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março 2021
SUMÁRIO
DIREITO ADMINISTRATIVO
1. Lei nº 14.124/2021 – Medidas excepcionais destinadas à vacinação
contra covid-19
1.1. Ficha normativa................................................................................................................5
1.2. Comentário.......................................................................................................................5
1.3. Questão inédita comentada......................................................................................8
DIREITO CIVIL
1. Medida Provisória (MP) nº 1.040/2021 ‒– Facilitação para abertura de
empresas
1.1. Ficha normativa...............................................................................................................24
1.2. Comentário.......................................................................................................................24
DIREITO DO CONSUMIDOR
1. Medida Provisória (MP) nº 1.036/2021 –‒ Crise decorrente da pandemia
da covid-19 nos setores de turismo e de cultura
1.1. Ficha normativa................................................................................................................30
1.2. Comentário.......................................................................................................................30
1.3. Questão inédita comentada......................................................................................33
DIREITO DO TRABALHO
1. Lei nº 14.128/2021 ‒– Compensação financeira a ser paga pela União aos
profissionais e trabalhadores de saúde
1.1. Ficha normativa...............................................................................................................35
1.2. Comentário.......................................................................................................................35
DIREITO EMPRESARIAL
1. Medida Provisória (MP) nº 1.040/2021 ‒– Facilitação para abertura de
empresas
1.1. Ficha normativa................................................................................................................36
1.2. Comentário.......................................................................................................................37
1.3. Questão inédita comentada......................................................................................40
DIREITO PENAL
1. Lei nº 14.132/2021 –‒ Crime de perseguição
1.1. Ficha normativa................................................................................................................43
1.2. Comentário.......................................................................................................................43
1.3. Questão inédita comentada......................................................................................45
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
1. Lei nº 14.126/2021 ‒ – Visão monocular como deficiência sensorial
1.1. Ficha normativa................................................................................................................47
1.2. Comentário.......................................................................................................................47
LEI Nº 14.124/2021
Ementa: Dispõe sobre as medidas excepcionais relativas à aquisição de vacinas e de insumos
e à contratação de bens e serviços de logística, de tecnologia da informação e
comunicação, de comunicação social e publicitária e de treinamentos destinados
à vacinação contra a covid-19, e sobre o Plano Nacional de Operacionalização da
Vacinação contra a Covid-19.
Data de publicação: 10.03.2021
Início de vigência: 10.03.2021
Link do texto normativo: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/
Lei/L14124.htm>
Destaques:
• A lei autoriza dispensa de licitação para que a Administração Pública direta e indireta
celebre contratos de aquisição de vacinas e insumos para vacinação contra a covid-19,
mesmo que antes do registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ou
autorização temporária de uso emergencial.
• Autoriza dispensa de licitação para que a Administração Pública direta e indireta celebre
contratos de bens e serviços necessários para implementação da vacinação contra a
covid-19.
• Autoriza compra, distribuição e aplicação de vacinas contra a covid-19 por estados, Distrito
Federal e municípios, caso a União tenha atuação intempestiva.
1.2. Comentário
No dia 10.03.2021 foi publicada e entrou em vigor a Lei nº 14.124/2021, com o objetivo de auxiliar
o enfrentamento à pandemia.
Conforme ementa da lei, o novel texto legislativo trata “sobre as medidas excepcionais relativas
à aquisição de vacinas e de insumos e à contratação de bens e serviços de logística, de tecnologia
Tendo em vista a covid-19 como medida excepcional, a lei autoriza a dispensa de licitação para
aquisição de vacinas, insumos para vacinação e para contratação de bens e serviços necessários
para implementação da vacinação.
Em relação à formalização da contratação direta, o art. 2º, § 1º, da lei dispõe que a dispensa de
licitação “não afasta a necessidade de processo administrativo que contenha os elementos técnicos
referentes à escolha da opção de contratação e à justificativa do preço ajustado” (grifos nossos).
Todas as aquisições ou contratações feitas com base na nova lei deverão ser publicizadas, no
prazo máximo de 5 dias úteis, “contado da data da realização do ato em sítio oficial da internet” (art.
2º, § 2º), devendo haver a divulgação de todas as informações elencadas nesse dispositivo:
Art. 2º (...)
Além da dispensa, também prevê a lei a contratação direta por inexigibilidade no caso de
fornecedor exclusivo do bem ou serviço “inclusive no caso da existência de sanção de impedimento
ou de suspensão para celebração de contrato com o poder público” (§ 3º), sendo, nesse caso,
obrigatória a prestação de garantia até o limite de 10%.
Estabelece a lei, ainda, diversas outras disposições referentes à licitação e ao regramento dos
contratos administrativos e, em relação ao primeiro caso, por exemplo, o art. 8º prevê, no caso de
pregão, a redução dos prazos pela metade.
Por sua vez, quanto aos contratos administrativos decorrentes das aquisições e contratações
descritas na lei, merece destaque o art. 9º, prevendo que “a administração pública direta e indireta
poderá estabelecer cláusula com previsão de que os contratados ficam obrigados a aceitar, nas
mesmas condições contratuais iniciais, acréscimos ou supressões ao objeto contratado limitados a
até 50% (cinquenta por cento) do valor inicial atualizado do contrato.”
Além das disposições referentes à contratação direta, à licitação e aos contratos administrativos,
importante mencionar que a nova lei prevê, no art. 13, § 3º, a autorização para a compra, a distribuição e
a aplicação de vacinas contra a covid-19 por estados, Distrito Federal e municípios, caso a União “não
realize as aquisições e a distribuição tempestiva de doses suficientes para a vacinação dos grupos
previstos no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19” (grifos nossos).
A última hipótese mencionada, autorização excepcional para importação, foi prevista no art. 16
da Lei nº 14.124/2021, e significa que vacinas e medicamentos contra a covid-19 não registrados na
Anvisa podem ser autorizados para importação pela agência caso preencham os seguintes requisitos:
iii. sejam registrados ou autorizados para uso emergencial por autoridades sanitárias estrangeiras
listadas na lei;
iv. sejam autorizados à distribuição no respectivo país da autoridade sanitária que registrou ou
autorizou o uso emergencial.
Para materiais, equipamentos e insumos da área de saúde sujeitos à vigilância sanitária e não
registrados na Anvisa, dispensa-se apenas o requisito listado no item “i”, uma vez que ele é aplicável
às vacinas e medicamentos contra a covid-19.
