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Créditos

Francisco das Chagas S. Araújo – Delegado de polícia, aposentado da Polícia Civil


do Distrito Federal. Membro do grupo de trabalho que coopera com a elaboração e
implantação da Matriz Curricular Nacional. Pós-graduado em Polícia Judiciária
(Academia de Polícia Civil – PCDF). Curso superior de Polícia (Academia de Polícia
Civil – PCDF). Curso sobre PAUTAS DEONTOLÓGICAS Y OPERATIVAS PARA EL
CONTROL DE LA POLICIA na División de Formación y Perfeccionamiento, Centro de
Actualización y Especialización, Dirección General de la Policía, Ministerio del
Interior, Ávila, España. Treinamento em técnicas de investigação sobre crimes
relacionados ao abuso e desaparecimento de crianças, facilitados pela internet,
promovido pelo International Centre for Missing & Exploited Children. Curso de
Gestión de Riesgo Catastróficos y Atención a Desastres promovido pela Agencia
Española de Cooperación Internacional – AECI. Professor da Academia de Polícia
Civil da PCDF, das disciplinas: Investigação criminal, Técnicas de entrevista e
interrogatório, Ética policial e Procedimentos de polícia judiciária. Foi corregedor-
geral e chefiou diversas delegacias da PCDF. Foi subsecretário de doutrina, ensino e
pesquisa da SSP/DF.

Curso Investigação criminal 1– Módulo 1


SENASP/MJ - Última atualização em 31/10/2008
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Apresentação
O curso Investigação criminal dá início a desconstrução de um paradigma que diz
que o conhecimento de investigação criminal só diz respeito àquele que tem a
competência legal para investigar. Essa “verdade” tem impedido que os demais
profissionais de segurança pública possam colaborar na produção da prova
criminal.

Colaborar sim, pois o investigador é, no máximo, o segundo a chegar à cena do


crime. Antes disso, quantos fatores poderão contribuir para a alteração dos dados
que poderão indicar autoria e circunstâncias do delito?

Para a efetiva colaboração, o profissional deverá ter o mínimo de informação técnica


que o habilite a adotar as primeiras providências de proteção e formatação da
prova.

De que adiantaria o profissional operacional de rua chegar primeiro ao local de


delito e não saber delimitar e isolar potencial ambiente repositório de vestígios de
um crime?

Ou não ter habilidades que o levem a identificar e coletar informações que


possibilitarão a formulação das primeiras hipóteses para explicação do delito?

O crime tem vozes que só poderão ser ouvidas nos primeiros momentos.

Que ouça então quem tem capacidade para ouvir e esse será sempre o primeiro que
chega ao local.

A investigação criminal é interdisciplinar e cada procedimento é complementar ao


outro. Significa que cada “ator” do processo, dentro de sua parcela de
responsabilidade e conhecimento, complementa a atividade do outro, num sistema
contínuo de interdependência, sem que isso signifique a sobreposição ou
usurpação de atribuições.

Não há dúvida de que o processo de investigação criminal corresponde ao processo


de produção de um conhecimento científico, pois, tal qual uma pesquisa científica,
é movido por um raciocínio correto e ordenado, a partir de fatos que levam a uma
hipótese testável que, além de explicar os fatos que compõem o fenômeno
investigado, permite aplicações práticas com o julgamento do autor. É esse ponto
de vista que permitirá ao investigador a adoção de estratégias que garantam a
valorização da prova como “essência” do direito de punir do Estado, fundado na
democracia e no direito.

A investigação Criminal é ferramenta de conexão dos fundamentos constitucionais


de cidadania e respeito à dignidade da pessoa humana na busca de provas da
prática de um delito, daí a necessidade de que seja tratada com a devida lealdade
científica.

O curso Investigação criminal tem “como referência os princípios contidos na Matriz


Curricular Nacional e os eixos ético, legal e técnico, pertinentes ao ensino do
profissional da área de segurança pública, num Estado Democrático de Direito”.
Curso Investigação criminal 1– Módulo 1
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O curso Investigação criminal tem como principal objetivo, criar condições para que
os profissionais de segurança pública tenham o acesso às informações que
possibilitem sua real colaboração na produção da prova criminal.

Este curso é formado por duas Unidades, cada um com 60 horas aula. A Unidade I
abordará conteúdos teóricos da investigação criminal enquanto a Unidade II
abordará conhecimentos de natureza prática.

A participação na Unidade II terá como pré-requisito a conclusão da primeira parte.

Reflita sobre os temas abordados. Promova novas pesquisas e aplique esses


conhecimentos com entusiasmo e respeito aos desafios do ofício de apurar
infrações penais.

Este curso está dividido em 8 módulos:

Módulo 1 - A investigação criminal como instrumento de defesa da cidadania

Módulo 2 - Investigação criminal: aspectos conceituais

Módulo 3 - Investigação criminal: princípios fundamentais

Módulo 4 - Fundamento legal da investigação criminal

Módulo 5 - A lógica aplicada à investigação criminal

Módulo 6 - Perfil profissional do investigador

Módulo 7 - A interdisciplinaridade da investigação criminal

Módulo 8 - Valorização da prova

Módulo 1 - A investigação criminal como instrumento de defesa da


cidadania
Ao final deste módulo, você será capaz de:

Explicar a idéia de segurança pública concebida como tutela de direitos;

Ter a percepção da investigação criminal como instrumento de defesa de direitos


fundamentais; e

Identificar os princípios fundamentais de sustentação da democracia brasileira.

O conteúdo do módulo está distribuído em uma aula:

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Aula 1 - Modelos de polícia e investigação policial
Quando se fala em modelo de polícia a pergunta a ser respondida é:

A que tipo de sociedade ela deve servir?

O pacto político firmado em 1988 pela sociedade brasileira foi no sentido de


formatar um Estado Democrático de Direito fundado nos princípios de:

Soberania;
Cidadania;
Dignidade da pessoa humana;
Valores sociais do trabalho;
Livre iniciativa; e
Pluralismo político.

Para garantir esse modelo de sociedade, será preciso uma nova configuração da
idéia de segurança pública concebida como tutela de direitos e não de preservação
da ordem pública, pois são diferentes as concepções.

A diferença das concepções de tutela de direitos e de preservação da ordem pública


é apontada pelo texto introdutório de um manual sobre a relação polícia e direitos
humanos, editado pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados:

Uma polícia para a preservação da “ordem”, afinal, só pode ser concebida como
uma instituição a serviço da manutenção do status quo braço armado Estado
voltado, sempre que necessário, contra as “classes perigosas”. (ROLIM, 2000, p. 9)

A idéia de segurança pública associada a “tutela de direitos” remete a um conjunto


de direitos básicos que devem ser garantidos. A percepção de segurança para o
cidadão é a que está relacionada com o respeito aos seus direitos fundamentais.

Como os serviços de segurança pública são de atendimento da integralidade da


cidadania, a polícia faz parte de uma rede interdisciplinar de tutela dos valores de
sustentação do Estado Democrático de Direito, num processo complexo
cooperativo e complementar.

A investigação criminal é uma das ferramentas utilizadas pela polícia na prestação


dos serviços de garantia do cidadão.

As práticas infracionais atentam contra o sistema de direitos fundamentais que


garante a sobrevivência de uma sociedade democrática. Como visto, a razão de ser
da polícia é garantir o livre e pacífico exercício desses direitos. Portanto, a
investigação criminal deverá se adequar às demandas decorrentes dos mesmos.

A sociedade precisa mesmo de uma polícia?

Jaume Curbet (1983, p. 75) remete a reflexão sobre o tema com uma citação do
escritor francês Balzac que diz: “Os governos passam, as sociedades morrem, mas a
polícia é eterna.”

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Há dois pontos de vista a serem considerados a partir dessa assertiva:

Apesar de todas as mudanças políticas e sociais operadas, as polícias continuam


modeladas em princípios que não atendem as demandas das comunidades.

Seja qual for o modelo de sociedade, esta sempre precisará da tutela da organização
policial.

Num sistema de garantias de direitos fundamentais, de que adiantaria, por exemplo,


o direito à moradia se o cidadão não pudesse permanecer em casa com
tranqüilidade e segurança?

A primeira Constituição Francesa de 1791, já declarava a importância da tutela


policial dos direitos do homem e do cidadão, quando dizia em seu artigo 12,
conforme citação de Ballbe (1983 ):

“A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma força pública.


Esta força se institui, portanto, para benefício de todos e não para a utilidade
particular daqueles que a têm a seu cargo.”

Tanto a nossa Constituição (1988), como a Francesa (1791) resultam na garantia da


soberania do Estado, no respeito ao exercício dos atos de cidadania e da dignidade
de cada cidadão, bem como dos valores sociais e das liberdades. Sendo assim, as
práticas da investigação criminal devem refletir a certeza de que cada uma delas
tutela a garantia do modelo político adotado pelo Estado Democrático de Direito.

A investigação criminal necessita refletir o benefício a toda comunidade, pois ela


tem dupla função, prevenir e reprimir a prática de delitos.

Conclusão
Neste módulo você viu uma abordagem sobre o papel da investigação criminal
como instrumento de defesa da cidadania.

Foi discutido o novo modelo de polícia proposto pela Constituição Federal de 1988,
onde é trocada a velha teoria de segurança pública de preservação da ordem pela
teoria de segurança pública de tutela de direitos.

A investigação criminal, como ferramenta dessa tutela, terá que se adequar à nova
concepção.

No próximo módulo serão discutidos os aspectos conceituais da investigação


criminal.

Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar a compreensão


do conteúdo.

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O objetivo destes exercícios é complementar as informações apresentadas nas
páginas anteriores.

1. Analise a afirmativa a seguir e explique como isso poderá se tornar prático.

“(...) a investigação criminal é uma das ferramentas utilizadas pela polícia na


prestação dos serviços de garantia do cidadão.”

Resposta pessoal

2. Você estudou que um dos princípios de sustentação do Estado Democrático de


Direito é a dignidade da pessoa humana.

Avalie suas práticas como profissional de segurança pública ressaltando no que elas
refletem ou contrariam esse princípio.

Resposta pessoal

Orientação

A dignidade é um valor inerente às personalidades das pessoas que se manifesta na


autodeterminação consciente e responsável da própria vida, esperando que as
demais pessoas o respeitem. Ao eleger a dignidade da pessoa humana, fundamento
do Estado Democrático, a intenção foi fazer com que a liberdade individual tenha
um mínimo de invulnerabilidade mesmo diante das ações necessárias de controle
do próprio Estado. A dignidade da pessoa humana como fundamento democrático,
fomenta unidade aos direitos e garantias fundamentais.

As práticas da apuração de provas são extremamente invasivas e sempre numa rota


de colisão com essa liberdade individual das pessoas, exigindo do profissional de
segurança pública, portanto, extremo cuidado para que não ultrapasse esse mínimo
de liberdade que diz respeito à auto-estima das pessoas.

3. Exponha, a partir do que foi estudado e de sua vivência, que tipo de polícia a
sociedade atual precisa?

Resposta pessoal

Orientação

A sociedade precisa de uma polícia que acompanhe as mudanças políticas e sociais


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atendendo aos princípios e demandas das comunidades.

A polícia deve levar em conta os exercício e atos da cidadania e da dignidade de


cada cidadão, bem como os valores sociais. Como visto, a razão de ser da polícia é
garantir o livre e pacífico exercício desses direitos.

Este é o final do módulo 1


A investigação criminal como instrumento de defesa da cidadania

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Módulo 2 - Investigação criminal: aspectos conceituais
Ao final deste módulo, você será capaz de:

Definir investigação criminal;

Explicar as finalidades da investigação criminal; e

Listar as modalidades de investigação criminal.

O conteúdo do módulo está dividido em 2 aulas:

Aula 1 - Conceito e finalidade; e

Aula 2 - Classificação da investigação criminal.

Aula 1 - Conceito e finalidade


O que é a investigação?

Muito provavelmente o cinema policial tem sido uma boa oportunidade de


discussão do tema. Mas a ficção nem sempre é a melhor oportunidade para uma
reflexão sobre a investigação como método de respeito aos direitos fundamentais
do cidadão.

Povoam nosso imaginário os incríveis detetives dos filmes e da literatura policial


que tudo podem em nome da lei.

Investigar é uma atividade instigante pela emoção de percorrer labirintos que


sempre levarão à explicação de um delito. Esse é o foco romântico da investigação
criminal. Só que a prática requer conhecimentos e métodos sistematizados para que
o resultado sempre seja a correta construção da verdade.

O que é investigar?

Veja a definição encontrada no dicionário Aurélio:

Investigar. [ Do Lat. Investigare. ] V. t. d. 1. Seguir os vestígios de. 2. Fazer diligências


para achar; pesquisar, indagar, inquirir: investigar as causas de um fato. 3. Examinar
com atenção; esquadrinhar. (Ferreira, 1975, p. 781)

Veja que todas as definições são compatíveis com o contexto do processo de busca
da prova: seguir os vestígios; fazer diligências para achar; pesquisar; indagar;
inquirir; examinar com atenção; e esquadrinhar. São realidades que se
complementam num contexto interdisciplinar.

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O resultado da ação de investigar é a investigação que complementada pelo
adjetivo criminal, foca na reconstrução do cenário de um delito.

Conceito de investigação criminal

O mesmo dicionário Aurélio valida a compreensão sinonímica da ação investigativa


quando registra:

“Investigação. [Do lat. Investigatione.] S. f. 1. Ato ou efeito de investigar; busca,


pesquisa. 2. Indagação minuciosa; indagação, inquirição. (1975, p. 781)

Tanto as definições do verbo que expressa o agir e o sentir dos executores, como as
do nome, que expressam o resultado daquelas ações, nos levam à percepção de que
a investigação é um conjunto de atos que se complementam.

Então, você pode dizer que:

Investigação criminal é o conjunto de procedimentos interdisciplinares, de natureza


inquisitiva, que busca, de forma sistematizada, a produção da prova de um delito
penal.

Finalidade da investigação criminal

A produção da prova penal ocorre no Brasil, em grande parte, na fase que antecede
o processo, por meio do inquérito policial. A finalidade da investigação criminal é
coincidente com a finalidade daquele procedimento, dividida em três eixos: remota,
mediata e imediata.

Finalidade remota – A aplicação da lei penal e a tutela dos direitos fundamentais do


cidadão;

Finalidade mediata – Produzir subsídios para a promoção da ação penal pelo


Ministério Público ou pelo ofendido; e

Finalidade imediata – Apuração de provas das circunstâncias e autoria das infrações


penais para indiciamento do autor pela autoridade policial.

Aula 2 - Classificação da investigação criminal


Foi visto que a investigação criminal é um conjunto de procedimentos do qual
participam vários conhecimentos (interdisciplinar). Esse processo tem a
coordenação direta ou indireta da autoridade policial, de forma integrada e
complementar.

Os dados tanto poderão ser coletados de vestígios deixados em objetos


relacionados com a prática do delito, como do depoimento de pessoas que, de
alguma forma têm ou tiveram algum vinculo com o fato investigado.

É a natureza funcional do investigador que irá determinar um dos critérios de


classificação da investigação criminal.
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Critérios de classificação

Há provas produzidas pelo investigador cujas atividades, na estrutura funcional,


estão diretamente vinculadas ao controle da autoridade policial, ou seja, acontece,
via de regra, no âmbito do cartório da organização policial. Exemplo disso é o que
ocorre com a coleta de depoimentos, reconhecimentos, e outros, feita sob a
coordenação direta do delegado.

