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Reanimação do recém-nascido ≥34 semanas em sala de parto: Diretrizes da Sociedade

Brasileira de Pediatria – 26 de janeiro de 2016

A sociedade Brasileira de Pediatria, coloca acima ou igual a 34 semanas, pois nessa idade
gestacional, o RN já apresenta pneumócitos do tipo II, células responsáveis pela produção de
líquido surfactante. Dessa forma, a reanimação neonatal para RN de 34 a 37 semanas é a
mesma do que para RN acima de 37 semanas. Relembrando que RN é de 0 a 28 dias de vida.

INTRODUÇÃO

As três principais causas, das 2,9 milhões de mortes neonatais a cada ano no mundo, são as
complicações da prematuridade (1,0 milhão), eventos relacionados ao parto (0,7 milhão) e
infecções (0,6 milhão). Assim, sabe-se que cerca de 3 milhões de RN morrem no mundo a cada
um ano, sendo que 0,7 milhão está associado a eventos relacionados ao parto, isto é, uma má
assistência na sala de parto, que são completamente modificáveis. O médico na sala de parto
não tem que ser necessariamente um pediatra, por isso é imprescindível que todo o médico
saiba os passos da reanimação neonatal.

As infecções também na maioria das vezes são evitáveis, já em relação às complicações da


prematuridade, alguns casos são congênitos e não modificáveis, mas alguns aspectos podem
ser evitados.

A mortalidade neonatal precoce associada à asfixia perinatal (ou seja aquele bebê que não
recebeu o suprimento adequado de oxigênio) em recém-nascidos de baixo risco, ou seja, com
peso ao nascer ≥2500g e sem malformações congênitas, é elevada em nosso meio. E isso se
deve, principalmente, à falta de treinamento dos médicos nas condutas de reanimação
neonatal. Por isso, o progresso na sobrevida neonatal deve incluir a qualificação do
atendimento ao recém-nascido.

Ao nascimento:

 1:10 RN necessita de ajuda para iniciar a respiração efetiva (transição da vida intra
para extrauterina); Isso significa que a cada 10 salas de parto, o pediatra, ou qualquer
outro profissional da saúde capacitado, só é necessário para auxiliar uma única criança
nessa transição.
 1:100 precisa de Intubação orotraqueal (IOT); Dos 1 para cada 10 RN que necessitam
de ajuda para iniciar respiração efetiva, 1 em cada 100 irá necessitar de intubação
orotraqueal.
 1-2:1.000 requer IOT acompanhada de massagem cardíaca e/ou medicações, desde
que a ventilação seja aplicada adequadamente. Assim, é raro uma sala de parto com
intubação e mais raro ainda uma sala que necessite realizar a massagem cardíaca.

OBS: A criança e, principalmente, o bebê não param devido a uma causa cardíaca (diferente
dos adultos), somente quando esta criança já possuir uma cardiopatia congênita. Em geral,
eles param por hipóxia, por isso ao longo do processo da reanimação neonatal, o primeiro
passo deve ser conseguir a via aérea e depois realizar a massagem cardíaca.
Quando entramos na sala de parto conseguimos saber se há um risco maior ou menor, devido
a alguns fatores de risco que chamam atenção.

Idade materna e idade gestacional -> Sabe-se que os principais fatores são idade materna
menor que 16 anos e idade gestacional menor que 34 ou acima de 41 semanas, pois nós
sabemos que o parto ideal é aquele que ocorre com 40 semanas. Assim, os partos mesmo
sendo a termo, menor que 39 semanas e acima de 41 semanas já devem ser tratados com
maior cautela.

Discrepância da idade gestacional e peso -> Os RN PIG e GIG requerem atenção, pois atrás
dessas condições existem diversos fatores de risco associados, por exemplo, o PIG pode ter
apresentado um crescimento intrauterino restrito, má circulação placentária, tabagismo,
infecções maternas no período pré-natal. O RN GIG pode ser filho de mãe diabética.

