA TRÁS

Indicação: pacientes com dificuldade de ejetar o bolo da cavidade oral para faringe. Pode ser usada com
todas consistências, porém cuidado maior com líquido.

INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Essa postura facilita o trânsito oral devido a ação da gravidade.
relaxados, com a cabeça na posição de 90 Desta forma, ajuda na elevação da laringe e fecha o espaço da
graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo valécula, aumentando a propulsão do alimento.
solicita que no momento em que o paciente
for engolir ele coloque/posicione a cabeça PRECAUÇÃO: pode aumentar o risco de aspiração, necessário uma
para trás. fase faríngea adequada.

CONTRA-INDICAÇÃO: pacientes com alteração severa em fase


faríngea da deglutição.
3 MANOBRA ROTAÇÃO DE CABEÇA PARA O LADO PIOR/MAIS FRACO

Indicação: paresia ou paralisia unilateral de faringe e/ou prega vocal,


redução da abertura do esfíncter cricofaríngeo.

INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros A rotação da cabeça para o lado mais fraco favorece que o bolo
relaxados, com a cabeça na posição de 90⁰ alimentar seja impulsionado para o lado não afetado, auxiliando
e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo no:
solicita que um pouco antes e durante a • Direcionamento do bolo alimentar para o lado mais forte.
deglutição o paciente vire totalmente a • Aumento do fechamento de pregas vocais.
cabeça para o lado mais fraco. • Aumento da abertura do esfíncter cricofaríngeo em
comprimento e diminuição da pressão em repouso, reduzindo
a estase em seios piriformes.
4 MANOBRA DE INCLINAÇÃO DE CABEÇA PARA O LADO MELHOR

Indicação: paralisia ou paresia unilateral de faringe.

INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Direciona o bolo alimentar para o lado mais forte pela ação
relaxados, com a cabeça na posição de 90 da gravidade, proporcionando uma maior segurança durante
graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo a deglutição.
solicita que no momento em que o paciente
for engolir ele incline a cabeça para o melhor
lado.
MANOBRAS DE PROTEÇÃO
DE VIAS AÉREAS
MANOBRAS DE PROTEÇÃO DE VIAS AÉREAS

As manobras de proteção de vias aéreas alteram o tempo dos componentes


neuromusculares da fase faríngea da deglutição. Têm como objetivo reduzir e tentar
eliminar possíveis penetrações e/ou aspirações laríngeas.

Para realização dessas manobras é necessário que o paciente apresente boas habilidades
cognitivas, para compreender e gravar a sequência de movimentos, por isso não
conseguimos executá-las com todos os pacientes.

Usadas primeiramente como exercício, deglutindo a saliva. Posteriormente com uma


realização adequada pelo paciente, as manobras de proteção de vias aéreas podem ser
associadas a deglutição com alimento.
1 MANOBRA DE PROTEÇÃO SUPRAGLÓTICA

Indicação: Redução ou demora no fechamento de pregas vocais e demora na deglutição faríngea.

INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Melhora o fechamento das vias aéreas, a nível da glote,
relaxados, com a cabeça na posição de 90 antes e depois da deglutição e reduz os riscos de aspiração.
graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo
solicita que ele prenda a respiração, degluta e
tussa logo em seguida. Pode ser realizada
primeiramente com saliva, para treino.
Conforme o paciente aprenda a técnica
corretamente pode ser utilizada com alimento.
2 MANOBRA DE PROTEÇÃO SUPER-SUPRAGLÓTICA

Indicação: Redução ou demora no fechamento de pregas vocais e demora na deglutição faríngea.

INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros relaxados, Melhora o fechamento das vias aéreas, favorecendo o
com a cabeça na posição de 90 graus e o olhar ao contato da aritenóide com a base da epiglote para o
horizonte, o fonoaudiólogo solicita que ele prenda a fechamento do vestíbulo laríngeo durante a deglutição.
respiração com força (mantendo a tensão nos
músculos abdominais), degluta e tussa logo em
seguida. Pode ser realizada primeiramente com
saliva, para treino. Conforme o paciente aprenda a
técnica corretamente pode ser utilizada com
alimento.
MANOBRAS DE
LIMPEZA FARÍNGEA
MANOBRAS DE LIMPEZA FARINGEA

As manobras de limpeza faríngea alteram o tempo dos componentes


neuromusculares da fase faríngea da deglutição. São utilizadas para limpar e/ou
reduzir a presença de resíduos em cavidade oral e faríngea, bem como estases
em valécula e seios piriformes.
1 MANOBRA DE DEGLUTIÇÃO COM ESFORÇO

Indicação: pacientes com redução da movimentação faríngea e tração de base de língua, por exemplo, com
resíduo alimentar em base de língua, valécula e parede posterior da faringe.

INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Proporciona melhora da movimentação posterior e pressão
relaxados, com a cabeça na posição de 90 da base de língua, visando limpeza faríngea.
graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo
solicita que ele engula fazendo força na boca e
no pescoço, como se tivesse a intenção de
tensionar essas regiões (como quando se faz
força para evacuar ou pegar um objeto
pesado).
2 MANOBRA DE MENDELSOHN

Indicação: tempo de elevação laríngea reduzido, redução da abertura cricofaríngea.

INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Aumenta a duração e amplitude da elevação cricofaríngea,
relaxados, com a cabeça na posição de 90 reduz estase em seio piriforme, melhora a coordenação dos
graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo eventos da deglutição, treina e fortalece os músculos da
solicita que ele engula normalmente, quando elevação laríngea.
sentir que a laringe levantou mantenha-a
elevada por dois segundos e depois relaxe.
Pode ser realizada primeiramente com saliva,
para treino. Conforme o paciente aprenda a
técnica corretamente pode ser utilizada com
alimento.
3 MANOBRA DE MASAKO

Indicação: paresia, fraqueza ou hipotonia de músculos constritores da faringe.

INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Visa aumentar a movimentação da parede posterior da
relaxados, com a cabeça na posição de 90 faringe, evitando estases alimentares e aumenta o tempo de
graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo elevação laríngea.
solicita que ele engula com a língua no meio
dos dentes. Pode ser realizada primeiramente
com saliva, para treino. Conforme o paciente
aprenda a técnica corretamente pode ser
utilizada com alimento.
4 MANOBRA DE SHAKER

Indicação: insuficiência na abertura do esfíncter cricofaríngeo.

INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente deitado, com as costas encostadas na cama, sem Melhora a força e a eficiência da musculatura
travesseiro, o fonoaudiólogo solicita que ele eleve a cabeça e extrínseca da laringe, a qual é responsável
olhe para os próprios pés, sem tirar os ombros da cama. por sua elevação.

• Manobra Isométrica: elevar por 60 segundos, descansar 60


segundos de uma elevação para outra e repetir 3x.

• Manobra Isocinética: elevar 30 vezes consecutivas, sem


manter elevada por um certo tempo. Quando mais devagar
for a realização maior será o ganho.
5 MANOBRA DE DEGLUTIÇÕES MÚLTIPLAS

Indicação: reduzir estase alimentar em cavidade oral e região hipofaríngea.

INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Minimiza os resíduos orais e faríngeos, contribuindo
relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus indiretamente para uma deglutição mais funcional,
e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita minimizando os riscos de aspiração pós deglutição.
que ele degluta várias vezes consecutivas o
mesmo alimento.
6 MANOBRA DE ALTERNÂNCIA ENTRE COLHER COM ALIMENTO E SEM

Indicação: pacientes com declínio cognitivo que não conseguem realizar


deglutições múltiplas de modo voluntário.

INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Possibilita uma limpeza de estase em cavidade oral e
relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus orofaringe.
e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo oferta
uma colher com alimento seguida de uma colher
sem alimento, e ir alternando.
7 MANOBRA DE PRESSÃO COM A COLHER NA LÍNGUA

Indicação: melhora a percepção intra-oral do alimento.

INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Aumenta a percepção do paciente de que há alimento na
relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus cavidade oral, favorecendo uma redução no tempo de
e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo ao trânsito oral.
ofertar o alimento faz uma leve pressão com a
colher na parte anterior da língua enquanto o
paciente faz apreensão do alimento.
EXERCÍCIOS MIOFUNCIONAIS
EXERCÍCIOS MIOFUNCIONAIS

Constituem um dos tipos de técnicas da terapia indireta, na qual não há a oferta de


alimento.

Têm por objetivo preparar as estruturas envolvidas no processo de deglutição, melhorando


a força e coordenação muscular para uma alimentação por via oral de maneira segura.

