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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


DEPARTAMENTO DE FARMÁCIA
FARMACOLOGIA APLICADA – FAR0009
Prof. Dr. SÉRGIO ARAÚJO
Aluno(as): ANA GERTRUDES DANTAS ARBOÉS
MARCOS TÚLIO LIMA SOARES

RESOLUÇÃO DE CASOS CLÍNICOS: DIARREIA E GASTRITE

Tratamento da úlcera péptica – Sr. Tom

Características:

● Idade: 24 anos

● Branco

●Consome 2 maços de cigarro e 5 xícaras de café por dia

● Estressado – Prazo de entrega da tese

● 2 comprimidos de aspirina por dia (lesão no joelho)

Tom se apresentou à unidade de saúde com dor em queimação após ingestão de alimentos,
e essa dor alivia com o uso de antiácidos. Possui hipersensibilidade epigástrica à palpação e
possui úlcera na região proximal do duodeno (diagnosticado através de endoscopia). Para
ele foi prescrito bismuto, claritromicina, amoxicilina e lansoprazol.

1) Quais os fatores de risco apresentados por Tom para o desenvolvimento da doença


ulcerosa péptica?

R: Primeiramente, Tom apresenta a bactéria H. Pylori, que foi descoberta na endoscopia.


Ele utiliza antiinflamatórios não-esteroidais, principalmente aspirina, que é irritante para
a mucosa gástrica, além do fumo, que também irrita essa mucosa. Esses são os três
principais fatores agressores apresentados por Tom.

2) Qual o papel do H. pylori e do uso de AINE nessa doença?

R: A Helicobacter pylori aumenta a produção de células parietais no estômago,


consequentemente aumentando a produção da suco gástrico. O aumento na secreção
ácida piora o quadro de doença ulcerosa duodenal. Isso acontece porque a H. Pylori
induz a secreção da gastrina (através da atividade da urease, que aumenta o pH e faz
com que a célula G produza mais gastrina; ou então através de mediadores inflamatórios
que inibem a célula D, cujo papel é justamente inibir a célula G e sua produção de
gastrina). Já no caso dos AINEs, a inibição da ciclo-oxigenase diminui a produção de
prostaglandinas, aumentando a secreção gástrica de ácido, a diminuição da produção de
bicarbonato no muco e diminuição do fluxo sanguíneo local. Além disso, o uso dos AINEs
provoca um aumento na expressão de moléculas e adesão intercelular no endotélio
vascular gástrico, o que leva a um aumento da aderência dos neutrófilos às células
endoteliais vasculares. Isso leva à lesão da mucosa devido a radicais livres e proteases
derivadas dos neutrófilos.

3) Qual a taxa de úlcera duodenal na população geral?

R: A úlcera duodenal e a úlcera gástrica têm diminuído ao longo do tempo na população


mundial, sendo a úlcera duodenal mais frequente que a gástrica. Em um estudo feito em
1992, a úlcera duodenal tinha uma taxa de 4% na população mundial, que veio caindo
paulatinamente e, por volta de 2015, atingiu um patamar de 1,1%, aproximadamente.

4) Porque o tratamento de Tom foi feito com bismuto, claritromicina, amoxicilina e


lansoprazol?

R: Os inibidores da bomba de prótons são utilizados para tratar úlceras associadas ao H.


Pylori, para tratar úlceras hemorrágicas e para permitir o uso de AINEs em pacientes com
úlcera conhecida. O paciente Tom possui a H. Pylori e também foi diagnosticado com
úlcera duodenal. Devido a essas duas condições, foi indicado o uso de um inibidor da
bomba de prótons. O lansoprazol é uma boa escolha de fármaco, pois possui
biodisponibilidade boa (>80%) e um tempo de meia-vida muito bom (1,5h), não tão
baixo quanto o omeprazol e nem tão alto quanto o rabeprazol, sendo um t ½ bastante
adequado. Já o bismuto foi administrado por ser capaz de formar uma camada protetora
que recobre úlceras, estimula a liberação de prostaglandinas e muco gástrico, além de
uma atividade direta sobre a H. Pylori. Quanto aos antibióticos, a bactéria H. Pylori
apresenta uma alta susceptibilidade à amoxicilina (100%) e à claritromicina (92%), sendo
uma boa escolha de associação para o tratamento antibacteriano.

Tratamento da diarreia – Sr. João

Características:

● Idade: 21 anos

● Branco

● PA 90/60 mmHg

● 18900 leucócitos

● Creatinina 3,6 mg/dL; Ureia 152 mg/dL; Potássio 3mmol/L

O Sr. João apresentou-se com diarreia sanguinolenta, iniciada há 24 horas atrás.


Apresentava também vômito, fadiga e febre de 39ºC. Nessas 24 horas, o paciente
apresentou 15 episódios diarreicos e encontra-se prostrado, desidratado e eupneico.

1) Qual a gravidade da diarreia apresentada pelo Sr. João?


R: O Sr. João apresenta alguns sintomas característicos da diarreia grave: desidratação,
sangue nas fezes, febre e aparência toxemiada.

2) Qual agente etiológico é suspeito de causar essa diarreia?

R: A diarréia apresentada pelo Sr. João se caracteriza como disentérica e sanguinolenta,


o que indica invasão de mucosa pelo agente etiológico, que pode ser ele:

-Shigella spp - Campylobacter spp - Salmonella enterotidis

3) Quais parâmetros laboratoriais estão alterados e por que?

R: Paciente Referência

Ureia 152 mg/dL 16 - 40 mg/dL

Creatinina 3,6 mg/dL 0,7 – 1,2 mg/dL

Potássio 3 mmol/L 3,5 – 5,5 mmol/L

Os parâmetros como ureia e creatinina alta indicam uma insuficiência renal aguda, talvez
causadas pela infecção bacteriana. O potássio baixo é característico de diarreias
persistentes e prolongadas, o que significa que o paciente não está absorvendo potássio
adequadamente e isso terá consequências em órgãos e tecidos.

4) Qual seria a terapêutica a ser implementada para tratar o Sr. João?

R: O Sr. João apesenta uma infecção bacteriana intestinal, que está causando sua
diarreia. Logo, optamos por utilizar antibióticos para o tratamento da infecção.
Se a bactéria for a Samonella, podemos utilizar ampicilina, ou a associação de SMZ+TMP.
Se a bactéria for a Shigella, optamos por ampicilina ou também a associação de
SMZ+TMP. Para tratar a desidratação podemos usar solução fisiológica 0,9% -
20mg/Kg/hora ou em bólus. Após o uso dos antibióticos, podemos administrar
probióticos, com o objetivo de repovoar a microbiota intestinal com organismos de
interesse, como Streptomices boulardii, Lactobacillus acidophilus, Bifidobacterim lactis e
Lactobacillus caseii.

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