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Faculdade de Veterinária

Curso: Ciência e Tecnologia de Alimentos

Disciplina: Biotecnologia Alimentar


Nível 4 – Semestre I

Tema:
Marco Regutatório Internacional e Nacional de Organismos Geneticamente Modificados
(OGMs)

Estudantes:
Mahumane, Érica de Sousa
Uqueio, Celina Isac

Docentes: Prof. Doutora Olívia Pedro


dr. Agnaldo Manhiça

Maputo, Maio de 2021


Índice

1. Introdução.................................................................................................................................1

2. Objectivos.................................................................................................................................2

2.1. Geral..................................................................................................................................2

2.2. Específicos........................................................................................................................2

3. Organismos Geneticamente Modificados (OGMs)..................................................................3

4. Aspectos Legislativos...............................................................................................................3

4.1. Marco regulatório Internacional........................................................................................3

4.1.1. Marco regulatório de OGMs no Brasil..........................................................................4

4.1.2. Marco regulatório de OGMs nos Estados Unidos.........................................................4

4.1.3. Marco regulatório de OGMs na União Europeia..........................................................5

4.2. Marco regulatório de OGMs em Moçambique.................................................................6

5. Conclusão.................................................................................................................................8

6. Referências bibliográficas........................................................................................................9
1. Introdução

Com a descoberta de enzimas de restrição (enzimas bacterianas), que podem ser utilizadas para
cortar em pedaços o ADN de diferentes origens que podem ser parcialmente recombinados “in
vitro”, permitiu-se a possibilidade de isolar e clonar os genes de bactérias, vírus, plantas e
animais; dando início a uma nova geração de organismos geneticamente modificados (OGMs)
(Filho, 2004). Os OGMs podem ser definidos como organismos cujo material genético (DNA)
foi alterado de modo artificial. A tecnologia geralmente é denominada “biotecnologia moderna”
ou tecnologia genética, ou também, tecnologia de DNA recombinante, ou ainda, engenharia
genética.

A gestão dos OGMs é propícia ao exame das práticas de governança ambiental, por se tratar de
actividades que lidam com bens de interesse colectivo da sociedade, como meio ambiente, saúde,
bem-estar socio-económico, valores culturais e éticos. Além disto, sobrepesam as incertezas
existentes sobre os impactos ambientais e à saúde humana e dos demais animais que possam
resultar de práticas biotecnológicas, em virtude de seu uso recente, evidenciando o conteúdo
eminentemente político das decisões tomadas (Pizella et al., 2012).

As discussões sobre OGMs motivam a criação e o desenvolvimento de um desenho de marco


regulatório, país a país, que busque harmonizar, por um lado, a preservação do meio ambiente e a
proteção da saúde humana e, por outro, a necessidade de não restringir o desenvolvimento desse
novo mercado. As realidades políticas, socio-económicas e culturais de cada país contribuirão
para o desenvolvimento desse processo (Filho, 2004).

O quadro regulatório para pesquisa, desenvolvimento, produção, circulação e comercialização de


organismos geneticamente modificados – OGMs e de atividades envolvendo transgénicas é
complexo em quase todo o mundo. E a segurança desses produtos é avaliada a partir de um
conjunto de normas, critérios e procedimentos específicos, e estão sob a responsabilidade de três
agências governamentais – United States Department of Agriculture (USDA), Environmental
Protection Agency (EPA), United States Food and Drug Agency (FDA). Cada uma actua de
maneira independente, com competências específicas, mas num sistema vinculado e coordenado
(Filho, 2004). Deste modo, o presente trabalho tem como objectivo principal falar do marco
regulatório internacional e nacional sobre OGMs.

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2. Objectivos

2.1. Geral

 Falar do marco regulatório internacional e nacional sobre Organismos Geneticamente


Modificados (OGMs).

2.2. Específicos

 Apresentar a legislação internacional sobre OGMs;


 Apresentar a legislação nacional sobre OGMs.

