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TEORIA GERAL DA

EXECUÇÃO
PROCESSO CIVIL III
DIREITO DE AÇÃO
Contemporaneamente concebe-se direito de ação como o direito
instrumental e constitucional de efetivo acesso, não apenas ao
processo, mas principalmente ao debate e à resolução da controvérsia.
Inclui tanto o direito de ação do autor e direito de defesa do réu.

A ação é, portanto, um meio de buscar a tutela dos direitos


materiais por meio do processo. É direito público, subjetivo,
autônomo, abstrato e instrumental de formular pretensões com
vistas à proteção do direito material.
T
• Declaratória E
R
N Q
• Constitutiva Á U
R I
• Condenatória I N
A Á
R
• Executiva I
A
• Mandamental
TIPOS DE PROCESSO
- : As partes devem levar ao conhecimento
do juiz os fatos e fundamentos jurídicos, que irá definir, mediante a
prolação de uma sentença, a norma jurídica que incidirá sobre a situação
deduzida em juízo.

- : há certeza prévia do direito do credor e a lide


se resume na insatisfação do crédito, o processo limita-se cumprir o título
do credor, para, em seguida, utilizar a coação estatal sobre o patrimônio do
devedor, e, independentemente da vontade deste, realizar a prestação a
que tem direito o autor.
PROCESSO DE EXECUÇÃO
Ação de execução é aquela em que o autor pretende
a satisfação de um direito reconhecido, em regra,
em um título extrajudicial, e, excepcionalmente, em
um título judicial.

É “satisfazer uma prestação devida” (DIDIER JR,


2009, p. 28), seja ela espontânea, quando o devedor
voluntariamente a satisfaz, ou forçada, quando a
satisfação se dá pela coerção estatal.
FREDIE DIDIER JR
Atua o Estado, na execução, como substituto, promovendo uma atividade que
competia ao devedor exercer: a satisfação da prestação a que tem direito o credor.

Somente quando o obrigado não cumpre voluntariamente a obrigação é que tem lugar
a intervenção do órgão judicial executivo.

Em outras palavras, o processo de conhecimento


visa a declaração do direito , enquanto o
processo de execução se destina à satisfação do
crédito da parte.

HUMBERTO THEODORO JR
PROCESSO AUTÔNOMO DE EXECUÇÃO E
FASE PROCEDIMENTAL EXECUTIVA

PROCESSO
AUTÔNOMO DE
EXECUÇÃO

FASE
PROCEDIMENTAL
EXECUTIVA
CLASSIFICAÇÃO DA EXECUÇÃO
• quanto ao procedimento: comum e especial

• quanto ao título que se executa: judicial e extrajudicial

• quanto à estabilidade do título judicial: provisória e definitiva

• quanto ao tipo de providência executiva: direta e indireta


PROCEDIMENTO:
Comum = quando serve a uma generalidade de créditos
Especial = quando serve a alguns créditos específicos:
• alimentos (arts. 528 e 911);
• contra a Fazenda Pública (arts. 534 e 910);
• execução fiscal (Lei nº 6.830/80).

Art. 780. O exequente pode cumular várias execuções, ainda que fundadas em títulos
diferentes, quando o executado for o mesmo e desde que para todas elas seja
competente o mesmo juízo e idêntico o procedimento.
Súmula 27 do STJ - Pode a execução fundar-se em mais de um título
extrajudicial relativos ao mesmo negócio. (julgado em 12/06/1991)

Sendo assim, apenas será possível a cumulação entre duas


execuções contra o mesmo executado se ambas forem comuns ou
especiais da mesma natureza.