Como exemplo de autoridades sanitárias estrangeiras previstas na lei (item iii), cita-se a Food
and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos da América, e a European Medicines Agency
(EMA), da União Europeia.
Alternativa correta: letra C. Nos termos do art. 13, § 3º, da Lei nº 14.124/2021,“a aplicação das
vacinas contra a covid-19 deverá observar o previsto no Plano Nacional de Operacionalização da
Vacinação contra a covid-19, ou naquele que vier a substituí-lo. § 3º Os Estados, os Municípios e
o Distrito Federal ficam autorizados a adquirir, a distribuir e a aplicar as vacinas contra a covid-19
registradas, autorizadas para uso emergencial ou autorizadas excepcionalmente para importação,
nos termos do art. 16 desta Lei, caso a União não realize as aquisições e a distribuição tempestiva de
doses suficientes para a vacinação dos grupos previstos no Plano Nacional de Operacionalização
da Vacinação contra a Covid-19.” (Grifos nossos).
Demais alternativas:
Alternativa A. Alternativa em consonância com o art. 2º, inciso I, da Lei nº 14.124/2021: “Fica
a administração pública direta e indireta autorizada a celebrar contratos ou outros instrumentos
congêneres, com dispensa de licitação, para: I ‒‒ a aquisição de vacinas e de insumos destinados à
vacinação contra a covid-19, inclusive antes do registro sanitário ou da autorização temporária de
uso emergencial; e”.
Alternativa E. Alternativa em consonância com o art. 2º, inciso I, da Lei nº 14.124/2021: “Fica
a administração pública direta e indireta autorizada a celebrar contratos ou outros instrumentos
congêneres, com dispensa de licitação, para: I ‒ a aquisição de vacinas e de insumos destinados à
vacinação contra a covid-19, inclusive antes do registro sanitário ou da autorização temporária de
uso emergencial; e”.
LEI Nº 14.125/2021
Ementa: Dispõe sobre a responsabilidade civil relativa a eventos adversos pós-vacinação
contra a covid-19 e sobre a aquisição e distribuição de vacinas por pessoas jurídicas
de direito privado.
• Prevê que os entes poderão constituir garantias ou contratar seguro privado para a
cobertura dos riscos relativos aos eventos adversos pós-vacinação.
• Autoriza a aquisição de vacinas contra a covid-19 por pessoas jurídicas de direito privado,
desde que sejam integralmente doadas ao Sistema Único de Saúde (SUS), a fim de
serem utilizadas no âmbito do Programa Nacional de Imunizações (PNI), até o término
da imunização dos grupos prioritários. Após, poderão distribuir e administrar as vacinas
adquiridas livremente, desde que pelo menos 50% das doses sejam, obrigatoriamente,
doadas ao SUS, e as demais sejam utilizadas de forma gratuita.
2.2. Comentário
De acordo com sua ementa, o novel texto legislativo dispõe sobre a “responsabilidade civil
relativa a eventos adversos pós-vacinação contra a Covid-19 e sobre a aquisição e distribuição de
vacinas por pessoas jurídicas de direito privado”.
Tendo em vista que podem ocorrer efeitos adversos pelo uso das vacinas destinadas ao
combate da covid-19, houve exigência por parte das empresas farmacêuticas de que o ente público
comprador se responsabilize por qualquer indenização referente a efeitos colaterais indesejados
ocasionados pelas vacinas.
Importante ressaltar que, para a Copa do Mundo de 2014, havia previsão semelhante na Lei nº
12.663/2012 (art. 23), dispositivo que o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou constitucional no
julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 4.976. Mas, diferente desse dispositivo,
que tratava apenas da responsabilidade da União, o previsto na Lei nº 14.125/2021 trata também sobre
a responsabilidade dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, o que pode gerar discussões.
Quanto à responsabilização do ente adquirente pelos eventos adversos pós- vacinação, merece
atenção o disposto nos parágrafos do art. 1º.
Estabelece o § 1º do art. 1º que a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios poderão
constituir garantias ou contratar seguro privado, nacional ou internacional, em uma ou mais
apólices, para a cobertura dos riscos de que trata o caput deste artigo.
Além disso, deve-se ressaltar que a assunção dos riscos relativos à responsabilidade civil pelos
efeitos adversos restringe-se às aquisições feitas pelo respectivo ente público (§ 2º do art. 1º). Como
exemplo, a União não assume responsabilidade por doses compradas por particulares.
Por sua vez, o § 3º impõe medidas de transparência aos entes que adquirirem as vacinas,
especificamente quanto:
Outro ponto de destaque no diploma normativo em análise é a autorização para que pessoas
jurídicas de direito privado adquiram vacinas contra a covid-19 que tenham autorização temporária
para uso emergencial, autorização excepcional e temporária para importação e distribuição ou
registro sanitário concedidos pela Anvisa.
No entanto, na forma do art. 2º, caput, da Lei nº 14.125/2021, as vacinas adquiridas por essas
pessoas de direito privado deverão, em um primeiro momento, ser integralmente doadas ao SUS,
a fim de serem utilizadas no âmbito do PNI.
De acordo com o art. 2º, caput, da lei, que é seu outro ponto de destaque, as pessoas jurídicas
de direito privado ficam autorizadas a comprar vacinas contra a covid-19, desde que as vacinas
“tenham autorização temporária para uso emergencial, autorização excepcional e temporária para
importação e distribuição ou registro sanitário concedidos pela Anvisa.”
Apesar dessa previsão, a distribuição e administração das vacinas pelas pessoas jurídicas de
direito privado que as adquirirem é limitada pela lei, conforme o seguinte quadro:
Após o término da imunização dos Pelo menos 50% (cinquenta por cento)
grupos prioritários previstos no Plano Nacional das doses devem ser, obrigatoriamente,
de Operacionalização da Vacinação contra a doadas ao SUS, e as demais devem ser
Covid-19. utilizadas de forma gratuita.
