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Caderno de

novidades
legislativas

janeiro/fevereiro 2021
SUMÁRIO

DIREITO ADMINISTRATIVO
1. L
 ei Complementar (LC) nº 179/2021 - Objetivos do Banco
Central do Brasil (BACEN)
1.1. Ficha normativa ................................................................................................................ 4
1.2. Comentário ....................................................................................................................... 4
1.3. Questão inédita comentada ...................................................................................... 6

DIREITO AMBIENTAL
1. Lei nº 14.119, de 13 de janeiro de 2021 - Política Nacional de
Pagamento por Serviços Ambientais
1.1. Ficha normativa ................................................................................................................ 8
1.2. Comentário ....................................................................................................................... 8
1.3. Questão inédita comentada ....................................................................................... 11

DIREITO CIVIL
1. Lei nº 14.118/2021 - Programa Casa Verde e Amarela
1.1. Ficha normativa ................................................................................................................ 14
1.2. Comentário ........................................................................................................................ 15
1.3. Questão inédita comentada ....................................................................................... 18

DIREITO DO TRABALHO
1. M
 edida Provisória (MP) nº 1.029, de 10 de fevereiro de 2021 -
Exercício da profissão de tripulante de aeronave
1.1. Ficha normativa ................................................................................................................ 21
1.2. Comentário........................................................................................................................ 21
1.3. Questão inédita comentada ...................................................................................... 22

Caderno de novidades legislativas


SUMÁRIO

DIREITO FINANCEIRO
1. L
 ei Complementar (LC) nº 178 - Programa de Acompanhamento e
Transparência Fiscal e Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal
1.1. Ficha normativa................................................................................................................. 23
1.2. Comentário........................................................................................................................ 24
1.3. Questão inédita comentada ...................................................................................... 28

DIREITO INTERNACIONAL
1. D
 ecreto Legislativo CN nº 01/2021 - Convenção Interamericana
contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas
de Intolerância
1.1. Ficha normativa ............................................................................................................... 30
1.2. Comentário ...................................................................................................................... 30
1.3. Questão inédita comentada ...................................................................................... 32

DIREITO PREVIDENCIÁRIO
1. M
 edida Provisória (MP) nº 1.023 - Benefício de prestação
continuada
1.1. Ficha normativa ................................................................................................................ 33
1.2. Comentário ....................................................................................................................... 33
1.3. Questão inédita comentada ...................................................................................... 34

Caderno de novidades legislativas


DIREITO ADMINISTRATIVO
1. L
 ei Complementar (LC) nº 179/2021 - Objetivos do Banco Central do
Brasil (BACEN)
1.1. Ficha normativa

LC Nº 179/2021
Ementa: Define os objetivos do Banco Central do Brasil (BACEN) e dispõe sobre sua
autonomia e sobre a nomeação e a exoneração de seu Presidente e de seus
Diretores; e altera artigo da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964.
Data de publicação: 25.02.2021
Início de vigência: 25.02.2021
Link do texto normativo: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp179.htm>
Destaques:
• A lei prevê expressamente que o objetivo fundamental do BACEN é assegurar a esta-
bilidade dos preços e elenca outros objetivos possíveis.
• Confere autonomia ao BACEN.
• Define que a diretoria colegiada do BACEN será composta por nove membros, nomeados
pelo Presidente da República, após aprovação pelo Senado Federal, com mandato de quatro
anos, observando-se a escala e as hipóteses de recondução e exoneração previstas na lei.
• Dispõe que as metas de política monetária serão estabelecidas pelo Conselho Monetário
Nacional (CMN) e que compete privativamente ao BACEN conduzir a política monetária
necessária para o cumprimento dessas metas que foram estabelecidas pelo CMN.

1.2. Comentário

Em 25.02.2021 foi publicada a LC nº 179, com início imediato de vigência.

De acordo com sua ementa, o novel texto legislativo “define os objetivos do Banco Central do
Brasil e dispõe sobre sua autonomia e sobre a nomeação e a exoneração de seu Presidente e de seus
Diretores; e altera artigo da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964”.

O BACEN é uma autarquia federal criada pela Lei nº 4.595/1964, cujo objetivo fundamental é
assegurar a estabilidade de preços. Embora este seja o escopo principal de qualquer Banco Central
de um país, o art. 1º da LC nº 179/2021 traz previsão expressa nesse sentido, prevendo também
que “sem prejuízo de seu objetivo fundamental, o BACEN também tem por objetivos zelar pela
estabilidade e pela eficiência do sistema financeiro, suavizar as flutuações do nível de atividade
econômica e fomentar o pleno emprego”.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
A principal inovação do diploma normativo em comento foi conferir, expressamente, autonomia
ao BACEN, o que se deu com a previsão de que o Banco deixa de ter vinculação com ministérios e
seus dirigentes passam a ser definidos através de mandatos fixos a cada quatro anos sem que este
período seja coincidente com o do presidente da República, conforme dispõe o art. 6º da lei:

Art. 6º O Banco Central do Brasil é autarquia de natureza especial caracterizada


pela ausência de vinculação a Ministério, de tutela ou de subordinação
hierárquica, pela autonomia técnica, operacional, administrativa e financeira,
pela investidura a termo de seus dirigentes e pela estabilidade durante
seus mandatos, bem como pelas demais disposições constantes desta Lei
Complementar ou de leis específicas destinadas à sua implementação.
(Grifos nossos.)

Quanto à nomeação dos dirigentes, de acordo com o art. 3o da LC nº 179/2021, a “Diretoria


Colegiada do Banco Central do Brasil terá 9 (nove) membros, sendo um deles o seu Presidente,
todos nomeados pelo Presidente da República entre brasileiros idôneos, de reputação ilibada e
de notória capacidade em assuntos econômico-financeiros ou com comprovados conhecimentos
que os qualifiquem para a função”. Em complemento, o art. 4o prevê que estes dirigentes “serão
indicados pelo Presidente da República e por ele nomeados, após aprovação de seus nomes pelo
Senado Federal”.

Os mandatos serão, como já mencionado, fixos, com duração de quatro anos, sendo que o do
Presidente terá início no dia 1º de janeiro do terceiro ano de mandato do Presidente da República, e
o dos demais Diretores observarão a seguinte escala, prevista no § 2º do art. 4o da lei:

I - 2 (dois) Diretores terão mandatos com início no dia 1º de março do


primeiro ano de mandato do Presidente da República;

II - 2 (dois) Diretores terão mandatos com início no dia 1º de janeiro do


segundo ano de mandato do Presidente da República;

III - 2 (dois) Diretores terão mandatos com início no dia 1º de janeiro do


terceiro ano de mandato do Presidente da República; e

IV - 2 (dois) Diretores terão mandatos com início no dia 1º de janeiro do


quarto ano de mandato do Presidente da República.

Além disso, de acordo como § 3º do mesmo dispositivo “o Presidente e os Diretores do Banco
Central do Brasil poderão ser reconduzidos 1 (uma) vez, por decisão do Presidente da República”.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Outra garantia dos dirigentes que reforça a autonomia do BACEN é a previsão de que o
Presidente da República não poderá demitir um dirigente do Banco por vontade própria sem a
validação do Senado, o que reduz as chances de interferências políticas na condução da política
monetária. Veja, nesse sentido, a redação do art. 5º da LC nº 179/2021:

Art. 5º O Presidente e os Diretores do Banco Central do Brasil serão


exonerados pelo Presidente da República:
I - a pedido;
II - no caso de acometimento de enfermidade que incapacite o titular para
o exercício do cargo;
III - quando sofrerem condenação, mediante decisão transitada em julgado
ou proferida por órgão colegiado, pela prática de ato de improbidade
administrativa ou de crime cuja pena acarrete, ainda que temporariamente,
a proibição de acesso a cargos públicos;
IV - quando apresentarem comprovado e recorrente desempenho
insuficiente para o alcance dos objetivos do Banco Central do Brasil.
§ 1º Na hipótese de que trata o inciso IV do caput deste artigo, compete
ao Conselho Monetário Nacional submeter ao Presidente da República
a proposta de exoneração, cujo aperfeiçoamento ficará condicionado à
prévia aprovação, por maioria absoluta, do Senado Federal. (Grifos nossos.)

Por fim, importante ressaltar que a autonomia conferida ao BACEN não é sinônimo de
independência, já que, conforme determina o art. 2º da lei em comento, “as metas de política
monetária serão estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional, competindo privativamente
ao Banco Central do Brasil conduzir a política monetária necessária para cumprimento das metas
estabelecidas”. Assim, o BACEN deverá perseguir as metas definidas pelo CMN.

