Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
[...] a noção de emoção ou sentimento é
reconfirmada como a capacidade de aprender o valor
de um fato ou uma situação. [Andreotti].
2
tarem o foco da presente obra. Ocupou-se dos rios
da Amazônia, neles viajando e sobre eles escre-
vendo. Essas obras, como a que aqui apresento,
resultam de ambicioso projeto denominado
“Desafiando o Rio-Mar”. Realizando esse projeto tem
conhecido todos os afluentes do rio Amazonas,
procedendo daí livros sobre essas viagens nos rios
Solimões, Negro, Amazonas, Madeira [v. 1], Juruá e
Tapajós. Nessas viagens, diferentemente da antiga
efígie egípcia que, diz-se, lançava ao viajante o
seguinte repto: decifra-me ou te devoro, a Amazônia
fascinou Hiram Reis com uma provocação bem ao
espírito da cultura Tupi: decifra-me e te devoro. Foi
devorado, e o resultado dessa antropofagia fica
registrado nessas obras.
3
publicado em 1857, no mesmo ano do Guarani de
José de Alencar, porém mais realista quanto ao índio
brasileiro na Amazônia [Simá - Romance Histórico do
Alto Amazonas]. Enquanto que o primeiro resultou
em um retumbante sucesso nacional, o segundo foi
relegado à penumbra até os dias atuais. Não cabe
nos programas de ensino de literatura do nível
médio, como aliás somente cabe às vezes Inglês de
Souza, que descreveu ficcionalmente as desventuras
de nosso tapuio em “O Cacaulista”. Mais uma daque-
las curiosidades exóticas da Amazônia que eventual-
mente chamam a atenção dos outros brasileiros,
como sua ecologia, biodiversidade e o boto cor de
rosa, que na Amazônia é boto vermelho.
4
mas também das questões intermináveis da política
viciosa, de tão atual permanência em sua similitude
que ainda nos agridem diariamente nas notícias
veiculadas pela mídia.
5
iniciais aleitou a filha com sua população. Humaitá,
surgida do empreendedorismo do comendador
Francisco José Monteiro, ao ocupar-se da exploração
dos seringais no médio rio Madeira na segunda
metade do século XIX. No baixo Madeira Manicoré,
que alguns declaram originada de São João Batista
do Crato, pela transmigração de sua população.
Crato foi criado em 1797 no médio Madeira para dar
suporte à navegação a remo do rio Madeira, já não
existe mais. Manicoré também cresce e se torna uma
das povoações mais importantes do ciclo gumífero.
Borba sua primeira vila, no baixo Madeira. Pioneira e
de História cigana. Vão se seguindo as localidades:
Nova Aripuanã, Nova Olinda do Norte. Entramos
então no majestoso rio Amazonas, o maior rio do
Mundo, de pronto a localidade de Itacoatiara, que
pelo Diretório de 1754 deveria se chamar Serpa, tal
qual localidade de Portugal, mas a teimosia de seus
moradores fez voltar ao nome original, missioneiro.
Manaus, que no dizer de Euclides da Cunha era,
antes da riqueza da borracha, uma tapera de índios e
que a zona franca fez ressuscitar da longa agonia
decadente após o fim do surto gumífero.
6
Quando convidei o Professor e consagrado
Historiador Dante a ser o prefaciador de meu livro
disse-lhe taxativamente que não me considerava nem
tinha a pretensão de ser reconhecido como historiador,
mas apenas como um apaixonado garimpeiro do lon-
gínquo pretérito que procura repercutir, dentro de uma
sequência cronológica lógica, os antigos textos na sua
própria linguagem, sem tentar interpretá-los.
7
Imagem 01 ‒ Colégio Militar de Porto Alegre
8
Homenagem Especial
A descida nesta 4ª Fase do Projeto Aventura
Desafiando o Rio-Mar, pelos Rios Madeira e Amazonas,
homenageia o querido Colégio Militar de Porto Alegre
(CMPA), Colégio dos Presidentes, o nosso Velho
Casarão da Várzea que comemora, em 2012, o seu
Centenário.
9
Canção do CMPA
(Barbosa e Souza)
10
Apresentação
Foi com imenso prazer que consegui, passo a
passo (remada a remada), percorrer o mesmo caminho
desbravado pela “Bandeira de Francisco de Mello
Palheta”, em 1722, a “Viagem da Real Escolta”,
empreendida por José Gonçalves da Fonseca, nos idos
de 1749 e a “Viagem ao Redor do Brasil (1875 –
1878)”, do insigne Patrono do Serviço de Saúde do
Exército Brasileiro, então Coronel João Severiano da
Fonseca, pelos tumultuados saltos, cachoeiras e
corredeiras do Rio Madeira. Emocionei-me ao folhear e
reescrever as páginas heroicas escritas com o sangue
de nossos bravos guerreiros nos “ermos sem fim” do
Vale Guaporeano.
12
Sumário
Prefácio............................................................................................ 1
Homenagem Especial ......................................................................... 9
Apresentação .................................................................................. 11
Sumário ......................................................................................... 13
Rumo a Porto Velho, RO ................................................................... 17
Porto Velho, RO .............................................................................. 21
Sargento Áureo ............................................................................... 29
Hidrelétricas do Rio Madeira ............................................................. 39
Partida para Humaitá, AM ................................................................. 55
Humaitá ‒ Manicoré ......................................................................... 65
Estada em Manicoré, AM .................................................................. 81
Município de Manicoré, AM................................................................ 89
TG 12-002 de Manicoré, AM ‒ Um Paradigma ..................................... 95
COVEMA ......................................................................................... 99
Rumo a Nova Aripuanã, AM ............................................................ 109
Município de Nova Aripuanã, AM ...................................................... 115
Golfinhos Mágicos da Amazônia ....................................................... 119
Rumo a Borba ............................................................................... 125
Município de Borba, AM .................................................................. 129
Rumo a Nova Olinda do Norte ......................................................... 139
Município de Nova Olinda do Norte .................................................. 143
Rumo a Foz do Rio Madeira ............................................................ 179
A Amazônia para os Negros Americanos ........................................... 183
P. Angelis X M. F. Maury ............................................................. 191
A Corrida do Ouro no Rio Madeira .................................................... 385
Manaus/Itacoatiara ........................................................................ 395
Itacoatiara/Parintins ...................................................................... 401
Fronteira Amazonas/Pará ............................................................... 413
Parintins/Oriximiná ........................................................................ 433
Energia Amazônica ........................................................................ 439
Oriximiná/Óbidos/Santarém ........................................................... 445
Santarém e a Volta à Realidade ...................................................... 455
Treinando para Travessia da Laguna dos Patos ................................. 467
Travessia da Laguna dos Patos - Uma Ode ao CMPA .......................... 477
Bibliografia ................................................................................... 499
Índice de Imagens
Imagem 01 ‒ Colégio Militar de Porto Alegre ........................................ 8
Imagem 02 – Percival Farqhart, New York Times, 22.09.1912............... 20
Imagem 03 – Sgt Áureo - Diário da Amazônia, 18.07.2018 .................. 37
Imagem 04 – Parque Memorial Madeira Mamoré, P. Velho .................... 49
Imagem 05 – Parque Memorial Madeira Mamoré, P. Velho .................... 49
Imagem 06 – Praça Caixas D’água, Porto Velho .................................. 50
Imagem 07 – Ponte BR 319, Porto Velho ............................................ 50
13
Imagem 08 – Tribunal de Justiça, Porto Velho ..................................... 51
Imagem 09 – Visita Sede Eletronorte, Porto Velho ............................... 51
Imagem 10 – Hidrelétrica de Santo Antônio, Porto Velho ...................... 52
Imagem 11 – Hidrelétrica de Santo Antônio, Porto Velho ...................... 52
Imagem 12 – Hidrelétrica de Santo Antônio, Porto Velho ...................... 53
Imagem 13 – Entrevista à Rede TV, Porto Velho .................................. 53
Mapa 1: Porto Velho – Humaitá ......................................................... 54
Imagem 14 – João Paulo e os Garimpos do Rio Madeira – RO ............... 61
Imagem 15 – João Paulo na Foz do Rio Jamari – RO ............................ 61
Imagem 16 – Tripulação na Comunidade Boa Hora – RO ...................... 62
Imagem 17 – Lago de Santo Antônio – AM ......................................... 62
Imagem 18 – Flutuante na Boca do Cará – AM .................................... 63
Imagem 19 – João Paulo e o B/M Piquiatuba – AM ............................... 63
Mapa 2: Humaitá – Boca do Cará ...................................................... 64
Imagem 20 ‒ Christian Bodegren ...................................................... 72
Imagem 21 – Christian Bodegren, João Paulo e o autor ........................ 73
Imagem 22 – Don Quixote (Gustave Doré) ......................................... 80
Imagem 23 – O Autor e João Paulo no Rio Madeira – AM .................... 103
Imagem 24– Igreja de Santo Antônio – Borba – AM ........................... 103
Imagem 25 – Iguana – Borba – AM ................................................. 104
Imagem 26 – Balsa Boiadeira subindo o Rio Amazonas – AM .............. 104
Imagem 27 – Igarapé N. Sª. das Graças (cheia), Itacoatiara .............. 105
Imagem 28 – Itacoatiara ................................................................ 105
Mapa 3: Boca do Cará – Nova Aripuanã ............................................ 106
Mapa 4: Nova Aripuanã – Nova Olinda do Norte ................................ 107
Mapa 5: Nova Olinda do Norte – Manaus – Foz do Ramos ................... 108
Imagem 29 – O Semanário, 1960-1961 ........................................... 168
Imagem 30 – Manuscritos da Coleção de Angelis, 1951. ..................... 201
Imagem 31 – Porto de Itacoatiara, 1858 (C. Murand) ........................ 212
Imagem 32 – Brennus (Paul Lehugeur) ............................................ 232
Imagem 33 – Hércules en la cuna (Luca Giordano) ............................ 381
Imagem 34 – Dupla nas águas de Parintins – AM .............................. 427
Imagem 35 – Ilha do Padre – Parintins – AM .................................... 427
Imagem 36 – Ninho de Jaçanã – Parintins – AM ................................ 428
Imagem 37 – Sd Mário abastecendo-nos com suco – AM/PA ............... 428
Imagem 38 – Passeio no Rio Cuminá – PA ........................................ 429
Imagem 39 – Óbidos – PA .............................................................. 429
Imagem 40 – Óbidos – PA .............................................................. 430
Imagem 41 – Argonautas e Equipe de Apoio – Santarém – PA ............ 430
Mapa 6: Ponta Grossa – Óbidos ....................................................... 431
Mapa 7: Óbidos – Santarém ........................................................... 432
Imagem 42 – Ponta da Feitoria – Pelotas – RS .................................. 495
Imagem 43 – Equipe de Apoio – Arroio Grande – RS .......................... 495
Imagem 44 – Fazenda do Sobrado – São Lourenço – RS .................... 496
Imagem 45 – São Lourenço – RS .................................................... 496
Imagem 46 – Boqueirão – São Lourenço – RS ................................... 497
Imagem 47 – Monumentos Arbóreos – Arambaré – RS ....................... 497
14
Imagem 48 – Ponta da Formiga – Barra do Ribeiro – RS .................... 498
Imagem 49– Ponta da Faxina – Barra do Ribeiro – RS ....................... 498
Índice de Poesias
Canção do CMPA ............................................................................. 10
Centenário da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré ................................ 16
Céus de Rondônia............................................................................ 17
Hino do Município de Porto Velho ....................................................... 21
O Mar ............................................................................................ 28
Canção do 5° BEC ........................................................................... 29
O Gigante de Pedra I ....................................................................... 38
O Gigante de Pedra II ...................................................................... 48
Últimos Momentos de D. Quixote....................................................... 80
Os Lusíadas .................................................................................... 88
Marinha ......................................................................................... 94
Depois do Sol... .............................................................................. 98
Indômitus..................................................................................... 102
É Uma Questão de Amor I .............................................................. 114
É Uma Questão de Amor II ............................................................. 128
Hino de Borba ............................................................................... 129
O Sermão da Selva I...................................................................... 142
Hino de Nova Olinda do Norte ......................................................... 143
As Duas Ilhas I ............................................................................. 182
As Duas Ilhas II ............................................................................ 190
A Roosevelt .................................................................................. 382
As Duas Ilhas III ........................................................................... 394
Quando eu Morrer ......................................................................... 400
Vermelho ..................................................................................... 401
Aves de Arribação I ....................................................................... 426
Aves de Arribação II ...................................................................... 438
Canção do Exílio ............................................................................ 444
O Mar, a Escada e o Homem ........................................................... 454
O Mar .......................................................................................... 465
Velho Tronco ................................................................................ 466
Pranto Geral dos Índios – Parte II ................................................... 476
Os Lusíadas ‒ Canto I, 43 .............................................................. 478
A Procela ...................................................................................... 481
Vermelho e branco ........................................................................ 494
15
Centenário da Estrada de Ferro
Madeira-Mamoré
(José Luiz Felipe Donato)
16
Rumo a Porto Velho, RO
Céus de Rondônia
(Joaquim de Araújo Lima)
Quando nosso céu se faz moldura
Para engalanar a natureza
Nós, os bandeirantes de Rondônia,
Nos orgulhamos de tanta beleza.
Como sentinelas avançadas,
Somos destemidos pioneiros
Que nestas paragens do Poente
Gritam com força: somos Brasileiros!
Nesta fronteira, de nossa pátria,
Rondônia trabalha febrilmente
Nas oficinas e nas escolas
A orquestração empolga toda gente;
Braços e mentes forjam cantando
A apoteose deste rincão
Que com orgulho exaltaremos,
Enquanto nos palpita o coração
Azul, nosso céu é sempre azul
‒ Que Deus o mantenha sem rival,
Cristalino muito puro
E o conserve sempre assim.
Aqui toda vida se engalana
De belezas tropicais,
Nossos Lagos, nossos Rios
Nossas matas, tudo enfim...
17
Apesar do atendimento da Gol ter sido perfeito,
as instalações aeroportuárias se mostravam extrema-
mente acanhadas apesar do reduzido número de voos
previsto para aquele horário. A confusão era geral,
partimos com 30 minutos de atraso. No deslocamento
até Porto Velho, constatamos uma total falta de educa-
ção dos passageiros em relação ao uso de aparelhos
eletrônicos a bordo, apesar dos insistentes apelos da
tripulação.
18
O Pusilânime “Tratado de Petrópolis”
19
IPHAN, em novembro de 2011, iniciou as obras
de restauração da grande oficina da Estrada de Ferro
Madeira-Mamoré, que possui 5.700 m2 e 13 metros de
altura. A previsão é de que as obras estejam concluídas
até 2014 quando as locomotivas percorrerão um trecho
de 8 quilômetros entre a Estação de Porto Velho e
Santo Antônio.
20
Porto Velho, RO
Hino do Município de Porto Velho
(Letra e Música: Claudio Feitosa)
No Eldorado uma gema brilha
Em meio à natureza, imortal:
Porto Velho, Cidade e Município,
Orgulho da Amazônia Ocidental, [...]
Nascente ao calor das oficinas
Do parque da Madeira-Mamoré
Pela forja dos bravos pioneiros,
Imbuídos de coragem e de fé.
És a cabeça do Estado vibrante:
És o instrumento que energia gera
Para a faina dos novos operários,
Os arquitetos de uma nova era. [...]
21
As dificuldades de construção e operação de um
Porto fluvial, em frente aos rochedos da Cachoeira de
Santo Antônio, fizeram com que construtores e
armadores utilizassem o pequeno Porto amazônico
localizado 7 km abaixo, em local muito mais
favorável. Em 25.01.1873, o Imperador Pedro II
assinou o Decreto-Lei n° 5.204, autorizando navios
mercantes de todas as nações subirem o Rio
Madeira. Em decorrência, foram construídas
modernas facilidades de atracação em Santo
Antônio, que passou a ser denominado Porto Novo
(1). O Ponto Velho dos Militares continuou a ser
usado por sua maior segurança, apesar das
dificuldades operacionais e da distância até Santo
Antônio, ponto inicial da EFMM. Percival Farquhar,
proprietário da empresa que afinal conseguiu
concluir a ferrovia em 1912, desde 1907 usava o
velho Porto para descarregar materiais para a obra
e, quando decidiu que o ponto inicial da ferrovia
seria aquele [já na Província do Amazonas], tornou-
se o verdadeiro fundador da Cidade que, quando foi
afinal oficializada pela Assembleia do Amazonas,
recebeu o nome Porto Velho. Hoje, a Capital de
Rondônia.
1
Porto Novo: afirma o Professor Dr. Dante Ribeiro da Fonseca: “o nome
de Porto Novo: nunca o vi em nenhuma das fontes estudadas, nem em
Severiano da Fonseca, nem em Craig, nem em Mathews e diversos
outros que por ali passaram na segunda metade do século XIX. ‘Porto
Novo’, Severiano da Fonseca o chama porto dos vapores”.
22
As moradias abrigavam principalmente trabalhadores
negros oriundos das Ilhas Britânicas do Caribe, gene-
ricamente denominados barbadianos. Ali residiam,
pois vieram com suas famílias, e nas residências
construídas pela ferrovia para os trabalhadores só
podiam morar solteiros. Era privilégio dos dirigentes
morarem com as famílias. Com o tempo, passou a
abrigar moradores das mais de 20 nacionalidades de
trabalhadores que para cá acorreram. Essas frágeis e
quase insalubres aglomerações, associadas às
construções da Madeira-Mamoré, foram a origem da
Cidade de Porto Velho, criada em 02.10.1914. Muitos
operários, migrantes e imigrantes moravam em
Bairros de casas de madeira e palha, construídas
fora da área de concessão da ferrovia. Assim, Porto
Velho nasceu das instalações portuárias, ferroviárias
e residenciais da Madeira-Mamoré Railway. A área
não industrial das obras tinha uma concepção urbana
bem estruturada, onde moravam os funcionários
mais qualificados da empresa, onde estavam os
armazéns de produtos diversos, etc. De modo que,
nos primórdios, havia como duas cidades: a área de
concessão da ferrovia e a área pública. Duas
pequenas povoações, com aspectos muito distintos.
Eram separadas por uma linha fronteiriça
denominada Avenida Divisória, a atual Avenida
Presidente Dutra. [...]
23
de Ferro Madeira Mamoré é, na verdade a Ferrovia
da vida, para Porto Velho e seu povo. A importância
da EFMM para a formação da Cidade pode ser
medida pelo texto da lei de sua criação, aprovada
pela Assembleia Legislativa do Amazonas, que diz:
24
O Ten Thiago Teixeira Baptista nos acompanhou
até as instalações da Universidade Federal de Rondônia
(UNIR).
25
Representantes do Movimento levaram pessoal-
mente um dossiê de 1.500 páginas à Casa Civil da Pre-
sidência da República onde foram informados que a
administração da UNIR contava com o apoio da base
aliada do Governo Federal no Congresso e nada poderia
ser feito.
26
Em virtude do relevo pouco acentuado da bacia
do Jamari, foram construídos 70 km de diques para
conter extravasamento da água represada no seu
reservatório de 540 km² para os Igarapés vizinhos.
27
O Mar
(Gonçalves Dias)
28
Sargento Áureo
Canção do 5° BEC
(Lauro Augusto Andrade Pastor Almeida)
Ecoam no céu
Mil estrondos sem par
Na terra, no ar
Vê-se o progresso abrir seus véus
E a estrada avançando vai
A selva desbravando até o fim [...]
E rugem motores
No solo a rasgar,
Enormes tratores
Removem a terra sem parar
E a estrada cresce num olhar
Trazendo a Amazônia ao Brasil. [...]
E juntos iremos
Na nossa missão
Civis e Soldados
Mostrando a força da união
E a pátria agradecida vai
A todo esse trabalho enaltecer,
É o Quinto que vai
Se Sem temor, sem parar...
Hurra!
29
Deslocou-se para Porto Velho, onde se instalou
definitivamente em 20.02.1966, recebendo os
acervos do Batalhão de Serviços e da CER/5, ambos
extintos. Em Porto Velho, ficou com a Cia Cmdo e a
Cia Eqp Eng, instalando suas Cia E Cnst,
respectivamente: 1ª Cia em Rondônia, 2ª Cia em
Abunã e 3ª Cia em Rio Branco, AC. Instalou,
também, residências Especiais em Cuiabá-MT e
Parecis, MT. Em 26.09.1966, recebeu os encargos
administrativos da Estrada de Ferro Madeira-
Mamoré, que a RFFSA passou para a Diretoria de
Vias de Transportes. Instalado em Rondônia desde
1966, o 5° B E Cnst, pioneiro da Engenharia do
Exército na Amazônia, já implantou mais de 1.600
km de rodovias federais em revestimento primário.