A cumulação indevida de execuções, por violação ao art. 780 do


CPC/2015, é matéria que pode ser conhecida de ofício pelo juiz ou
arguida na defesa do executado.
TÍTULO:
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos
previstos neste Título:
I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de
pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa;
II - a decisão homologatória de autocomposição judicial;
III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza;
IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e
aos sucessores a título singular ou universal;
V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido
aprovados por decisão judicial;
VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado;
VII - a sentença arbitral;
VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;
IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo
Superior Tribunal de Justiça;
X - (VETADO).
Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;
II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor;
III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas;
IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia
Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal;
V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido
por caução;
VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte;
VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio;
VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos
acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;
IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;
X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na
respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas;
XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais
despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei;
XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.
PROCESSO DE
EXECUÇÃO
(AUTÔNOMO)

FASE EXECUTIVA
(CUMPRIMENTO
DE SENTENÇA)
Quando o título judicial se formar sem prévio
processo de conhecimento, como no caso da
sentença penal condenatória, da sentença
arbitral e da decisão homologatória de
decisão estrangeira pelo STJ, não há fase de
cumprimento de sentença.

Nestes casos, tais títulos judiciais serão excepcionalmente executados por


meio de ação própria e processo autônomo.

Apesar de formalmente a execução se dar por processo autônomo,


adotam-se no seu curso as regras do cumprimento de sentença
(como o pedido de multa do art. 523, §1º etc).
ESTABILIDADE:
Somente se aplica aos títulos judiciais: cumprimento de sentença pode
ser provisório (art. 520 e ss) ou definitivo (art. 523 e ss).

• Será provisório o cumprimento de sentença se este for fundado em um título judicial


provisório, ou seja, em decisão judicial passível de alteração, em razão de pendência de
recurso desprovido de efeito suspensivo.
• Isso significa que essa decisão pode, desde a sua publicação, surtir efeitos, sendo
cumprida provisoriamente, ainda que esteja passível de modificação pelo julgamento
ulterior do recurso.
• Será, ao contrário, definitivo se fundado em um título judicial definitivo, ou seja,
acobertado pela coisa julgada material, não mais sujeita a recurso, tornando-se imutável.
Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de
efeito suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo,
sujeitando-se ao seguinte regime:
I - corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for
reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido;
II - fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule a sentença objeto da
execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidando-se eventuais prejuízos
nos mesmos autos;
III - se a sentença objeto de cumprimento provisório for modificada ou anulada apenas
em parte, somente nesta ficará sem efeito a execução;
IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem
transferência de posse ou alienação de propriedade ou de outro direito real, ou dos quais
possa resultar grave dano ao executado, dependem de caução suficiente e idônea,
arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.
• Nos termos do art. 520, o cumprimento provisório será realizado da mesma forma
que o cumprimento definitivo. Mas deve respeitar algumas regras especiais.
• prestação de caução idônea pelo exequente quando a causa for de natureza
patrimonial (art. 520, IV) – objetivo: garantir eventual prejuízo do executado oriundo de
futura modificação da decisão recorrida.
• dispensadas de caução art. 521, quais sejam:
- crédito de natureza alimentar, independente de sua origem;
- o credor demonstrar situação de necessidade;
- pender agravo em REsp ou RE, fundado nos incisos II e III do art. 1.042;
- sentença estiver em consonância com súmula do STF ou do STJ, ou com acórdão
proferido em julgamento de casos repetitivos.
• Em qualquer caso, se da dispensa resultar manifesto risco de grave dano, de difícil ou
incerta reparação, a exigência da caução será mantida (parágrafo único do art. 521).
Sobrevindo decisão que modifique ou anule a sentença, total ou
parcialmente, ficará sem efeito, nesta proporção, tal cumprimento,
restituindo as partes ao estado anterior e respondendo o exequente,
objetivamente (inciso I), pelos prejuízos que o executado venha a sofrer.

O cumprimento provisório da sentença será requerido pelo exequente


mediante petição escrita perante o juízo competente.

