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Supremo Tribunal Federal

Decisão sobre Repercussão Geral

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05/11/2020 PLENÁRIO

REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO


1.285.177 E SPÍRITO SANTO

RELATOR : MINISTRO PRESIDENTE


RECTE.(S) : LEVANTINA NATURAL STONE BRASIL LTDA
ADV.(A/S) : FLAVIA LORENA PEIXOTO HOLANDA
RECDO.(A/S) : UNIÃO
ADV.(A/S) : PROCURADOR-GERAL DA FAZENDA NACIONAL

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. TRIBUTÁRIO.


MANDADO DE SEGURANÇA. REGIME ESPECIAL DE
REINTEGRAÇÃO DE VALORES TRIBUTÁRIOS PARA AS
EMPRESAS EXPORTADORAS - REINTEGRA. LEI 13.043/2014.
DECRETOS 8.415/2015 E 9.393/2018. REDUÇÃO DO PERCENTUAL DE
APROVEITAMENTO DE CRÉDITOS. MAJORAÇÃO INDIRETA DE
TRIBUTO. RELAÇÃO DIRETA COM O RECOLHIMENTO DA
COFINS E DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS. APLICABILIDADE DA
ANTERIORIDADE GERAL (ANUAL OU DE EXERCÍCIO). ARTIGOS
150, INCISO III, ALÍNEA B, E 195, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO.
MULTIPLICIDADE DE RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS. PAPEL
UNIFORMIZADOR DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
RELEVÂNCIA DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL. AGRAVO
PROVIDO PARA EXAME DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
MANIFESTAÇÃO PELA EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, reputou constitucional a


questão. O Tribunal, por unanimidade, reconheceu a existência de
repercussão geral da questão constitucional suscitada.

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ARE 1285177 RG / ES

Ministro LUIZ FUX


Relator

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REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO


1.285.177 E SPÍRITO SANTO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM


AGRAVO. TRIBUTÁRIO. MANDADO
DE SEGURANÇA. REGIME ESPECIAL
DE REINTEGRAÇÃO DE VALORES
TRIBUTÁRIOS PARA AS EMPRESAS
EXPORTADORAS - REINTEGRA. LEI
13.043/2014. DECRETOS 8.415/2015 E
9.393/2018. REDUÇÃO DO PERCENTUAL
DE APROVEITAMENTO DE CRÉDITOS.
MAJORAÇÃO INDIRETA DE TRIBUTO.
RELAÇÃO DIRETA COM O
RECOLHIMENTO DA COFINS E DA
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS.
APLICABILIDADE DA
ANTERIORIDADE GERAL (ANUAL OU
DE EXERCÍCIO). ARTIGOS 150, INCISO
III, ALÍNEA B, E 195, § 6º, DA
CONSTITUIÇÃO. MULTIPLICIDADE DE
RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS.
PAPEL UNIFORMIZADOR DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
RELEVÂNCIA DA QUESTÃO
CONSTITUCIONAL. AGRAVO
PROVIDO PARA EXAME DO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. MANIFESTAÇÃO
PELA EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO
GERAL.

MANIFESTAÇÃO: Trata-se de recurso extraordinário com agravo


objetivando a reforma de decisão que inadmitiu recurso extraordinário
interposto por LEVANTINA NATURAL STONE BRASIL LTDA, com arrimo na
alínea a do permissivo constitucional, contra acórdão proferido pela 3ª
Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, que

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assentou:

“TRIBUTÁRIO. REINTEGRA. PIS E COFINS.


APROVEITAMENTO DE CRÉDITOS. REDUÇÃO DE
BENEFÍCIO FISCAL. REDUÇÃO DO PERCENTUAL DE
CRÉDITO. MAJORAÇÃO INDIRETA DE TRIBUTO.
OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE
NONAGESIMAL.
1. O REINTEGRA goza de nítido caráter de benefício fiscal,
reduzindo, pelo que se extrai da Lei 13.043/2014 (22, §5º), a carga
tributária referente às contribuições ao PIS e à COFINS.
2. Em 30.05.2018, foi editado o Decreto n. 9.393/2018, que
alterou a redação do Decreto nº 8.415/2015, que regulamenta a
aplicação do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários
para as Empresas Exportadoras - Reintegra, reduzindo,
inesperadamente, o percentual anteriormente fixado de crédito 2%
(dois por cento) para 0,1% (um décimo por cento), a partir de 1º de
junho de 2018.
3. A redução do benefício fiscal de forma abrupta, em função da
redução do percentual de crédito, vez que imediata, por força do
Decreto n. 9.393/2018, tomou o contribuinte de surpresa, revelando
autêntica majoração indireta da carga tributária, impondo-se
reverenciar, no caso, o princípio da anterioridade nonagesimal,
insculpido no art. 150, III, ‘c’, c/c o art. 195, §6º, da Constituição
Cidadã.
4. Remessa oficial e apelos interpostos pela UNIÃO e por
LEVANTINA NATURAL STONE BRASIL LTDA a que se nega
provimento.” (Doc. 15, p. 8)