Enquanto isso, a prova baseada em vestígios materiais, tem sua produção em


laboratórios e é executada por peritos sem uma subordinação funcional direta da
autoridade policial. Essas circunstâncias possibilitam a classificação do processo
investigatório em cartorária e técnico-científica.

O conceito de investigação criminal como um conjunto de procedimentos


sistematizados sugere uma segunda modalidade de classificação no que diz
respeito aos momentos em que é praticada. Com essa visão, Mingardi (2005, p. 11)
oferece uma classificação da investigação do homicídio, que também pode ser
aplicada no contexto da investigação criminal, como sendo investigação preliminar
e investigação de segmento.

Classificação quanto à natureza funcional do investigador

Investigação criminal cartorária

A investigação criminal cartorária é aquela desenvolvida sob o controle técnico-


funcional direto da autoridade policial, no âmbito do cartório da organização.

EXEMPLOS: Ordem de serviço expedida a uma equipe de profissionais da seção de


investigação para localizar determinada testemunha ou para identificar as
testemunhas de um determinado delito, e o reconhecimento de um suspeito.

Investigação criminal técnico-científica

A investigação criminal técnico-científica é aquela desenvolvida pelos peritos, sob a


coordenação técnico-operacional indireta da autoridade policial. É feita mediante
requisição da autoridade que preside a investigação.

EXEMPLOS: A análise de mancha de sangue feita pelo perito no local de crime, e


necropsia feito pelo legista.

Classificação quanto ao momento da execução

Investigação criminal preliminar

A investigação criminal preliminar é aquela que se inicia logo após a notícia do


crime e continua até a liberação do local pela polícia.

EXEMPLO: A investigação no local de crime.

Investigação criminal de segmento


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Investigação de segmento ocorre após a polícia deixar o local e é feita tendo como
ponto de partida os indícios ou provas obtidas na investigação preliminar.

EXEMPLO: Os exames periciais e os depoimentos coletados após a liberação do


cenário.

Essas duas modalidades são gerais, abrangem a investigação cartorária e a técnico-


científica.

Conclusão
No segundo módulo foram discutidos os aspectos conceituais e a finalidade da
investigação criminal.

A classificação, ainda que com aparência eminentemente pedagógica, tem


fundamental importância na prática do profissional da investigação pois lhe dar a
percepção da natureza sistêmica do processo.

Quanto a finalidade, permite que o profissional compreenda que os limites da


investigação vão bem mais longe do universo da unidade policial e tem real função
de tutela dos direitos fundamentais do cidadão.

No próximo módulo você terá oportunidade de conhecer e discutir os princípios


legais que regulam as atividades da investigação criminal.

Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar


a compreensão do conteúdo.

O objetivo destes exercícios é complementar as informações


apresentadas nas páginas anteriores.
1. Você estudou que a finalidade da investigação criminal se divide em três eixos:
remota, mediata e imediata. Numa avaliação crítica, descreva o efeito prático desse
conhecimento para a efetividade da investigação criminal.

Resposta pessoal

Orientação

A investigação criminal está contida em um sistema jurídico que o contempla com


uma finalidade tridimensional que vai da produção de provas, para fundamentar o
indiciamento do autor no inquérito policial, passando pelo oferecimento de
subsídios à instauração da ação penal pelo promotor de justiça ou pelo ofendido,
chegando à aplicação da lei e ao resguardo dos direitos fundamentais, em um nível
político de proteção do Estado Democrático de Direito.

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Percebendo esse alcance da investigação, o profissional da segurança pública
saberá que sua atividade, por mais simples que seja, está em um contexto do qual é
parte de grande importância, por isso não poderá ser negligenciada.

2. Leia, analise os fatos e identifique, comentando, os tipos de investigação criminal


desenvolvidos na apuração do caso.

Numa ocorrência de roubo a um supermercado, os infratores fogem levando


dinheiro e cheques subtraídos dos caixas. Para assegurar a fuga, deixam alguns
empregados amarrados no banheiro e atiram, matando o segurança.

A polícia militar isola e preserva o local. Para a coleta de provas deixadas no cenário,
são chamados os investigadores da delegacia de polícia da área e os peritos
criminais.

O corpo do segurança é encaminhado ao IML e, como não houve prisão em


flagrante dos autores, foi instaurado inquérito policial para apuração do evento
criminoso.

Resposta pessoal

Orientação

Perceba que no contexto da repressão ao delito, há a intervenção de setores


diversos da atividade de segurança pública, em circunstâncias e momentos
variados.

Há dois momentos da investigação, na cena do crime e depois, com a instauração


do inquérito, no cartório da delegacia e nos departamentos de investigação técnico-
científica. Portanto, há uma fase preliminar e uma de segmento.

Veja também, que a busca da prova é executada tanto pelos peritos criminais e
médico-legistas como pelos investigadores das delegacias.

3. Quanto à finalidade mediata da investigação criminal, marque a afirmativa


correta:

( ) Corresponde à aplicação da lei penal e a tutela dos direitos fundamentais do


cidadão.

( ) Corresponde à aplicação da pena pelo processo investigatório

( ) Corresponde à produção de subsídios para a promoção da ação penal.

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( ) Corresponde à apuração de provas das circunstâncias e autoria das infrações
penais para indiciamento do autor.

4. Assinale a afirmativa correta:

( ) A classificação da investigação criminal quanto ao momento de execução


corresponde às atividades desenvolvidas na cena do crime.

( ) A investigação criminal preliminar se inicia com o despacho do delegado para a


equipe de investigação, após receber o boletim de ocorrência com as informações
colhidas no local de crime.

( ) Quanto ao momento da execução, a investigação criminal pode ser classificada


em de segmento e cartorária.

( ) O depoimento das testemunhas nos autos do inquérito policial é um exemplo


de investigação criminal de segmento.

Este é o final do módulo 2


Investigação criminal: aspectos conceituais
Gabarito:
3. Corresponde à produção de subsídios para a promoção da ação penal.
4. O depoimento das testemunhas nos autos do inquérito policial é um exemplo de
investigação criminal de segmento.

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Módulo 3 - Investigação criminal: princípios fundamentais
Ao final deste módulo, você será capaz de:

Definir o que são princípios;

Listar os princípios constitucionais que regem a investigação criminal quanto ao


aspecto legal; e

Nomear os princípios doutrinários que regulam a investigação criminal quanto ao


aspecto operacional.

O conteúdo do módulo está dividido em 3 aulas:

Aula 1 - Princípios;
Aula 2 - Princípios constitucionais da investigação criminal; e
Aula 3 - Princípios operacionais da investigação criminal.

Aula 1 - Princípios
O procedimento investigatório para cumprir sua função tutelar dos direitos
fundamentais precisa moldar-se em princípios que possibilitem essa adequação.

Princípios são regras básicas que determinam condutas obrigatórias e impedem a


adoção de procedimentos com eles incompatíveis. Eles são os fundamentos de
determinados procedimentos e elementos de ação transversal em todos os atos
públicos.

Sendo a investigação criminal ato da Administração Pública, incidem sobre ela


princípios que fundamentam a gestão dessa administração, bem como princípios
específicos da metodologia de execução técnico - cientifica.

Os princípios aplicados à investigação são regras de operacionalidade da função


protetora de direitos fundamentais que lhe é imposta.

Quanto maior o grau de lesividade do ato investigatório, maior deverá ser o cuidado
do investigador com as garantias protetoras do investigado.

Suas práticas diárias como agente público


têm sido norteadas com essa percepção?

Aula 2 - Princípios constitucionais da investigação criminal


O marco inicial dos princípios que regem a investigação criminal é o artigo 37, da

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Constituição Federal que formula os fundamentos legais que deverão servir de
referência para todos os atos da Administração Pública.

Art. 37. A Administração Pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...)

Veja cada um destes princípios nas próximas páginas.

Princípio da legalidade

Foi visto que no Estado Democrático de Direito todos deverão se submeter à


supremacia da lei.
O princípio da legalidade é a pedra de toque do Estado de Direito e estabelece dois
tipos de relação, uma com a Administração Pública, outra com o cidadão.

Relação com a Administração Pública

A atuação da administração pública só pode ser operada em conformidade com a


lei. É uma relação de submissão.

Relação com o cidadão

É permitido ao cidadão fazer tudo aquilo que a lei não proíbe. Não poderá ser
obrigado a fazer o que não lhe é determinado por lei. É uma relação de autonomia
que resulta no princípio da liberdade do ser humano, configurado, também, na
Constituição Federal com um dos princípios fundamentais:

Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de
lei. (CF, artigo 5º, inciso II)

O princípio da legalidade é direito fundamental de cidadania, que servirá de base


para todos os demais princípios.

Observe que a definição dada pela norma constitucional ao vocábulo lei não é
restrita, é abrangente, compreendendo a lei propriamente dita e todo o contexto
jurídico em que ela está contida. Significa que as normas que regulam a
investigação criminal, mesmo as administrativas (portarias, ordens de serviços,
protocolos de procedimentos, etc.) estão nesse contexto e deverão respeitar o
princípio da legalidade.

Princípio da impessoalidade

A impessoalidade na investigação criminal significa que as atitudes do investigador


deverão refletir objetividade no atendimento do interesse público, sem qualquer
possibilidade de promoção pessoal do agente ou da autoridade.

O interesse público contido na investigação criminal é o de explicar o fato


acontecido, para que os dados coletados possam formar a prova necessária para
aplicação da pena justa ao infrator.
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Não cabe utilizar a investigação para promoção pessoal de quem quer que seja. O
ato de investigar não deve ser usado para prejudicar ou beneficiar determinada
pessoa.

Princípio da moralidade

A moralidade da administração pública está relacionada com aquilo que a


sociedade, em determinado momento, considerou eticamente adequado,
moralmente aceito.

As práticas da investigação terão que estar de acordo com a opinião moral vigente
no grupo social, como honestidade, bondade, compaixão, equidade e justiça.

As decisões tomadas para o processo da investigação deverão adequar-se aos


valores que a sociedade adota como linha para a relação de convivência das
pessoas e dessas para com o ambiente.

Princípio da publicidade

O significado fundamental do princípio da publicidade é de transparência.

Esse termo aplicado à investigação criminal, cuja natureza


tem como elemento principal o sigilo, é possível?

Transparência na administração pública tem como objetivo o controle que poderá


ser feito pela própria administração, pelo poder judiciário e pelo cidadão.

O controle da gestão pública exercido pelo cidadão é garantia fundamental de


direitos assegurada em vários itens constitucionais do artigo 5º, como o de receber
dos órgãos públicos informações de interesse particular, coletivo ou geral (inciso
XXXIII); o de obtenção de certidões em repartições públicas (inciso XXXIV); e o de
conhecimento de informações relativas à pessoa interessada, constantes de bancos
de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter
público (inciso LXXII).

E na investigação, como se aplicaria esse princípio?

Como toda regra, o princípio não é absoluto. A própria Constituição impõe limite,
colocando como exceção ao direto à informação, as hipóteses de sigilo:

[...] Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado. (CF, artigo 5º, inciso XXXIII)

A transparência é a regra. A exceção está expressa na lei.

Todos os atos da investigação são necessariamente sigilosos?

Em princípio não. No caso da investigação criminal, devem ser considerados dois


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aspectos:

O contexto da apuração de interesse da sociedade em geral, pois diz respeito às


demandas imediatas de bem-estar da coletividade; e

O aspecto de ato operacional específico, cujo interesse é mediato.

A apuração de provas da prática de um delito, como ato geral de gestão pública,


deve ser do conhecimento da comunidade, para que tenha segurança jurídica
quanto à garantia de proteção de seu bem-estar. Entretanto, mesmo sendo de seu
interesse, os procedimentos operacionais de apuração, em regra, são executados
em sigilo, exatamente para garantir a execução da investigação.

Já imaginou se a polícia anunciar antecipadamente as estratégias que irá aplicar na


investigação de delitos praticados por quadrilhas de tráfico de drogas? É pouco
provável que consiga alguma prova.

Princípio da eficiência

Esse princípio também é de observância prioritária e universal no exercício de toda


atividade administrativa do Estado. O termo remete à definição de boa
administração vinculada à produtividade, profissionalismo e adequação técnica do
exercício funcional às demandas do interesse público.

A administração pública e seus profissionais, no exercício das atividades funcionais,


deverão aplicar os recursos avaliando a relação de custo-benefício, buscar a
otimização de recursos, aplicar os critérios técnicos e legais necessários para maior
eficácia possível em benefício da boa qualidade de vida do cidadão. E, ainda, diz
respeito ao investimento na formação profissional.

A aplicação prática do princípio na investigação criminal se concretiza com todos os


cuidados necessários para sua eficácia, desde o planejamento, com a escolha
adequada dos meios, até os cuidados com a proteção aos direitos fundamentais das
pessoas envolvidas no processo e com a legalidade na coleta da prova.

Saiba mais...

Segundo Pazzaglini (2000, pag. 32) , “o administrador público tem o dever jurídico
de, ao cuidar de uma situação concreta, escolher e aplicar, dentre as soluções
previstas e autorizadas pela lei, a medida eficiente para obter o resultado desejado
pela sociedade”.

Aula 3 - Princípios operacionais da investigação criminal


A operacionalidade da investigação criminal é sustentada pelo tripé formado pelos
princípios da compartimentação sigilosa, do imediatismo e da oportunidade.

Princípios da compartimentação sigilosa

Compartimentar é o mesmo que compartir, ou seja, dividir em compartimentos.


Ainda, conforme definições encontradas nos dicionários, distribuir por vários
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indivíduos ou lugares. Os dois significados são compatíveis com o sentido posto
para o princípio em análise.

O sigilo é inerente à própria arquitetura da investigação criminal. Imagine se as


informações colhidas nesse processo pudessem ser devassadas por qualquer
pessoa. Provavelmente, a polícia nunca apuraria provas de um delito. Diz a lei
processual penal:

[...] Art. 20 A autoridade assegurará ao inquérito policial o sigilo necessário à


elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. (Código de Processo
Penal)

A prática demonstra que a regra de conduta pós-delito adotada pelo infrator é de


esforço máximo para “deletar” o maior número possível de vestígios que possam
ligá-lo à cena do crime.

O sigilo tem o fim de proteção dos dados que deverão ser submetidos à verificação
quanto à sua validade e credibilidade como prova.

Compartimentar a investigação é dividi-la, literalmente, em pequenas porções. É


como se fossem pequenas caixas dentro de uma caixa maior, cada uma preservando
sua parte do todo, mas estão interligadas por um setor de controle e filtragem. É
uma estratégia para operacionalizar o sigilo. Dependendo da complexidade da
investigação, o sigilo só será possível com a partição de atos. Os compartimentos
terão que ser estanques, fechados, para impedir a troca de informações dentro do
próprio grupo que investiga um mesmo delito.

Compartimentação sigilosa é o processo de separação, por partes estrategicamente


definidas, da investigação criminal, para evitar que haja troca de informações entre
os grupos de investigadores, garantindo o maior grau possível de sigilo e o êxito da
investigação.

Como fazer isso?

O exemplo mais prático é da investigação dos crimes de extorsão mediante


seqüestro. Por via de regra é preciso que a investigação ocorra em vários campos,
envolvendo grupos de trabalho diversos e específicos em frentes diferentes.