Somente após o término da imunização dos grupos prioritários previstos no Plano Nacional
de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, as referidas pessoas jurídicas de direito
privado poderão, atendidos os requisitos legais e sanitários, adquirir, distribuir e administrar vacinas
livremente, desde que (§ 1º do art. 2º):
Por último, destaca-se que as pessoas jurídicas de direito privado deverão fornecer ao Ministério
da Saúde, na forma de regulamento, de modo tempestivo e detalhado, todas as informações relativas
à aquisição, incluindo os contratos de compra e doação, e à aplicação das vacinas contra a covid-19,
na forma do § 3º do art. 2º da lei.
Acerca da compra de vacinas para o combate à covid-19, de acordo com o que dispõe a Lei nº
14.125/2021, assinale a alternativa correta:
A) Apenas a União Federal pode comprar vacinas de fabricantes no exterior, a fim de uniformizar o
PNI.
B) Os estados, o Distrito Federal e os municípios podem comprar vacinas, ainda que não registradas
ou autorizadas temporariamente para uso emergencial pela Anvisa, desde que destinem a totalidade
das doses à União, para centralização do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra
a Covid-19.
C) Eventuais efeitos adversos advindos da vacinação contra a Covid-19 são de inteira responsabilidade
do vacinado ou seu responsável.
D) As pessoas jurídicas de direito privado, desde que integrantes da Administração Pública, podem
adquirir vacinas, caso em que deverão doar integralmente ao SUS, para utilização no PNI.
Alternativa correta: letra E. É o que prevê o art. 2º, caput e § 1º, da Lei nº 14.125/2021: “Pessoas
jurídicas de direito privado poderão adquirir diretamente vacinas contra a Covid-19 que tenham
autorização temporária para uso emergencial, autorização excepcional e temporária para importação
Demais alternativas:
Alternativa B. Errada. Só podem ser adquiridas vacinas desde que a Anvisa tenha concedido o
respectivo registro ou autorização temporária de uso emergencial, na forma do art. 1º, caput, da Lei
nº 14.125/2021.
Alternativa D. Errada. O art. 2º, caput, que autoriza a compra de vacinas por pessoas jurídicas
de direito privado, não restringe a autorização às pessoas integrantes da Administração Pública.
LEI Nº 14.129/2021
Ementa: Dispõe sobre princípios, regras e instrumentos para o Governo Digital e para o
aumento da eficiência pública, e altera a Lei nº 7.116, de 29 de agosto de 1983, a Lei
nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação), a Lei nº 12.682,
de 9 de julho de 2012, e a Lei nº 13.460, de 26 de junho de 2017.
II ‒‒ 120 (cento e vinte) dias de sua publicação oficial, para os Estados e o Distrito Federal;
III ‒‒ 180 (cento e oitenta) dias de sua publicação oficial, para os Municípios.
Destaques:
• A Lei nº 14.129/2021, publicada em 30 de março de 2021, dispõe sobre princípios, regras
e instrumentos para o aumento da eficiência da administração pública, especialmente
por meio da desburocratização, da inovação, da transformação digital e da participação
do cidadão.
• Sua aplicação se dará aos órgãos da administração pública direta federal, às entidades da
administração pública indireta federal e às administrações diretas e indiretas dos demais
entes federados.
• Quanto aos serviços prestados pelo Governo Digital, ocorrerão por meio de tecnologias
de amplo acesso pela população, inclusive pela de baixa renda ou residente em áreas
rurais e isoladas, sem prejuízo do direito do cidadão a atendimento presencial.
• No que se refere ao acesso da prestação digital dos serviços públicos, será disponibilizado
por meio do autosserviço. Tendo a participação da administração da consolidação da
Estratégia Nacional de Governo Digital.
• Será considerada a garantia dos direitos dos usuários quanto à prestação digital de
serviços públicos, inclusive os que constarem da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais
(LGPD).
• A lei determinou que é de competência de cada ente federado dispor sobre informações
dos serviços prestados, das Cartas de Serviços ao Usuário e da Base Nacional de Serviços
Públicos, em formato aberto e interoperável.
Em 30.03.2021, foi publicada a Lei nº 14.129, com vigência determinada pelo art. 55.
III ‒ ‒ 180 (cento e oitenta) dias de sua publicação oficial, para os Municípios.
De acordo com sua ementa, o novel texto legislativo dispõe sobre “princípios, regras e
instrumentos para o Governo Digital e para o aumento da eficiência pública e altera a Lei nº 7.116, de
29 de agosto de 1983, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação), a Lei
nº 12.682, de 9 de julho de 2012, e a Lei nº 13.460, de 26 de junho de 2017”.
Inicialmente, cumpre mencionar que a lei se aplica, a princípio, apenas aos órgãos da
Administração Pública direta federal e às entidades da Administração Pública indireta federal,
incluídas as empresas públicas e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e controladas, que
prestem serviço público, autarquias e fundações públicas (art. 2º, I e II). Há previsão, todavia, de
aplicação da lei também às Administrações diretas e indiretas dos demais entes federados, desde
que adotem os comandos desta lei por meio de atos normativos próprios.
De acordo com disposto na referida lei, no § 1º do art. 2º, esta não será aplicada a empresas
públicas e sociedades de economia mista, incluindo suas subsidiárias e controladas, que não prestem
serviço público.
No art. 3º da lei é listada uma série de princípios e diretrizes do Governo Digital e da eficiência
pública. O rol é bastante extenso, mas, em síntese, a lei preconiza a desburocratização, a
modernização, o fortalecimento e a simplificação da relação do poder público com a sociedade,
mediante serviços digitais, acessíveis, inclusive, por dispositivos móveis (inciso I); a transparência na
execução dos serviços públicos, com o uso de linguagem clara e compreensível a qualquer cidadão
(inciso VII), e o monitoramento da qualidade desses serviços (inciso IV), inclusive com o incentivo à
participação social no controle e na fiscalização da Administração Pública (inciso V).
XIV ‒
‒ a interoperabilidade de sistemas e a promoção de dados abertos;
O art. 5º dispõe que “a Administração Pública utilizará soluções digitais para a gestão de suas
políticas finalísticas e administrativas e para o trâmite de processos administrativos eletrônicos”.
Assim, tem-se que a utilização de soluções digitais e processos administrativos eletrônicos deverá
ser adotada preferencialmente, sempre que possível.