Os embargos de declaração opostos pela União e pela ora recorrente


foram desprovidos (Doc. 21).
Novos embargos de declaração opostos por LEVANTINA NATURAL
STONE BRASIL LTDA foram providos, para o fim de sanar omissão sobre a
possibilidade de compensação dos créditos do Reintegra ou de
ressarcimento em espécie, nos termos da seguinte ementa:

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“TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS


DECLARATÓRIOS. CRÉDITOS APURADOS NO ÂMBITO DO
REINTEGRA. POSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO OU
RESSARCIMENTO.
1. Os créditos apurados no âmbito do Reintegra reinstituído
pela Medida Provisória nº 651, de 9 de julho de 2014, convertida na
Lei nº 13.043, de 13 de novembro de 2014, poderão ser utilizados pela
pessoa jurídica somente para solicitar seu ressarcimento em espécie ou
para efetuar compensação com débitos próprios, vencidos ou
vincendos, relativos a tributos administrados pela RFB, o que se
encontra em consonância com o disposto no art. 60 da IN RFB
1.717/2017 e na Lei n. 12.546/2011, artigo 2º, §4º.
2. Embargos declaratórios opostos por LEVANTINA
NATURAL STONE BRASIL LTDA a que se dá provimento, de modo
a sanar a omissão apontada, atribuindo-lhes efeitos infringentes, para
que o contribuinte possa, no âmbito do REINTEGRA solicitar seu
ressarcimento em espécie ou efetuar compensação com débitos
próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos administrados
pela RFB.” (Doc. 25, p. 4)

Nas razões do apelo extremo, a parte recorrente sustenta preliminar


de repercussão geral e, no mérito, aponta violação ao artigo 150, III, b, da
Constituição Federal (Doc. 30). Alega estar presente o requisito da
repercussão geral pois a temática deduzida ultrapassa o mero interesse
subjetivo das partes. Aduz, para tanto, existência de repercussão geral sob
o ponto de vista (i) econômico e social, por envolver “valores de grande
monta” que podem beneficiar “incontáveis empresas exportadoras”, além de
impor à administração pública “um melhor trato aos créditos tributários [...]
evitando condenações sucumbenciais desnecessárias ao Erário” e (ii) jurídico,
uma vez que há “ampla discussão no Poder Judiciário” sobre a violação da
“anterioridade tributária anual e nonagesimal”, em virtude da redução de
alíquotas do Reintegra, a reclamar pronunciamento uniformizador do
Supremo Tribunal Federal.
No mérito, afirma que a aplicação do Decreto 9.393/2018, que
“reduziu em 20 vezes o direito de ressarcimento/compensação do benefício fiscal

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do REINTEGRA”, no mesmo ano de sua publicação configura majoração


de tributo sem a observância do princípio da anterioridade do exercício
fiscal. Argumenta, ainda, ter ocorrido “aumento indireto da carga tributária,
pois quanto menor o montante de créditos que a Recorrente venha a apurar,
maior será o desembolso para o recolhimento dos tributos diretos devidos (IRPJ,
CSLL, por exemplo), repercutindo diretamente no seu ‘fluxo de caixa’”.
Em contrarrazões, a UNIÃO postula pelo não conhecimento do
recurso extraordinário, ante o óbice da Súmula 286 desta Corte, pois o
acórdão está “alinhado à jurisprudência dominante no âmbito do Supremo
Tribunal Federal” e, caso conhecido, requer o desprovimento, uma vez que
“os valores apurados no REINTEGRA não implicam aumento ou majoração de
tributo, concessão de isenção ou desoneração em relação a nenhuma espécie
tributária em particular, tampouco envolvem no seu cálculo aspectos relativos à
alíquota ou à base de cálculo dos tributos envolvidos na operação”, nem se há de
cogitar “da ocorrência de violação aos princípios da não-surpresa, da proteção da
boa-fé, da anterioridade de exercício” (Doc. 33).
O Tribunal a quo negou seguimento ao recurso extraordinário por
entender que a ofensa à Constituição, caso existente, seria indireta e
encontraria óbice na Súmula 279 do STF (Doc. 35), o que ensejou a
interposição deste agravo (Doc. 39).

