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FISIOLOGIA DA SUCÇÃO
1 A boca do recém-nascido é extremamente sensível, e através dos lábios e ponta da língua são captadas todas
as informações provindas do exterior. Este conjunto é denominado fronte líguo-labial.
2 A partir do fronte líguo-labial partem aferências que levam a desencadear o reflexo da sucção, que ocorre
ritmicamente por comando do núcleo supratrigemial (que por ação dos núcleos motores provocam uma
pressão negativa intraoral – vácuo), exacerbando os espaços de Donders e permitindo a sucção.
3 A mecânica da sucção ocorre em três fases: geração de vácuo (com boca fechada); pressão positiva e
deglutição acoplada.
4 Durante a amamentação, antes que aconteça a sucção, já pode ocorrer a ejeção láctea na mãe lactente, que
se inicia pela compressão do mamilo materno pelos lábios do recém-nascido, levando, através de mecanismo
neuro-endócrino (hipotálamo-hipófise) à compressão dos ácinos glandulares (oxitocina), promovendo a
saída do leite (reflexo de amamentação ou de Ferguson).
5 Da sucção nasce ulteriormente mastigação como processo estomatognático aprendido mas baseado no
prévio programa da sucção.
6 A sucção é um fenômeno alimentar vital, necessário para a alimentação basal do mamífero, sem importar a
sua condição dentária.
FISIOLOGIA DA MASTIGAÇÃO
1 Entende-se por mastigação o conjunto de processos mecânicos visando a destruição mecânica dos
alimentos na boca.
2 Consta de diversas fases mecânicas que constituem o ciclo mastigatório, estas são incisão ou corte no
dente incisivo; trituração ou moagem no dente pré-molar; pulverização ou finalização da bromatotriquia, que
sucede no molar.
3 O ciclo mastigatório está formado por repetições rítmicas de um fenômeno mais elementar: o ato
mastigatório, que está constituído por abertura da boca, fechamento bucal e fase interoclusal ou de aperto
em que é gerada uma pressão interoclusal ou intercuspideana, que é aquela que efetivamente destrói o
alimento.
4 Existem fatores dentro do ato mastigatório que podem ser controlados, como intensidade da força mastigatória
(produzida pela contração isométrica da musculatura levantadora da mandíbula); numero de golpes
mastigatórios (pressão interoclusal); distribuição do alimento pela boca pela língua excitada por reflexos
bucais; mobilidade dentária determinada por distensibilidade periodental e elasticidade óssea, determinando-
se três fases sucessivas de movimentação do dente.
5 Particular relevância desempenha o ligamento periodontal na geração da pressão intercuspideana, no controle
da pressão interoclusal e no reflexo de proteção do periodonto, promovidos por excitação de receptores do
periodonto mesmo.
6 A força mastigatória varia pouco segundo a idade e sexo, mas sim pelo tipo alimentar existente na boca, dos
diversos grupos de dentes e suas posições espaciais. Pode ser maior a influência segundo o tipo de alimento
que recebe habitualmente um individuo.
7 Entende-se por rendimento mastigatório a porcentagem de alimento duro padrão moído num determinado
número de golpes mastigatório. O procedimento de Manly é o mais utilizado e seu valor normal é 78%.
8 Aparentemente a mastigação é aprendida através de vários reflexos, de contato oclusal, de movimentos de
deslizamento ou brúxicos e finalmente de natureza periodental, até se estabelecer o padrão mastigatório
adulto.
9 O controle nervoso da mastigação é determinado por reflexos de origem oral e a imposição de um ritmo
central através da geração de um padrão rítmico mastigatório, provavelmente localizado no corpo amigdaloide
de sistema límbico. É efetivado na formação reticular mesencefálica e pontina, com participação dos núcleos
paragigantocelular e gigantocelular, posteriormente, pelos núcleos mesencefálico do V par, supratrigeminal e
diversos núcleos motores, destacando-se V, VII e XII, como básicos, mas também participendo, IX, X e XI, e
neurônios cervicais C² a C⁵.
10 O reflexo de abertura bucal é iniciado nas estruturas bucais sensíveis como mucosa, ATM e, algo menos, o
periodonto.
