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DIREITOS HUMANOS
RESUMO: O Jusnaturalimo é uma corrente jurídica baseada na crença de existência de direitos inatos a todos os seres humanos. Seus
principais teóricos in uenciaram diretamente na Declaração da Independência dos Estados Unidos e na Declaração dos Direitos do Homem e
do Cidadão, sendo que sua doutrina espalhou-se rapidamente entre os países como uma reação racionalista à antiga corrente teocrática, que
depositava o fundamento de toda lei em Deus. Suas contribuições ao nascimento dos Direitos Humanos são inquestionáveis, sendo que, para
os adeptos da doutrina do Direito Natural, o sujeito de direitos seria todo e qualquer homem.
Palavras-chave: Jusnaturalismo; Direito Natural; Declaração da Independência dos Estados Unidos; Declaração dos Direitos do Homem e do
1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste trabalho constituiu-se em apresentar, de forma sintética, a contribuição da corrente jusnaturalista para a
origens dos Direitos Humanos, relacionando seus principais teóricos e o papel desempenhado pela teoria no contexto da Declaração da
Independência dos Estados Unidos e na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, na França, bem como diferenciar o sujeito de
direitos em relação à doutrina positivista. Por m, foi apresentada, como conclusão, uma relação de a rmativas, cujas variáveis relegam ao
leitor a função de questionar-se sobre o tema e encontrar novas respostas, tendo em vista os atuais panoramas jurídico e social.
2. O SURGIMENTO DO JUSNATURALISMO:
O Direito Natural surgiu pela primeira vez na história do pensamento com os gregos, quando sua grande contribuição foi a de
mostrar a ligação do Direito com as forças da natureza.
Entretanto, na segunda oportunidade em que veio à tona, nos séculosXVI/XVII, o Direito Natural apareceu como reação
Nesse contexto, os principais teóricos do Jusnaturalismo serão abaixo mencionados, juntamente com sua contribuição.
Hugo Grotius propôs uma noção de direitos que se aplicava a toda a humanidade, não apenas a um país ou a uma tradição
legal. Defendia “direitos naturais” como algo autocontrolado e concebível separadamente da vontade de Deus. Sugeria também que as
pessoas podiam usar os seus direitos – sem a ajuda da religião – para estabelecer os fundamentos contratuais da vida social.
Samuel Pufendorfutilizou-se do método dos matemáticos para a descoberta de um princípio imutável. Essa ideia, cara à Escola
Clássica do Direito Natural, faz dele um Direito imutável, perene às transformações históricas e não suscetível aos diversos costumes e
tradições dos diferentes povos.
Jean-Jacques Burlamaqui, teórico suíço do direito natural do início do século XVII, teve como principal objetivo provar que os
direitos naturais universais existiam e derivavam da razão e da natureza humana. Atualizou o conceito ao ligá-lo aquilo que os lósofos
escoceses contemporâneos chamavam de senso moral interior. Suas obras foram traduzidas para vários idiomas e in uenciou, entre outros,
Rousseau.
John Locke, famoso teórico inglês, é reconhecido pela originalidade de sua obra, baseada na radical defesa dos direitos naturais,
que não seriam inatos, mas de fácil apreensão pela razão e não poderiam ser desrespeitados pelo “estado civil” que é instituído, exatamente,
com o intuito de assegurar sua proteção. A sociedade seria, então, apenas o artifício para manterem-se os direitos naturais, não podendo
corrompê-los, desvirtuá-los ou suprimi-los.
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16/09/2019 Conteúdo Jurídico | O Jusnaturalismo e o nascimento dos Direitos Humanos
Por m, o também inglês Thomas Hobbes acreditava que os direitos naturais tinham de se render a uma autoridade absoluta a
m de impedir a “guerra de todos contra todos” que do contrário sucederia.Assim, o fundamento da teoria política de Hobbes seria a
existência de um Estado como artifício para o aperfeiçoamento da natureza, e a superação do estado de natureza. O Estado seria criado por
uma convenção, um acordo de vontades, um pacto, que daria início à vida civil, no sentido de abolir a guerra e a impunidade geral contra a
violência.
Tanto na Declaração da Independência dos Estados Unidos quanto na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, os
declarantes a rmavam estar con rmando direitos que já existiam e eram inquestionáveis. Mas, ao fazê-lo, efetuavam uma revolução na
soberania e criavam uma base inteiramente nova para o governo.Mesmo a rmando que esses direitos já existiam e que eles os estavam
meramente defendendo, os deputados criavam algo radicalmente novo: governos justi cados pela sua garantia dos direitos universais.
A Declaração de Independência dos Estados Unidos foi rati cada pelo Congresso em 04/07/1976 e adotou uma versão
universalista dos direitos humanos, assim como a Declaração de Direitos da Virgínia. No entanto, na década de 1780, houve um afastamento
americano do universalismo, sendo que a Constituição de 1787 foi aprovada sem nenhuma declaração desse tipo.