Existem 3 categorias de exercícios miofuncionais, são os isométricos, isotônicos e os


isocinéticos .
TIPOS DE EXERCÍCIOS

1 2 3
Isométricos

Isotônicos

Isocinéticos
• Resistência sem movimento, • Envolvem contração e extensão • Ocorrem quando o músculo encurta
desenvolvem tensão muscular, muscular controlada, contra uma contra uma resistência cooperante
contudo o músculo não encurta carga constante. São mais dinâmicos igualada com a força produzida pelo
nem alonga, ocorre contração e realizados com movimento, com músculo e requer uma velocidade
muscular estática, sem movimento. ou sem pesos. Contribuem para a constante durante toda a amplitude
É o método mais rápido para ganhar coordenação motora, flexibilidade e do movimento. Quanto mais lenta
força muscular, sem aumentar a força. for a velocidade do movimento
massa. isocinético, maior será o ganho em
força e resistência. Estes exercícios
devem ser iniciados com um mínimo
de resistência ao movimento, sendo
aumentada gradativamente.
EXERCÍCIOS MIOFUNCIONAIS

Há uma grande quantidade de exercícios descritos na literatura, contudo como o foco deste material é
uma iniciação ao tema, não descreveremos todos.

É sempre importante que o fonoaudiólogo entenda bem da doença e do prognóstico do paciente para
saber escolher os exercícios mais adequados para cada caso. O número de séries e repetições deve ser
analisado individualmente, de acordo com as dificuldades do pacientes, suas habilidades cognitivas e
fadiga muscular.

A seguir será exemplificado um tipo de exercício para cada estrutura envolvida no processo de
deglutição.
1 EXERCÍCIO COM MOVIMENTO ÂNTERO-POSTERIOR DE LÍNGUA

Indicação: para pacientes com redução na mobilidade de língua

INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Aumentar a mobilidade de língua do paciente favorecendo
relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus uma melhora na movimentação da língua durante a
e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita mastigação e uma melhora propulsão do bolo alimentar
que ele passe a ponta da língua desde a frente durante a deglutição.
nos alvéolos dentários até a parte mais posterior
do palato que conseguir.
2 EXERCÍCIO CONTRA-RESISTÊNCIA COM ESPÁTULA EM LÍNGUA

Indicação: para pacientes com redução na tonicidade de língua

INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Aumentar o tônus de língua do paciente favorecendo uma
relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus melhora na propulsão do bolo alimentar durante a
e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo que ele deglutição.
coloque a língua para fora e empurre a espátula
com a ponta da língua enquanto o fonoaudiólogo
faz força ao contrário.

Pode ser usada a parte côncava de uma colher


no lugar da espátula.
3 EXERCÍCIO BICO E SORRISO

Indicação: para pacientes com redução na mobilidade de lábios

INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Aumentar a mobilidade de lábios do paciente favorecendo
relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus uma melhora na pressão intraoral durante a mastigação e
e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita deglutição.
que ele faça um bico e um sorriso de maneira
alternada e rápida com a maior extensão
possível do movimento.
4 EXERCÍCIO DE CONTRA-RESISTENCIA COM ESPÁTULA EM LÁBIOS

Indicação: para pacientes com redução na tonicidade de lábios

INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Aumentar o tonus de lábios do paciente favorecendo uma
relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus melhora na pressão intraoral durante a mastigação e
e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita deglutição.
que ele faça um bico com os lábios empurre a
espátula enquanto o fonoaudiólogo faz força ao
contrário.

Pode ser usado uma colher no lugar da espátula.


5 EXERCÍCIO DE INFLAR AS BOCHECHAS SIMULTANEAMENTE

Indicação: para pacientes com redução na mobilidade e tonicidade de bochechas.

INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Ao sustentar infladas por um tempo trabalha-se mais
relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus tonicidade e ao se inflar e desinflar de forma alternada e
e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita rápida trabalha-se mais mobilidade.
que ele encha as bochechas com ar. Pode ser as
duas ao mesmo tempo ou uma de cada vez.
6 EXERCÍCIO DE ABERTURA DE MANDÍBULA

Indicação: para pacientes com redução na abertura de boca.

INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Aumentar a abertura de boca para auxiliar na apreensão do
relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus alimento e no processo de mastigação.
e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita
que ele abra o máximo possível a boca e
sustente por alguns segundos.
7 EXERCÍCIO DE LATERALIZAÇÃO DE MANDÍBULA

Indicação: para pacientes com redução na abertura de boca.

INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Aumentar a lateralização da mandíbula para auxiliar no
relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus processo de mastigação.
e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita
que o paciente mova a mandíbula para o lado
direito e posteriormente para o lado esquerdo.

Pode ser feito sustentando a mandíbula virada


para um dos lados ou alternando rapidamente.
8 EXERCÍCIO DE EMPUXO

Indicação: para pacientes com paresia ou paralisia de prega vocal


e pacientes com insuficiência no fechamento glótico.

INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Aumentar a adução de pregas vocais e o fechamento glótico
relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus possibilitando uma melhor proteção de vias aéreas durante
e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita a deglutição.
que ele produza o som de uma vogal (a mais
usada é a vogal A) em voz alta, forte e de forma
curta ao mesmo tempo em que faz um "puxão”
com os punhos serrados. Outra forma também é CAUTELA: possibilidade de alterações vocais com o uso
puxar com as duas mãos o assento da cadeira muito prolongado.
para cima.
9 EXERCÍCIO DE ALTERNÂNCIA ENTRE SONS HIPO E HIPER AGUDOS (I/U)

Indicação: para pacientes com redução na elevação laríngea.

INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Melhora na amplitude do movimento de elevação laríngea.
relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus
e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita
que ele produza os sons das vogais I e U, de
forma alternada, sendo o I no tom mais agudo e
o U no tom mais grave que o paciente conseguir
alcançar.
10 EXERCÍCIO PÓSTERO-ANTERIOR DE LÍNGUA

Indicação: para pacientes com redução na elevação laríngea.

INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Melhora na amplitude do movimento de elevação laríngea.
relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus
e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita
que o paciente coloque a língua bem para fora e
depois bem para dentro de forma alternada.
Esperamos que esse material seja uma porta de
entrada para seus estudos e aprimoramento na
área da disfagia.
NOTAS FINAIS

Trabalhar com a deglutição é possibilitar à um paciente retomar o prazer da alimentação e todas


as práticas relacionadas a ela. Desde a escolha do alimento, seu preparo, o momento de interação
social com familiares e amigos ao redor da mesa, bem como participação em eventos sociais que
envolvam o ato de engolir, sem medo e vergonha devido suas dificuldades.

É ajudar ao paciente experimentar um tremendo bem estar ao voltar a desfrutar de uma


alimentação de forma segura, com condições positivas, acarretando com isso, melhora da
autoestima e da sua independência.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

Essas e outras técnicas você poderá encontrar nos livros :

FERREIRA, L.P; LOPES D.M.B.; LIMONGI, S.C.O. Tratado de Fonoaudiologia. Editora Roca, 2004.

JOTZ, GP; CARRARA-DE-ANGELIS, E; BARROS, APB (Org.). Tratado da deglutição e disfagia: no


adulto e na criança. Editora: Revinter, 2009.

MARCHESAN, I.Q.; SILVA, H.J.; TOMÉ, M.C. Tratado das Especialidades em Fonoaudiologia.
Editora: Guanabara Koogan Ltda, 2014.

JOTZ, GP; CARRARA-DE-ANGELIS, E. Disfagia Abordagem Clínica e Cirúrgica. Editora Elsevier, 2016.
Um pouco
sobre a autora:

Annelise Ayres. Fonoaudióloga formada pela Universidade Federal do


Rio Grande do Sul. Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade
Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, com dissertação
intitulada: Efeitos de um programa de intervenção fonoaudiológica na
disfagia e na qualidade de vida em Doença de Parkinson.

Atualmente, é doutoranda em Ciências da Saúde pela Universidade


Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, com linha de pesquisa PATROCINADOR
em deglutição, fala e cognição em doenças neurológicas e
neurodegenerativas.

É membro da International Parkinson and Movement Disorder Society


e voluntária na Associação de Parkinson do Rio Grande do Sul. www.fonoonline.com.br

O seu diferencial é ter o foco na prática baseada em evidências.


Acredita ser fundamental a realização de pesquisas para basearem e
melhorarem a prática fonoaudiológica.

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