O parágrafo único do mesmo artigo contém importante previsão acerca dos documentos
eletrônicos produzidos na prestação dos serviços digitais, dispondo que “entes públicos que emitem
atestados, certidões, diplomas ou outros documentos comprobatórios com validade legal poderão
fazê-lo em meio digital, assinados eletronicamente, na forma do art. 7º desta lei e da Lei nº 14.063,
de 23 de setembro de 2020” (grifo nosso). Nesse ponto, o art. 11 da Lei nº 14.129/2021 determina
que os documentos nato-digitais assinados eletronicamente na forma do art. 7º são considerados
originais para todos os efeitos legais.
A previsão de que ocorra a promoção dos dados abertos (art. 3º, XIV) não é irrestrita e, por
isso, o art. 25 menciona que as Plataformas de Governo Digital devem dispor de ferramentas de
transparência e de controle do tratamento de dados pessoais, que sejam claras e facilmente
acessíveis, e que permitam ao cidadão o exercício dos direitos previstos na LGPD (Lei nº 13.709/2018).
O art. 29, caput, a seu turno, determina que, observado o disposto na LGPD, os dados
disponibilizados pelos prestadores de serviços públicos, bem como qualquer informação de
transparência ativa, são de livre utilização pela sociedade, estabelecendo o § 1º desse dispositivo que,
na promoção da transparência ativa de dados, o poder público deverá observar os seguintes requisitos:
II ‒ ‒ garantia de acesso irrestrito aos dados, os quais devem ser legíveis por
máquina e estar disponíveis em formato aberto, respeitadas as Leis nº 12.527,
de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação), e 13.709, de 14 de
agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais);
III ‒ ‒ descrição das bases de dados com informação suficiente sobre estrutura
e semântica dos dados, inclusive quanto à sua qualidade e à sua integridade;
VII ‒ ‒ (VETADO);
VIII ‒ ‒ respeito à privacidade dos dados pessoais e dos dados sensíveis, sem
prejuízo dos demais requisitos elencados, conforme a Lei nº 13.709, de 14 de
agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais);
Por fim, um último tópico relevante do novo diploma legal é referente aos instrumentos de
governança, gestão de riscos, controle e auditoria previstos na lei. De acordo com o parágrafo único
do art. 47, os mecanismos, as instâncias e as práticas de governança incluirão, no mínimo:
A Lei nº 14.129/2021, que dispõe sobre princípios, regras e instrumentos para o Governo Digital
e para o aumento da eficiência pública, não se aplica:
A) aos órgãos da Administração Pública direta federal, abrangendo os Poderes Executivo, Judiciário
e Legislativo, incluído o Tribunal de Contas da União (TCU), e o Ministério Público da União (MPU).
E) às Administrações diretas e indiretas dos Estados, Distrito Federal e Municípios que adotem os
comandos da Lei nº 14.129/2021 por meio de atos normativos próprios.
Alternativa correta: letra C. Na forma do art. 2º, § 1º, da Lei nº 14.129/2021, esta lei não se aplica
a empresas públicas e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e controladas, que não
prestem serviço público.
Demais alternativas:
Alternativa A. Errada. A Lei nº 14.129/2021, nos termos do art. 2º, I, aplica-se a todos os órgãos
da administração direta federal, incluindo-se, portanto, os órgãos do Poder Executivo, Legislativo e
Judiciário e, também, os órgãos com autonomia constitucional como o Tribunal de Contas da União
(TCU) e o Ministério Público da União (MPU).
Alternativa E. Errada. Não serão aplicadas as disposições da nova lei na hipótese das empresas
públicas, sociedades de economia mista e suas subsidiárias não atuarem na prestação de serviço
público, nos termos do inciso III do art. 2º.
MP Nº 1.040/2021
Ementa: Dispõe sobre a facilitação para abertura de empresas, a proteção de acionistas
minoritários, a facilitação do comércio exterior, o Sistema Integrado de
Recuperação de Ativos, as cobranças realizadas pelos conselhos profissionais, a
profissão de tradutor e intérprete público, a obtenção de eletricidade e a prescrição
intercorrente na Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 ‒ ‒Código Civil (CC).
Data de publicação: 30.03.2021
Início de vigência: ‒ 360 dias, contados da data de sua publicação, quanto à parte do art.
5º que altera o § 3º do art. 138 da Lei nº 6.404, de 1976:
• ‒no primeiro dia útil do primeiro mês após a data de sua publicação, quanto aos arts. 8º a 12,
e incisos III ao XV, XVII, XXII e XXVI do caput do art. 33;
1.2. Comentário
Em relação ao direito civil, a MP nº 1.040/2021 traz como inovação a inclusão do art. 206-A ao
CC, dispondo sobre o prazo da prescrição intercorrente.
Entretanto, para concentrar a abordagem das inovações veiculadas por esse novo ato
normativo, a sua análise encontra-se em direito empresarial.
LEI Nº 14.126/2021
Ementa: Classifica a visão monocular como deficiência sensorial, do tipo visual, dispondo
a respeito da avaliação biopsicossocial da visão monocular para fins de
reconhecimento da condição de pessoa com deficiência.
• Dispõe que o instrumento para avaliação de deficiência a ser criado pelo Poder Executivo
se aplicará a estes casos.
1.2. Comentário
De acordo com sua ementa, passa a ser classificada como deficiência visual, do tipo sensorial,
a visão monocular.
Trata-se de uma salutar inovação, na mesma linha de intelecção da Súmula nº 377 do Superior
Tribunal de Justiça (STJ), que já classificava a visão monocular como deficiência para o fim de a
pessoa concorrer, em concursos públicos, às vagas reservadas às pessoas deficientes.
A lei ainda menciona expressamente que à visão monocular aplica-se o previsto no § 2º do art.
2º da Lei nº 13.146/2015, o Estatuto da Pessoa com Deficiência, que, em apertada síntese, dispõe que
o Poder Executivo criará instrumentos para avaliação da deficiência.
Da leitura do art. 2º do Estatuto da Pessoa com Deficiência, denota-se que se trata de avaliação
biopsicossocial, que deverá ser realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar, devendo ser
considerados os seguintes aspectos, conforme incisos do § 1º:
III ‒
‒ a limitação no desempenho de atividades; e
IV ‒
‒ a restrição de participação.