Dentre o acervo de suas realizações, figura a
consolidação da ligação Porto Velho-Cuiabá, através
da construção da BR-364. Atualmente desenvolve,
através de convênios com órgãos federais, estaduais
e municipais, diversas Obras de capital importância
para o desenvolvimento e manutenção do progresso
na Amazônia.
30
Nasci em Cruzeiro, SP, onde, nos 7 de setembro, o
5° Batalhão de Infantaria – Regimento Itororó, da
Cidade de Lorena, SP, desfilava. Assistindo aos
desfiles, fui sendo contagiado pelo entusiasmo e
vibração dos Soldados do nosso Exército Brasileiro.
31
– Meus Cabos e Soldados!
– O exército é um só – “um por todos e todos por
um”. Cheguei à minha graduação de Cabo graças
ao empenho dos senhores que permitiram que eu
levasse a bom termo todas as minhas missões e à
sábia orientação de meus superiores. [...]
32
Em alguns lugares, foi necessário improvisar
balsas para a transposição de cursos d’água, a chama-
da estrada era apenas um precário e improvisado
caminho de serviço. Depois de uma odisseia de 21 dias,
o 5° BEC, finalmente chegou a Porto Velho. Logo após
a chegada, o Coronel Weber e o Major Tibério, Chefe da
Seção Técnica, partiram para uma missão de reconhe-
cimento mais acurada da BR-364, acompanhados pelo
Cabo Áureo.
33
O veterinário examinou cuidadosamente o animal e
disse que ela estava com uma vértebra quebrada,
além de hemorragia interna.
34
– É que eu dei uma paradinha na Anita para fazer
um amor e se deu a confusão.
Duas semanas depois ele voltou à Casa e disse ao
entrar:
35
– Opa! Alto lá! Sentido! Então, eu trabalhando duro,
e vocês Soldados e as senhoras aí na maior
sacanagem! Não é possível! As senhoras têm de
entender que o meu pessoal está trabalhando. Eu
tenho uma missão a cumprir, não compliquem
minha vida. O sentido da coisa é o seguinte: as
senhoras querem “foder”, não querem? Então,
vamos fazer o seguinte: Todas as três para a
boleia (4) da caçamba.
– Ai Cabo, o senhor “tá” nervoso.
– Mas eu tenho que estar, eu saio para trabalhar e
vocês ficam atrapalhando meu serviço. Atenção
equipe de plantio: – equipe, embarcar!
4 Boleia: cabine.
36
Depois da primeira investida os soldados pergunta-
ram:
37
O Gigante de Pedra I
(Gonçalves Dias)
5 Sanhudo: furioso.
6 Brandões: fachos.
7 Algentes: glaciais.
8 Bulcões: nuvens espessas que precedem a tempestade.
38
Hidrelétricas do Rio Madeira
Nessa descida pelo maior afluente da margem
direita da Bacia do Amazonas, três matérias chamaram,
em especial, nossa atenção: a verdadeira epopeia da
construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, os
garimpos de ouro ao longo do Rio e, logicamente, suas
hidrelétricas.
Santo Antônio
Fonte: www.furnas.com.br
39
A obra empregará até 20 mil trabalhadores diretos
no pico da construção. As turbinas utilizadas em
Santo Antônio serão as maiores em potência nominal
no mundo: cada uma terá capacidade de gerar 72
MW.
40
Soluções de Menores Impactos
Fonte: www.furnas.com.br
Usina de Jirau
Fonte: www.furnas.com.br
41
O contrato prevê que os troncos não podem ser
devolvidos ao Rio, nem serem usados com fins
lucrativos.
42
O primeiro contato, na parte da manhã, na sede
da empresa em Porto Velho, não poderia ser mais agra-
dável do que foi, a lucidez, simpatia e inteligência de Sá
Júnior cativaram a todos que lá estavam. Sá é, sem
dúvida, “The Right Man in The Right Place” (O Homem
Certo, no Lugar Certo), à tarde tivemos o privilégio de
acompanhá-lo em uma visita às instalações da
Hidrelétrica. Aqueles que condenam a construção de
Usinas Hidrelétricas na Amazônia Legal se esquecem
que é nesta região que se encontra 70% do potencial
hidrelétrico ainda não explorado e que as hidrelétricas
são a forma mais adequada de se obter energia
necessária para garantir o desenvolvimento sustentável
do país. Graças a essa nova demanda de energia limpa
e barata, os Estados de Rondônia e Acre viverão, a
partir do ano que vem, um novo ciclo econômico sem
as limitações impostas pela falta de oferta de energia.
43
grande parte se constituía em regiões de várzea
inundadas no período das cheias.
44
Infelizmente, os “Talibãs Verdes” teimam em
criticar esta diferença de valores, mostrando sua
ignorância em relação ao regime de águas da Bacia
Amazônica e ao projeto de uma hidrelétrica que prima
pela produção de energia limpa, com a diminuição do
uso das poluidoras termelétricas.
Turbinas Bulbo
Fonte: Santo Antônio Energia e José Carlos de Sá Júnior
45
Sistema de Transposição de Peixes (STP)
Fonte: Santo Antônio Energia e José Carlos de Sá Júnior
Curiosidades
Fonte: Santo Antônio Energia e José Carlos de Sá Júnior
II
9 Carmes: poemas.
48
Imagem 04 – Parque Memorial Madeira Mamoré, P. Velho
49
Imagem 06 – Praça Caixas D’água, Porto Velho
50
Imagem 08 – Tribunal de Justiça, Porto Velho
51
Imagem 10 – Hidrelétrica de Santo Antônio, Porto Velho
52
Imagem 12 – Hidrelétrica de Santo Antônio, Porto Velho
53
Mapa 1: Porto Velho – Humaitá
54
Partida para Humaitá, AM
Há mais pessoas que desistem do que pessoas que
fracassam. (Henry Ford)
56
Depois da primeira curva à direita, no Rio
Madeira, a presença das dragas de garimpeiros, em
busca de ouro, se tornou uma constante, alguns
conjuntos (fofocas) formavam horrendas Vilas onde a
promiscuidade e a falta de cuidado com o meio-
ambiente era a tônica. Lembrei-me da preocupação do
IBAMA em proteger os microrganismos que, segundo
eles, infestam os perigosos troncos que descem o Rio
Madeira e ameaçam a vida dos ribeirinhos enquanto o
uso indiscriminado do mercúrio nas dragas não sofre
qualquer tipo de controle. Paramos em um banco de
areia, para descansar depois de remar quinze
quilômetros, onde encontramos duas mulheres
contratadas pelos garimpeiros, uma delas se encantou
com as tatuagens do João Paulo. Durante esta breve
parada passou, no canal do Rio Madeira, uma garça
branca graciosamente jangadeando um pequeno tronco
de madeira. Na segunda parada, próximo à Ilha dos
Mutuns, já por volta das treze horas, percebi que meu
filho começava a sofrer com o calor amazônico.
Contatei o pessoal de apoio e disse que deveríamos
achar um local de parada antes das quinze horas, o que
foi feito. Paramos próximo à Comunidade Aliança, seis
quilômetros a montante do local planejado que teria
sido alcançado com folga se tivéssemos saído às
05h30. À tarde, já devidamente embarcados, o João
Paulo teve seu primeiro contato com os famosos
banzeiros amazônicos.
57
Partida da Comunidade Aliança, RO (23.12.2011)
Humaitá, AM (25.12.2011)
60
Imagem 14 – João Paulo e os Garimpos do Rio Madeira – RO
61
Imagem 16 – Tripulação na Comunidade Boa Hora – RO
62
Imagem 18 – Flutuante na Boca do Cará – AM
63
Mapa 2: Humaitá – Boca do Cará
64
Humaitá ‒ Manicoré
Não é um aquífero, que é uma reserva de água sem
movimentação. Nós percebemos movimentação de água,
ainda que lenta, pelos sedimentos.
(Valiya Mannathal Hamza)
E-Mail
66
Hiram, para defender cada palmo desta Terra Santa,
que nos foi legada, porque este país, no dizer
psicográfico de Chico Xavier, será, sem dúvida, o
Coração do Mundo, o Berço da Paz e a Pátria do
Universo.
76
História do Lago do Antônio
Fonte: Senhor Constantino Veiga, Seu Tantra.
80
Estada em Manicoré, AM
Só se ama as coisas que se conhece e entende... Só lutamos
e defendemos o que amamos.
(Thiago de Mello)
Manicoré (02.01.2012)
81
Manicoré (03.01.2012)
Manicoré (04.01.2012)
83
Seu Joaquim sabia que a “siriringa” era provocada
pelo cardume que nadava próximo a superfície.
84
Palmilhei, extasiado, estrofes encantadas de
poetas amazônidas como Aldisio Gomes Filgueiras,
Almino Álvares Affonso, Antônio Mavignier de Castro,
Arnaldo Garcez Teixeira, Barreto Sobrinho, Bento de
Figueiredo Tenreiro Aranha, Ernesto da Silva Penafort,
Hemetério Cabrinha, Joaquim de Alencar e Silva, Jonas
Fontenelle da Silva, Jorge de Lima, José Joaquim da
Luz, Luiz Augusto de Lima Ruas, Sérgio Luiz Pereira,
cujas produções fiz questão de reproduzir em meus
livros.
Sempre busquei romances que tenham como
pano de fundo a história, aprecio uma boa leitura, mas
gosto de aprender ao mesmo tempo. Descobri, em
Óbidos, “Os Dias Recurvos” de Ildefonso Guimarães
onde ele relata magistralmente a Revolta que culminou
com a Batalha de Itacoatiara.
Deixo estas pequenas divagações para chamar a
atenção daqueles “intelectualoides” que, vindo de
outras plagas para esta bendita terra das águas, se
acham mais capazes que a boa gente daqui.
85
Durante a viagem teve, ainda, o cuidado de
recolher amostras de fósseis e rochas, posteriormente
encaminhadas ao Museu do Pará (atualmente Emílio
Goeldi). Depois de chefiar a “Comissão Brasileira de
Reconhecimento do Alto Purus”, seu inquebrantável
apego pela justiça determinou que voltasse os olhos
para a questão da demarcação das fronteiras entre a
Bolívia e o Peru. Assumindo, apaixonadamente, partido
da Bolívia, tornando-se o “Cavaleiro andante da Bolívia
contra o Peru”, conforme ele mesmo se definia.
Manicoré (05.01.2012)
Os Lusíadas
(Luís Vaz de Camões)
Canto V
16
17
88
Município de Manicoré, AM
Município brasileiro do Estado do Amazonas,
fundado na margem esquerda e atualmente localizado
à margem direita do Rio Madeira, possui posição
estratégica entre Manaus e Porto Velho. A denominação
de “Manicoré” provém do Rio Manicoré, afluente do
Madeira. O nome do Rio procede de “Anicoré”, tribo
indígena que habitava a região.
Cronologia Histórica
89
1877 ‒ a Lei n° 362, de 04.06.1877, eleva
Manicoré à categoria de Vila e cria o Termo
Judiciário.
Setor Primário
Setor Secundário
Setor Terciário
Comércio: varejista.
Cultura
Saúde
Educação
Infraestrutura Básica
Energia
Comunicações
Aeroporto
Eventos Culturais
93
Marinha
(Cecília Meireles)
Histórico
Fonte: Tiro de Guerra 12-002 ‒ Manicoré-AM
97
Depois do Sol...
(Cecília Meireles)
98
COVEMA
Em Manicoré, tivemos a oportunidade de
conhecer a Cooperativa Verde de Manicoré (COVEMA),
fruto de uma história de luta das Comunidades
Extrativistas dos Municípios de Manicoré e Nova
Aripuanã, onde existem Unidades de Conservações de
Uso Sustentáveis federais e estaduais, além de Projetos
de Assentamentos Sustentáveis e Áreas Indígenas.
Finalidades da COVEMA
Produção
Castanha-do-Brasil
Fonte: ASBRAER
100
Técnicas de Amontoa
Fonte: ASBRAER
Armazenamento da Castanha
Fonte: ASBRAER
101
7. Após sete dias, a castanha estará seca, podendo
ser ensacada em sacos de aniagem ou armaze-
nada solta, a granel, em um canto do paiol.
Indômitus
(Cassiano Ricardo)
102
Imagem 23 – O Autor e João Paulo no Rio Madeira – AM
103
Imagem 25 – Iguana – Borba – AM
104
Imagem 27 – Igarapé N. Sª. das Graças (cheia), Itacoatiara
Imagem 28 – Itacoatiara
105
Mapa 3: Boca do Cará – Nova Aripuanã
106
Mapa 4: Nova Aripuanã – Nova Olinda do Norte
107
Mapa 5: Nova Olinda do Norte – Manaus – Foz do Ramos
108
Rumo a Nova Aripuanã, AM
Só se pode amar as coisas que se conhece e entende... Só
lutamos e defendemos o que amamos.
(Thiago de Mello)
Marmelos (31.12.2011/01.01.2012)
109
Lá, segundo o Capitão Camargo, Comandante da
2ª Companhia do Curso Básico, a missão dos
instrutores não era “corrigir defeitos, mas sim para
aprimorar virtudes”. Meu querido CMPA: tenhas a
certeza de que cada gota de suor derramado no Rio
Madeira ou no Rio Amazonas, cada contração muscular,
cada regozijo ou dor fazem-me vibrar de emoção
porque cada um deles representa uma humilde
oferenda por tudo que tu representas para mim, para
meus familiares e para o Brasil. Zum zaravalho!!!
Cronologia Histórica
Economia
Setor Primário
116
A pesca, embora abundante, é praticada
artesanalmente e capaz de atender apenas à
subsistência familiar. A avicultura é desenvolvida, em
moldes domésticos.
Setor Secundário
Setor Terciário
Cultura
117
Eventos
Bolsa Floresta
119
tes se separaram, suas águas foram barradas pela
Cordilheira dos Andes que formaram, na grande
depressão Amazônica, um formidável manancial
chamado Lago Pebas (16). Estes magníficos seres foram
sofrendo adaptações através dos tempos até se
transformarem em espécies endêmicas. Hoje sua
distribuição se verifica na maioria dos Rios do Norte da
América do Sul, em uma área de 5 milhões de km².
Rio Madeira
Golfinho Boliviano
Fonte Eco: Giovanny Vera
122
É um cinza mais escuro que caracteriza as
populações de outras localidades. Estes animais são
de menor comprimento, mas certas partes do corpo,
como o pescoço ou o peito, são mais grossas.
Diz Ruiz García, e continua:
Esses golfinhos bolivianos têm um maior número de
dentes e parece que a capacidade craniana é menor
do que o encontrado em outras formas de golfinhos
de Rio.
Na Bolívia, este golfinho endêmico do país tem sua
distribuição nos Rios da Bacia Amazônica, nos
Departamentos de Cochabamba, Santa Cruz, Beni e
Pando.
Associações
Lenda do Boto
Fonte: Altino Berthier Brasil
123
As mulheres são conquistadas pelo boto quando vão
tomar banho ou mesmo nas festas realizadas nas
Cidades ribeirinhas. Os Botos vão aos bailes e
dançam alegremente com elas, que logo se
envolvem com seus galanteios e não desconfiam de
nada. Apaixonam-se e engravidam deste rapaz. É
por esta razão que ao Boto é atribuída a paternidade
de todos os filhos de mães solteiras. Reza a lenda
que o boto costuma perseguir as mulheres que
viajam pelos Rios e inúmeros Igarapés; às vezes,
tenta virar a canoa em que elas se encontram e suas
investidas contra a embarcação se acentuam quando
percebem que há mulheres menstruadas ou mesmo
grávidas. Esse particular é curioso, e devemos
observar que, em relação à mulher menstruada, há
uma série de alusões e tabus, que realmente servem
de vetor para certas atitudes e crenças populares.
Algumas pessoas confessaram temer viajar nos
pequenos “cascos” ou “montarias”, quando nelas
está uma mulher “incomodada”.
124
Rumo a Borba
O grande amigo e repórter Walter Filho, de
Manicoré, me telefonou querendo saber quando
chegaria a Borba e lhe informei que às 11h45 do dia
12.01.2012, e que partiríamos de Nova Aripuanã, às
05h15, como de costume, de 11.01.2012. Não era
possível vencer a distância de 150 km, entre Nova
Aripuanã e Borba, em apenas um dia.
125
Partida para Borba (12.01.2012)
126
Borba (13.01.2012)
127
É Uma Questão de Amor II
(Thiago de Mello)
128
Município de Borba, AM
Hino de Borba
(Ítalo Mário Rodrigues de Souza e Otávio di Borba)
A Borba Portuguesa
Fonte: Dicionário Enciclopédico das Freguesias
17 Carta Foral: diploma, também designado por Foral, concedido pelo Rei
ou por um senhor laico ou eclesiástico, a um determinado local,
dotando-o de autoridade legítima na regulação da vida coletiva da
população.
129
De grossa alvenaria, tinha amuramento espesso em
altura normal, coroado por merlões (18) góticos e de
largo adarve (19) que corria a muralha. O fosso,
pouco profundo, desapareceu com a construção do
casario que se foi desenvolvendo na face exterior.
Pelos inícios do Séc. XVIII, o Governo militar da
Província determinou envolver a Vila por um campo
entrincheirado, com fossos, estacaria e estradas
cobertas, obra que foi apenas esboçada e de que
ainda existiam vestígios em 1766. Do castelo,
edificado ou remodelado do século XIII, conserva-se
a torre de menagem (20) e duas portas, a de
Estremoz e a do Celeiro.
Missão de Trocano
Fonte: Site da Prefeitura de Borba
21 Amerceado: favorecido.
131
de reanimar a fé católica e difundir o catolicismo.
João Sampaio começou em Canumã e Abacaxis por
volta de 1712, mais tarde subiu o Rio Madeira
catequizando Índios, erigindo casas, igrejas e
formando núcleos de povoações. Fundou a Aldeia de
Santo Antônio das Cachoeiras entre o Rio Jamari e a
primeira Cachoeira do Madeira. Os superiores do
Pará achavam esta Aldeia demasiado longe e exposta
aos ataques dos Índios selvagens, ordenaram que se
retirassem dela para mais perto da sede da
Capitania, e se estabeleceram no lugar denominado
Trocano.
133
1858 ‒ com a Lei Provincial n° 92, de 06.11.1858,
Borba perde a condição de Vila.
134
1921 ‒ a Lei Estadual n° 1.126, de 05.11.1921,
extingue a Comarca e a subordina a
Manicoré.
135
Aspectos Físicos e Geográficos
Economia
Setor Primário
136
Extrativismo Vegetal: borracha, gomas,
madeira, castanha-do-pará, óleo de copaíba,
seringueira (látex), pau rosa (essências), além de
madeira para a indústria da construção e mobiliária. É
uma atividade bastante desenvolvida, constitui-se na
principal fonte de renda do Município.
Setor Secundário
Setor Terciário
Turismo
Riquezas Naturais
Eventos Culturais
137
– Aniversário do Município (01 de janeiro)
138
Rumo a Nova Olinda do Norte
É muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos
e glórias, mesmo expondo-se à derrota, do que formar fila
com os pobres de espírito, que nem gozam muito, nem
sofrem muito, porque vivem nessa penumbra cinzenta que
não conhece vitória nem derrota. (Theodore Roosevelt)
139
O objetivo seria alcançado de qualquer maneira,
fui doutrinado, na Academia Militar das Agulhas Negras,
para não entregar os pontos e forçar coração, nervos,
músculos, tudo, para atingir a meta. Os óbices aconte-
cem, mas devem ser encarados com naturalidade e
ultrapassados com coragem e determinação, sempre
mantendo o “foco” no objetivo a ser atingido.
Depois de navegar, aproximadamente 20 km, o
Soldado Walter Vieira Lopes (Subcomandante do
Piquiatuba) resolveu acompanhar-me no caiaque do
Mestre José Holanda. Durante a primeira hora, o Vieira
Lopes dominou a arte da canoagem como bom marujo
que é, enfrentando fortes ondas de proa e de través. As
ondas acalmaram, o vento diminuiu consideravelmente
e, como ele estivesse à minha frente, gritei para que
ele aproasse a jusante de uma Ilha à nossa frente; o
Vieira Lopes girou o corpo para me ouvir melhor e virou
o caiaque.
Depois de tentar diversas vezes subir, sem
sucesso, no caiaque, resolvi rebocá-lo até a margem.
