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DESENVOLVIMENTO MOTOR ORAL DE 0 A 2 ANOS

AMAMENTAÇÃO COMO PREVENÇÃO DAS


ALTERAÇÕES DO DESENVOLVIMENTO MOTOR ORAL

Dra. Flávia Ferlin


CRONOGRAMA

1 Desenvolvimento motor oral

2 Reflexos orais

3 Funções estomatognáticas

4 Amamentação
DESENVOLVIMENTO
MOTOR ORAL
O desenvolvimento motor oral é
caracterizado pelas modificações que
ocorrem em cada estrutura orofacial no
desempenho das funções estomatognáticas.
No período de 0 a 2 anos de idade o
desenvolvimento motor oral sofre suas
principais modificações determinantes para o
crescimento craniofacial.
COMPREENDER O DESENVOLVIMENTO
MOTOR ORAL

1 Realização de cada função

2 Movimentos das estruturas orofaciais

Cronologia do desenvolvimento das funções


3 estomatognáticas
DESENVOLVIMENTO
O DMO se inicia ainda na VIU com
os reflexos de sucção e deglutição

29ª semana de gestação


reflexo de sucção
(característica inata)
32ª semana de gestação
coordenação entre os
reflexos de sucção
e deglutição

(Susanibar et al., 2015)


REFLEXOS
ORAIS
Os reflexos orais
são importantes
para o
desenvolvimento
motor oral. São
classificados em
reflexos REFLEXOS
adaptativos,
importantes para a
ORAIS
aquisição da
alimentação, que
são os reflexos de
busca, sucção e
deglutição,
RELFEXOS ORAIS

ADAPTATIVOS
reflexos de busca, sucção e deglutição aquisição alimentar

(Susanibar et al., 2015)


RELFEXOS ORAIS

ADAPTATIVOS
reflexos de busca, sucção e deglutição aquisição alimentar

PROTETIVOS
reflexos de mordida, vômito e tosse durante alimentação

(Susanibar et al., 2015)


FUNÇÕES
ESTOMATOGNÁTICAS
FUNÇÕES ESTOMATOGNÁTICAS

MASTIGAÇÃO
RESPIRAÇÃO
DEGLUTIÇÃO

FALA SUCÇÃO
FUNÇÕES ESTOMATOGNÁTICAS

Tão importantes quanto os reflexos orais que


iniciam o processo de desenvolvimento
motor oral, as funções estomatognáticas
também estimulam o crescimento e
desenvolvimento craniofacial.
RESPIRAÇÃO
A respiração é a função essencial para a sobrevivência. É
iniciada ao nascimento. No recém-nascido a respiração é
nasal porque a cavidade oral do bebê é pequena e a língua
ocupa todo o espaço intraoral não permitindo que a
respiração oral ocorra. A respiração nasal tem grande
influência no crescimento craniofacial, especialmente no terço
médio da face, pois os lábios selados sem tensão influenciam
a inclinação dos dentes e a língua acoplada ao palato exerce
uma força constante sobre a maxila.

(Tanigute, 2005; Granja, 2011)


RESPIRAÇÃO

Iniciada ao nascimento

(Tanigute, 2005; Granja, 2011)


RESPIRAÇÃO

Iniciada ao nascimento

Respiração nasal

(Tanigute, 2005; Granja, 2011)


RESPIRAÇÃO

Iniciada ao nascimento

Respiração nasal

Influência no crescimento craniofacial, especialmente


no terço médio da face.

(Tanigute, 2005; Granja, 2011)


SUCÇÃO

Relação Alimentação Alimento


mamãe - bebê eficiente e prazer
SUCÇÃO

Após o nascimento o reflexo de sucção proporciona


um adequado desenvolvimento da relação mãe-bebê
por meio da amamentação e desempenha papel de
propiciar uma alimentação eficiente e essencial na
nutrição. Todos os bebês iniciam a sucção com um
padrão imaturo com movimento de retração e
extensão e canolamento da língua, apenas.
SUCÇÃO
De 4 e 6 meses de idade, verifica-se um
amadurecimento das funções orais com maior pressão
intraoral e movimentos de abaixamento e elevação de
língua. Até os 6 meses de idade, ocorre a
anteriorização de mandíbula, e com isso aumenta
o espaço intraoral proporcionando mais liberdade
aos movimentos da língua, garantindo a
funcionalidade da sucção.
SUCÇÃO
Com os movimentos que o bebê faz enquanto
suga, ocorre a estimulação do crescimento
mandibular favorecendo uma harmonia facial,
além do íntegro desenvolvimento dos órgãos
fonoarticulatórios responsáveis pela articulação
dos sons da fala. A sucção também influencia no
desenvolvimento das funções de mastigação,
deglutição, fala e respiração.
SUCÇÃO NUTRITIVA

SUCÇÃO NÃO
NUTRITIVA
Considera-se importante para o
desenvolvimento motor oral a sucção nutritiva,
sendo a não-nutritiva indicada apenas para os
casos de recém-nascido pré-termo com o
objetivo de estimulação para a retirada de sonda
alimentadora e restabelecimento da alimentação
via oral.
Nos casos de sucção não-nutritva em crianças
saudáveis, o cuidado com a intensidade e
frequência para que não se torne um hábito
parafuncional que prejudique o crescimento
craniofacial (posição baixa e anteriorizada da
língua, palato ogival, posição inadequada de lábios,
mordida aberta anterior, por exemplo) e
desenvolvimento do sistema estomatognático.
DEGLUTIÇÃO

Inicia-se na 12ª semana de vida


intrauterina e torna-se uma
função a partir dos 7 meses de
idade. A partir daí, mantém seu
processo de desenvolvimento e
maturação.