No mesmo dia foi editado o Decreto nº 10.654/2021, que dispõe sobre a avaliação biopsicossocial
da visão monocular para fins de reconhecimento da condição de pessoa com deficiência, explicitando
que a avaliação se dará na forma não apenas do § 2º, mas também do § 1º do art. 2º do Estatuto da
Pessoa com Deficiência.
DECRETA:
Paulo Guedes
Cabe ressaltar, ainda, que há previsão de flexibilização da renda per capita para fins de
concessão de benefício assistencial em se tratando de pessoa com deficiência, a depender do grau
de deficiência, enquadrando-se, doravante, a visão monocular como apta ao exame, nos termos do
art. 20-A da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS).
E) É considerada deficiência sensorial, do tipo visual para o fim de benefício assistencial, mas não
em relação às vagas reservadas em concursos públicos.
Alternativa correta: letra C (responde a todas as alternativas). A visão monocular, nos termos
do art. 1º da Lei nº 14126/2021, é classificada como deficiência sensorial, do tipo visual, para todos
os efeitos legais.
MP Nº 1.036/2021
Ementa: A MP nº 1.036, publicada em 18 de março de 2021, altera a Lei nº 14.046, de 24 de
agosto de 2020, para dispor sobre medidas emergenciais para atenuar os efeitos
da crise decorrente da pandemia da covid-19 nos setores de turismo e de cultura.
Data de publicação: 18.03.2021
Início de vigência: 18.03.2021
Link do texto normativo: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/
Mpv/mpv1036.htm>
Destaques:
• A MP nº 1.036, publicada em 18 de março de 2021, alterou a Lei nº 14.046, de 24 de
agosto de 2020, para dispor sobre medidas emergenciais que atenuem os efeitos da crise
decorrente da pandemia da covid-19 nos setores de turismo e de cultura.
1.2. Comentário
A medida provisória alterou a Lei nº 14.046, de 24 de agosto de 2020, para dispor sobre medidas
emergenciais que atenuem os efeitos da crise decorrente da pandemia da covid-19 nos setores de
turismo e de cultura.
Em se tratando do art. 2º, a Lei nº 14.046/2020 fixou que estas operações se darão sem custo
adicional com data prevista, como disposto no § 1º do referido artigo:
Art. 2º (...)
Quanto a crédito a ser utilizado pelo consumidor, este terá o prazo de até 31.12.2022 para utilizá-
lo. Sendo que os valores e as condições dos serviços originalmente contratados também terão data
fixada de até 31.12.2022, para remarcar os serviços adiados, e ainda deverá restituir o consumidor no
caso de impossibilidade de remarcação dos serviços, conforme disposto no art. 2º, §§ 4º, 5º e 6º.
A lei estende aos artistas, palestrantes ou outros profissionais, contratados até 31.12.2021, a
obrigação de não reembolsar imediatamente estes profissionais, desde que o evento seja remarcado
e respeitada a data-limite para a sua realização. Na hipótese dos cancelamentos decorrentes das
medidas de isolamento social adotadas para o combate à pandemia da covid-19, as multas por
cancelamentos dos contratos serão anuladas, desde que tenham sido emitidas até 31.12.2021, de
acordo com o texto do art. 4º, caput e § 2º:
D) Na hipótese de remarcação dos serviços, das reservas e dos eventos adiados serão respeitados os
valores e as condições dos serviços originalmente contratados e a data-limite de 31 de dezembro de
2021, para ocorrer a remarcação dos serviços, das reservas e dos eventos adiados.
Alternativa correta: letra E. Está de acordo com a Lei nº 14.046/2020, alterada pela MP nº
1.036/2021, que diz em seu art. 2º, § 6º: “O prestador de serviço ou a sociedade empresária deverá
restituir o valor recebido ao consumidor até 31 de dezembro de 2022, somente na hipótese de ficar
impossibilitado de oferecer a remarcação dos serviços ou a disponibilização de crédito referidas nos
incisos I e II do caput”.
Alternativa A. Errada. A alternativa trata sobre a não obrigação de reembolsar os valores pagos
pelo consumidor, em nenhuma hipótese, mas não é isso que diz a Lei nº 14.046/2020, alterada pela
MP nº 1.036/2021, em seu art. 2º: “Art. 2º Na hipótese de adiamento ou de cancelamento de serviços,
de reservas e de eventos, incluídos shows e espetáculos, até 31 de dezembro de 2021, em decorrência
da pandemia da covid-19, o prestador de serviços ou a sociedade empresária não será obrigado a
reembolsar os valores pagos pelo consumidor, desde que assegure: I ‒‒ a remarcação dos serviços,
das reservas e dos eventos adiados; ou II ‒‒ a disponibilização de crédito para uso ou abatimento
na compra de outros serviços, reservas e eventos disponíveis nas respectivas empresas” (grifos
nossos).
Alternativa B. Errada. A alternativa trata sobre a extensão do prazo por 180 dias, mas não é o que
diz a Lei nº 14.046/2020, alterada pela MP nº 1.036/2021, que diz em seu art. 2º, § 1º: “As operações
de que trata o caput deste artigo ocorrerão sem custo adicional, taxa ou multa ao consumidor, em
qualquer data a partir de 1º de janeiro de 2020, e estender-se-ão pelo prazo de 120 (cento e vinte)
dias, contado da comunicação do adiamento ou do cancelamento dos serviços, ou 30 (trinta) dias
antes da realização do evento, o que ocorrer antes” (grifos nossos).
Alternativa C. Errada. A alternativa trata o não reembolso no caso de solicitação fora do prazo
ainda que por motivo de falecimento, de internação ou de força maior, mas não é o que diz a Lei nº
14.046/2020, alterada pela MP nº 1.036/2021, que diz em seu art. 2º, § 2º: “Se o consumidor não
fizer a solicitação a que se refere o § 1º deste artigo no prazo assinalado de 120 (cento e vinte) dias,
por motivo de falecimento, de internação ou de força maior, o prazo será restituído em proveito
da parte, do herdeiro ou do sucessor, a contar da data de ocorrência do fato impeditivo da
solicitação” (grifos nossos).
Alternativa D. Errada. A alternativa trata sobre a data-limite ser 31.12.2021, mas não é o que
diz a Lei nº 14.046/2020, alterada pela MP nº 1.036/2021, que diz em seu art. 2º, § 5º: “Na hipótese
prevista no inciso I do caput deste artigo, serão respeitados: I ‒ ‒ os valores e as condições dos
serviços originalmente contratados; e II ‒ ‒ a data-limite de 31 de dezembro de 2022, para ocorrer a
remarcação dos serviços, das reservas e dos eventos adiados” (grifos nossos).