Parto cesáreo -> O parto cesáreo por si só constitui um fator de risco, principalmente,
considera-se o parto cesáreo eletivo, é aquele que a mãe nem entra em trabalho de parto. O
trabalho de parto é uma etapa importante, pois ocorre a contração uterina, que seria uma
forma de “acordar o bebê e mostrar para ele que precisa respirar sozinho”, dessa forma o
bebê começa a participar ativamente do parto. Com isso, no parto cesáreo a criança pode
demorar mais para respirar e necessitar de uma reanimação.

Parto prematuro -> O parto prematuro pode apresentar possíveis complicações que o RN a
termo não apresentaria.

OBS: TODAS as salas de parto necessitam ter o preparo do material necessário para a
reanimação neonatal.
O PREPARO

Quando o pediatra chega no plantão a primeira coisa que deve fazer é a anamnese materna.

1. Anamnese materna: Perguntar a idade materna, escolaridade, quando iniciou o pré-


natal, número de consultas pré-natais, sorologia, ITU, hipertensão arterial na gestação,
diabetes gestacional, uso de tabaco, álcool e drogas ilícitas. Importante também
estabelecer a idade gestacional. Assim, deve-se analisar a anamnese materna para
observar a presença de fatores de risco.
2. Material necessário para prover a reanimação neonatal: preparado, testado (por
exemplo, laringoscópio com a pilha fraca ou com a lâmpada queimada) e disponível,
em local de fácil acesso, antes do nascimento. Quando analisamos o fluxograma da
reanimação cada passo, deve ser realizado com 30 segundos, assim se o material não
estiver disponível, preparado, testado e em fácil acesso antes do nascimento, pode
não ter tempo hábil para salvar o bebê. Esses materiais são importantes para:
 Avaliação do paciente -> berço de calor radiante ou o “pele a pele”. O berço de
calor radiante apresenta uma haste, que aquece o bebê, sendo um material
obrigatório nas salas de parto. O “pele a pele” seria o calor da mãe, que o
bebê pode ter contato ao nascer.
 Manutenção da temperatura -> berço de calor radiante, campos e compressas
aquecidas, que seria o pano que é colocado nos berços de calor radiante,
assim quando há necessidade de usá-los eles já irão estar aquecidos. Sendo
que a temperatura ideal é de 36, 5 a 37,5°C
 Aspiração de vias aéreas -> sonda nº 8-10 (como se fosse um cano de látex)
ligada ao aspirador ou pêra.
 Ventilação -> máscara-bolsa (que é a máscara com ambul), fonte de oxigênio,
material de intubação orotraqueal, que inclui um laringoscópio com pilha e
com lâmpada funcionantes.
 Administração de medicações -> material para KTU (cateterismo umbilical) e
adrenalina 1:10.000. O cateter umbilical é uma veia de fácil acesso obtida no
bebê (o cordão umbilical apresenta duas artérias e uma veia). Sendo que a
veia umbilical é um acesso central de fácil acesso. No momento da reanimação
neonatal não tem necessidade de ser um acesso central, pode ser periférico,
sendo que a introdução de 1 a 2 cm do cateter já tem o acesso a uma veia.
Assim, em um RN que acabou de nascer e não está bem, não tem a
necessidade de procurar um acesso periférico, utiliza-se o cateterismo
umbilical.
Esse é um check list dos materiais que
necessitam estar presentes na sala de parto.
Então deve-se avaliar o material de aspiração,
para manutenção da temperatura, para a
avaliação do recém- nascido, aspiração,
ventilação e oxigênio, intubação traqueal,
medicações. Todos esses materiais precisam
estar na sala de parto, sendo necessário a
presença desse check list.

É fundamental que pelo menos um


profissional de saúde capaz de realizar os
passos iniciais e a ventilação com pressão
positiva por meio de máscara facial esteja
presente em todo parto. Assim, não tem que
ser necessariamente um pediatra, pode ser
um médico generalista que trabalha no
interior, precisa dar assistência pois não há
tempo para transferir a gestante

Se fatores de risco perinatais, os quais são


coletados a partir da anamnese materna,
podem ser necessários 2-3 profissionais
treinados e capacitados a reanimar o RN de
maneira rápida e efetiva. Se estiverem disponíveis no serviço.

