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Aprendizagem dos alunos do 1º ciclo do Ensino Básico Moçambicano. Uma reflexão sobre as
limitações de competências de leitura e escrita.
Universidade Pedagógica
Nampula
2015
Chequeche Momade
Aprendizagem dos alunos do 1º ciclo do Ensino Básico Moçambicano. Uma reflexão sobre as
limitações de competências de leitura e escrita.
Universidade Pedagógica
Nampula
2015
1.1 Problematização
O presente estudo tem muito haver com um fenómeno que se vive provavelmente um pouco
por todas as escolas da nossa província, que se relaciona com as fracas competências no
processo de leitura e escrita nas escolas moçambicanas caso particular a Escola Primária
Completa de Namutequeliua, este fenómeno não só preocupa ao autor como estudante, mas é
um fenómeno que inquieta quase a todos pais e encarregados de educação que por sinal os
seus filhos ou educandos frequentam naquele estabelecimento de ensino.
O desafio da escola hoje seria de incorporar todos os alunos a cultura de escrita e leitura e de
conseguir que todos cheguem a ser leitores e escritores. Durante o tempo da colecta dos
dados o autor teve a oportunidade de assistir algumas aulas o que constou que faltou esta
componente ou melhor faltou um espaço que possa dar oportunidade o aluno de modo a
desenvolver estas competências.
Pelo constatado, levanta-se a seguinte pergunta de partida que norteou o presente estudo: Que
factores influenciam para fracas Competências na Aprendizagem dos alunos do 1º ciclo
do Ensino Básico naquela escola?
1.2 Justificativa
A necessidade de se fazer a discussão dessa temática expressa o verdadeiro dilema que paira
sobre os requisitos necessários para a efectivação de ensino e aprendizagem da leitura e da
escrita para uma actuação social.
Este estudo tem sua relevância em diferente sociedades, nomeadamente: sociedade civil na
medida em que o mesmo sugere algumas estratégias de como ultrapassar esta problemática;
sociedade estudantil visto que com esta pesquisa pode abrir mais horizonte no que diz
respeito na investigação de problemas desta natureza e finalmente servirá como um dos
pontos de partida que levará a escola em estudo a mudar a sua politica educativa com vista a
melhorá-la.
Este trabalho será aplicado no sentido de melhorar o processo de ensino e aprendizagem nas
escolas moçambicanas que possivelmente apresentam o mesmo problema em particular a
escola em estudo, caso leve-se em consideração as estratégias propostas pelo mesmo.
A motivação pelo estudo deste tema, nasce da convivência com este fenómeno, como
encarregado de educação dos seus sobrinhos, alunos da Escola Primária Completa de
Namutequeliua, verificou que concluíram o 1º ciclo do ensino primário (2ª classe) sem saber
ler nem escrever frases simples.
A preocupação não se prendeu apenas com discutir os factores que influenciam nas fracas
competências de leitura e escrita nos alunos, mas também, despertar a atenção dos fazedores
das políticas educativas do país no sentido de envidarem esforços com vista a mudar este
cenário.
Falar das competência de leitura e escrita no processo de ensino e aprendizagem nas escolas
do nosso país hoje, é falar dum tema que marca o dia a dia das conversas dos pais e
encarregados de educação de milhares de crianças que frequentam as escolas espalhadas um
pouco por todo o país. Assim sendo, urge a necessidade de se redobrar esforços a todos os
níveis para dar volta a este fenómeno que hoje ganha contornos alarmantes.
1.3 Objectivos
Tendo em conta que o objectivo é o fim ou a meta que se pretende alcançar na realidade de
qualquer actividade planificada, a presente pesquisa tem os seguintes objectivos:
Gerais
Específicos
1.4 Hipóteses
Segundo FINDLAY et all (2006:13), “as hipóteses são possíveis respostas ao problema da
pesquisa e orientam a busca de outras informações”. A hipótese pode também ser entendida
como as relações entre duas ou mais variáveis, e é preciso que pelo menos uma delas já tenha
sido fruto de conhecimento científico.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Com a visão deste autor, percebe-se que o que acontece nas quatro paredes da escola é apenas
uma continuidade do processo de aprendizagem que começa uns anos antes da criança ver e
conhecer a escola. Pela definição aqui apresentada em relação à aprendizagem, entende-se
que a aprendizagem envolve mudança de comportamento como resultado do que é
experienciado, olhando no modo como a pessoa pensa (cognitivo), age (psicomotor) ou sente
(afectivo).