Foi uma progressão lenta, difícil e cansativa até uma
margem repleta de canaranas. Viera Lopes retirou a
água do caiaque e partiu célere para a margem direita
do Rio. Somente depois de ultrapassarmos as pequenas
Ilhas, avistamos o Piquiatuba comandado pelo Soldado
Mário Elder Guimarães Marinho. Fui até a embarcação
colocar uma camisa seca e renovar meu estoque de
água de coco. O Vieira Lopes continuou mais um pouco
e foi substituído, no caiaque, pelo Soldado Marçal
Washington Barbosa Santos (nosso cozinheiro).
Novamente a maestria dos nossos marujos na
condução de uma embarcação a que não estavam
absolutamente acostumados ficou patente.
140
Faltavam apenas 26 km e resolvi imprimir um
ritmo forte até Nova Olinda, acompanhado a par e
passo pelo Marçal. A uns dez quilômetros de distância
da Cidade, o Marçal comentou sobre a ausência dos
golfinhos (botos e tucuxis) no Baixo Madeira e, logo em
seguida, como para atender a seu apelo, apareceram
cinco enormes botos vermelhos. Os belos mamíferos
aquáticos evoluíam muito próximos dos caiaques, por
vezes nos assustando e nos acompanharam até as
cercanias da Cidade.
141
O Sermão da Selva I
(Max Carphentier Luiz da Costa)
IV
142
Município de Nova Olinda do Norte
Hino de Nova Olinda do Norte
(Letra e Música: Elcileia Fonseca de Souza)
143
1955 ‒ pela Lei Estadual n° 96, de 19.12.1955, o
Município de Nova Olinda do Norte foi
criado, com território desmembrado dos
Municípios de Maués e Itacoatiara, com
sede na localidade de Nova Olinda do
Norte, elevada à categoria de Cidade.
144
Walter Karl Link
145
O Jornal, n° 10.589 – Rio de Janeiro, RJ
Sexta-feira, 18.03.1955
146
Nessa qualidade percorreu quase todo o mundo,
dirigindo as pesquisas ou estudando áreas petro-
líferas.
Há mais Petróleo
147
– Além desse problema, há outro de natureza
geológica, pois lidamos com grandes áreas de rochas
sedimentarias que são das mais antigas do mundo,
com milhares de milhões de anos de idade. E não
será em quatro ou cinco anos que as teremos
explorado, afirmou ainda.
Explicação Necessária
Esperados os Técnicos
Em Exposição o Petróleo
150
visitou, também, as redações dos jornais
“Associados”, interessado em ver o petróleo de Nova
Olinda. Deixando o local da exposição aquela
autoridade dirigiu um telegrama de congratulações
com a Petrobras, regozijando-se com o importante
acontecimento.
O Petróleo é Nosso
156
Passados 50 anos e várias prospecções, o
Relatório Link tem-se mostrado, de maneira geral,
correto, em cada uma de suas conclusões sofrendo,
contudo, pequenas, mas inevitáveis, alterações com o
tempo, em decorrência dos resultados obtidos e dos
avanços tecnológicos. Fábio Giambiagi, na obra
intitulada “Petróleo: Reforma e Contrarreforma do
Setor Petrolífero Brasileiro” faz as seguintes
considerações a respeito da trajetória de Link na
PETROBRAS.
Para a condução do recém-criado Departamento de
Exploração [DEPEX], a PETROBRAS decidiu contratar
um geólogo de grande experiência, Walter Link, ex-
geólogo-chefe da Standard Oil Co. of New Jersey,
que iniciou seus trabalhos no Brasil em outubro de
1954.
157
Essa política se estendeu também para outras áreas
críticas, como a de perfuração-produção e a
coordenação geral dessas atividades conferidas ao
CENAP, o órgão da PETROBRAS, precursor do
CENPES, o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento
[P&D] da PETROBRAS. Esse zelo inicial da empresa
na formação de seu pessoal se mantém até hoje,
orientado para a preparação de um corpo técnico de
alto nível, numa carreira estável, bem remunerada e
com amplas possibilidades de desenvolvimento
profissional, quer do ponto de vista estritamente
técnico, quer do ponto de vista gerencial, com
frequência em universidades no exterior.
158
de Link deixar o Departamento, sintetizando
resultados e refletindo o pessimismo pela ausência
de descoberta de campos gigantes de petróleo,
“ausência de Bonanza Oil”, nas Bacias investigadas.
Um ponto relevante desses relatórios é a
classificação das Bacias sedimentares brasileiras, de
acordo com sua prospectividade e perspectiva de
sucesso, em quatro categorias, de A [Bacia com
produção comercial] a D [Bacias consideradas sem
possibilidades, onde a exploração deve cessar].
Houve inclusive a sugestão de que seria melhor a
PETROBRAS ir para o exterior ou para o “offshore”
brasileiro (22). Essas avaliações evoluíram com o
tempo, de acordo com resultados obtidos, de um ou
outro modo, e os avanços tecnológicos. O Médio
Amazonas, por exemplo, foi classificado como C+, e
o Alto Amazonas, como C-, embora justamente neste
último petróleo de excelente qualidade tenha sido
descoberto e desenvolvido anos depois [1986]. [...]
Talvez o principal legado de Link tenha sido, como
ressaltou o geólogo Giuseppe Bacoccoli, a introdução
na equipe de exploração de:
159
Relatório Link
Senhores,
Introdução
162
A PETROBRAS perfurou mais de 75 poços na parte
principal do Vale Amazônico e no Graben do Marajó e
efetuou vários levantamentos geofísicos dispendiosos
nos últimos 5 anos. Com base neste trabalho, torna-
se agora possível uma boa avaliação de potenciali-
dade do Vale Amazônico e do Acre.
Senhores:
164
Nós todos consideramos uma avaliação “C” como
marginal, recomendo à Diretoria que leia novamente
e revise a carta do signatário DEPEX/DDO - 527 de
14.09.1959. Essa carta menciona os grandes gastos
em dinheiro nesta área sem encontrar óleo
comercial, e exploração subsequente não modificou
esse quadro. [...]
166
Se ficar provado que a PETROBRAS precisa de uma
reforma, que se façam as recomendações necessá-
rias, sem demagogia, patriotadas ou proteções. Se
for apurado que políticos transformaram a
PETROBRAS num cabide de empregos e numa em-
presa financiadora de publicações existentes ou
hipotéticas, que sejam divulgados os nomes dos
empregados e dos empregadores, dos financiadores
e dos financiados.
167
Imagem 29 – O Semanário, 1960-1961
168
Mr. Walter Link Chefe do Departamento de Explora-
ção da PETROBRAS foi acusado pelo Deputado
Gabriel Passos [UDS-Minas] de fornecer pretextos
para uma campanha de destruição da PETROBRAS,
do que resultou uma entrevista do presidente da
PETROBRAS, General Sardemberg, segundo a qual
aquela companhia estatal assume uma orientação
contrária ao ponto de vista de Mr. Link.
Betume em Pindamonhangaba
169
– Realmente, os jornais estão noticiando uma
recente descoberta de um lençol de petróleo sólido
[betume] em Pindamonhangaba, São Paulo, cujas
amostras, analisadas em laboratórios de Moscou,
foram reconhecidas como sendo betume. É preciso
não desconhecer que essa questão do xisto
betuminoso se divide em duas fases, uma antes, e
outra depois do monopólio estatal. É possível, pois,
que se trate de uma notícia procedente, mas o
Conselho Nacional do Petróleo oficialmente, não tem
conhecimento desse fato. Os resultados desses
exames não foram enviados ao Conselho Nacional do
Petróleo. (UH, n° 462)
170
O Sr. João Neves é positivamente um homem de má-
fé e não foi à toa que o saudoso Presidente Vargas e
o honrado Marechal Dutra tiveram de demiti-lo
sumariamente do cargo de Ministro, para o qual o
haviam convidado na presunção de que esse velho
profissional da intriga resolvesse no fim da vida rea-
bilitar-se, fazendo algo de útil pelo país. Advogado
ostensivo e confesso de interesses estrangeiros,
Neves não perde ocasião de ser agradável aos trus-
tes principalmente os do petróleo e de eletricidade,
que tem nele, como sempre tiveram, um de seus
mais fiéis e sabujos servidores. Ainda agora, anda o
anãozinho de “O Globo” e da Praça Serzedelo Corrêa
a soltar foguetes ao relatório de Mr. Link, feliz por-
que, segundo escreve:
172
dos perigos, não pequenos que ora a ameaçam. Na
semana passada, Neves voltou carga com a sua
manobra despistatória, mas não contava que “O
SEMANÁRIO” novamente a desmascarasse, mostran-
do que ele batera em endereço errado, pois a sua
crítica, ainda que procedente fosse, ao seu
correligionário Deputado Ferro Costa, como ele
“janista” de papo amarelo, é que deveria ser dirigida,
e não aos elementos categorizados e responsáveis
da Frente Parlamentar Nacionalista e do Movimento
Nacionalista Brasileiro, cujo pensamento sobre o
assunto interpretamos com fidelidade, pois antes de
expor nosso ponto-de-vista tivemos o cuidado de
consultá-los, verificando não haver a respeito
opiniões discrepantes. E para provar que o
“radicalismo” do Deputado Ferro Costa nem nos
impressionava, nem influía sobre nós, nem, muito
menos, nos desviaria do principal de nossa luta no
momento – a sabotagem linkista – contava-nos o
seguinte fato:
173
lhada, todo um trabalho de persuasão foi por água
abaixo, O Sr. Ferro Costa – preste-se atenção a este
pormenor – que acabou devolvendo o parecer sem
emenda alguma, mas, nesse ínterim, a Câmara
encerrava seus trabalhos... Assim, nem distribuição,
nem monopólio das importações de óleo.
Mas se a questão das refinarias não constitui objeto
de nossas preocupações, NO MOMENTO, nem por is-
so deixamos de atinar com as verdadeiras causas do
interesse que João Neves vem manifestando por
elas. Por elas, é modo de dizer, porque, na realidade,
do que se trata, da parte de “O Globo” e em geral da
imprensa entreguista, é de defender Capuava das
acusações que lhe teria feito o Coronel Ernesto
Geisel, por sinal amigo e irmão em petróleo do Sr.
Juraci Magalhães o amigo da Lassie, perdão! de Link.
Neves quer encobrir os abusos e fraudes que
Capuava, segundo Geisel, teria cometido, misturando
o caso concreto dessa empresa com o caso geral das
outras, quando não é isso que está em jogo. Se
Capuava deve, pague! Pague e não bufe! Se não qui-
ser pagar, que a direção da PETROBRAS saiba
cumprir o seu dever, cobrando-lhe a dívida
judicialmente, executando-a, intervindo nela, se
preciso for. Não há por que, a pretexto de defender-
se a santa iniciativa privada, conceder à refinaria dos
irmãos Sampaios qualquer “bill” (24) de indenidade
(25). Nem a ela, nem a quaisquer outras que tentem
burlar a lei. Capuava terá poder bastante para fazer
João Neves latir a seu favor. Jamais, entretanto,
deverá tê-lo para praticar impunemente os atos de
que acusou o Coronel Ernesto Geisel. Mas essa é
outra história, que nada tem a ver com o peixe,
como diria o Neves, o outro, o da anedota, muito
mais decente e mais homem do que o do “O Globo”.
(OS, n° 243)
24 Bill: proteção.
25 Indenidade: isenção.
174
Conclusão à Respeito do Relatório Link
Setor Primário
176
milhões de toneladas, com teor médio de 18,5% de
K2O equivalente, a maior jazida do mundo de silvinita.
Setor Secundário
Setor Terciário
Comércio: estabelecimentos.
178
Rumo a Foz do Rio Madeira
Rumo à Fz. do Sr. José Holanda (16.01.2012)
179
Degustamos uns saborosos jaraquis (26) e carne
de porco assados enquanto ouvíamos atentamente as
histórias de sua vida.
180
Irmão Rio
181
As Duas Ilhas I
(Antônio Frederico de Castro Alves)
Fuga de Divisas
186
Maury, como todos os naturalistas e pesquisa-
dores estrangeiros que aqui estiveram, desdenhava da
capacidade dos nossos nativos, aos quais chamava de
“povo imbecil e indolente” e concordava, erroneamente,
com eles ao considerar como extremamente férteis as
terras do Grande Vale do Amazonas. Convencido da su-
perioridade da raça branca, ele pretendia que a região
fosse povoada pelos negros americanos, logicamente
sob o jugo dos brancos, o que mais tarde poderia servir
de justificativa para legitimar a posse americana da
Região.
Missão Herndom-Gibbon
188
1853 ‒ é decretada, no dia 27.01.1853, a abertura
à navegação dos Rios bolivianos a todas as
nações.
189
As Duas Ilhas II
(Antônio Frederico de Castro Alves)
[...] São eles os dois gigantes
No século de pigmeus.
São eles – que a majestade
Arrancam da mão de Deus.
– Este concentra na fronte
Mais astros – que o horizonte,
Mais luz – do que o Sol lançou!
– Aquele – na destra alçada
Traz segura sua espada
– Cometa, que ao céu roubou!
E olham os velhos rochedos
O Sena, que dorme além...
E a França, que entre a caligem (29)
Dorme em sudário (30) também...
E o mar pergunta espantado:
“Foi deveras desterrado
Buonaparte – meu irmão?”
Diz o céu astros chorando:
“E Hugo?” E o mundo pasmando
Diz: “Hugo... Napoleão!”
Como vasta reticência
Se estende o silêncio após...
És muito pequena, ó França,
Pra conter estes heróis...
Sim! que estes vultos augustos
Para o leito de Procustos (31)
Muito grandes Deus traçou...
Basta os reis tremam de medo
Se a sombra de algum rochedo
Sobre eles se projetou! [...]
Jornal do Commercio, n° 55
Rio de Janeiro, RJ – Sexta-feira, 24.02.1854
Publicações à Pedido
Tentativas de Invasão do Amazonas
Jornal do Commercio, n° 63
Rio de Janeiro, RJ – Sábado, 04.03.1854
Interior
Amazonas
33 Japonense: japonesa.
193
pelo Governo dos Estados Unidos; e mui pouco antes
desse oficial chegar ao Brasil uma partida de
Peruanos havia regressado de uma exploração
aurífera no país do Amazonas, tendo extraído 700
libras de ouro. Estou bastantemente informado dos
negócios do Amazonas; mas, confesso, nunca ouvi
falar em semelhante coisa. Presumo que o Sr.
Herndon alude à uma companhia que partira, cerca
desse tempo, para o rio Santiago, debaixo da direção
do subprefeito de Moyobamba, com quem tenho
particular amizade, assim como tenho relações com
quase todas as pessoas de que se compõe essa
comitiva; e por isso posso assegurar que ele não
trouxe na sua volta nem 10 onças de ouro. O tenente
Herndon refere os lucros enormes que os adidos
americanos poderiam realizar com o comércio da
salsaparrilha no rio Ucayali. Ele desconhece pro-
vavelmente a maneira por que se faz esse comércio.
Publicações à Pedido
Tentativas de Invasão do Amazonas
200
Imagem 30 – Manuscritos da Coleção de Angelis, 1951.
201
Nessa época, era maçom e professava ideias liberais.
Após a queda de Napoleão e de Murat, passou a
trabalhar na Secretaria das Relações Exteriores de
Nápoles. Antigo oficial de artilharia, é nomeado em 1
817 para o Comando Supremo do Terceiro
Departamento; e logo corretor da Tipografia adjunta
ao Estado Maior.
206
Até àquela data nunca a De Angelis, em suas
multiformes atividades, acudira semelhante ideia.
Tratava-se duma improvisação de oportunista,
levado até às mais violentas contradições, e em
cujos benefícios, aliás, o próprio autor, como adiante
veremos, não tinha confiança. Não obstante, o
improvisado constituinte enviou o seu trabalho ao
Congresso, o qual, como era de esperar, não o
considerou sequer.
207
Carlos Ibarguren refere que o ditador lia vagaro-
samente os artigos de imprensa, muitos dos quais
inspirados e revistos por ele; e que escrevia à
margem das provas tipográficas as suas correções.
“El más hábil de sus plumíferos, don Pedro de
Angelis”, conta o historiador, le lleva diariamente los
editoriales: “Ex.mo Señor – le dice – se han hecho
las correcciones que V. E. ha dispuesto se hagan en
el artículo – ‘El General Rosas’. Llevo a V. E. las
primeras y las segundas pruebas para que pueda
verificarlo; haciendo uso de la licencia que se sirve
acordarme V. E. propongo dos variaciones: en la
primera página sustituir la palabra esclarecido por la
de benemérito, porque quisiera evitar en los artículos
cualquier indicio de la intervención de V. E. para
llenar los deseos y las ordenes de V. E., y la voz
esclarecido la tienen generalmente como una prueba
de su intervención. En la tercera página me parece
que debería añadirse la palabra más”. El tirano
escribe nerviosamente al margen. “Conforme con
benemérito, conforme con más”.
208
bondad de V. E., y procuraría no darle en adelante
ningún motivo de disgusto, conformándome
exactamente a las órdenes de V. E. o pidiéndole las
explicaciones necesarias de las que me ofrecieren
alguna duda”.
209
A tradução portuguesa não foi feita apesar dos
esforços de Frei Camilo, que desejava atender ao
pedido, “por ser mandado de uma pessoa da minha
amizade e que esforçou-se de prestar ao Brasil, pela
publicação de sua memória sobre um interesse
público, um importante serviço, julgando eu que
assim participarei indiretamente do seu generoso
intuito” (36).
212
De la Navegación del Amazonas
Por M. de Angelis
213
A la Majestad de D. Pedro II, Emperador
constitucional y defensor perpetuo del Brasil.
Señor.
Al salir de Rio Janeiro, penetrado del benévolo
agrado con que se dignó recibirme Vuestra Majestad
Imperial, llevé conmigo el deseo de manifestarle
públicamente mi gratitud, y para satisfacerlo, he
aprovechado, sin medir mis fuerzas, la primera
ocasión que se ha ofrecido. Ruego a Vuestra
Majestad, que no vea en la pequeña obra que me
tomo la libertad de poner a los pies de su trono, sino
el homenaje que yo ansiaba tributar a las virtudes
que lo rodean, y por las cuales es Vuestra Majestad
Imperial el modelo acabado de un príncipe sabio,
liberal e ilustrado. ¡Logre gozar por mucho tiempo el
Brasil, de los beneficios de una administración,
destinada a levantarlo al grado de prosperidad y
grandeza á que lo llaman los dones de que se ha
complacido la Providencia en colmado! Estos son los
votos que no cesará de formar quien tiene la honra
de ser,
de Vuestra Majestad Imperial
Muy atento servidor.
P. de Angelis.
E
l río de las Amazonas ocupa la hoya más vasta
del mundo. Este río majestuoso y sus cien
tributarios bañan llanuras fértiles que se dilatan
bajo diversas latitudes. En tan bellas comarcas la
naturaleza ha derramado, con mano pródiga, todos
sus dones. El suelo, todavía virgen, ostenta los
esplendores de una vegetación poderosa, como para
llamar, con magnífica promesa, el trabajo inteligente
214
del labrador; y en las entrañas de aquella tierra
fecunda duermen enterradas las más portentosas
riquezas, aguardando que la ciencia y el arte doten al
mundo de su tesoro inagotable. Esas comarcas
pertenecen a naciones jóvenes, que nacieron ayer no
más, pero a quienes consume el anhelo impaciente
del progreso. Llamar la emigración europea, fundar
colonias agrícolas a orillas de los innumerables ríos,
he aquí la obra emprendida por el Imperio del Brasil
y las repúblicas del Perú, Bolivia, Venezuela, Ecuador
y Nueva Granada; obra inmensa, que no puede
realizarse sino al influjo beneficioso de la paz.
215
No será culpa de M. Maury que no se convierta el
sueño en realidad.
216
No nos placen las recriminaciones; nada han probado
nunca las censuras acerbas; ni cuadra la violencia
del lenguaje á quien invoca la razón.
217
Tal es el proceder que nos ha parecido más claro,
sencillo y concluyente, y el que por lo mismo hemos
adoptado.
220
necesariamente cada una el único juez de sus
propias acciones. Si se diera una sentencia contra la
nación rebelde al pacto internacional, ella se
sublevaría sin duda contra las ordenes de la
autoridad judicial; y como las naciones soberanas no
reconocen poder superior, no era dado organizar
ninguna fuerza social para asegurar la ejecución de
la sentencia. Si fuese la guerra la única sanción de
los preceptos del derecho de las naciones, el término
siempre dudoso de semejante medio podría exponer
los principios y subordinar la razón á la fuerza;
siendo así que la razón no puede ser vencida.
222
La historia no es más que una larga y solemne
afirmación dela existencia de estos principios
absolutos del derecho natural y del derecho de
gentes.