Precauções-padrão:

 Lavagem/ higienização correta das mãos,


 Luvas estéreis,
 Aventais,
 Máscaras ou proteção facial.

Então a paramentação deve ser aquela como se o profissional fosse participar da cirurgia.

PASSOS DA REANIMAÇÃO NEONATAL

Quando o recém-nascido é extraído da cavidade uterina seja por parto normal ou por parto
cesáreo existem três perguntas que devem ser feitas:

 RN ≥37 semanas? Ou seja, se o RN é a termo.


 Respira ou chora?
 O tônus muscular está em flexão?

Essas perguntas devem necessariamente existir. De cada 10 bebês que nascem 9 respondem a
essas perguntas. Se o RN apresentar positividade em todas essas perguntas deve-se fazer o
clampeamento tardio do cordão umbilical, mais de 1 minuto de vida. E esse RN deve ser
colocado pele a pele com a mãe.

Essa conduta é realizada, pois existem pesquisas que demonstram a proteção de uma anemia
carencial futura do RN, pelo clampeamento tardio do cordão. Por volta dos 2 anos de vida,
25% das crianças apresentam anemia ferropriva, assim essa conduta previne a anemia
carencial em períodos posteriores da vida da criança.

Para esses RN, deve-se fazer a assistência ao recém-nascido com vitalidade.

Assistência ao RN termo com vitalidade

 Deve continuar junto de sua mãe depois do clampeamento do cordão (“pele a pele”).
Colocar o bebê junto a mãe é importante para fornecer calor, além disso apresenta
uma temperatura presente no período intrauterino – o RN já conhece; além disso,
reconhece o cheiro que sentiu durante todo o período intrauterino, que é o cheiro da
mãe; além de escutar o som do coração da mãe, que é o único som que escutou
durante toda a vida intrautero. Isso torna o nascimento do bebê muito mais
humanizado, seria então o fornecimento de um conforto para o RN após passar por
um período de trauma, que é o nascimento. TORNA A PASSAGEM DA VIDA UTERINA
PARA EXTRA-UTERINA MAIS CONFORTÁVEL
 Na sala de parto, enquanto o RN está junto à mãe, prover calor (pode colocar as
compressas e campos aquecidas), manter as vias aéreas pérvias (se tiver necessidade
realiza a aspiração) e avaliar a sua vitalidade de maneira continuada.
Secar o bebê  colocar as compressas e campos aquecidos  deixar o RN junto a
mãe.
 Para manter a normotermia (Tax 36,5-37,5ºC), garantir a temperatura ambiente na
sala de parto entre 23-26ºC (inclusive é importante ter um termômetro em toda sala
de parto), secar o corpo e o segmento cefálico com compressas aquecidas e deixar o
RN em contato “pele a pele” com a mãe, coberto com tecido de algodão seco e
aquecido.
o O RN perde muito calor pela cabeça, a superfície corporal de cabeça
representa cerca de 30% da superfície corporal total do RN. A cabeça é
completamente desproporcional ao restante do corpo. Principal forma de
perda de calor.
 Para manter as vias aéreas pérvias, atenção à flexão ou hiperextensão do pescoço e ao
excesso de secreções na boca e nariz.
o O RN apresenta uma hipotonia axial, assim quando está em flexão ou
hiperextensão do pescoço, ele não consegue mover a cabeça para deixar a via
aérea pérvia.
 Avaliar a frequência cardíaca (FC) com o estetoscópio no precórdio, o tônus muscular e
a respiração/choro.
 Depois, de maneira continuada, observar a atividade, o tônus muscular e a
respiração/choro do RN. Intervindo minimamente no contato do bebê com a mãe.

Se a resposta para qualquer uma dessas perguntas for NÃO CLAMPEAMENTO IMEDIATO
DO CORDÃO UMBILICAL  INICIAR O PASSO A PASSO PARA A REANIMAÇÃO NEONATAL.

