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6 Ano XI l Edição 49 l São Paulo l Março de 2011 l www.sindjorsp.org.

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A diretoria
ATUAçãO SINDICAL

“Jornaleiro não pode mais se


mexer quando o calo aperta”
André Kuchar

Seja pilotando um carrinho


da feira, no passeio matinal
com o animal de estimação ou
mesmo no carro a caminho do
trabalho, são raras as pesso-
as que moram nas imediações
da Rua Topázio com a Rua
Paula Nei, na Aclimação, que
não param na Banca Torres. O
“pit stop” é quase obrigatório,
mesmo que seja rápido, ape-
nas para cumprimentar o seu
dono, Paulo Torres Mendes.
Não é para menos. Com quase
40 anos de trabalho no local,
Paulinho como é tratado, es-
banja simpatia. Ele também é
O diretor Paulo Torres incentiva a participação dos jornaleiros nas ações sindicais para conseguir conquistas para todos
bastante conhecido no Sindica-
to dos Jornaleiros (Sindjorsp), consignadas nas publicações. vos de assaltos”. Ele conta que irmão que virou caminhoneiro,
onde ocupa cargo de diretor Na época, muitos não acredita- já sofreu quatro assaltos. Por Paulinho quer seguir a sua tri-
em seu segundo mandato e é ram que seríamos vitoriosos”, isso, passou a fechar a banca lha. “Tirei umas férias recente-
um dos grandes defensores das recorda. “Quando o prefeito mais cedo, por volta das 20h. mente e fiquei na estrada”.
lutas da entidade por melhores Kassab ameaçou retirar as ban- Apesar de lamentar a queda
condições para a categoria. cas da região central no ano FILHA JORNALISTA nas vendas de revistas e jornais
Diante do atual quadro ad- passado, a classe se uniu, foi às Cercado de carinho pelos e as dificuldades impostas pela
verso que os jornaleiros enfren- ruas e acalmou as suas preten- moradores locais, este cearense Prefeitura como a de proibir
tam, com concorrência desleal sões. Todos devem encarar a da cidade de Nova Russas reve- uma pequena placa de atendi-
dos pontos alternativos, aumen- luta para obter benefícios para la que chega a ganhar produtos mento “drive thru”, Paulinho
to do número de assinaturas de todos e não para si”. de amigos da vizinhança para enaltece a função de jornalei-
publicações e internet, Paulinho Sempre ao lado da categoria, brindar os clientes mais fiéis. ro e faz um balanço positivo
entende que existe uma alternati- e como não poderia ser diferen- “Temos sempre que agradar os do seu trabalho ao longo dos
va concreta de mudança. “O jor- te, Paulinho aderiu imediata- clientes”, comenta. A sua traje- anos. “Foi com essa banca que
naleiro não pode mais se mexer mente ao boicote às empresas tória na profissão começou no consegui sustentar minha famí-
quando o calo aperta. Todos têm operadoras de telefonia. “Essa fim da década de 60. “Ajudava lia, comprar meu apartamento
que estar unidos nas lutas em tor- greve é justa e os meus clien- meu irmão numa banca no Ipi- na Mooca e formar milha filha
no do Sindicato”, argumenta. tes estão entendo a nossa situa- ranga e comecei a pegar gosto como jornalista”, afirma com
E relembra as bandeiras his- ção”, explica. “Receber somente pela coisa até que consegui este ponta de orgulho. “Tenho espe-
tóricas da categoria. “Nos anos 3% de porcentagem das vendas ponto”, revela. “Naquele tem- rança de que, juntos com o Sin-
80, depois de muita mobiliza- é esmola. Ficamos com dinheiro po não havia tantos prédios na dicato, poderemos recuperar a
ção, conseguimos as vendas dos outros na banca e somos al- Aclimação”. Mas tal qual o seu dignidade dos jornaleiros”. n

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