223
Las tribus, nómades al principio, se establecieron
donde encontraron un suelo fecundo que podía
alimentarlas. Los primeros descubrimientos de las
artes debieron de ser causa de largas y sangrientas
guerras; el que imagino labrar la tierra, y vio que
una cosecha abundante recompensaba sus
esfuerzos, no confió desde luego su útil secreto más
que á su familia y su tribu; pero la casualidad
informo á los demás pueblos, que había una nación
feliz que sabía forzar la tierra á multiplicar sus
productos. Impelidos entonces de la legítima
necesidad de vivir, pues que no podían encontrar en
casa sino una subsistencia insuficiente, codiciarían
las riquezas que la viva imaginación de la primera
edad exageraba más á sus ojos. ¿Cómo sorprender
aquel secreto ó lograr su comunicación?
226
“No debe reprobarse sin examen”, dice Vico,
“ninguno de los medios empleados por Dios para
conducir la naturaleza humana à su brillante destino.
¿Qué cosa más triste que la guerra? ¿Qué cosa más
opuesta al espíritu de la ley cristiana, que es la
expresión humana del pensamiento de Dios? Sin
embargo, la guerra ha sido uno de los instrumentos
de que más á menudo ha hecho uso Dios, y de los
más fecundos en resultados felices. La guerra puso
en movimiento á los pueblos ; les hizo recorrer
inmensas comarcas, les ensenó mil usos diversos,
destruyó y borró las fronteras, confundió las lenguas
y las costumbres, extendió las relaciones, produjo,
¡quién lo diría! numerosas amistades, formó lazos
afectuosos, porque al corazón del hombre, pronto á
cambiar el bien por el mal, pero mucho más á pasar
de este á aquel, le mueven frecuentemente los males
que acaba de causar, y se apega de buena gana á
aquellos cuya ruina y destrucción meditaba poco
antes”.
227
fuerza; bien puede el oprimido ser postrado, vencido,
aniquilado, por su agresor; pero el más justo conoce
que le es dado desafiar al más fuerte, y que la
justicia eterna le enviará auxiliares ó vengadores.
Los pueblos débiles comprenden que les interesa
ayudarse unos á otros contra las tentativas de las
naciones poderosas, y protestar contra cualquier
conquista ilegítima; de manera que el interese
convierte en auxiliar del deber. El mundo no
descubre de una vez todas las aplicaciones de la idea
de la justicia, sino que las vislumbra una por una.
228
navegación, que levaban sin duda el sello de las
costumbres todavía bárbaras de aquel tiempo
encierran implícitamente la declaración de un gran
principio, la igualdad de las naciones. Un pueblo
potente envía sus ejércitos victoriosos á todas las
partes del mundo conocido, las legiones romanas
acampan a orillas del Éufrates y en la ribera de la
Mancha; Tiberio manda que le apelliden todas las
mañanas emperador del universo; más se equivoca
que no por haber sido vencidas, están destruidas as
nacionalidades, de lo cual nos da España bárbara una
prueba brillante cuando envía á uno de su hijos á
quien Roma soberana acepta por emperador.
44
O chefe da tribo celta dos Sênones, Brennus, nos idos de 387 a.C.,
capturou a cidade de Roma e exigiu um resgate para libertar a cidade.
Como não se definia o peso do ouro para tal, Breno atirou sua pesada
espada de ferro na balança e disse: “ai dos vencidos!”.
229
y goces desconocidos, sin olvidarse tampoco de
pintarles el orgullo del triunfador gloriándose de la
humillación del vencido; arrebatado el corazón de
aquellos osados aventureros de la sed del placer y el
deseo de la venganza, las tribus armadas partían
resueltas á morir ó vencer; recorrían las provincias
del Imperio, donde los pueblos dominados los
acogían como vengadores; la idea de la nacionalidad
fermentaba en los corazones, y el vasto Imperio se
desmembraba poco á poco. Alzáronse (45) jóvenes
naciones con la savia (46) vigorosa del elemento
bárbaro, que recibía las costumbres de aquellos á
quienes había vencido.
45 Alzáronse: levantaram-se.
46 Savia: seiva.
47 Rehaciendo: reparando.
48 Ayer: no pasado.
230
toda Europa: las poblaciones tropiezan unas con
otras; por donde quiera la fuerza domina y oprime; y
en medio de aquel caos, crece el dogma nuevo,
consuela á los vencidos, templa (49) la cólera de los
vencedores, y poco á poco aquel poder extrañó que
bendice á los que le condenan y que no tiene otra
arma que la resignación, llega á reinar al fin y á
someter á sus perseguidores; en definitiva, el
derecho puede más que la fuerza.
49 Templa: aplaca.
231
Imagem 32 – Brennus (Paul Lehugeur)
232
Algunos ambiciosos intentaron de nuevo hacer
prevalecer la fuerza; su única ley era la espada
victoriosa; las naciones vencidas, ellos las ataban al
carro de su victoria; pero, á pesar de toda su
audacia, no llegaron á pretender que la conquista era
un derecho; por el contrario, se veían forzados á
esconder su voraz ambición en un principio
falsamente invocado; y aquella hipocresía de la
gloria era también un homenaje rendido á la justicia.
233
la fuerza como base de las relaciones entre los
individuos ó las naciones, ese hombre ó nación
caerían pronto á manos de la indignación y del
desprecio de todo el mundo.
50 Desoída: inédita.
51 Ciceron - De la República - Lib. 3. (DE ANGELIS, 1857)
234
Este sentimiento universal de lo justo e injusto, es lo
que, aplicado á las relaciones de las naciones entre sí
forma el derecho de gentes. Es inmutable y eterno
como Dios que lo grabo en el corazón de la
humanidad. “Jus naturale gentium divina providentia
constitutum” (52).
II
53 Guarece: esconde.
236
Ya hemos visto que la razón prescribía deberes
obligatorios entre las naciones, que nada vago había
en ellos, y que el derecho natural de gentes tenía
una sanción.
II a
54
Jus gentium commune in hanc rem, non aliunde, licet discere quam et
ratione et usu. Bynkershoeck. Cuestiones de derecho público – Lib. 1°
- Cap. 10. (DE ANGELIS, 1857)
55 Ortolan. Diplomacia del mar - Lib. 1° - cap. 4. (DE ANGELIS, 1857)
238
Las naciones son individuos políticos, personas
morales; como tales, obedecen á la primera ley de la
humanidad que prohíbe el aislamiento tanto á los
individuos como á los pueblos. De estas relaciones
necesarias entre las naciones emana la necesidad de
ejecutar ó no ciertos actos que las unas se ven
forzadas á consentir, y cuya observancia pueden
reclamar las otras; he aquí los derechos y deberes de
las naciones entre sí.
239
“Los ríos interiores son de la propiedad incontestable
de la nación cuyo territorio atraviesan”. (58)
61 Estanques: represas.
62 Buques: embarcações.
63 Klüber - Derecho de gentes moderno de Europa - Tomo 1°. (DE
ANGELIS, 1857)
64 De Martens - Derecho de gentes moderno de Europa - Tomo 1° - pag.
198. (DE ANGELIS, 1857)
241
principios incontestables, pues son consecuencia del
derecho absoluto de las naciones en toda la
extensión de su territorio. Cualquier nación puede
por consiguiente à su voluntad, según sus intereses
ó necesidades, vedar ó permitir la navegación de los
ríos que recorren su territorio.
244
Por consiguiente, es esencialmente imperfecto el
derecho de navegación que Bello concede á la nación
señora de la parte superior del río. Por otra parte,
Bello admite el dominio exclusivo de la nación en el
territorio que ocupa. “Este territorio” (73) dice, “se
compone de toda aquella parte de la superficie del
globo de que la nación es propietaria. Comprende los
ríos, lagos y mares interiores”. El dominio exclusivo
de una nación en sus ríos interiores le da
evidentemente derecho perfecto para prohibir su
navegación á los extranjeros. El autor de los
Principios de derecho de gentes, ha caído en fragante
contradicción.
73
Bello - Cap. 3° - § 1°. (DE ANGELIS, 1857)
74 Código de derecho internacional - Tít. 3° - Sec. 1° - Art. 476. (DE
ANGELIS, 1857)
75 Id. Tít. 1° - Cap. 1° - Sec. 1° - Art. 1°. (DE ANGELIS, 1857)
245
Esta contradicción, que arruina el sistema
presentado por entrambos jurisconsultos, proviene
evidentemente de que han confundido dos cosas
distintas, el derecho y el ejercicio del derecho. Toda
nación puede cerrar á los extranjeros sus ríos
interiores, nazcan ó no en su territorio; pero también
puede, cuando no obsta á su seguridad, renunciar en
favor de otras naciones á este derecho exclusivo; y
esta renuncia voluntaria, espontánea, no sirve más
que para confirmar el mismo derecho.
76 Pabellón: bandeira.
246
¡Así el Perú cuyos buques atravesarían el Imperio del
Brasil, pudiera rechazar de sus ríos los buques
brasileños, la nación propietaria de la parte, superior
de una corriente de agua que riega dos Estados,
conservada el dominio exclusivo en todas las partes
de su territorio, y aun ejercería su Imperio en una
porción del territorio de la nación propietaria de la
parte inferior; y esta, á pesar de ser nación
soberana, realmente no ejercería ya su soberanía
completa y absoluta!
248
La nación tiene el derecho exclusivo de navegar toda
fa parte del rio cuyas dos riberas le pertenecen. Ella
arregla este derecho como bien le parece, conforme
á su sola voluntad, ya conservándolo exclusivamente
para sí misma, ya dividiéndolo con otras naciones.
II b
79 Plazca: agrade.
80 Ortolan - Diplomacia del mar - Libro 1° - Cap. 4°. (DE ANGELIS, 1857)
249
costumbre se funda en el consentimiento, en el
convenio tácito de las naciones. Estas han convenido
tácitamente en ellos entre sí, se han ligado por
medio de este consentimiento tácito, pues la han
practicado por tanto tiempo y tan generalmente”.
250
Dominar el mar, ¿no es desafiar orgullosamente el
hombre al poder de Dios? Ese depósito inagotable en
cuyo centro ha colocado la Providencia á todas las
naciones, es e l lazo que reúne á los pueblos más
distantes, el gran camino de la humanidad, la vía de
comunicación que pone en contacto todas las partes
del mundo, y permite que el comercio, y con él el
progreso, llegue á los puntos más inaccesibles y
remotos. Como destinado á las necesidades de todos
los pueblos, el mar les es común á todos.
251
su misma naturaleza. Todo dominio se compone de
dos elementos: la propiedad y el Imperio.
252
El publicista ingles no hace más que amplificar las
palabras tristemente célebres que, dos siglos antes,
habla proferido Guillermo de Holanda: “Mi derecho es
el derecho del cañón”.
253
buques de guerra, que impidan su entrada á las
naciones comerciantes y turben su navegación.
Durante las guerras de los españoles con los Países
Bajos, Jaime I, rey de Inglaterra, mandó designar á
lo largo de las costas, límites dentro de los cuales
declaró que no tolerada que ninguna de las potencias
beligerantes persiguiese á sus enemigos, ni aun que
se detuvieran los buques armados para espiar las
naves que quisiesen entrar á los puertos ó salir. (85)
Estas partes del mar así sometidas á una nación
‘están comprendidas en su territorio; y nadie puede
navegarlas contra la voluntad de ella’. Pero á buques
no sospechosos no puede negar que se acerquen con
fines inocentes, sin pecar contra sus deberes: pues
todo propietario está obligado á conceder á los
extranjeros el paso aun por tierra, cuando no va
acompañado de ningún peligro. Es verdad que á ella
sola toca juzgar de lo que puede hacer en cada caso
particular que se presente; y si juzga mal, peca;
pero las demás tienen que someterse”.
254
Los límites del mar territorial han variado según las
leyes y convenciones recíprocas de las potencias;
pero lo que nunca ha variado, es la práctica universal
de los pueblos, el consentimiento unánime con que
reconocen en cada nación el derecho de mandar
como soberana en sus costas.
255
baña sus costas. Las naciones se someten á esta ley
que reconocen por tácito convenio, y algunas veces
se hacen concesiones recíprocas que confirman más
y más el derecho.
256
El tratado de alianza de 11 de Enero de 1787 (93)
entre Francia y Rusia estipula en su art. 28 que cada
una de las partes contratantes se obliga á no
acometer nunca á su enemigo, sino fuera del alcance
de las costas de su aliado. ¡Qué homenaje más
brillante podían tributar aquellas naciones al derecho
absoluto quo tiene cada una en el mar territorial! El
tratado celebrado en 1794 entre los Estados Unidos y
la Gran Bretaña (94) encierra en su art. 25 una
disposición análoga.
257
En 1825, habiéndose presentado el almirante Jurieu
delante del puerto de la Habana, con su flota, el
número de buques excitó las sospechas del
gobernador de Cuba, quien la mandó detenerse fuera
del puerto; y el almirante se sometió á la orden, no
entrando en la Habana hasta después de haber
explicado al gobernador los motivos que le llevaban
con escuadra tan numerosa (96) El gobernador
español no hacia otra cosa que usar de un derecho
reconocido por todas las naciones, y á que el
almirante francés no podía menos que someterse.
258
Así todos los pueblos reconocen que el mar,
destinado al mundo entero, no puede convenirse en
propiedad de nadie, y respetan unánimemente el
principio de la libertad de los mares; y sin embargo,
han admitido también unánimemente la soberanía
absoluta de cada nación en el mar territorial. Esto
depende de que el primero y el más perfecto de
todos los derechos, tanto de las sociedades como de
los individuos, es el de velar por su conservación,
asegurar su existencia. Este derecho es el que los ha
conducido á todos á modificar, en beneficio común,
el principio absoluto de la libertad de los mares.
98
Abras: refúgios, bahías, enseadas.
99 Derecho de gentes - Lib. 2° - § 290.
100 Añade: acrescenta.
101 Id. id. id. § 294. (DE ANGELIS, 1857)
259
Una de las más notables aplicaciones de los derechos
de soberanía y conservación que la costumbre,
guiada, por la razón, ha reconocido en cada nación,
es el dominio establecido en los estrechos, cuando
los bajeles (102) no pueden pasarlos sin ponerse bajo
los fuegos de las baterías que los defienden. La
práctica universal de los pueblos ha establecido este
dominio, aun sobre estrechos que forman el único
paso por el cual se juntan dos mares. Todas las
naciones por consentimiento tácito, han canonizado,
en provecho de una sola de ellas, un privilegio
necesario a su conservación y que debía perjudicar á
las denlas. Lo admirable es que los pueblos que
gozan de tales privilegios, nunca han sido potencias
de primer orden, que han tenido vecinos
formidables, y que sin embargo jamás se han
disputado seriamente estos derechos. Efecto de que
las naciones comprendían que, débiles ó fuertes,
todas son iguales entre sí, y que existe una
mancomunidad (103) que las une tan íntimamente,
que el que viola el derecho de la más pequeña,
desconoce el derecho de todas.
264
respecto al verdadero sentido del pasaje de la
instituta. Esta costumbre se estableció en los pueblos
que habían sido sometidos á la dominación romana,
donde los ríos constituyeron parte del dominio del
Estado.
110
Corona: coroa.
111 Ley de 22 de Noviembre de 1790. (DE ANGELIS, 1857)
112 Merlin - Repertorio - Dominio Público.
113 Art. 8 del preámbulo de la ley de 22 de Noviembro de 1790. (Id.)
265
(114) que se han hecho célebres con ocasión de
ciertas dificultades.
266
vecina, atento que la exclusión no cesaba sino en
virtud de un acto de su voluntad. Por consecuencia
estos tratados son una confirmación evidente del
principio que hemos establecido. La necesidad de
celebrarlos prueba que las condiciones que encerra-
ban, eran una derogación de los principios del
derecho internacional y de la costumbre establecida.
A falta de semejantes tratados, la parte inferior de
los ríos quedaba cerrada á la nación propietaria de la
parte superior; prueba de que la práctica constante
de las naciones reconocía el dominio exclusivo.
267
La Unión bajó la cabeza á vista de un derecho
incontestable, aplacó el descontento de las provincias
del Oeste; y comprendiendo que solo el
consentimiento de España podía abrir á su comercio
las bocas del Misisipí, el Gobierno federal solicitó de
esta potencia y obtuvo, mediante algunas
concesiones, el derecho de navegar en la parte
inferior del Misisipí. Este privilegio fue concedido á la
Unión en el tratado que, el 27 de Octubre do 1795,
firmaron en San Lorenzo el real Tomas Pinckney y el
príncipe de la Paz. ¿Qué resulta de este tratado? Que
los Estados Unidos han reconocido solemnemente
que la propiedad de las dos riberas de la parte
inferior de un río da derecho para prohibir su nave-
gación, aun á los súbditos de la nación propietaria de
la parte superior del mismo río.
268
Una sola vez fue contradicho, al parecer, este
principio.
269
terminado el Congreso, y que tendrán por bases de
sus trabajos los principios siguientes:
271
más, de dificultades relativas á la navegación del Rin
y del Escalda. Ya hemos visto la posición en que los
tratados de Westfalia y de Fontainebleau habían
colocado á las provincias bélicas; exigiendo la
seguridad de los holandeses que se cerrase el
Escalda, y quedando amenazada la existencia
comercial de las provincias flamencas, que aquella
medida necesaria ponía á riesgo. A orillas del Rin, se
hallaban las cosas en mucho mayor desorden.
Reyezuelos (120) seculares ó eclesiásticos abusaban
de la posesión de una parte mínima de las orillas del
río, para someter los bajeles de los Estados vecinos á
derechos exorbitantes; si uno de los Estados, llevado
del deseo de enriquecerse ó de perjudicar á un rival,
alzaba los impuestos de su arancel (121), lo imitaban
todos los demás; por ejemplo, cuando el Elector
Palatino gravaba con un derecho más crecido los
trigos de Mayenza, el arzobispo de Mayenza aumen-
taba los derechos de los vinos del Palatinado; y entre
Mayenza y Coblenza, en un trecho de ocho leguas,
no había menos de nueve peajes (122) diferentes. La
anarquía era permanente. El Congreso empezó redu-
ciendo en lo posible el número de Estados, y reu-
niéndolos con un lazo federal. Mas no habría logrado
su objeto, si no hubiese intentado destruir las
rivalidades que habían dividido á tales naciones
quitando del medio la causa de ellas; y con este
propósito, abrió el Rin á todos los pabellones. Tal fue
el único fin de la declaración del Congreso de Viena.
Si los plenipotenciarios le dieron la forma de un
principio general, de una regla que debía servir de
base á las relaciones ulteriores de las potencias, fue
porque consideraron difícil ó á lo menos imprudente,
imponer una ley sin comenzar por someterse á ella al
parecer.
272
Los Estados ribereños del Rin, del Escalda, etc.:
satisfechos con esta promesa de reciprocidad, se
obligaban á abrir sus ríos; al paso que las demás
potencias no se ligaban sino con una promesa vaga,
cuya realización podían diferir indefinidamente. Esto
fue en efecto lo que sucedió. Tan distante estaba la
conferencia de Viena de creer en la posibilidad de
poner en práctica el principio que se veía precisada á
proclamar, que M. Guillermo de Humboldt,
informante de la comisión del Congreso respecto á la
cuestión de navegación, cuida de observar en su
memoria, presentada el 7 de Febrero de 1815, que
“es inútil probar la imposibilidad de celebrar
convenciones semejantes á las relativas á la
navegación del Rin y aplicables á todos los ríos,
mientras duren las conferencias”. Mediante aquella
feliz imposibilidad, las grandes potencias llegaban á
su objeto sin que á ellas les resultase ningún peligro.
Para valernos de una expresión de la memoria de M.
de Humboldt, habían “dado un largo paso” en la vía
del progreso; pero á poca costa, pues se
contentaban con aprovechar el sacrificio que habían
impuesto á las demás.
273
Esto es lo que nota M. Wheaton. “Tales estipulacio-
nes”, dice el publicista americano (123), “son el resul-
tado de un consentimiento mutuo fundado en los
intereses de los diferentes Estados ribereños”. Ellos
ejecutaron un acto de soberanía imponiendo á la
navegación las condiciones que quisieron, y
confirmaron su derecho disponiendo de él conforme
á su voluntad. Séanos permitido insistir en la
declaración contenida en los tratados de Viena: pues
M. Maury la ha tomado por base principal de su
sistema, nosotros debíamos probar que hacía mal en
invocar ese ejemplo para imponerlo al Brasil. Causa
extrañeza la insistencia de M. Maury en el acta 16
del Congreso de 1815. Ya hemos demostrado que
aquel principio vago no había ligado de ningún modo
ni aun á las naciones que lo proclamaron: pero, sea
cual fuere el valor que quiera darse á la declaración,
apenas comprendemos cómo M. Maury reclama que
se aplique á la navegación del Amazonas. Las
estipulaciones de un tratado no obligan sino á las
naciones que las han aceptado; y los Estados de
América no estaban de ningún modo representados
en Viena, adonde no fueron invitados, ni siquiera
podían serlo, á enviar sus plenipotenciarios. En
efecto ¿Cuál era el fin de aquella célebre junta?
