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61022 - Introdução à Economia (2020/2021)

Parte I – Economia

4. Mercados

Margarita Arantes Salgueiro de Carvalho

Mercados de Margarita Carvalho é disponibilizado sob a


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CompartilhaIgual 4.0 Internacional
1
Índice [4. Mercados]

4. Mercados

 Leitura das páginas 129 a 161.

Nota: Para efeitos de ilustração gráfica de alguns tópicos aqui abordados foi usada como

bibliografia adicional: Mankiw, N. Gregory (2008) Principles of Economics, 5th Ed., South-

Western Cengage Learning, Mason [capítulos 4, 14 e 15].

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As várias formas de mercado – Estruturas de
Mercado

 Até agora a nossa análise incidiu no comportamento esperado do lado da


procura e da oferta, agora iremos perceber como a formação dos preços e a
conduta das empresas depende do mercado onde as mesmas operam, daí se
falar em Estruturas de Mercado.

 A distinção dos mercados pode fazer-se de acordo com o número de


participantes, quer do lado da oferta, quer do lado da procura, assim como
depende também do comportamento e interação das empresas no mercado.

 Se tivermos em conta o numero de empresas (os participantes do lado da


oferta) podemos encontrar duas situações extremas, são elas a concorrência
perfeita e o monopólio.

3
As várias formas de mercado – Estruturas de
Mercado

 Também do lado da procura, atendendo ao número de participantes, podemos


distinguir entre existir uma multiplicidade de consumidores, alguns ou apenas
um (monopsónio).

 Naturalmente que mesmo existindo um única empresa (monopólio), o seu


comportamento dependerá do tipo de procura, não sendo o comportamento do
monopolista igual consoante se depare com um único comprador ou com uma
multiplicidade de compradores.

 De seguida apresentam-se dois quadros-resumo que apresentam as diferentes


estruturas de mercado atendendo ao número de participantes (quadro V.1,
Porto, 2019: 130) e atendendo à relação entre a estrutura de mercado e a
conduta das empresas (quadro V.2, Porto, 2019: 131).

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As várias formas de mercado – Estruturas de
Mercado

Quadro V.1, Porto, 2019: 130


Oferta
Muitas unidades Uma unidade Algumas
Procura pequenas grande unidades grandes

Muitas unidades Concorrência


Monopólio Oligopólio
pequenas bilateral

Uma unidade Monopólio Monopsónio


Monopsónio
grande bilateral limitado
Algumas
Monopólio Oligopólio
unidades Oligopsónio
limitado bilateral
grandes

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As várias formas de mercado – Estruturas de
Mercado
Quadro V.2, Porto, 2019: 131
Situações de
mercado Concorrência Concorrência
Oligopólio Monopólio
perfeita monopolística
Critérios

Número de
muitas muitas algumas uma
empresas

Dimensão pequenas pequenas grandes grande

Produto similar diferenciado - -

ajustamento
Comportamento polipolístico oligopolístico monopolístico
de quantidade

Domínio sobre o
nulo reduzido grande total
preço

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As várias formas de mercado – Estruturas de
Mercado

 As empresas podem assim inserir-se em várias estruturas de mercado que se


distinguem pelo grau concorrencial e pela rivalidade, destacaremos aqui a
concorrência perfeita, monopólio, concorrência monopolística e oligopólio,
sendo estas três últimas consideradas formas de concorrência imperfeita.

 O modelo da Oferta e da Procura dá-nos a conhecer os instrumentos básicos de


análise de mercados perfeitamente concorrenciais e que permitem aos agentes
económicos compreender:
‒ como se determinam os preços e as quantidades transacionadas num
determinado mercado;
‒ analisar cenários de alterações no mercado;
‒ avaliar o impacto da intervenção do Estado através do controlo de preços,
da fixação de salários mínimos ou da limitação das quantidades
transacionadas;
‒ analisar o impacto da tributação e da concessão de subsídios sobre os
consumidores e as empresas.

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As várias formas de mercado – Estruturas de
Mercado

 A procura e a oferta são as forças condutoras dos mercados. Na ausência de


intervenção do Estado, a oferta e a procura conduzem os mercados ao
equilíbrio, determinando o preço e a quantidade transacionada de cada bem ou
serviço.

 A forma como os preços e as quantidades evoluem ao longo do tempo depende


das características particulares da oferta e da procura e, em particular, da forma
como estas reagem às alterações que vão ocorrendo no enquadramento
económico.

