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JÁ FUI ALGUEM NESSA VIDA

Sou Tomas, meus hipotéticos amigos me chamam por Tom. Brotei numa família com
condições, desde criança sempre estudei nas prosperes escolas privadas da cidade. Sou
filho único dos meus pais, razão pela qual eles investiram muita mola em mim, com
alenta que eu fosse alguém de nome pesado. Mas infelizmente não os orgulhei, eles
morreram com desgosto de mim.

Desde a minha infância – a adolescência, os meus pais eram que nem a lâmpada mágica
do Aladim. Pois tudo oque Eu exigia, eles faziam de tudo para me legar. Me recordo
que ate fui um dos primeiros Putos da cidade a ter Supras, playstation e tal.
Constantemente ambulei de mãos dadas com a moda, já curti bilabong, trial, monster,
cega, tudo original conforme mandava a moda. Já vivi like príncipe mesmo, mas não
soube aproveitar os meus pais ainda em vida.

Os meus pais quando vivos, eu tinha muitos tios, que estavam sempre com os meus
cotas, já ate tive tias que me chamavam de marido. Já tive ate, oportunidade de viajar
para vários sítios do pais e do mundo, bastasse eu pedir, que eu teria. Me lembro que ate
no meu aniversario me ofereceram um carro, mas que acidentei com ele.

O meu pai, perdeu a vida num acidente e no funeral dele estava bem apinhado de
pessoas, não se comeu feijão lá, nem tomou-se nipipa como noutros funerais. Do jeito
que esteve organizado, estava mais para um casamento que funeral, por causa da
ornamentação, as refeições e toda aquela cena. O meu pai quando perde a vida, minha
Mãe assumiu os negócios do meu Cota. Tive muitos tios que quase sempre estavam la
para nos desejar força, e dizer que estariam connosco sempre independentemente de…

Mesmo viúva, a minha Mãe deu continuidade aos mimos que já tive com o meu Cota
ainda em vida. E ela nas pauladas sempre dizia:

-Tom, é melhor você estudar e me aproveitar eu ainda em vida.

- Ver velhice oque faz( É a resposta que sempre recitava em minha mente)

Minha Mãe não gostava tão pouco das minhas amizades. Sempre que ela toca-se nesse
papo, eu sempre dizia:

-Mãe, galinha anda com pato, mas não se torna pato. E isso entristecia a minha Mãe.
Minha Mãe não sabia que batia weed, nem imaginava também que eu me injectava e
muito menos que Eu era o Maza da gang.

Mas num belo dia, Ela me despediu dizendo que ia controlar a nossa quinta la no
distrito e não sabia ao certo quando iria voltar. E isso me alegrou bastante, pois teria a
casa livre durante o fim-de-semana para txunar alto boda no place, com meus bradas
mulas e umas gajas boas.

Mas só que para o meu azar, a minha regressou no mesmo dia, isso por volta das 20
horas. Ela chegou de surpresa e encontrou sua casa transformada tipo disco. Não
acreditou ela no que estava a ver. Porque o problema não era festa. O problema eram as
pessoas que la estavam, e oque estava sendo feito la. Estavam la gajos cadastrados, já
famosos na cidade, malta Busta, Wiz Kalifa, aquele que vende drogas e todo mundo
sabe. Minha Mãe não acreditou no que estava vendo. A quantidade de fumo naquele
time, foi maior que a quantidade do ar na natureza.

Ela viu aquelas gajas so com fato de banho, nigas descamisados, outros a se injetarem, a
cheirarem, e a ina e o pior de tudo ela me viu a puxar weed… Ela quando me viu Eu a
bater weed, só gritou:

- Tom mwanaga…(em um tom de decepção)

Nem se quer ultimou de dizer essas palavras, em seguida desmaiou…. Eu já estava a


levar da paulada, mas quando vi aquilo fiquei lucido na hora. Era minha única mae que
desmaiou, por excesso de desgosto…

Coloquei ela no carro do place. Quem tava a conduzir era meu brada mula, o gajo
vunou. E chegamos no Hospital Geral por ai 21 horas. Chegando ela foi socorrida,
levada para a reanimação. Quando ela recuperou a consciência, o Dr. me chama.

-Família da Dona Minda.