A complexidade do evento requer atividades como reconhecimento de ambientes,


negociação, rastreamento de informações, análise de dados, vigilância, proteção a
pessoas, etc.

A diversidade de atos, de investigadores e ambientes, aumenta o risco de


“vazamento” de informações. A solução é dividir essas informações em pequenas
“caixas” sob o controle de um grupo gestor.

Imagine que um dos investigadores que esteja fazendo o reconhecimento seja


capturado pelos infratores. O passo seguinte será colher dele, a qualquer custo,
tudo que saiba sobre a operação policial. Caso conheça todos os procedimentos da
operação, a probabilidade de que venha a delatar é muito grande, dependendo dos
métodos aplicados pelos infratores.
Curso Investigação criminal 1– Módulo 3
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A compartimentação deverá ocorrer tanto em relação aos grupos de investigação
entre si, como em relação dos grupos com a comunidade que corresponde aos
demais servidores da unidade policial e ao público externo.

Protocolo de compartimentação

No protocolo deverão constar todos os procedimentos que serão adotados para


preservação da compartimentação sigilosa:

Determinar o número de compartimentações (de grupos operacionais);

Definir o grupo de investigadores;

Determinar os dados que serão coletados pelo grupo;

Definir a base de execução e gestão das atividades;

Estabelecer regras de comando e de comunicação;

Estabelecer regras de segurança das informações; e

Estabelecer as estratégias de ação e determinar o prazo.

Princípio do imediatismo

Outro fundamento operacional da investigação é o princípio do imediatismo. Trata


da condição de ação imediata para a tomada da decisão que irá desencadear o
processo investigativo.

O termo imediato tem as definições de seguido, logo, depois, próximo, instantâneo.

Imediatismo na investigação não tem relação com a imprudência ou precipitação. A


necessidade de eficácia, falada no princípio constitucional correspondente, não
comporta desleixo com o plano de investigação.

Mesmo no procedimento mais simples sempre haverá a necessidade de breve plano


para o início da investigação.

O princípio do imediatismo impõe que, recebida a notícia da infração, o


desencadeamento da investigação seja pronto e breve, mas em condições que
garantam sua eficiência e eficácia.

O plano inicial deve ser breve, pois provisório e necessário para formulação das
hipóteses preliminares.

Quanto mais tempo o investigador levar para iniciar a investigação, maior será o
risco de perda de informações. Os primeiros momentos depois do crime são
potencialmente mais promissores para a investigação. É o período em que os
vestígios estão mais evidentes.

Curso Investigação criminal 1– Módulo 3


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O tempo é fator de eficácia ou ineficiência da investigação. Quanto mais deixado
passar, encarrega-se do desaparecimento de vestígios e da memória das
testemunhas. Facilita também, a contra-investigação dos infratores.

Princípio da oportunidade

O imediatismo e a oportunidade, aparentemente paradoxais, são ações


complementares. Também está contido no princípio da eficiência como
possibilidade prática de dar qualidade ao ato de investigação. Os dois princípios são
pontos de equilíbrio mútuo.

O princípio da oportunidade significa que o investigador, com plano breve e seguro,


deverá conceber o momento mais favorável, mais conveniente para iniciar o
processo de busca das provas.

A aplicação dos princípios do imediatismo e da oportunidade evita a precipitação


de atos que possam dificultar ou prejudicar a eficácia do resultado.

Conclusão
Você viu que a investigação criminal faz parte de um contexto de grande
importância para a manutenção do Estado Democrático de Direito. Portanto, está
submetida ao controle legal para que possa cumprir sua missão de apurar provas da
prática de um delito.

O ato de investigar a não é poder absoluto. Para que cumpra seu papel de tutela é
preciso que a investigação seja submetida ao controle de princípios que estão na
própria Constituição Federal.

A legalidade é o elemento de controle que perpassa todo o processo da


investigação para garantir a validade de seu produto como prova no processo
criminal

Veja no próximo módulo que desses princípios surgem as normas legais


determinantes dos limites a serem obedecidos pela investigação criminal.

Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar


a compreensão do conteúdo.

O objetivo destes exercícios é complementar as informações


apresentadas nas páginas anteriores.
1. Explique como o “princípio da impessoalidade” se reflete nas práticas da
investigação criminal.

Resposta pessoal

Curso Investigação criminal 1– Módulo 3


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Orientação

A impessoalidade nos atos de investigação significa que ela não deva ser executada
para satisfazer interesse pessoal do investigador, mas sim o interesse público na
busca da prova de um delito.

2. Demonstre um efeito prático da aplicação do “princípio da compartimentação


sigilosa”, na eficácia da investigação criminal.

Resposta pessoal

Orientação

Compartimentar a investigação é dividi-la em partes que serão executadas por


grupos diversos, separados, sem que um conheça a atividade do outro, mas sob
gestão única. É uma estratégia de gestão que possibilita maior controle do
necessário sigilo.

3. Assinale as afirmativas corretas:

( ) O princípio da eficiência aplicado à investigação criminal, se concretiza com


todos os cuidados necessários para sua eficácia, desde o planejamento, com a
escolha adequada dos meios, até os cuidados com a proteção aos direitos
fundamentais das pessoas envolvidas no processo e com a legalidade na coleta da
prova.

( ) A aplicação do princípio do imediatismo, aplicado à investigação criminal,


significa que, tomando conhecimento do crime, o investigador deva desencadear,
imediatamente, sem qualquer plano, a coleta de provas.

( ) A relação do princípio da legalidade com o cidadão é uma relação de submissão.

( ) As atividades de estabelecer regras de comando e de comunicação e de


estabelecer regras de segurança das informações estão no protocolo de
compartimentação.

4. Considerando os princípios aplicados à investigação criminal, associe as colunas:

( ) Princípio da oportunidade.

( ) Princípio da publicidade.

Curso Investigação criminal 1– Módulo 3


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( ) Princípio do imediatismo.

1. Significa que o investigador, com plano breve e seguro, deverá conceber o


momento mais favorável, mais conveniente para iniciar o processo de busca das
provas.

2. O tempo é fator de eficácia ou ineficiência da investigação. Quanto mais passar,


fará com desapareça os vestígios e as lembranças da memória das testemunhas.
Facilita também, a contra-investigação dos infratores.

3. Transparência na administração pública tem como objetivo o controle que


poderá ser feito pela própria administração, pelo poder judiciário e pelo cidadão.

Este é o final do módulo 3


Investigação criminal: princípios fundamentais

Gabarito:

3. O princípio da eficiência aplicado à investigação criminal, se concretiza com todos


os cuidados necessários para sua eficácia, desde o planejamento, com a escolha
adequada dos meios, até os cuidados com a proteção aos direitos fundamentais das
pessoas envolvidas no processo e com a legalidade na coleta da prova; e

As atividades de estabelecer regras de comando e de comunicação e de estabelecer


regras de segurança das informações estão no protocolo de compartimentação.
4. 1-3-2

Curso Investigação criminal 1– Módulo 3


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Módulo 4 - Fundamento legal da investigação criminal
Ao final deste módulo, você será capaz de:

Relacionar as regras constitucionais de controle dos atos de investigação criminal;

Descrever os valores fundamentais da Constituição garantidores do respeito à


dignidade do investigado; e

Aplicar as normas legais de controle da efetividade da busca da prova pela


investigação criminal.

O conteúdo do módulo está dividido em 4 aulas:

Aula 1 - Contextualização dos fundamentos;


Aula 2 - O controle na Constituição Federal;
Aula 3 - O controle no Código de Processo Penal; e
Aula 4 - O controle nas leis especiais.

Aula 1 - Contextualização dos fundamentos


A investigação criminal é um conjunto de atos da Administração Pública. Atos
administrativos que são orientados por princípios que dão legitimidade às práticas
do investigador.

No Estado Democrático de Direito a legalidade é o fundamento de todos os atos da


administração.

Você já deve ter ouvido o provérbio latino que diz: “Todo poder vem da lei”. A lei é a
sustentação de toda a arquitetura da investigação criminal. Para ter validade, é
preciso que cada parte do processo seja formatada de acordo com o modelo
definido em lei.

O modelo jurídico dos atos está expresso tanto na Constituição Federal como no
Código de Processo Penal e em outras leis especiais que regulamentam atividades
específicas de investigação criminal, como a “infiltração” de policiais em grupos
organizados.

O ato de investigar, por sua natureza, é invasivo, por isso, precisa de controle
absoluto para que o dano causado seja sempre o estritamente necessário para a
coleta da prova.

Curso Investigação criminal 1– Módulo 4


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Aula 2 - O controle na Constituição Federal
A Constituição Federal é a estrutura de todo o sistema político e jurídico do Estado.
Suas normas estabelecem o formato jurídico, político e social da República
Federativa do Brasil.

O texto do primeiro módulo do curso revela a inserção das polícias num contexto de
defesa de direitos fundamentais do cidadão, nos quais está contida a segurança
pública e, dentro dessa, as atividades de apuração das infrações penais.

A tutela de direitos desemboca em controle de liberdades e limitação de direitos


individuais e coletivos, pois a proteção impõe a colocação de anteparos que
garantam o limite das individualidades. Ocorre que a preservação dos valores que
compõem esses direitos requer equilíbrio entre o ato de controle e as liberdades do
indivíduo.

O texto constitucional cuidou de delinear os métodos de equilíbrio entre o


procedimento policial e os direitos do investigado no artigo 5°, que trata dos
direitos e garantias fundamentais e enumera os direitos e deveres individuais e
coletivos:

[...] Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes. (CF, artigo 5º )

Eles são valores fundamentais, garantidores da existência da pessoa humana como


membro de uma sociedade democrática. Princípios que norteiam todas as normas
de controle da cidadania.
O ato de investigar é bidimensional. Ao mesmo tempo protege e limita os direitos
do cidadão.

O modelo de polícia concebido pela Constituição Federal é de organização


garantidora de direitos e prestadora de serviços, valores que replicam na
investigação criminal.

Dos direitos e deveres formatados nos incisos do artigo 5°, da CF, os que mais
tangenciam a operacionalidade da investigação criminal são estes:

Exigências ilegais;

[...] II - Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei.

Como visto anteriormente, é o outro lado do princípio da legalidade. É a parte que


cabe ao cidadão na relação com a lei. Enquanto o agente público só pode fazer o
que a lei permite, do cidadão só pode ser cobrado como obrigação aquilo que a lei
diz que ele deve ou não fazer.

Prática de atos não abusivos;

Curso Investigação criminal 1– Módulo 4


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[...] III - Ninguém será submetido à tortura nem ao tratamento desumano ou
degradante.

Essa norma vem desconstruir, de uma vez por todas, o paradigma da força do poder
como ferramenta básica da investigação criminal.

O principal fator de movimentação da busca da prova do crime é a legalidade.

Resguardo da intimidade das pessoas; e

[...]X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;

XI - A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem


consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; e

XII - É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de


dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou
instrução processual penal.

São três princípios que resguardam uma das mais importantes condições de
sobrevivência do ser humano: a intimidade.

A intimidade é condição básica do bem-estar da pessoa humana; a possibilidade de


ter, só para si, momentos e ambientes destinados à reflexão e recomposição de sua
natureza. Essa necessidade é contemplada em um dos fundamentos, já vistos, do
Estado Democrático de Direito: o respeito “à dignidade da pessoa humana”.

Provas ilegais.

[...] LVI - São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos.

A legalidade é a essência de toda a ação da administração pública. Não é isso? É a


compensação das liberdades concedidas tanto ao cidadão como à administração
pública. A prova é o elemento fundamental na aplicação da pena. É a única
possibilidade para o Estado estabelecer a relação jurídica entre ele e o suspeito da
prática de um delito, por isso, todas as informações de explicação da prática
delituosa não poderão ser contaminadas por atos abusivos.
Essa contaminação poderá ocorrer tanto na metodologia da coleta quanto na da
análise dos dados. Uma hipótese formulada com base em preconceitos poderá levar
a um resultado não verdadeiro que manchará todo um processo.

EXEMPLO: Um roubo ocorrido nas proximidades de uma “favela”. A primeira


hipótese do investigador é de que o autor seja morador daquele núcleo, baseado
apenas nas condições econômicas e sociais daquele ambiente.

As variáveis, que são mais fruto do preconceito do que de um estudo científico,


poderão não ser verdadeiras e desencadear uma série de procedimentos abusivos,
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como buscas e prisões ilegais.
A Constituição ainda formula os princípios de gestão da administração pública
vistos no módulo anterior.

Aula 3 - O controle no Código de Processo Penal


No Código de Processo Penal estão as normas de regulamentação operacional da
investigação.

Do artigo 6 ao 250, no Código de Processo Penal - CPP, estão as regras de


operacionalidade do procedimento. Vão desde o recebimento da notícia do crime
até aos procedimentos metodológicos de coleta e análise dos dados de prova, tanto
material quanto testemunhal.

Na preservação do cenário do crime

[...] Art. 6°
Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial
deverá:

I - Dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e


conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais. (Código de Processo
Penal)

Metodologia da investigação criminal no CPP

A metodologia adotada no CPP é o da pesquisa descritiva, utilizando técnicas


padronizadas de coleta sistêmica de dados.

O Código de Processo Penal arquiteta um processo metodológico com abordagem


clara de interdisciplinaridade e complementaridade dos atos de investigação
criminal.

O modelo adotado é de co-participação, justaposição de diferentes disciplinas e


atores que desenvolvem um processo de complementação das atividades.

Código de Processo Penal

[...] II - Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos
peritos criminais;

III - Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias;

IV - Ouvir o ofendido;

V - Ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo


III, do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por 2 (duas)
testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;

VI - Proceder o reconhecimento de pessoas e coisas e as acareações;


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VII - Determinar, se for caso, que se proceda o exame de corpo de delito e quaisquer
outras perícias;

VIII - Ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e


fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; e

IX - Averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar


e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do
crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a
apreciação do seu temperamento e caráter.

Art. 7o Para verificar a possibilidade de a infração ter sido praticada de determinado


modo, a autoridade policial poderá proceder a reprodução simulada dos fatos,
desde que essa não contrarie a moralidade ou a ordem pública.

Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 (dez) dias, se o indiciado tiver
sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nessa
hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30
(trina) dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.

§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos
ao juiz competente.

[...] Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do


fato ou exigido pelo interesse da sociedade.

A coleta e análise dos dados

A coleta e análise dos dados que irão possibilitar a verificação das hipóteses
formuladas estão regulamentas nos capítulos que tratam:

Do exame de corpo de delito e das perícias em geral, do artigo 158 ao 184;

Do interrogatório do acusado, do artigo 185 ao 196;

Das testemunhas, do artigo 202 ao 225;

Do reconhecimento de pessoas e coisas, do artigo 226 ao 228;

Da acareação, artigos 229 e 230;

Dos indícios, artigo 239; e

Da busca e apreensão, do artigo 240 ao 250.

Aula 4 - O controle nas leis especiais


Investigação do crime organizado

A investigação criminal ainda é submetida ao controle por meio de leis especiais,


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como a Lei nº 9.034, de 3 de maio de 1995, que dispõe sobre a utilização de meios
operacionais para a prevenção e repressão de ações praticadas por organizações
criminosas.

A lei, além de definir o conceito de crime organizado, estabelece a operacionalidade


de algumas técnicas de investigação possíveis na coleta de prova do delito
específico.

