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I e II

MACABEUS
CATEQUESE 18
TENDA 2 – SANTO ANTÔNIO
"Vendo as abominações praticadas em Judá e em Jerusalém, exclamou:

“Ai de mim!

Por que nasci eu, para ver a ruína do meu povo e da cidade santa,

e ficar sem fazer nada, enquanto ela é entregue ao poder de seus inimigos

e seu santuário abandonado aos estrangeiros?

Seu templo tornou-se como um homem desonrado

e os vasos sagrados, que eram o motivo de seu orgulho,

levados como para um cativeiro;

seus filhos foram trucidados nas ruas

e seus jovens sucumbiram ao gládio do inimigo.

Que povo há que não tenha herdado de seus atributos reais,

que não se tenha apoderado dos seus despojos?

Toda a sua glória desapareceu e, de livre que era, tornou-se escrava.

Eis que tudo o que tínhamos de sagrado, de belo, de glorioso,

foi assolado e profanado pelas nações.

1 Macabeus – 2, 6-13 Por que viver ainda?”."


• O título dos livros se deriva do
apelido de “Macabeu” (martelo)
dado a Judas, filho mais
conhecido de Matatias.
• Os livros descrevem as lutas de
Matatias e seus filhos contra os
reis da Síria e os judeus que se
aliaram aos reis. O objetivo da
luta era a libertação religiosa e
política, buscando conservar a
identidade religiosa e cultural
do povo judaico.
I MACABEUS
• O primeiro livro dos Macabeus, após breve relato da difícil situação, apresenta os acontecimentos sob a
liderança dos três filhos de Matatias: Judas, Jônatas e Simão Macabeu. Traz a história de luta e esperança em
busca de liberdade e reconquista da terra, a exemplo de Josué. As lutas e revoltas têm caráter libertador contra
os gregos, apoiados por parte da elite judaica.
• É uma teologia da história a partir da resistência da família de Matatias. Mostra como o rei Antíoco Epífanes
quis implantar, a todo custo e com muita violência, o paganismo em Israel, forçando o povo de Deus a viver
segundo os costumes pagãos da cultura grega.
• O autor identifica religião e patriotismo e descreve a luta como uma verdadeira “guerra santa” abençoada por
Deus, que não abandona os que lutam pela Sua fidelidade e às Suas leis.
• A leitura de 1Mc talvez pareça um tanto árida, porque o autor se detém longamente nos acontecimentos de
guerra e nas intrigas políticas.
• Descreve os acontecimentos que se dão no período de 175 a 134 a.C.
• O livro pode ser dividido conforme a atuação das principais personagens.
Primeira parte - Matatias
Os dominadores e a revolta de Matatias.
O livro inicia mostrando a passagem do domínio persa subjugado pelos gregos. Antíoco Epífanes,
rebento ímpio, age de forma opressiva e impõe à força os costumes gregos aos judeus, saqueando o
templo, apoderando-se de objetos de valor, matando quem resistia às sua ordens.
Os que sobraram do furor dos pagãos se refugiaram em lugares solitários e lá mantinham, na medida em
que lhes era possível, a prática da verdadeira religião. Mas sua situação tornava-se cada vez mais difícil.
“Foi nessa época que se levantou Matatias, filho de João, filho de Simão, sacerdote da família de Joarib,
que veio de Jerusalém se estabelecer em Modin” (I Mac 2, 1)
Emissários de Antíoco chegaram a Modin para obrigar seus habitantes a sacrificar ao ídolo. Visavam
especialmente a apostasia de Matatias pois, sendo ele um homem influente e respeitado, serviria de
exemplo aos seus compatriotas de como se devia abandonar a Lei sem escrúpulos nem pesar.
No dia marcado para o sacrifício, Matatias compareceu ao local para ver como se desenrolariam os
fatos. Ao ser intimado pelos emissários a cumprir a ordem real, ele se recusou rotundamente, declarando
que não se desviaria da verdadeira Religião “nem para a direita, nem para a esquerda” (I Mac 2, 22),
junto com toda a sua família.
Contudo, mal ele acabara de pronunciar tais palavras, um judeu adiantou-se para sacrificar ao ídolo
diante de toda a assembleia. Assim que Matatias o viu, “sentiu estremecerem-se suas entranhas. Num
ímpeto de justa cólera arrojou-se e matou o homem sobre o altar” (I Mac 2, 24). Tirou também a
vida do oficial do rei incumbido de obrigá-los à apostasia, conclamando para junto de si os que
queriam resistir, por amor a Deus, até o fim.
O principal motivo da resistência foi a profanação do templo e da cidade de Jerusalém.
Ele não vinha para perder, mas para vencer. Com efeito, é na hora da dificuldade que aparecem, com
todo o ímpeto do amor, os verdadeiros filhos de Deus.
No entanto, muitos dos judeus que estavam refugiados no deserto foram alcançados pelos sírios e
massacrados sem nenhuma resistência, deixando-se matar, pois era dia de sábado e não queriam