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3. Organismos Geneticamente Modificados (OGMs)

Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), são organismos cujo material genético


(ADN/ARN) tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia genética (Filho, 20004).
E de acordo com De Souza, et al., (2017), os OGMs podem ser caracterizados como transgênicos
ou não. Se o organismo alvo for modificado geneticamente por um ou mais genes provenientes
de um organismo da mesma espécie, este será considerado Organismo Geneticamente
Modificado (OGM). Quando esta modificação resultar de um ou mais genes provenientes de
organismo de espécie diferente, do organismo alvo, ter-se-á o Organismo Geneticamente
Modificado Transgênico (OGM-T). No caso dos transgênicos, os cruzamentos ocorrem entre
espécies diferentes.

Os organismos geneticamente modificados (OGMs) têm sido criados com objectivos muito
diversos como por exemplo, a produção de medicamentos e a produção de alimentos com
características de interesse alimentar e económico (Maria, et al., 2006).

4. Aspectos Legislativos

A legislação estabelece requisitos regulamentares que são proporcionais ao grau de risco


identificado, em conformidade com as obrigações internacionais assumidas pela comunidade
(exemplo, Protocolo de Cartagena sobre Biosegurança, Convenção sobre a diversidade
Biológica, acordos da Organização Mundial do Comércio). Por outro lado, a legislação
comunitária garante, através dos mecanismos de rotulagem e rastreabilidade dos OGM, que os
consumidores/ utilizadores façam escolhas conscientes dos produtos que estão a consumir pois
são devidamente informados da presença de OGM através de rótulo colocado na embalagem do
produto que contém OGM (Regulamento (CE) n.º 1830/2003 do Parlamento Europeu e do
Conselho) (Maria, et al., 2006).

4.1. Marco regulatório Internacional

De acordo com Dias (2014), a nível mundial têm sido implementados vários protocolos de
Biossegurança sobre Organismos Geneticamente Modificados. O protocolo de Cartagena entrou
em vigor em 2003 e assegura que o movimento transfronteiriço, a manipulação e a utilização de
organismos geneticamente modificados, resultantes da Biotecnologia moderna, não tenham
efeitos adversos na diversidade biológica, nem na saúde humana.

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A Comissão do Codex Alimentarius (CAC) é um órgão governamental internacional da FAO
(Food and Argriculture Organizanion) e da OMS, criado em 1962. Em 2003, promulgou as
diretrizes do Codex para a avaliação caso a caso do risco pré-mercado de alimentos derivados da
Biotecnologia, com base em estudos comparativos e na aplicação de medidas de gestão de risco
(Dias, 2014)

4.1.1. Marco regulatório de OGMs no Brasil

O Brasil possui, desde 1995, uma legislação de biossegurança que estabelece “normas para o uso
das técnicas de engenharia genética e liberação no meio ambiente de organismos geneticamente
modificados, autoriza o Poder Executivo a criar, no âmbito da Presidência da República, a
Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, e dá outras providências”

Para a realização de qualquer actividade envolvendo OGM e seus derivados é necessária uma
autorização da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio (3º do art. 2º da Lei no
11.105/2005) que a concede mediante a emissão do chamado Certificado de Qualidade de
Biossegurança – CQB as regras para obtenção desse Certificado, que são estabelecidas pela
própria CTNBio, por meio da Resolução Normativa nº 01/2006 (De Souza, et al., 2017).

