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TEOLOGIA DE UMBANDA

Desenvolvido por Rubens Saraceni


Ministrado por Alexandre Cumino

Aula Digitada 08 Parte 01


Obs.: este documento é a transcrição fiel do discurso das vídeo-aulas, portanto poderá conter erros gramaticais
mantendo a originalidade da origem.

Aula 08: - O que é mediunidade – Todos são médiuns? – Tipos de mediunidade.

Olá meus irmãos, estamos aqui na nossa oitava aula do nosso curso de “Teologia de Umbanda
Sagrada”, o tema é a: “mediunidade”.
Então, eu pretendo começar essa aula contando uma historinha que eu chamo da “história do
machado”, diz uma lenda, nessa história: “Que um velho lenhador havia, tinha junto de si um discípulo,
um jovem lenhador, então, esse jovem que havia aprendido o ofício junto com esse senhor, é, com o
tempo se tornou cansado de trabalhar com o velho. E esse jovem começou a crer que ele por ser
jovem, por ser forte, ele imaginava que ele estava fazendo todo o serviço e que o velho já não
trabalhava mais tanto, já não dava conta, é, de cortar tantas árvores quanto ele o jovem. Então, esse
jovem um dia chegou para o velho e disse pra ele: “Eu não tenho mais nada pra aprender com você.
Você já está velho, cansado e eu também estou cansado de fazer todo o trabalho e cortar a maior parte
das árvores. Portanto, não pretendo mais trabalhar junto com você, vou seguir meu caminho”. E nisso o
velho, então, fala para o jovem, diz pra ele que antes de ele ir embora ele queria um desafio porque
tudo que agrada jovem é desafio. Então, o velho diz para o jovem, lança um desafio e diz: “Antes de
você ir embora, então, amanhã a gente tem aqui uma terra pra cortar. Amanhã, se você cortar uma
quantidade de árvores maior do que eu, você vai. Se você cortar uma quantidade de árvores menor do
que eu, você fica”. E o jovem crente da sua força, da sua energia, do seu vigor, então, o jovem logo
aceitou o desafio convicto de que daria conta de cortar muito mais árvore do que o velho lenhador. E
no outro dia, no dia seguinte, o jovem afoito acordou bem mais cedo do que o de costume, pegou o seu
machado, não tomou nem o café da manhã e foi direto pra mata, para o terreno cortar árvore. O velho
lenhador acordou no mesmo horário como de costume, o jovem já estava ali cortando árvore. O velho
ainda com calma parou, tomou o seu café e depois saiu a cortar as árvores. Antes da hora do almoço
esse velho parou mais uma vez e o jovem continuou cortando árvores com seu machado direto. O velho
fez mais uma parada antes do almoço. O velho parou no almoço, fez um almoço tranquilo. E o jovem
nem mesmo parou para almoçar. Ele não chegou a almoçar, ele fez um lanche rápido e foi cortando
árvores. E por incrível que pareça, depois do almoço o velho já tinha cortado a mesma quantidade que
o jovem. Depois do almoço eles continuaram cortando. A tarde o velho parou para fazer um lanche e o
jovem continuou cortando direto porque se deu conta que o velho já tinha cortado mais árvore do que
ele. Então, ele resolvei não parar para lanche, não parar para nada para conseguir cortar mais árvores.
Mas, mesmo tendo parado pra um lanche a tarde, o velho volta a cortar árvore e no final do dia esse
velho já tinha cortado mais árvores do que o jovem. Então, o jovem indignado em todo o seu vigor, em
toda a sua energia, em toda a sua força, no final do dia ele procura o velho e diz pra ele e pergunta: “O
que aconteceu? Eu muito mais forte, com muito mais energia ao final do dia cortei menos árvores.
Acordei mais cedo, descansei menos, não parei”. Então, o velho explicou ao jovem: “Que o jovem
tendo acordado mais cedo, afoito, sem fazer o seu lanche. Esse jovem não prestou muito atenção, não
teve o cuidado e nem a consciência do que estava fazendo, mas apenas trabalhou com a energia, com a
força. Mas, não trabalhou com que era necessário e que os anos dão de experiência que é a técnica”.
Então, de manhã o velho acordou cedo, mas no mesmo horário de costume e antes de sair para cortar
árvore esse velho afiou o machado, coisa que o jovem não fez. Antes do almoço o velho parou outra
vez, mas o propósito não era exatamente parar para um lanche, era afiar o machado mais uma vez. O
jovem também não havia afiado o seu machado, o jovem só tinha preocupação em cortar árvores. E o
velho na hora do almoço mais uma vez, o velho afiou o machado, mais uma vez passou o dia inteiro
parando pra afiar o machado. O jovem não, muito afoito nem se lembrou de afiar o machado e confiou
apenas na sua força. Então, o velho sabia e sabe que força, energia e vigor não é tudo. O importante
também é ter consciência do que está fazendo, o importante é conhecer a técnica do que está
utilizando, conhecer a sua ferramenta e afiar a sua ferramenta”.
A nossa aula aqui é sobre mediunidade e eu entendo que estudar sobre mediunidade é uma forma
de afiar o machado. Então, nós estamos aqui, nós, boa parte de nós Umbandistas praticantes e estamos
