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Anatomofisiologia da deglutição e a
Disfagia
Órgãos da deglutição: cavidade oral + orofaringe + esôfago; FASE ESOFÁGICA: o bolo alimentar é forçado inferiormente da
Deglutição: inserção do alimento, vedamento labial, manipulação faringe para o esôfago por contrações sequenciais dos três
do bolo alimentar (triturar, manipular, pulverizar), bolo músculos constritores da faringe (músculos constritores
centralizado na língua, empurrado com um movimento ântero- superior, médio e inferior), que juntos formam a camada circular
posterior para ser ejetado para orofaringe, palato mole sobre, externa da faringe. Essa contração muscular cria uma onda
epiglote desce, bolo desce e vai para o estômago. peristáltica.
A deglutição é um processo FUNÇÃO: deglutir possibilita a nutrição e hidratação, a alimentação
fisiológico, neuromuscular, também é um ato social, logo impacta na qualidade de vida das
sinérgico, sequencial e pessoas.
harmônico.
Objetivo da deglutição: DEGLUTIÇÃO SEGURA: é quando não tem entrada de alimento na via
transporte seguro e aérea inferior.
eficiente da comida, da DEGLUTIÇÃO EFICIENTE: quando não tem resíduo, estase,
boca até o estômago. desconforto e dor ao engolir.
É um processo dinâmico e rápido (20s geralmente), didaticamente Estase: toda sobra de alimento depois da primeira deglutição. Há
divido em fases: preparatória oral, oral, faríngea e esofágica. É diferentes locais e graus (discreto, moderado, grave);
preciso coordenação e integridade de órgãos, músculos e nervos para
que seja eficiente e coordenada. Estruturas envolvidas: 7 VÁLVULAS DA DEGLUTIÇÃO
músculos faciais e orais; 1. Vedamento labial
nervos cranianos; 2. Língua
sistema sensório-motor e límbico. 3. Véu palatino
4. Fechamento da epiglote
5. Anteriorização e elevação da laringe
6. Músculos constritores
7. Abertura do esfíncter esofágico

Penetração: entrada do alimento nas vias aéreas até o nível das pregas
vocais.
FASE PREPARATÓRIA ORAL: prepara o alimento para o Aspiração: alimento ultrapassa os níveis das pregas vocais.
consumo, triturar, manipular o bolo alimentar, diminuir em
partículas menores; ASPIRAÇÃO E PENETRAÇÃO
FASE ORAL: centralizar o bolo alimentar para ejetar para fase Antes da deglutição: alteração na fase oral (mobilidade de língua
faríngea; e mandíbula/vedamento labial e de sensibilidade oral;
FASE FARÍNGEA: se caracteriza por 5 eventos: atraso ou ausência da deglutição faríngea;
elevação do palato mole; Durante a deglutição:
laringe sobe e se anterioriza e também se fecha; redução da elevação laríngea e de sensibilidade;
ação dos músculos constritores levando o alimento para alteração da coaptação glótica;
baixo; alteração respiratória.
abertura do esfíncter esofágico superior; Após a deglutição: redução de elevação, fechamento,
fechamento da laringe e epiglote. sensibilidade laríngea ou estase.
@fonoarielcecon

Anatomofisiologia da deglutição e a Disfagia


FASES DA DEGLUTIÇÃO
FASE PREPARATÓRIA ORAL: FASE ESFOGÁGICA:
Mastigação, trituração, pulverização do alimento e mistura à saliva Início: o bolo alimentar atinge o esfíncter esofágico
para a formação do bolo, para sua condução adequada para as regiões superior, o mesmo se abre devido ao relaxamento do tônus
faríngeas e esofágicas. e pelo movimento do complexo hiolaríngeo;
Envolver lábios, língua, mandíbula, palato e bochechas; Fechamento do esfíncter esofágico superior;
Fluxo salivar, triturar e preparar a comida; Ação peristáltica;
Fases subsequentes seguras e eficientes; Duração 20 segundos;
Introdução do alimento -> vedamento labial; Nervo craniano: X
Manipulação, formação e centralização do bolo alimentar;
Líquidos exigem preparo mínimo, já sólidos exigem
mastigação e lubrificação;
Duração: de acordo com a consistência;
Nervos envolvidos: V, VII e XII

FASE ORAL
Posicionamento do bolo no centro
da língua;
Contração dos lábios e bochechas
(ponta e lateral da língua no
rebordo alveolar); 3 ESFÍNCTERS DA DEGLUTIÇÃO:
Elevação e posteriorização do 1. Lábio
palato mole; 2. Esfíncter velofaríngeo
Duração: cerca de 1 segundo; 3. Esfíncter esofágico superior
Nervos envolvidos: XII
2/3 anteriores da língua: Pontos de força: lábio, língua, véu palatino, faringe, laringe e esôfago.
eficiência da fase oral;
1/3 posterior: força que ejeta o
bolo para faringe; 3 ESFÍNCTERS LARÍNGEOS:
1. Epiglote + aritenóides e pregas ariepiglóticas;
2. Pregas vestibulares;
3. Pregas vocais.