PASSOS INICIAIS PARA A REANIMAÇÃO NEONATAL

1. Prover calor (berço aquecido, campos aquecidos);


2. Posicionar em decúbito dorsal, com a cabeça voltada para o profissional de saúde, em
leve extensão (coxim – compressa enrolada abaixo dos ombros, de forma a realizar
uma leve subida dos ombros e com isso realizar uma leve extensão da cabeça a fim de
manter a perviedade da via aérea);
3. Aspirar boca e narinas, se necessário (sonda 8-10 ou pêra); Nem todos os bebês
precisam ser aspirados, além disso, a aspiração é da boca e narinas com isso não deve-
se introduzir a sonda de forma profunda. Deve-se inserir 1 cm da sonda na boca e 0,5
cm nas narinas.
4. Secar o corpo e a região da fontanela anterior (região que perde muito calor) e
desprezar os campos úmidos;
o Os campos úmidos são as compressas que estavam no berço de calor e ficaram
molhados devido aos líquidos (sangue e líquidos amniótico) que recobrem o
RN. Isso é importante, pois se o RN permanecer em contato com os campos
úmidos ele pode perder calor rapidamente.
5. Auscultar o precórdio.

TODAS ESSAS ETAPAS DEVEM SER REALIZADAS EM 30 SEGUNDOS.

Realizar os 5 passos iniciais  avaliar a respiração, a FC e tônus.

AVALIAÇÃO DO RN DURANTE A REANIMAÇÃO

Respiração: observação da expansão torácica ou presença de choro. Se o paciente não


apresentar movimentos respiratórios, se eles forem irregulares ou o padrão for do tipo gasping
(suspiros profundos entremeados por apneias), a respiração está inadequada  próximos
passos da reanimação.

Frequência cardíaca: determinar de maneira rápida, acurada e confiável é um ponto crítico


para a tomada de decisões em sala de parto! A FC pode ser aferida de três formas:

 Palpação do cordão umbilical;


 Ausculta do precórdio com estetoscópio (6 seg x 10 – única situação que a FC pode ser
estimada em 6 segundos, sendo que normalmente é em 1 minuto), este é o método
mais utilizado.
 Detecção do sinal de pulso pela oximetria e da atividade elétrica do coração pelo
monitor cardíaco (3 eletrodos – colocado nos dois ombros e na face anterior da coxa).

Se após os passos iniciais da estabilização a avaliação mostrou respiração espontânea regular,


tônus adequado e FC >100 bpm  “pele a pele” com a mãe. De maneira continuada, observar
a atividade, o tônus muscular e a respiração/choro.

6. Se após os passos iniciais da estabilização a avaliação mostrou respiração ausente ou


irregular, tônus inadequado e/ou FC <100 bpm  iniciar a VPP (máscara com ambul) e
fixar os três eletrodos do monitor cardíaco (um eletrodo em cada braço próximo ao
ombro e o terceiro eletrodo na face anterior da coxa), e o sensor do oxímetro (pulso
radial direito).

ESSA ETAPA DEVE SER REALIZADA EM 30 SEGUNDOS.

OBS: O boletim de Apgar, determinado no 1º e 5º minutos, mas NÃO é utilizado para indicar
procedimentos na reanimação neonatal. Já que, até chegar na avaliação do RN, passou-se
somente 30 segundos. Assim, o RN pode no primeiro minuto ainda apresentar 10 de apgar.

Se o Apgar é <7 no 5º minuto, recomenda-se realizá-lo de 5/5 minutos, até 20 minutos de vida.
Nesse processo, o apgar começa a ser utilizado para detectar o prognóstico.
Antes de 2016, a presença de líquido amniótico meconial era um indicativo de reanimação
neonatal, juntamente com as perguntas do bebê a termo, respirando ou chorando, presença
de tônus muscular. Com isso, antigamente, no RN com líquido amniótico meconial, era feita a
clampagem imediata do cordão umbilical, levado para o berço de calor radiante, e
laringoscopado para a aspiração da via aérea (não podia nem secar o RN). Contudo,
atualmente o líquido amniótico meconial é um fator de risco, considerando que indica um
sofrimento fetal, pois não é normal o RN defecar na vida intrauterina. Essa medida foi feita
pelo criador do NAUS, pois no caso de líquido amniótico meconial, era necessário realizar a
intubação para posterior aspiração das vias aéreas. Assim, é essencial a presença do médico
apto a realizar a intubação traqueal, presente no momento do nascimento. Mas, os médicos
não aptos estavam demorando muito para intubação e estava ocorrendo um aumento da
mortalidade neonatal. Por isso, atualmente se o RN nasce chorando ou respirando, com tônus
muscular adequado e é a termo, mesmo com líquido amniótico meconial, ele não é indicado
para a reanimação neonatal. E com isso deve-se realizar o clampeamento tardio do cordão
umbilical e levar para o “pele a pele” com a mãe, mesmo recoberto por fezes.