1.3. Questão inédita comentada

Relativamente ao BACEN, autarquia federal que tem por objetivo fundamental assegurar a
estabilidade de preços, assinale a alternativa incorreta:

A) O BACEN é uma autarquia de natureza especial, dotada de autonomia administrativa e financeira.


B) Os dirigentes do BACEN não podem ser exonerados livremente pelo Presidente da República.
C) O mandato de todos os membros da Diretoria Colegiada do BACEN tem a mesma duração e
início simultâneo.
D) O BACEN é uma autarquia especial, vinculada ao Ministério da Economia.
E) Cabe ao BACEN, privativamente, conduzir a política monetária necessária para cumprimento
das metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional.
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DIREITO ADMINISTRATIVO

Alternativa correta: letra D. Nos termos do art. 6º da LC nº 179/2021, o “Banco Central do Brasil
é autarquia de natureza especial caracterizada pela ausência de vinculação a Ministério, de tutela
ou de subordinação hierárquica, pela autonomia técnica, operacional, administrativa e financeira, pela
investidura a termo de seus dirigentes e pela estabilidade durante seus mandatos, bem como
pelas demais disposições constantes desta Lei Complementar ou de leis específicas destinadas à
sua implementação”.

Demais alternativas:

Alternativa A. A afirmação está correta porque, nos termos do contido no art. 6º da LC nº


179/2021, o “Banco Central do Brasil é autarquia de natureza especial caracterizada pela ausência
de vinculação a Ministério, de tutela ou de subordinação hierárquica, pela autonomia técnica,
operacional, administrativa e financeira”.

Alternativa B. A competência para exonerar o presidente e os diretores do Banco Central


do Brasil é do Presidente da República. Porém, não se admite a livre-exoneração e, nesse sentido,
as hipóteses de exoneração estão expressas no art. 5º, incisos I a IV, da LC nº 179/2021, e são as
seguintes: “I - a pedido; II - no caso de acometimento de enfermidade que incapacite o titular para
o exercício do cargo; III - quando sofrerem condenação, mediante decisão transitada em julgado ou
proferida por órgão colegiado, pela prática de ato de improbidade administrativa ou de crime cuja
pena acarrete, ainda que temporariamente, a proibição de acesso a cargos públicos; IV - quando
apresentarem comprovado e recorrente desempenho insuficiente para o alcance dos objetivos do
Banco Central do Brasil”.

Alternativa C. A duração dos mandatos dos diretores é a mesma, qual seja, quatro anos.
Todavia, não há simultaneidade no início porque os incisos I a IV do § 2º do art. 4º estabelecem uma
escala: “I - 2 (dois) Diretores terão mandatos com início no dia 1º de março do primeiro ano de mandato
do Presidente da República; II - 2 (dois) Diretores terão mandatos com início no dia 1º de janeiro do
segundo ano de mandato do Presidente da República; III - 2 (dois) Diretores terão mandatos com início
no dia 1º de janeiro do terceiro ano de mandato do Presidente da República; e IV - 2 (dois) Diretores
terão mandatos com início no dia 1º de janeiro do quarto ano de mandato do Presidente da República”.

Alternativa E. A afirmação está correta, conforme estabelece o art. 2º da LC nº 179/2021, cujo


teor é o seguinte: “As metas de política monetária serão estabelecidas pelo Conselho Monetário
Nacional, competindo privativamente ao Banco Central do Brasil conduzir a política monetária
necessária para cumprimento das metas estabelecidas”.

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DIREITO AMBIENTAL
1. L
 ei nº 14.119, de 13 de janeiro de 2021 - Política Nacional de
Pagamento por Serviços Ambientais
1.1. Ficha normativa

LEI Nº 14.119, DE 13 DE JANEIRO DE 2021


Ementa: Institui a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais; e altera as Leis
nºs 8.212, de 24 de julho de 1991, 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e 6.015, de 31 de
dezembro de 1973, para adequá-las à nova política.
Data de publicação: 14.01.2021 e retificada em 15.01.2021
Início de vigência: 15.01.2021
Link do texto normativo: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/
Lei/L14119.htm>  
Destaques:
• A lei disciplina importantes instrumentos de preservação ambiental, de forma sistemati-
zada, instituindo o Programa Federal de Pagamento por Serviços Ambientais, concretizando
o art. 225 da CF/1988 por meio da atividade de fomento do Poder Público.

• Além de trazer novos conceitos, como o de pagador e provedor de serviços ambientais,


trata das modalidades de pagamento, como os títulos verdes (green bonds) e as cotas de
reserva ambiental (CRA).

• Traz um rol explicitando os casos que podem ser objeto do Programa Federal de Pagamento
por Serviços Ambientais, em seu art. 8º, merecendo destaque as terras indígenas, os
territórios quilombolas e outras áreas legitimamente ocupadas por populações tradicionais,
mediante consulta prévia, nos termos da Convenção nº 169 da Organização Internacional
do Trabalho (OIT) sobre Povos Indígenas e Tribais.

1.2. Comentário

Em 14.01.2021 foi publicada a Lei nº 14.119, com texto retificado em 15.01.2021, passando a viger
a partir de sua publicação.

De acordo com sua ementa, o novel texto legislativo “institui a Política Nacional de Pagamento
por Serviços Ambientais; e altera as Leis nºs 8.212, de 24 de julho de 1991, 8.629, de 25 de fevereiro de
1993, e 6.015, de 31 de dezembro de 1973, para adequá-las à nova política”.

Trata-se de mais um importante passo do Estado brasileiro em direção à concretização do art.


225 da CF/1988, notadamente o direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
preservando-a para as presentes e futuras gerações.

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DIREITO AMBIENTAL
A Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais funcionará de forma integrada às
demais políticas já existentes, nos termos do § 1º do art. 4º da lei:

§ 1º A PNPSA deverá integrar-se às demais políticas setoriais e ambientais,


em especial à Política Nacional do Meio Ambiente, à Política Nacional da
Biodiversidade, à Política Nacional de Recursos Hídricos, à Política Nacional
sobre Mudança do Clima, à Política Nacional de Educação Ambiental, às
normas sobre acesso ao patrimônio genético, sobre a proteção e o acesso
ao conhecimento tradicional associado e sobre a repartição de benefícios
para conservação e uso sustentável da biodiversidade e, ainda, ao Sistema
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e aos serviços de
assistência técnica e extensão rural.

A lei traz as diretrizes, delimita o objeto, explicita o funcionamento do Programa Federal


de Pagamento Ambiental (PFPSA), menciona as ações a serem implementadas, traz os critérios de
aplicação menciona o contrato de pagamento por serviços ambientais, dentre outras questões.

Desses pontos, o objeto do PFPSA e as modalidades de pagamento pelos serviços ambientais


merecem maior atenção. 

Art. 8º Podem ser objeto do PFPSA:

I - áreas cobertas com vegetação nativa;

II - áreas sujeitas a restauração ecossistêmica, a recuperação da cobertura


vegetal nativa ou a plantio agroflorestal;

III - unidades de conservação de proteção integral, reservas extrativistas e


reservas de desenvolvimento sustentável, nos termos da Lei nº 9.985, de 18
de julho de 2000;

IV - terras indígenas, territórios quilombolas e outras áreas legitimamente


ocupadas por populações tradicionais, mediante consulta prévia, nos
termos da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT)
sobre Povos Indígenas e Tribais;

V - paisagens de grande beleza cênica, prioritariamente em áreas especiais


de interesse turístico;

VI - áreas de exclusão de pesca, assim consideradas aquelas interditadas ou


de reservas, onde o exercício da atividade pesqueira seja proibido transitória,
periódica ou permanentemente, por ato do poder público;

VII - áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade, assim definidas


por ato do poder público.

9 Caderno de novidades legislativas


DIREITO AMBIENTAL
§ 1º (VETADO).

§ 2º Os recursos decorrentes do pagamento por serviços ambientais pela


conservação de vegetação nativa em terras indígenas serão aplicados em
conformidade com os planos de gestão territorial e ambiental de terras
indígenas, ou documentos equivalentes, elaborados pelos povos indígenas
que vivem em cada terra.

§ 3º Na contratação de pagamento por serviços ambientais em áreas


de exclusão de pesca, podem ser recebedores os membros de comu-
nidades tradicionais e os pescadores profissionais que, historicamente,
desempenhavam suas atividades no perímetro protegido e suas adjacências,
desde que atuem em conjunto com o órgão ambiental competente na
fiscalização da área.

Cabe ressaltar, todavia, que sua eficácia interna ocorrerá apenas após o decreto do presidente
da República, na forma do art. 84, IV, da CF/1988.