(Tanigute, 2005; Granja, 2011)


6 meses

• Erupção dos dentes

• Introdução de novos alimentos e consistências


variadas
• Função da mastigação é aprendida

• A língua passa de um movimento anteroposterior


para lateralização (Tanigute, 2005; Granja, 2011)
7 meses

Mascagem com movimentos verticalizados da mandíbula,


atividades preparatórias para a mastigação de alimentos
sólidos.

(Tanigute, 2005; Granja, 2011)


MASTIGAÇÃO

A introdução aos poucos de consistências variadas auxilia no


processo de maturação dos órgãos do SE.

Aos 12 meses de idade, a criança, mesmo sem a formação


completa da dentição decídua já é capaz de receber os mesmos
alimentos dos adultos, entretanto mais macios, úmidos e
tamanhos menores.
(Tanigute, 2005; Granja, 2011)
FALA

ENVOLVE ASPECTOS
1. Linguísticos
2. Motores
3. Orgânicos
4. Cognitivos
5. Ambientais.

(Tanigute, 2005; Granja, 2011; Susanibar et al., 2015)


FALA

ENVOLVE ASPECTOS

A produção dos sons da


fala está relacionada à
maturação do sistema
miofuncional oral.

(Tanigute, 2005; Granja, 2011; Susanibar et al., 2015)


FALA

Balbucio = 3 meses
Primeiras palavras articuladas = 12 meses
Frases inteligíveis de até três elementos = 2 anos

(Tanigute, 2005; Granja, 2011; Susanibar et al., 2015)


FALA

O balbucio inicia-se por volta dos 3 meses de idade e são


brincadeiras sonoras desprovidas de significado, mas
fundamentais para o desenvolvimento da fala. As
primeiras palavras começam a ser articuladas aos 12
meses de idade e depende do movimento dos lábios,
língua e mandíbula para produção dos fonemas bilabiais,
além do mecanismo velofaríngeo para equilíbrio da
ressonância e produção de fonemas orais e nasais, e do
controle da respiração.

(Tanigute, 2005; Granja, 2011; Susanibar et al., 2015)


FALA

Aos 2 anos de idade, apresentando desenvolvimento


adequado, a criança já produz frases inteligíveis de até
três elementos, ou seja, os órgãos fonoarticulatórios
conseguem desempenhar a função da fala, mas ainda
em desenvolvimento e maturação da produção
articulatória correta de todos os fonemas da língua (e do
desenvolvimento da linguagem também).

(Tanigute, 2005; Granja, 2011; Susanibar et al., 2015)


AMAMENTAÇÃO
AMAMENTAÇÃO
• Início do desenvolvimento pós natal

• É o estímulo mais importante:

neurológicos nutricionais afetivos


comunicativos imunológicos

• Durante a amamentação o bebe utiliza todo o SE.


(Perilo et al., 2017)
AMAMENTAÇÃO

• Proteção • Vínculo
• Nutrição • Afeto
• Sensível, econômica e eficaz
intervenção para redução da
mortalidade infantil

(Machado, 2017)
AMAMENTAÇÃO

• Pressiona o mamilo contra o palato


• Mandíbula realiza o movimento de ordenha
• Grande esforço dos músculos da face
• Estimula crescimento da mandíbula
• Previne alterações

(Tanigute, 2005; Granja, 2011; Susanibar et al., 2015)


AMAMENTAÇÃO Favorece o MAMADEIRA
desenvolvimento
craniofacial e das
funções do SE.

Bicos de borracha
abertura e
fechamento da
mandíbula,
processo facilitado.
Quando o
aleitamento
materno não é
possível?
AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA
AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA
AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA

• Estado de alerta da criança;


• Presença de reflexos;
• Sucção não nutritiva;
• Hipofunção ou hipotonicidade de lábios, língua e
bochechas;
• Estabilidade postural global;
• Movimentos mandibulares;

(Tanigute, 2005; Granja, 2011; Susanibar et al., 2015)


AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA

• Protrusão da língua, canolamento da língua;


• Apreensão labial;
• Força;
• Escape de alimento;
• Tempo;
• Ritmo;
• Coordenação.