123
Wheaton - Historia del progreso de derecho de gentes - Tomo 2° -
Cap. 4°. (DE ANGELIS, 1857)
124 Cañonazos: tiros de canhão.
274
Después Napoleón continúo la obra revolucionaria:
de soldado había llegado á ser emperador con el
derecho de su espada, y tomado su corona en los
campos de batalla; era enemigo de las viejas
dinastías, que echaba por tierra, colocando en el
trono á soldados advenedizos como Bernardotte y
Murat. Cuando cayó aquel gigante de las batallas, se
levantó la vieja Europa todavía trémula; las
monarquías, salvas del peligro, quisieron afirmarse
sobre sus bases mal seguras, y el encargo del
Congreso de Viena fue poner un dique poderoso al
torrente que se había desviado, pero continuaba
amenazando.
275
Según eso, el mismo M. Maury convendrá en que as
deliberaciones del Congreso de Viena no pueden
obligar al Brasil. M. Maury apenas puede invocadas
sino como ejemplo que propone al Brasil para que lo
siga espontáneamente, con toda voluntad. En las
conferencias de Viena, las partes interesadas en la
navegación del Rin, del Escalda y del Mosa
consultaron sus intereses mutuos, y, en nombre de
estos mismos, decidieron por su propia voluntad lo
que solo ellos tenían derecho para decidir, á saber, la
abertura de aquellos ríos á todos los pabellones.
277
Lord Castlereag, Lord Aberdeen, Lord Cathcart y Lord
Carlos Steward. Lord Clancarty represento á
Inglaterra en el Congreso, y firmó á su nombre el
tratado general de 19 de Junio de 1815 y el acta 16ª
del Congreso, que repiten casi textualmente la
declaración del tratado de Paris relativa á la libertad
de la navegación. Ella la ha propuesto, protegido y
formalmente proclamado: esta declaración, por
decirlo así, es obra suya; ¿pero la ha puesto en
práctica siquiera una sola vez? No.
278
El Gobierno francés construyó otro en lugar más
próximo á la desembocadura del rio, en donde se
halla establecida la factoría de Albreda. Medió, en
1783, un tratado en el cual Francia reconocía en
Inglaterra el derecho de posesión del Gambia, del
fuerte James hacia arriba. Inglaterra pretendió el
dominio de todo el curso del río, y, para apoyar sus
pretensiones, fundó otro fuerte, el de Santa María de
Bathurst, entre la factoría de Albreda y la
desembocadura del Gambia.
279
María de Bathurst. Este hecho dio margen á una
correspondencia entre el conde de Aberdeen y M.
Guizot, Ministros de Negocios extranjeros de las dos
naciones, quienes en sus notas diplomáticas mues-
tran cómo dos Estados que firmaron los tratados de
Viena, pretenden aplicar el principio proclamado en
ellos.
282
Aquel es el único paso, decían los diplomáticos
americanos, por el cual pueden nuestros Estados del
Noroeste comerciar con el mundo. Inglaterra no negó
la utilidad, pero invoco su derecho. ¿Intentó la Unión
disputárselo? ¿Alegó la propiedad de las fuentes y de
una inmensa extensión de la ribera meridional del
San Lorenzo, como fundamento del derecho de
navegar este río hasta el mar? No. Los diplomáticos
recordaron el tratado de Viena, y la Gran Bretaña
respondió, que no juzgaba á propósito aplicar al San
Lorenzo los principios que había admitido en el
tratado de 1815.
284
“Los ciudadanos de los Estados Unidos”, declara la
misma convención, “tendrán derecho para navegar
en el San Lorenzo y en los canales del Canadá que
comunican los grandes lagos con el Atlántico,
pagando los mismos derechos de peaje (132) y
sometiéndose á los mismos reglamentos. Por otra
parte, el Gobierno americano concede á los súbditos
británicos la libre navegación del Michigan, y se
obliga á invitar los Estados á conceder á esos
mismos súbditos el derecho de navegar en sus
diversos canales respectivos. El Gobierno británico se
reserva la facultad de quitar á los americanos el
privilegio de navegar en el Canadá: y, en
compensación, los Estados Unidos podrán privar á
los súbditos británicos del derecho de navegación en
el lago Michigan. Una vez aplicado este decreto”, dice
también la Convención, “durará vigente diez años y
aún más tiempo, á menos que una de las dos partes
contratantes notifique lo contrario con anticipación
de doce meses”.
285
El ministro de negocios extranjeros del Gobierno
británico ha puesto en práctica, en 1854, el principio
ya proclamado, el ano de 1815, en la tribuna de la
Cámara hereditaria de Inglaterra (133): “Poseyendo
Buenos Aires la soberanía en ambas orillas del
Paraná, tiene derecho para impedir que cualquier
poder extraen penetre en lo interior de ese río, del
mismo modo que nosotros tenemos derecho para
prohibir la navegación del San Lorenzo á cualquier
poder extraño”.
133
Discurso pronunciado por Lord Aberdeen en la Cámara de los Lores en
la sesion de 17 de Junio de 1845. (DE ANGELIS, 157)
134 Vano: vão.
135 Unumfortealterumvepactumquodaconsuetudine recedit, jus gentium
286
Por consiguiente el derecho de gentes consuetu-
dinario confirma plenamente el principio indicado por
el derecho de gentes natural.
II c
III
137
Los artículos 3°, 4°, 5°, 6° y 7° son relativos á la extradición de
desertores y esclavos, y á la fijación de los límites de ambos Estados.
(DE ANGELIS, 1857)
138 Canje: troca.
291
El Brasil, en beneficio del progreso y del comercio,
abre sus ríos interiores al Perú; pero, como debe
velar en que una medida liberal no se convierta en
peligro continuo contra su seguridad, el Brasil no
llama á navegar la parte del Amazonas que le
pertenece, sino á las naciones ribereñas.
292
El Brasil, dueño de la parte inferior de ese río, tiene
derecho absoluto para arreglar su navegación, según
su sola voluntad. Las pretensiones de las naciones
deben fracasar en esa consecuencia lógica de los
principios más incontestables. Hemos visto que el
Brasil, con el laudable deseo de acelerar el progreso
de la civilización y de imprimir á su Imperio un
arranque comercial, sacrifica una parte do su
derecho exclusivo, y abre sus ríos á naciones
vecinas.
IV
De la Memoria de M. Maury.
139
Bentham. Falsas maneras de razonar en matéria de legislacion. (DE
ANGELIS, 1857)
140 Hoya: vale.
141 Ventajas: vantagens.
295
Describe poéticamente las bellezas del valle del
Amazonas: “su clima benignísimo, su primavera
eterna, sus flores y sus frutas deliciosas, los arroyos
arrastrando granos de oro por un cauce de
diamantes”.
IV a
296
“Bolivia y otras siete naciones independientes poseen
ríos navegables que desaguan en el Amazonas y La
Plata: pero no poseen las bocas de estos ríos. ¿Por
ventura no tienen el derecho de seguir el curso de
sus ríos y de bajar hasta el mar? ¿No exigen los
intereses del comercio que se dé importancia á este
derecho, á fin de que, si alguna de aquellas ocho
naciones desea comerciar con nosotros ó con el resto
del mundo, pueda hacerlo por medio de aquellas vías
naturales de comunicación?”
297
Imperio en sus ríos; y sin embargo, no por eso deja
de reclamar como derecho absoluto una concesión
que poco a solicitaba de la liberalidad del Brasil!
298
“Estamos obligados á dejar pasar á los extranjeros
por las tierras, ríos y lugares del mar que pueden
pertenecernos, cuando, echados de su patria, tratan
de establecerse en alguna tierra inhabitada, ó van á
traficar con un pueblo distante, ó han emprendido
una guerra justa”. Bien indican estos ejemplos que
Grocio miraba el derecho do tránsito como esencial-
mente eventual. Según eso, subordina su existencia
á dos condiciones indispensables: 1° Un uso
accidental, momentáneo. 2° Una utilidad inocente, es
decir: que la ventaja que pretende la nación
extranjera, no debe nunca causar perjuicio á la
nación propietaria.
299
debemos pensar en nosotros mismos que en los
demás: “prima causa est sui ipsius, secunda
proximi”.
300
Estado, ¿por qué el soberano no ha de asegurar á
sus propios súbditos las ventajas que los extraños
podrían sacar del paso que se les concede?
Convengamos en que, permitiendo á los extranjeros
trasportar sus mercancías, sin pagar nada por el
tránsito, no sufrimos ningún perjuicio, y que no nos
lo causan aprovechando una ventaja de que
podríamos gozar antes que ellos; como no tienen
ningún derecho para privamos de la misma, ¿por qué
no hemos de tratar de reservárnosla para nosotros?
¿Por qué no hemos de preferir nuestro interés al
suyo?
149 Vattel - Derecho de gentes - Lib. 2 - § 127 y 128. (DE ANGELIS, 1857)
301
Burlamaqui sienta las regias que deben seguirse en
los casos de necesidad extrema: “Para juzgar” (150),
dice, “con mas precisión de los casos en que la
obligación imperfecta pasa á ser perfecta y rigorosa,
deben establecerse estas tres condiciones: 1° Que la
persona que exige de nosotros un servicio, esté en
peligro de perecer, ó á lo menos expuesta á padecer
un daño muy considerable; 2° Que no pueda dirigirse
sino á nosotros para salir del apuro; 3° En fin, que
no nos encontremos nosotros mismos en la propia
necesidad, es decir, que podamos acceder á lo que
se nos pide, sin exponernos á graves peligros”.
303
En resumen, el derecho de uso inocente no se
confunde con el derecho de necesidad; no es más
que un derecho imperfecto, no se ejerce sino en
casos accidentales y bajo la condición de no causar
ningún perjuicio á la nación propietaria. Solo esta
puede decidir si el uso le es perjudicial ó no.
154 Cabo Horn ponto mais meridional da América do Sul, excluídas as Ilhas
Geórgia do Sul e Sandwich do Sul e as Ilhas Diego Ramírez.
305
Antonio y el famoso salto de Ictama, concluye que
estos numerosos y enormes obstáculos no podrán
ser superados sino en un tiempo cuyo término es
imposible fijar, “mientras que el Bermejo”, añade el,
“está aquí á nuestras puertas arrastrando apacible-
mente sus olas hasta el Atlántico, y ofreciendo el
medio más pronto de libertar á Bolivia de su prisión
(155)”.
155 Noticia sobre la navegación de los ríos de Bolivia, por M. León Favre,
cónsul general y encargado de negocios de la república francesa. (DE
ANGELIS, 1857)
306
A eso tenía derecho; pero confiando en la buena fe
de potencias amigas, ligadas á su imperio con
intereses y necesidades comunes, ofreció sacrificar
su derecho exclusivo, y contraer una santa liga en
favor del progreso, de la civilización y del comercio.
307
Más no se detiene aquí. El celo (156) con que defiende
les intereses de las repúblicas de la América del Sur,
merecería á M. Maury los mayores elogios, si á veces
no dejase penetrar el blanco á que aspira. El no
reclama en favor de esos Estados la facultad de bajar
y subir el Amazonas hasta el mar, sino para dar á los
Estados Unidos pretexto de penetrar en el corazón
mismo de la América del Sur.
IV b
311
deseo de bienestar y cegadas por una misma
ignorancia, vivieron mucho tiempo separadas unas
de otras; velando ansiosamente por sus propias
riquezas y mirando con ojos codiciosos las de los
demás pueblos. Una vaga intuición les daba a
conocer que tenían derecho á una parte de las
producciones de los demás climas; y no
comprendiendo que la satisfacción de este deseo
legítimo estaba sometida a un deber de reciprocidad,
corrieron á conquistar los bienes de que carecían. He
aquí el origen de aquellas guerras eternas, que no
cesaban por un instante sino para volver a comenzar
más encarnizadas y sangrientas, á impulso de una
necesidad que siempre renacía.
163 Montesquieu - Espíritu de las leyes – Lib. 1° - Cap. 5°. (DE ANGELIS,
1857)
312
La inteligencia humana no ha podido cambiar los
climas; porque, si los esfuerzos combinados dela
ciencia y del trabajo logran á veces que un suelo
produzca lo que le es extraño, no se adquiere nunca
sin grandes dificultades, el triunfo inútil de producir
en casa lo que crece espontáneamente en otra parte.
Los pueblos han renunciado á prodigar así sin
provecho su inteligencia y fuerza, y reconocido la
necesidad de acomodar la cultura e industria á los
recursos del suelo.
313
ventajoso, podía ocasionar en una nación escasez de
las producciones necesarias á sus propios súbditos.
El deber imperioso que tiene cada Estado de velar
por su integridad, y asegurar antes que todo el
bienestar de los miembros de su sociedad política,
debió haber sometido el derecho de cambio á
restricciones legítimas. En efecto, los deberes de una
nación para consigo misma, prevalecen sobre sus
deberes para con las demás.
Estos dos derechos, de los cuales uno es perfecto,
absoluto, y el otro necesariamente subordinado,
propenden á equilibrarse más y más. Al imperio del
comercio se agrega todo el terreno que pierde el de
la fuerza; pero, como esta no puede desaparecer
enteramente, siempre será limitada la libertad del
comercio; disminuyendo las barreras, sin acabarse
nunca de todo punto.
¡Mientras sea posible á un Estado oprimir á otro,
mientras no haya desaparecido del mundo la
injusticia, mientras agite á la humanidad el viento de
las pasiones, el más completo e imprescriptible de
los deberes de una nación será velar por su propia
seguridad; “salus reipublicae suprema lex esto”!
En este principio incontestable se ha originado la
fundación de las aduanas, y él es el que ha dictado
las restricciones necesarias para impedir que la
libertad del comercio degenere en un eterno peligro
contra la seguridad de los pueblos.
La legitimidad de esta ley, intérprete de la mayor
necesidad de los individuos y sociedades, resalta con
tanta evidencia, que los más fervientes apóstoles de
la libertad del comercio han inclinado su cabeza en
su presencia. Pasemos revista á la doctrina de los
publicistas, la cual corrobora unánimemente esta
brillante verdad.
314
“Si es cierto que una nación debe cambiar sus
producciones por las de otra, cuando puede hacerlo
sin causarse daño á sí misma, no es menos cierto
que en virtud de su libertad é independencia natural,
ella es el único juez en los casos de colisión: es
decir, que solo ella tiene derecho para decidir si el
cambio ó el comercio propuesto le causa mal, ó
satisface el fin de la sociedad y los de la naturaleza.
El que lo pide, debe respetar ese juicio, por falso que
le parezca, porque de otro modo se ofendería la
libertad é independencia de los hombres y de las
naciones; la propiedad no produciría su efecto, ni la
sociedad pudiera subsistir… El que tiene obligación
de dirigir las acciones de esos súbditos al bien
común, puede prohibir la entrada ó salida de algunos
objetos de la naturaleza ó de la industria, si ocasio-
nando ventaja á algunos individuos, ellos dañan á la
comunidad. Ni los ciudadanos ni las demás naciones
pueden quejarse con justicia de esta prohibición:
porque aquellos han prometido sacrificar sus
intereses privados al bien general, y estas no tienen
en realidad otro derecho perfecto que el de ofrecer
sus producciones ó pedir las ajenas (166), y no les
asiste el de exigir con la fuerza que se acepten sus
ofertas o se satisfagan sus demandas. Cuando un
soberano prohíbe la entrada ó salida de algunos
géneros, no hace otra cosa que declarar á las demás
naciones que sus intereses no le permiten aceptar la
venta o el cambio de algunos artículos extranjeros, ó
privarse de algunas de sus propias producciones; y
en esto hace uso de sus derechos, y a nadie agravia
(167)” (168).
315
“Una nación tiene derecho para proporcionarse por
un precio equitativo las cosas de que carece,
comprándolas á los pueblos que no las han menester
para sí mismos. He aquí el fundamento del derecho
de comercio entre las naciones y en particular de
derecho de comprar. No puede aplicarse el mismo
razonamiento al derecho de vender, porque, siendo
perfectamente libre todo hombre o nación para
comprar ó no una cosa que está en venta, y para
comprarla a uno con preferencia á otro, la ley natural
á nadie da ninguna especie de derecho de vender sus
géneros ô mercancías en un pueblo que no quiere
recibirlas. Por consiguiente, cualquier Estado tiene
derecho para prohibir la entrada de las mercancías
extranjeras, y los pueblos ã quienes interesa esta
prohibición, no tienen ningún derecho para quejarse,
ni siquiera como si se les hubiese negado un oficio de
humanidad. Sus quejas serian ridículas, pues ten-
drían por objeto una ganancia que esta nación les
niega, no queriendo que la saquen á su costa. Por la
manera cómo hemos demostrado el derecho que tie-
ne una nación para comprar á las otras lo que le
falta, es fácil ver que él no es de aquellos que se lla-
man perfectos, y que van acompañados del derecho
de coacción (169). En general, ninguna nación puede
obligar á otra á que le compre producciones ó mer-
cancías que ella no quiere recibir. De aquí procede el
derecho que tiene cualquier Estado para negarse á
admitir las producciones extranjeras, y los pueblos á
quienes la prohibición no es favorable, no pueden
quejarse de ella, como si se les hubiera negado un
deber de humanidad; sus quejas serian vanas, pues
tendrían por objeto una ganancia que el Estado les
niega, no queriendo que la saquen á su costa”.
316
“De aquí resulta que el comercio depende de la
voluntad de los que quieren hacerlo, y que tenemos
libertad para ejercerlo ó no con otro. Hasta es
permitido á una nación imponer á su comercio
exterior las condiciones que juzgue favorables á sus
intereses, así como depende de los otros admitirlas ó
desecharlas. Esto es lo que se llama un derecho
imperfecto, semejante al que tiene el pobre á la
limosna (170) del rico; si se le niega, tiene razón para
quejarse, pero no derecho para exigirla por fuerza,
fuera del caso de extrema necesidad. El mero
permiso de comerciar no da ningún derecho perfecto,
porque, si una nación ha tolerado por algún tiempo
que otro haya venido á comerciar á su país, no por
eso está obligada á permitirlo siempre, sino que
puede poner fin, conforme á su voluntad, á ese
comercio ya prohibiéndolo absolutamente, ya
formando reglamentos á que debe someterse el
pueblo extranjero, sin poder quejarse de ninguna
injusticia” (171).
317
comercio antes de celebrarlo, para no obligarse á
nada contrario á lo que se debe á sí misma y á las
demás”.
318
“El comercio entre los Estados de Europa es ahora
libre en tiempo de paz; de manera que, excepto el
caso de represalias, ninguna nación está excluida del
comercio con otras, y no se necesitan tratados para
asegurar su efectividad. Pero esta libertad vaga no
impide que cada uno continúe hasta ahora estable-
ciendo todos los reglamentos, e introduciendo todas
las restricciones que juzga conformes á sus intere-
ses, y por consiguiente: 1° que exceptúe ciertos lu-
gares, algunas provincias del comercio extranjero, ó
lo limite á otras; 2° que fije la manera de importar y
exportar; 3° que prohíba la importación exportación
de ciertas mercancías y aumente su catálogo según
su voluntad” (174).
174
De Martens - Derecho de Gentes Moderno de Europa - Tomo 1° - Págs.
314 y 315. (DE ANGELIS, 1857)
175 De Martens - Derecho de Gentes Moderno de Europa - Tomo 1° - Págs.
319
Este consentimiento resulta de los tratados de
comercio que celebran los pueblos, los cuales distan
tanto de creer que el comercio internacional sea un
derecho absoluto y perfecto, que, cuando desean
otorgarse ventajas recíprocas, estipulan estas
concesiones en tratados públicos; dando su propia
voluntad un carácter perfecto á un deber imperfecto
por su naturaleza.