Contudo, se houver suspeita de obstrução de via aérea superior por rolha meconial, se o RN é
pré-termo ou pós-termo, não está respirando ou chorando e/ou não apresenta tônus muscular
em flexão  clampagem imediata de cordão e passos iniciais da reanimação!

Se indicação de reanimação:

 Prover calor, posicionar o pescoço em leve extensão, aspirar boca e narinas


suavemente, secar;
 Se após 30 segundos não houver resposta, iniciar a VPP com máscara facial e ar
ambiente por 60 segundos;
 Se após 30 segundos de ventilação efetiva, não houver melhora e houver forte
suspeita de obstrução de vias aéreas, retirada do mecônio residual da hipofaringe e da
traqueia sob visualização direta.

Aspiração traqueal: feita através da cânula traqueal conectada a um dispositivo para aspiração
de mecônio e ao aspirador a vácuo. Nessa situação, aspirar o excesso de mecônio uma única
vez.

 Dessa maneira, enfatiza-se a necessidade do início rápido da VPP em todo RN que


não apresenta respiração regular ou está bradicárdico no 1º minuto depois do
nascimento.

6. Se após fornecer calor – posicionar – aspirar – secar – ascultar, houver apneia,


respiração irregular e/ou FC <100 bpm → VPP a 21% (ar ambiente – sem
oxigenoterapia). Frequência: 40-60 irpm/min → “aperta – solta – solta”. Pressão: 20 a
30-40cmHg (movimento torácico leve e ausculta da entrada de ar nos pulmões).

 “Minuto de Ouro”. 99% dos bebês respondem a isso, sem haver necessidade de
intubação ou massagem cardíaca.
 A ventilação pulmonar é o procedimento mais importante e efetivo na reanimação do
RN em sala de parto!
 FC: melhor parâmetro para avaliar efetividade da VPP (que pode ser monitorada pelos
três métodos, citados). Se o RN tem uma via aérea bem estabelecida, ele vai melhorar
a FC.
Uma vez iniciada, recomenda-se o uso da oximetria de pulso (sensor neonatal no MSD, na
região do pulso radial – SatO2 pré-ductal); e monitorização cardíaca (fixar um eletrodo em
cada braço próximo ao ombro e o terceiro eletrodo na face anterior da coxa ). Como o RN
acabou de nascer, com isso a troca gasosa não é totalmente efetiva, por isso não se
espera que ele consiga saturar 100% até o 10º minuto.

7. Se não houver boa resposta, verificar técnica!


8. Se técnica adequada, sem resposta: oferecer O2 + ar → blender (mistura o ar com o
oxigênio, com isso permite ofertar oxigênio titulado. Então realiza-se um ajuste no
Blender e pode-se oferecer oxigênio em qualquer porcentagem desejada).
 Realizar incrementos de 20% a cada 30 segundos. Pode-se realizar aumento
gradativo de 20% até 100%, se não responder deve-se intubar. Na prática,
geralmente, chega-se até 60% de oxigênio.
 Problema: disponibilidade do Blender.
 Em Ouro Preto e Mariana, não há disponibilidade do Blender, com isso,
realiza-se oxigenioterapia com O2 a 5-8L/min (100%).
o PROBLEMA: o uso de altas concentrações de O2 associa-se ao atraso
para iniciar a respiração espontânea após o nascimento (é como se
deixasse o bebê preguiçoso) e à maior mortalidade.
9. Se não houver boa resposta, verificar técnica (se tem o coxim debaixo dos ombros, se
não está estendendo a cabeça, máscara bem adaptada, ambul)!
10. Se técnica adequada, sem resposta: considerar cânula traqueal e sonda gástrica. A
sonda gástrica é utilizada, pois durante a VPP, o ar é direcionado tanto para os
pulmões quanto para o estômago, já que não há seletividade. O ar presente no
estômago pode promover distensão gástrica e restringir a expansão pulmonar, e o RN
não conseguir apresentar um padrão respiratório espontâneo. Com isso, a sonda
gástrica é necessária para retirar o ar do estômago.
 34-38 sem e peso de 2-3Kg = cânula 3,5mm;
 >38 sem ou >3Kg = cânula de 3,5-4,0mm.