SCHIWITZ citado por MYERS (1999:78), descreve a aprendizagem como sendo “um
processo de aquisição e assimilação, mais ou menos consciente, de novos padrões e novas
formas de perceber, ser, pensar e agir”.
Na leitura fluente os sistemas atingem um equilíbrio entre “input” e “output” graças à acção
de manutenção dos armazéns. Os movimentos oculares regressivos são também dispositivos
destinados a coordenar a entrada da informação com a produção de resposta.
Este autor sugere ainda que a leitura e comparável ao fluxo de um oleoduto já que as palavras
e as frases podem estar em vários estádios de processamento simultâneo e o fluxo e continuo.
Considera ainda que os processos de compreensão serão independentes deste “fluxo de
palavras”.
Alguns dos aspectos perceptivos da leitura mais estudados são o local para onde os olhos são
direccionados, o tamanho e região do texto a que atendemos durante uma fixação e os
aspectos do estimulo visual a que prestamos atenção durante a leitura.
Este modelo analisa detalhadamente as relações entre os movimentos oculares e outros tipos
de processamento envolvidos na leitura.
O Modelo Ascendente enfatiza que a representação do texto vai sendo construída ao longo da
leitura e fornece feedback ao sistema ocular sempre que são detectadas inconsistências ou
dificuldades.
É um dos mais influentes modelos ascendentes. Surge numa época em que dominava uma
visão naturalista da aprendizagem linguística é alvo de forte contestação. Ao contrário de
outros modelos seus contemporâneos, este modelo faz previsões claras que podem ser
testadas tendo estimulado muita investigação.
Segundo este modelo o processo de leitura consiste numa serie de estádios discretos que se
iniciam quando os olhos recolhem o “input” de cada letra do texto impresso.
Segundo este modelo, para compreender um texto os leitores utilizam diferentes pistas
linguísticas para guiar a leitura (sintácticas, semânticas e grafofonémicas) previamente
internalizadas na sua linguagem oral e o conhecimento que possuem do mundo em geral.
Constatou-se que neste modelo aconselha que na leitura, reduzir ou eliminar alternativas
irrelevantes é uma das principais competências, já que lidar com uma sobrecarga de
possibilidades inviabiliza a fluência leitora. No centro desta competência está a capacidade de
fazer predições: a predição é a capacidade de fazer perguntas e a compreensão será a
possibilidade de obter as respectivas respostas.
Segundo GOODMAN (1970), “o processo de leitura deverá ser visto como um jogo de
adivinhação psicolinguística já que o leitor constrói o significado do texto escrito a partir da
confirmação ou rejeição das hipóteses que vai formulando com base no seu conhecimento
linguístico e do mundo”.
Este modelo tem uma visão passiva da integração da informação já que a informação é
seleccionada no centro de informação através de critérios quantitativos e não se supõe a
existência de mudanças na natureza da informação por influência de outras informações
também disponíveis (LEVY, 1981).
Uma das principais críticas a este modelo interactivo é que o conceito da permanente
acessibilidade da informação proveniente de diversas fontes não é compatível com as
limitações de processamento da memória humana.
Este modelo permite que informação inferior relativamente fraca ou ambígua seja reforçada e
aumentada por processos superiores e a percepção corresponderá a integração temporal do
padrão de activação em todos os nós.
1.2.7 Teorias Desenvolvimentais
Em qualquer dos estádios podem coexistir diferentes estratégias que o leitor utiliza em função
da tarefa. E particularmente evidente esta diversificação de estratégias quando nos referimos
a leitura e a escrita. (Idem).