 Seguiremos uma abordagem marshalliana de equilíbrio parcial (vejam a este


propósito (Porto, 2019: 58), ou seja, concentraremos a nossa atenção na
análise de um mercado, ignorando as consequências sobre outros mercados.

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Procura e Oferta e Equilíbrio de Mercado

 Equilíbrio de mercado: situação em que o preço atingiu o nível em que a


quantidade oferecida é igual à quantidade procurada.

 Preço de equilíbrio: preço que equilibra a quantidade oferecida e a quantidade


procurada.

‒ Graficamente corresponde a situação em que as curvas da oferta e da


procura se cruzam.

 Os conceitos de procura de mercado e oferta de mercado tornam esta noção de


interação mais precisa: o preço de um bem num mercado concorrencial é
determinado pela interação da oferta de mercado com a procura de mercado do
bem.

‒ quando o conjunto dos consumidores e dos produtores se «encontram» no


mercado, é possível determinar se existe equilíbrio nesse mercado e qual o
preço e a quantidade que compatibilizam os interesses dos vendedores e
dos compradores.
9
Procura e Oferta e Equilíbrio de Mercado

 Se recordamos os exemplos de oferta e de procura de mercado de gelados


(tema 2 e 3):

Preço cone de Procura de Oferta de


gelado mercado (QDM) mercado (QSM)
$0,00 19 0

$0,50 16 0

$1,00 13 1

$1,50 10 4

$2,00 7 7

$2,50 4 10

$3,00 1 13

 O preço e a quantidade de equilíbrio acontecem no ponto em que as intenções


se encontram, ou seja, quando as curvas se cruzam: PE = $2 e QE = 7

10 Nota: PE : preço de equilíbrio; QE : quantidade de equilíbrio


Procura e Oferta e Equilíbrio de Mercado

 Graficamente, temos:

 Ao preço de equilíbrio não existe nem escassez nem excedente (tanto na


perspetiva da procura como da oferta).

11
Procura e Oferta e Equilíbrio de Mercado

 Para percebermos como é determinado o preço deste bem, vamos supor que o
preço do bem é $1,50. A este preço vemos que os consumidores estão
dispostos a comprar 10 unidades do bem. A este mesmo preço, a Figura mostra
que os produtores estão dispostos a oferecer apenas a 4 unidades de bem.

 Ao preço $1,50 ocorre, no mercado, uma situação de escassez ou excesso de


procura (shortage)

12
Procura e Oferta e Equilíbrio de Mercado

 A esse preço, a quantidade que os produtores aceitam vender é inferior à que


os consumidores desejam comprar e, por conseguinte, nem toda a procura é
satisfeita.

 Em situações de escassez, o preço tem tendência a subir. A um preço mais


elevado, a quantidade que os vendedores desejam vender aumenta, ao passo
que a quantidade que os consumidores querem comprar diminui. Voltando à
figura, vemos que quando o preço sobe para $2,00 os produtores estão
dispostos a aumentar a quantidade oferecida de 4 para 7. Por sua vez, os
consumidores reduzem a quantidade procurada de 10 para 7. Ao preço PE a
quantidade que os consumidores desejam comprar é exatamente igual à
quantidade que os vendedores desejam oferecer.

13
Procura e Oferta e Equilíbrio de Mercado

 Vamos supor agora que o preço é mais alto ($2,50). Este preço corresponde ao
ponto da curva da procura que indica que os consumidores estão dispostos a
comprar 4 unidades do bem. A este mesmo preço, a curva da oferta indica que
os vendedores colocariam no mercado 10 unidades do bem.

 Ao preço de $2,50 ocorre, no mercado, uma situação de excedente ou excesso


de oferta (Surplus)

14
Procura e Oferta e Equilíbrio de Mercado

 A esse preço, a quantidade oferecida é maior que a quantidade que os


consumidores desejam comprar e os vendedores não conseguem vender toda a
quantidade produzida.

 Em situações de excedente, o preço tem tendência a baixar. De facto, ao baixar


o preço os consumidores vão procurar uma quantidade maior enquanto os
vendedores vão reduzir a quantidade oferecida; a quantidade oferecida vai-se
aproximando da quantidade procurada; quando o preço baixa para PE a
quantidade procurada é QE e a quantidade oferecida iguala a quantidade
procurada. Dizemos então que o mercado está em equilíbrio.

15
Procura e Oferta e Equilíbrio de Mercado

 O preço de qualquer bem ajusta-se para mover a quantidade oferecida e a


quantidade procurada de um bem em direção ao equilíbrio.