As modalidades de pagamento pelos serviços ambientais são assim explicitadas no art. 3º da lei:

Art. 3º São modalidades de pagamento por serviços ambientais, entre


outras:

I - pagamento direto, monetário ou não monetário;

II - prestação de melhorias sociais a comunidades rurais e urbanas;

III - compensação vinculada a certificado de redução de emissões por


desmatamento e degradação;

IV - títulos verdes (green bonds);

V - comodato;

VI - Cota de Reserva Ambiental (CRA), instituída pela Lei nº 12.651, de 25 de


maio de 2012.

§ 1º Outras modalidades de pagamento por serviços ambientais poderão


ser estabelecidas por atos normativos do órgão gestor da PNPSA.

§ 2º As modalidades de pagamento deverão ser previamente pactuadas


entre pagadores e provedores de serviços ambientais.

10 Caderno de novidades legislativas


DIREITO AMBIENTAL
1.3. Questão inédita comentada

Em 14.01.2021, publicou-se a Lei nº 14.119/2021, que instituiu a Política Nacional de Pagamento


por Serviços Ambientais.

Em relação a ela, não podemos afirmar com correção que:

A) Traz como modalidade de pagamento os chamados green bonds (títulos verdes).

B) Pessoas físicas poderão se beneficiar de recursos públicos por serviços ambientais, ainda que
inadimplentes em relação a termo de ajustamento de conduta.

C) Podem ser objeto do Programa Federal de Pagamento por Serviços Ambientais áreas cobertas
com vegetação nativa.

D) De acordo com a lei, serviços ecossistêmicos são benefícios relevantes para a sociedade
gerados pelos ecossistemas, em termos de manutenção, recuperação ou melhoria das con-
dições ambientais.

E) Uma das modalidades de pagamento por serviços ambientais é o comodato.

Alternativa correta: letra B, porquanto a questão pede a incorreta. Nos termos do art. 10, I, fica
vedado nesse caso.

Art. 10. É vedada a aplicação de recursos públicos para pagamento por


serviços ambientais:

I - a pessoas físicas e jurídicas inadimplentes em relação a termo de


ajustamento de conduta ou de compromisso firmado com os órgãos
competentes com base nas Leis nos 7.347, de 24 de julho de 1985, e 12.651,
de 25 de maio de 2012;

II - referente a áreas embargadas pelos órgãos do Sisnama, conforme


disposições da Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012.

Alternativa A. Sim, em seu art. 3º, IV.

Art. 3º São modalidades de pagamento por serviços ambientais, entre


outras:

I - pagamento direto, monetário ou não monetário;

II - prestação de melhorias sociais a comunidades rurais e urbanas;

11 Caderno de novidades legislativas


DIREITO AMBIENTAL
III - compensação vinculada a certificado de redução de emissões por
desmatamento e degradação;
IV - títulos verdes (green bonds);
V - comodato;
VI - Cota de Reserva Ambiental (CRA), instituída pela Lei nº 12.651, de 25
de maio de 2012.
§ 1º Outras modalidades de pagamento por serviços ambientais poderão
ser estabelecidas por atos normativos do órgão gestor da PNPSA.
§ 2º As modalidades de pagamento deverão ser previamente pactuadas
entre pagadores e provedores de serviços ambientais. (Grifos nossos.)

Alternativa C. Sim, conforme o art. 8º, I.

Art. 8º Podem ser objeto do PFPSA:


I - áreas cobertas com vegetação nativa;
II - áreas sujeitas a restauração ecossistêmica, a recuperação da cobertura
vegetal nativa ou a plantio agroflorestal;
III - unidades de conservação de proteção integral, reservas extrativistas e
reservas de desenvolvimento sustentável, nos termos da Lei nº 9.985, de 18
de julho de 2000;
IV - terras indígenas, territórios quilombolas e outras áreas legitimamente
ocupadas por populações tradicionais, mediante consulta prévia, nos
termos da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT)
sobre Povos Indígenas e Tribais;
V - paisagens de grande beleza cênica, prioritariamente em áreas especiais
de interesse turístico;
VI - áreas de exclusão de pesca, assim consideradas aquelas interditadas ou
de reservas, onde o exercício da atividade pesqueira seja proibido transitória,
periódica ou permanentemente, por ato do poder público;
VII - áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade, assim definidas
por ato do poder público.
§ 1º (VETADO).
§ 2º Os recursos decorrentes do pagamento por serviços ambientais pela
conservação de vegetação nativa em terras indígenas serão aplicados em
conformidade com os planos de gestão territorial e ambiental de terras
indígenas, ou documentos equivalentes, elaborados pelos povos indígenas
que vivem em cada terra.

12 Caderno de novidades legislativas


DIREITO AMBIENTAL
§ 3º Na contratação de pagamento por serviços ambientais em áreas de
exclusão de pesca, podem ser recebedores os membros de comunidades
tradicionais e os pescadores profissionais que, historicamente, desem-
penhavam suas atividades no perímetro protegido e suas adjacências, desde
que atuem em conjunto com o órgão ambiental competente na fiscalização
da área. (Grifos nossos.)

Alternativa D. Sim, conforme o art. 2º, II, abrangendo as espécies de serviços de provisão, de
suporte, de regulação e culturais.

Art. 2º Para os fins desta Lei, consideram-se:

I - serviços ecossistêmicos: benefícios relevantes para a sociedade gerados


pelos ecossistemas, em termos de manutenção, recuperação ou melhoria
das condições ambientais, nas seguintes modalidades:

a) serviços de provisão: os que fornecem bens ou produtos ambientais


utilizados pelo ser humano para consumo ou comercialização, tais como
água, alimentos, madeira, fibras e extratos, entre outros;

b) serviços de suporte: os que mantêm a perenidade da vida na Terra, tais


como a ciclagem de nutrientes, a decomposição de resíduos, a produção,
a manutenção ou a renovação da fertilidade do solo, a polinização, a
dispersão de sementes, o controle de populações de potenciais pragas e de
vetores potenciais de doenças humanas, a proteção contra a radiação solar
ultravioleta e a manutenção da biodiversidade e do patrimônio genético;

c) serviços de regulação: os que concorrem para a manutenção da estabilidade


dos processos ecossistêmicos, tais como o sequestro de carbono, a purificação
do ar, a moderação de eventos climáticos extremos, a manutenção do equilíbrio
do ciclo hidrológico, a minimização de enchentes e secas e o controle dos
processos críticos de erosão e de deslizamento de encostas;

d) serviços culturais: os que constituem benefícios não materiais providos


pelos ecossistemas, por meio da recreação, do turismo, da identidade
cultural, de experiências espirituais e estéticas e do desenvolvimento
intelectual, entre outros;

Alternativa E. Exatamente, nos termos do art. 3º, V.

Art. 3º São modalidades de pagamento por serviços ambientais, entre


outras:

V - comodato; (...). (Grifos nossos.)

13 Caderno de novidades legislativas


DIREITO CIVIL
1. Lei nº 14.118/2021 - Programa Casa Verde e Amarela
1.1. Ficha normativa

LEI Nº 14.118/2021
Ementa: Institui o Programa Casa Verde e Amarela; altera as Leis nºs 8.036, de 11 de maio de
1990, 8.100, de 5 de dezembro de 1990, 8.677, de 13 de julho de 1993, 11.124, de 16
de junho de 2005, 11.977, de 7 de julho de 2009, 12.024, de 27 de agosto de 2009,
13.465, de 11 de julho de 2017, e 6.766, de 19 de dezembro de 1979; e revoga a Lei nº
13.439, de 27 de abril de 2017.
Data de publicação: 13.01.2021
Início de vigência: 13.01.2021
Link do texto normativo: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/
Lei/L14118.htm>
Destaques:
• A lei possui a finalidade de promover o direito à moradia a famílias residentes em áreas
urbanas com renda mensal de até R$ 7.000,00 (sete mil reais) e a famílias residentes em
áreas rurais com renda anual de até R$ 84.000,00 (oitenta e quatro mil reais).
• Disciplina o objetivo do programa em ampliar e promover a melhoria do estoque de
moradias; estimular a modernização do setor da construção e a inovação tecnológica;
promover o desenvolvimento institucional e a capacitação dos agentes públicos e privados
responsáveis pela promoção do programa; estimular a inserção de microempresas, de
pequenas empresas e de microempreendedores individuais do setor da construção civil e
de entidades privadas sem fins lucrativos.
• Disponibiliza as unidades habitacionais aos beneficiários sob a forma de cessão, doação,
locação, comodato, arrendamento ou venda, mediante financiamento ou não, em contrato
subsidiado ou não, total ou parcialmente.
• Determina que o contrato e o registro do imóvel serão feitos, preferencialmente, em
nome da mulher. Se for chefe de família não necessitará da concordância do marido. Na
dissolução de união estável, separação ou divórcio, o título de propriedade do imóvel será
registrado em nome da mulher ou a ela transferido, independentemente do regime de
bens aplicável, excetuadas as operações firmadas com recursos do FGTS, e na hipótese da
guarda dos filhos exclusiva do homem. Eventuais prejuízos sofridos decorrentes da regra
serão solucionados em demandas indenizatórias.
• Estabelece no prazo máximo de cinco dias da ciência do ato de turbação ou esbulho
do empreendimento habitacional, que poderão ser empregados atos de defesa ou de
desforço diretos, inclusive por meio do auxílio de força policial.
• Considerou amplamente o rol de responsáveis para fins de parcelamento do solo urbano
e permitiu a prorrogação, por igual período, do prazo de quatro anos para a execução das
obras necessárias ao loteamento.