O estudo das relações entre a leitura e a escrita não dispensa uma análise mais detalhada do
sistema utilizado para representar a linguagem no texto impresso. De facto, as regras
utilizadas para a codificação escrita da linguagem colocam ao utilizador diferentes graus de
dificuldade conforme este se situa como leitor ou como escritor (READ, 1983).
Os sistemas de escrita existentes são o produto de uma longa evolução sociocultural em que
as notações primitivas foram evoluindo em função das características da língua que
representam e das necessidades dos utilizadores. As diferenças entre eles traduzem muitas
vezes vantagens adaptativas para uma determinada língua e cultura.
Assim, a evolução da escrita não pode ser vista nem como uma sequência linear nem como
orientada por regras independentes do contexto linguístico e cultural.
Um dos modelos da escrita mais influente foi o de Hayes & Flower (1980) a partir do qual se
desenvolveu uma extensa investigação particularmente sobre a revisão, planificação e
produção de textos. O modelo foi assim revisto e actualizado para enquadrar os dados da
investigação. A principal diferença entre o modelo inicial e o actual modelo (Hayes, 2004) é
a ênfase que este último coloca no papel da memória de trabalho.
O modelo mais recente distingue-se ainda do anterior por incluir representações visuo-
espaciais (e não apenas linguísticas), por atribuir um papel significativo a motivação e afecto
e pela reorganização da parte relativa aos processos cognitivos.
O outro contexto é o contexto social da tarefa de escrita que é fundamental porque a escrita é
uma actividade eminentemente social: não só pressupõe comunicação como é um artefacto
social produzido em contextos sociais.
A escola surge nesse contexto como a instituição social responsável pela educação de novos
“leitores e escritores”, que uma vez alfabetizados, estão aptos a desenvolver as capacidades
básicas e necessárias para se tornarem força de trabalho qualificada e aceder à capacitação
profissional e, eventualmente, ingressar no mercado de trabalho. Saber ler e escrever é assim
considerado um pré-requisito e competência necessária para se atingir o desenvolvimento
económico, social e político de qualquer sociedade, no entanto é assim como devem ser as
crianças que frequentam naquela escola e este desafio que a escola deve levar a cabo.
Se a leitura é um conhecimento tão valioso, não podemos ficar passivos diante de um quadro
comprometedor no que diz respeito ao desempenho, de um número significativo de alunos,
em relação à leitura e à escrita (BUENDÍA: 2010, p.258).
Para superação desta problemática é também chamada a sociedade para não pode ficar alheia
e indiferente a esta situação, deve colaborar e participar em iniciativas e programas que visem
a sua superação. Sem retirar ao sistema educativo e à escola desta função e responsabilidade
pelo ensino e desenvolvimento dessas competências, alicerces imprescindíveis da aquisição
ou construção de todo conhecimento, as famílias e as diferentes organizações da sociedade
têm um importante papel para que todos os cidadãos atinjam níveis desejáveis nas
competências de leitura e escrita, muito necessárias para a sua inserção e participação
sociocultural, e básicas para despertar e desenvolver o interesse e gosto pela leitura e pela
escrita.
Neste contexto, afirmar que “a educação é tarefa de todos nós” ganha a sua actualidade e
pertinência. Porém, é no poder público que reside a maior responsabilidade para garantir as
condições que melhorem a qualidade do processo de ensino-aprendizagem e pela definição de
políticas educativas e culturais que assegurem a todos os cidadãos a oportunidade efectiva de
desenvolver a competência de leitura e escrita.
Na vertente deste autor se esta competência não for devidamente adquirida e desenvolvida a
partir dos primeiros anos de escolaridade (1a e 2a classe), os alunos irão enfrentar sérios
problemas, muitas vezes, insanáveis, para progredir nos diferentes níveis de ensino e/ou na
sua vida profissional, porque muitas das habilidades requeridas pelo mundo do trabalho
pressupõem um certo domínio desta competência.
BUENDÍA (2010 ,p.259), afirma que “o fracasso escolar, é um fenómeno social complexo,
porque são muitos os factores que o provocam, tem, sem dúvida, uma relação directa com a
aprendizagem inadequada da leitura e da escrita”.