→ Deixar sempre à disposição uma cânula de diâmetro superior e outra inferior àquela
escolhida!

ESSA ETAPA DEVE SER REALIZADA EM 30 SEGUNDOS – Se o profissional não conseguiu


intubar, deve-se retornar com a VPP com a técnica adequada, pois fornece oxigênio para o
RN. Já quando está tentando intubar o RN está em hipóxia.

Confirmar se a cânula está na traqueia:

 Melhor indicador = aumento da FC;


 Realizar inspeção do tórax e ausculta das regiões axilares e gástrica (pois se a cânula
traqueal estiver voltada para o esôfago, ausculta-se o ar no estômago);
 Detecção de dióxido de carbono (CO2) exalado = medida objetiva que diminui o
tempo para confirmar a posição da cânula (método colorimétrico – o dispositivo fica
entre a cânula e o ambul).

Regra prática: “peso estimado (Kg) + 6”. O problema é que os berços de calor radiante
americanos, apresentam balança e com isso é mais fácil utilizar a regra prática. Contudo, não é
uma realidade brasileira. Se não souber o peso “chuta 3 kg, 3+6= 9 cm, sempre dá certo”.

11. Se após 30 segundos de VPP por meio da cânula traqueal (a 100%), o RN mantém FC
<100 bpm ou não retoma a respiração espontânea ou, ainda, a SatO2 permanece
abaixo dos valores desejáveis/não detectável:
 Verificar a posição da cânula,
 A permeabilidade das vias aéreas,
 A pressão que está sendo aplicada no balão.

Pode-se aumentar a oferta de oxigênio até 60-100% (caso não estivesse sendo ofertado).

12. Se o RN apresenta FC entre 60-100 bpm, após a verificação da técnica, deve-se


transportá-lo para a UTI neonatal, dentro da incubadora, sendo necessário falar com a
mãe sobre o que está acontecendo. Na UTI neonatal, é necessário pensar nas
hipóteses diagnósticas, que impedem o RN de assumir o padrão respiratório.
13. Se o RN mantém apneia ou respiração irregular, continuar a ventilação por cânula
traqueal. Se a FC está <60bpm, indicar a massagem cardíaca! Em pediatria, parada
cardiorrespiratória é quando o RN apresenta uma FC abaixo de 60 bpm, diferente do
adulto que é em assistolia completa.
Só é indicada se, após 30 segundos de VPP com técnica adequada, a FC < 60bpm!
 A massagem cardíaca precoce reduz a eficácia da ventilação e, portanto, deve
ser iniciada após o estabelecimento de expansão e ventilação pulmonares.

Técnica de massagem cardíaca

Técnica dos dois polegares (mais efetiva, mas depende da experiência do profissional de
reanimação):

 Maior pressão de pico sistólico e de perfusão coronariana,


 Menos cansativa,
 Dedos sobrepostos (mais efetivo) ou justapostos,
 O restante da mão circunda o tórax,
 Terço inferior do esterno (abaixo da linha intermamilar).

Técnica dos dois dedos.

Pode-se realizar a massagem ao lado


do RN, contudo a efetividade é menor.

Compressão

Quem vai executar a massagem cardíaca se posiciona atrás da cabeça do RN, enquanto aquele
que ventila se localiza em um lado e do outro lado o profissional que realiza o cateterismo
umbilical. Profundidade: 1/3 do diâmetro anteroposterior do tórax; Deve-se permitir a
reexpansão plena do tórax sem retirar os dedos da posição.