 Este resultado do livre funcionamento do mercado concorrencial garante a


eficiência na afetação, o que significa que se maximizam os ganhos mútuos
através das trocas.

‒ Dizer que se maximizam os ganhos mútuos através das trocas significa


que não existe outra forma de consumidor e produtor chegarem a acordo
que não seja ao preço de equilíbrio.

 Assim, o preço de equilíbrio é aquele que satisfaz simultaneamente os


compradores e os vendedores. A quantidade de equilíbrio é a quantidade
máxima que é possível transacionar, dadas as condições da oferta e da procura.

NOTA: A análise de funcionamento do mercado que aqui temos considera que o mercado
funciona livremente (sabemos, no entanto, que o Estado poderá intervir por considerar
que o funcionamento do mercado se desvia daquilo que seria desejável).

16
Procura e Oferta e Equilíbrio de Mercado

 A representação gráfica das curvas da procura e da oferta pressupõe que todos


os outros fatores determinantes da procura e da oferta se mantêm constantes, a
posição destas curvas e, portanto, a posição do equilíbrio depende dos valores
desses outros fatores.

 Aqui analisaremos a passagem de um equilíbrio a outro equilíbrio, sem


atendermos à dinâmica dos ajustamentos produzidos (análise estática).

 Três passos para analisar variações no equilíbrio de mercado:

1. Decidir se o evento faz deslocar a curva da oferta ou da procura (ou


ambas).

2. Decidir se a(s) curva(s) se desloca(m) para a esquerda ou para a direita.

3. Usar gráficos da procura e da oferta para ver como a mudança afeta o


preço e quantidade de equilíbrio

17
Procura e Oferta e Equilíbrio de Mercado

 Vamos começar por analisar o efeito sobre o equilíbrio do mercado de um


aumento da procura. Como sabemos, um aumento (ou diminuição) da procura
pode ter origem em vários fatores (já analisados no Tema 2).

 Consideremos aqui uma aumento da procura de gelados como resultado de um


aumento das temperaturas (verão, p.ex.).

 O aumento da procura de um bem traduz-se, graficamente, numa deslocação


da curva da procura para a direita (de D1 para D2). Admitindo que não ocorrem
alterações do lado da oferta, o aumento da procura faz com que o equilíbrio
mude, aumentando o preço e a quantidade de equilíbrio.

 O equilíbrio inicial correspondia a PE1 = $2,00 e QE1 = 7, agora o novo equilíbrio


corresponde a PE2 = $2,50 e QE2 = 10.

18
Procura e Oferta e Equilíbrio de Mercado

Nota: Se se tratasse de uma diminuição da procura de um bem a análise seria semelhante


contudo, graficamente, ocorreria uma deslocação da curva da procura para a esquerda.
Admitindo que não ocorrem alterações do lado da oferta, a diminuição da procura faria
reduzir o preço e a quantidade de equilíbrio.
19
Procura e Oferta e Equilíbrio de Mercado

 Analisemos agora o efeito sobre o equilíbrio do mercado de uma diminuição da


oferta. Como sabemos, um diminuição (ou aumento) da oferta pode ter origem
em vários fatores (já analisados no Tema 3).

 Consideremos aqui uma diminuição da oferta de gelados como resultado da


ocorrência de um sismo.

 A diminuição da oferta de um bem traduz-se, graficamente, numa deslocação da


curva da oferta para a esquerda (de S1 para S2). Admitindo que não ocorrem
alterações do lado da procura, a diminuição da oferta faz com que o equilíbrio
mude, aumentando o preço e diminuindo a quantidade de equilíbrio.

 O equilíbrio inicial correspondia a PE1 = $2,00 e QE1 = 7, agora o novo equilíbrio


corresponde a PE2 = $2,50 e QE2 = 4.

20
Procura e Oferta e Equilíbrio de Mercado

Nota: Se se tratasse de um aumento da oferta de um bem a análise seria semelhante


contudo, graficamente, ocorreria uma deslocação da curva da oferta para a direita.
Admitindo que não ocorrem alterações do lado da procura, o aumento da oferta faria reduzir
o preço e a aumentar a quantidade de equilíbrio.
21
Procura e Oferta e Equilíbrio de Mercado

 De notar, no entanto, que os empresários são confrontados com eventos que


conduzem simultaneamente a alterações na oferta e na procura.