Lei nº 9.034, de 3 de maio de 1995

[...] Art. 1o Esta lei define e regula meios de prova e procedimentos investigatórios
que versem sobre ilícitos decorrentes de ações praticadas por quadrilha ou bando
ou organizações ou associações criminosas de qualquer tipo.

Art. 2o Em qualquer fase de persecução criminal são permitidos, sem prejuízo, dos já
previstos em lei, os seguintes procedimentos de investigação e formação de provas:
I - (Vetado).
II - A ação controlada, que consiste em retardar a interdição policial do que se supõe
ação praticada por organizações criminosas ou a ela vinculada, desde que mantida
sob observação e acompanhamento, para que a medida legal se concretize no
momento mais eficaz do ponto de vista da formação de provas e fornecimento de
informações;
III - O acesso a dados, documentos e informações fiscais, bancárias, financeiras e
eleitorais;
IV - A captação e a interceptação ambiental de sinais eletromagnéticos, óticos ou
acústicos, e o seu registro e análise, mediante circunstanciada autorização judicial; e
V - Infiltração por agentes de polícia ou de inteligência, em tarefas de investigação,
constituída pelos órgãos especializados pertinentes, mediante circunstanciada
autorização judicial.
Parágrafo único. A autorização judicial será estritamente sigilosa e permanecerá
nessa condição enquanto
perdurar a infiltração. (Lei nº 9.034, de 3 de maio de 1995)

Na produção e tráfico ilícito de drogas

A Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, que institui o Sistema Nacional de Políticas


Públicas sobre Drogas – Sisnad, dentre outras medidas, estabelece normas para a
investigação criminal na repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de
drogas, bem como limites para essa atuação.

Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006

[...] Art. 53 Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos
nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e
ouvido o Ministério Público, os seguintes procedimentos investigatórios:

I - A infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação, constituída pelos


órgãos especializados pertinentes; e

II - A não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos


ou outros produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no território
Curso Investigação criminal 1– Módulo 4
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brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar maior número de
integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal
cabível.

Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a autorização será concedida


desde que sejam conhecidos o itinerário provável e a identificação dos agentes do
delito ou de colaboradores. (A Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006)

Na interceptação de comunicações

A lei permite, para eficácia do resultado final com relação ao tráfico, além da prática
da técnica de infiltração, regras de limitação da investigação no que diz respeito aos
usuários de drogas.

Da mesma forma, a Lei n° 9.296, de 24 de julho de 1996, regulamenta os


procedimentos de investigação criminal na aplicação de técnicas de interceptação
de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, bem como do fluxo de
comunicações em sistemas de informática e telemática.

A metodologia de controle da investigação criminal, especialmente nas ações de


maior invasividade, é sempre com adoção de medidas de gestão direta e imediata
do juiz e do promotor de justiça.

Lei n° 9.296, de 24 de julho de 1996

[...] Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para


prova em investigação criminal e em instrução processual penal, observará o
disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente da ação principal, sob
segredo de justiça.

Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de


comunicações em sistemas de informática e telemática.

Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando


ocorrer qualquer das seguintes hipóteses:
I - Não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
II - A prova puder ser feita por outros meios disponíveis; e
III - O fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de
detenção.

Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação
objeto da investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados,
salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada.

Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo


juiz, de ofício ou a requerimento:
I - Da autoridade policial, na investigação criminal; e
II - Do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução
processual penal.

Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação telefônica conterá a


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demonstração de que a sua realização é necessária à apuração de infração penal,
com indicação dos meios a serem empregados.

§ 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado


verbalmente, desde que estejam presentes os pressupostos que autorizem a
interceptação, caso em que a concessão será condicionada à sua redução a termo.
§ 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, decidirá sobre o pedido.

Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também a


forma de execução da diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias,
renovável por igual tempo, uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de
prova.

Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os procedimentos de


interceptação, dando ciência ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua
realização.

§ 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação da comunicação interceptada,


será determinada a sua transcrição.
§ 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o resultado da
interceptação ao juiz, acompanhado de auto circunstanciado, que deverá conter o
resumo das operações realizadas.
§ 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a providência do artigo 8°, ciente
o Ministério Público.

Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de que trata esta Lei, a autoridade


policial poderá requisitar serviços e técnicos especializados às concessionárias de
serviço público.

Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer natureza, ocorrerá


em autos apartados, apensados aos autos do inquérito policial ou do processo
criminal, preservando-se o sigilo das diligências, gravações e transcrições
respectivas.

Parágrafo único. A apensação somente poderá ser realizada imediatamente antes


do relatório da autoridade, quando se tratar de inquérito policial (Código de
Processo Penal, artigo 10, § 1°) ou na conclusão do processo ao juiz para o despacho
decorrente do disposto nos artigos. 407, 502 ou 538, do Código de Processo Penal.

Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial,
durante o inquérito, a instrução processual ou após esta, em virtude de
requerimento do Ministério Público ou da parte interessada.

Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo Ministério Público,


sendo facultada a presença do acusado ou de seu representante legal.

Art. 10 Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de


informática ou telemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial
ou com objetivos não autorizados em lei.

Importante!
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Lembra do equilíbrio entre os atos da investigação e as liberdades
do investigado?

A metodologia de controle da investigação criminal, especialmente


nas ações de maior invasividade, é sempre com adoção de medidas
de controle imediato do juiz.

Conclusão
Este módulo abordou o conteúdo das regras constitucionais e as que são postas em
outras normas, para controle da investigação criminal.

Você viu que o foco maior das regras está voltado para o respeito à dignidade das
pessoas e à legalidade dos atos investigatórios. O legislador chega ao extremo
quando determina que o próprio juiz assuma, pessoalmente, algumas diligências.

É o reflexo do modelo de Estado Democrático de Direito repercutindo em todos os


atos da Administração Pública.

No módulo seguinte, será discutida a natureza científica do processo investigatório


criminal.

Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar


a compreensão do conteúdo.

O objetivo destes exercícios é complementar as informações


apresentadas nas páginas anteriores.
1. Segundo a Constituição Federal, “[...] são invioláveis a intimidade, a vida privada, a
honra e a imagem das pessoas...”.

Aponte atitudes do investigador que sejam o reflexo dessa norma constitucional.

Resposta pessoal

Orientação

A intimidade, a vida privada e a imagem das pessoas são direitos fundamentais


garantidos no nosso Estado Democrático de Direito, pela Constituição Federal, mas
que precisam ser efetivados pelas atitudes dos agentes públicos, guardiões desses
direitos.

Na investigação criminal essas garantias se efetivam com o respeito que você dá ao


trato com as pessoas envolvidas. Por exemplo, durante uma busca, revistar o espaço
extremamente necessário para a coleta da prova, procurando incomodar ao mínimo
as pessoas residentes no local, preservando suas imagens de exposições públicas
desnecessárias.

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2. Assinale as alternativas corretas:

( ) O sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das


comunicações telefônicas, poderá ser quebrado, sem ordem judicial, para apuração
de crime contra a vida das pessoas.

( ) O pedido de interceptação de comunicação telefônica não precisa conter a


demonstração de que a sua realização é necessária à apuração de infração penal.

( ) Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes de tráfico ilícito de


drogas, é permitida, como procedimento investigatório, a não atuação policial sobre
os portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros produtos utilizados
em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de
identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de tráfico e
distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível.

3. Assinale a alternativa errada:

( ) Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial


deverá investigar a vida do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e
social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do
crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a
apreciação do seu temperamento e caráter.

( ) Quanto ao procedimento investigatório de interceptação de comunicação


telefônica, em nenhuma hipótese, o juiz poderá admitir que o pedido seja
formulado verbalmente, mesmo que estejam presentes os pressupostos que
autorizem a interceptação.

( ) Para verificar a possibilidade de a infração ter sido praticada de determinado


modo, a autoridade policial poderá proceder a reprodução simulada dos fatos,
desde que essa não contrarie a moralidade ou a ordem pública.

( ) Na investigação dos crimes organizados, em qualquer fase de persecução


criminal, é permitido o procedimento da ação controlada, que consiste em retardar
a interdição policial do que se supõe ação praticada por organizações criminosas ou
a ela vinculada.

Este é o final do módulo 4


Fundamento legal da investigação criminal

Curso Investigação criminal 1– Módulo 4


SENASP/MJ - Última atualização em 22/11/2008
Página 11
Gabarito:

2. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes de tráfico ilícito de


drogas, é permitida, como procedimento investigatório, a não atuação policial sobre
os portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros produtos utilizados
em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de
identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de tráfico e
distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível; e

3. Quanto ao procedimento investigatório de interceptação de comunicação


telefônica, em nenhuma hipótese, o juiz poderá admitir que o pedido seja
formulado verbalmente, mesmo que estejam presentes os pressupostos que
autorizem a interceptação.

Curso Investigação criminal 1– Módulo 4


SENASP/MJ - Última atualização em 22/11/2008
Página 12
Módulo 5 - A lógica aplicada à investigação criminal
Ao final deste módulo, você será capaz de:

Descrever a investigação criminal como um processo científico;

Formular o problema em uma investigação criminal; e

Elaborar hipóteses indicativas das circunstâncias e autoria de um crime.

O conteúdo do módulo está distribuído em uma aula:

Aula 1 - Processo científico da investigação criminal


Todas as formas de conhecimento pretendem compreender a realidade. A diferença
entre o conhecimento científico e as demais formas, como é o caso do
conhecimento do senso comum, é a maneira como se procede para sua obtenção.

Para Denker (2007, p. 29), “o conhecimento científico se caracteriza pela reflexão e


intenção de construção de um corpo metodicamente ordenado de conhecimentos,
orientado pelo emprego certifico”.

O processo da investigação criminal corresponde ao processo de produção de um


conhecimento científico?

Nesse processo há o emprego de métodos científicos?

O que é um método científico?

Leia o conceito de Denker (2007, p. 29): “Método científico é um conjunto de regras


ou critérios que servem de referência no processo de busca da explicação ou da
elaboração de previsões em relação a questões ou problemas específicos”.

Diz, ainda, a autora, que o emprego do método é que faz com que o conhecimento
seja considerado científico. Para ela, são três os elementos que formam a base da
investigação científica e caracterizam o conhecimento como ciência: a teoria, o
método e a técnica.

O Código de Processo Penal e outras normas complementares estabelecem uma


metodologia, ou seja, uma maneira concreta de se realizar a busca do
conhecimento (prova) de uma realidade específica (o ato delituoso).
O processo da investigação

Analisando o padrão geral da investigação científica, é possível constatar, como diz


Copi (1981, p. 391), que “o detetive, cujo objeto não é idêntico ao do cientista puro,
mas cuja abordagem e técnica para a investigação dos problemas ilustram,
claramente, o método científico”.

Toda investigação parte de um problema. O problema é a questão que se pretende


resolver: o fato (crime?) apresentado para o investigador.

Curso Investigação criminal 1– Módulo 5


SENASP/MJ - Última atualização em 31/10/2008
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O processo da investigação criminal não é diferente. Há um problema (o fato),
formulação de hipótese (Crime? Homicídio?...) e uma conclusão (crime tal, praticado
de determinada forma por determinada pessoa).

Processo de Investigação criminal

Problema = Formulação de hipótese = Conclusão

Formulação do problema

Para iniciar uma investigação não basta um fato que sugira a prática de um crime. É
preciso que o investigador, tal qual o cientista, de forma reflexiva, formule
indagações.

Segundo John Dewey, citado por Copi (1981, p. 392), “todo pensamento reflexivo –
termo que inclui tanto a investigação criminal quanto a pesquisa científica – é uma
atividade de resolução de problemas”. A conclusão de Copi (1981, p. 392 ) é de que,
“antes que o detetive ou o cientista metam ombros a uma tarefa, tem que sentir
primeiro a presença de um problema”.

Formular um problema diante de um fato, muitas vezes de aparente insignificância


jurídica, nem sempre é tarefa fácil. Ainda segundo Copi, a mente ativa vê problemas
onde a pessoa obtusa só vê objetos familiares.

Sherlock Holmes, criação literária ontológica do escritor inglês A. Conan Doyle, é a


mais emblemática e clássica referência ao detetive astuto, capaz de solucionar até o
mais desconcertante mistério.

Usando esse herói dos contos policiais, Copi (1981, p. 392), descreve uma visita que
o Dr. Watson fizera a Holmes numa época de Natal quando o viu utilizando uma
lente e pinças para examinar antiga cartola, sem brilho, rasgada em muitos lugares e
de uso impossível. Depois das saudações, Holmes disse ao intrigado Watson,
referindo-se à sua estranha tarefa: “Peço-lhe que não encare este objeto como uma
velha cartola, e sim, como um problema intelectual.”

O certo é que aquela cartola os levou a uma das suas mais interessantes aventuras
que não teria existido se o detetive Holmes não a tivesse visto, desde o princípio,
como um problema.

Problema

O que é um problema então?

Podemos caracterizar um problema como um fato ou um grupo de fatos, para o


qual não dispomos de qualquer explicação aceitável, que pareça incomum ou que
não se adapte às nossas expectativas ou preconceitos. (COPI, 1981, p. 392)

Na investigação criminal, o problema é o fato posto diante do investigador como


elemento no mundo jurídico e que requer uma definição das circunstâncias em que
ocorreu. É o caso sob investigação.

Curso Investigação criminal 1– Módulo 5


SENASP/MJ - Última atualização em 31/10/2008
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Análise do caso

Leia o caso:

O cadáver de uma mulher jovem é encontrado no aterro sanitário que fica fora da
área urbana. Estava sem a cabeça e as duas mãos que tinham sido decepadas. Junto
ao corpo, também decepados, estavam os membros inferiores da vitíma.

Há uma explicação aceitável para esse fato?

Está o investigador diante de circunstâncias próprias para a formulação de um


problema que mereça ser investigado?

A formulação do problema requer do investigador informações doutrinárias sobre a


repercussão do evento (condutas criminosas) no mundo jurídico, tendo como
referencial os conhecimentos produzidos a respeito e aqueles sobre as
circunstâncias até então conhecidas (dados do boletim de ocorrência).

Formulação da hipótese preliminar na investigação criminal

Diante do problema, o investigador dará início a um processo de raciocínio que o


leva a conclusões, a partir das premissas formuladas. As observações iniciais dos
dados conhecidos levarão o investigador a um processo de hipóteses do fato para
que possa emitir suas primeiras opiniões sobre o caso.

Evidentemente não é possível chegar a uma conclusão antes do exame de um


número razoável de provas, entretanto, também não é possível colher dados para
serem analisados sem que haja uma suposição do caso.

As informações iniciais permitirão a formulação das primeiras hipóteses a serem


testadas com a análise dos dados, ou seja, serão levantadas as teorias iniciais sobre a
natureza do delito, as possíveis circunstâncias e a metodologia a ser aplicada na
investigação. Inicialmente não precisa ser uma teoria completa e nem é possível,
mas deve ser o suficiente para traçar as linhas gerais da investigação e permitir a
seleção dos dados a serem examinados.

Na prática...

Volte ao caso apresentado.


No primeiro momento a única informação é que houve a morte de uma mulher,
cuja cabeça e membros foram decepados.
Na cena, o investigador terá a possibilidade de observar uma série de informações
que o levarão a formular as primeiras hipóteses.