11 O reflexo de fechamento inicia-se nos fusos musculares dos levantadores que são distendidos pelo
abaixamento da mandíbula, traduz-se por contração isotônica dos mesmos músculos e relaxamento dos
antagonistas abaixadores, bem como linguais e faciais.
12 Reflexo de aperto ou pressão interoclusal determinado por contração isométrica do músculo levantador
promovida por reflexo iniciado nos receptores de contato oclusal periodontal.
13 As diversas fases da função mastigatória são facilitadas ou sustentadas por contração tônica da musculatura
cervical que determina postura adequada da cabeça para a função mastigatória.
FISIOLOGIA DA DEGLUTIÇÃO
1 Entende-se por deglutição a passagem ativa do conteúdo bucal para o estômago, com o concurso
proeminente da faringe e esôfago. Pode-se referir, quer ao fluxo de bolo alimentar, quer ao fluído ou saliva.
2 Está programada em fases sucessivas: preparatória; oral; faríngea e esofágica. Sendo a primeira
intermediária entre a mastigação precedente e a engolição propriamente tal e obedece a controle voluntário.
3 A fase oral, parcialmente voluntária e reflexa, conta com a participação básica da língua, mandíbula e, na fase
final, do véu palatino; é de curta duração, mas gerando-se o primeiro DP, agindo a língua como pistão.
Considera-se fundamental a contração do músculo genioglosso.
4 A fase faríngea é a mais complexa, porém veloz, durando apenas 0,8 a 1,0 seg. visa gerar vários degraus de
DP e condutância distal, alem de barreira proximais, tendentes a evitar refluxo. A elevação da mandíbula é
fundamental, bem como a alta posição do hioide, facilitando o deslocamento maciço da laringe, que se obstrui
na fase de apneia central concomitante. O músculo tireo-hioideo desempenharia o papel fundamental, seguido
do milo-hioideo. Contudo, na fase inicial, o complexo diretor (músculos hioideos, linguais e faríngeos) é o
maior responsável, seguido da atividade dos laríngeos. Os nervos vago, glossofaríngeo e acessório
representam aresponsabilidade maior.
5 A fase faríngea é parcialmente reflexa, porém, seguida de expressão do padrão rítmico central, perfeitamente
coordenado e sequente, base de sua alta eficiência, dando raramente disfagia. Inicia-se pela excitação de
receptores mucosos do pilar anterior e base da língua para o material consistente, ou de receptores osmóticos
dos canais d’água ou paraepigloticos para estímulos líquidos, ou de receptores intralaríngeos para material
mucoso das vias aéreas descendentes.
6 A fase esofágica ocorre através de movimentos peristálticos (2/3 inferiores) seguindo orientação aboral,
determinados pelos plexos intramurais e controle do vago sua duração é bem maior, até 8 seg. finaliza no
esfíncter esofágico inferior que permite a sua passagem para o estômago.
7 A deglutição é comandada pelo centro funcional da deglutição localizado na formação reticular bulbar que
consta de uma região dorsal, que recepciona as aferências, integrada pelo núcleo do trato solitário e
interneurônios adjacentes, sua função se refere à programação ou geradora do padrão deglutitório rítmico. A
região ventral, formada pelo núcleo ambíguo e interneurônio adjacentes, constituem a base executora ao se
associar aos núcleos motores cranianos (X, XI, IX, XII, V e VII) e cervicais (C³ a C ⁵).
8 O centro de deglutição está fortemente conectado – pelo núcleo do trato solitário – com o centro respiratório
(grupo dorsal e centro pneumotáxico) e o núcleo cardiomoderador que atua através do núcleo motor do vago,
controlando ambas as funções – respiratória e cardiovascular – poderosamente associadas a deglutição.
9 Os neurotransmissores comprometidos na deglutição são de natureza excitadora, como peptídeos, do tipo de
substâncias P, além de aminoácidos, como glutamato. Os neurotransmissores depressores são catecolaminas
e opióides endógenos, encefalinas leu e met.
10 Existem dois tipos de deglutição: a própria do lactente pequeno (pré-eruptiva) associada à sucção, e a
deglutição do adulto ou pós-eruptiva, independente de outras funções, que se apresenta quando há maior
grau de amadurecimento do sistema nervoso central (centro de deglutição bulbar).