romper o repouso prescrito pela Lei.
Quando soube disso, Matatias decidiu não agir como eles, mesmo se fosse atacado num sábado; do
contrário, ninguém sobreviveria às investidas dos pagãos. Reuniu um exército e começou a percorrer
o país exterminando os judeus prevaricadores, destruindo os altares dos ídolos e perseguindo os
inimigos ( I Mac 2, 44-47).
Alguns simpatizantes juntam-se à família de Matatias. Antes de morrer, Matatias incentiva seus
filhos a permanecerem firmes em suas convicções judaicas.
Segunda parte – Judas Macabeu – o martelo de Deus
A maior parte do livro está concentrada a descrever a atuação de Judas, apelidado
macabeu, filho de Matatias e grande líder militar.
Depois dos elogios de sua valentia, o autor de screve os vários relatos de guerra,
com várias vitórias e com a derrota que o levou à morte.
Depois de inumeráveis lutas e dificuldades, os Macabeus conseguiram, por fim,
quebrar o domínio dos pagãos em seu território. A religião do verdadeiro Deus
voltou a ser praticada, com muito mais fervor do que antes, e “a terra de Judá esteve
tranquila durante algum tempo” (I Mac 7, 50).
Durante sua atuação, Judas consegue purificar o templo e conquistar a liberdade
para os judeus.
Esse talvez tenha sido o maior êxito militar de Judas.
Ele se tornou o herói da Cavalaria Medieval.
Sob a inspiração de Judas Macabeus, e seus irmãos, séculos depois, muitos
guerreiros entregavam-se às batalhas com abandono e temeridade, confiando
no apoio do Senhor, sem recear a morte que se aproximava.
Existem no tema dos Macabeus dois aspectos estreitamente ligados: o do
guerreiro pronto sofrer o martírio para servir à causa de Deus; e a ideia segundo
a qual para obter a vitória, era preciso entregar-se inteiramente a Deus e não
contar apenas com suas próprias forças. Um pequeno número pode bater
grandes exércitos se tiver confiança em Deus. Judas Macabeu tornou-se assim
o modelo do cruzado e da nova cavalaria das ordens militares.
“A vitória no combate não se deve à importância do exército, mas à força que
vem do Céu”. (1Mc 3, 18-19)
Morreu como herói e mártir, dando sua vida para o triunfo da fé no Deus único.
Terceira parte – Jônatas Macabeu
Entretanto, após a morte de Judas “os perversos reapareceram em todas as fronteiras de Israel e todos
os que praticavam o mal deram-se a conhecer” (I Mac 9, 23). Os judeus renegados prosseguiram
suas maquinações (cf. I Mac 9, 58; 10, 61; 11, 25), e a perspectiva de uma nova apostasia do povo
eleito se vislumbrava com clareza no horizonte.
Jônatas Macabeu, foi sucessor de seu irmão, Judas.
Jônatas revelou-se hábil e tirou proveito dos conflitos internos dos selêucidas, conseguindo
autonomia e liberdade do povo.
Diante dos problemas enfrentados pelos judeus, principalmente a fome que se alastrava pelo país,
muitos judeus aderiram aos helenistas.
Os partidários de Judas uniram-se a Jônatas e fugiram para o deserto. Voltando para Jerusalém,
reconstruíram e restauraram a cidade.
Jônatas é nomeado sumo sacerdote do seu povo e, mais tarde, governador de alguns distritos. Depois
disso, deixa de lutar contra as nações e se preocupa em fazer alianças, para buscar apoio para seu
projeto pessoal.
Após um período de alianças e calmarias, Jônatas foi morto junto com seus companheiros, por
acreditar num plano sedutor, mentiroso e enganador.
Quarta parte
Depois da morte de Jônatas, seu irmão, Simão, assume o comando da luta e consegue
conquistar a independência política da Judeia.
Simão, último dos irmãos Macabeus, acompanhou a luta dos Macabeus desde o início e
torna-se comandante, sumo sacerdote e governador.
Numa placa de bronze, o povo o proclama oficialmente chefe da nação, sumo sacerdote e
líder militar. Depois de bom tempo que os inimigos ocuparam a fortaleza de Jerusalém,
Simão consegue expulsá-los e purifica o templo novamente.
Assim Israel ficou livre do jugo de outras nações.
Simão foi morto de forma traiçoeira durante um banquete, juntamente com dois de seus
filhos, Matatias e Judas. O outro filho de Simão, João Hircano, avisado em tempo, consegue
evitar o atentado contra ele, com isso assume o poder no lugar de seu pai. O período de
Simão foi visto pelo autor como período de paz e bem-estar para o povo da Judeia.
II MACABEUS
• O 2º livro dos Macabeus não é continuação do primeiro mas, uma narrativa paralela. Ele é a
síntese de uma obra de 5 volumes, escrita por Jasão de Cirene, de quem nada se sabe, nem da sua
obra. A intenção de Jasão era encorajar os judeus a resistirem contra a imposição do
helenismo.