É o relatório. DECIDO.

Ab initio, ressalto que foram devidamente observados os requisitos


de admissibilidade do presente recurso extraordinário. A matéria
constitucional está devidamente prequestionada e a solução da
controvérsia prescinde de interpretação da legislação ordinária e de
revolvimento do conjunto fático-probatório. Assim, afasto os óbices
apontados pela decisão ora agravada e passo, desde logo, ao exame da
repercussão geral da questão constitucional versada no recurso
extraordinário.
Cumpre delimitar a questão constitucional trazida à apreciação
desta Suprema Corte, qual seja, a aplicabilidade do princípio da

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anterioridade geral (anual ou de exercício) aos casos de redução de


alíquota de benefício fiscal, cujo aproveitamento dos créditos tenha
relação direta com as contribuições sociais de que trata o artigo 195, § 6º,
da Constituição Federal, como ocorre com o Regime Especial de
Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras
(Reintegra).
Com efeito, a matéria aqui suscitada possui densidade constitucional
suficiente para o reconhecimento da existência de repercussão geral,
competindo a esta Suprema Corte conferir interpretação unívoca ao
princípio constitucional da anterioridade do exercício financeiro e da
anterioridade nonagesimal (artigo 150, III, b e c, da Constituição),
balizados pelos princípios da segurança jurídica e da não surpresa e o
respeito à previsibilidade orçamentária do contribuinte.
Demais disso, a temática revela potencial impacto em outros casos,
tendo em vista a multiplicidade de recursos sobre essa específica questão
constitucional, como revela simples pesquisa de jurisprudência, que
aponta para centenas de julgados desta Suprema Corte, seja no campo
unipessoal ou por suas Turmas.
Releva notar que, no mérito, apesar de assente na jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal o entendimento segundo o qual a redução da
alíquota do Reintegra (Decretos 8.415/2015, 9.148/2017 e 9.393/2018)
configura aumento indireto de tributo e deve obedecer ao princípio da
anterioridade nonagesimal, não se verifica posicionamento pacífico
quanto à aplicabilidade da anterioridade anual. Cito,
exemplificativamente, os seguintes julgados:

“Dois agravos regimentais no recurso extraordinário.


Tributário. REINTEGRA. Decreto nº 8.415/15. Princípio da
Anterioridade Nonagesimal. Aplicação. Anterioridade geral.
Inaplicabilidade.
1. O entendimento desta Corte vem se firmando no sentido de
que não só a majoração direta de tributos atrai a aplicação da
anterioridade nonagesimal, mas também a majoração indireta
decorrente de revogação de benefícios fiscais.

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2. A alteração dos coeficientes de redução de alíquota


pelo Poder Executivo perpetrada pelo Decreto nº 8.415/15 não
se submete à regra da anterioridade geral, por força de
disposição expressa do art. 195, § 6º, da Constituição, o qual
excepciona as contribuições sociais destinadas à Seguridade
Social do disposto no art. 150, III, b, da Constituição Federal.
3. Negativa de provimento aos agravos regimentais. Não se
aplica ao caso dos autos a majoração dos honorários prevista no art.
85, § 11, do novo Código de Processo Civil, uma vez que não houve o
arbitramento de honorários sucumbenciais pela Corte de origem
(Súmula 512/STF).” (RE 1.099.076-AgR-AgR-segundo, Rel. Min.
Dias Toffoli, Segunda Turma, DJe de 27/4/2018, grifei)

“REINTEGRA – DECRETO Nº 9.393/2018 – BENEFÍCIO –


REDUÇÃO DO PERCENTUAL – ANTERIORIDADE –
PRECEDENTES. Alcançado aumento indireto de tributo, mediante
redução da alíquota de incentivo do Regime Especial de Reintegração
de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras – Reintegra,
cumpre observar o princípio da anterioridade, geral e
nonagesimal, versado nas alíneas ‘b’ e ‘c’ do inciso III do
artigo 150 da Constituição Federal. Precedente: medida cautelar
na ação direta de inconstitucionalidade nº 2.325/DF, Pleno, relator
ministro Marco Aurélio, acórdão publicado no Diário da Justiça de 6
de outubro de 2006.” (RE 1.267.299-AgR, Rel. Min. Marco Aurélio,
Primeira Turma, DJe de 23/9/2020, grifei)