LEI Nº 14.128/2021
Ementa: Dispõe sobre compensação financeira a ser paga pela União aos profissionais e
trabalhadores de saúde que, durante o período de emergência de saúde pública
de importância nacional decorrente da disseminação do novo coronavírus (SARS-
CoV-2), por terem trabalhado no atendimento direto a pacientes acometidos pela
covid-19, ou realizado visitas domiciliares em determinado período de tempo, no
caso de agentes comunitários de saúde ou de combate a endemias, tornarem-
se permanentemente incapacitados para o trabalho, ou ao seu cônjuge ou
companheiro, aos seus dependentes e aos seus herdeiros necessários, em caso de
óbito; e altera a Lei nº 605, de 5 de janeiro de 1949.
Data de publicação: 26.03.2021
Início de vigência: 26.03.2021
Link do texto normativo: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/
Lei/L14128.htm>
1.2. Comentário
Em relação ao direito do trabalho, a Lei nº 14.128/2021 traz como inovação a alteração da Lei nº
605/1949, que dispõe sobre o repouso semanal remunerado e o pagamento de salário nos dias de
feriados civis e religiosos.
Entretanto, para concentrar a abordagem das inovações veiculadas por esse novo ato
normativo, a sua análise encontra-se em direito previdenciário.
MP Nº 1.040/2021
Ementa: Dispõe sobre a facilitação para abertura de empresas, a proteção de acionistas
minoritários, a facilitação do comércio exterior, o Sistema Integrado de Recuperação
de Ativos, as cobranças realizadas pelos conselhos profissionais, a profissão de
tradutor e intérprete público, a obtenção de eletricidade e a prescrição intercorrente
na Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 ‒ ‒ Código Civil (CC).
Data de publicação: 30.03.2021
Início de vigência: ‒ 360 dias, contados da data de sua publicação, quanto à parte do art. 5º,
que altera o § 3º do art. 138 da Lei nº 6.404, de 1976;
• ‒ no primeiro dia útil do primeiro mês após a data de sua publicação, quanto aos arts. 8º a 12,
e incisos III ao XV, XVII, XXII e XXVI do caput do art. 33;
Destaques:
• A MP tem como objetivo a “facilitação para abertura de empresas, a proteção de acionistas
minoritários, a facilitação do comércio exterior, o Sistema Integrado de Recuperação de
Ativos (Sira), as cobranças realizadas pelos conselhos profissionais, a profissão de tradutor
e intérprete público, a obtenção de eletricidade e a prescrição intercorrente na Lei nº
10.406, de 10 de janeiro de 2002 (CC).
• Altera diversos dispositivos da Lei nº 8.934/1994, que dispõe sobre o Registro Público de
Empresas Mercantis e atividades afins, e dá outras providências.
• Estabelece prazo para o Poder Público autorizar a execução de obras de extensão de redes
de distribuição de energia elétrica.
• Altera a Lei nº 10.406/2002 (CC), para prever no art. 206-A que a prescrição intercorrente
observará o mesmo prazo de prescrição da pretensão.
1.2. Comentário
Art. 4º (...)
Vale mencionar que as sociedades anônimas de capital aberto terão novos prazos a serem
observados quanto à Convocação da Assembleia Geral, nos seguintes termos:
§ 1º (...)
§ 5º (...)
No entanto, prevendo prazo de vacância específico de 360 dias, contado da data de sua
publicação, quanto à parte do art. 5º que altera o § 3º do art. 138 da Lei nº 6.404/1976, conforme o art.
34, I, da MP.
Ainda, a MP incluiu os §§ 1º e 2º ao art. 140 da mencionada lei, que assim dispõem sobre a
matéria:
Por sua vez, o Capítulo IV da MP trata da facilitação do comércio exterior, alterando a Lei nº
12.546/2011 e cuidando especificamente das licenças, autorizações ou exigências administrativas
para importações ou exportações, bem como do comércio exterior de serviços, intangíveis e outras
operações que produzam variações no patrimônio das pessoas físicas, das pessoas jurídicas ou dos
entes despersonalizados.
Cabe ressaltar que o art. 13 da MP autoriza o Poder Executivo federal a instituir, sob a governança
da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, o Sira, “constituído por conjunto de instrumentos,
mecanismos e iniciativas destinados a facilitar a identificação e a localização de bens e devedores”,
ainda promovendo “a constrição e a alienação de ativos”.
Visando fomentar o acesso à eletricidade, o texto estabelece prazo para o Poder Público
autorizar a execução de obras de extensão de redes de distribuição de energia elétrica, conforme
disciplina o art. 31, in verbis:
A seu turno, o art. 32 da nova legislação traz alteração pontual na Lei nº 10.406/2002 (CC), que
incluiu o art. 206-A, in verbis: “Art. 206-A. A prescrição intercorrente observará o mesmo prazo de
prescrição da pretensão”.
Por fim, é importante observar que a MP nº 1.040/2021 ainda será analisada pela Câmara dos
Deputados e pelo Senado.
E) A Comissão de Valores Mobiliários poderá, a seu exclusivo critério, mediante decisão fundamentada
de seu Colegiado, a pedido de qualquer acionista, e ouvida a companhia declarar quais documentos
e informações relevantes para a deliberação da assembleia geral não foram tempestivamente
disponibilizados aos acionistas e determinar o adiamento da assembleia por até 30 (trinta) dias, contado
da data de disponibilização dos referidos documentos e informações aos acionistas.
Alternativa correta: letra C. O enunciado da alternativa “c” está incorreto, pois contraria a
literalidade do que dispõem a alínea “a” e inciso X do art. 122 da Lei nº 6.404/1976, incluídos pela MP
nº 1.040/2021, nos seguintes termos: “Compete privativamente à assembleia geral: (...) X ‒ deliberar,
quando se tratar de companhias abertas, sobre: a) a alienação ou a contribuição para outra empresa
de ativos, caso o valor da operação corresponda a mais de 50% (cinquenta por cento) do valor dos
ativos totais da companhia constantes do último balanço aprovado”.