Não sendo eletrônicos os autos, a petição deverá estar acompanhada de


cópia dos documentos previstos no art. 522, parágrafo único, cuja
autenticidade poderá ser certificada pelo próprio advogado, sob sua
responsabilidade.
PROVIDÊNCIA EXECUTIVA:
A execução direta ou por sub-rogação é aquela que o Judiciário dispensa a
colaboração do devedor para a efetivação da prestação devida, promovendo-a em
seu lugar através da adoção de medidas sub-rogatórias.

É a execução típica das chamadas sentenças de conhecimento com efeito executivo


lato sensu. Ex: sentença de despejo.

Mesmo que o executado não concorde com tal satisfação, o juiz terá à sua
disposição determinados atos materiais que, ao substituir a vontade do executado,
geram a satisfação do direito. Exemplos classicamente lembrados são a
penhora/expropriação; depósito/entrega da coisa; atos materiais que são praticados
independentemente da concordância ou resistência do executado.
Na execução indireta, o Estado-juiz não substitui a vontade do executado;
pelo contrário, atua de forma a convencê-lo a cumprir sua obrigação.

Ao invés de tomar as providências que deveriam ser tomadas pelo devedor,


ele o força, por meio de medidas coercitivas, a cumprir a prestação.

É necessária a atuação do devedor no momento da efetivação da


prestação mediante coerção indireta. É a execução das sentenças
mandamentais, que ocorre normalmente quando se condena o devedor à
prestação de uma obrigação de fazer/não fazer.

Existem duas formas de execução indireta: as astreintes, multa aplicável


diante do descumprimento da obrigação, ou ainda com a prisão civil na
hipótese do devedor inescusável de alimentos.
• Nulla executio sine titulo • Princípio do contraditório
• Princípio da efetividade • Princípio da menor onerosidade
da execução
• Princípio da atipicidade
• Princípio da proporcionalidade
• Princípio da primazia da tutela
específica • Princípio da adequação
• Princípio da boa-fé processual • Princípio da cooperação
• Princípio da responsabilidade • Princípio do desfecho único
patrimonial
Não há execução sem título que a embase (nulla executio sine titulo), porque
na execução, além da permissão para a invasão do patrimônio do executado
por meio de atos de constrição judicial (por exemplo, penhora, busca e
apreensão, imissão na posse), o executado é colocado numa situação
processual desvantajosa em relação ao exequente.

Assim, exige-se a existência de título que demonstra ao menos uma


probabilidade de que o crédito representado no título efetivamente exista
para justificar essas desvantagens que serão suportadas pelo executado
Sabe-se que não há execução sem título - nulla executio sine titulo - ou seja,
a instauração de procedimento executivo somente é permitida se houver o
título executivo e ele for verificado nos autos. (TJSC, Apelação Cível n.
2014.053907-8, de Laguna, rel. Des. Pedro Manoel Abreu, Terceira Câmara de
Direito Público, j. 10-02-2015).

AUSÊNCIA DE TÍTULO JUDICIAL (NULLA EXECUTIO SINE TITULO) QUE


CONDUZ À EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA, COM CONSEQUENTE
ANULAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS PRATICADOS NO INCIDENTE (TJSC,
Agravo de Instrumento n. 2014.004702-5, de Blumenau, rel. Des. Marcus Tulio
Sartorato,Terceira Câmara de Direito Civil, j. 06-05-2014).
O Estado- juiz tem o dever de entregar uma tutela executiva que
realmente satisfaça, de forma célere e adequada, o direito reconhecido
do autor. Portanto, não basta a entrega da tutela executiva;
necessário é a sua entrega efetiva.

Diante dessa inarredável realidade, que ora se impõe ao Poder


Judiciário, é que se tema ampliado os poderes do magistrado no sentido
de poder promover, independentemente de provocação, as medidas
executivas adequadas ao caso concreto.
*PODER GERAL DE EFETIVAÇÃO
Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de
fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da
tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar
as medidas necessárias à satisfação do exequente.
§ 1o Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar, entre outras medidas, a
imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento
de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário, requisitar o
auxílio de força policial.
Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase de
conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que
seja suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável para
cumprimento do preceito.
Diante do dever de entregar a tutela executiva mais justa, adequada e efetiva,
poderá o magistrado valer-se de outros meios executivos, que não
necessariamente os tipificados em lei, que julgar necessários para tal mister
(§1º do art. 536).