Exemplo: Houve um homicídio. O crime não ocorreu no local onde foi encontrado o
cadáver.

As circunstâncias conhecidas sugerem essas possibilidades. Não há marcas de luta,


nem manchas de sangue que sugiram ser aquele o local da prática do evento.

Curso Investigação criminal 1– Módulo 5


SENASP/MJ - Última atualização em 31/10/2008
Página 4
O processo seguinte é coletar dados que possam confirmar ou não, as hipóteses
preliminares ou auxiliar em novas formulações.

Para se iniciar uma investigação séria, diz Copi (1981, p. 395) que a hipótese
preliminar é tão importante quanto a existência do próprio problema.

Claro que as primeiras hipóteses, quase sempre, são decorrentes de conjecturas


baseadas em experiências anteriores. Serão sempre incompletas e, muitas vezes,
diferentes da solução final do caso, mas de extrema importância como fonte
movedora da busca das provas.

Hipótese é uma suposição feita pelo investigador na tentativa de responder o


problema (o fato questionado). É a resposta provável de qual, como e quem
praticou o crime, que precisa ser testada pela investigação.

Compilação de dados adicionais na investigação

É certo que as informações iniciais quase sempre são insuficientes para a apuração
total do caso. Mesmo a situação em que há prisão em flagrante do autor, sempre
requer investigação complementar.

O investigador competente verá nesses fatos preliminares a possibilidade de


construir hipóteses que poderão conduzi-lo à explicação total do evento.

O investigador não poderá se deixar conduzir apenas pela obviedade dos fatos, mas
analisar com cuidado cada uma das informações.

Quantas informações complementares poderão ser colhidas no cenário? Marcas de


pneus de veículos, de calçados, objetos que poderão relacionar aquele cadáver a
outro cenário e testemunhos. A observação criteriosa do ambiente levará a outras
reflexões, hipóteses e dados adicionais.

Formulação da hipótese definitiva

Formuladas todas as hipóteses preliminares, os fatos decorrentes deverão ser


avaliados quanto à relevância e validade como prova. A análise de validação usará
como padrão o modelo legal de prova.

A elaboração de uma hipótese envolve um processo criador que tem suporte tanto
na imaginação como no conhecimento do investigador. Esse processo poderá
receber estímulos da percepção e de observações feitas no contexto do fenômeno.

Mesmo a hipótese mais simples exige do investigador uma capacidade ampla de


percepção dos fatos em toda sua integralidade.

Na prática...

Volte ao caso.
O investigador, ao se deslocar, provavelmente, baseado nos conhecimentos
acumulados com estudos e fatos anteriores, irá formular suas primeiras hipóteses.
Por exemplo, poderá considerar que, em situação parecida, havia um crime
Curso Investigação criminal 1– Módulo 5
SENASP/MJ - Última atualização em 31/10/2008
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passional como explicação.

Fontes de hipóteses

Os fatores que estimulam o processo de formulação da hipótese na investigação


são, segundo Denker (2007, pp. 94/95):

Observação – Estabelecimento associativo de relações pela observação dos fatos do


dia-a-dia.
Resultado de outras pesquisas (investigações) – A repetição de experimentos
(hipóteses) permite que se tenha uma idéia da regularidade com que os fatos
ocorrem.
Teorias – Elas verificam a validade das explicações teóricas.
Intuição – São propostas pelo pesquisador (investigador).

Informações, intuição experiência

O ensinamento de Pádua (2005, p. 46) é de que “a vivência, a área de especialização,


a criticidade e a intuição do pesquisador são fatores relevantes nessa fase do
processo heurístico (Processo de descoberta), fatores que garantem a produção do
conhecimento científico”.

Aplicando essa teoria das fontes de hipóteses à investigação criminal, certo é que
para formular uma possibilidade sobre a ocorrência do delito, o investigador deverá
considerar as informações conhecidas, suas experiências profissionais, o
conhecimento acadêmico adquirido, sua capacidade de intuir, dosando tudo isso
com uma visão global e crítica do contexto.

Verificação das conseqüências das hipóteses

A boa hipótese permitirá que o investigador passe dos fatos iniciais para outros
novos fatos em que a existência só foi possível de verificar com a hipótese
preliminar.

A característica operacional da hipótese é ser passível de verificação, segundo


Pádua (2005, p. 45), para quem essa verificação pode ser realizada de duas maneiras:

Pela observação – Estudo dos fenômenos tais como se apresentam; e

Pela experimentação – Estudo dos fenômenos em condições determinadas pelo


pesquisador.

Para a investigação criminal, aplica-se a técnica da observação. Toda hipótese deve


ser plausível e estar relacionada a uma teoria, no caso, o direito penal e todo o
conhecimento transversal ao tema (sociologia, psicologia, medicina, engenharia,
conhecimentos técnico-operacionais, etc.).

A verificação da hipótese, feita pela investigação, é a confirmação ou não dos


elementos de interpretação formulados provisoriamente.

No caso que está sendo analisado...


Curso Investigação criminal 1– Módulo 5
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Página 6
A hipótese preliminar aponta para a possibilidade de que o crime tenha ocorrido em
outro lugar. Essa hipótese está fundada no resultado da observação do local de
encontro do cadáver que resultou na localização de um tíquete de estacionamento
pago, que levou a um prédio de escritórios, daí a uma sala e às testemunhas que
apontaram um suspeito.

A constatação é de que o suspeito fora visto, tarde da noite, colocando uma caixa
pesada no porta-malas de seu veículo. Fato comprovado pelo vídeo das câmeras do
circuito interno do prédio.

Que outra hipótese você formularia com base nessas variantes diante do fato em
questão?

O mais provável é de que o conteúdo da caixa deveria ser o cadáver da vítima.


A investigação pericial feita no veículo e no escritório do suspeito constatou a
presença de sangue da vitima.

Você faria novas hipóteses?

Se a caixa não estava junto do cadáver, provavelmente fora abandonada em algum


lugar. Onde?

Uma busca constatou que estava na lixeira do prédio onde reside o suspeito e
dentro dela uma faca suja de sangue.

Na caixa havia uma etiqueta com o endereço do escritório do suspeito, manchas de


sangue e fragmentos de impressões digitais.

Exames periciais indicaram que o sangue era da vítima e as impressões digitais, do


suspeito.

Observações detalhadas no cenário onde estava o cadáver, indicaram sinais de que


os membros decepados da vitima haviam sido ocultados naquele mesmo local.
Com as impressões digitais foi possível fazer a identificação da vítima.
Também, sob as unhas do cadáver, havia fragmentos de tecidos de pele humana,
constatando-se por exame de DNA, serem do rosto do suspeito.

O processo investigativo sistematizado levou o investigador à verificação dos fatos


decorrentes de hipóteses formuladas.

Testemunhas informaram que a vítima freqüentava o escritório. Fotos e bilhetes, ali


encontrados, comprovaram que ela era amante do amante do suspeito que
ameaçava terminar o romance e resolveu matá-la diante da ameaça que ela fazia de
revelar o caso para sua esposa.

No contexto das hipóteses preliminares e fatos, o investigador constrói a hipótese


final que explica o fenômeno submetido ao processo de investigação.
Nesse caso, houve um homicídio praticado pelo suspeito, motivado pela reação a
uma chantagem.

Curso Investigação criminal 1– Módulo 5


SENASP/MJ - Última atualização em 31/10/2008
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Aplicação da hipótese

Naturalmente, o investigador não quer apenas uma explicação dos fatos. Por uma
questão legal sua missão também é apontar o autor do delito. Toda a teoria
construída terá que ter uma aplicação prática para apontar o autor, dizer onde
poderá ser encontrado e submetido a julgamento.

As conseqüências deduzidas a partir das hipóteses, passaram a ser a demonstração


da verdade, por meio dos exames periciais, dos testemunhos e das observações do
investigador cartorário, que será submetida à validação no processo judicial.

Essa é a imagem da investigação criminal. Tal como o processo de uma pesquisa


científica, movida por um raciocínio correto e ordenado, a partir de fatos que levam
a uma hipótese testável que, além de explicar os fatos que compõem o fenômeno
investigado, ainda permite aplicações práticas com o julgamento do autor.

Conclusão
Não há dúvida de que a investigação criminal busca um conhecimento que é a
prova de um delito, de sua autoria e de como aconteceu. Esse conhecimento tem
base em três elementos: a teoria, o método e a técnica que dão característica ao
conhecimento científico.

Há dúvida de que a investigação é um processo científico?

Como toda investigação científica, parte de um problema, formula hipóteses e


elabora uma conclusão, obedecendo uma metodologia própria contida no Código
de Processo Penal e outras normas.

Como processo científico a investigação criminal merece ser respeitada como tal
sendo executada por profissionais com postura de verdadeiros cientistas.

No próximo módulo, será feita uma abordagem do perfil desse profissional cientista
da investigação criminal.

Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar


a compreensão do conteúdo.

O objetivo destes exercícios é complementar as informações


apresentadas nas páginas anteriores.
1. Com sua experiência, descreva e comente procedimentos que confirmem a
investigação criminal como processo científico. Compartilhe sua resposta com o
grupo.

Resposta pessoal

Orientação

Você viu que o investigador criminal aplica a mesma abordagem e técnica do


Curso Investigação criminal 1– Módulo 5
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Página 8
cientista para a investigação dos delitos (problemas) ilustrando, claramente, o
método científico.

Quando você, como investigador, toma conhecimento de uma ocorrência, está


diante de um problema que precisa ser explicado. É feita a análise desse problema,
quando levanta a hipótese de que seja um determinado delito ocorrido de tal
forma. Começa então a fazer a verificação da hipótese (coleta das provas) para
confirmá-la ou não.

Confirmada a hipótese, você chega à conclusão de que ocorreu um determinado


delito, em tais circunstâncias e com certo autor.

2. Considerando o processo científico da investigação criminal, relacione as colunas:

1. Método científico.

2. Fonte da hipótese.

3. O problema da investigação.

4. Hipótese.

( ) A repetição de experimentos permite que se tenha uma idéia da regularidade


com que os fatos ocorrem.

( ) Conjunto de regras ou critérios que servem de referência no processo de busca


da explicação ou da elaboração de previsões em relação a questões ou problemas
específicos.

( ) Suposição feita pelo investigador na tentativa de responder o problema (o fato


questionado).

( ) Um fenômeno de reflexo no mundo jurídico e que requer uma definição das


circunstâncias em que ocorreu.

3. Marque a alternativa correta:

São fontes de hipótese no processo científico:

( ) Observação, intuição, complementação de dados e teorias.

( ) Intuição, observação, teorias e resultado de outras pesquisas.

( ) Observação, método, teorias e pesquisa.

( ) Teoria, método, técnica e observação.

Curso Investigação criminal 1– Módulo 5


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Página 9
Este é o final do módulo 5
A lógica aplicada à investigação criminal

Gabarito:

2. 2-1-4-3
3. Intuição, observação, teorias e resultado de outras pesquisas.

Curso Investigação criminal 1– Módulo 5


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Módulo 6 - Perfil profissional do investigador
Ao final deste módulo, você será capaz de:

Explicar o perfil do policial de uma sociedade democrática de direito;

Relacionar competência profissional com perfil do policial investigador; e

Listar os atributos exigidos ao profissional da investigação criminal.

O conteúdo do módulo está dividido em 3 aulas:

Aula 1 - O perfil do policial;


Aula 2 - Competência profissional; e
Aula 3 - Atributos exigidos ao investigador.

Aula 1 - O perfil do policial


Vamos buscar no cinema, mais uma vez, subsídios para nossos estudos.

Essa extraordinária fonte de lazer passa o estereótipo do perfil do detetive policial


como sendo arrojado, racional e frio. James Bond e tantos outros povoam o
imaginário humano. Algo bem distante da figura do cientista conforme visto no
módulo anterior.

Na literatura, entretanto, é possível encontrar outro modelo de investigador


próximo da realidade.

Segundo consta em uma das apostilas da Academia de Polícia Civil do DF, o escritor
inglês Frederick Forsyth, em seu livro “O dia do Chacal”, traçou o perfil de um
investigador quando se referiu ao inspetor Claude Lebel, que dizia saber ter sido
sempre um bom policial, lento, preciso, metódico, infatigável. Era conhecido na
polícia judiciária como esquisitão, um homem metódico que detestava publicidade
e se furtava a dar as entrevistas coletivas.

O policial é o reflexo da imagem da polícia. Ele corresponde à expectativa de


“mercado” com sua imagem profissional respondendo as seguintes perguntas:

O que ele é? De que forma poderá ajudar profissionalmente seus semelhantes?

Qual é o perfil do investigador criminal que uma sociedade democrático de direito


quer como tutor de seus direitos fundamentais?

Qual é o perfil do investigador prestador de serviço?

No que diz respeito à primeira pergunta, o primeiro módulo do curso o levou a essa
reflexão. Como diz Balestreri (2002), “o policial é um ator social envolvido
Curso Investigação criminal 1– Módulo 6
SENASP/MJ - Última atualização em 13/02/2009
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diretamente nas cenas de construção da realidade; é um protagonista de direitos e
de cidadania; o policial é um pedagogo; o policial é, antes de tudo, um cidadão.”

Para Balestreri (2002), é um novo paradigma educacional mais abrangente, essa


inclusão do policial na dimensão de agente educacional. Para ele, como outras, a
profissão policial é formadora de consciências e de opiniões, portanto o policial é
“um pleno e legítimo educador”, dimensão inabdicável, “explicitada através de
comportamentos e atitudes”.

É nesse contexto que devemos refletir e construir o perfil profissional do policial


investigador.

A natureza garantidora de direitos do processo investigatório exige de seus


executores atributos e habilidades específicas, adequadas ao propósito de busca da
verdade de uma determinada prática delituosa.

Perceba que há um novo paradigma de cidadania: as competências requeridas por


essa sociedade terão que corresponder às suas novas demandas.

Aula 2 - Competência profissional


O que são competências?

Citado por Cordeiro e Silva (2005, p. 42), o educador francês Perrenoud, diz que:

Denomina-se “competências profissionais” o conjunto de conhecimentos,


habilidades e atitudes necessárias para garantir sua atuação na profissão.

Mapeá-las exige metodologia específica visando responder às perguntas que


possam englobar:

O que este profissional precisa saber?

O que ele irá fazer?

Que atitude deverá ter?

Ainda com apoio do ensinamento de Cordeiro e Silva, para compreensão do que


seja o perfil profissional, veja o exemplo de competências profissionais no emprego
adequado da arma de fogo:

Dentre os conhecimentos, habilidades e atitudes que essa competência engloba, é


destacado como exemplo:

Conhecimentos sobre o armamento: características físicas, componentes e


princípios da utilização das armas de fogo;

Curso Investigação criminal 1– Módulo 6


SENASP/MJ - Última atualização em 13/02/2009
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Habilidades que os possibilitem a usá-las: postura, empunhadura, etc.; e

Atitudes que possam ajudá-los na hora da decisão em diferentes cenários, em


diversas situações, tendo como premissa básica a valorização de vidas. (Cordeiro e
Silva, 2005, p. 42)

Conhecimento diz respeito aos saberes conceituais (se refere a conceitos, leis e
saberes historicamente sistematizados); as habilidades, aos conteúdos de
procedimentos, de como executar os atos da profissão; atitudes, a valores que irão
determinar a tomada de decisão, a ação e reação em diferentes contextos.

