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Nutricionista
na Saúde
Indígena
NOTA TÉCNICA
Nº 001/2023 CRN-7
1
2
CONSELHO REGIONAL DE NUTRICIONISTAS
DA 7ª REGIÃO
2023
3
© 2023 Conselho Regional de Nutricionistas - 7ª Região.
Organização
Conselho Regional de
Nutricionistas 7ª Região (CRN-7)
Autoras
Rahilda Conceição Ferreira Brito Tuma
Talita Cássia de Quadros Guedes
Thais de Oliveira Carvalho Granado Santos
Projeto gráfico
Caio Oliveira
Ilustração
Caio Oliveira
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Sumário
Ementa 7
Modelo de atenção à
Saúde Indígena no Brasil 12
Atribuição do Nutricionista
na Saúde Indígena 17
Vigilância Alimentar e
Nutricional na Saúde Indígena 20
Avaliação e acompanhamento
nutricional da criança 21
Acompanhamento nutricional
da criança com desnutrição 24
Recomendações 28
Referências 29
Leituras recomendadas 33
5
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Ementa
O Conselho Regional de Nutricionistas da 7ª Região (CRN-7) dando continuidade às
ações em prol da recuperação da nutrição, da saúde geral e da melhoria da quali-
dade de vida da população Yanomami, vem disponibilizar apoio técnico no sentido de
garantir que as atividades de gestão, acompanhamento e assistência nutricional sejam
realizadas de forma ética, segura e competente pelos nutricionistas da sua jurisdição
interessados em trabalhar com populações indígenas.
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Marcos da Legislação sobre
Saúde Indígena no Brasil
QUADRO 1 – Principais Marcos Legais da Saúde Indígena no Brasil
Fonte: (1) BARROS; SILVA; GUGELMIN, 2007; (2) SESAI/MS. Apresentação: Povos Indígenas e o
Direito à Saúde, 2017.
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Panorama da Saúde Indígena
O s povos indígenas brasileiros, ao longo da história do país, têm sofrido dife-
rentes formas de violência e violação de direitos que impactaram, e ainda im-
pactam negativamente nas suas vidas até os dias de hoje, principalmente quando se
trata da mudança no estilo de vida e na alimentação destes povos (GAVÉRIO, 2018;
MOURA; BATISTA; MOREIRA, 2010; MOURA, 2007).
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tórias, e contribui para um inadequado crescimento e desenvolvimento na primeira
infância.
Os Agentes Indígenas
de Saúde (AIS) fazem parte das
Equipes Multidisciplinares de
Saúde Indígena (EMSI) dos
Distritos. Eles moram em
aldeias e são responsáveis
pela prevenção de doenças,
acompanhamento de saúde
de crianças a idosos, educa-
ção em saúde e contato com
os profissionais de saúde
do DSEI. Eles trabalham
também como intérpretes e
são os articuladores entre
a medicina convencional
com as práticas tradicionais
indígenas, realizando a
integração das equipes de
saúde com os pajés, xamãs,
rezadores, raizeiros e partei-
ras de cada etnia.
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Modelo de atenção
à Saúde Indígena no Brasil
FIGURA 1 – Sistema Único de Saúde/Subsistema de Saúde Indígena
P ara entender o modelo de atenção à saúde indígena vigente no Brasil, se faz ne-
cessário abordar quais são as atribuições e o papel institucional da SESAI que é
responsável pela execução da atenção básica à saúde dentro dos territórios indígenas.
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Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS) no Sistema Único de Saúde (SUS), promovendo
a atenção primária à saúde e ações de saneamento, de maneira participativa e dife-
renciada, respeitando as especificidades epidemiológicas e socioculturais dos povos
indígenas (MS/SESAI, 2023).
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FIGURA 2 – Mapa de Localização dos 34 DSEIs no Brasil.
Limite Estadual
DSEI
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Fonte: https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sesai/estrutura/dsei
15
Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI): É uma unidade gestora des-
centralizada do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS). Trata-se de um
modelo de organização de serviços – orientado para um espaço etnocultural dinâmico,
geográfico, populacional e administrativo bem delimitado – que contempla um conjun-
to de atividades técnicas, visando medidas racionalizadas e qualificadas de atenção à
saúde. Promove a reordenação da rede de saúde e das práticas sanitárias e desenvolve
atividades administrativo-gerenciais necessárias à prestação da assistência, com o Con-
trole Social (MS/SESAI, 2021).