A questão é se esse princípio encontra assento em todo e qualquer procedimento


executivo, inclusive aquele fundado em obrigação de dar quantia.

Segundo uma parcela da doutrina, é possível o juiz adotar quaisquer medidas


coercitivas, como multa p. ex., na execução por quantia certa para incrementar a
medida executiva típica dessa espécie executiva, que é a expropriação.
A execução deverá dar prioridade à entrega da obrigação como ela é, tal qual
houvesse sido cumprido espontaneamente pelo devedor. Em último caso,
não isso possível, deverá se converter o direito em perdas e danos.

Art. 499. A obrigação somente será convertida em perdas e danos se


o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção
de tutela pelo resultado prático equivalente.
• Impõe o dever às partes de não se comportar de forma desleal, abusiva ou fraudulenta.
• Na execução é muito comum a violação desse princípio, com excessos e fraudes de
ambas as partes.

Art. 774. Considera-se atentatória à dignidade da justiça a conduta comissiva ou omissiva do


executado que:
I - frauda a execução;
II - se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos;
III - dificulta ou embaraça a realização da penhora;
IV - resiste injustificadamente às ordens judiciais;
V - intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à penhora e os respectivos
valores, nem exibe prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus.
• Fraude à execução:

Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução:


I - quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com pretensão
reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido averbada no respectivo
registro público, se houver;
II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do processo de execução, na
forma do art. 828;
III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou outro ato de
constrição judicial originário do processo onde foi arguida a fraude;
IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz
de reduzi-lo à insolvência;
V - nos demais casos expressos em lei.
A execução é sempre real, e nunca pessoal, pois os bens do executado são
os responsáveis materiais pela satisfação do direito do exequente.

Não existe no direito brasileiro, nem em qualquer ordenamento moderno a


satisfação na pessoa do devedor, como existia na antiga Lei das XII Tábuas,
em que seria possível “dividir o corpo do devedor em tantos pedaços quantos
sejam os credores”.
Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros
para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.

Esse princípio tem sofrido mitigações quando se fala, por


exemplo, em impenhorabilidade de alguns bens do devedor; ou
quando se aplica uma medida de coerção indireta, forçando a
pessoa do devedor a cumprir a obrigação com seu
comportamento, embora não se dá sobre o seu corpo, salvo no
caso de prisão civil por dívida alimentar (art. 528, §5º, NCPC).
Muito se discutiu acerca do cabimento ou não desse princípio no processo
executivo, na medida em que o devedor é chamado a juízo não para se
defender, mas para cumprir a obrigação. E mais: ainda que deseje discutir
o débito, defendendo-se, deverá fazê-lo mediante uma ação de
conhecimento: os embargos do executado.

Apesar da situação especial em que se coloca o processo de execução em


razão de suas características próprias, não há como negar a sua natureza
jurisdicional, tratando-se indubitavelmente de processo que seguirá sob o
crivo do contraditório, garantido constitucionalmente (art. 5.º, LV, da CF)
e indispensável num Estado Democrático de Direito.
A execução não é instrumento de exercício de vingança privada, nada
justificando que o executado sofra mais do que o estritamente necessário
na busca da satisfação do direito do exequente.

Gravames desnecessários devem ser evitados sempre que for possível


satisfazer o direito por meio da adoção de outros mecanismos. Dessa
constatação decorre a regra de que, quando houver vários meios de
satisfazer o direito do credor, o juiz mandará que a execução se faça
pelo modo menos gravoso ao executado.
Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover a execução,
o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado.

Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida executiva mais gravosa
incumbe indicar outros meios mais eficazes e menos onerosos, sob pena de
manutenção dos atos executivos já determinados.

