Sequioso de paz e de sossego Para as santas doutrinas explicar-lhes, Busca Jesus os lúcidos retiros De Cesareia de Filipe. O tempo Corre veloz, e o prazo necessário De seus dias na terra se restringe. Uma tarde, ao sol posto, refletindo Sobre a cegueira e a perversão dos homens, Volta-se aos companheiros e interroga: - O que se diz de mim por essas vilas E por essas cidades? O que pensa E fala o pobre povo a meu respeito? O que julgam aqueles que me cercam, E pedem meu auxílio, e atentos ouvem Da Nova Lei as máximas fecundas? – - Dizem uns que és Elias, lhe respondem. Outros que és o Batista, outros ainda Que és Jeremias, mas ninguém duvida Que tu sejas do Eterno um mensageiro. - E tu, quem dizes que sou eu? – pergunta A Pedro o Galileu – Tu és o Cristo, O Filho de Deus vivos, - lhe responde O velho pescador no mesmo instante. - Oh! Bem-aventurado és tu, pois creste Não no que o sangue revelou e a carne, Senão meu Pai que está no céu, - exclama Comovido Jesus; - e pois, te digo Que tu és Pedro e que serás a pedra Sobre a qual fundarei a minha Igreja, E nunca poderão do inferno as portas Prevalecer contra ela! – Ouve, não tremas. Do eterno Reino te darei as chaves, E tudo o que ligares sobre a terra Será no céu ligado, e tudo aquilo Que sobre a terra desligado houveres, Desligado será no céu. – Por ora Cumpre sobre o que ouvis guardar silêncio: Os dias do martírio se aproximam, Vai rebentar o temporal da ira Sobre o Filho do Homem! Perseguido, Preso, julgado, condenado à morte, Aos verdugos entregue, o extremo alento Soltará nas angústias do suplício! Mas, ao terceiro dia triunfante, Quebrando a dura lousa do sepulcro, Ressurgirá dos mortos. Necessário É que a vontade eterna se execute.