(Tanigute, 2005; Granja, 2011; Susanibar et al., 2015)


INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA

• Movimentos circulares na região das bochechas;


• Deslizamento digital posteroanterior na região vestibular
dos lábios e gengiva;
• Deslizamento digital posteroanterior nas laterais da língua

(Tanigute, 2005; Granja, 2011; Susanibar et al., 2015)


INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA

• Estimulação da sucção não-nutritiva;


• Massagem para relaxar e anteriorizar a língua;
• Suporte manual para sustentar a mandíbula.

(Tanigute, 2005; Granja, 2011; Susanibar et al., 2015)


AMAMENTAÇÃO NA ATENÇÃO BÁSICA
PROGRAMAS E POLÍTICAS PÚBLICAS

Preparar a Orientações às
equipe de Incentivo
gestantes
saúde

(Machado, 2017)
AMAMENTAÇÃO NA SAÚDE BÁSICA
PROGRAMAS E POLÍTICAS PÚBLICAS
Na atenção básica, o fonoaudiólogo participa de grupos e
atendimentos de gestantes, orientando práticas de
amamentação, promovendo campanhas para aleitamento
materno, orienta quanto as hábitos orais deletérios e sua
influência no crescimento craniofacial e desenvolvimento
das funções orofaciais; desenvolvimento de fala e
linguagem; promove ações para o desenvolvimento
infantil, visando crescimento craniofacial adequado; Atua
na prevenção de crianças com anomalias congênitas onde
pode haver consequências para o desenvolvimento da
comunicação e funções orofaciais.
(Machado, 2017)
AMAMENTAÇÃO NA SAÚDE BÁSICA
PROGRAMAS E POLÍTICAS PÚBLICAS

(Machado, 2017)
AMAMENTAÇÃO NA SAÚDE BÁSICA
PROGRAMAS E POLÍTICAS PÚBLICAS
Rede Cegonha: é um pacote de ações para garanti r o atendimento de
qualidade, seguro e humanizada para todas as mulheres. O trabalho busca
oferecer assistência desde o planejamento familiar, passa pelos momentos da
confirmação da gravidez, do pré-natal, pelo parto, pelos 28 dias pós-parto
(puerpério), cobrindo até os dois primeiros anos de vida da criança. Tudo
dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). A Rede Cegonha é estruturada a
partir de quatro componentes: pré-natal, parto e nascimento, puerpério e
atenção integral à saúde da criança. Portanto a fonoaudiologia novamente
tem seu papel fundamental orientando as gestantes no período pré-natal
quanto ao aleitamento materno, desenvolvimento infantil e hábitos orais. Ao
nascimento auxilia na amamentação e após, com a prevenção e avaliação dos
distúrbios da comunicação e funções orofaciais.

(Machado, 2017)
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
As diversas funções do SE são mantidas por processos fisiológicos
que se sustentam em um crescimento correto, desenvolvimento e
maturação de suas estruturas anatômicas. Os processos funcionais
efetuam-se de maneira progressiva, à medida que o SE cresce,
desenvolve-se e amadurece. O adequado desenvolvimento das
funções propicia um bom desenvolvimento dos OFAs e
consequentemente harmonia entre forma e função.
CONSIDERAÇÕES • Conhecer o processo de
desenvolvimento motor oral auxilia na
prevenção de alterações do
desenvolvimento motor oral

• A amamentação é o processo mais


importante de prevenção das alterações
no desenvolvimento motor oral

• Em casos em que a amamentação não é


possível, o tratabalho fonoaudiológico
com orientações e estimulação precoce
podem minimizar possíveis alterações

• Incentivar a amamentação, participação


nos programas e políticas públicas
1-Tanigute C. Desenvolvimento das funções estomatognáticas. In:
Marchesan I, editor. Fundamentos em Fonoaudiologia: aspectos clínicos
REFERÊNCIAS da motricidade orofacial. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2005. p. 1-
10.

2-Granja L. Desenvolvimento do sistema estomatognático na infância. In:


Silva HJ, Cunha D, editors. O Sistema Estomatognático: anatomofisiologia
e desenvolvimento. São José dos Campos: Pulso; 2011. p. 91-100.

3-Hitos SF, Periotto MC. Amamentação: atuação fonoaudiológica uma


abordagem prática e atual. Revinter, 2009.

4-Junqueira P. amamentação, hábitos orais e mastigação: orientações,


cuidados e dicas. Revinter, 2005.

5-Perilo TVC, et al. Amamentação. In: Motta AR, et al. (organizadores).


Mmotricidade orofacial: a atuação nos diferentes níveis de atenção à
saúde. Pulso, 2017

6-Susanibar F, et al. Motricidade orofacial: fundamentos


neuroanatômicos, fisiológicos e linguísticos. Booktoy, 2015.

7- Marchesan IQ. Fundamentos em fonoaudiologia : aspectos clínicos da


motricidade oral. Rio de Janeiro, Guanabara-Koogan, 1998.

8- Machado MAMP. Contribuições da Motricidade Orofacial para a


Atenção Básica de Saúde. In: Motta AR, et al. (organizadores).
Mmotricidade orofacial: a atuação nos diferentes níveis de atenção à
saúde. Pulso, 2017
Flavia.ferlin@unifesp.br

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