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OSTENSIVO GUIA DE ESTUDO

CAPÍTULO 7

EDITORES DE TEXTO

7.1 - INTRODUÇÃO

A grande maioria das configurações em sistemas GNU/Linux são feitas editando


diretamente arquivos de configuração em modo texto. Para facilitar essa tarefa, é
preciso conhecer alguns editores de texto, dentre eles: “vi”, “vim”, “nano”, “pico”,
“mcedit”, “ed”, e “emacs” dentre outros:

• vi - Sem dúvida nenhuma o editor mais famoso de todos os tempos, presente em


quase todas as distribuições;
• vim - Uma versão melhorada do “vi”, “Vim” significa “VImproved” e traz diversas
facilidades sem perder os conceitos originais do “vi”;
• nano - Editor padrão de muitas distribuições como Debian , CentOS esse editor é
diferente do “vim” e é muito fácil de ser usado;
• pico - Muito parecido com o “nano”, este está presente nas distribuições
Slackware e Gentoo;
• mcedit - Editor muito fácil e completo. Seu grande diferencial é a possibilidade da
utilização do mouse, mesmo no ambiente textual;
• ed - O editor de textos mais simples no mundo Unix, o “ed” é um editor de linha
para terminais aonde não é possível abrir uma janela de edição;
• emacs - Poderoso editor de "tudo", o “emacs” também é muito conhecido no
mundo GNU/LINUX por fazer muitas coisas diferenciadas de um editor de texto;

7.2 - POR QUE VI?

Escrever e editar textos é uma tarefa rotineira que todo administrador faz
diariamente, seja para configurar algum serviço, codificar um script em Shell,
fazer um relatório ou mesmo escrever comunicados para os usuários.

Administrar sistemas geralmente envolve interagir com vários servidores, e cada


um pode ter uma versão diferente do Linux, ou ainda versões mais antigas e
exóticas de UNIX, como HP-UX, AIX e Solaris. Nessa salada de sistemas, há
somente um editor de textos onipresente, que habita desde as primeiras versões do
UNIX até a versão mais atual do Linux: o VI (lê-se "vi-ai").

De aparência simples, porém extremamente leve e rápido, o VI foi concebido em


uma época de conexões remotas realmente lentas, onde cada caractere digitado
era precioso, pois consumia banda e tempo. Como até hoje conexões remotas
podem ser lentas, o editor poupa o tempo do administrador fazendo muito com
pouquíssimas teclas apertadas.

Devido a sua natureza de cada letra do teclado ser também um comando, ele
não aparenta ser muito amigável no primeiro contato. Mas uma vez assimilados
o seu funcionamento e alguns comandos básicos, ele rapidamente se tornará a
ferramenta indispensável usada no dia-a-dia do administrador.

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Mesmo hoje, em uma época de mouses, botões, menus e janelas, o VI permanece


sendo a escolha da grande maioria dos administradores de sistemas, sendo
também muito usado por programadores, webmasters e redatores.

# /etc/crontab: system-wide crontab

SHELL=/bin/bash
PATH=/sbin:/bin:/usr/sbin:/usr/bin
MAILTO=root
HOME=/

# run-parts
01 * * * * root run-parts /etc/cron.hourly
04 * * * * root run-parts /etc/cron.daily
22 4 * * 0 root run-parts /etc/cron.weekly
42 4 1 * * root run-parts /etc/cron.monthly

"crontab" 12L, 292C


Arquivo /etc/crontab aberto no VI

7.3 - VIM - O VI MELHORADO

A versão do VI mais comum encontrada em máquinas Linux atuais é chamada


de VIM ("Vi IMproved"), que é uma versão melhorada e com várias características
adicionais que o deixaram ainda mais poderoso. Na linha de comando, o VIM é
chamado pelo comando "vi".
As principais características que diferem o VIM do VI original são:

 Cores, sintaxe e indentação para programação e arquivos de


configuração, com suporte a inúmeras linguagens e tipos de arquivos (C,
bash, HTML, Python, arquivos de configuração dos mais diversos projetos,
etc)
 Suporte a teclas não aceitas no VI original (como as setas, Del, Home,
PageUp, etc)
 Arquivo de configuração bastante flexível e completo
 Sistema de ajuda completo e com exemplos
 Possibilidade de ver mais de um arquivo na tela ao mesmo tempo
(comandos :split e :vsplit)
 Uso de cores para mostrar as diferenças entre dois arquivos
 Sistema de "folding", usado para agrupar várias linhas do texto em uma só
 Os bugs e problemas do VI original foram corrigidos
 Para uma lista completa de toda as diferenças (em inglês), abra o VIM e
digite o comando ":help vi_diff.txt"

Deixando de lado as funcionalidades novas, os comandos e o uso do editor são os


mesmos. Um usuário de VI pode usar o VIM durante semanas sem perceber a
diferença. Já usuários acostumados com as facilidades e extras do VIM se sentirão
limitados ao se deparar com um VI original ou alguns de seus clones menos ricos
em recursos.
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Levando-se em conta que o uso básico é o mesmo em todos os "sabores" do VI, e


que qualquer distribuição de Linux atual já vem com o VIM instalado, este será o
editor mencionado no curso.

7.4 - UTILIZAÇÃO BÁSICA

A grande diferença do VI para outros editores de texto é que ele possui vários
modos de operação. Dependendo de qual modo o programa está, as teclas têm
comportamentos diferentes. Os dois principais modos de operação são:

 Modo de Comandos
 Modo de Inserção

Ao iniciar o VI, o modo em que ele se encontra é o de comandos. Neste modo, cada
letra do teclado corresponde a uma ação, não sendo possível inserir texto digitando-
as. É neste modo que são feitas todas as operações de movimentação do cursor,
abrir e salvar arquivos, procurar por textos, copiar e colar, apagar trechos e obter
informações sobre o arquivo.