• O autor do 1º livro tinha uma visão mais política e escreveu a história para familiarizar os leitores
com os eventos da época.

• Já o autor do 2º livro tem um enfoque mais religioso, embora os dois não se separem. Ele escreve
a história com vista à instrução e edificação. Para ele a história é um pano de fundo para a
apresentação dos costumes e das crenças religiosas do judaísmo daquela época.

• Fala da importância do Templo, das festas, da oração, da providência divina, da misericórdia com
o pecador, da crença em outra vida após a morte e da ressurreição dos corpos.
• O autor faz a releitura por dentro do movimento revolucionário, cuja eficácia está na força de Deus presente
na ação do povo.

• Nesta visão de fé, nem mesmo a morte se apresenta como derrota. Pelo contrário, o testemunho dos mártires
mostra que não há limites para a luta.

• Um dos objetivos do autor é exortar o povo a fidelidade à Lei, mostrando-lhes que Deus ainda está consciente
de sua aliança, e que Ele não os abandonará.

• O autor conta uma história para mostrar que a luta em defesa do povo se fundamenta na fé, que confia no
auxílio divino. Assim a resistência contra o inimigo implica fé e ação, rezar com o coração e lutar com as
mãos.

• É nesse livro que a Igreja se baseia para dar sentido às orações pelos mortos. (Mc 7, 9-29; 12, 39-45)

• É clara no livro a crença da imortalidade da alma.

• O livro pode ser dividido em quatro partes.