 A título de exemplo apresenta-se uma possível deslocação de ambas as curvas


(note-se que existem outras possibilidades e que são também muitos os fatores
que, em simultâneo, podem afetar a procura e oferta e, consequentemente, o
equilíbrio de mercado. No entanto, para efeitos de análise, a simplificação é
importante pois permite-nos a analisar os efeitos de determinadas alterações,
do lado da procura e/ou da oferta, considerando assim o efeito no equilíbrio
dessa alteração em concreto, considerando que tudo o mais permanece
constante).

 Imaginemos, por exemplo, que se regista um aumento da procura de gelados


(de D1 para D2) em resultado da subidas das temperaturas mas que, em
simultâneo, ocorre uma redução da oferta (de S1 para S2 ) em consequência do
sismo.

22
Procura e Oferta e Equilíbrio de Mercado

 Neste exemplo, a combinação dos dois efeitos conduziu a um aumento do preço


de equilíbrio (de P1 para P2) e a uma diminuição da quantidade de equilíbrio (de
Q1 para Q2).

 NOTA: quando ocorre um aumento da procura e uma diminuição simultânea da oferta, o


preço de equilíbrio aumenta, contudo a quantidade de equilíbrio pode aumentar ou diminuir
dependendo da magnitude relativa das variações na oferta e na procura (neste caso, a
redução da oferta tem maior intensidade que o aumento da procura).
23
Procura e Oferta e Equilíbrio de Mercado

Exercício de demonstração:

Considere o mercado de refrigerantes caracterizado pelas seguintes funções de


procura e oferta:
20 2 e 10 3

i. Determine o equilíbrio de mercado e represente graficamente.

O equilíbrio de mercado é caracterizado pela igualdade entre a procura e a oferta


de mercado (QD=QS). Assim:

20 2 10 3 ⇔ 20 10 3 2 ⇔ 10 5 ⇔ 2

Para 2, então 16 (substituindo na função oferta ou na função procura


obtemos o preço de equilíbrio, )

Na função procura: 20 2 2 16

Na função oferta: 10 3 2 16

24
Procura e Oferta e Equilíbrio de Mercado

Graficamente:

25
Procura e Oferta e Equilíbrio de Mercado

ii. Qual será a quantidade transacionada ao preço de 19? E ao preço de 12?

 Ao preço P = 19 os vendedores estão dispostos a oferecer 3 unidades do bem,


mas os consumidores só estão dispostos a comprar 0,5 unidades; há excesso
de oferta; a quantidade transacionada é de 0,5 unidades de bem.

Se P = 19:

Na função procura: 19 20 2 ⇔ 19 20 2 ⇔ 1 2 ⇔ 0,5

Na função oferta: 19 10 3 ⇔ 19 10 3 ⇔9 3 ⇔ 3
 Ao preço P = 12 os vendedores só estão dispostos a oferecer,
aproximadamente 0,7 unidades do bem, mas os consumidores estão dispostos
a comprar 4 unidades; há excesso de procura; a quantidade transacionada é de
0,7 unidades de bem.

Se P = 12:

Na função procura: 12 20 2 ⇔ 12 20 2 ⇔ 8 2 ⇔ 4

26 Na função oferta: 12 10 3 ⇔ 12 10 3 ⇔2 3 ⇔ 0,7


Funcionamento do mercado – Estruturas de Mercado

 Até agora assumimos na nossa análise que os mercados são concorrenciais,


considerando assim que estes mercados possuem algumas características
essenciais para serem considerados competitivos.

‒ Um mercado competitivo é aquele em que existem muitos compradores e


vendedores e cada um tem um impacto insignificante sobre o preço de
mercado.

 A oferta e a procura traduziam assim o comportamento das pessoas na sua


interação com os outros nos mercados.

 Em análise económica, a primeira forma de mercado que se estuda é o


mercado de concorrência perfeita;

27
Funcionamento do mercado – Estruturas de Mercado
(Concorrência Perfeita)
A concorrência perfeita apresenta algumas características fundamentais:

 O sector é fragmentado, ou seja, compreende um vasto número de


compradores e vendedores – atomicidade.

 Os produtos são indiferenciados, ou seja, os consumidores percecionam os


produtos de forma idêntica, não encontrando diferenças entre o bem
vendido por diferentes vendedores – homogeneidade.

 Os agentes, nomeadamente, consumidores têm informação perfeita sobre


os preços praticados por todos os produtores, sobre a qualidade do bem e
demais condições do mercado – informação perfeita (transparência).