Esta concepção revela que as competências de leitura e escrita que não são produzidas nos
alunos da escola primária completa de Namutequeliua por um lado pode são influenciados
por alguns factores que são estes factores que o autor detectou durante a sua pesquisa.
Como consequência da falta das competências de leitura e escrita os alunos com dificuldades
de leitura dificilmente desenvolverão o gosto por ela, porque, sem o domínio dessa
competência, o acto de ler torna-se uma tarefa penosa, não atractiva.
É por isso que se enfatiza cada vez mais a importância da existência de bibliotecas públicas e
escolares, do acesso ao livro, aos jornais, às revistas, da multiplicação de eventos que levem o
alfabetizando à participação em práticas reais e não apenas escolares de leitura.
Depois de uma fase piloto de Junho a Setembro de 2013, foi realizada uma avaliação de
leitura das classes da infância entre 3500 crianças da segunda e terceira classe de todas
escolas do projecto. Os resultados preliminares encorajadores mostram que as crianças que
estão nas escolas Apal, tiveram melhor desempenho no reconhecimento do nome e
descodificação de palavras curtas. A diferença entre as escolas Apal e escolas do controlo foi
maior na segunda classe. Além disso observou-se que todos os professores utilizaram o
material Apal ficaram satisfeitos com o nível do material e do ensino atraente e auxiliares da
aprendizagem.
Depois de serem analisados este resultados a USAID/Apal (Aprender a Ler) irá continuar e
expandir o Programa de Reforço d Leitura para a segunda e terceira classe.
A Escola Primária Completa de Namutequeliua, beneficiou-se desse programa, mas no acto
da sua implementação houve uma negligência por parte dos participantes tendo estes
participado apenas um dia, acredita-se que apenas um dia de participação não é suficiente
para alcançar os objectivos que o Governo junto aos financiadores deste programa almejam
alcançar com o mesmo. É dai que há uma necessidade de voltar a revisar o programa ou
haver uma entrega total dos professores participantes para juntos tentarem resolver esta
problemática que inquieta o maior número dos pais e encarregados de educação.
Enfatiza-se o primeiro ciclo porque acha-se ser neste nível onde constitui uma mola
propulsora para o sucesso da vida a nível escolar.
Método sintético – são aqueles que iniciam a aprendizagem da leitura partido de letras
ou de sílabas.
Métodos analíticos ou globais – consiste em decompor as frases e as palavras para se
chegar às sílabas e as letras. Este método obedece mais as leis da evolução mental.
Métodos mistos – dos métodos mistos destacam-se o método analítico-sintéticos.
Partem da frase, desta para a palavra e da palavra para a letra. Este método
compreende duas versões, a saber:
a) A fónica – a versão fónica, na leitura e escrita, privilegia o som e a escrita da letra e
da sílaba;
b) A globalística – a versão globalística privilegia o som e a escrita da palavra
Métodos especiais – parte da leitura de frases até descer à leitura da palavra;
Método Montessori – é um método sintético mas consiste no uso abundante e
interessante material e pelo aspecto lúdico;
Método Lamaire – é um método gestual designado por Meios educativos João R. este
método para levar o aluno a aprender a ler e escrever, parte de: 1 o ritmo, 2o gesto e 3o
movimento.
Portanto são estas etapas e os seus respectivos métodos para ensinar os alunos a ler e escrever
tendo em conta que ensinar a ler não significa apenas ensinar as letras, pois é desenvolver no
aluno competências que lhe permita a ler e apropriar-se do que lê e ser capaz de extrair
informações que necessita.
Como afirma UNESCO (1973:54), “Nunca será por demais acentuar que a leitura constitui
a aptidão da qual depende tudo o que a criança aprenderá no futuro”. Sendo assim importa
referir que o desenvolvimento da competência de leitura é determinante para o sucesso do
aluno não só na disciplina de Português mas para todas as disciplinas e para o futuro da sua
vida como estudante e como cidadão.