320
Al paso que lleva su contingente de producciones al
gran mercado del mundo, y obedece la ley general
del comercio, el Imperio no podía poner su seguridad
en peligro. Por medio de un acto que le honra, ha
admitido en sus ríos interiores el pabellón del Perú, y
concederá este beneficio á las naciones ribereñas del
Amazonas que le dieren las mismas garantías
públicas que el Perú; pero la prudencia le aconseja
que no extienda este privilegio á todas las naciones
del mundo. M. Maury ve en el ejercicio de este
derecho una injusticia; ¿por qué no comienza á
aplicar este nuevo derecho de gentes á su propio
país, al río San Lorenzo? ¿Por qué no se vuelve su
indignación contra Inglaterra que se obstina como el
Brasil en querer continuar siendo señora en su casa,
y que no concede á los Estados Unidos la facultad
provisional de navegar en el San Lorenzo, sino en
cambio de concesiones recíprocas, y con la reserva
expresa de su derecho exclusivo? El Brasil no impide
de ninguna manera el comercio internacional, sino le
impone condiciones necesarias á su seguridad; hace
lo que todas las potencias, cuando arregla su
navegación interior. Con pabellón brasileño, todos
pueden subir y bajar el Amazonas, llevar al Imperio
las mercancías extranjeras, venderlas ó cambiarlas
por las producciones del territorio.
321
al más fuerte, es lo que M. Maury quiere imponer en
nombre de la libertad y de la civilización. “La
naturaleza”, dice uno de los más célebres publicistas
de nuestra época, “para conducir los pueblos
favorecidos á la asociación general, los ha separado
de los otros con barreras naturales que ponen trabas
á sus invasiones y conquistas. ¡Quitareis estas
barreras sin tomar garantías! ¡Juzgareis inútiles las
precauciones de la naturaleza! ¡Jugareis la indepen-
dencia de un pueblo para satisfacer el egoísmo de un
consumidor que ya no quiere pertenecer á su país!...
¡Nos prometéis que el trabajo se cambiará por el
trabajo, y resulta que Breno ha puesto a hurtadillas
(178) su espada en la balanza!”
323
¿No son á propósito para la comunicación de Bolivia
con el mar, el Bermejo y el Pilcomayo, cuyo curso es
apacible, y el Paraguay, de fácil navegación? Ellos
penetran hasta el centro de la república, riegan las
provincias más pobladas y fértiles de Bolivia, cuyas
riquezas se ha complacido en enumerar el mismo M.
Maury; de manera que en una carta que cita como
noticia se hallan estas palabras: “El país situado en
las fuentes de este río, [las de La Plata] es más
poblado que las riberas del Amazonas”. Así sería
evidentemente ventajoso á Bolivia enviar y recibir
sus mercancías por el Pilcomayo y el Bermejo; y M.
Maury, si realmente le hubiese animado el deseo de
ser útil á esa República, habría hecho mérito delos
beneficios ciertos que pueden sacarse de la
navegación de los afluentes del Paraguay. ¿Por qué,
al contrario, se olvida del Bermejo y del Pilcomayo, y
no habla más que de los afluentes del Amazonas?
Porque estos afluentes del Amazonas llevarían las
producciones de Bolivia á un punto del Atlántico en
que “los vientos y las corrientes son tales que esas
mercancías pasarían forzosamente por delante de
nuestra puerta”. “Las ventajas de la navegación de
vapor”, dice el señor de Castro Moraes Antas, “no
serán reales para Bolivia, en sentir de M. Maury, á
menos que esta navegación traiga á las puertas de
los Estados Unidos las producciones de la América
del Sur. El Paraguay y el río de La Plata ofrecen un
camino cómodo y ventajoso, que conduce al
Atlántico y á los mercados del continente europeo.
Todo induce á creer que este punto debe ser el foco
mercantil de las repúblicas de la confederación
Argentina, Paraguay, parte del Brasil y Bolivia…
Bolivia puede hacer uso del Pilcomayo y del Bermejo,
pues no encontrará en el Paraguay, donde desaguan
aquellos ríos, las mismas dificultades que presenta la
parte superior del Madeira, que está llena de
cascadas, ¿Qué importa que pueda navegarse el
324
Paraguay y La Plata, el Bermejo y el Pilcomayo, si
estos ríos van á perderse en el Océano á tan gran
distancia de los Estados Unidos? ¿Para qué pueden
servir esos ríos, sien su boca los vientos y las
corrientes no obligan á las producciones pasar por la
puerta de la patria de M. Maury?”
325
Todo este grande amor á las repúblicas ribereñas del
Amazonas, al mundo entero, á la civilización, y aun
al cristianismo, no es en realidad más que un egoís-
mo nacional, que apenas se esconde en pomposas y
seductoras palabras. El celo de la humanidad viene á
parar en caso de mostrador, “desinit in piscem!” (182)
182 Desinit in piscem!: acaba em peixe! Locução que muito bem representa
o falacioso discurso do tenente M. Maury. Esta expressão faz referencia
às pessoas que, à semelhança das sereias, se nos apresentam, à
primeira vista, como encantadoras criaturas, mas cuja parte inferior do
corpo “acaba em rabo de peixe”, não correspondendo ao que delas
esperávamos.
183 Exploracion del Valle de las Amazonas, por el Teniente Herndon –
326
“Hemos entrado por primera vez en la región delas
célebres minas del Perú. De la cordillera en que
estábamos se ha extraído enorme cantidad de plata,
siendo las vertientes cuyas aguas caen en el
Amazonas, las más ricas en minerales. ¿No pudiera
el comercio, subiendo y bajando este gran río y sus
tributarios, hacer desviar esa corriente de plata de su
curso Occidental hacia el Pacífico? él lo dirigiría por
medio del Amazonas hacia los Estados Unidos, para
contrapesar la inmensa cantidad de oro de California
y la Australia con que estamos á punto de ser
inundadas”. M. Herndon cree sin duda, como M.
Maury, que la Providencia, al crear el Amazonas, no
se propuso otro fin que continuar el Misisipí, y que ha
destinado a los Estados Unidos á recoger el monopo-
lio del comercio de todo el nuevo mundo. No hay du-
da que el amor de la patria es la más noble de las
virtudes; pero puede también ser origen de todas las
injusticias. Es deber de todo buen ciudadano desear
para su patria prosperidad y riqueza; pero llevar la
ambición nacional hasta querer sacrificarle los intere-
ses de las demás naciones, sembrar la discordia
entre Estados Unidos y vecinos, es incurrir en el
egoísmo que tan bien condeno Cicerón: “El que
quiere arrastrarlo todo hacia sí, rompe y disuelve la
sociedad humana. Quam si ad se quisque rapiat,
dissolvetur omnishu mana consoriio” (184). M. Maury
no se contenta con excitar la codicia de sus compa-
triotas, calumniar al Brasil, engañar las repúblicas de
América, sino que aprueba no sé qué conjuración
oscura tramada en la sombra contra la paz del Brasil.
Cita en su memoria una carta que suporte haber sido
escrita de Chile por un ciudadano de los Estados
Unidos, á quien no menciona, y en la cual se ostenta
sin pudor el deseo de lograr para los Estados Unidos
el monopolio del comercio de la América del Sur.
327
Júzguese por estas citas: “Despues de escrita mi
última correspondencia, he hecho conocimiento con
[…] chileno de origen, á quien Gibbon había visto ya
en Cochabamba [Bolivia]. Este […] es ciertamente
hombre hábil… Según él, el presidente de Bolivia
alimenta disposiciones favorables respecto á noso-
tros, y no vacilaría en conceder privilegios á una
compañía de navegación por vapor que le dirigiese á
este fin propuestas convenientes. No conociendo en
Bolivia á otro individuo, con quien pueda yo enten-
derme en cuanto á la navegación del Amazonas, no
vacile en aprovechar esa ocasión porque no hay que
perder tiempo, si los Estados Unidos quieren
asegurar á sus ciudadanos el comercio interior de la
América Meridional”. Pobre humanidad, que queda
aquí restringida á los habitantes de la Unión.
334
Las disposiciones de este tratado que se refieren á la
navegación y comercio, están contenidas en los artí-
culos 2°, 3° y 10° cuya traducción es la que sigue:
335
“Dichos ciudadanos tendrán plena libertad para hacer
en todas las partes de los territorios de ambas Repú-
blicas, conforme á las condiciones establecidas por
los reglamentos respectivos, el comercio de toda es-
pecie de mercancías, producciones naturales ó fabri-
cadas, cuyo comercio no esté absolutamente prohi-
bido: también podrán abrir almacenes, tiendas y
talleres (188), conforme á los mismos reglamentos
municipales y de policía, obligatorios para los ciuda-
danos del país”.
336
Antes de discutir esta extraña pretensión, recordare-
mos que el objeto perfectamente definido del conve-
nio cuyo texto hemos citado, era llamar á la vida
comercial las comarcas regadas por los afluentes del
Amazonas, objeto que interesaba directa é igualmen-
te á los dos Estados dueños de esos territorios.
Tratabase de animar una soledad, de poblar un
inmenso desierto, y la dificultad de la empresa era lo
único que igualaba la grandeza del proyecto. Los dos
Estados comprendían que no bastaba un decreto, y
que, para producir el milagro, no se requería solo
pronunciar el “fiat lux”; así es que dieron un carácter
provisional á las estipulaciones del tratado, que era
un experimento hecho en común y destinado á mani-
festar los mejores medios prácticos para introducir el
comercio y la industria en aquel país desierto. Con
efecto, el preámbulo habla, “de un ensayo que dará
á conocer mejor las bases y condiciones que deberán
servir de bases definitivas á este comercio y
navegación”.
337
Este tratado se completó con los artículos siguientes:
ARTÍCULOS SEPARADOS.
338
indemnización, que se fijará cuando la experiencia
haya dado á conocer los gastos que ocasiona este
servicio.
5° ‒ La empresa se entenderá con los dos Gobier-
nos acerca de los puntos respectivos del río hasta
donde deben llegar los vapores, y de los puertos en
que deben tocar; y á pesar de la exención de todo
impuesto de que goza, se someterá á los regla-
mentos de policía y aduana.
Art. 2° ‒ Cada uno de los dos Gobiernos concede á
la empresa la propiedad de un cuarto de legua
cuadrada, en los lugares donde sea necesario
establecer un depósito de combustible, si el terreno
no pertenece á algún particular; pero la empresa
perderá sus derechos á esta propiedad, si no cumple
por cinco años consecutivos las obligaciones que
contrae por medio del presente tratado. En todos los
terrenos libres, podrá cortar madera, abrir minas de
carbón do tierra y beneficiarlas […]
Art. 4° ‒ Los presentes artículos separados tendrán
la misma fuerza y valor que si se hubieran insertado
textualmente en el convenio firmado hoy”.
339
¿Qué reclaman los Estados Unidos? ¿Un derecho
natural, absoluto? El Brasil ejerce la soberanía en la
boca del Amazonas y en toda la parte del río cuyas
dos riberas posee, y puede, según hemos
demostrado, permitir ó negar la entrada de este río á
las naciones extranjeras. Si estas están obligadas á
someterse á la decisión del Brasil, bien evidente es
que en ningún caso tendrán los Estados Unidos
derecho absoluto á la navegación de la parte
brasileña del Amazonas.
CONSIDERANDO:
195 Nota dirigida, en 30 de abril de 1853, al gobierno del Perú por el Sr.
Cavalcanti de Albuquerque, ministro plenipotenciario del Brasil en
Lima. (DE ANGELIS, 1857)
345
Según eso, el Perú no ha pensado nunca en ceder á
los americanos un derecho que él mismo no poseía,
y M. Maury, invocando el tratado de 1851 en favor
de los Estados Unidos, cae en el error indicado por el
Ministro de Relaciones Exteriores del Perú en la nota
de 30 de setiembre de 1853. “Si el tratado de abril”,
escribía entonces el Señor Tirado, “ha dado margen
a algunas pretensiones contrarias á los intereses y
derechos del Brasil, mi gobierno no debe cargar con
la responsabilidad, porque ningún gobierno incurre
en ella, si sus actos sirven de pretexto ó ocasión á
alguna violación de los derechos de los gobiernos
amigos, cuando él ni directamente ha autorizado, ni
de ningún modo aprobado esas explicaciones erró-
neas. Espero que US reconocerá la exactitud de
estas observaciones que se aplican perfectamente á
las compañías que se organizan invocando, según
dice US, el pretenso derecho que les confiere el
decreto de 15 de Abril. Este decreto no ha podido
crear ningún derecho en perjuicio del Brasil; y los
que lo invocan para violar los derechos soberanos del
Imperio, se apoyan en falsas pretensiones: porque
es claro que el gobierno del Perú no ha podido ni
querido conferirles tales derechos: esto resulta de las
disposiciones expresas del tratado de abril de 1851”.
346
hacerse á cualquier nación distinta de las que lo
celebraron. ¿Qué Estados tuvieron parte en él?
Estados ribereños de un mismo río. ¿Con qué fin?
Con el de arreglar intereses comunes á dichos Esta-
dos, intereses cuya comunidad resulta de la de ríos y
fronteras. Por lo cual en uno de los artículos se
establece expresamente, que la navegación de estos
ríos pertenece exclusivamente á los Estados ribe-
reños.
348
Declarar que el pabellón de la Unión podrá navegar
en los ríos interiores del Perú, bajo la condición de
obtener la entrada del Amazonas, es insertar en un
tratado una cláusula inútil, conceder un derecho
ilusorio, pues su ejercicio queda absolutamente
subordinado á la voluntad soberana de un tercero.
349
Con todo eso, si pudiera existir duda acerca de la
interpretación del tratado ajustado entre el Perú y los
Estados Unidos, y del sentido del artículo 2° del
convenio de 1851, y del artículo 2° del decreto de
1853, la cuestión estaría para hoy resuelta. No
pudiendo realizarse por voluntad de ninguna de las
partes contratantes, la condición previa, impuesta en
el artículo 2° del decreto de 1853 anulaba el preten-
so derecho encerrado en el mismo artículo.
CONSIDERANDO:
DECRETA:
350
Art. 3° ‒ Si cualquier otro Estado pretendiese que
sus súbditos, en virtud de tratados celebrados con la
República, tienen derecho á navegar en la parte
peruana del Amazonas y de sus afluentes, el gobier-
no concederá ó negará este privilegio según las
estipulaciones de los tratados vigentes, y con las
condiciones que estime justas y convenientes.
Art. 4° ‒ El gobierno del Perú, reconociendo que los
Estados ribereños tienen todos derechos á la
navegación del Amazonas, reconoce al mismo tiempo
que ellos necesitan establecer de común acuerdo los
reglamentos de policía y demás que deben adoptar.
Art. 5° ‒ El presente decreto es solo una declaración
del de 15 de abril de 1853, en cuanto á los puntos
especificados en los artículos anteriores.
Dado en el palacio de gobierno de Lima en 4 de
enero de 1854.
351
La consecuencia evidente de esta declaración, es que
ningún tratado concluido por uno solo de los Estados
ribereños con otro no ribereño, ha podido dar á este
el menor derecho á la parte del Amazonas que no
pertenecía exclusivamente al Estado ribereño que
intervino en el tratado. Continua perfecto é intacto el
derecho exclusivo del Brasil á la navegación del
Amazonas. Hemos demostrado que el tratado de
1851, no conteniendo ningún “favor” hecho por el
Perú al Brasil, no podía servir de apoyo á la reclama-
ción de los Estados Unidos que tuviese por objeto
obtener para los ciudadanos de la Unión el favor
concedido por el Perú á los ciudadanos brasileiros. El
gobierno del Perú lo declara implícitamente, pues la
nación que pretendiese en virtud de los tratados te-
ner derecho á la navegación de los afluentes perua-
nos del Amazonas, está obligada, según el decreto
de 1854, á exponer su reclamación al gobierno del
Perú, que la rechazará ó la admitirá.
352
VI
353
Pero, ¿puede acaso persuadir quien acumula los
cargos más inmerecidos, acusa sin tomarse el
trabajo de fundar sus acusaciones, añade la
acrimonia (198) á la injusticia de los agravios, y olvida
el respeto que debe á una nación amiga y á sí mismo
hasta el punto de sustituir los argumentos con
injurias? “El Brasil”, dice M. Maury, “ha adoptado una
política peor que la del Japón, pues excluye la
cultura, la civilización y el comercio del país más
hermoso del mundo”. Esta comparación lisonjera del
Brasil con el Japón la encontramos á cada paso en el
escrito de M. Maury: verdad es que en alguna parte
dice, que el Japón no comerciaba con la Unión,
siendo así que el Brasil cambia sus producciones por
las de los Estados Unidos; contradicción solemne que
M. Maury no se digna explicar, y que de ningún
modo le impide continuar presentando al Brasil como
otro Japón, inaccesible al comercio. A veces M.
Maury encuentra con hechos (199) tan evidentes que
le es imposible negados; entonces los desfigura, y su
don de difamar convierte las medidas más liberales
en atentados contra la civilización. Este es el sistema
que emplea respecto al tratado de 23 de octubre de
1851. Hemos probado que el Brasil, apoyado en un
derecho incontestable, sancionado por el derecho de
gentes, la costumbre de las naciones y los tratados,
podía prohibir absolutamente la navegación del
Amazonas á todos los pabellones extranjeros. Los
Estados propietarios de la parte superior del río
habrían entonces quedado privados de un medio de
comunicación con el Atlántico; pero el Brasil ha
preferido sacrificar en favor de ellos una parte de su
derecho, y les ha ofrecido espontáneamente, con las
garantías necesarias á su propia seguridad, la
entrada del gran río brasileiro. Veamos cómo
considera M. Maury esta generosa concesión:
356
Sin embargo, el proceder generoso del Brasil es
objeto de las más duras recriminaciones de M.
Maury: “El celo”, dice, “que puso el Imperio en la
negociación de este tratado, no puede considerarse
sino como un esfuerzo hecho para atajar el progreso
de la civilización; porque cerrar el Amazonas al co-
mercio y al vapor, es privar á los países bañados por
este río, y de cuyo seno brota, de las luces de la
civilización, de los beneficios del cristianismo, de
todos los elementos de la felicidad humana”. Precisa-
mente el objeto del tratado presentado por el
Imperio al Perú y demás Estados ribereños del
Amazonas, era permitir la navegación de este río;
por consiguiente caen por sí mismas todas aquellas
pomposas declamaciones, y recuerdan las palabras
terribles de Bentham contra aquellos fanáticos que
no invocan la civilización sino para disimular proyec-
tos egoístas. No es el celo de los intereses del Perú
que finge M. Maury, lo que le ha inspirado esta
cólera y cargos injustos; porque las ventajas que el
tratado de 1851 ofrece al Perú son evidentes, y un
amigo sincero debía aprobar el convenio. Pero el
tratado frustraba planes tenebrosos formados en la
sombra, y con cuya próxima realización soñaba M.
Maury. Hacía mucho tiempo que los Estados Unidos
buscaban un pretexto para intervenir en los negocios
de la América del Sur; y pérfidamente alimentaban la
desunión entre los Estados ribereños del Amazonas,
presentando al Brasil como al enemigo común, y
dando calor á pretensiones infundadas. Si las
repúblicas hispanoamericanas, seducidas con pro-
mesas falaces, hubieran reclamado el peligroso
apoyo de los Estados Unidos, ellos esperaban ven-
derles cara la intervención al parecer desinteresada,
y estipular en su provecho condiciones que les
asegurasen el monopolio del comercio interior de la
América meridional.
357
El tratado de 1851, acto de sabiduría y liberalidad del
Brasil, arruinaba esa trama hábilmente urdida,
quitaba á la Unión toda ocasión de poner el pie en un
territorio cuyas riquezas codiciaba de tiempo atrás.
Daba al Perú lo que los Estados Unidos querían
reclamar para él, y precavía los peligros de aquella
arriesgada intervención de una nación potente y
arrojada entre naciones más débiles. Esto es lo que
M. Maury no perdona al Brasil. “El fin con que el
Brasil celebró semejante tratado con el Perú”, dice,
“fue prohibir la entrada de los ríos á esta nación de
piratas, como allá nos llaman”.
358
Pero dejando aparte erra incontestable verdad,
¡cuántas razones poderosas aconsejaban al Brasil
que concediese al Perú la navegación en el
Amazonas, y continuase negándola á los Estados
Unidos! La naturaleza ha formado lazos íntimos entre
los dos Estados vecinos; colocados bajo el mismo
cielo, uno al lado de otro, en la misma parte del
continente americano, apenas separados por una
línea de demarcación ideal, los riegan los afluentes
del mismo río, los unen las mismas necesidades y los
destinan á trabajar juntos en la obra de la
colonización do la inmensa hoya del Amazonas, y
deben obedecer á la mancomunidad de intereses,
que les aconseja otorgarse concesiones recíprocas;
necesitan la amistad más estrecha y leal, así para
adelantar más, como para evitar peligros comunes.
Sin causarse perjuicio á sí mismo, no pudiera el Perú
abusar del derecho de navegación en la parte
brasileña del Amazonas, para ocasionar al Imperio
embarazos que le dañarían á él en primer lugar.