4.1.2. Marco regulatório de OGMs nos Estados Unidos

Nos EUA a segurança dos produtos geneticamente modificados é avaliada a partir de um


conjunto de normas, critérios e procedimentos específicos, e estão sob a responsabilidade de três
agências governamentais – United States Department of Agriculture (USDA), Environmental
Protection Agency (EPA), United States Food and Drug Agency (FDA). Cada uma actua de
maneira independente, com competências específicas, mas num sistema vinculado e coordenado:

 USDA - tem a responsabilidade de proteger a agricultura americana, de modo que a


introdução de um novo OGM não cause danos aos demais cultivos. Por meio do Serviço
de Inspeção de Saúde de Plantas e Animais - APHIS, a instituição supervisiona os
campos de teste das culturas geneticamente modificadas;
 EPA - está responsável por proteger o meio ambiente, de modo que o uso das sementes
transgênicas ou de agro-químicos não prejudiquem o meio ambiente. Regulamenta as
culturas originárias da biotecnologia desenvolvidas para serem tolerantes a pragas e
insectos;

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 A FDA - é responsável por regulamentar a segurança de todos os alimentos destinados
ao consumo humano ou animal, através do monitoramento de uma série de factores,
como nutrição, segurança, potencial alergénico e toxinas, antes de aprová-los para
consumo. Também está autorizado pela retirada de circulação qualquer produto
prejudicial à saúde humana e, até mesmo, processar criminalmente o fabricante. Segundo
a FDA, a obrigação de garantir a segurança do produto é dos fabricantes e, para isso, os
produtos são amplamente testados.

As normas americanas não exigem a rotulagem de todos os alimentos geneticamente


modificados, uma vez que o FDA adota o critério da “equivalência substancial” entre o alimento
geneticamente modificado e o convencional. Estabelecem que os alimentos derivados dessa
tecnologia deverão ser rotulados se a composição ou valor nutricional do produto possuir uma
diferença significativa em comparação ao seu similar convencional, ou se apresentar risco à
saúde. A FDA também exige a rotulagem se o alimento geneticamente modificado possuir
material genético derivado de substâncias alérgicas, a menos que as pesquisas mostrem que não
há risco de alergia (Filho, 2004).

4.1.3. Marco regulatório de OGMs na União Europeia

Em Setembro de 1998, a União Europeia estabeleceu uma legislação específica e obrigatória


para produtos derivados da soja e do milho transgênicos, dando início a moratória imposta a
esses produtos no mercado europeu, amparada pelo artigo 16 da Diretiva 90/220/CEE, que
permite “limitar ou interditar, temporariamente, a colocação no mercado de produtos
geneticamente modificados”.

Entre os países que invocaram a cláusula de salvaguarda estão a França, a Alemanha e Reino
Unido. Mais tarde, no ano de 2000, a Comissão aprovou o Regulamento 49/2000 que estabelece
o limite máximo de 1 por cento para o conteúdo de OGM em certos produtos. Tal medida foi
adotada pelo facto da Comissão reconhecer que não poderia excluir a possibilidade da presença
acidental de organismos geneticamente modificados, ocorridas durante o cultivo, colheita,
transporte ou armazenamento, e passou a solicitar que os fabricantes provassem que a matéria-
prima não era derivada de produtos originados da Biotecnologia ou que a presença acidental
desses ingredientes fosse inferior a marca estabelecida (cuidados com o processo), mas não

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especifica os métodos de amostragem e testes a serem utilizados, que portanto, podem divergir
entre os Estados Membros.

As primeiras regras de rotulagem deveriam indicar o método de obtenção e características do


produto, além da informação sobre composição, valor nutricional ou seus efeitos, intenção de
uso, implicações à saúde, problemas éticos e presença de organismos geneticamente
modificados. Apesar desse entendimento, muitos dos produtos geneticamente modificados não se
enquadram, actualmente, nas normas específicas de rotulagem (Regulamentos CE 258/97, art. 8º,
CE 1.139/98, CE 49/2000 e CE 50/2000), como é o caso, por exemplo, do óleo de soja ou de
milho obtido a partir de soja e milho geneticamente modificado (Filho, 2004).