1.7.1 Formas de como ensinar a Leitura
No acto de ensinar o processo de leitura é preciso ter em conta que a leitura constitui um
momento de diálogo entre o professor e o aluno onde o aluno escuta, fala, lê, opina e
questiona. Neste processo, o aluno deve realizar as suas próprias descobertas com ajuda dos
colegas ou do professor. É importante saber que a leitura tem suas modalidades. Conforme
afirma GOMES et al (1991), existem duas modalidades de leitura, a saber:
Leitura silenciosa – aquela que é efectuada mentalmente, sem interferência dos órgãos
vocais;
Leitura oral – esta modalidade de leitura é efectuada com voz alta. Esta leitura para os
momentos iniciais de aprendizagem do processo de leitura é a mais aconselhável.
A escrita constitui-se como uma representação simbólica da linguagem falada, porém não
consegue ser totalmente fiel a ela, pois as possibilidades do uso da linguagem falada são
inúmeras, e a escrita tenta apenas aproximar-se desse universo (FERREIRO:2001).
Portanto o seu ensinamento deve obedecer aos princípios que tenham em consideração o
desenvolvimento da capacidade de compreensão dos alunos da sua coordenação visual-
motora e do seu ritmo sensorial.
5. Ajude os estudantes a aproveitarem o seu trabalho e ver a escrita como uma forma
de comunicar ideias e meios, em vez do que poderia ser visto como um chato
processo de utilização de caneta e papel.
GERALDI (1997) salienta sobre a relevância da leitura e produção textual, apontando para “o
que dizer”, “para quê” e “para quem dizer”, como base para que se estabeleça uma
comunicação eficaz entre texto – leitor. Podendo assim escolher as estratégia pertinentes a
esse diálogo. Portanto, mediante uma acção reflexiva é possível transformar o ensino de
língua e, consequentemente, os indivíduos falantes desta língua.
O autor propõe uma reflexão para os docentes, acerca de suas práticas pedagógicas e sobre o
seu papel na construção do conhecimento do aluno, pontuando que os docentes devam lançar
um olhar mais apurado na produção textual de seus alunos assim como todo o contexto que
enlaça essa produção. Apontando para os entraves que permeiam o ensino da língua
portuguesa, ele faz uma abordagem sobre as práticas de produção de géneros textuais, de
modo que estas estejam intimamente ligadas com a disposição do sujeito em relação ao seu
modo de expressão, bem como suas práticas escritas.
Nesta perspectiva pretende-se dizer que para o aluno apresentar estas competências é
necessário haver um ambiente que favorece uma aprendizagem, é necessário que os meios de
ensino usados vão de acordo com a realidade, o ambiente social que este aluno encontra-se
inserido deve contribuir para a sua aprendizagem por isso enfatiza-se uma colaboração entre
a escola e a participação pública neste processo.
O Sistema Nacional de Educação (SNE) estabelece como um dos seus objectivos gerais
fundamentais a erradicação do analfabetismo, “de modo a proporcionar a todo o cidadão o
acesso ao conhecimento científico e o desenvolvimento pleno das suas capacidades”
Em decorrência desse objectivo, o aluno, que tenha concluído o ensino básico, deve ser capaz
de “comunicar oralmente e por escrito, de forma clara, em Língua Portuguesa”
(INDE/MINED, 2003).
Sabe-se que o currículo está limitado ao que se pode fazer dentro do horário escolar. É por
isso que no currículo devem ser colocados conteúdos realmente imprescindíveis, nisto cabe
ao professor dar prioridade dentro do seu tempo aquilo que acha ser essencial de modo a
produzir competências nos alunos (leitura e escrita).
Daí a necessidade de se fazer uma profunda reflexão para saber o que é que os alunos têm de
aprender necessariamente porque, se o deixarem de aprender, terão muitos problemas no
futuro, tanto a nível de desenvolvimento pessoal como a nível de integração social.