Fonte: http://www.ccms.saude.gov.br/saudeindigena/asesai/organizacaododsei.html
17
O nutricionista, quando lotado no Polo Base, compõe o Núcleo Ampliado de
Saúde Indígena (NASI). O NASI se configura como uma equipe multiprofissional e
interdisciplinar composta por categorias de profissionais da saúde, complementar às
EMSI. É formada por diferentes ocupações (profissões e especialidades) da área da
saúde, atuando de maneira integrada para dar suporte técnico, sanitário e pedagógico
aos profissionais da atenção à saúde (MS, 2018).
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Vale destacar que a Equipe multidisciplinar de atenção à saúde indígena no
âmbito da ABS tem a seguinte composição: Médico, Enfermeiro, Odontólogo, Téc-
nico/Auxiliar de Enfermagem, Técnico/Auxiliar de Saúde Bucal e Agente Indígena
de Saúde – AIS, sendo que os profissionais Médico, Odontólogo, Técnico/Auxiliar de
Saúde Bucal e AIS podem estar vinculados a mais de uma equipe. Os profissionais
Enfermeiro e Técnicos/Auxiliar de Enfermagem não podem estar vinculados a mais
de uma equipe (MS, 2018).
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Vigilância Alimentar e
Nutricional na Saúde Indígena
C om o objetivo de identificar de forma precoce possíveis desvios nutricionais
na população indígena, principalmente quando se trata dos grupos prioritários:
crianças menores de 05 anos, gestantes e idosos, a SESAI por meio dos DSEIs e
Polos Base realiza o acompanhamento nutricional da população indígena por meio
da Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN). A VAN consiste na descrição e avalia-
ção nutricional contínua, assim como a identificação das condições de alimentação
e nutrição da população indígena assistida, com o propósito de dar respostas às
demandas e necessidades de saúde do território, subsidiando assim o planejamento,
monitoramento e gerenciamento dos programas e estratégias relacionados à me-
lhoria das condições de alimentação e nutrição e seus fatores determinantes (DSEI
GUATOC, 2023).
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Avaliação e acompanhamento
nutricional da criança
O estado nutricional é o resultado do equilíbrio entre o consumo de nutrientes e o
gasto energético do organismo para suprir as necessidades nutricionais (BRA-
SIL, 2007). O uso de indicadores antropométricos na avaliação do estado nutricio-
nal de indivíduo ou coletividades é, entre várias opções, a mais adequada e viável
para ser adotada em serviços de saúde, considerando as suas vantagens como: baixo
custo, simplicidade de realização, facilidade de aplicação e padronização, amplitu-
de dos aspectos analisados, além de não ser invasiva (BRASIL, 2011).
Fonte: aWHO, 2006; bWHO, 2007; cWHO, 1995; dWHO, 2000; eTHE NUTRITION SCREENING
INITIATIVE, 1994; fATALAH SAMUR, 1997; gINSTITUTE OF MEDICINE, 1990.
21
Índíces antropométricos (BRASIL, 2011):
• Peso para idade (P/I): Expressa a relação entre a massa corporal e a ida-
de cronológica da criança. É o índice utilizado para a avaliação do estado nutricio-
nal, contemplado na Caderneta de Saúde da Criança, principalmente para avaliação
do baixo peso. Essa avaliação é muito adequada para o acompanhamento do ganho
de peso e reflete a situação global da criança; porém, não diferencia o comprometi-
mento nutricional atual ou agudo dos pregressos ou crônicos. Por isso, é importante
complementar a avaliação com outro índice antropométrico.
• Peso para estatura (P/E): Este índice dispensa a informação da idade;
expressa a harmonia entre as dimensões de massa corporal e estatura. É utilizado
tanto para identificar o emagrecimento da criança, como o excesso de peso.
Fonte: Adaptado de OMS, 2006. 1 Uma criança com a classificação de peso elevado para a idade
pode ter problemas de crescimento, mas o melhor índice para essa avaliação é o IMC-para-idade
(ou o peso-para-estatura). 2 Uma criança classificada com estatura para idade acima do percentil
99,9 (Escore-Z +3) é muito alta, mas raramente corresponde a um problema. Contudo, alguns
casos correspondem a desordens endócrinas e tumores. Em caso de suspeitas dessas situações, a
criança deve ser referenciada para um atendimento especializado.
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Acompanhamento nutricional
da criança com desnutrição
A desnutrição pode ser definida como uma condição clínica decorrente de uma de-
ficiência ou excesso, relativo ou absoluto, de um ou mais nutrientes essenciais. A
desnutrição pode apresentar caráter primário ou secundário, dependendo da causa que
a promoveu. Entende-se por causa primária a pessoa que come pouco ou “mal”. Ou
seja, tem uma alimentação quantitativa ou qualitativamente insuficiente em calorias e
nutrientes. As causas secundárias estão presentes quando a ingestão de alimentos não é
suficiente porque as necessidades energéticas aumentaram ou por qualquer outro fator
não relacionado diretamente ao alimento. Exemplos: presença de verminoses, câncer,
anorexia, alergia ou intolerância alimentares, digestão e absorção deficiente de nutrien-
tes (BRASIL, 2006).