Não há como desvincular o “perfil profissional” das “competências profissionais”


rigidamente formatadas pela educação profissional do indivíduo, baseada em um
modelo centrado no desenvolvimento do pensamento crítico e reflexivo; da atitude
reflexiva; e da organização do pensamento.

Perceba que há uma nova metodologia de construção do perfil do investigador.


Não é mais possível ter como referência apenas o indecifrável conceito de “tirocínio
policial”.

A abordagem sobre o perfil profissional está diretamente relacionada com o


processo de formação que responda questões sobre o tipo de conhecimento
necessário para o exercício da profissão; sobre as habilidades que deverão ser
adquiridas ou desenvolvidas; e, fundamentalmente, sobre as atitudes que deverão
ser adotadas como resultado da formação, para situarem-se e agirem na realidade
profissional. Essas competências se tornam características qualitativas, ou seja,
atributos do profissional.

Imagine o policial que diante de uma situação crítica, um roubo com grave ameaça
à vítima, por exemplo, não sabe que decisão tomar para contenção e controle da
situação de crise.

E o investigador que recebendo o boletim de ocorrência do desaparecimento de


uma criança que estava na escola, não adota medidas adequadas para imediata
apuração.

Aula 3 - Atitudes imprescindíveis ao investigador


Quais sãos as atitudes imprescindíveis ao investigador eficiente,
humano, cidadão e prestador de serviço público?

O profissional da investigação deverá desenvolver algumas “características básicas”,


como:

Ser pró-ativo;
Ser flexível;
Estar propenso a mudanças;
Curso Investigação criminal 1– Módulo 6
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Ter sentido de oportunidade;
Ser aberto à inovação e à criatividade;
Ter atitude de suspeição;
Ter versatilidade;
Ser amistoso;
Ser curioso;
Ser observador;
Ter bom senso,
Ser cauteloso;
Ter paciência; e
Ter persistência.

Estes deverão ser os atributos da postura adotada pelo investigador criminal como
sustentação de suas atitudes diante da situação problema em seu dia-a-dia
profissional.

Atributos fundamentais

Ser pró-ativo é a característica de sempre sair na frente dos acontecimentos. Sempre


se antecipar. Não esperar, por exemplo, pelo resultado do laudo pericial para
elaborar e executar o plano de investigação.

Ser flexível. A investigação é um processo complexo que envolve diferentes


profissionais e diferentes contextos. A flexibilidade permite a sinergia positiva
necessária no grupo para o êxito do procedimento.

Estar propenso a mudanças. Sabendo que a investigação é um projeto sujeito a


vários fatores de risco que poderão ocorrer durante a execução, o investigador terá
que ter uma postura que possibilite aceitar e adotar mudanças de estratégias.

Ter sentido de oportunidade. Decorre de um dos princípios básicos da investigação.


O investigador dever ter a percepção do contexto para conhecer e saber como e
quando agir.

Ser aberto à inovação e à criatividade. Modelos antigos e desgastados devem ceder


lugar aos novos e atualizados. O investigador deve estar atento e aberto a novos
conhecimentos, novas estratégias e ferramentas que facilitem, agilizem e tornem
eficaz a investigação. Deve construir novas habilidades que otimizem seu serviço.

Ter atitude de suspeição. O investigador não deve tomar nada como definitivo.
Sempre suspeitar que por trás da informação colhida há outra para ser analisada. Só
assim terá motivação para dinamizar a investigação com novas hipóteses.

Ter versatilidade. Ser capaz de se adequar às diferentes possibilidades de


investigação.

Ser amistoso. A capacidade de relação amiga oferece possibilidades de contatos e


colaboração. Inclui-se também a cortesia.

Ser curioso. O desejo de saber, de buscar informações é a natureza básica da


investigação.
Curso Investigação criminal 1– Módulo 6
SENASP/MJ - Última atualização em 13/02/2009
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Ser observador. O uso dos sentidos tem papel fundamental na ação do investigador.
A capacidade de observação reflexiva é fundamental na formulação de hipóteses.

Ter bom senso. Na avaliação das informações colhidas, é preciso saber discernir
entre o verdadeiro e o falso, para evitar abusos e injustiças.

Ser cauteloso. A precaução evita conclusões precipitadas, baseadas apenas em


suposições.

Ter paciência. O processo de investigação tem data de começo, mas o final


depende de uma série de fatores, que poderão até ser previsíveis, mas, muitas
vezes, incontroláveis pelo investigador.

Ter persistência. É uma conseqüência da paciência. Fator importante na busca de


provas.

Naturalmente que não se trata de uma relação que esgote as atitudes necessárias
do investigador nem poderia ser, pois, estando relacionadas com o saber
profissional, sua construção está vinculada também ao conhecimento adquirido.

Atividade

Agora que você adquiriu conhecimentos básicos da investigação criminal,


acesse o endereço: http://super.abril.com.br/jogos/crime/index.shtml e
desvende o misterioso crime. Boa sorte!

Conclusão
O caráter científico do processo investigatório exige profissionais com perfil que não
mais aquele que valoriza apenas a experiência baseada no erro-acerto desenvolvida
ao longo dos anos sem qualquer respaldo científico.

O texto deste bloco ressalta a necessidade de que o profissional da segurança


pública tenha o exercício funcional sustentado em competências. Ou seja, em
conhecimentos sistematizados, em procedimentos que garantam uma metodologia
correta e em valores que permitam segurança e acerto na tomada de decisões.

Veja que são exigidos do investigador alguns atributos inerentes ao perfil do


cientista dado caráter científico do processo da busca da prova.

No próximo bloco será discutido o caráter interdisciplinar da investigação criminal.

Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar


a compreensão do conteúdo.

Curso Investigação criminal 1– Módulo 6


SENASP/MJ - Última atualização em 13/02/2009
Página 6
O objetivo destes exercícios é complementar as informações
apresentadas nas páginas anteriores.
1. Comente o texto e o co-relacione com a atividade de investigação criminal.

A respeito do perfil do policial, você leu no texto de Balestreri: “o policial é um ator


social envolvido diretamente nas cenas de construção da realidade; é um
protagonista de direitos e de cidadania; o policial é um pedagogo; o policial é, antes
de tudo, um cidadão.”

Resposta pessoal

Orientação

O papel do policial na comunidade é de fundamental importância na formação e


manutenção de valores sociais. Suas atitudes têm grande impacto na comunidade
onde atua, pois são tidas como referência para o bem ou para o mal.

O policial é o arquétipo da luta do bem contra o mal e o efeito disso na construção


de uma realidade social depende da maneira como ele utiliza as prerrogativas
postas à sua disposição para esse processo de defesa de direitos do cidadão.

2. Considerando o tema – perfil do investigador – relacione as colunas:

( ) Habilidades do investigador.

( ) Competências profissionais do investigador.

( ) Sentido de oportunidade.

( ) Atitudes do investigador.

1. O conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para garantir


sua atuação na profissão.

2. O investigador dever ter a percepção do contexto para conhecer e saber como e


quando agir.

3. Valores que irão determinar a tomada de decisão, a ação e reação em diferentes


contextos.

4. Conteúdos de procedimentos, de como executar os atos da profissão.

3. Assinale as afirmativas corretas:

Curso Investigação criminal 1– Módulo 6


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( ) O princípio da eficiência, aplicado à investigação criminal, se concretiza
com todos os cuidados necessários para sua eficácia, desde o planejamento,
com a escolha adequada dos meios, até os cuidados com a proteção aos
direitos fundamentais das pessoas envolvidas no processo e com a legalidade
na coleta da prova.

( ) A aplicação do princípio do imediatismo à investigação criminal, significa


que, tomando conhecimento do crime, o investigador deve desencadear,
imediatamente, sem qualquer plano e de forma imprudente a coleta de provas.

( ) A relação do princípio da legalidade com o cidadão é uma relação de


submissão.

( ) Aplicar o princípio da oportunidade significa que o investigador, com


plano breve e seguro, deverá conceber o momento mais favorável, mais
conveniente para iniciar o processo de busca das provas.

Este é o final do módulo 6


Perfil profissional do investigador

Gabarito:

2. 4-1-2-3

Curso Investigação criminal 1– Módulo 6


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3.
O princípio da eficiência, aplicado à investigação criminal, se concretiza com
todos os cuidados necessários para sua eficácia, desde o planejamento, com
a escolha adequada dos meios, até os cuidados com a proteção aos direitos
fundamentais das pessoas envolvidas no processo e com a legalidade na
coleta da prova.

Aplicar o princípio da oportunidade significa que o investigador, com plano


breve e seguro, deverá conceber o momento mais favorável, mais conveniente
para iniciar o processo de busca das provas.

Curso Investigação criminal 1– Módulo 6


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Módulo 7 - A interdisciplinaridade da investigação criminal
Ao final deste módulo, você será capaz de:

Explicar como a interação de vários conhecimentos contribui para o processo da


investigação criminal;

Demonstrar como se processa a interdisciplinaridade na investigação criminal; e

Apontar a atitude correta do investigador para superar a fragmentação da


investigação criminal.

O conteúdo do módulo está dividido em 4 aulas:

Aula 1 - Uma abordagem sistêmica da investigação;


Aula 2 - Abordagem interdisciplinar da investigação criminal;
Aula 3 - Interdisciplinaridade; e
Aula 4 - Como superar a fragmentação da investigação criminal.

Aula 1 - Uma abordagem sistêmica da investigação

Para compreender e construir o processo de investigar como uma ferramenta capaz


de produzir informações que formatem a prova da prática de um delito é preciso
percebê-lo e tratá-lo como parte de um todo.

O que isso significa?

A investigação criminal está inserida em um contexto onde várias partes interagem


provocando uma sinergia para a construção do processo de aplicação da pena.

A investigação é executada por vários atores com conhecimentos, noções,


procedimentos e competências de outras disciplinas, que se completam para a
explicação de um determinado problema.

Nas práticas investigativas de medicina legal, de perícia criminal ou de informações


testemunhais, está um complexo de saberes diversos voltados para o estudo de
uma determinada conduta tida como delito penal. O processo da investigação é,
portanto, configurado a partir de um conjunto de saberes diversos que, de forma
organizada, interagem para, juntos, construírem a representação de uma conduta
criminosa.

O que lembra esse processo?

Curso Investigação criminal 1– Módulo 7


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Diz a teoria dos sistemas que um sistema pode ser visto como um todo organizado
ou complexo; uma combinação de coisas ou partes, formando um todo complexo
ou unitário. Ou ainda, um sistema é um conjunto de partes coordenadas para
realizar determinadas finalidades.

Como essa teoria repercute no processo da investigação criminal?

Cada um dos atores do processo – delegado, agentes, peritos e outros


eventualmente incluídos formam esse conjunto de elementos organizados que
interagem na produção de um único conhecimento.

De nada adianta a impressão digital colhida na cena do crime sem que esteja
contextualizada com os demais elementos para que deixe de ser apenas uma
evidência. O conhecimento da papiloscopia terá que interagir com os demais para
que possa transformar aquele fragmento em representação da situação investigada,
ou seja, em prova.

A investigação criminal é um sistema aberto em permanente interação com o


ambiente, com o qual troca energia, matéria e informação. Esse é um processo
necessário para que o sistema se mantenha organizado internamente e evolua.

Como todo sistema, a investigação não é uma simples soma ou agregado de


elementos, mas um todo coerente e indivisível. Nesse contexto cada elemento tem
seu papel e valor. Muito embora cada um formate sua representação com base nos
critérios e normas próprias da disciplina de seu domínio, há uma inter-relação
desses diferentes campos do conhecimento para explicar o mesmo objeto de
estudo.

Sendo um sistema, a estabilidade e a funcionalidade da investigação se sustentam


no cumprimento das regras sistêmicas e no empenho e motivação de seus
membros.

A principal regra sistêmica é a que estabelece a necessidade de compreensão da


existência de diferentes pontos de vista, que interagem para explicar o que é visto.
O sucesso da investigação depende da visão sistêmica do investigador.

Esses pontos de vista são formados pelos saberes diversos operados pelos atores da
investigação, em ações interdisciplinares.

Curso Investigação criminal 1– Módulo 7


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Aula 2 - Abordagem interdisciplinar da investigação criminal

A abordagem sistêmica da investigação criminal remete às teorias “da vista de um


ponto” e “de um ponto à vista”.

O que dizem essas teorias?

Cordeiro e Silva (2005) fazem clara abordagem sobre o tema de forma aplicável ao
processo da investigação.

A reflexão é ilustrada com o desenho de um ponto branco em um fundo escuro.


Primeiro sugere que você diga do que se trata. Depois, que faça a mesma pergunta
para várias pessoas. O resultado serão respostas diferentes, para a mesma pergunta.
Por quê? Porque, afirmam os autores, “a imagem que você vê não é um ponto à
vista, mas a vista de um ponto, o que comprova que existem diferentes pontos de
vista para explicar o que vemos”.

A descrição do fato em si, feita no boletim de ocorrência, não oferece uma resposta
exata sobre o tipo de delito que fora praticado. Para consolidar essa percepção, os
mesmos autores remetem à seguinte reflexão:

A compreensão de realidade exige o conhecimento de diversas formas de leitura


que podem ser convergentes, divergentes, concorrentes e excludentes para a
explicação da mesma realidade. (Cordeiro e Silva, 2005, p. 23)

Na prática, a aplicação dessas teorias resulta na criação de uma teia de informações


envolvendo todos os profissionais da investigação, cada um com sua parcela de
responsabilidade e autonomia intelectual, dialogando e contextualizando as
diferentes percepções de uma determinada realidade.

As disciplinas que interferem na construção da realidade possibilitam o


conhecimento global das circunstâncias que envolvem a prática do delito.
Entretanto só é possível o processo se houver diálogo entre elas.

Muito embora existam diversas formas de leitura da realidade investigada, elas,


necessariamente, terão que ser convergentes, sob pena de que não possam explicá-
la na sua integralidade.

A interdisciplinaridade é um novo modelo adotado pela educação moderna, mas


deslocado para a gestão do conhecimento nas administrações pública e privada.

Aula 3 - Interdisciplinaridade

Curso Investigação criminal 1– Módulo 7


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O que é interdisciplinaridade e como
pode ser aplicada à investigação criminal?

Segundo Cordeiro e Silva (2005), a interdisciplinaridade “é uma dimensão


metodológica – modo de trabalhar conhecimento.”

Para Weil, citado por Cordeiro e Silva, interdisciplinaridade é:


A conseqüência de uma visão integradora do universo e do conhecimento humano,
que tende a reunir em conjuntos cada vez mais abrangentes o que foi dissociado
pela mente humana. A interdisciplinaridade trata da síntese ou correlação de duas
ou várias disciplinas, instaurando um novo nível de discurso caracterizado por uma
nova linguagem descritiva e novas relações estruturais. (Cordeiro e Silva, 2005, p.
31)

Veja o que diz Piaget, citado por Dencker:

A interdisciplinaridade é uma inter-relação orgânica dos conceitos das diferentes


disciplinas até o ponto de constituir uma nova unidade formada com as
proposições de cada uma das disciplinas particulares. Isso compreende um
processo de integração interna e conceitual que rompe a estrutura de cada
disciplina para construir um conjunto axiomático novo e comum a todas elas, com a
finalidade de dar visão unitária de um setor do saber. (Piaget apud DENCKER, 2007
p. 41)

A interdisciplinaridade busca integrar os conhecimentos pelos seus pontos comuns


para propiciar uma visão ampla e integral da realidade que é observada.