Destarte, a vexata quaestio transcende os limites subjetivos da causa,


porquanto o tema em apreço sobressai do ponto de vista constitucional,
especialmente em razão da necessidade de se conferir estabilidade aos
pronunciamentos desta Corte e, mediante a sistemática de precedentes
qualificados, garantir aplicação uniforme da Constituição Federal em
todo o território nacional e, desse modo, previsibilidade para os
jurisdicionados e o Poder Público.
Configura-se, assim, a relevância da matéria sob as perspectivas
econômica, social e jurídica (artigo 1.035, § 1º, do Código de Processo

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Civil), bem como a transcendência da questão cuja repercussão geral ora


se submete ao escrutínio desta Suprema Corte.
Nesse sentido, tenho que a controvérsia constitucional em apreço
ultrapassa os interesses das partes, avultando-se relevante do ponto de
vista econômico, político, social e jurídico.
Ex positis, PROVEJO o agravo para exame do recurso extraordinário
e, nos termos do artigo 1.035 do Código de Processo Civil e artigo 323 do
Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, manifesto-me pela
EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL DA QUESTÃO
CONSTITUCIONAL SUSCITADA e submeto a matéria à apreciação dos
demais Ministros da Corte.
Brasília, 15 de outubro de 2020.
Ministro LUIZ FUX
Presidente
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1.285.177 E SPÍRITO SANTO

MANIFESTAÇÃO

AGRAVO – PROVIMENTO.

TRIBUTÁRIO – REINTEGRA –
DECRETO Nº 9.393/2018 – BENEFÍCIO
FISCAL – REDUÇÃO –
ANTERIORIDADE GERAL –
APLICABILIDADE – RECURSO
EXTRAORDINÁRIO – REPERCUSSÃO
GERAL CONFIGURADA.

1. A assessora Adriane da Rocha Callado Henriques prestou as


seguintes informações:

Eis a síntese do discutido no recurso extraordinário com


agravo nº 1.285.177, relator ministro Luiz Fux, inserido no
sistema eletrônico da repercussão geral em 16 de outubro de
2020, sexta-feira, sendo o último dia para manifestação 5 de
novembro próximo, quinta-feira:

Levantina Natural Stone Brasil Ltda. interpôs


extraordinário, com base na alínea “a” do inciso III do artigo
102 da Constituição Federal, em face de acórdão por meio do
qual a Terceira Turma Especializada do Tribunal Regional
Federal da 2ª Região concluiu pela observância do princípio da
anterioridade nonagesimal, considerada a redução de alíquotas
de incentivo do Regime Especial de Reintegração de Valores
Tributários para as Empresas Exportadoras – Reintegra,
mediante o Decreto nº 9.393/2018.

Aponta violação do artigo 150, inciso III, alínea “b”, da

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Carta da República. Sustenta contrariedade ao princípio da


anterioridade geral, afirmando ter o Decreto nº 9.393/2018
implicado aumento indireto de tributo. Sublinha ultrapassar o
tema os limites subjetivos da lide, mostrando-se relevante dos
pontos de vista social, econômico e jurídico.

O recurso foi inadmitido na origem. Seguiu-se


formalização de agravo. O Relator, entendendo atendidos os
requisitos de admissibilidade, submeteu o processo ao Plenário
Virtual, manifestando-se pela repercussão maior da questão
constitucional.

2. Tomo como provido o agravo protocolado com a finalidade de


imprimir trânsito ao recurso extraordinário.

Tem-se matéria a merecer o crivo do Plenário. Cumpre ao Supremo


definir se as reduções de alíquotas de incentivo do Regime Especial de
Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras –
Reintegra devem observar, ou não, o princípio da anterioridade geral.

3. Pronuncio-me no sentido de encontrar-se configurada a


repercussão maior. O extraordinário deve ter a sequência que lhe é
própria.

4. À Assessoria, para acompanhar a tramitação do incidente.

Brasília, 20 de outubro de 2020.

Ministro MARCO AURÉLIO

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