4.2. Marco regulatório de OGMs em Moçambique

Moçambique ratificou o Protocolo de Cartagena sobre a Biossegurança, em 2003. Em 2005,


Moçambique preparou um quadro legal de biossegurança com severas restrições na importação
comercial de organismos geneticamente modificados (OGM) para alimentação, ração e
processamento, assim como de importação de sementes geneticamente modificadas para o
cultivo. Mas, este cenário mudou completamente à medida que a agricultura e as políticas de
desenvolvimento começaram a sofrer fortes influências das políticas e programas regionais da
Revolução Verde, com grande enfoque para o Programa Compreensivo para o Desenvolvimento
Agrícola em África (CAADP), da União Africana (Bento, 2017).

O Governo de Moçambicano levou a cabo a reforma de políticas que favorecem a


implementação de uma agricultura moderna e mecanizada, baseada no uso de insumos, com
destaque para sementes certificadas, importação de OGMs para o consumo humano e animal,
uso de fertilizantes sintéticos, que promovem a industrialização da agricultura moçambicana.

A mudança no quadro político também forçou o Governo de Moçambique a rever o regulamento


de biossegurança (Decreto 6/2007), substituindo-o por um novo (Decreto 71/ 2014) que permite
a importação de Organismos Geneticamente Modificados para o consumo humano e animal.
Portanto, enquanto no passado a importação de grãos Geneticamente Modificados a partir da
África do Sul era apenas autorizada em situações de emergência para garantir a alimentação os
mesmos tinham que ser devidamente moídos antes de distribuídos, hoje permite-se que os

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Organismos Geneticamente Modificados sejam importados para alimentação, ração e
processamento (ACB, 2017).

Moçambique aderiu em 2009 ao projecto Milho com Eficiência Hídrica para África (WEMA) e,
em 2010, através do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), Centro
Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo (CIMMYT) e Drought Tolerant Maize for
Africa (DTMA), realizou os primeiros ensaios de milho Geneticamente Modificado Tolerante à
Seca (GM-TS) e resistente a insectos (o milho Bt).

4.3.

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5. Conclusão

Feito o trabalho, foi possível concluir que os organismos geneticamente modificados são usados
para produção de diversos medicamentos e alimentos, mas pelo facto de criarem problemas
ambientais e de saúde humana por isso existe um marco regulatório pais a pais que visa a
produção, circulação e comercialização dos produtos geneticamente modificados. A pressão
exercida pelos consumidores em relação aos organismos geneticamente modificados fez com a
União Europeia tornasse obrigatório a rotulagem dos Organismos Geneticamente Modificados.

Em Moçambique também, faz-se o uso de um regulamento que consta todos os requisitos a


seguir aquando do uso e importação de Organismos Geneticamente Modificados.

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6. Referências bibliográficas

ACB (2017). O ataque do milho Geneticamente Modificado em Moçambique: minando a


biossegurança e os camponeses. Disponível em: https://acbio.org.za Acesso a 14 de Maio de
2021.

Bento, A. (2017). A era dos Organismos Geneticamente Modificados em Moçambique. Uma


bênção divina ou maldição?. Observatório do Meio Rural. Disponível em: https://omrmz.org
Acesso a 14 de Maio de 2021.

De Souza, J. P. e De Souza, L. O. P. (2017). Jurisdicização da Transgenia: Caminho Jurídico


para Informar o Consumidor. Disponível em: www.mpsp.mp.br . Acesso a 14 de Maio de
2021.

Dias, E. B. B. (2014). Alimentos geneticamente modificados. Disponível em: https://eg.uc.pt


Acesso a 21 de Maio de 2021.

Filho, S.L.S. (2004). Regulamentação de Organismos Geneticamente Modificados.


Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br Acesso a 14 de Maio de 2021

Maria, I. e Da Silva, Q. (2006). Contributo para uma análise crítica de aspectos relacionados
com os OGM: aspectos jurídicos e éticos. Disponível em: https://ria.ua.pt Acesso a 17 de Maio
de 2021.

Pizella, D. G. e De Souza, M. P. (2012). Análise dos aspectos institucionais da regulação de


OGMs no Brasil: boas práticas de governança ambiental. Disponível em:
https://revistas.ufpr.br Acesso a 14 de Maio de 2021.

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