Primeira: As cartas e as causas da revolta

O livro inicia com duas cartas dos judeus de Jerusalém para os judeus da diáspora,
que moram em Alexandria (Egito). As duas cartas têm o objetivo de convidar a
comunidade da diáspora a celebrar a Festa das Tendas, ou seja, a Festa da Dedicação
do templo, também chamada Hanucá, promovida por Judas Macabeu.
O episódio de Heliodoro, que quer se apoderar das riquezas do templo, é um alerta
aos profanadores do santuário, onde existe uma força divina que ninguém pode
controlar. O que mora no céu “fere e mata quem se aproxima do templo com más
intenções”. O relato lendário procura mostrar a proteção divina sobre o santuário.
Segunda: Fidelidade e martírio
Os acontecimentos narrados nesses capítulos deram-se durante a atuação do rei Antíoco
Epífanes (175-163 AC), um dos mais duros e arbitrários generais selêucidas contra os judeus.
Esta parte trata da festa instituída para comemorar a purificação do templo profanado e
proteger da violência quem não quer abandonar a lei mosaica. Temos a entrada em cena da
ação de Judas Macabeu, personagem central do livro. O autor não menciona o pai nem os
irmãos de Judas. Sua intenção é apresentar Judas como instrumento divino para defesa do
povo e para a purificação do templo.
Antíoco Epífanes impõe forte opressão contra os judeus, obrigando-os a abandonar as “leis
dos antepassados” e as “leis de Deus”. A seguir profana o templo de Jerusalém, ao dedicá-lo a
outras divindades. Diante da resistência de muitos judeus a essas imposições, começa uma
perseguição ferrenha. O drama que se abateu sobre os judeus chega ao auge nos relatos dos
mártires: torturados, queimados vivos, mortos. O caso mais conhecido é o da mãe com seus
sete filhos. Aparece pela primeira vez e com clareza a crença na ressurreição, que sustenta a
resistência.
Os sete irmãos e sua mãe (2Mc 7, 1-42)
"2.Um dentre eles tomou a palavra e falou assim em nome de todos: “Que nos pretendes perguntar e
saber de nós? Estamos prontos a morrer, antes de violar as leis de nossos pais”."
"3.O rei, fora de si, ordenou que aquecessem até a brasa assadeiras e caldeirões. 4.Logo que ficaram em
brasa ordenou que cortassem a língua do que falara por todos e, depois, que lhe arrancassem a pele da
cabeça e lhe cortassem também as extremidades, tudo isso à vista de seus irmãos e de sua mãe. 5.Em
seguida, mandou conduzi-lo ao fogo inerte e mal respirando, para assá-lo. Enquanto o vapor da assadeira
se espalhava em profusão, os outros, com sua mãe, exortavam-se mutua­mente a morrer com coragem."
"6.“O Senhor nos vê – diziam – e certamente terá compaixão de nós, como o diz claramente Moisés no
seu cântico de admoestações: Ele terá compaixão de seus servos.” 7.Desse modo, morto o primeiro,
conduziram o segundo ao suplício. Arrancaram-lhe a pele da cabeça com os cabelos e perguntaram-lhe:
“Comerás carne de porco, ou preferes que teu corpo seja torturado membro por membro?”. 8.Ele
respondeu: “Não” – no idioma de seu país. Por isso, padeceu os mesmos tormentos do primeiro.
9.Estando prestes a dar o último suspiro, disse: “Maldito, tu nos arrebatas a vida presente, mas o Rei do
universo nos ressuscitará para uma vida eterna, pois morremos por fidelidade às suas leis”. 10.Após este,