14 Caderno de novidades legislativas


DIREITO CIVIL
1.2. Comentário

Em 13.01.2021, em razão da conversão da Medida Provisória nº 996/2020, foi publicada a Lei nº


14.118, com início imediato de vigência.

De acordo com sua ementa, o novel texto legislativo “institui o Programa Casa Verde e Amarela;
altera as Leis nºs 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.100, de 5 de dezembro de 1990, 8.677, de 13 de julho
de 1993, 11.124, de 16 de junho de 2005, 11.977, de 7 de julho de 2009, 12.024, de 27 de agosto de
2009, 13.465, de 11 de julho de 2017, e 6.766, de 19 de dezembro de 1979; e revoga a Lei nº 13.439, de
27 de abril de 2017”.

Em seu art. 1º a lei estabeleceu a sua principal “finalidade de promover o direito à moradia
a famílias residentes em áreas urbanas com renda mensal de até R$ 7.000,00 (sete mil reais) e a
famílias residentes em áreas rurais com renda anual de até R$ 84.000,00 (oitenta e quatro mil
reais), associado ao desenvolvimento econômico, à geração de trabalho e de renda e à elevação dos
padrões de habitabilidade e de qualidade de vida da população urbana e rural”.

Ainda, a lei relacionou os objetivos do Programa Casa Verde e Amarela, nos incisos do seu
art. 3º, in verbis:

Art. 3º São objetivos do Programa Casa Verde e Amarela:

I - ampliar o estoque de moradias para atender às necessidades habita-


cionais, sobretudo da população de baixa renda;

II - promover a melhoria do estoque existente de moradias para reparar as


inadequações habitacionais, incluídas aquelas de caráter fundiário, edilício,
de saneamento, de infraestrutura e de equipamentos públicos;

III - estimular a modernização do setor da construção e a inovação tecno-


lógica com vistas à redução dos custos, à sustentabilidade ambiental e à
melhoria da qualidade da produção habitacional, com a finalidade de ampliar
o atendimento pelo Programa Casa Verde e Amarela;

IV - promover o desenvolvimento institucional e a capacitação dos agentes


públicos e privados responsáveis pela promoção do Programa Casa Verde
e Amarela, com o objetivo de fortalecer a sua ação no cumprimento de suas
atribuições; e

V - estimular a inserção de microempresas, de pequenas empresas e de


microempreendedores individuais do setor da construção civil e de entidades
privadas sem fins lucrativos nas ações do Programa Casa Verde e Amarela.

15 Caderno de novidades legislativas


DIREITO CIVIL
Por sua vez, a lei definiu que “as unidades habitacionais produzidas pelo Programa Casa Verde
e Amarela poderão ser disponibilizadas aos beneficiários sob a forma de cessão, de doação, de
locação, de comodato, de arrendamento ou de venda, mediante financiamento ou não, em contrato
subsidiado ou não, total ou parcialmente, conforme previsto em regulamento”, nos termos do que
dispõe o art. 8º, § 6º.

Será vedada a concessão de subsídios econômicos para aquisição de unidade habitacional por
pessoa física, titular de contrato de financiamento obtido com recursos do FGTS ou para pessoa
que seja proprietária, promitente compradora ou titular de direito de aquisição, de arrendamento,
de usufruto ou de uso de imóvel residencial, ou ainda que tenha recebido, nos últimos dez anos,
benefícios similares, dispositivo tratado no art. 12 da lei:

Art. 12. É vedada a concessão de subvenções econômicas com a finalidadede


aquisição de unidade habitacional por pessoa física que:

I - seja titular de contrato de financiamento obtido com recursos do FGTS


ou em condições equivalentes às do Sistema Financeiro da Habitação,
emqualquer parte do País;

II - seja proprietária, promitente compradora ou titular de direito de aqui-


sição, de arrendamento, de usufruto ou de uso de imóvel residencial, regular,
com padrão mínimo de edificação e de habitabilidade definido pelas regras
da administração municipal, e dotado de abastecimento de água, de solução
de esgotamento sanitário e de atendimento regular de energia elétrica, em
qualquer parte do País; ou

III - tenha recebido, nos últimos 10 (dez) anos, benefícios similares oriundos
de subvenções econômicas concedidas com o orçamento geral da União e
com recursos do FAR, do FDS ou de descontos habitacionais concedidos
com recursos do FGTS, excetuados as subvenções ou os descontos
destinados à aquisição de material de construção ou o Crédito Instalação,
disponibilizados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(Incra), na forma prevista em regulamento.

§ 1º O disposto no caput deste artigo, observada a legislação específica


relativa à fonte de recursos, não se aplica à família que se enquadre em uma
ou mais das seguintes hipóteses:

I - tenha tido propriedade de imóvel residencial de que se tenha desfeito,


por força de decisão judicial, há pelo menos 5 (cinco) anos;

16 Caderno de novidades legislativas


DIREITO CIVIL
II - tenha tido propriedade em comum de imóvel residencial, desde que dele
se tenha desfeito, em favor do coadquirente, há pelo menos 5 (cinco) anos;

III - tenha propriedade de imóvel residencial havida por herança ou doação,


em condomínio, desde que a fração seja de até 40% (quarenta por cento),
observada a regulamentação específica da fonte de recurso que tenha
financiado o imóvel;

IV - tenha propriedade de parte de imóvel residencial, em fração não supe-


rior a 40% (quarenta por cento);

V - tenha tido propriedade anterior, em nome do cônjuge ou do compa-


nheiro do titular da inscrição, de imóvel residencial do qual se tenha desfeito,
antes da união do casal, por meio de instrumento de alienação devidamente
registrado no cartório competente; e

VI - tenha nua propriedade de imóvel residencial gravado com cláusula de


usufruto vitalício e tenha renunciado a esse usufruto.

§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica às subvenções econômicas


destinadas a:

I - realização de obras e serviços de melhoria habitacional para assistênciaa


famílias;

II - atendimento de famílias envolvidas em operações de reassentamento,


de remanejamento ou de substituição de moradia; e

III - atendimento de famílias desabrigadas que tenham perdido o seu único


imóvel em razão de situação de emergência ou de estado de calamidade
pública reconhecidos pela União.

Cabe ressaltar que o art. 13 da lei estabeleceu que “os contratos e os registros efetivados no
âmbito do Programa Casa Verde e Amarela serão formalizados, preferencialmente, em nome da
mulher e, na hipótese de esta ser chefe de família, poderão ser firmados independentemente da
outorga do cônjuge, afastada a aplicação do disposto nos arts. 1.647, 1.648 e 1.649 da Lei nº 10.406,
de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil)”.

No mesmo sentido, estabeleceram os arts. 14 e 15, que seguem:

Art. 14. Nas hipóteses de dissolução de união estável, separação ou divórcio,


o título de propriedade do imóvel adquirido, construído ou regularizado
pelo Programa Casa Verde e Amarela na constância do casamento ou
da união estável será registrado em nome da mulher ou a ela transferido,
independentemente do regime de bens aplicável, excetuadas as operações
de financiamento habitacional firmadas com recursos do FGTS.

17 Caderno de novidades legislativas


Parágrafo único. Na hipótese de haver filhos do casal e a guarda ser
atribuída exclusivamente ao homem, o título da propriedade do imóvel
construído ou adquirido será registrado em seu nome ou a ele transferido,
revertida a titularidade em favor da mulher caso a guarda dos filhos seja a
ela posteriormente atribuída.

Art. 15. Os prejuízos sofridos pelo cônjuge ou pelo companheiro em razão


do disposto nos arts. 13 e 14 desta Lei serão resolvidos em perdas e danos.

A citada preferência já constava da Lei nº 11.977/2009 (posteriormente alterada pela Lei nº


12.693/2012), mas foi reproduzida com a intenção de promover o bem-estar da família. Insta frisar
que há quem defenda a inconstitucionalidade do regramento por favorecer a mulher, violando o art.
5º, inciso I, da Constituição Federal (CF) de 1988.