Fazer-se uma reflexão sobre as competências de leitura e escrita é importante do que nunca,
porque nunca houve tantos conhecimentos potencialmente interessantes para colocar no
currículo escolar e nunca houve currículos tão sobrecarregados como os actuais, o currículo
actual envolve muita coisa a ser aprendida que de certa forma os professores acabam
deixando de dar o essencial na tentativa de cumprir com o que foi proposto no currículo.
Na minha óptica não se pode permitir que qualquer aluno saia do primeiro ciclo sem ter
adquirido essas competências, porque seria um fracasso, não dos alunos, mas sim do sistema
educacional.
Dentro desta reflexão surge uma indagação para o autor, será que para o caso da Escola
Primária Completa de Namutequeliua, o currículo vigente tem em conta as competências de
leitura e escrita? Levanta-se esta questão porque durante a pesquisa constatou-se que a escola
lecciona três turnos facto que na visão do autor, não permite que os professores tenham um
tempo suficiente para dar o necessário.
Nessa perspectiva, o ensino de Língua Portuguesa deve focalizar o discurso e suas práticas de
oralidade, escrita, leitura e análise linguística, as relações dialógicas, os géneros textuais,
enfim, faz-se relevante uma abordagem que leve o aluno a ampliar seus horizontes
discursivos, aprimorando-os. Visto dessa forma, as aulas de Língua Portuguesa precisam
recorrer a novos caminhos.
1.9 Factores que influenciam para Competências de leitura e escrita dos alunos do 1 o
ciclo naquela escola
Método segundo PILETTI (2004:102), afirma que “é o caminho a seguir para alcançar um
fim”. No caso específico da educação, o fim último do uso método é tornar a aprendizagem
do aluno de eficaz e eficiente. Diante disso, os métodos devem propiciar ao aluno aprender de
maneira eficiente os conteúdos culturais sistematizados pela humanidade, bem como a
aprendizagem de valores, comportamentos e acções úteis à sociedade em cada momento
histórico.
COMENIUS, citado por JESUS (1996:234), “enfatiza os recursos de ensino, os meios para
ensinar, pois assim as imagens, as gravuras e os objectos ficariam gravados na lembrança”.
Para o caso de leitura e escrita e operações matemáticas, os professores deveriam usar alguns
cartazes que contenha palavras simples e números pois, isso levaria a criança a reter e poderia
se ultrapassar este problemas com facilidade.
Cabe ao professor estar atento para atender as necessidades e identificar a possível causa que
está dificultando o desempenho do educando, sabendo que o objectivo principal quando o
aluno é submetido ao processo de ensino e aprendizagem é para exactamente tirar um certo
proveito ou competências.
Segundo RAMOZZI & CHIAROTTINO (1984) citados por FERNANDO (2002) afirmam
que:
Constata-se que o currículo do Ensino Primário em Moçambique está bem desenhado. Porém,
o tempo para que os alunos possam dominar as matérias é insuficiente como foi corroborado
por vários professores, pelo que é necessário assegurar que os alunos tenham, pelo menos,
800 horas lectivas anuais, exceptuando o tempo de avaliações e exames, que podem ser
distribuídas por 200 dias lectivos. (LOBO & NHÊZE, 2008:2).
Tendo em conta que no 1o ciclo o aluno deverá de acordo com LOBO & NHÊZE (2008:3),
Esta realidade na escola em estudo não se faz sentir, uma vez que os alunos terminam o 1 o
ciclo sem desenvolver estas habilidades previstas no plano curricular do ensino básico
moçambicano. Este fenómeno pode se associar provavelmente aos critérios de selecção dos
conteúdos, que não correspondem com as expectativas dos alunos.
Para isto, devemos estar atentos para escolher conteúdos que sejam:
Os mais significativos dentro do campo do conhecimento;
Os que despertam maior interesse nos estudantes;
Os mais adequados ao nível de maturidade e adiantamento do aluno;
Os mais úteis em relação a resolução que o aluno tenha de tomar;
Os que podem ser aprendidos dentro das limitações de tempo e recursos disponíveis.