torturaram o terceiro. Reclamada a língua, ele a apresentou logo, e estendeu as mãos corajosamente.
11.Declarou com nobreza: “Do céu recebi estes membros, mas eu os desprezo por amor às suas leis,
e dele espero recebê-los um dia de novo”. 12.O próprio rei e os que o acompanhavam ficaram
admirados com o heroísmo desse jovem, que reputava por nada os sofrimentos.“ "16.Encarando o
rei, lhe disse: “Ainda que mortal, tens poder sobre os homens, e fazes o que queres. Não penses,
todavia, que nosso povo esteja abandonado por Deus! 17.Espera, verás quão grande é a sua
potência e como ele te castigará a ti e à tua raça”. "19.Mas não creias tu que ficarás impune, após
haveres ousado combater contra Deus”. 20.Particularmente admirável e digna de elogios foi a mãe
que viu perecer seus sete filhos no espaço de um só dia e o su­portou com heroísmo, porque sua
esperança repousava no Senhor. 21.Ela exortava a cada um no seu idioma materno e, cheia de nobres
sentimentos, com uma coragem varonil, realçava seu temperamento de mulher. 22.“Ignoro – dizia-
lhes ela – como crescestes em meu seio, porque não fui eu que vos dei o espírito e a vida, não fui eu
que ajuntei os vossos membros. 23.Mas o Criador do mundo, que formou o homem na sua origem e
deu existência a todas as coisas, vos restituirá, em sua misericórdia, tanto o espírito como a vida, se
agora fizerdes pouco caso de vós mesmos por amor às suas leis.”
24.Receando, todavia, o desprezo e temendo o insulto, Antíoco solicitou em termos insistentes o mais
jovem, que ainda restava, prometendo-lhe com juramento torná-lo rico e feliz, se abandonasse as
tradições de seus antepassados, tratá-lo como amigo e confiar-lhe cargos." "25.Como o jovem não lhe
prestava nenhuma atenção, o rei mandou que a mãe se aproximasse e o exortasse com seus conselhos,
para que o adolescente salvasse sua vida. 26.Como ele insistiu por muito tempo, ela consentiu em
persuadir o filho. 27.Inclinou-se sobre ele e, zombando do cruel tirano, disse-lhe na língua materna:
“Meu filho, compadece-te de tua mãe, que te trouxe nove meses no seio, que te amamentou durante
três anos, que te nutriu, te conduziu e te educou até esta idade. 28.Eu te suplico, meu filho, contempla
o céu e a terra. Reflete bem: tudo o que vês, Deus criou do nada, assim como todos os homens.
29.Não temas, pois, este algoz, mas sê digno de teus irmãos e aceita a morte, para que no dia da
misericórdia eu te encontre no meio deles”. 30.Logo que ela acabou de falar, o jovem disse: “Que
estais a esperar? Não atenderei às ordens do rei. Obedeço àquele que deu a Lei a nossos pais, por
intermédio de Moisés. 31.Mas tu, que és o inventor dessa perseguição contra os judeus, não escaparás
à mão de Deus. 32.Quanto a nós é por causa de nossos pecados que sofremos 33.e se, para nos punir e
corrigir, o Deus vivo e Senhor nosso se irou por pouco tempo contra nós, ele há de se reconciliar de
novo com seus servos. 34.Ímpio, não te exaltes sem razão, embalando-te em vãs esperanças, enquanto
levantas a mão sobre os servos do céu. 35.Tu ainda não escapaste ao julgamento do Deus Todo-
poderoso que tudo vê!
36.Enquanto meus irmãos participam agora da vida eterna, em
virtude do sinal da Aliança, após terem padecido um instante,
tu sofrerás o justo castigo de teu orgulho, pelo julgamento de
Deus.