Relação ventilação-massagem

3 compressões para cada 1 ventilação.

90 compressões para 30 ventilações.

60 SEGUNDOS, única etapa com maior tempo para analisar a eficácia da massagem.

Considera-se falha  se, após 60 segundos de VPP com cânula traqueal e oxigênio a 100%
acompanhada de massagem cardíaca, o RN mantém FC <60 bpm.

14. Verificar a posição da cânula (método colorimétrico ou ausculta), a permeabilidade das


vias aéreas (presença de secreções) e a técnica da ventilação (se o tubo está bem
posicionado, bem ligado na fonte de oxigênio) e da massagem, corrigindo o que for
necessário.
15. Se, após a correção, não há melhora, considera-se cateterismo umbilical de urgência e
indica-se a adrenalina.

As medicações são indicadas quando a ventilação efetiva por cânula traqueal com
oxigenioterapia a 100% acompanhada de massagem cardíaca não são capazes de manter a FC
< 60bpm

Adrenalina:

Administrada preferencialmente via endovenosa a partir do cateterismo umbilical (KTU)


periférico (1-2cm após passagem pelo ânulo). Pode também ser usada 1x por via traqueal, se
por algum motivo não foi possível estabelecer a via endovenosa. Contudo, como não se sabe
como está a perfusão pulmonar a absorção é errática!

 Dose venosa: 0,01-0,03 mg/kg (1:10.000) a cada 3-5min


 Dose traqueal: 0,05-0,10 mg/kg 1x

Expansor de volume:
Considerar se não houver resposta à administração da adrenalina e/ou se perda sanguínea
e/ou se sinais de choque hipovolêmico (palidez, perfusão inadequada, pulsos débeis).

NaCl 0,9%, na dose de 10 mL/kg em 5-10 minutos, podendo ser repetida a critério clínico.

16. Na ausência de resposta, checar:


 A posição da cânula traqueal,
 O uso de O2 100%,
 A técnica de massagem,
 A permeabilidade do acesso vascular.
17. Pensar em interromper a reanimação neonatal.

ASPECTOS ÉTICOS

As questões relativas às orientações para não iniciar a reanimação neonatal e/ou interromper
as manobras são controversas e dependem do contexto nacional, social, cultural e religioso, no
qual os conceitos de moral e ética são discutidos

Para RN ≥ 34sem = malformações congênitas letais ou potencialmente letais (atualmente é


aceitável a anencefalia), com diagnóstico antenatal e de acordo com a vontade dos pais e as
possibilidades terapêuticas. Isso não significa que o bebê não deve ser secado, deixado na
fonte de calor, e perguntar para a mãe se deseja vê-lo.

A decisão final é feita no momento do nascimento. Mesmo se os pais tomaram uma decisão
antenatal de não reanimação, mas no momento do nascimento mudaram de opinião, o
médico, sem considerar os seus preceitos, deve realizar todo o procedimento de reanimação.
Se não houver certeza, todos os procedimentos necessários devem ser feitos de acordo com o
fluxograma da reanimação neonatal.

A presença de assistolia aos 10 minutos de vida, (Apgar 10’=0), é um forte preditor de


mortalidade e morbidade em todas as idades gestacionais. É razoável, portanto, interromper
os procedimentos de reanimação após 10 minutos. Entretanto, a decisão de continuar ou
interromper tais procedimentos precisa ser individualizada e bem registrada em prontuário
médico.

TODO BEBÊ MERECE UM PARTO HUMANIZADO, TANTO NO PARTO CESÁREO QUANTO


VAGINAL. Você não pode simplesmente tirar o bebê, pois existem vários estudos que associam
a tolerância a dor, resposta a situações emocionais, maturidade em relação aos
relacionamentos interpessoais com a maneira como nasceu.

Parto cesáreo humanizado. Na qual a mãe se


paramenta como se fosse participar da cirurgia e
durante o parto, a mãe que puxa o bebê para fora.

Pele a pele com a família homoafetiva, que adotou a


criança. Esse pele a pele é importante para a criação do
vínculo e laços afetivos.

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