A lei também destaca que “para garantia da posse legítima dos empreendimentos habitacionais
adquiridos ou construídos pelo Programa Casa Verde e Amarela ainda não alienados aos beneficiários
finais que venham a sofrer turbação ou esbulho, poderão ser empregados atos de defesa ou de
desforço diretos, inclusive por meio do auxílio de força policial”, nos termos do que dispõe seu art. 16,
bem como disciplinam os §§ 1º e 2º, in verbis:

§ 1º O auxílio de força policial a que se refere o caput deste artigo poderá estar
previsto no instrumento firmado ou em outro que venha a ser estabelecido
entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

§ 2º Os atos de defesa ou de desforço a que se refere o caput deste artigo


não poderão ir além do indispensável à manutenção ou à restituição da
posse e deverão ocorrer no prazo máximo de 5 (cinco) dias, contado da data
de ciência do ato de turbação ou de esbulho.

Por fim, a nova legislação também trouxe alterações à Lei nº 6.766/1979, passando a considerar
amplamente o rol de responsáveis para fins de parcelamento do solo urbano, bem como permitiu a
prorrogação, por igual período, do prazo de quatro anos para a execução das obras necessárias ao
loteamento, nos termos do que dispõe o seu art. 24.

1.3. Questão inédita comentada

A Lei nº 14.118/2021 instituiu o Programa Casa Verde e Amarela, visando promover o direito
à moradia a famílias residentes em áreas urbanas e rurais. Quanto à renda das famílias, assinale a
alternativa correta:

18 Caderno de novidades legislativas


DIREITO CIVIL
A) O Programa Casa Verde e Amarela tem a finalidade de promover o direito à moradia a famí-
lias residentes em áreas urbanas com renda mensal de até R$ 7.000,00 (sete mil reais) e a famílias
residentes em áreas rurais com renda anual de até R$ 84.000,00 (oitenta e quatro mil reais).

B) O Programa Casa Verde e Amarela tem a finalidade de promover o direito à moradia a famí-
lias residentes em áreas urbanas com renda mensal de até R$ 10.000,00 (dez mil reais) e a famílias
residentes em áreas rurais com renda mensal de até R$ 15.000,00 (quinze mil reais).

C) O Programa Casa Verde e Amarela tem a finalidade de promover o direito à moradia a famí-
lias residentes em áreas urbanas com renda mensal de até R$ 10.000,00 (dez mil reais) e a famílias
residentes em áreas rurais com renda mensal de até R$ 64.000,00 (sessenta e quatro mil reais).

D) O Programa Casa Verde e Amarela tem a finalidade de promover o direito à moradia a famí-
lias residentes em áreas urbanas com renda mensal de até R$ 5.000,00 (cinco mil reais) e a famílias
residentes em áreas rurais com renda anual de até R$ 84.000,00 (oitenta e quatro mil reais).

E) O Programa Casa Verde e Amarela tem a finalidade de promover o direito à moradia a famí-
lias residentes em áreas urbanas com renda mensal de até R$ 7.000,00 (sete mil reais) e a famílias
residentes em áreas rurais com renda mensal de até R$ 15.000,00 (quinze mil reais).

Alternativa correta: letra “A”. Conforme dispõe o art. 1º da Lei nº 14.118/2021, o Programa Casa
Verde e Amarela foi instituído com o objetivo de promover o direito à moradia a famílias residentes em
áreas urbanas com renda mensal de até R$ 7.000,00 (sete mil reais) e a famílias residentes em área
rurais com renda anual de até R$ 84.000,00 (oitenta e quatro mil reais), associado ao desenvolvimento
econômico, à geração de renda e de trabalho bem como a elevação dos padrões de habitabilidade
e da qualidade de vida da população rural e urbana.

Alternativa B. Está incorreta, tendo em vista o que dispõe o art. 1º da Lei nº 14.118/2021.
O Programa Casa Verde e Amarela foi instituído com o objetivo de promover o direito à moradia
a famílias residentes em áreas urbanas com renda mensal de até R$ 7.000,00 (sete mil reais)
e a famílias residentes em área rurais com renda anual de até R$ 84.000,00 (oitenta e quatro mil
reais), associado ao desenvolvimento econômico, à geração de renda e de trabalho bem como a
elevação dos padrões de habitabilidade e da qualidade de vida da população rural e urbana.

19 Caderno de novidades legislativas


DIREITO CIVIL
Alternativa C. Está incorreta. Conforme dispõe o art. 1º da Lei nº 14.118/2021. O Programa Casa
Verde e Amarela foi instituído com o objetivo de promover o direito à moradia a famílias residentes em
áreas urbanas com renda mensal de até R$ 7.000,00 (sete mil reais) e a famílias residentes em área
rurais com renda anual de até R$ 84.000,00 (oitenta e quatro mil reais), associado ao desenvolvimento
econômico, à geração de renda e de trabalho bem como a elevação dos padrões de habitabilidade e
da qualidade de vida da população rural e urbana.

Alternativa D. Está incorreta, pois, segundo o art. 1º da Lei nº 14.118/2021, o Programa Casa Verde
e Amarela foi instituído com o objetivo de promover o direito à moradia a famílias residentes em áreas
urbanas com renda mensal de até R$ 7.000,00 (sete mil reais) e a famílias residentes em área rurais
com renda anual de até R$ 84.000,00 (oitenta e quatro mil reais), associado ao desenvolvimento
econômico, à geração de renda e de trabalho bem como a elevação dos padrões de habitabilidade e
da qualidade de vida da população rural e urbana.

Alternativa E. Está incorreta, pois está em desacordo com o que dispõe a literalidade do o art.
1º da Lei nº 14.118/2021. O Programa Casa Verde e Amarela foi instituído com o objetivo de promover
o direito à moradia a famílias residentes em áreas urbanas com renda mensal de até R$ 7.000,00
(sete mil reais) e a famílias residentes em área rurais com renda anual de até R$ 84.000,00 (oitenta e
quatro mil reais), associado ao desenvolvimento econômico, à geração de renda e de trabalho, bem
como a elevação dos padrões de habitabilidade e da qualidade de vida da população rural e urbana.

20 Caderno de novidades legislativas


DIREITO DO TRABALHO
1. M
 edida Provisória (MP) nº 1.029, de 10 de fevereiro de 2021 -
Exercício da profissão de tripulante de aeronave

1.1. Ficha normativa

MP Nº 1.029, DE 10 DE FEVEREIRO DE 2021


Ementa: Altera a Lei nº 13.475, de 28 de agosto de 2017, que dispõe sobre o exercício da
profissão de tripulante de aeronave, denominado aeronauta.
Data de publicação: 10.02.2021
Início de vigência: 10.02.2021
Link do texto normativo: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/
Mpv/mpv1029.htm>
Destaque:
• A Medida Provisória (MP) nº 1.029/2021, acrescentou um parágrafo ao art. 20 da Lei nº
13.475/17 (Lei do Aeronauta), para admitir a terceirização dos tripulantes a bordo de
aeronave quando o operador da aeronave for órgão ou entidade da administração pública,
no exercício de missões institucionais ou de poder de polícia.

1.2. Comentário

A Lei nº 13.475/2017 (Lei do Aeronauta) dispõe sobre o exercício das profissões de piloto de
aeronave, comissário de voo e mecânico de voo, denominados aeronauta.

O art. 20 estabelece que o contrato de trabalho dos tripulantes a bordo deve ser firmado
diretamente com o operador da aeronave, obrigatoriamente.

No entanto, a MP nº 1.029, de 2021, acrescentou um parágrafo ao art. 20 da Lei do Aeronauta,


estabelecendo que o disposto acima “não se aplica quando o operador da aeronave for órgão ou
entidade da administração pública, no exercício de missões institucionais ou de poder de polícia”.

Com isso, possibilita a terceirização de tripulantes quando o operador da aeronave for órgão
ou entidade da administração pública, no exercício de missões institucionais ou de poder de polícia.
As alterações promovidas admitem que, nesse caso, o contrato de trabalho seja firmado não com o
órgão público contratante, chamado na lei de “operador”, mas, sim, diretamente com as empresas
donas da aeronave.

21 Caderno de novidades legislativas


DIREITO DO TRABALHO

1.3. Questão inédita comentada

Sobre o exercício da profissão de tripulante de aeronave, denominado aeronauta, é


correto afirmar:

A) A função remunerada dos tripulantes a bordo de aeronave deverá ser sempre formalizada por
meio de contrato de trabalho firmado diretamente com o operador da aeronave.

B) Nos casos em que o operador da aeronave é órgão ou entidade da administração pública, no


exercício de missões institucionais, a função remunerada dos tripulantes deve ser formalizada
por meio de contrato de trabalho firmado diretamente com o operador da aeronave.