Demais alternativas:
Alternativa A. O enunciado da alternativa “A” está correto, tendo em vista o que dispõe o
inciso VIII do art. 122 da Lei nº 6.404/1976, modificado pela MP nº 1.040/2021, nos seguintes termos:
“Compete privativamente à assembleia geral: (...) VIII ‒ deliberar sobre transformação, fusão,
incorporação e cisão da companhia, sua dissolução e liquidação, eleger e destituir liquidantes e
julgar-lhes as contas; (...)
Alternativa B. O enunciado da alternativa “B” está correto, tendo em vista o que dispõe a
literalidade do inciso IX do art. 122 da Lei nº 6.404/1976, modificado pela MP nº 1.040/2021, nos
seguintes termos: “IX ‒ autorizar os administradores a confessar falência e a pedir recuperação judicial”.
Alternativa E. O enunciado da alternativa “E” está correto, tendo em vista o que dispõe a
literalidade do inciso I do § 5º do art. 124 da Lei nº 6.404/1976, modificado pela MP nº 1.040/2021, nos
seguintes termos: “§ 5º A Comissão de Valores Mobiliários poderá, a seu exclusivo critério, mediante
decisão fundamentada de seu Colegiado, a pedido de qualquer acionista, e ouvida a companhia:
I ‒ ‒ declarar quais documentos e informações relevantes para a deliberação da assembleia geral não
foram tempestivamente disponibilizados aos acionistas e determinar o adiamento da assembleia por
até 30 (trinta) dias, contado da data de disponibilização dos referidos documentos e informações
aos acionistas”.
LEI Nº 14.132/2021
Ementa: Acrescenta o art. 147-A ao Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal ‒ CP), para prever o crime de perseguição, e revoga o art. 65 do Decreto-Lei
nº 3.688, de 3 de outubro de 1941 (Lei das Contravenções Penais).
1.2. Comentário
Em 1º.04.2021 foi publicada a Lei nº 14.132, de 31.03.2021, com início imediato de vigência.
De acordo com sua ementa, o novel texto legislativo acrescenta: “o art. 147-A ao Decreto-Lei nº
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (CP), para prever o crime de perseguição”, além disso “revoga o art.
65 do Decreto-Lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941 (Lei das Contravenções Penais)”.
De acordo com sua ementa, passa a ser prevista como crime a ação de perseguição.
Perseguição
Trata-se de uma novatio legis in pejus, um tipo penal novo, englobando ainda condutas que
antes se enquadravam como contravenção penal, não podendo retroagir neste particular.
O crime de stalking (perseguição) é uma resposta a casos cada vez mais crescentes de stalkers
(perseguidores), especialmente por meio das redes sociais.
O crime consiste no ato do agente que persegue alguém, de forma reiterada, exigindo-se,
assim, a habitualidade em seu agir. Além disso, a perseguição pode ocorrer por qualquer meio
(presencialmente, por exemplo, comparecendo todos os dias no trabalho da vítima; virtualmente, nas
diversas redes sociais, e-mail etc.; ou por qualquer outra forma, como envio de cartas, no intuito de:
(1) ameaçar a integridade física ou psicológica da vítima; (2) restringir a capacidade de locomoção da
vítima; ou (3) invadir ou perturbar, de qualquer forma, a esfera de liberdade ou privacidade da vítima.
Cuida-se de infração de menor potencial ofensivo, uma vez que a pena para o crime é de 6 meses
a 2 anos e multa, passível, portanto, do procedimento nos Juizados Especiais Criminais e de aplicação
de institutos descarcerizadores, como a transação penal e a suspensão condicional do processo.
As penas previstas para o crime são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência,
e somente se procede mediante representação, ou seja, deve haver manifestação inequívoca da
vítima ou de seu representante legal a respeito da intenção de se instaurar a persecução penal, não
havendo forma específica de apresentação dessa representação, podendo ser, inclusive, de forma
verbal ao delegado de polícia ou membro do Ministério Público, por exemplo.
Segundo o art. 147-A do Decreto-Lei nº 2.848, de 07.12.1940 (CP, acrescentado pela Lei nº
14.132, de 31.03.2021), o crime de perseguição:
C) Tem pena aumentada em 1/4 se o crime é cometido contra criança, adolescente ou idoso.
D) Tem pena aumentada pela metade se o crime é cometido contra mulher por razões da condição
de sexo feminino.
Alternativa correta: letra D. Nos termos do art. 147-A, § 1º, II, do CP, o crime de perseguição
tem a pena aumentada de metade se o crime for cometido contra mulher por razões da condição de
sexo feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 do CP.
Alternativa A. Errada. O crime consiste no ato criminoso do agente que persegue alguém, de
forma reiterada, exigindo-se, assim, a habitualidade em seu agir.
Alternativa B. Errada. Cuida-se de infração de menor potencial ofensivo, uma vez que a pena
para o crime é de 6 meses a 2 anos, e multa.
Alternativa E. Errada. O inciso III, do § 1º, do art. 147-A do CP prevê o caso de aumento de pena
no caso de emprego de arma.
LEI Nº 14.126/2021
Ementa: Classifica a visão monocular como deficiência sensorial, do tipo visual, dispondo
a respeito da avaliação biopsicossocial da visão monocular para fins de
reconhecimento da condição de pessoa com deficiência.
Data de publicação: 23.03.2021
Início de vigência: 23.03.2021
Link do texto normativo:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/
L14126.htm>
1.2. Comentário
Entretanto, para concentrar a abordagem das inovações veiculadas por esse novo ato
normativo, a sua análise encontra-se em direito da pessoa com deficiência.
LEI Nº 14.128/2021
Ementa: Dispõe sobre compensação financeira a ser paga pela União aos profissionais e
trabalhadores de saúde que, durante o período de emergência de saúde pública
de importância nacional decorrente da disseminação do novo coronavírus (SARS-
CoV-2), por terem trabalhado no atendimento direto a pacientes acometidos pela
covid-19, ou realizado visitas domiciliares em determinado período de tempo, no
caso de agentes comunitários de saúde ou de combate a endemias, tornarem-
se permanentemente incapacitados para o trabalho, ou ao seu cônjuge ou
companheiro, aos seus dependentes e aos seus herdeiros necessários, em caso de
óbito; e altera a Lei nº 605, de 5 de janeiro de 1949.