No processo de busca da prova há a participação de diferentes atores com visões de


diversos campos do conhecimento, não há dúvida de que a investigação criminal
terá que ter uma abordagem metodológica que favoreça a inter-relação dessas
disciplinas.

A realidade analisada é o fenômeno do crime. Os conhecimentos diversos são


operados pelos peritos e por investigadores cartorários. Cada um analisa parte do
crime. Como cada análise é feita do mesmo fato, há similaridades nos resultados,
que se complementarão dando visão unitária da investigação.

A interdisciplinaridade na investigação criminal deve ser estimulada já no


planejamento do processo. O plano operacional deverá estabelecer uma
metodologia que possibilite e valorize a relação e inter-relação dos diversos
profissionais que, embora tenham o ponto de vista de seu campo disciplinar, devem
perceber, aceitar e colaborar com a integralidade da investigação.

Saiba mais...

Ainda segundo referência de Denker (2007), para o educador Piaget, o conjunto de


conhecimentos científicos configura uma totalidade, porque a realidade analisada
em cada ciência é isomórfica, fazendo com que as análises realizadas em campos
Curso Investigação criminal 1– Módulo 7
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diferentes dêem lugar a estruturas similares, permitindo que dados obtidos em um
campo ajudem a esclarecer outro.

Aula 4 - Como superar a fragmentação da investigação criminal

Você pôde perceber que a produção da prova não é linear, mas uma rede complexa
de saberes que interagem e se complementam. Esse processo é incompatível com a
fragmentação tradicionalmente encontrada na apuração da prova. Aqui,
fragmentação é concebida como dissociação, falta de diálogo e falta de unidade
sistêmica dos conhecimentos.

No processo de investigação, participam personagens, como o delegado, que


coordena a investigação; o investigador de polícia (agente/inspetor); o perito
criminal, o legista, o papiloscopista e o escrivão e, muitas vezes, com o apoio do
policial militar e/ou do bombeiro militar e/ou guarda municipal.

Cada um tem sua competência funcional legal e regimental, exercendo papel


importante no processo. São visões voltadas para o mesmo objeto de estudo, mas
tendo como referencial o conteúdo de seu campo disciplinar. E para que esses
conhecimentos possam interagir e produzir um corpo de prova que explique o fato
é preciso que os profissionais dialoguem entre si formando uma rede de conteúdos.

Saiba mais...

Para Cordeiro e Silva (2005), romper com a fragmentação do conhecimento não


significa excluir a sua unidade, mas sim articulá-la de forma diferenciada,
possibilitando o diálogo entre os diferentes campos do conhecimento e a
contextualização desses conteúdos frente ao processo investigatório.

Metodologias de interação

Para que haja diálogo entre os investigadores terão que ser adotados alguns
procedimentos metodológicos que concebam técnicas para romper os filtros que
impedem a conexão entre eles.

A investigação criminal é uma realidade que só pode ser entendida com uma
abordagem interdisciplinar.

Para superar a fragmentação da investigação criminal deverão ser adotados


métodos que possibilitem a colaboração e a troca de informações entre os atores do
processo, com protocolos que possibilitem:

Não deixar dúvida quanto à coordenação técnica única da investigação;

Curso Investigação criminal 1– Módulo 7


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Criar interfaces de relacionamento recíproco entre os atores da investigação;

Coordenação técnico-processual; e

Estimular a decisão grupal.

Conclusão

Neste módulo você teve oportunidade de refletir sobre a interdisciplinaridade da


investigação criminal.

O que isso quer dizer?

A investigação, como processo científico, está contida em um sistema onde vários


atores interagem, cada um sustentado nos referenciais de seus conhecimentos,
aplicando métodos e técnicas próprias, na busca de um só conhecimento.

A natureza interdisciplinar da investigação permite que ela seja a ferramenta


adequada para coletar a prova criminal registrando todos os seus ângulos.

O texto o levou, também, à reflexão da importância da compreensão de que a


investigação criminal é um processo desenvolvido vários profissionais, de forma
complementar e interativa, sem que estes percam sua autonomia funcional.

No próximo módulo, você terá a abordagem do tema sobre a valorização da prova,


os cuidados objetivos necessários à preservação do conhecimento colhido como
prova de um delito.

Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar a


compreensão do conteúdo.

O objetivo destes exercícios é complementar as informações apresentadas nas


páginas anteriores.

1. Explique a aplicabilidade das teorias “da vista de um ponto” e “de um ponto à


vista” ao processo da investigação criminal.

Resposta pessoal

Orientação

A prática do delito é um fenômeno complexo que para ser compreendido precisa da


leitura feita por diversos ângulos. Isso só é possível com a rede de conhecimentos
formada pela investigação que é o resultado dos olhares de vários profissionais
sustentados por conhecimentos diferentes. Esses vários conhecimentos convergem
para um mesmo fato, procurando explicá-lo, cada um com seu ponto de vista.

Na prática, cada ator que participa da investigação criminal tem um ponto do delito
Curso Investigação criminal 1– Módulo 7
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sob análise para ser explicado de acordo com a especialidade de seu conhecimento.
Os peritos buscam analisar as informações matérias (vestígios), enquanto os
investigadores cartorários buscam analisar as informações subjetivas (testemunhos).
Juntos, os resultados terão que explicar o mesmo fato de forma convergente e
complementar.

2. Assinale a afirmativa correta:

( ) A investigação é uma simples soma ou agregado de elementos. Muito embora


cada um formate sua representação com base nos critérios e normas próprias da
disciplina de seu domínio, não há inter-relação desses diferentes campos do
conhecimento para explicar o mesmo objeto de estudo.

( ) Muito embora a investigação criminal seja um sistema aberto em permanente


interação com o ambiente, com o qual troca energia, matéria e informação, esse não
é um processo necessário para que se mantenha organizado internamente e evolua.

( ) A fragmentação da investigação é retratada na falta de troca de informações


entre os atores envolvidos no processo, na falta de percepção dos investigadores
quanto a vista de um ponto comum.

( ) Romper com a fragmentação da investigação significa excluir sua unidade


sistêmica.

3. Analise o texto seguinte e marque as alternativas corretas:

Para compreender e construir o processo de investigar como uma ferramenta capaz


de produzir informações que formatem a prova da prática de um delito, é preciso
percebê-lo e tratá-lo como a parte de um todo.

Sob o ponto de vista da interdisciplinaridade da investigação, isso significa que:

( ) A investigação precisa ser vista como a atividade de vários atores com


conhecimentos, noções, procedimentos e competências de outras disciplinas, que
se completam num processo de transferência para a construção da explicação de
um determinado problema.

( ) A produção da prova é um processo linear e uma rede complexa de saberes que


interagem e se complementam, compatível com a fragmentação tradicionalmente
encontrada na apuração da prova.

( ) A interdisciplinaridade busca integrar os conhecimentos dos diversos


profissionais, pelos seus pontos comuns para propiciar uma visão excludente da
realidade que é observada.
Curso Investigação criminal 1– Módulo 7
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Este é o final do módulo 7
A interdisciplinaridade da investigação criminal

Gabarito:

2. A fragmentação da investigação é retratada na falta de troca de informações


entre os atores envolvidos no processo, na falta de percepção dos investigadores
quanto a vista de um ponto comum.

3. A investigação precisa ser vista como a atividade de vários atores com


conhecimentos, noções, procedimentos e competências de outras disciplinas, que
se completam num processo de transferência para a construção da explicação de
um determinado problema.

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Módulo 8 - Valorização da prova
Ao final deste módulo, você será capaz de:

Definir o que é prova;

Explicar a proposta doutrinária dos cuidados a serem tomados para valorização; e

Aplicar a ordem lógica da investigação criminal para demonstrar a credibilidade e


validade das informações que compõem a prova.

O conteúdo do módulo está dividido em 4 aulas:

Aula 1 - Aspectos conceituais, objetivos e princípios;


Aula 2 - Classificação das provas;
Aula 3 - Valorização da prova; e
Aula 4 - Cadeia de evidências.

Aula 1 - Aspectos conceituais, objetivos e princípios


Toda busca da investigação criminal está voltada para a prova na verificação das
hipóteses formuladas quanto ao fato investigado.

Segundo Noronha (1983), “provar é fornecer no processo, o conhecimento de


qualquer fato, adquirindo para si e gerando em outro a convicção da substância ou
verdade do mesmo fato”.

Para outro processualista, Tourinho Filho (2003, p. 476), “provar é, antes de mais
nada, estabelecer a existência da verdade”.

Para Malatesta ([s.d.], p. 19), “a prova é o meio objetivo pelo qual o espírito humano
se apodera da verdade”.

O que é a verdade?

Depois de profunda análise sobre o processo mental de apoderação da verdade,


Malatesta ([s.d.], p. 21) diz que a verdade é, em geral, a conformidade da noção
ideológica com a realidade.

O citado autor, filósofo jurista da virada do século XIX para o século XX, aplica a
ideologia no sentido de pensamentos teóricos desenvolvidos a partir de fatos
sociais. Segundo ele, a verdade buscada na investigação dos delitos, adequando a
uma linguagem atual, seria a conformidade dos referenciais teóricos do
investigador com a realidade retratada pela ordenação lógica dos vestígios colhidos
pela investigação.
Objeto da prova

Curso Investigação criminal 1– Módulo 8


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Considerando objeto como finalidade, segundo os comentários antecedentes, o
objeto da prova é o convencimento do julgador. Mas, se objeto for considerado
como aquilo que deve ser provado, o objeto da prova são todos os fatos
(Circunstâncias ou coisas de natureza diversa, como lugares, pessoas, coisas,
documentos, etc.) decorrentes do problema objeto da investigação.

Não há uma hierarquia entre as provas. O valor da prova é determinado pela sua
harmonia com as demais, portanto não há método de investigação mais importante
que o outro. A investigação técnico-científica e a cartorária se complementam.

É como um jogo de quebra-cabeça onde cada peça da prova terá que ser
devidamente encaixada entre as demais, completando o todo. Isso significa que o
depoimento de uma testemunha que narra uma circunstância deverá se adequar ao
vestígio deixado como prova do fato descrito. Daí a importância da interação entre
os investigadores, conforme visto no módulo que aborda a interdisciplinaridade da
investigação criminal.

Esse entendimento decorre da aplicação dos seguintes princípios:

Do livre convencimento motivado (nos crimes comuns).


Da íntima convicção (no júri).

Aula 2 - Classificação das provas


Doutrinariamente, as classificações mais comuns e compreensíveis de provas, são as
seguintes:

Provas objetivas (materiais)

São aquelas representadas por vestígios produzidos ou decorrentes da conduta tida


como infração penal. São aquelas constatáveis materialmente por meio de exame
pericial.

EXEMPLOS: As provas representadas pelos laudos dos exames de lesões corporais,


exames de armas, drogas, substâncias orgânicas, etc.

Provas subjetivas (informativas)

São aquelas representadas por depoimentos de testemunhas, autor e vítimas.

EXEMPLOS: Termos de declarações, de interrogatórios, de reconhecimento, etc.

Provas complementares

São aquelas representadas por elementos ou dados auxiliares que, em geral,


reforçam, confirmam as demais provas.

EXEMPLOS: A identificação criminal, a folha de antecedentes, relatórios sobre a vida


Curso Investigação criminal 1– Módulo 8
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do indiciado, a reprodução simulada do fato, etc.

Provas Indiciárias (circunstanciais)

“Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com


o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras
circunstâncias.” (Artigo 239, do CPP)

EXEMPLO: A circunstância de que alguém foi visto, junto ao corpo da vítima de


homicídio, logo depois de ouvidos os estampidos, segurando a arma utilizada para
efetuar os disparos que causaram sua morte.

A prova deverá explicar as circunstâncias e a autoria do delito, para que o juiz


determine a culpa ou inocência e aplique ou não, a pena no autor.

Ocorre que aplicar a pena não é tarefa simples, pois requer metodologia que
possibilite sua adequação à medida certa da culpa do infrator. Ninguém pode pagar
além do que deve. Nesse contexto estão envolvidos preceitos constitucionais que
dão garantia ao exercício pleno da cidadania e à subsistência do processo
democrático.

A Constituição Federal estabelece a regra geral da aplicação da pena com o


princípio da individualização da pena. Diz o texto constitucional (art. 5º):
[...] XLVI - A lei regulará a individualização da pena (...).

Ao fixar a pena, o juiz obedece a critérios que o obrigam a limitá-la à conformidade


da necessidade e da suficiência para reprovação e prevenção do crime, de acordo
com o Código Penal.

Código Penal

[...] Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à


personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime,
bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e
suficiente para reprovação e prevenção do crime:

I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;


II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de
pena, se cabível.

Novamente a Carta Política Brasileira impõe princípio para a coleta da prova. Diz a
Constituição Federal:
[...] LVI - São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos.

Veja que o valor político dado à prova como elemento de convicção do juiz, dentro
do contexto de aplicação da pena na medida certa, é fator de séria reflexão para o
investigador da prova criminal.

A sistemática de aplicação da pena leva o juiz a considerações reais sobre


Curso Investigação criminal 1– Módulo 8
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circunstâncias que, muitas vezes, passam despercebidas pelo investigador ou,
simplesmente, ele não lhes dar o devido valor.

EXEMPLOS: Os antecedentes sociais do autor que, muitas vezes, nem são


investigados. Nesse rol entram as relações com os vizinhos, com o grupo social
(clubes, bares, etc.) e com o grupo profissional. Essas são provas complementares
que devem ser investigadas pela polícia.

Outro exemplo de costumeiro descuido da investigação é quanto às conseqüências


da prática delituosa. O efeito dessa na vida familiar, social e profissional da vitima.

Todas essas informações são fatores que contribuem para a dosimetria da pena pelo
juiz.

Aula 3 - Valorização da prova


Valorizar a prova é ter cuidado objetivo com o conhecimento produzido para que
ele possa ser valorado pelo juiz no momento de confirmá-la como explicação da
verdade.

Os cuidados objetivos não são privilégios apenas da prova material. A prova


subjetiva também poderá receber esses cuidados que se traduzem na atenção que
é dada às testemunhas e vítimas, antes, durante e depois de seus depoimentos.

Elas são depositárias de um conhecimento de prova que precisa ser preservado da


mesma forma que o objeto que contém um vestígio. A mesma preocupação com a
inviolabilidade da prova material terá que se manifestar quanto ao testemunho.

O cuidado com a qualidade da prova reflete o necessário respeito aos direitos e


garantias fundamentais do cidadão no Estado Democrático de Direito. Reflete o
respeito à dignidade das pessoas. Será visto na técnica de entrevista que a busca da
informação que se encontra na memória das pessoas é um processo delicado que
exige cuidados especiais do investigador.

Guarda e custódia de vestígios

Os cuidados que estão dentro de maior possibilidade de controle da polícia são os


referentes à prova material, ou seja, aos vestígios encontrados na cena do crime.

Na cena do crime o investigador poderá encontrar os mais variados vestígios, como


sangue, espermas, urina, fragmentos de pele, armas, documentos, impressões
papiloscópicas, etc., que servirão de informação para a construção da prova. Nesse
meio, há substâncias com tempo de permanência restrito que precisam de
acondicionamentos e manejos especiais. Esse tempo depende de fatores como o
suporte e o meio onde se encontra, além da natureza da própria substância.