Profissional da Equipe
Multidisciplinar
de Saúde Indígena
realizando Avaliação
Nutricional de uma criança
24
QUADRO 4 – Classificação clínica da desnutrição e sua correspondência
com o CID 10.
Fonte: Adaptado de Brasil, 2005 – Manual de atendimento da criança com desnutrição grave em
nível hospitalar.
25
ser efetivada nos diferentes níveis de atenção à saúde incluindo à família/comunidade
(BRASIL, 2005).
26
Segundo o “Protocolo de Tratamento de Crianças com Desnutrição Aguda
Grave”, da Organização Mundial de Saúde (BRASIL, 2005) o tratamento da desnutri-
ção infantil grave deve ocorrer em 10 passos, planejados em três fases, sendo elas:
1ª - Fase de estabilização
1. Tratar e prevenir hipoglicemia,
2. Tratar e prevenir a hipotermia,
3. Tratar e prevenir a desidratação e choque,
4. Corrigir os distúrbios hidroeletrolíticos,
5. Tratar infecções
6. Corrigir a carência de micronutrientes,
7. Iniciar a terapia nutricional com cautela.
2ª - Fase de reabilitação
8. Instituir terapia visando recuperação nutricional,
9. Implantação de estratégias de estímulo emocional e sensorial,
10. Preparação para alta hospitalar
3ª - Acompanhamento
27
Recomendações
C onsiderando a possibilidade de abertura e/ou ampliação da oferta de vagas para
nutricionistas nos pontos de Atenção à Saúde Indígena, em decorrência dos
movimentos e articulações políticas que ocorreram após a ampla divulgação da
grave situação de saúde e nutrição da população infantil Yanomami, faz-se urgente
e necessária a adoção de algumas medidas sugeridas a seguir:
• Dar início a uma ampla discussão sobre o tema, com o intuito de envol-
ver gestores, técnicos de instituições públicas e ONGs interessados em
compartilhar experiências e saberes sobre a saúde da população indígena
brasileira;
28
Referências
ALVES, MR. Dinâmica espacial da malária em aldeias indígenas da região amazônica
brasileira [Dissertação]. Rio de Janeiro: Fundação Instituto Oswaldo Cruz. Escola Na-
cional de Saúde Pública Sergio Arouca, 2010.
MOURA, P.G. de; BATISTA, L.R.V.; MOREIRA, E.A.M. População indígena: uma
reflexão sobre a influência da civilização urbana no estado nutricional e na saúde bu-
cal. Rev. Nutr., v. 23, n.3, jun. 2010. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1415-
52732010000300013. Acessado em 29/01/2023.
30
SBP. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Nota de alerta: A Desnutrição In-
fantil Voltou. Em 28 de out. de 2022. Disponível em: https://www.sbp.com.br › filead-
min › user_upload. Acessado em 29/01/2023.
31
COUTINHO, J. G.; GENTIL, P. C.; TORAL, N. A desnutrição e obesidade no Brasil:
o enfrentamento com base na agenda única da nutrição. Cad. Saúde Pública, v. 24 Sup
2:p; 332-340, 2008.
32
Leituras recomendadas
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria nº 2.975, de 14 de dezembro de 2011.
Manual Orientador para Aquisição de Equipamentos Antropométricos. Disponível em:
https://aps.saude.gov.br/biblioteca/visualizar/MTI4NQ==
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SEDE
BELÉM - PA
Edifício Real One, 21º andar
Avenida Governador José Malcher, nº 937 - Nazaré - 66055-260
contato@crn7.org.br
DELEGACIA
MANAUS - AM
Edifício Rio Negro Center, Sala nº 906
Rua 24 de Maio , 220 - Centro - 69010-080
delegaciaam@crn7.org.br
DELEGACIA
PORTO VELHO - RO
Edifício Medical Center, Sala nº 505
Rua Joaquim Nabuco, nº 3200 - Olaria - 76804-340
delegaciaro@crn7.org
CENTRAL TELEFÔNICA
(91) 4042-9744
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GESTÃO 2021 - 2023
Diretoria
Conselheiros Titulares
Conselheiros Suplentes
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crn7.org
crn7_nutri
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