Para efetivamente digitar um texto, é preciso sair do modo de comandos e entrar


no de inserção, onde as teclas se comportam de maneira normal. O comando que
faz essa transição é o "i" (de Inserir). Para voltar ao modo de comandos, basta
apertar a tecla "ESC".

Para ilustrar corno funciona este chaveamento entre escrever um texto ou


executar um comando, este é o roteiro usado para criar um arquivo novo, digitar
nele a palavra Linux, salvar e sair:

# vi arquivo.txt # entra no VI no modo de comandos


i # entra no modo de inserção
Linux # digita o texto
<ESC> # volta para o modo de comandos
:wq # salva e sai
<ENTER>

O comando usado para salvar e sair é o ":wq" e é preciso apertar a tecla ENTER para
que ele seja executado.

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Uma boa maneira de aprender o uso básico do VIM é através do tutorial interativo
que já vem junto com o editor. Basta executar o comando "vimtutor" e seguir as
instruções que aparecerão na tela. Este tutorial está em inglês, mas também há
uma versão em português que pode se baixada da Internet.

7.5 - COMANDOS PRINCIPAIS

A lista dos comandos do VIM é longa, pois todas as letras do alfabeto são
usadas para comandos. Segue a lista dos comandos básicos, indispensáveis
para fazer uso do editor:
Modos de Operação
i, a Entra no modo de inserção, Antes/Após o cursor
O, o Entra no modo de inserção, Antes/Após a linha atual
<ESC> Entra no modo de comandos
Manipulação de Arquivos
:q, :q! Sai do VI, Sai sem salvar alterações
:w, :wq Salva o arquivo, Salva e sai
:w arquivo.txt Salva o arquivo como "arquivo.txt"
:r arquivo.txt Insere o conteúdo de "arquivo.txt"
Movimentação do cursor
h, j, k, l Esquerda, Abaixo, Acima, Direita - Também é possível usar as
setas
gg, G Início/Fim do arquivo
w, b Palavra à direita/esquerda
44G Linha 44
Copiar e Colar
Y, S Copia/Corta uma linha
dd Corta a linha em que o cursor está posicionado
yw, dw Copia/Corta uma palavra
p Cola
V, v Seleção visual de Linhas/Letras - Use "y" e "d" para
Copiar/Cortar
Outros
u, Ctrl+R, . Desfazer/Refazer/Repetir comando
/Linux Pesquisa no texto pela palavra "Linux"
n, N Vai para a ocorrência Seguinte/Anterior da pesquisa
:%s/Win/Linux/g Substitui "Win" por "Linux" em todo o texto
:r! Is Insere no texto o resultado do comando "Is"

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7.6 - DEMONSTRAÇÃO DE USO

Para ficar claro o esquema de utilização do editor, e como o chaveamento entre


modos acontece de maneira frequente, segue um demonstrativo. Supondo um
arquivo qualquer de texto, são necessárias as seguintes edições:

 Adicionar uma linha contendo "FIM" no final do arquivo


 Remover as linhas 21, 22, 23, 24 e 25
 No final da linha que contém "Gastos em 2015", adicionar o texto "(imposto
incluso)"
 Trocar todas as ocorrências de "linux" por "Linux"
 Na linha 15, apagar as três primeiras palavras
 Salvar as alterações como "/tmp/alterado. txt"

Modo de Comandos Modo de Inserção

G
O

FIM
<ESC>

21G
5dd
/Gastos em 2015 <ENTER>
<End>
a

(imposto incluso)
<ESC>

:%s/Linux/Linux/g <ENTER>
15G
d3w
:w /tmp/alterado.txt <ENTER>

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7.7 - CONFIGURAÇÃO DO EDITOR

O VIM é um editor personalizável, podendo ter seu comportamento alterado


editando-se o arquivo de configuração .vimrc, residente no diretório HOME do
usuário. É possível criar mapeamentos para teclas como F2 e F3, definir quantos
espaços terão uma tabulação, a largura máxima do texto, criar abreviaturas,
comandos automáticos e muito mais. Segue um pequeno exemplo comentado de
arquivo de configuração:

" - Arquivo .vimrc de exemplo. Para consultar a ajuda de um determinado


" - comando/opção, utilize o comando "help" do VIM.
" - A maioria das opções pode ser configuradas diretamente no VIM
" - através da interface de comandos.
" - Diferente de outros arquivos de configuração, os comentários são
" - iniciados por aspas ".

" Opções de formatação


set ts=4 " Número de caracteres usados em avanço de tabulação
set textwidth=76 " Número máximo de colunas de texto (quebra de linha)
set expandtab " Utiliza espaços para tabulação (utilize o comando
" retab para converter os atuais TABS)

" Opções de interface

syntax on " Habilita reconhecimento automático de sintaxe


set bg=dark " Informa que o fundo da tela é escuro (fundo branco: light)
set laststatus=2 " Mostra uma barra de rodapé
set ruler " Mostra informações sobre número da linha e coluna atuais
set visualbell " Pisca a tela ao invés de emitir beep
set report=0 " Informa ações com linhas
set shm=filmnrwxt " Encurta as mensagem do rodapé (SHortMessages).

" Opções de comportamento do VIM


set nocompatible " Habilita funções do VIM não compatíveis com o VI original
set bs=0 " Backspace normal (estilo VI)
set autoindent " Liga auto-indentação padrão
set smartindent " Liga a indentação "inteligente"
set incsearch " Procura texto enquanto este está sendo informado à procura
set hlsearch " Destaca texto procurado

" Atalhos para comandos (para ignorar erros comuns de digitação”


cab Wq wq
cab WQ wq
cab Q q
cab Q! q!
cab W w

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