359
Si el dueño de una casa concede pasar por su puerta
á un propietario vecino, cuya casa no tiene salida
cómoda, le otorga una concesión basada en las
relaciones continuas, en la correspondencia de
servicios que nace de la vecindad (203); ¿tendrán por
eso todos los propietarios de la misma calle derecho
para reclamar el paso por la misma puerta? Esta
comparación vulgar hace más conspicua (204) la
ilegitimidad de las pretensiones de M. Maury.
360
Esos extranjeros atraídos por el cebo del lucro,
pueden engañar la credulidad de las poblaciones
salvajes, y obtener de su ignorancia producciones
preciosas é importantes, en cambio de objetos sin
valor. Este comercio clandestino, cuya represión es
por decirlo así imposible, daña los intereses de esta
población, que tiene derecho á ser protegida por el
gobierno del Imperio. De modo que él tiene el deber
de impedir que se abuse de la ignorancia y buena fe
de poblaciones semi bárbaras. Además de esto, la
afluencia de extranjeros en lo interior del territorio,
da al contrabando ventajas contrarias á los intereses
del tesoro público.
361
Estos temores son tanto menos quiméricos, cuanto
hoy mismo los Estados Unidos tienen desavenencias
análogas con cuatro Estados diversos. La presencia
de algunos ciudadanos de la Unión ha bastado para
suscitar embarazos á los gobiernos que mandan en
Borneo, Taití, Greytown y en el Paraguay. El Brasil
necesita dedicar todo su tiempo y esfuerzos al de-
senvolvimiento del progreso en su dilatado Imperio,
y cuanto mire á distraerlo de esta noble tarea (209),
lo considera como un peligro; y como sea más fácil
impedir su formación que alejarlo, obedece á los
consejos prudentes de la sabiduría, y aguarda el día
en que, sin dañar sus propios intereses, pueda
decretar la libre navegación de sus ríos interiores.
212
“Acautelem-se os cónsules” – que os cônsules se acautelem a fim de
que a república não sofra nenhum dano. Palavras de advertência com
que o Senado Romano investia os cônsules de poderes ditatoriais,
durante as crises políticas.
366
Si reclama la libre navegación del río del Amazonas,
no es de ningún modo para que la aproveche su
patria, sino solo en beneficio de las cinco repúblicas
hispano-americanas cuyos territorios son atravesa-
dos por los tributarios de este gran río. Por lo que á
él hace, no tiene puesta la mira más que en la
aplicación de los grandes principios: “La justicia, la
política del comercio, las luces del siglo, el derecho
natural y el derecho de gentes”. El interés de la
humanidad, he aquí su objeto. ¡Lejos de él toda
segunda intención de interés nacional! ¿Quién podría
acusarle de alimentar ideas tan estrechas? Su infor-
me termina con estas palabras: “La libre navegación
del Amazonas, su colonización, su cultura y la
civilización del vasto país que baña este gran río son
de inmensa importancia; pero ni la violencia, ni el
brazo armado del poder deben alcanzar semejante
objeto. A la ciencia con sus luces, á la diplomacia con
su habilidad, al comercio con su influencia, á la paz
con sus beneficios es á quien toca dar al mundo la
libre navegación del Amazonas, la colonización y
cultura de las regiones atlánticas de la América
meridional”. Estas protestas de amor á la paz y
desprecio de la violencia no hay duda que son muy
hermosas; y el Brasil hubiera podido consentir en
convencerse del sincero desinterés de M. Maury, si
este mismo no se hubiera encargado de explicar su
manera de comprender la justicia, la paz y el influjo
del comercio.
367
El sentimiento de la justicia era también el que le
impelía á negar derechos universalmente reconoci-
dos, y á sustituir principios admitidos por todos los
siglos y todas las naciones, con vagas é hipócritas
fórmulas, bajo las cuales pueden fácilmente guare-
cerse los proyectos más nocivos !
370
La Europa entera era víctima de guerras sangrientas;
la Francia republicana había hecho temblar á la
Europa monárquica; y todas las potencias se habían
reunido para destruir aquel foco revolucionario que
amenazaba abrasarlo todo. Debilitada, aniquilada
con sus discordias interiores, pero no vencida,
Francia se arrojó en los brazos de un soldado; y la
lucha continua más formidable y aún más implaca-
ble. Inglaterra, acometida en sus posesiones de la
India, amenazada hasta en su propia casa, no podía
ya, como en otro tiempo, cubrir el mar con sus naves
mercantes. A los Estados Unidos cupo (214) gran
parte de esta herencia comercial. Pronto les cedió
Francia á Luisiana, que es quizá la más hermosa
parte de su territorio, y posteriormente les entrego
España la Florida.
371
Quisiéramos equivocarnos; pero al examinar cuida-
dosamente la actitud nueva que los Estados Unidos
han tomado en el mundo, cuando comparamos con
la política pacífica á que han debido su grandeza, la
política agresiva que no se toman mucho trabajo de
disimular hoy, no podemos dejar de ver en ella el
principio de gran número de tempestades.
374
“Sin detenerse en las opiniones opuestas que se
formaron acerca de esta guerra, como sucede
siempre en los países libres cuando se trata de las
grandes medidas, que se han tomado, cualquiera
que mire estos acontecimientos desde la altura en
que debe colocarse un estadista, no podrá dejar de
notar el principal resultado de los efectos de la ley de
nuestra existencia política. Estas consecuencias es-
tán á la vista de todos. Vastas provincias, que duran-
te tres siglos había aniquilado el régimen sofocante
de un sistema estacionario, van hoy engrandeciendo-
se al influjo de una activa civilización. Libertad de
hablar y escribir, justicia administrada por el jurado,
igualdad religiosa y gobierno representativo, he aquí
lo que la constitución de los Estados Unidos ha lleva-
do extensas regiones, donde hasta entonces eran
desconocidos semejantes beneficios” (217).
375
recursos inmensos de los americanos del Norte,
cuanto pueden hacer por la prosperidad de las
comarcas situadas á orillas del Amazonas! Y si estas
comarcas, seducidas con el poder y riqueza de, los
Estados Unidos, solicitan formar parte de la Unión,
no habrá de quejarse el Brasil, por que dichas
provincias tienen derecho para preferir la Unión
Americana al Imperio del Brasil. Admitido el princi-
pio, resulta cierto lo que dijo M. Preston, á saber:
que la bandera estrellada ondeará pronto en las
rocas del Cabo de Hornos.
378
¡El Senado, fiel á la política ambigua que es la de la
Unión, no votó ni rechazó la proposición; se contentó
con diferirla! En aquella tribuna, en que Washington
moribundo pedía, en nombre de la salud de la nación
que había fundado, que no se hablase nunca de los
negocios extranjeros, se suscitan contiendas acerca
de principios abstractos, de casos hipotéticos de
política exterior; y cuando por acaso se levanta la
voz de un honrado ciudadano como Van Buren para
protestar contra las nuevas tendencias, las rechiflas
ahogan (224) su voz.
226 “Hércules en la cuna” sufocando as serpentes que lhe enviou Juno para
que o matassem no berço.
380
Imagem 33 – Hércules en la cuna (Luca Giordano)
381
A Roosevelt
(Rubén Darío):
383
384
A Corrida do Ouro no Rio Madeira
Elas não podem impedir a navegação. Isso é proibido. Se
forem vistas fazendo isso, é apreensão na certa. A lavra
deve ser feita apenas onde não houver risco ambiental.
(Fred Cruz – Assessor do DNPM)
386
O material passa, então, por uma calha concen-
tradora (228) que elimina a lama e a água, o restante
é misturado ao mercúrio (Hg) que tem a propriedade
de unir-se a outros metais produzindo uma
amálgama.
Posteriormente, para separar o ouro do mercúrio,
usa-se o processo conhecido como “queima do
amálgama”, onde a liga metálica é submetida a altas
temperaturas, fazendo o mercúrio voltar ao estado
líquido, separando-o do ouro. O preço do mercúrio
nos garimpos, embora atinja cinco vezes o preço
internacional, é um reagente considerado relativa-
mente barato tendo em vista que um quilo de Hg
pode ser adquirido com apenas um grama de ouro.
387
Na época, mais de 1.700 requerimentos foram
protocolados no DNPM, mas apenas um garimpeiro e
duas cooperativas apresentaram licenças ambientais e
receberam as 28 permissões para extrair ouro na
região. Cerca de duas mil pessoas, 250 pequenas bal-
sas e 70 dragas trabalharam nas duas áreas liberadas
antes da inundação dos reservatórios de Santo Antônio
e Jirau.
Licenciamento do IPAAM
388
O documento afirma, ainda, que o mercúrio
continua a ser usado indiscriminadamente, apesar dos
equipamentos disponibilizados pelo Governo Estadual e
que o destino dos rejeitos deste metal não foi estabe-
lecido no projeto. Os garimpeiros, segundo o documen-
to, não foram orientados, devidamente, para adquirir
os cadinhos (retortas), somente de comerciantes ca-
dastrados pelo IBAMA, como, também, não foram
devidamente instruídos sobre a atividade na FLONA
Humaitá e no seu entorno.
Doença de Minamata
Fonte: Marcello M. da Veiga e Jennifer J. Hinton ‒ Universidade de
British Columbia, Canadá e Alberto Rogério B. Silva ‒ ARBS
Consultoria Belém-Pará.
391
Sintomas da doença de Minamata nunca foram
comprovados na Amazônia, mas constatação de
efeitos neurológicos em pessoas que se alimentam
frequentemente de peixe com médios a altos níveis
de metilmercúrio têm sido reportadas. O
metilmercúrio é excretado lentamente pelas fezes
[de 1 a 4% por dia] e uma pequena parte pelo
cabelo. Normalmente, o nível de metilmercúrio no
cabelo é 300 vezes mais alto do que a concentração
no sangue. [...] Teores de Hg em cabelo inferiores a
5 e 10 ppm são aceitáveis para não impor nenhum
risco ao feto (em caso de grávidas) e ao adulto
respectivamente. Infelizmente teores de até 84 ppm
Hg foram analisados em cabelos de mães da região
garimpeira do Rio Madeira.
Produção
393
As Duas Ilhas III
(Antônio Frederico de Castro Alves)
394
Manaus/Itacoatiara
Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em
união. É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce
sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas
vestes. Como o orvalho de Hermom, e como o que desce
sobre os montes de Sião, porque ali o Senhor ordena a
bênção e a vida para sempre. (Salmo 133, Bíblia Sagrada)
396
Para completar o amargo pacote de decisões fe-
derais, o Todo-poderoso IBAMA não liberou a constru-
ção do chamado trecho do meio da BR-319, que tem
cerca de 400 quilômetros de extensão, apesar de todos
os requisitos ambientais terem sido adequadamente
cumpridos.
397
Estacionamos alguns metros abaixo, embarquei
no caiaque e parti, célere, rumo a Itacoatiara. Depois
de remar uns 12 km, meu filho se juntou a mim e
remamos vigorosamente até o 18° km quando parei
para lhe mostrar a interessante ponte de ferro em arco
sobre o Igarapé Nossa Senhora das Graças. Em 2010,
não corria uma única gota d’água sob a ponte e tive de
escalar o barranco para poder fotografá-la, hoje se
podia acessar o Igarapé diretamente do Rio e havia
muita água correndo sob a ponte.
A viagem transcorreu sem maiores transtornos,
só avistamos os primeiros troncos de madeira depois
de ultrapassarmos a Foz do Madeira. Estes troncos, tão
temidos pelos ribeirinhos, já causaram e continuarão
causando prejuízos pessoais e materiais porque contam
com o incompreensível beneplácito das idiotizadas
autoridades ambientais. Pelo menos dois projetos que
pretendiam retirar estes perigosos obstáculos dos Rios
foram obstaculizados pelo IBAMA. Um deles, na
Hidrelétrica de Santo Antônio, foi vetado; e o da
HERMASA, de Itacoatiara, multado por estar aprovei-
tando estes rejeitos arbóreos em suas caldeiras.
Coisas de um Brasil cujas autoridades, coniven-
tes, subservientes ou a soldo de parceiros estrangeiros
se submetem aos seus interesses visando manter o seu
monopólio, prejudicando aqueles que produzem e
geram emprego no nosso rico e pobre país. Rico
quando se trata dos potenciais a serem explorados
sejam minerais ou agrícolas, e pobre tendo em vista
que pouco a pouco o controle destes recursos, antes
administrados por empresas estatais ou privadas, estão
passando para as mãos de oligopólios internacionais,
gerando enormes divisas para seus países e uns poucos
“trocados” para os “brasileiros bonzinhos”.
398
É uma nova versão do colonialismo que conta
com a participação ativa de empresários nacionais
omissos, abençoados por uma política entreguista e
desnacionalizadora.
Itacoatiara (29.01.2012)
405
O Polo Industrial de Manaus inaugurou, no dia
09.11.2011, a Bras Juta, fábrica de beneficiamento de
juta e malva. A iniciativa tem como objetivo retomar a
indústria de fibras no Estado do Amazonas, reduzindo
as importações da juta indiana. A nova fábrica vai gerar
cerca de 600 empregos diretos e fomentar a cadeia
produtiva do segmento, incentivando o setor primário e
beneficiando, principalmente, os agricultores dos
municípios de Manacapuru, Codajás, Anori e Anamã.
406
A Jaçanã macho (232), cuidando dos 4 pequenos
ovinhos deitados sobre a superfície da Vitória Amazô-
nica (233), fizeram-me recordar a lenda da Jaçanã e da
Ipuna-Caá reportada pelo meu querido Mestre e amigo
Coronel Berthier no seu livro “Amazônia Legendária”.
407
Lenda da Ipuna-Caá e da Jaçanã
Fonte: Altino Berthier Brasil.
234 Aimarás: indivíduo dos aimaras, povo indígena dos Andes peruanos e
bolivianos, de língua do filo andino-equatorial, atualmente restrita à
Bolívia e ao Peru, outrora falada em toda a área dos Andes centrais.
235 Plenilúnio: Lua Cheia.
236 Curaca: chefe temporal das tribos indígenas.
408
num exibicionismo de quem se julga dono de tudo e
de todos. Ao cruzar por Sisa, manhoso como um
leopardo, lançou seu olhar de fera sobre a bela
jovem, marcando bem aquela que designou para sua
presa. Cabeça baixa, a índia notou o olhar
penetrante e o sorriso petulante daquele cínico
cavaleiro barbudo. À noite, contou tudo ao pai e ao
noivo, os quais, tristemente alarmados, ficaram
pensando como se defender do atrevido impostor. Na
mesma noite, D. Peralta envia a Sisa um ramo de
flores de ishpingo [cinamomo] e uma bandeja com
mishki [favos de mel]. Ao tempo em que entrega os
presentes, o mensageiro intima Kittzi e Sisa a irem
ter, incontinente, com o Chefe, sob pena de serem
condenados por crime de desobediência. Sisa, pelo
mesmo portador, devolve os presentes, e Kittzi
segue sozinho, escoltado por dois irmãos, até a casa
onde estava hospedado D. Peralta. Por mais que
fosse esperado de volta, o jovem não retornou. Ao
amanhecer do dia seguinte, soube-se que ele estava
preso incomunicável porque se negara a renunciar ao
amor de Sisa. A seguir, correu a notícia de que à
tarde, o temível cão Bezerril, tratado exclusivamente
com carne humana, iria devorar na “plaza de armas”
o “herege subversivo”. Kittzi, indignado com a
injustiça e com a cruel discriminação feita em nome
da Igreja cristã, permaneceu firme, como guerreiro
que era. Foi untado com banha de vicunha (237) para
melhor despertar o apetite do Cérbero (238)
esfaimado, em jejum há 24 horas.
409
Sisa concerta então com seu pai um plano desespe-
rado. Veste-se com suas melhores roupas, cobre-se
de ouro, perfuma-se, e depois unta os lábios com
uma tintura gelatinosa, que também passa na ponta
das unhas. Pressurosa e exuberante, parte ao encon-
tro de D. Peralta. Vitorioso e radiante, o espanhol
corre receber sua musa indígena. Sisa pede-lhe por
Inti [o Sol] e pela “mama” Huira-Cocha [a mãe
Natureza] a liberdade de Kittzi, que, metido a ferros,
espera resignado e altivo, a um canto da sala, a hora
do suplício. D. Peralta tem pendurada ao cinto a cha-
ve dos grilhões. Abre os braços vigorosos e recebe
palpitante a jovem Aimará, a qual, alucinada de ódio
coloca os lábios virginais na boca impudica do fidal-
go, simulando estar vencida pelo amor. Com fúria
selvagem enlaça o aventureiro pelo pescoço, beijan-
do freneticamente e mordendo-o nos lábios e no
rosto. D. Peralta, emocionado com aquela súbita e
inesperada demonstração de carinho, sente ter do-
minado o orgulho da jovem. De repente, porém,
desfalece e cai agonizando para o lado. Sem perda
de tempo, Sisa pega as chaves e põe Kittzi em liber-
dade, dizendo-lhe:
– Foge, meu querido; és livre... D. Peralta está
morto, mas também eu não vou escapar. Ele me
retribuiu as pequenas dentadas que lhe dei para
injetar em seu sangue o curare que portei nos
lábio e nas unhas...
410
Essa desgraça produziu um grande alarme na ayllu e
entre os Soldados ibéricos. D. Bobadilia, subcoman-
dante do grupamento, chorando, recolhe o corpo
inerte de seu chefe para as cerimônias fúnebres. O
Padre não teve tempo sequer de ministrar-lhe o sa-
cramento da extrema-unção. Indignados, os Solda-
dos arrastam bruscamente os Corpos de Kittzi e Sisa
até a borda de um abismo daquela gélida Cordilheira
dos Andes. Balançam os Corpos daqueles pagãos, e,
com asco, os atiram ao leito de um Rio que corre no
fundo do vale. É o Apurímac [o sussurrante], que se
lança no Ene e no Tambo para tomar o nome de
Ucayáli, o mais legítimo formador do Amazonas. Os
castelhanos observam, ao longe, os Corpos sumirem
nas águas barrentas, para boiarem logo depois, vi-
vos, fortes e belos. Por toda a imensidão do vale
ecoou, então, uma frase que foi logo traduzida pelos
Índios:
– Nosso amor é maior que a morte!
411
Partida da Ilha do Bispo (02.02.2012)
Contestação
Contestando, diz o Estado do Pará
contra o Estado do Amazonas, por esta ou
melhor forma de direito, o seguinte:
E.S.N.
I
P. que, por esta ação originária,
pretende o Autor – Estado do Amazonas –
seja o Réu – Estado do Pará condenado, com
as custas legais, a reconhecer como limite
entre ambos o do Nhamundá desde a sua
origem até a boca do Bom Jardim no
Amazonas; e do outro lado deste o Rio, o
413
meridiano que passa pelo cimo do outeiro do
Maracá-assu até ao seu ponto de intersecção
com o paralelo 08°48’, já reconhecido como
extrema do Estado de Mato Grosso, e a
restituir e todo o território de que, além
destes limites, esteja de posse. (TJC, 1919)
414
No Rio, foi aluno do Colégio Pedro II e, mais tarde, da
atual “Escola Polytechnica”.
415
É da confluência do Pratucu no “Jamundá” que a
geografia deste tem interesse para a questão. Daí
começam os estabelecimentos fixos paraenses e a
jurisdição paraense na margem direita do
“Jamundá”. O mesmo Pratucu, se bem em menor
escala e sem estabelecimentos fixos, não escapa de
todo a sua influência. As águas reunidas dos dois
Rios dilatam-se formando aí uma espécie de Baía.
418
No seu Roteiro escrito em 1768, diz o Padre José
Monteiro de Noronha:
67. Da Boca inferior do Rio Nhamundá se deve
procurar outra vez a margem Austral do Amazonas,
para fugir do Caldeirão que fica junto à Boca
superior. (NORONHA)
E, mais adiante:
69. Uma légua mais acima do Rio Ramos ou
Tupinambaranas, fica fronteira a Boca superior do
Nhamundá na margem Setentrional do Rio
Amazonas. (NORONHA)
E depois:
e nos desviamos da Boca de cima da vizinhança do
Amazonas (de que tudo são braços) para evitar o
perigo de encontrar os caldeirões. (SILVEIRA)
419
Antônio Ladislau Monteiro Baena, no seu Ensaio
Coreográfico, diz que o Jamundá tem duas Bocas:
420
geologia explicará as anomalias com que as
contradizem. Anualmente mesmo as cheias do
Amazonas determinam feições especiais e várias nas
embocaduras de muito dos seus afluentes. O
Jamundá é um dos que mais tem sofrido e sofrem
ainda essa influência no que o acompanham
nomeadamente o Trombetas, o Uatuman, o Urubu e
quase todos os tributários de segunda ordem.