Em relação a processo de declaração dos direitos humanos na França, destaca-se que, apesar do afastamento americano do
universalismo na década de 1780, os “direitos do homem” receberam um grande empurrão do exemplo americano. Muitos se entusiasmaram
com a capacidade americana de escapar ao peso morto do passado e estabelecer o autogoverno.
Em 26/08/1789, os deputados franceses aprovaram a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, declarando que todos os
homens, e não só os franceses, “nascem e permanecem livres e iguais em direitos (artigo 1º). Entre os “direitos naturais, inalienáveis e
sagrados do homem” estavam a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão (artigo 2º). Concretamente, signi cava que
quaisquer limites aos direitos tinham de ser estabelecidos na lei (artigo 4º). “Todos os cidadãos” tinham o direito de participar na formação da
lei, que deveria ser a mesma para todos (artigo 6º), etc...
No entanto, declarar os direitos teve consequências fora da França. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
Os positivistas consideram que é tão-somente mediante sua inserção nos aparatos formais que os homens podem legalmente
se a rmarem como detentores de direitos. Fora do ordenamento normativo o cialmente instituído, nenhum sujeito pode postular ou gozar
de direitos. Reconhecendo a lei como instância de proteção e garantia de sua dignidade, o sujeito passa a ter também resguardado o campo
Numa perspectiva inversa, o jusnaturalismo moderno compreende o homem como um sujeito detentor de direitos inatos e
indispensáveis à realização de sua natureza moral, ou ainda, como um ser que possui direitos (liberdade, igualdade) inerentes à sua espécie e
constitutivos de sua condição natural.
5. CONCLUSÃO
O jusnaturalismoressurgiu no século XVII como reação racionalista à situação teocêntrica: Deus deixou de ser visto como o
emanador das normas jurídicas e a natureza passou a ocupar esse lugar. Nessa perspectiva, é o próprio homem, por meio do uso da razão,
Compreendendo o homem como um sujeito detentor de direitos inatos e indispensáveis à realização de sua natureza moral, ou
ainda, como um ser que possui direitos (liberdade, igualdade) inerentes à sua espécie e constitutivos de sua condição natural, o
Jusnaturalismo moderno prepara as bases intelectuais da Declaração de Independência dos Estados Unidos e da Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão, em que os Estados rompem, de modo de nitivo e prático, com a teocracia e a rmam, categoricamente, os direitos
naturais
Tanto na Declaração da Independência dos Estados Unidos quanto na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, os
declarantes a rmavam estar con rmando direitos que já existiam e eram inquestionáveis. Mas, ao fazê-lo, efetuavam uma revolução na
soberania e criavam uma base inteiramente nova para o governo: um governo justi cado pela sua garantia dos direitos universais.
Em um primeiro momento, os Direitos Humanos não eram realmente UNIVERSAIS, pois aplicavam-se apenas aos homens livres
e aos cidadãos. As mulheres e os escravos, por exemplo, não foram mencionados nas declarações.
Inicialmente, apenas os direitos referentes a igualdade e liberdade POLÍTICAS, bem como à propriedade, foram efetivamente
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16/09/2019 Conteúdo Jurídico | O Jusnaturalismo e o nascimento dos Direitos Humanos
As declarações dos direitos humanos não levaram em conta o caráter histórico, cultural e as relações de poder de cada
sociedade.
O sujeito de direitos humanos seria toda pessoa, com fundamento na dignidade da pessoa humana. No entanto, não há
de nição clara de pessoa humana, ainda hoje persistindo questionamentos acerca do direito à vida dos fetos e dos embriões, por exemplo.
Por m, o direito natural, ao considerar a natureza e a razão como fundamento dos direitos humanos, não explicou como a
natureza, entidade abstrata e intangível, pode concretamente fundar, garantir e legitimar a ideia de igualdade entre os homens.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BITTAR, Eduardo C. B. Curso de Filoso a do Direito. 4ª Ed. São Paulo: Atlas, 2005, p. 227-236.
HUNT, Lynn. “Eles deram um grande exemplo”. Declarando os direitos.. In: IDEM. A invenção dos direitos humanos. São Paulo: Companhia
das Letras, 2009, p. 113-145.
PEQUENO, Marconi. Sujeito, autonomia e moral. In: SILVEIRA, Rosa Maria Godoy et al. (Eds.). Educação em Direitos Humanos: Fundamentos
Procuradora Federal da Advocacia-Geral da União, Especialista em Direito do Estado pela Universidade Cândido Mendes - UCAM
e Mestranda em Direito, Relações Internacionais e Desenvolvimento pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás - PUC/GO.
Conforme a NBR 6023:2000 da Associacao Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto cienti co publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: LIMA,
Carolina Arantes Neuber. O Jusnaturalismo e o nascimento dos Direitos Humanos Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 16 set 2019. Disponivel em:
https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/35758/o-jusnaturalismo-e-o-nascimento-dos-direitos-humanos. Acesso em: 16 set 2019.
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