C) Nos casos em que o operador da aeronave é órgão ou entidade da administração pública, no


exercício de poder de polícia, a função remunerada dos tripulantes deve ser formalizada por meio
de contrato de trabalho firmado diretamente com o operador da aeronave.

D) Nos casos em que o operador da aeronave for órgão ou entidade da administração pública, no
exercício de missões institucionais ou de poder de polícia, a função remunerada dos tripulantes a
bordo de aeronave deve ser formalizada por meio de contrato de trabalho firmado diretamente
com a empresa dona da aeronave.

Alternativa correta: letra D (responde a todas as alternativas). Nos termos do art. 20, § 4º, da
Lei nº 13.475/2017, nos casos em que o operador da aeronave for órgão ou entidade da administração
pública, no exercício de missões institucionais ou de poder de polícia, a função remunerada dos
tripulantes a bordo de aeronave deverá sempre ser formalizada por meio de contrato de trabalho
firmado diretamente com a empresa dona da aeronave, e não mais com o órgão público contratante:

Art. 20. A função remunerada dos tripulantes a bordo de aeronave deverá,


obrigatoriamente, ser formalizada por meio de contrato de trabalho firmado
diretamente com o operador da aeronave. (...)

§ 4º O disposto neste artigo não se aplica quando o operador da aeronave


for órgão ou entidade da administração pública, no exercício de missões
institucionais ou de poder de polícia. (Incluído pela MP nº 1.029, de 2021.)

22 Caderno de novidades legislativas


DIREITO FINANCEIRO
1. L
 ei Complementar (LC) nº 178 - Programa de Acompanhamento e
Transparência Fiscal e Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal
1.1. Ficha normativa

LC Nº 178
Ementa: Estabelece o Programa de Acompanhamento e Transparência Fiscal e o Plano de
Promoção do Equilíbrio Fiscal; altera a LC nº 101, de 4 de maio de 2000, a LC nº 156,
de 28 de dezembro de 2016, a LC nº 159, de 19 de maio de 2017, a LC nº 173, de 27
de maio de 2020, a Lei nº 9.496, de 11 de setembro de 1997, a Lei nº 12.348, de 15 de
dezembro de 2010, a Lei nº 12.649, de 17 de maio de 2012, e a MP nº 2.185-35, de 24
de agosto de 2001; e dá outras providências.
Data de publicação: 13.01.2021
Início de vigência: 13.01.2021
Diferenciada:
Art. 51 da LC nº 101/2000 – vigência a partir de 2022
Art. 42 da LC nº 101/2000 – vigência a partir de 2023
Link do texto normativo: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp178.htm#art16> 
Destaques:
• Os entes federativos que ultrapassem o teto de limite de gastos com pessoal devem realizar
a redução em 10% anualmente a partir de 2023 do excesso no dispêndio laboral.
• Com relação ao cálculo com despesa de pessoal a LC nº 178/2021 alterou a Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF) definindo que o cálculo deve ser realizado adotando-se o
regime de competência independentemente de empenho, e a referida apuração da renda
bruta total com pessoal não contabiliza dedução ou retenção, salvo o valor que extrapola
o teto salarial do funcionalismo público.
• Tratou também das deduções brutas com os pensionistas desde que custo esteja coberto
pelos recursos pertencentes ao regime próprio de previdência. E em caso de desequilíbrio
no Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) a transferência de aportes atuariais à
entidade ou fundo são obrigatórios, com posterior e gradativo desconto na forma definida
pelo Ministério da Previdência.
• Os entes podem alterar a finalidade da operação de crédito sem a necessidade de nova
verificação pelo Ministério da Economia.
• Realização de consulta pública prévia para que os entes se manifestem sobre alteração de
metodologia com relação à classificação da capacidade de pagamento pelos entes.
• Com relação à fiscalização da gestão fiscal o diploma legal considerou que os controles
interno e externo fiscalizarão a gestão fiscal considerando a padronização do Conselho
Nacional de Gestão Fiscal.

23 Caderno de novidades legislativas


DIREITO FINANCEIRO
1.2. Comentário

Em 13.01.2021, a LC nº 178 foi publicada pela Lei nº 14.065, com início imediato de vigência,
ressalvados os arts. 42 e 51. O art. 42 tem vigência prevista para o ano 2023, enquanto o art. 51 tem
vigência prevista para o ano de 2022, conforme o disposto no art. 32 da LC nº 178.

De acordo com sua ementa, o novel texto legislativo autoriza “Estabelece o Programa de
Acompanhamento e Transparência Fiscal e o Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal; altera a Lei
Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, a Lei Complementar nº 156, de 28 de dezembro de
2016, a Lei Complementar nº 159, de 19 de maio de 2017, a Lei Complementar nº 173, de 27 de maio
de 2020, a Lei nº 9.496, de 11 de setembro de 1997, a Lei nº 12.348, de 15 de dezembro de 2010, a Lei
nº 12.649, de 17 de maio de 2012, e a Medida Provisória nº 2.185-35, de 24 de agosto de 2001; e dá
outras providências”.

Trata-se de lei que objetiva estabelecer o Programa de Ajuste Fiscal e com o agravamento
das contas públicas causado pelo advento da pandemia da Covid-19, o referido programa visa
oportunizar o reequilíbrio das contas.

Dentre os pontos transformadores trazidos pelo diploma, neste momento abordaremos as


inovações que tocam o direito financeiro, de forma especial, as alterações geradas na LRF.

Em relação à despesa pública com pessoal, estabelece alteração nos arts. 18, §§ 2º e 3º; 19, VI,
c e § 3º; 20, § 7º; e 23, § 3º, III.

Em primeiro momento, o ente federativo que extrapolar o teto de gasto com o regime de
pessoal deverá realizar a redução em 10% anualmente a partir de 2023 do excesso no dispêndio
laboral. E as penalidades pelo não ajuste das contas passam a ser aplicados no ano de 2023. Dentre
as penalidades encontram-se: não recebimento de transferência voluntária; impossibilidade de
contratar operações de crédito e rejeição do balanço anual. Esta previsão está esculpida no art. 15
da LC nº 178.

Art. 15. O Poder ou órgão cuja despesa total com pessoal  ao término do
exercício financeiro da publicação desta Lei Complementar estiver acima
de seu respectivo limite  estabelecido no  art.  20  da Lei Complementar
nº 101, de 4 de maio de 2000, deverá eliminar o excesso à razão de, pelo
menos, 10% (dez por cento) a cada exercício a partir de 2023, por meio da
adoção, entre outras, das medidas previstas nos arts. 22 e 23 daquela Lei
Complementar, de forma a se enquadrar no respectivo limite até o término
do exercício de 2032.

24 Caderno de novidades legislativas


DIREITO FINANCEIRO
§ 1º A inobservância do disposto no caput no prazo fixado sujeita o ente às
restrições previstas no § 3º do art. 23 da Lei Complementar nº 101, de 4 de
maio de 2000.

§ 2º A comprovação acerca do cumprimento da regra de eliminação do


excesso de despesas com pessoal prevista no caput deverá ser feita no último
quadrimestre de cada exercício, observado o art. 18 da Lei Complementar
nº 101, de 4 de maio de 2000.

§ 3º Ficam suspensas as contagens de prazo e as disposições do art. 23 da


Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, no exercício financeiro de
publicação desta Lei Complementar.

§ 4º Até o encerramento do prazo a que se refere o caput, será considerado


cumprido o disposto no art. 23 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de
2000, pelo Poder ou órgão referido no art. 20 daquela Lei Complementar
que atender ao estabelecido neste artigo.(Grifos nossos.)

Por outro lado, a LC nº 178/2021, ainda ao tratar da despesa de pessoal, desconsiderou do


cálculo da renda bruta dedução ou retenção, ressalvado os valores que ultrapassarem ao teto
do funcionalismo público previsto no art. 37, XI, da CF/1988. Ademais, o cálculo deve ser realizado
adotando-se o regime de competência independentemente de empenho. Por fim, com relação
às deduções de renda bruta referentes aos pensionistas, há previsão da cobertura dos recursos
pertencentes ao regime próprio de previdência e aportes em caso de desequilíbrio no RPPS.
Os Poderes possuem o dever de apurar a aplicação dos limites de gastos independentemente de
o custeio estar a cargo de outro Poder ou órgão. Então, sobre a despesa com pessoal, as alterações
encontram-se nos dispositivos da LC nº 101/2000:

Art. 18.  Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como


despesa total com pessoal: o somatório dos gastos do ente da Federação
com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos,
cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com
quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens,
fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões,
inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de
qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas
pelo ente às entidades de previdência.

(...)