421
A questão, porém, só teria para a de limites um
interesse secundário. Não são propriamente estes
que se discutem. O Pará não contesta a demarcação
de Mendonça Furtado. E o Amazonas, cremos, não
lhe disputaria o Caldeirão como a Boca superior do
Jamundá. Firmado na posse legítima do território à
margem direita deste Rio, o Caldeirão compreendido,
reclama apenas o Pará, por assim dizermos, a
legalização dessa posse segundo as prescrições
jurídicas e constitucionais. Em todo o caso, não é
demais repetir, o Caldeirão seria para os seus limites
segundo aquela demarcação a Boca superior do
Jamundá, pois que como tal era considerada ao
tempo da divisão das duas Capitanias, e como tal foi
sempre até hoje com a só exceção de um geógrafo.
422
Na Carta geográfica, da Nova Lusitânia ou América
Portuguesa e Estado do Brasil de Antônio Pires da
Silva Pontes Leme, do ano de 1798, que vem
reproduzida na primeira série dos Estudos sobre o
Amazonas, do laborioso Dr. Torquato Tapajoz, de
saudosa memória, são também os limites traçados
fora, para Oeste, da margem direita do Jamundá,
que só em diminuta extensão acompanham.
Na Carta topográfica de 1818, citada à página 9, e
existente no mesmo arquivo, também a linha de
limites vem indicada fora da margem direita do
Jamundá, para Oeste.
Na Carta geográfica da Província do Amazonas, de
1863, citado à página 9, e pertencente à seção de
manuscritos da Biblioteca Nacional, a linha de limites
desde a Serra Anicua da Cordilheira da Guiana,
apanha as nascentes do Jamundá a Oeste, 21’
Latitude Sul, desce por sua margem direita e a do
Lago de Faro e dali acompanha um curso d’água que
deste sai para o Amazonas e que evidentemente não
pode ser senão o Cabory-Aduacá, pois que as duas
Bocas do Jamundá, o Caldeirão e o Bom Jardim, se
acham nele visivelmente indicados. Ora, a Leste
daqueles dois Furos, em território pela demarcação
de 1758, amazonense, no Lago Aimi existia, desde
1794, uma posse legalizada paraense, a sesmaria
concedida a João Caetano de Souza e Silva, de
campos de criação de gado nas margens daquele
Lago, por D. Francisco de Souza Coutinho,
Governador do Pará:
para fundar uma fazenda de gado em uns campos do
Distrito de Faro com três léguas de terra de frente
nos campos de Aimi, correndo da Boca do Igarapé
de Abaucu correndo para Boca o Igarapé de Faro
[hoje chamado Rio de Faro, que não é senão, como
mostramos, um trecho do Jamundá] água abaixo,
uma légua de fundos para o Igarapé Aimi.
423
Esses campos ficavam todos na margem direita do
Jamundá, território da Capitania do Rio Negro, cujo
Governador era quem devia concedê-los.
(VERÍSSIMO)
A Luta Continua
424
paraense de Juruti, chegando a posicionar um marco de
cimento quase 15 quilômetros além da divisa dos dois
Estados. O Ministério Público Federal solicitou a
impugnação do decreto de desapropriação, com fins de
reforma agrária, do imóvel “Vila Amazônia”, que incluía
áreas no Pará. Lúcia Melo, executora do INCRA de
Santarém, afirmou, na época, que a área desapropriada
ficava dentro do estado do Amazonas e não poderia
ultrapassar os limites com o Pará e sugeriu que a
Superintendência Estadual do órgão criasse uma
Comissão Técnica Interestadual para elucidar a
situação, mas nada foi feito até hoje.
425
Aves de Arribação I
(Antônio Frederico de Castro Alves)
I
II
426
Imagem 34 – Dupla nas águas de Parintins – AM
427
Imagem 36 – Ninho de Jaçanã – Parintins – AM
428
Imagem 38 – Passeio no Rio Cuminá – PA
Imagem 39 – Óbidos – PA
429
Imagem 40 – Óbidos – PA
430
Mapa 6: Ponta Grossa – Óbidos
431
Mapa 7: Óbidos – Santarém
432
Parintins/Oriximiná
O Rio Trombetas, que Acuña denomina Cunuris, e na língua
geral é Oriximiná, não foi ainda navegado até as suas
cabeceiras, porque numerosas e altas cataratas se
contrapõem aos viajantes, que lhes vão procurar nos
arredores a salsaparrilha e o cravo-do-maranhão. Acima das
Cachoeiras, dizem que o Rio corre através de campos.
(SPIX & MARTIUS)
436
despencava dos galhos para a água com a maior
naturalidade e sumia no meio da vegetação aquática.
438
Energia Amazônica
Durante nossa estada em Oriximiná, fizemos
uma incursão ao Rio Trombetas e Cuminá aprovei-
tando, nesta oportunidade, para verificar o andamento
de parte das obras do “Linhão” que levará energia da
hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, para Manaus. Esta
obra permitirá que o consumo do combustível fóssil,
para geração de energia, caro e poluente, seja
totalmente eliminado nas capitais de Manaus e Macapá
e as sedes dos municípios contemplados pelo “Linhão”,
evitando a emissão de 3 milhões de toneladas de gás
carbônico por ano, e reduzindo o consumo anual de 1,2
bilhões de litros de óleos combustível e diesel.
Responsabilidade Ambiental
439
Foram analisadas diversas alternativas para o
traçado da linha até se encontrar as que ofereceriam
menor impacto ambiental e interferência em áreas
legalmente protegidas, como terras indígenas e
unidades de conservação, chegando-se, finalmente, a
seis propostas. Cada uma delas foi, então, analisada
detalhadamente quanto ao tipo de vegetação, tipo de
solo e viabilidade técnica, principalmente no que se
refere à travessia de cursos d’água que, no caso do Rio
Amazonas, tinha, em algumas das alternativas
propostas, até dez quilômetros de largura a serem
transpostos. O sistema levou em conta também que,
futuramente, haja a necessidade de se acrescentar um
terceiro circuito à linha, usando o mesmo corredor,
além de contemplar um plano de resgate de fauna e
flora em perigo de extinção.
2° Lote – Jurupari/Oriximiná
3° Lote – Oriximiná/Manaus
UTE Mauá 3
Roraima no SIN
443
Canção do Exílio
(Casimiro de Abreu)
444
Oriximiná/Óbidos/Santarém
Quando me encontrava em serviço ativo do Exército e dirigia
os trabalhos da Inspeção de Fronteiras, executei pessoal-
mente a exploração e o levantamento do Rio Cuminá
(1928/29), [...]. Nestes trabalhos, serviram-me de guia os
“Diários de Viagens”, manuscritos, do Reverendo Padre
Nicolino José Rodrigues de Sousa, judiciosamente organiza-
dos, sob escrupulosa exatidão, e onde se encontram, como o
leitor verá, considerações de ordem filosófica e interessantes
pensamentos, que definem a arraigada fé católica do autor e
denunciam os seus sentimentos elevados e filantrópicos.
(Cândido Mariano da Silva Rondon)
445
Ariuca), o Capitão PM Marcelo Ribeiro Costa,
Comandante de Oriximiná e seu Subcomandante
Capitão PM Flávio Antônio Pires Maciel da gloriosa
Polícia Militar do Estado do Pará. Acordamos cedo,
antes de o Sol nascer, e às 06h15 (Horário de Brasília),
chegamos ao trapiche onde estava a tripulação e o João
Paulo. Parti às 06h30, ainda às escuras, num ritmo
forte para vencer rapidamente os 50 km que me
separavam de Óbidos. As águas fortes do Paraná do
Cachoeiri emprestaram uma energia adicional ao Rio
Trombetas e, a pouco mais de 12 km do meu destino,
ao alcançar a Foz do Trombetas, foi a vez de as águas
do Rio Amazonas reivindicarem sua autoridade e
mostrarem toda sua pujança. A partir da Foz, o Rebelo
resolveu me acompanhar e picamos a voga até as
proximidades do Porto Hidroviário de Óbidos, onde
aportamos às 11h00 depois de ter remado 04h30.
Óbidos, PA (13.02.2012)
Carnapauxis
Fonte: Secretaria de Cultura de Óbidos
Arraias
245 Lago dos Pauxis: conhecido também como “Laguinho”, na época das
cheias suas águas margeiam a Este a Serra da Escama e a Oeste a
Cidade de Óbidos.
450
Infelizmente, nesse passeio, minha câmera
fotográfica deu pane, as fotos saíam claras demais
independentemente de se usar o modo “automático”,
“manual” ou “personalizado”. Mais uma onerosa baixa
no meu material de expedicionário.
453
O Mar, a Escada e o Homem
(Augusto dos Anjos)
454
Santarém e a Volta à Realidade
O Tenente-Coronel Sérgio Henrique Codelo, Co-
mandante do 8° BEC, nos alojou nas confortáveis insta-
lações da Casa de Hóspedes de Oficiais do Batalhão.
455
Passei pela Praça Frei Ambrósio que permite
uma bela e privilegiada visão da Foz do Tapajós. A
Praça foi construída no local da antiga Fortaleza do
Tapajós que sucumbiu sem jamais ter cumprido sua
missão.
Visita a Belterra
456
Visita a Alter do Chão
457
Escalei, com meu filho João Paulo, o Morro de
Alter do Chão, conhecido como Serra da Piroca. O
acesso até o sopé do Morro é suave e, a partir daí, a
subida se torna bastante íngreme aumentando o grau
de dificuldade à medida que se sobe. No alto do morro,
existe um cruzeiro de ferro em treliça que aí foi
colocado em homenagem à chegada dos colonizadores
a Santarém. A partir das barracas, o percurso pode ser
vencido em pouco mais de 30 minutos. O esforço é
recompensado pela vista magnífica de Alter e do
Tapajós.
458
Antônio Ladislau Monteiro Baena (1839)
459
setenta famílias; suas casas se espalhavam
irregularmente ao longo de ruas largas, sobre um
chão coberto de relva e no sopé de uma elevada
Serra coberta de exuberante mata. (BATES)
O Mar
(Augusto dos Anjos)
465
Velho Tronco
(Almino Affonso)
Aos últimos clarões de um Sol que expira,
Entre as escumas da corrente, à tona,
Um tronco desce... e como que ressona,
E no seu sono, a sonhar, delira! [...]
Frutos pendentes a dourar seus galhos
E as lianas vivendo de sua vida...
A fera, à sombra, a lhe pedir guarida
Vindo sentir-lhe os mágicos retalhos...
466
Treinando para Travessia da Laguna
dos Patos
O Madeira, como os demais amazônicos caudais, possui um
encantamento próprio, suas águas fluem céleres buscando o
Rio-Mar; nas suas margens, ribeirinhos hospitaleiros nos
saúdam alegremente e os menos tímidos nos alcançam de
“voadeira”, convidando-nos para uma breve parada para um
lanche ou mesmo almoço; os monumentos arbóreos,
tombados, são arrastados pela rude correnteza
transformando-se em verdadeiros aríetes contra os cascos
das frágeis embarcações; os pequenos afluentes e Lagos
pululam de vida e, como se tudo isso não fosse suficiente,
ainda tivemos, eu e meu filho João Paulo, o privilégio de
sermos sistematicamente acompanhados pelos amigáveis
golfinhos, que nos encantaram com suas graciosas
evoluções. (Hiram Reis)
Velho Guaíba
467
Infelizmente o Juarez estava envolvido com o
seu patrão Marcelo, demarcando cercas, e adiamos
para o dia seguinte nosso planejado almoço.
Retornamos à Raia depois de algum tempo e me
comprometi de retornar no dia seguinte para almoçar
com o amigo e sua família. Foi um treino bastante
curto, vinte e dois quilômetros, apenas para marcar o
início dos treinamentos.
468
Mais tarde, depois de consultar os demais
Conselheiros do Clube, ele gentilmente me comunicou
que os membros do Conselho foram favoráveis ao meu
pleito. É gratificante verificar como a irmandade de re-
mos e velas se entende; temos, sem dúvida, a mesma
afinidade e respeito pelas águas e à natureza em geral,
conduta muito diferente daqueles que fazem uso das
embarcações a motor. Lembro que, no ano passado,
visitando a paradisíaca Ilha do Chico Manoel, eu obser-
vava encantado os velejadores e familiares desfrutando
do aprazível local e degustando placidamente seu
almoço, até que chegou um grupo de seis pilotos de Jet
Ski. Os mal-educados aceleravam ao máximo seus
motores a poucos metros da Praia provocando, além da
poluição sonora, a poluição química.
469
Consequentemente, o fundo passa a ser composto
pelo sedimento e pelo poluente lançado pelo turbo.
Esse crime ambiental se agrava com as manobras de
“empinamento”, “cavalos-de-pau”, dos pilotos de jet-
ski, os quais fazem com que os jatos incidam
diretamente no fundo, com o revolvimento completo
de seus sedimentos, em especial nas demonstrações
em águas rasas. Por essa razão, onde os jet-skis
andam, as águas ficam “barrentas”. Em concen-
trações de jets, em áreas com profundidade média
de 12 metros, já se comprovou a formação de “áreas
barrentas”.
Aspectos Geográficos
História
475
Pranto Geral dos Índios – Parte II
(Carlos Drummond de Andrade)
Agora dormes
um dormir tão sereno que dormimos
nas pregas de teu sono [...]
476
Travessia da Laguna dos Patos - Uma
Ode ao CMPA
Infelizmente, meu treinamento para a Travessia
da Margem Ocidental da Laguna dos Patos, em
homenagem ao Centenário do Colégio Militar de Porto
Alegre (CMPA), tanto nas Lagunas Litorâneas, como no
“Rio” Guaíba e na represa da Granja do Valente, de
propriedade da família Schiefelbein, em Bagé, foi
bastante prejudicado por diversos problemas alheios à
minha vontade. Eu teria, desta feita, de enfrentar
“inconstância tumultuária” da Laguna dos Patos sem
estar gozando de minha condição física ideal.
Equipe de Apoio
Os Lusíadas ‒ Canto I, 43
(Luís Vaz de Camões)
478
Neste ano, a salinidade vinda do Oceano,
através da Barra de Rio Grande, chegou até São
Lourenço. A falta de chuvas nas cabeceiras dos Rios
que deságuam na Laguna manteve o nível do Mar de
Dentro bastante baixo, permitindo a entrada de água
salgada, própria para o desenvolvimento do camarão,
produzindo uma safra abundante.
479
São Lourenço do Sul
Jacob Rheingantz
480
Na Pátria-mãe, a Dúvida, o Sonho
No Mar, a Vela, a Incerteza, a Dor, a Saudade.
Em São Lourenço do Sul, a Fé,
a Esperança, a Coragem, a Vida.
A Procela
(Fausta Nogueira Pacheco)
Sucumbido pela tempestade,
Entre ondas gigantescas em cega fúria,
Debate-se contra a força atroz dos vento,
O barco frágil nas águas desses mares.
A terrível procela destemida avança,
Arrebentando suas onda no convés.
A tripulação vê o horror se aproximando
E de joelhos prostrada clama aos céus!
481
Os ventos aumentaram significativamente, a
temperatura despencou e uma chuva gelada começou a
cair antes de partirmos. Partimos para a Ponta do
Vitoriano e tivemos de fazer uma parada intermediária,
para nos aquecermos, em um pequeno bosque próximo
a um captador de água (31°16’11” S / 51°38’40” O)
depois de remar quase 10 km.
484
industrial, a Vila. Depois de Santa Rita, fomos até a
Fazenda da Quinta.
Arrozeira Camaquense
485
A Saga da Equipe de Apoio
486
Lá chegando, fomos à exploração. Ao subir no Farol,
nos deparamos com a placa solar, caída e com um
dos fios de alimentação solto. Fizemos o conserto da
melhor forma que nos possibilitou e fixamos
novamente a placa solar.
487
Apenas para ilustrar: nos anos 2004, ele foi com um
veleiro Guanabara e parceiros até o Farol Cristóvão
Pereira, e restaurou sua luz de sinalização, sem ônus
para o Estado nem para a União. Soube, também,
pelo guarda da noite do Clube que, quando ele
estava na Comodoria do clube, ele instalou às suas
expensas uma estação de rádio, e treinou os fun-
cionários para ficarem na escuta 24 h, para apoiar
navegadores ao largo, mas a nova Comodoria deci-
diu retirar o equipamento. O homem é um grande
altruísta; além de outras cavalheirescas virtudes,
brindou-nos com um gostoso vinho naquela noite
fria, em que o Nordeste nos incomodou. No Clube,
nos indicou um local ideal para a barraca, e permitiu-
nos o uso da cozinha do Clube e seu quiosque e
demais dependências, sem custo, um fidalgo
verdadeiro. Estou em dívida com ele e espero poder
retribuir oportunamente.
493
Vermelho e branco
(J. G. de Araújo Jorge)
O sangue vermelho
Do homem branco,
Do homem preto,
Do homem amarelo,
O sangue é vermelho,
São um sangue só.
O leite branco
Da mulher branca,
Da mulher preta,
Da mulher amarela,
O leite é branco,
São um leite só.
494
Imagem 42 – Ponta da Feitoria – Pelotas – RS
495
Imagem 44 – Fazenda do Sobrado – São Lourenço – RS
496
Imagem 46 – Boqueirão – São Lourenço – RS
497
Imagem 48 – Ponta da Formiga – Barra do Ribeiro – RS
498
Bibliografia
A. FONSECA, J. A propósito do Tratado de Limites a Norte do
Brasil: Cartas Secretas de Sebastião José de Carvalho e
Melo, 1752-1756 – Portugal – Lisboa – Editora Mare Liberum,
1995.
499
BARBOSA, Ruy & outros. Railway Company ‒ Consulta e
Pareceres ‒ Brasil Rio de Janeiro ‒ Tipografia do Jornal do
Comércio, 1913.
500
CÂMARA, Antônio Alves da. Ensaio Sobre as Construções
Navais Indígenas do Brasil (1937) – Brasil – São Paulo –
Editora Brasiliana, 1937.
504
KELLER, Franz. The Amazon and Madeira Rivers – EUA –
Philadelphia – J. B. Lippincott and C°., 1875.
505
MEDINA, Sinval. Tratado da Altura das Estrelas – Brasil – Porto
Alegre – EDIPUCRS, 1997.
506
PIGAFETTA, Antônio. A Primeira Viagem ao Redor do Mundo: o
Diário da Expedição de Fernão de Magalhães – Brasil – São
Paulo – Editora L&PM História, 1985.
507
SAINT-ADOLPHE, J. C. R. Milliet de. Dicionário Geográfico,
Histórico e Descritivo, do Império do Brasil – França – Paris –
Tipografia de Fain e Thunot, 1845.
SPIX & MARTIUS, Johann Baptist Von Spix e Carl Friedrich Philipp
Von Martius. Viagem pelo Brasil (1817 ‒ 1820) ‒ Brasil ‒ São
Paulo ‒ Editora Melhoramentos, 1968.
508
TOCANTINS, Leandro. Formação Histórica do Acre – Brasil –
Brasília – Senado Federal, 2001.
509
Pesquisamos encantados as
origens de um passado heroico
da construção desta ferrovia em
que empresários arrojados se
lançaram a um empreendimento
épico arrostando a selva hostil,
as doenças tropicais e as dificul-
dades logísticas de toda ordem.
Entrevistamos, em nosso trajeto,
algumas personalidades citadinas
conhecidas e anônimos
ribeirinhos cujas histórias de vida
reportamos com muito carinho e
consideração. Observamos com
interesse e curiosidade o
trabalho árduo dos garimpeiros,
descobrimos, amargurados, a
exploração irregular dos recursos
naturais e nos alegramos,
contrapartida, conhecendo
projetos onde as ações públicas
e privadas se preocupavam com
a exploração sustentável dos
recursos naturais.
Recorremos a autores pretéritos
para reportar a história da Bacia
do Madeira, prenhes de
obstinação e coragem que
permitiram aos nossos irmãos
luso-brasileiros estender com
desassombrada obstinação
nossas fronteiras para muito
além de antigos Tratados luso-
castelhanos. Madrugando no
passado, acompanhamos as
páginas heroicas que nossos
empreendedores e destemidos
irmãos luso-brasileiros
demarcaram com coragem as
fronteiras do nosso Extremo
Oeste, e acompanhamos sua luta
pela manutenção do território
materializada pela construção de
Fortins, Fortalezas.
(Hiram Reis e Silva)
511
512