aqui fazendo curso de “Teologia de Umbanda Sagrada” que é uma maneira de nós afiarmos o nosso
machado, tomando consciência que praticar Umbanda é ótimo, praticar Umbanda é muito bom,
incorporar espíritos para fazer caridade é muito bom. Mas, fazer isso apenas com energia, apenas com
vigor, fazer isso apenas com impulsividade, sem ter consciência do que estamos fazendo, sem nos
trabalharmos com relação a técnica, sem observarmos a nós mesmos como ferramentas e sem parar
para afiar a ferramenta é igual a esse jovem afoito que ao final do dia deu “braço a torcer” e entendeu
que ainda tinha muita coisa pra aprender com esse velho. Muitas outras coisas mais o velho passaria a
lhe ensinar. E o jovem entendeu, então, que ele não estava carregando o velho nas costas e que ele
não estava trabalhando sozinho, mas que o velho teria muito a lhe ensinar sobre o ritmo. O ritmo da
vida e o conhecimento e a arte de se praticar algo com a alma, de fazer aquilo com o coração. O velho
representa aquele que tem a sabedoria, não apenas o conhecimento, mas a sabedoria. Da mesma forma
a gente está aqui pra aprender e aplicar tudo isso, esses conceitos sobre a nossa mediunidade. E por
aqui a gente já começa com a pergunta que não quer calar: O que é mediunidade? Mediunidade é a
capacidade de intermediar entre duas realidades, essas duas realidades podem ser: a realidade
material e a realidade espiritual. O médium, a palavra já fala, ele é o meio, ele é o medianeiro. O
médium é aquele que “inter-media” entre uma realidade e outra realidade. A palavra mediunidade ela
foi cunhada por Allan Kardec na França. A gente já viu no começo do curso um pouquinho sobre
“Espiritismo e Umbanda”. Então, Kardec era um cientista e ele cunha essa palavra no seu contexto, no
seu ambiente, é, até mesmo um pouco frio com relação ao calor, a emoção, a ritualística desse
riquíssimo universo da religião, esse universo religioso. No qual, a mediunidade sempre foi trabalhada,
sempre foi manuseada e sempre existiu, ou seja, Allan Kardec identificou o que é mediunidade, mas
ele não criou a mediunidade. A mediunidade sempre existiu em todos os tempos, em todas as eras, em
todas as culturas, em todo o planeta sempre existiu a mediunidade. Então, a gente pode buscar, nós
podemos buscar o fenômeno da mediunidade nas eras mais remotas, nos tempos mais antigos e
identificar que isso faz parte do ser humano. Esse contato mediúnico na visão de Kardec é um contato
exclusivo com os espíritos porque Kardec traz o Espiritismo, ou seja, ele codifica todo um
conhecimento relacional com espíritos humanos desencarnados. Mediunidade não é apenas contato com
espíritos porque nós cremos em outras dimensões e outras realidades da vida além da realidade
espiritual. Então, mediunidade é contato com qualquer outra realidade, que não seja a nossa
realidade. Esse contato característica uma transcendência, ou seja, a capacidade do ser humano de
transcender a si mesmo em busca ou ao encontro de respostas para suas questões existenciais e
também as suas questões emocionais, suas questões racionais, suas questões do dia-a-dia. E sempre
houve essa busca, esse questionamento que quase sempre caracteriza um fenômeno sagrado, um
fenômeno divino, um fenômeno religioso. Então, nós vamos encontrar na história da mediunidade, da
humanidade, a mediunidade sendo utilizada na forma mais antiga que alguns chamam de “arcaica”,
outros até chamam de “primitiva” ou até mesmo uma forma de lidar com o sagrado quase que
selvagem que é a mediunidade na sua forma mais antiga, o “Xamanismo”. Então, nós identificamos já
na mais antiga das religiões, aonde também se praticava magia e aonde sempre há a mediunidade
presente que são nas técnicas Xamânicas de êxtase, de transe, de visões, de buscas por respostas. A
mediunidade sempre existiu, sempre houve, sempre haverá porque ela faz parte do ser humano, ali
encontraremos todas as formas de mediunidade. No entanto, há uma outra pergunta que também fica
no ar que é: “Todo mundo é médium?”. Então, pra responder essa pergunta nós podemos afirmar que
sim. Todos nós somos médiuns, mas nem todos nós somos médiuns de incorporação. Porque o
Umbandista está muito focado e voltado a sua mediunidade de incorporação, mas existem muitos tipos
de mediunidade e não apenas a mediunidade de incorporação. Então, em maior ou menor grau todos
nós sentimos, todos nós percebemos, todos nós temos algum resquício de intuição, todos nós temos
sonhos, todos nós temos alguma forma de visão ou de sensibilidade mediúnica, mas nem todos terão
condição, capacidade ou dom da mediunidade de incorporação.
E é pra entender melhor essas questões relativas aos tipos de mediunidade e a mediunidade de
incorporação que nós estamos aqui na nossa oitava aula do curso de “Teologia de Umbanda Sagrada”,
aqui, juntos afiando o nosso machado.
Voltamos já, já no nosso próximo bloco dessa oitava aula pra dar continuidade.
Muito obrigado.

DIGITAÇÃO – Equipe Umbanda EAD

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