37.A exemplo de meus irmãos, entrego meu corpo e minha


vida pelas leis de nossos pais, e suplico a Deus que ele não se
demore em apiedar-se de seu povo. Oxalá tu, em meio aos
sofrimentos e provações, reconheças nele o Deus único.
38.Enfim, que se detenha em mim e em meus irmãos a cólera
do Todo-poderoso, que se desencadeou sobre toda a nossa
raça”. 39.Abrasado de ira e enraivecido pela zombaria, o rei
maltratou este com maior crueldade do que os outros.
40.Morreu, pois, o jovem purificado de toda mancha e
completamente entregue ao Senhor. 41.Seguindo as pegadas
de todos os seus filhos, a mãe pereceu por último.
42.Terminamos aqui nossa narração concernente aos
Terceira: A vitória do judaísmo
O assunto principal é a guerrilha de Judas Macabeu, que consegue reverter a situação: até
aqui o povo fiel a Deus é perseguido; agora vem a resistência e o líder (Judas) consegue
diversas vitórias, reconhecendo o auxílio de Deus na vitória sobre o opressor. Com a vitória,
o povo judeu celebra a Festa da Dedicação (Hanucá) e retoma o culto a Javé no templo.
Enquanto Antíoco Epifanes morre abandonado nas montanhas, o povo celebra com festa a
vitória. Com a morte de Antíoco Epífanes, assume o comando seu filho, Antíoco Eupátor. A
parte termina com a oração e o sacrifício pelos mortos, reconhecendo que a oração pelos
mortos só tem sentido se se acredita na ressurreição.
II Mc 13, 12.Rezaram todos juntos e invocaram o Senhor misericordioso, entre lágrimas,
jejuns, prostrados três dias consecutivos. Judas exortou-os e disse-lhes que estivessem
preparados.“ "17. Despontava o dia, quando cessou este ataque, graças à proteção de Deus."
Quarta: Vitória do povo
A última parte do livro traz a coragem e a força de quem luta em favor da causa do povo. A tentativa
de derrotar Judas Macabeu e seus homens em dia de sábado não teve sucesso. Nicanor foi derrotado
e partes de seu corpo foram expostas em frente ao templo. Com isso, a cidade de Jerusalém foi
libertada e passou a ser governada pelos hebreus.
IIMc 15, 11-16 "Narrou-lhes ainda uma visão digna de fé, uma espécie de visão que os cumulou de
alegria. Eis o que tinha visto: Onias, que foi sumo sacerdote, homem nobre e bom, modesto em seu
aspecto, de caráter ameno, distinto em sua linguagem e exercitado desde menino na prática de todas
as virtudes, com as mãos levantadas, orava por todo o povo judeu. Em seguida, apareceu do mesmo
modo um homem com os cabelos todos brancos, de aparência muito venerável e nimbado por uma
admirável e magnífica majestade. Então, tomando a palavra, disse-lhe Onias: “Eis o amigo de seus
irmãos, aquele que reza muito pelo povo e pela cidade santa, Jeremias, o profeta de Deus”. E
Jeremias, estendendo a mão, entregou a Judas uma espada de ouro, dizendo estas palavras ao
entregá-la: “Toma esta santa espada que Deus te concede e com a qual esmagarás os inimigos”."
Diante disso, podemos pensar que a luta dos Macabeus foi nobre e heroica, mas inútil. Eles não
extirparam a verdadeira raiz de iniquidade: os falsos praticantes da verdadeira religião.
Valeu a pena tanta fidelidade a uma Lei que já estava esquecida na sua nação? Valeu a pena tal
lealdade a um Deus que, havia muito, fora abandonado por grande parte do povo? Não teria
sido melhor que Matatias e seus descendentes houvessem adotado uma política mais
conciliadora, cedendo parcialmente às exigências do inimigo em vez de tratá-lo com tanta
intransigência?
Diz o poeta Fernando Pessoa que “tudo vale a pena, se a alma não é pequena”!
Quando Deus e sua Lei estão em jogo, todos os sacrifícios, todo devotamento e toda constância
se tornam dever de justiça. Como supremo Rei e Senhor, Ele tem direito a ser louvado e
obedecido, ainda que isso nos custe o sangue do corpo e do espírito.
Por terem sido um exemplo de fidelidade a Deus em meio ao absurdo e à desilusão, os
Macabeus mereceram brilhar no firmamento da Igreja e da História. Proclamam por todos os
séculos que só n’Ele se encontra a verdadeira vitória. Por isso, hoje são e sempre serão dignos
de nossa admiração! 
Jesus disse: “Quem der testemunho de mim diante dos
homens, também eu darei testemunho dele diante de
meu Pai que está nos Céus. Aquele, porém, que me
negar diante dos homens, também eu o negarei diante de
meu Pai que está nos Céus” (Mt 10,32-33). Negar a Lei
de Deus e da Igreja, deixar de lutar contra a sua
abolição, é negar Jesus Cristo.
É necessário que hoje surjam novos “Macabeus”; não
para defender a Lei de Deus e da Igreja com as armas do
passado, mas com as de hoje, as da democracia: nas
ruas, nos parlamentos, nas escolas, nas rádios, nos
jornais, nas TVs, nas revistas, nas catequese, nas igrejas,
nos grupos de oração, nas famílias, em toda parte.
“Mutatis mutandis” (mudando o que deve ser mudado),
a batalha é a mesma; Deus é o mesmo; suas Leis
sagradas dadas por Cristo à Igreja são as mesmas, e não
podem ser abolidas. Que ninguém se omita; é Deus
quem nos dará a vitória, Ele não perde batalhas quando
os seus servos não desistem de lutar e não se omitem na
hora da luta, diante dos infiéis.
A batalha já começou há tempos; se não quisermos ver
nossos filhos e netos afogados em práticas pagãs,
enfrentemos esse combate.

Professor Felipe Aquino

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