• Tal opção pressupõe que os diversos meios sejam igualmente eficazes,


pois o princípio da efetividade deve ser respeitado.

Ex: se há dois bens, penhora deverá recair sobre aquele que gerar
situação menos gravosa.
• O exequente pode requerer a substituição do bem penhorado por
dinheiro, pois que não há outro meio mais eficaz de satisfazer seu
crédito, ainda que mais gravoso para o executado.

• Visa, num primeiro momento, impedir a execução abusiva;

• O princípio aplica-se em qualquer execução;

• O juiz pode aplicá-lo de oficio, ou seja, se o credor optar pelo meio


mais gravoso, poderá o juiz determinar que a execução se faça pelo
meio menos oneroso.
É manejada quando houver colisão entre os demais princípios, adotando a
solução mais razoável, adequada e proporcional. Ex: o choque entre o
princípio da segurança e o da atipicidade dos meios executivos.
• aplicação do art. 805 (menos gravoso x efetividade);
• art. 835 (exceto o dinheiro, que é prioridade, a ordem de nomeação de bens é relativa, sopesando os
princípios da efetividade, a favor do exequente, e o da dignidade da pessoa humana, a favor do
executado);
• princípio da efetividade x princípio do contraditório (exceções e objeções do executado não só para
discutir vícios formais da execução, mas também questões relacionadas ao direito material);
• cabimento de prisão civil do alimentante (efetividade x liberdade);
• art. 891 – que veda a arrematação por preço vil, conceito aberto;
• possibilidade de quebra de sigilo bancário (efetividade x intimidade).
Deve-se aplicar o meio executivo mais adequado para obter uma
satisfação mais justa e efetiva.

Ex: a prisão civil é meio mais adequado para obter a satisfação do crédito
alimentar, pois, pela urgência deste, requer uma medida mais enérgica.

O regime de precatório nas execuções contra a fazenda pública é


manifestação da adequação subjetiva.
É derivado do contraditório e da boa-fé.

Existem diversos artigos que demonstram a sua aplicação, como o art. 774,
V, CPC, em que o executado tem o dever de indicar seus bens à penhora.

Outros dispositivos são os arts. 525, §4° e o 917, §3º do NCPC, em que o
executado que pretende impugnar ou embargar o valor da execução, que
apresente desde logo o valor que entenda devido.
O processo de execução se desenvolve com um único objetivo: satisfazer
o direito do exequente. Sendo esse o único objetivo da execução, a única
forma de prestação que pode ser obtida em tal processo é a satisfação do
direito do exequente, nunca do executado.

O executado, na melhor das hipóteses, verá impedida a satisfação do


direito com a extinção do processo sem a resolução do mérito, mas jamais
terá a possibilidade de obter uma decisão de mérito favorável a ele.

Na execução não se discute mérito, busca-se apenas a satisfação do


direito, por isso não se admite a improcedência do pedido do exequente.
Dentro de um conceito tradicional de execução, a única forma de o
executado obter uma tutela jurisdicional em seu favor é por meio da
propositura de uma nova ação, qual seja, os embargos à execução.

No processo de execução a única tutela jurisdicional possível seria aquela


obtida pelo exequente por meio da satisfação de seu direito.

Apesar desta tradição, admite-se o acolhimento de matéria de mérito alegada


incidentalmente (exceção de pré-executividade), assim, haverá uma sentença que rejeita
a pretensão executiva do credor, com a resolução do mérito.

O Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de que o reconhecimento da


prescrição no próprio processo executivo gera decisão que resolve o mérito do processo.
Justamente em razão do desfecho único do processo de
execução, que não tem como tutelar o direito material do
executado, é permitido ao exequente, a qualquer momento,
ainda que pendentes de julgamento os embargos à execução,
desistir do processo, sendo dispensada a concordância do
executado para que tal desistência gere efeitos jurídicos.

Art. 775. O exequente tem o direito de desistir de toda a


execução ou de apenas alguma medida executiva.

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