2. Carácter científico
Os conhecimentos que fazem parte do conteúdo reflectem os factos, conceitos, ideias,
métodos decorrentes da ciência moderna. No processo de ensino, trata-se do seleccionar as
bases das ciências, transformadas em objectivos de ensino.
3. Carácter sistemático
4. Relevância social
5. Acessibilidade e solidez
Os objectivos do primeiro ciclo estão bem definidos. Contudo são difíceis de mensurar, pois
não existem indicadores que possam ser medidos ao fim de cada ciclo de aprendizagem.
Verificando os objectivos da Língua portuguesa podemos concluir que os únicos objectivos
que podem ser medidos com certa facilidade são os de ler e escrever pequenos textos
relacionados com a vida sócio-cultural das comunidades. Contudo, não se apresentam
exemplos que os professores possam seguir para avaliar o seu trabalho.
Segundo LOBO & NHÊZE (2008:16), “o tempo previsto para a realização das actividades
definidas pelo currículo e para se atingirem os objectivos preconizados por este é
manifestamente insuficiente”.
As escolas do ensino primário têm como único material de ensino os livros escolares de
distribuição gratuita. Os novos livros, segundo os professores entrevistados são atractivos e
estimulam os alunos para o estudo. Não há praticamente outros materiais adicionais para os
alunos.
Não parece ter havido grandes mudanças na prática pedagógica na sala de aula (os
professores continuam a escrever no quadro e não apoiam os alunos de maneira
individualizada em parte porque as turmas são numerosas e, em parte porque não
aprenderam as técnicas para lidar com este problema. Não parece haver uma mudança
de atitude dos professores, nem das direcções das escolas perante uma nova realidade
(os horários dos professores mantém-se os mesmos e não parece existir um trabalho a
nível nacional para alterar a situação);
As planificações das aulas continuam a cingir-se a uma espécie de dosificação da
matéria realizada quinzenalmente na ZIP.
As práticas da formação dos professores continuam centradas no formador e não nos
formandos que não experimentam, na prática, o ensino centrado no aluno;
O currículo não traça indicadores claros e mensuráveis exigidos para que o aluno
possa completar cada um dos ciclos de aprendizagem.
O tempo de aprendizagem continua reduzido o que dificulta a assimilação dos
conhecimentos pelos alunos. As escolas têm possibilidade de elaborar os horários para
atender às “particularidades do desenvolvimento das crianças e às condições
ambientais”, como rege o Regulamento do Ensino Básico, no número 4 do artigo 56.
Contudo poucas, se não nenhumas escolas, fazem uso desta prerrogativa.
1.9.3 Relaxamento dos professores face à passagem semi-automática
“Os professores com essa politica educativa do MINED, conceberam mal, eles ficam todo
tempo fora dos seus postos de trabalho alegando que dar como não as aulas as crianças
transitam de classe”, (Segundo as declarações dos pais e encarregados de educação).
Havendo esta possibilidade há necessidade de pensar que este seja um dos factores que
influencia no fenómeno em estudo.
2. Outros factores
Visão defeituosa – aquela que não possibilita o aluno dar uma visibilidade perfeita nos
manuais;
Audição defeituosa – esta não permite o aluno a ouvir perfeitamente o que é dito na
sala de aula ou as orientações dadas pelo professor;
Imaturidade;
Dificuldade em escrever;
Falta de treino.
CAPÍTULO II: METODOLOGIAS
1. Contextualização
A Escola Primária Completa de Namutequeliua ingressou no ano de 2013, 583 alunos para 1 a
classe dos quais 281 foram homens e 302 mulheres, e 529 para 2 a classe dos quais 279
homens e 260 mulheres. Para o ano de 2014 ingressou um total de 681 alunos para 1 a classe
dos quais 334 homens e 347 mulheres, e 650 alunos para 2a classe dos quais 311 homens e
339 mulheres.
Metodologias da pesquisa são caminhos que levam a efectuar-se um certo estudo, são as
metodologias que vão ditar como fazer o mesmo, o que deve fazer.
