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PALAVRAS 12

Teste 12.º ano


maio 2019

Proposta de correção
Grupo I
EDUCAÇÃO LITERÁRIA

A
1. Este excerto dá conta da deambulação de Ricardo Reis por Lisboa.
Na verdade, solitário e sem planos definidos, vai observando e apreendendo a
realidade da cidade e do país, depois de ter estado ausente durante dezasseis anos. Neste
excerto, os espaços visitados são as ruas e as praças onde se encontram as estátuas das
principais figuras da história literária portuguesa: Eça de Queirós e Luís de Camões.
Enquanto vagueia sem destino preciso, é como se se encontrasse perdido no labirinto
“que o conduzisse sempre ao mesmo lugar”.
Em conclusão, Reis faz uma espécie de reconhecimento lento da cidade e do país.

2. Reis parece ir ao encontro de duas figuras literárias fundamentais: Eça e Camões.


Efetivamente, o narrador admite que “É instrutivo o passeio, ainda agora
contemplamos o Eça e já podemos observar o Camões”. A referência a Eça de Queirós,
neste romance, parece sugerir que a memória do romancista está muito viva e presente e
que os caminhos do romance português passam sempre pela ficção queirosiana. Do
mesmo modo, a estátua de Camões é um marco norteador dentro da cidade e dentro da
cultura portuguesa. Para Ricardo Reis, o Largo de Camões é o lugar da poesia camoniana
e Camões é uma presença obrigatória em qualquer viagem pela literatura portuguesa. O
narrador considera fundamentais os escritores e a língua escolhe-os, “serve-se deles para
que exprimam uma parte pequena do que é”.
Em suma, estas duas figuras das letras portuguesas assumem uma importância
simbólica, na medida em que permitem uma reflexão critica sobre o ambiente social e
cultural da época.

3. No excerto, é evidente a deturpação da citação que acompanha a estátua de Eça de


Queirós.
Assim, no largo do Barão de Quintela, o narrador cita a epígrafe da Relíquia, inscrita
sob a estátua:” Sobre a nudez forte da verdade o manto diáfano da fantasia”. Numa
perspetiva crítica e de denúncia da corrupção social, o narrador apresenta ironicamente
uma nova leitura: “Sobre a nudez forte da fantasia o manto diáfano da verdade”, como se
a luz impedisse a visão nítida dos objetos.
Concluindo, o narrador subverte a citação de um dos marcos literários portugueses
com um intuito crítico.

4. Ricardo Reis regressa a Lisboa após dezasseis anos de ausência no Brasil.

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Assim, sente-se desnorteado nesta cidade, que não reconhece, e impotente para
reverter esta situação. Esta sua desorientação provoca-lhe ansiedade e só os marcos
literários são capazes de lhe dar um rumo.
Em conclusão, Reis é atacado por um sentimento negativo, que só minimiza através
das referências culturais.

B
5. O pregador, no início do texto, dirige-se aos voadores para lhes dar conta da
sua admiração face ao comportamento que eles assumem.
De facto, incomodado e triste com o que presencia, manifesta o seu profundo
espanto (que as diversas interrogações retóricas intensificam) e indignação pelo
comportamento ambicioso dos voadores que, não contentes com a sua condição
de peixes, como possuem grandes barbatanas, se aventuram num elemento que
não lhes é próprio, o ar. Esta ambição desmedida leva-os a terem um
comportamento desajustado (“não queirais voar”) e a não terem consciência dos
seus limites, como se comprova em “olhai para as vossas espinhas, e para as
vossas escamas, e conhecereis que não sois ave”, o que suscita no pregador um
certo desprezo por estes peixes (“entre os peixes não dos melhores”).
Em conclusão, o pregador critica, de forma veemente, os voadores pelo seu
comportamento despropositado e imprudente.

6. O peixe voador é vítima do seu comportamento, transgredindo os limites


impostos pela sua natureza.
Efetivamente, a inconsciência e a presunção do peixe voador fazem-no correr
riscos inúteis e graves, pois, para além de poder ser vítima dos perigos do mar, é
vítima das velas e das cordas dos navios, perigos do ar (“o Voador toca na vela
ou na corda, e cai palpitando”). Assim, encontra frequentemente a morte (“Aos
outros peixes mata-os a fome e engana-os a isca, ao Voador mata-o a vaidade de
voar, e a sua isca é o vento.”) por causa da sua “vaidade de voar”.
Em suma, o voador é um peixe, mas quer ir além das suas capacidades, e, por
isso, enfrenta mais e maiores perigos que os outros peixes.

C
7. INTRODUÇÃO
A crítica social é um dos temas intemporais, que a literatura portuguesa tão
bem retrata.
DESENVOLVIMENTO
Tópicos e exemplos sugeridos
 Farsa de Inês Pereira, Gil Vicente
 dissolução de costumes morais;
 hipocrisia e dissimulação; …
 Os Lusíadas, Luís de Camões

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 reflexões do poeta
o o poder corruptor do dinheiro;
o condição para atingir a Fama; …
 “Sermão de Santo António (aos Peixes)”, P. António Vieira
 comportamentos corruptos e condenáveis
o ambição (Voador);
o traição (Polvo); …
 Os Maias, Eça de Queirós
 o novo-rico provinciano (Dâmaso Salcede);
 a mulher fútil e adúltera (Raquel Cohen);
 o jornalismo corrupto (Palma Cavalão); …
 “O Sentimento dum Ocidental”, Cesário Verde
 trabalho duro das classes trabalhadoras vs. ócio das classes
dominantes;
 cidade: espaço opressivo; …
CONCLUSÃO
Concluindo, a crítica expressa sob a forma de ficção reflete os aspetos
negativos de uma determinada época.

Grupo II
LEITURA / GRAMÁTICA

Item Versão 1

1. (B)
2. (B)
3. (D)
4 (B)
5 (D)
a) “Isabela Figueiredo”
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b) “ estrutura orgânica”
A escrita mole, autocomplacente, cheia de sentimentos nobres e
mensagens piedosas é de tal modo falha e mesmo contrária à vida –
oração subordinante.
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que nada mais merece do que um bocejo – oração subordinada adverbial
consecutiva.

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Grupo III

ESCRITA
 Estruturação temática e discursiva (ETD)
 Correção linguística (CL)

Tópicos sugeridos:
 O mar proporciona a Portugal incertezas, perigos e morte
 todas as dificuldades enfrentadas por aqueles que fazem do mar o seu
local de trabalho;
 a morte a que estão sujeitos os pescadores (ex: os mariscadores na Costa
da Morte - Galiza);
 as descobertas e a morte;
 …
 O mar proporciona a Portugal múltiplas vantagens
 turismo;
 riqueza marítima (diversidade de peixes, …);
 porta de entrada na Europa;
 …

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