• Altera a Lei nº 605/1949, que dispõe sobre o repouso semanal remunerado e o pagamento
de salário nos dias de feriados civis e religiosos.
2.2. Comentário
De acordo com sua ementa, será devida uma compensação financeira a ser paga pela União
aos profissionais e trabalhadores de saúde que, durante o período de emergência de saúde pública
de importância nacional decorrente da disseminação do novo coronavírus (SARS-CoV-2), por
terem trabalhado no atendimento direto a pacientes acometidos pela Covid-19, ou realizado visitas
domiciliares em determinado período de tempo, no caso de agentes comunitários de saúde ou de
combate a endemias, tornarem-se permanentemente incapacitados para o trabalho, ou ao seu
cônjuge ou companheiro, aos seus dependentes e aos seus herdeiros necessários, em caso de
óbito; e altera a Lei nº 605, de 5 de janeiro de 1949.
Interessante mencionar que o projeto desta lei foi vetado pelo presidente da República sob o
seguinte argumento:
Por sua vez, a legislação define quem é o trabalhador ou profissional de saúde para fins
do recebimento da compensação financeira. É o previsto no art. 1º, parágrafo único, I, da Lei
nº 14.128/2021:
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre compensação financeira a ser paga pela
União aos profissionais e trabalhadores de saúde que, durante o período
de emergência de saúde pública de importância nacional decorrente da
disseminação do novo coronavírus (SARS-CoV-2), por terem trabalhado
no atendimento direto a pacientes acometidos pela Covid-19, ou realizado
visitas domiciliares em determinado período de tempo, no caso de
agentes comunitários de saúde ou de combate a endemias, tornarem-se
permanentemente incapacitados para o trabalho, ou ao seu cônjuge ou
companheiro, aos seus dependentes e aos seus herdeiros necessários, em
caso de óbito.
A lei delimita o momento que gera a percepção da compensação financeira, desta forma, a
atuação desses profissionais deve ter ocorrido no Espin-Covid-19. O Espin-Covid-19 é o estado de
emergência de saúde pública de importância nacional em decorrência da infecção humana pelo
novo coronavírus (SARS-CoV-2). Este estado foi criado juridicamente com a Portaria nº 188/2020,
do Ministério da Saúde. Importante destacar que o estado de emergência, com fulcro no art. 1º,
caput, §§ 2º e 3º, da Lei nº 13.979/2020, só se encerrará com a publicação de novo ato do Ministro
de Estado da Saúde.
Nesses casos, a incapacidade permanente provocada pela covid-19 deve ser comprovada.
O legislador gerou a presunção de que a covid-19 foi causa incapacitante quando houver o nexo
temporal entre a data de início da doença e a ocorrência da incapacidade permanente para o
trabalho ou óbito, se houver: “I ‒‒ diagnóstico de Covid-19 comprovado mediante laudos de exames
laboratoriais; ou II ‒‒ laudo médico que ateste quadro clínico compatível com a Covid-19” (art. 2º, § 1º,
da Lei nº 14.128/2021).
• Cônjuge.
• Companheiro (hétero ou homoafetivo).
• Filho menor de 21 anos, desde que não tenha sido emancipado.
1ª Classe • Filho inválido (não importa a idade).
• Filho com deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave (não importa
a idade).
Dependência econômica presumida e afasta os demais dependentes.
• Pais.
2ª Classe
Dependência econômica deve ser comprovada.
Art. 4º A compensação financeira de que trata esta Lei será concedida após
a análise e o deferimento de requerimento com esse objetivo dirigido ao
órgão competente, na forma de regulamento.
A lei prevê que será devida a compensação inclusive nas hipóteses de óbito ou incapacidade
permanente para o trabalho anterior à data de publicação da Lei nº 14.128/2021, desde que a
infecção pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2) tenha ocorrido durante o Espin-Covid-19 (art. 2º, §
4º). E, ainda, a compensação financeira será devida inclusive nas hipóteses de óbito ou incapacidade
permanente para o trabalho superveniente à declaração do fim do Espin-Covid-19, desde que a
infecção pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2) tenha ocorrido durante o Espin-Covid-19 (art. 2º, § 4º,
da Lei nº 14.128/2021).
Art. 3º A compensação financeira de que trata esta Lei será composta de: (...)
Cabe ressaltar, ainda, que o recebimento da indenização não prejudica o direito a benefícios
previdenciários, a exemplo dos benefícios por incapacidade temporária e definitiva, além de eventual
pensão por morte.
Art. 6º (...)
No entanto, a nova norma estabeleceu que, “durante o período de emergência em saúde pública
decorrente da Covid-19, a imposição de isolamento dispensará o empregado da comprovação de
doença por 7 (sete) dias”, conforme art. 7º da Lei nº 14.128/2021, que acrescentou o § 4º ao art. 6º da
Lei nº 605/1949.
A Lei nº 14.128/2021 dispõe sobre compensação financeira a ser paga pela União aos profissionais
e trabalhadores de saúde que, durante o período de emergência de saúde pública de importância
nacional decorrente da disseminação do novo coronavírus (SARS-CoV-2). Em relação ao disposto
nessa lei, julgue os itens a seguir e assinale a alternativa correta:
I – Não se considera profissional ou trabalhador de saúde, para os fins previstos na lei, o assistente
social.
III – O recebimento da compensação financeira de que trata esta Lei não prejudica o direito ao
recebimento de benefícios previdenciários ou assistenciais previstos em lei.
A) I
B) II
C) III
D) I e II
E) II e III
Item I: Errado. Nos termos do art. 1º, parágrafo único, I, considera-se profissional ou trabalhador
de saúde: “a) aqueles cujas profissões, de nível superior, são reconhecidas pelo Conselho Nacional
de Saúde, além de fisioterapeutas, nutricionistas, n e profissionais que trabalham com testagem
nos laboratórios de análises clínicas; b) aqueles cujas profissões, de nível técnico ou auxiliar, são
vinculadas às áreas de saúde, incluindo os profissionais que trabalham com testagem nos laboratórios
de análises clínicas; c) os agentes comunitários de saúde e de combate a endemias”.
Item III: Correto. A compensação financeira possui natureza indenizatória e não poderá
constituir base de cálculo para a incidência de imposto de renda ou de contribuição previdenciária,
consoante o art. 5º da nova lei.