25 Caderno de novidades legislativas


DIREITO FINANCEIRO
§ 2º A despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada
no mês em referência com as dos 11 (onze) imediatamente anteriores,
adotando-se o regime de competência, independentemente de empenho.
(Redação dada pela LC nº 178, de 2021.)

§ 3º Para a apuração da despesa total com pessoal, será observada a


remuneração bruta do servidor, sem qualquer dedução ou retenção,
ressalvada a redução para atendimento ao disposto no art. 37, inciso XI, da
Constituição Federal. (Incluído pela LC nº 178, de 2021.)

Art. 19.  Para os fins do disposto no  caput  do art. 169 da Constituição, a
despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da
Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida,
a seguir discriminados:

(...)

VI - com inativos e pensionistas, ainda que pagas por intermédio de unidade


gestora única ou fundo previsto no art. 249 da Constituição Federal, quanto
à parcela custeada por recursos provenientes:  (Redação dada pela LC nº
178, de 2021.)

(...)

c) de transferências destinadas a promover o equilíbrio atuarial do regime


de previdência, na forma definida pelo órgão do Poder Executivo federal
responsável pela orientação, pela supervisão e pelo acompanhamento dos
regimes próprios de previdência social dos servidores públicos.  (Redação
dada pela LC nº 178, de 2021.)

(...)

§ 3º Na verificação do atendimento dos limites definidos neste artigo, é


vedada a dedução da parcela custeada com recursos aportados para a
cobertura do déficit financeiro dos regimes de previdência.(Incluído pela
LC nº 178, de 2021.)

Art. 20.  A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá exceder os
seguintes percentuais:

(...)

§ 7º Os Poderes e órgãos referidos neste artigo deverão apurar, de forma


segregada para aplicação dos limites de que trata este artigo, a integralidade
das despesas com pessoal dos respectivos servidores inativos e pensionistas,
mesmo que o custeio dessas despesas esteja a cargo de outro Poder ou
órgão. (Incluído pela LC nº 178, de 2021.) (Grifos nossos.)

26 Caderno de novidades legislativas


DIREITO FINANCEIRO
Por sua vez, os entes podem alterar a finalidade da operação de crédito dos estados, Distrito
Federal e municípios, sem que para tanto haja nova verificação pelo Ministério da Economia se houver
autorização prévia na lei orçamentária ou lei específica. Neste caso, será necessário demonstrar o
interesse econômico e social da alteração. É o previsto no novo parágrafo do art. 32 da LRF:

§ 7º Poderá haver alteração da finalidade de operação de crédito de Estados,


do Distrito Federal e de Municípios sem a necessidade de nova verificação
pelo Ministério da Economia, desde que haja prévia e expressa autorização
para tanto, no texto da lei orçamentária, em créditos adicionais ou em
lei específica, que se demonstre a relação custo-benefício e o interesse
econômico e social da operação e que não configure infração a dispositivo
desta Lei Complementar. (Incluído pela LC nº 178, de 2021.)

Ademais, a nova lei exige a realização de consulta pública prévia para alteração de metodologia
com relação à classificação da capacidade de pagamento pelos entes. Veja!

Art. 40. Os entes poderão conceder garantia em operações de crédito


internas ou externas, observados o disposto neste artigo, as normas do art.
32 e, no caso da União, também os limites e as condições estabelecidos pelo
Senado Federal e as normas emitidas pelo Ministério da Economia acerca
da classificação de capacidade de pagamento dos mutuários. (Redação
dada pela LC nº 178, de 2021.)

(...)

§ 11 A alteração da metodologia utilizada para fins de classificação da


capacidade de pagamento de Estados e Municípios deverá ser precedida
de consulta pública, assegurada a manifestação dos entes. (Incluído pela
LC nº 178, de 2021.)

Por fim, no exercício da fiscalização da gestão fiscal o controle interno e externo precisa
considerar a padronização do Conselho Nacional de Gestão Fiscal.

Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tribunais


de Contas, e o sistema de controle interno de cada Poder e do Ministério
Público fiscalizarão o cumprimento desta Lei Complementar, consideradas
as normas de padronização metodológica editadas pelo conselho de que
trata o art. 67, com ênfase no que se refere a: (Redação dada pela LC nº 178,
de 2021.)

27 Caderno de novidades legislativas


DIREITO FINANCEIRO
1.3. Questão inédita comentada

Conforme estabelece a LRF sobre a despesa de pessoal é correto afirmar:

A) A apuração da despesa total de pessoal depende de empenho.

B) Na apuração da despesa total de pessoal são observadas as reduções decorrentes do excedente
do teto remuneratório do funcionalismo público.

C) Na apuração do limite com despesa de pessoal são computadas as despesas com inativos e
pensionistas ainda que pago por unidade gestora.

D) O Ministério Público não pode de forma segregada do Poder Judiciário apurar o limite de gastos
com pessoal.

E) A parcela custeada com recursos aportados para a cobertura do déficit financeiro dos regimes de
previdência não entra no cálculo da verificação do limite das despesas com pessoal.

Alternativa correta: letra B. Nos termos da nova redação do § 3º, art. 18, incluído pela LC nº
178/2021, no qual, para a apuração da despesa total com pessoal, será observada a remuneração
bruta do servidor sem qualquer dedução ou retenção, ressalvada a redução para atendimento ao
disposto no art. 37, inciso XI, da CF/1988.

Alternativa A. A LRF prevê independe de empenho a apuração de despesa total com pessoal
(art. 18, § 2º, com redação dada pela LC nº 178/2021).

Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como


despesa total com pessoal: o somatório dos gastos do ente da Federação
com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos,
cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com
quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens,
fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões,
inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de
qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas
pelo ente às entidades de previdência.

§ 2º A despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada


no mês em referência com as dos 11 (onze) imediatamente anteriores,
adotando-se o regime de competência, independentemente de empenho.
(Redação dada pela Lei Complementar nº 178, de 2021.)

28 Caderno de novidades legislativas


DIREITO FINANCEIRO
Alternativa C. Quanto à apuração do limite de despesa de pessoal, não serão computadas as
despesas com os inativos e pensionistas, ainda que o pagamento seja realizado por unidade gestora
única ou fundo (art. 19, § 1º, VI, da LRF, com redação dada pela LC nº 178/2021).

Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a


despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da
Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida,
a seguir discriminados:

§ 1º Na verificação do atendimento dos limites definidos neste artigo, não


serão computadas as despesas:

VI - com inativos e pensionistas, ainda que pagas por intermédio de unidade


gestora única ou fundo previsto no art. 249 da Constituição Federal, quanto
à parcela custeada por recursos provenientes: (Redação dada pela Lei
Complementar nº 178, de 2021.)

Alternativa D. O Ministério Público deve realizar a fiscalização da gestão fiscal e tem


independência para tanto (art. 59 da LRF, com redação dada pela LC nº 178/2021).

Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tribunais


de Contas, e o sistema de controle interno de cada Poder e do Ministério
Público fiscalizarão o cumprimento desta Lei Complementar, consideradas
as normas de padronização metodológica editadas pelo conselho de
que trata o art. 67, com ênfase no que se refere a: (Redação dada pela Lei
Complementar nº 178, de 2021.)

Alternativa E. Fica vedada a dedução dos recursos aportados para a cobertura do déficit
financeiro dos regimes de previdência na verificação do atendimento do limite com despesa de
pessoal (art. 19, § 3º, da LRF, com redação dada pela LC nº 178/2021).

Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a


despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da
Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida,
a seguir discriminados:

§ 3º Na verificação do atendimento dos limites definidos neste artigo, é


vedada a dedução da parcela custeada com recursos aportados para a
cobertura do déficit financeiro dos regimes de previdência. (Incluído pela
Lei Complementar nº 178, de 2021.)

29 Caderno de novidades legislativas


DIREITO INTERNACIONAL
1. D
 ecreto Legislativo CN nº 01/2021 - Convenção Interamericana
contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas
de Intolerância

1.1. Ficha normativa

DECRETO LEGISLATIVO CN Nº 01/2021


Ementa: Aprova o texto da Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação
Racial e Formas Correlatas de Intolerância, adotada na Guatemala, por ocasião da
43ª Sessão Ordinária da Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos,
em 5 de junho de 2013.
Data de publicação: 19.02.2021
Início de vigência: 19.02.2021
Link do texto normativo: <https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-legislativo-30
4416057>
Destaques:
• A Convenção foi aprovada na forma do § 3º do art. 5º da Constituição Federal (CF/1988), e
terá status de emenda constitucional.
• O texto segue para ratificação pelo presidente da República nos termos do art. 84, IV, da
CF/1988, passando a ter força cogente no plano interno a partir daqui.
• Ao lado das Convenções de Nova York sobre Pessoas com Deficiência e do Tratado de
Marraqueche sobre inclusão de pessoas com deficiência visual, será o terceiro tratado de
direitos humanos aprovado na forma qualificada do § 3º do art. 5º da CF/1988: aprovação
por 3/5 em cada uma das Casas do Congresso Nacional, em dois turnos.