Nesta pesquisa o ambiente natural é a fonte directa para colecta de dados e o pesquisador é o
instrumento - chave. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O
processo e seu significado são os focos principais de abordagem.
A pesquisa quanto aos objectivos é explicativa, portanto visa explicar com detalhes o
fenómeno, incompetências na aprendizagem. O recurso a este tipo de pesquisa é porque
permitiu que o pesquisador aprofundasse mais e trouxesse com detalhes as causas que estão
por detrás do fenómeno, conseguiu explorar junto dos sujeitos da pesquisa as causas dos
problemas de aprendizagem nas crianças do 1º ciclo do ensino primário.
É com esta visão que achou-se conveniente usar-se a pesquisa explicativa, para tentar
identificar os factores que estão por detrás deste fenómeno.
É uma pesquisa que consiste na observação de factos e fenómenos tal como ocorrem
espontaneamente, na colecta de dados a eles referentes e no registo de variáveis que se
presume relevantes, para analisá-los. A pesquisa de campo propriamente dita não deve ser
confundida com a simples colecta de dados; é algo mais que isso, pois exige contar com
controles adequados e com objectivos preestabelecidos que descriminam suficientemente o
que deve ser colectado.
1.2.5 Técnicas de Colecta de dados
Dada a complexidade do tema e os objectivos por atingir neste estudo o autor usou o
questionário.
1.2.6 Questionário
O questionário foi dirigido aos professores da EPC de Namutequeliua, esta técnica foi
constituído por perguntas fechadas e abertas e permitiu o pesquisador a recolher pontos de
vistas, opiniões e ideias partindo das suas experiências profissionais a respeito do problema
de aprendizagem que as crianças do 1º ciclo do ensino básico daquela escola enfrentam.
Considera-se universo o conjunto de elementos que são envolvidos numa pesquisa. Neste
contexto, o universo desta pesquisa será constituído por 70 sujeitos que corresponde ao
número total dos professores que leccionam naquela escola.
Para responder os objectivos deste estudo o autor trabalhou com uma amostra constituída por
23 sujeitos resultado de um terço (1/3) do universo.
Bibliografia
BYRNE, B. Experimental analysis of the chid's discovery of the alphabetic principle. 1991.
FINDLAY, Eleide Abril Gordon, at all; Guia para elaboração de projectos de pesquisa; 2a
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GERALDI. João Wanderley. Portos de Passagem. Martins Fontes, São Paulo; 1997.
GOMES, A., e tal; Guia de Professor de Língua portuguesa – 1o vol, 1o nível; Fundação
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LIBÂNEO, J.C.; Tendencias pedagógicas na prática escolar; 6ª edição; São Paulo; 1982
LOBO, Manuel Francisco & NHÊZE, Ismael Cassamo; Qualidade de Ensino no Ensino
Primário; Maputo; 2008.
McGUINNESS, D. Why our children can't read and what we can do about it. Touchstone.
New York:. 1997.
MYERS, David. Introdução á psicologia geral. 5ª Edição. Editora. S.A. Livros técnicos e
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PILETTI Claudino; Didáctica Geral, 23ª. Edição, Editora Ática, São Paulo, 2004.
SILVA, José Manuel Jardim da; Necessidades Educativas Especiais; Lisboa; 2011.
TRACEY, D. H., & MORROW, L. M. Lenses on reading; Guilford Press. New York: 2006.
UNESCO; O ensino de leitura vol. I e II; Editorial Estampa Ltd; Lisboa – Portugal; 1976
Caro senhor professor este questionário faz parte de um projecto de pesquisa que estou
a realizar para a obtenção de grau académico (licenciatura), do Curso de Psicologia
Educacional na qualidade de estudante da Universidade Pedagógica Delegação de
Nampula. Não há respostas certas ou erradas relativamente a qualquer item, pretende-
se apenas a sua opinião pessoal e sincera. Este questionário é de natureza confidencial.
O mesmo, é constituído por perguntas abertas e fechadas, marca com X apenas uma
alternativa com perguntas fechadas e responda dando a sua opinião nas perguntas
abertas.
Dados biográficos
Porque?
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