-Estou ca Dr. (Respondi).


-A sua Mãe esta com tensão muito alta, sinais de trombose. Na verdade o nosso hospital
é publico, não temos medicamentos para ajudar sua Mãe. Vai-la ver sua Mãe. (Disse o
Dr).

Eu fui ate la onde estava a Cota, oque vi não foi bom. Minha Mãe estava entubada, e
com sobro sobre o seu braço, tipo nos filmes. Tinha também aquela máquina que toca
bip bip. Eu fiquei muito malaike vendo aquilo.

Minha Mãe não conseguia falar se quer uma palavra. Ela só olhava para mim, mas era
um olhar de desgosto. Vi lagrimas correrem nos olhos dela, nem coragem de limpa-las
eu tive. Porque no final de tudo a culpa foi minha.

Minha Mãe estava a morrer, eu vi isso… e aquilo como se não bastasse só me feria a
alma, e me apetecia ao mesmo tempo acender weed para ver se superava aquela
sensação. Uns 10 minutos se passaram, eu perto dela não tive coragem de abrir a boca,
eram só lagrimas que joiravam sem parar, e do lado dela se não disse algo foi por causa
dos tubos.

Pessoal, minha Mãe estava a bazar eu senti. Da nada aquela máquina que faz bip
consoante os batimentos cardíacos, começou a disparar.

Eu sai para procurar ajuda, infelizmente naquelas horas no hospital só estava o servente
que nada entende. Eu não podia fazer mais nada, do nada minha Mãe perdeu a vida…
Naquele instante meu mundo desabou, porque eu acabava de matar de desgosto a minha
única Mãe. Deu para ver que ela morreu de desgosto por causa do seu semblante.
Pessoal, eu fiquei maluco na hora.

Amanheceu, procurei meu cel não vi meus amigos acabaram por me roubar. Arranjei
formas de contactar com aqueles muitos tios que eu tinha, e todos diziam que estavam a
conduzir, e que devia fazer sms. Pedi ajuda meus bradas, ninguém me deu a mão, meus
tios e vizinhos, todo gajo me deixou na mão. Eu tive que bolar alguns bens de casa para
dar a minha Mãe, uma despedida condigna. Organizei sozinho o funeral, e no dia do
funeral? Só estavam familiares próximos, meus bradas da ketura nenhum deles estava,
muito menos aqueles tios-tias que eu um dia tivera. Aconteceu o funeral, e eu vi que
tive que arranjar algo para me enquadrar, fui na empresa de um tio meu por 20 dias
seguidos e em nenhum desses dias fui atendido.

Eu já estava sem tako, nem nada para me sustentar e fechar meus vícios. As roupas de
marca que eu tive, só fiquei com apenas a que eu usava naquele momento. Fiquei sem
nada mesmo.

Decidi então concorrer para ser polícia, mas infelizmente já tinha ultrapassado a idade.
De todas vagas de emprego que concorria, sempre me cobravam somas altas de
dinheiro, e eu não tinha nem uma moeda sequer. Meus tios ninguém estava disposto em
me ajudar. Todo mundo me deixou na mão. Hoje nem sequer telefone tenho!

Não aproveitei os meus pais ainda em vida. Hoje única coisa que me restou é só a casa
que eles me deixaram. As muitas outras casa, os meus familiares se aproveitaram.

E contudo, hoje aprendi que galinha não segue pato. Pois galinha que segue pato morre
afogada.

Termino esse texto com lagrimas nos olhos, desnutrido, pálido e abandonado pelos
meus tropas… Se nos vermos um dia na estrada, para você que já curtiu comigo, se um
dia me ver nas ruas, me passe oque tiveres, nem que seja 5 mts. Serei grato!

Txau ate um dia.

Tomas/ Tom – ex pai grande da vossa cidade.

Não há satisfação maior para um pai e mãe do que ver o filho ter sucesso e felicidade na
vida. Por isso, se esforce para ter uma vida boa, para dar aos seus pais o orgulho que
eles merecem ter de você. Independentemente dos problemas que vocês tiveram, seus
pais te deram acolhimento desde o seu primeiro dia de vida. Por isso, o mínimo que
você deve dar de volta para eles é respeito.

Por Genilson Monteiro | Monteiro II

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