1.2. Comentário
Em 19.02.2021 foi promulgado pelo Congresso Nacional o Decreto Legislativo nº 01, de 2021.

De acordo com sua ementa, o novel texto legislativo “aprova o texto da Convenção
Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância,
adotada na Guatemala, por ocasião da 43ª Sessão Ordinária da Assembleia Geral da Organização
dos Estados Americanos, em 5 de junho de 2013”.

Trata-se de mais um importante passo do Estado brasileiro no combate ao racismo, crimina-


lizado no plano interno por meio da Lei nº 7.716/1989, a partir de mandamento de criminalização
presente na própria CF/1988, art. 5º, XLII: “a prática do racismo constitui crime inafiançável e
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”; além de representar, o combate ao
racismo, um princípio da República Federativa do Brasil em suas relações internacionais, nos termos
do inciso VIII do art. 4º.

30 Caderno de novidades legislativas


DIREITO INTERNACIONAL
O Brasil já é signatário da Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas
de Discriminação Racial, no âmbito da Organização das Nações Unidas, internalizada por meio
do Decreto nº 65.810/1969, ostentando status supralegal, nos termos do Recurso Extraordinário
nº 466.343, por ser tratado de direitos humanos não internalizado nos termos do art. 5º, § 3º, da
CF/1988, assim como o Pacto de São José da Costa Rica.

A Convenção ora aprovada pelo Poder Legislativo faz parte do Sistema Regional Interame-
ricano, ao passo que a Convenção aprovada anteriormente faz parte do Sistema Global ou Onusiano.
Desse modo, a proteção de direitos humanos, em específico quanto às questões raciais, ganha mais
um reforço expresso, somando-se de forma salutar a todo o arcabouço normativo já existente.

A Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de


Intolerância é importantíssimo instrumento para a proteção dos direitos humanos e está a um passo
de ser incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro. O decreto legislativo em comento corporifica
a aprovação pelo Congresso Nacional, nos termos do art. 49, I, da CF/1988, faltando agora a
ratificação pelo presidente da República e, em consequência, a publicação do decreto presidencial,
quando será considerada internalizada ao direito brasileiro.

Em relação à mencionada Convenção, dois pontos merecem maior atenção: a forma de sua
aprovação e seu conceito de discriminação racial.

Quanto à forma de aprovação, ela se deu como previsto no art. 5º, § 3º, da CF/1988, cujo teor é
o seguinte:

Art. 5º (...)

§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que


forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,
por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às
emendas constitucionais.

O conceito de discriminação racial da Convenção Interamericana é bastante largo, envolvendo


quaisquer áreas da vida pública ou privada, a exemplo da orientação sexual, em que pese o enfoque
principal diga respeito a raça, cor, ascendência ou origem nacional ou étnica, conforme deixa entrever
a parte final do artigo 1.1.
Artigo 1. Para os efeitos desta Convenção: 1. Discriminação racial é
qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência, em qualquer área
da vida pública ou privada, cujo propósito ou efeito seja anular ou restringir
o reconhecimento, gozo ou exercício, em condições de igualdade, de um
ou mais direitos humanos e liberdades fundamentais consagrados nos
instrumentos internacionais aplicáveis aos Estados Partes.

31 Caderno de novidades legislativas


DIREITO INTERNACIONAL
A discriminação racial pode basear-se em raça, cor, ascendência ou origem
nacional ou étnica. (Grifos nossos.)

1.3. Questão inédita comentada

Em 19.02.2021, o Congresso Nacional, por meio do Decreto nº 01/2021, aprovou o texto


da Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de
Intolerância, adotada na Guatemala, por ocasião da 43ª Sessão Ordinária da Assembleia Geral da
Organização dos Estados Americanos, em 5 de junho de 2013, nos termos do § 3º do art. 5º da CF/1988.

Assim, podemos afirmar com correção que:

A) O texto aprovado considera-se automaticamente promulgado no âmbito interno.

B) Por se tratar de Convenção sobre Direitos Humanos, ostentará status supralegal, conforme
decidido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no RE nº 466.344.

C) Já produz efeitos para o Brasil em âmbito internacional.

D) Passa a substituir a Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de


Discriminação Racial, promulgada pelo Decreto Presidencial nº 65.810/1969, vez que trata do
mesmo tema, sendo posterior.

E) Não poderá sofrer controle de convencionalidade em âmbito interno, ainda que devidamente
internalizado.

Alternativa correta: letra C. Nos termos do art. 49, I, da CF/1988, uma vez aprovadas pelo
Congresso Nacional, as Convenções que acarretem encargos ao Brasil passam a ostentar validade
no âmbito internacional, produzindo efeitos para o Brasil em relação aos compromissos assumidos.

Alternativa A. Para que seja promulgado, ostentando cogência no plano interno, necessita de um
decreto presidencial, na forma do art. 84, IV, CF/1988, vez que o Brasil adota a Teoria Dualista Moderada.

Alternativa B. O STF entendeu no recurso extraordinário referido pelo status supralegal da


Convenção Interamericana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), vez que não
aprovado na forma do § 3º do art. 5º da CF/1988, mas por tratar de direitos humanos.

Alternativa D. Não substitui, mas se soma a ela na proteção aos direitos humanos, porquanto
coexistentes os sistemas de proteção global e regionais de direitos humanos.

Alternativa E. Não somente poderá, como deverá servir de parâmetro para as normas internas
em controle de convencionalidade.

32 Caderno de novidades legislativas


DIREITO PREVIDENCIÁRIO
1. Medida Provisória (MP) nº 1.023 - Benefício de prestação continuada
1.1. Ficha normativa

MP Nº 1.023
Ementa: Altera a Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, para dispor sobre o benefício de
prestação continuada.
Data de publicação: 31.12.2020
Início de vigência: 01.01.2021
Link do texto normativo: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/
Mpv/mpv1023.htm>
Destaque:
• A medida provisória trata do requisito da renda familiar para fins de obtenção do benefício
do amparo assistencial.

1.2. Comentário

Em 31.12.2020, a MP nº 1.023/2020 foi publicada, com início de vigência em 01.01.2021.

De acordo com sua ementa, o novel texto legislativo “Altera a Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de
1993, para dispor sobre o benefício de prestação continuada”.

Trata-se de mais uma inovação legal promovida na Lei da Assistência Social (LOAS). O benefício
de prestação continuada é devido às pessoas portadoras de deficiência e ao idoso que comprovem
não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. No ano de
2020 o critério objetivo de renda mensal per capita mensal da família para fins do benefício foi alvo
de muitas mudanças.

Em relação à renda per capita mensal familiar para fins de obtenção do benefício, atualmente
a referida MP, estabelece no art. 20, § 3º, I, da LOAS, que:

§ 3º Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com


deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja:

I - inferior a um quarto do salário mínimo;

33 Caderno de novidades legislativas


DIREITO PREVIDENCIÁRIO
De modo sistemático, observe a evolução legislativa sobre o critério objetivo da renda per capita:

Redação Redação dada Redação dada Redação dada


original da Lei nº pela Lei nº pela Lei nº pela MP nº
8.742/1993 13.981/2020 13.982/2020 1.023/2020

Art. 20, § 3º Art. 20, § 3º Art. 20, § 3º, I Art. 20, § 3º, I

Renda mensal Renda mensal Renda mensal Renda mensal


per capita inferior per capita inferior per capita igual per capita
a 1/4 do salário a 1/2 do salário ou inferior a 1/4 inferior a 1/4 do
mínimo mínimo do salário mínimo salário mínimo
até 31.12.2020

Portanto, guarde a tratativa legal do critério objetivo de renda per capita familiar para fins da
concessão do benefício assistencial levando em consideração que estamos diante de uma MP que
pode ser ou não convertida em lei.

1.3. Questão inédita comentada

O benefício de prestação continuada que garante um salário mínimo mensal à pessoa porta-
dora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção e
nem de tê-la provida por sua família, exigindo-se, a comprovação de renda per capita familiar:

A) 1/6 do valor do salário mínimo;

B) igual a 1/4 do salário mínimo;

C) inferior a 1/4 do salário mínimo;

D) igual a 1/4 do salário mínimo;

E) inferior a 1/3 do salário mínimo.

Alternativa correta: letra C (responde a todas as alternativas). Nos termos da atual redação
do art. 20, § 3º, I, da Lei nº 8.742/1993, o valor da renda per capita familiar deve ser inferior a 1/4 do
salário mínimo.

34 Caderno de novidades legislativas

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