O acondicionamento correto dos vestígios possibilita a construção adequada e


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lógica da prova, pois garante a execução de contraprovas e a complementação de
investigações periciais. Evita também que os vestígios se percam ao longo do
processo de investigação e de julgamento dificultando a validação da prova pelo
juiz. A guarda adequada de todos os vestígios recolhidos pela investigação criminal
possibilita a elaboração do histórico e da preservação da cadeia de custódia de cada
vestígio.

Aula 4 - Cadeia de evidências


O cuidado com as provas se reflete na ordem lógica dada a toda investigação.
A investigação criminal é um processo científico que parte de um problema,
formulando hipóteses, coletando dados que, analisados e interpretados, poderão
confirmar ou não a afirmação feita. Há um raciocínio ordenado que precisa ser
preservado, sem a quebra de qualquer um dos seus elos.

A leitura do inquérito deverá mostrar que a investigação tem um começo, meio e


fim, e que os passos do mesmo estão concatenados, segundo leciona Mingardi
(2005, p. 75).

Os investigadores precisam cuidar para que a cadeia de evidências seja mantida


intacta.

Mingardi (2005) ainda diz: qualquer que seja a prova, material, testemunhal ou uma
confissão, os responsáveis pela investigação têm de poder demonstrar que:

A prova foi colhida de forma lícita; e

A prova surgiu da investigação, não apareceu do nada.

Cadeia de evidências é a seqüência ordenada e lógica da rede de informações


colhidas na investigação, de modo a demonstrar que são frutos de ato investigativo
lícito e têm validade como prova das circunstâncias e autoria do delito.

Para Mingardi (2005. p. 76), a construção da cadeia de evidências deve mostrar:

Que houve o crime;

Como foi praticado;

Que o acusado tinha motivos para cometê-lo;

Que ele era detentor dos meios para cometê-lo; e

Que ele teve a oportunidade para cometê-lo.

Curso Investigação criminal 1– Módulo 8


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Essa rede terá sustentação nas provas colhidas cuja licitude será demonstrada na
cadeia de custódia.

Os arquivos dos tribunais estão cheios de casos em que a polícia desenvolve todo o
processo de investigação, enchendo o inquérito com informações tidas como prova
da verdade do fato e o resultado é a absolvição do acusado, não por falta de provas,
mas por dúvidas na legitimidade de sua coleta.

Lamentavelmente as nossas academias não desenvolvem com eficácia a técnica de


estudos de casos tendo como objeto essas investigações.

Uma análise histórica dos casos que pautaram as colunas policiais dos jornais
mostrará algumas dezenas deles.

Aproveitando a ilustração didática do professor Mingardi (2005), num trabalho de


pesquisa já referido, leia na página seguinte um caso notório no mundo todo que
ilustra bem a necessidade dos cuidados com a cadeia de evidências na investigação
criminal.

Nos Estados Unidos, o mais conhecido exemplo é o do ex-jogador de futebol


americano O. J. Simpson, acusado de ter matado a ex-mulher e um rapaz a facadas.

Nesse caso, a polícia encontrou uma cena de crime completa: sangue, peças de
vestuário, pegadas e uma trilha de sangue que revelava o caminho seguido pelo
criminoso.

Seguindo essas pistas, os policiais chegaram à casa de O. J. Simpson, onde


encontraram: manchas de sangue no carro, nas suas meias e no chão do jardim. O
exame de DNA confirmou que era das vítimas.

A estratégia dos advogados de defesa foi simples: contestaram as provas materiais,


afirmando terem sido plantadas, mal coletadas, etc. Nisso foram ajudados pela
imprensa, com imagens de policiais manipulando evidências sem trocar as luvas, ou
seja, contaminando as provas. Além disso, a cena do crime não tinha sido bem
isolada, havia muitas pessoas no local. Resultado: absolvição.

É evidente que se ele fosse um “João Ninguém” teria sido condenado, mas isso não
altera o fato que a promotoria perdeu o caso porque não conseguiu estabelecer
uma sólida cadeia de evidências.

A importância da cadeia de evidências

O exemplo do ex-jogador de futebol americano O. J. Simpson é muito utilizado nas


academias de polícia dos EUA ou da Inglaterra, para demonstrar a necessidade de
manter intacta a cadeia de evidências. Mingardi (2005, pp. 74 e 75)

Muito embora haja alguma diferença entre o sistema judicial americano e o


brasileiro, a lógica de valoração da prova pelo juiz é a mesma: demonstração da
verdade pela prova e licitude na coleta.

O investigador terá que considerar a investigação pelas perspectivas da acusação e


Curso Investigação criminal 1– Módulo 8
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da defesa. Só assim terá a possibilidade de verificar se há alguma falha que possa
comprometer a credibilidade das informações colhidas.

Ao dar a investigação por encerrada, ainda deverá fazer-se a seguinte pergunta:


como advogado de defesa, o que eu faria para desacreditar todas as informações
colhidas como prova desse crime?

Conclusão
Neste módulo, você viu que não basta colher a prova, mas preservá-la de qualquer
contaminação.

A contaminação mais danosa é a da ilegalidade pois esta poderá ter reflexo em todo
o processo com prejuízos irreparáveis.

Aspecto importante nesse tema dez respeito à custódia dos vestígios. A cadeia
dessa guarda adequada, permitirá que o juiz ou as partes possam avaliar se as
provas foram colhidas de forma lícita e se elas são frutos da investigação,
eliminando a sensação de que tenha surgido do nada pondo em dúvida o caráter
científico do processo.

A cadeia de evidências permite a verificação de que tenha ocorrido um crime; como


ocorreu; que o acusada tinha motivos para cometê-lo; que tinha os meios; e que
teve oportunidade para tanto.

Conclusão do curso
A proposta desse curso foi colocá-lo diante dos elementos que fundamentam a
investigação criminal. Como você viu, a investigação da prática de um delito
obedece todo um processo com os mesmos fundamentos da investigação científica.
Não há mitos. Não há milagres. A apuração de um delito exige do investigador a
mesma postura do cientista. A mesma capacidade de percepção do problema,
formulação e verificação de hipóteses.

Foi visto que essa percepção depende da aplicação de princípios que implicam no
resultado da busca de comprovação das circunstâncias e autoria de uma prática
delituosa.

Outro fundamento importante abordado que sustentará a prática da investigação, é


o que trata de sua característica multidisciplinar. O investigador sério não pode
achar que seu trabalho é solitário, que é auto-suficiente. Nunca esqueçam do
princípio da “vista do ponto”. O delito é um fenômeno que para ser compreendido
na sua integralidade precisa de vários pontos de vista. É um todo que se completa
com pequenas, mas fundamentais partes.

Também não basta adotar a postura do cientista para colher a prova da prática de
um crime, essa prova terá que se prestar para ser validada no processo como tal. Ela
precisa ser cuidada desde o primeiro momento de sua análise. Precisa ser valorizada
com a regularidade de sua coleta e guarda, para que possa ser demonstrada na
investigação dentro de uma cadeia lógica e lícita de informações sobre a ocorrência
do delito.
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A segunda parte do curso “Investigação Criminal” abordará o aspecto prático da
investigação mostrando os métodos e técnicas básicas para a regular coleta de
provas do delito, das circunstâncias e autoria.

Outro fundamento importante abordado que sustentará a prática da investigação, é


o que trata de sua característica multidisciplinar. O investigador sério não pode
achar que seu trabalho é solitário, que é auto-suficiente. Nunca esqueçam do
princípio da “vista do ponto”. O delito é um fenômeno que para ser compreendido
na sua integralidade precisa de vários pontos de vista. É um todo que se completa
com pequenas, mas fundamentais partes.

Também não basta adotar a postura do cientista para colher a prova da prática de
um crime, essa prova terá que se prestar para ser validada no processo como tal. Ela
precisa ser cuidada desde o primeiro momento de sua análise. Precisa ser valorizada
com a regularidade de sua coleta e guarda, para que possa ser demonstrada na
investigação dentro de uma cadeia lógica e lícita de informações sobre a ocorrência
do delito.

Filmes recomendados

“SEVEN OS SETE CRIMES CAPITAIS”, (EUA/1995), direção de David Fincher e roteiro


de Andrew Kevin Walker. Elenco: Brad Pitt (Detetive David Mills), Morgan Freeman
(Detetive William Somerset), Kevin Spacey (John Doe), Gwyneth Paltrow (Tracy
Mills), John C. McGinley (Califórnia), Michael Massee (Mensageiro).

“O NOME DA ROSA” (The Name of the Rose, ALE/FRA/ITA 1986), direção de Jean
Jacques Annaud. Elenco: Sean Conery, F. Murray Abraham, Cristian Slater. 130 min,
Globo Vídeo.

“CÁLCULO MORTAL”, direção de Barbet Schroeder e roteiro de Tony Gayton. Elenco:


Sandra Bullock (Cassie Mayweather), Ryan Gosling (Richard Haywood), Michael Pitt
(Justin Pendleton), Agnes Bruckner (Lisa), Ben Chaplin (Sam Kennedy), Chris Penn
(Ray); Duração: 120min.

“UM CRIME DE MESTRE”. Estrelando: Anthony Hopkins, Ryan Gosling, David


Strathaim, Billy Burke, Rosamund Pike, Embeth Davidtz, Xander Berkeley, Fiona
Shaw. Dirigido por Gregory Hoblit. Produzido por Charles Weinstock.

“TOCAIA” (Stakeout). Gênero: Comédia; país/Ano EUA/1987, direção John Badham;


distribuição Buena Vista; duração/Censura 12. Elenco: Richard Dreyfuss, Emilio
Estevez, Aidan Quinn, Madeleine Stowe.

Textos recomendados

MINGARDI, Guaracy. A Investigação de homicídios: construção de um modelo.


http://www.mj.gov.br/main.asp?Team=%7B1C29142C-AD53-4A35-B2BD-
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FERRO JR, Celso Moreira; DANTAS, George Felipe de Lima. A descoberta e a análise
de vínculos na complexidade da investigação criminal moderna.
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LADRIERE, Jean. Ética e pensamento científico: abordagem filosófica de


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do impasse ao ganha-ganha através de melhor estilo. São Paulo, Atlas, 2006.

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empresarial. São Paulo, Novatec, 2004.

SAPIRO, Idalberto Chiavenato Arão. Planejamento estratégico: fundamentos e


aplicações. Rio de Janeiro, Campus, 2004.

SILVA, João Batista Pereira da; FERRO JUNIOR, Celso Moreira; SILVA, Ronaldo
Almeida da. Apostila de planejamento estratégico, tático e operacional. Academia
de Polícia Civil do Distrito Federal.

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linguagem corporal.
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comunicação não-verbal. 61ª ed. Petrópolis, Vozes, 2007.

Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar


a compreensão do conteúdo.

O objetivo destes exercícios é complementar as informações


apresentadas nas páginas anteriores.
1. Comente a cadeia de evidências como meio de valorização da prova.

Resposta pessoal
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Orientação

A cadeia de evidências é a demonstração da ordem lógica do processo científico da


investigação. Possibilita mostrar que as provas colhidas surgiram de uma pesquisa
criteriosa das informações deixadas pela prática do delito e que não decorreram de
procedimentos ilegais.

A cadeia de evidências demonstra que as circunstâncias formatadas pela


investigação são produtos de provas válidas e não de suposições do investigador.
Possibilita o controle da legalidade do processo investigatório.

2. De acordo com o texto, as provas se classificam em:

( ) 1. Materiais, objetivas, circunstanciais e subjetivas.

( ) 2. Objetivas, informativas, complementares e indiciárias.

( ) 3. Materiais, informativas, objetivas e indiciárias.

( ) 4. Materiais, subjetivas, informativas e indiciárias.

3. De acordo com o texto, ao se falar de valorização da prova é correto afirmar que:

( ) 1. A prova subjetiva não poderá receber cuidados que se traduzem em atos de


valorização da prova.

( ) 2. Os únicos cuidados que estão dentro da possibilidade de controle da polícia


são os referentes à prova material, ou seja, aos vestígios encontrados na cena do
crime.

( ) 3. O acondicionamento correto dos vestígios possibilita a construção adequada


e lógica da prova, pois garante a execução de contraprovas e a complementação de
investigações periciais.

( ) 4. Os investigadores não precisam, necessariamente, cuidar para que a cadeia


de evidências seja mantida intacta.

Este é o final do módulo 8


Valorização da prova

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Gabarito:
2. Objetivas, informativas, complementares e indiciárias.
3. O acondicionamento correto dos vestígios possibilita a construção adequada e
lógica da prova, pois garante a execução de contraprovas e a complementação de
investigações periciais.

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Glossário do Curso Investigação Criminal 1
Ação transversal – que está presente em todos os atos públicos. No caso,
significa que os princípios constitucionais regem todos os procedimentos da
investigação criminal.

Análise de validação – o exame feito pelo investigador das informações


colhidas para verificar se estão adequadas às regras legais que as habilitam
como prova processual.

Cadeia de curstódia – é a seqüência de proteção ou guarda das informações


colhidas no cenário do delito, mediante o rigoroso controle de rotinas e
registros formais da movimentação sofrida, durante todo o processo
investigatório e judiciário.

Complementaridade – significa que, cada um dos atos praticados na


produção da prova criminal não são isolados, eles se completam.

Contra investigação – atividades de qualquer natureza com o objetivo de


prevenir, detectar, obstruir e neutralizar a investigação criminal, para
salvaguarda do infrator.

Corpo de prova – a estrutura da prova. O conjunto de conhecimentos que dão


forma a prova apurada.

Criticidade – no sentido da capacidade de análise critica dos fatos ou do


contexto sob investigação.

Dosimetria da pena – a dosimetria da pena é uma metodologia que tem a


função de quantificar um valor exato do limite abstrato da pena a ser aplicada
pelo juiz.

Estereótipo – é um conjunto de características da imagem preconcebida do


policial investigador.

Grau de lesividade – é o potencial nível de lesão ou de exposição à lesão, da


ação do investigador, a direitos e garantias fundamentais do indivíduo.

Imaginário – é a imagem produzida pelo conjunto de características


preconcebidas sobre o policial investigador, que só existe na imaginação das
pessoas.

Individualização da pena – é o processo de fixação da pena, pelo juiz, na


medida certa ao grau de lesividade da conduta delituosa, considerando
circunstâncias e causas envolvidas no contexto.

Interfaces – no sentido de mecanismos que possibilitam relacionamentos entre


os atores da investigação.
Invasivo – no sentido de atos que penetram a força (legal) na intimidade das
pessoas envolvidas na investigação.

Isomórfica – no sentido de similar.

Processo heurístico – é a parte da pesquisa que visa favorecer o acesso a


novos desenvolvimentos teóricos ou descobertas empíricas.

Sinergia – corresponde a ação simultânea, em comum e coordenada de todos


os atores envolvidos na investigação, para a construção da prova.

Sinonímico – relativo à sinonímia ou aos sinônimos.

Status quo – significa a situação anterior em que alguém se encontrava.

Tirocínio policial – é o juízo formulado com base nas experiências, nas


práticas policiais.

Validação – no caso, é o processo de verificação da adequação das


informações colhidas ao modelo legal de prova e à explicação do fato em
apuração.

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