FASE FARÍNGEA CONTROLE NEUROLÓGICO DA DEGLUTIÇÃO


Início do reflexo de deglutição, pode ser iniciado em Sistema nervoso: nervos cranianos e sistema nervoso central;
qualquer lugar ao longo da faringe; Sistema aferente -> feedback sensorial
5 eventos da faringe: Sistema eferente -> feedback motor
Fechamento velofaríngeo Córtex frontal: inicia e modula a deglutição
Fechamento laríngeo Tronco cerebral: controle da deglutição
Contração dos músculos constritores;
Movimentos peristálticos da faringe; OBS.: é importante estudar/revisar os 12
Movimento de base de língua; nervos cranianos. Eles estão bem
Elevação da laringe e osso hióide em direção à base presentes em todo curso de
de língua; fonoaudiologia.
Abertura do músculo cricofaríngeo.
@fonoarielcecon

Anatomofisiologia da deglutição e a Disfagia


Disfagia: A dificuldade para engolir alimentos, líquidos e até mesmo QUAL O OBJETIVO DA AVALIAÇÃO CLÍNICA DA DEGLUTIÇÃO?
saliva durante qualquer etapa entre a boca e o estômago é chamada de Avaliar a integridade dos mecanismos de deglutição;
disfagia. É caracterizada por sinais e sintomas específicos, podendo Identificar os prejuízos estruturais e funcionais (motor e
ser congênita ou adquirida. sensorial) que podem levar à disfagia;
Avaliar o mecanismo de deglutição;
Complicações que a disfagia pode causar: Tudo começa com uma excelente história clínica.
Estase, penetração, aspiração; Obs.: a biomecânica não é vista, e sim inferida, deduzida para
Desidratação e desnutrição; raciocínio e interpretação.
Necessidade de via alternativa;
Pneumonias; Para avaliação dos pacientes com risco de
Morte; disfagia, o fonoaudiólogo aplica
Aumento do tempo de internação. protocolos. Tais protocolos devem:
Ser BEM aplicados;
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA: o fonoaudiólogo é o profissional Identificar o risco de aspiração;
habilitado para avaliar e tratar as disfagias orofaríngeas neurogênica e Direcionar o paciente correto para
mecânicas. A avaliação clínica realizada pelo fonoaudiólogo inclui a intervenção.
avaliação das estruturas envolvidas nas funções de mastigação e
deglutição, além de uma avaliação clínica e funcional da própria
alimentação.
Por meio da avaliação clínica que vou identificar se o paciente tem
PARA AVALIAR O PACIENTE COM DISFAGIA TEM QUE CONSTAR: disfagia ou não, se o paciente tem deglutição funcional ou não. A
biomecânica não é vista, e sim INFERIDA, DEDUZIDA PARA
Triagem, rastreamento, screening: apenas identificar se o RACIOCÍNIO E INTERPRETAÇÃO.
indivíduo corre o risco de ter aquele tipo de alteração.
Triagem X Diagnóstico: na triagem eu digo se o paciente tem
Presença de disfagia -> gravidade (discreta, moderada, leve) ->
risco e ter aquela doença, a avaliação me fornece o diagnóstico.
alteração que a disfagia pode causar -> plano de reabilitação
A elaboração de um protocolo garante a qualidade do que está sendo
oferecido e permite a atuação baseada em evidência. Antes do
Observação clínica: postura, simetria, TQT (avaliar se ele está usando
diagnóstico: triagem, rastreamento e por fim screening.
cânula e se sim, qual tipo é a cânula), secreção (está secretivo?
Rastreamento: identificar pacientes com risco consegue egolir a secreção?)
para um problema específico e direcionar para Anamnese detalhada - história clínica, queixa, sintomas e
um procedimento diagnóstico. Obs.: é rápido frequência.
(15-20min), superficial, não invasivo, baixo
risco para o paciente. Critérios de condição clínica: cognição, saturação de O2, pressão
arterial, condição respiratória.
Avaliação: identificar a anatomia/fisiologia
alterada causadora do problema. Obs.: mais
demorada, realizada por um especialista, oferta
de alimento em diferentes consistências, uso
de estratégias.
POR QUE RASTREAR?
Reduz o risco de pneumonias;
Equipe multiprofissional;
Determina necessidades de avaliação precoce pelo
fonoaudiólogo;
Reabilitação: restaurar a deglutição o quanto antes;
Nutrição: evitar a desnutrição e desidratação;
Limitar gastos com saúde.

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