 Os produtores num mesmo setor têm igual acesso aos recursos existentes
(tecnologia, fatores de produção…), podendo livremente entrar e sair do
mercado – ausência de barreiras.

28
Funcionamento do mercado – Estruturas de Mercado
(Concorrência Perfeita)
Como resultado das suas características, o mercado perfeitamente competitivo
tem os seguintes resultados:

 As ações de um único comprador ou vendedor no mercado têm um impacto


insignificante sobre o preço de mercado.

 Cada comprador e vendedor percebe o preço de mercado como ‘dado’.


Compradores e vendedores devem aceitar o preço determinado pelo mercado –
são tomadores do preço (Price Takers).

‒ Dado que os produtores aceitam o preço como dado (o preço estabelecido


pelo mercado), a curva da procura que cada produtor enfrenta é uma linha
horizontal ao nível desse preço (procura perfeitamente elástica). Só existe
procura para aquele preço.

29
Funcionamento do mercado – Estruturas de Mercado
(Concorrência Perfeita)
 Como vimos no Tema 3, a empresa concorrencial aumentará a oferta até que a
curva do custo marginal intersete a curva do preço que corresponde, como
vimos, a receita marginal (nota: a condição P = Cmg ocorre para empresas em
concorrência perfeita).

 Observa-se também que:

‒ Como o preço é dado, então a receita total (RT) é proporcional à


quantidade da produção.

‒ Sendo a Receita Média (Rmed) dada por RT/Q = (P x Q) / Q = P, em


concorrência perfeita a receita média é igual ao preço do bem.

‒ Sendo a Receita Marginal (Rmg) a mudança na receita total em resultado


de uma unidade adicional vendida dada por Rmg =∆RT / ∆Q, para as
empresas competitivas, a receita marginal é igual ao preço do bem.

30
Funcionamento do mercado – Estruturas de Mercado
(Concorrência Perfeita)
 A figura mostra como uma empresa competitiva responde a um aumento no
preço. Quando o preço é P1, a empresa produz a quantidade Q1 (P=Cmg).
Quando o preço sobe para P2, a empresa descobre que a receita marginal é
agora maior do que o custo marginal ao nível anterior de produção, então a
empresa aumenta a sua produção. A quantidade que agora maximiza os lucros
é Q2, em que o custo marginal é igual ao preço novo e mais elevado.

 No final, a curva de custo


marginal da empresa determina
a quantidade do bem que a
empresa está disposta a
fornecer a qualquer preço, e
será portanto a curva da oferta
da empresa competitiva.

31
Funcionamento do mercado – Estruturas de Mercado
(Concorrência Perfeita)
 A figura seguinte (Porto, 2019: 137) apresenta as curvas da oferta e procura do
mercado e a situação de equilíbrio (P1 e Q1). No gráfico da direita encontramos
a situação de maximização do lucro para a empresa, para a qual a quantidade
oferecida (q1), corresponde à interseção da curva da oferta com o preço,
verificando-se assim a condição: P = Cmg = Rmg.

Nota: Cm corresponde ao Custo Médio (Cmed) e C’ corresponde


ao Custo Marginal (Cmg)
32
Funcionamento do mercado – Estruturas de Mercado
(Concorrência Perfeita)
 A existência de lucro pressupõe que a empresa considere o custo médio
(Cmed), sendo o lucro dado por: Q x (P-Cmed).

Nota: Cm corresponde ao Custo Médio (Cmed) e C’ corresponde


ao Custo Marginal (Cmg)

33
Funcionamento do mercado – Estruturas de Mercado
(Concorrência Perfeita)
 Pela análise da figura percebe-se que existe lucro (>0), pois P1 > Cmed
(graficamente o lucro corresponde a área a sombreado).

 Dada a situação de lucro e a possibilidade de empresas entrarem e saírem


livremente, muitas empresas, considerando o mercado atrativo, entrarão no
mercado fazendo aumentar a oferta, tal se refletirá numa descida do preço de
mercado.

 A diferença entre o preço (P) e o custo médio (Cmed) diminuirá, diminuindo


assim o lucro.

 O aumento da oferta só deixa de acontecer quando o mercado deixa de


ser atrativo – o que ocorre quando P = Cmed (na figura isto ocorre quando
se chega à oferta S2, levando ao estabelecimento do preço P2).

 No ponto em que o preço é igual ao mínimo do custo médio, a empresa


está a produzir com lucro nulo.

34
Funcionamento do mercado – Estruturas de Mercado
(Monopólio)
Enquanto uma empresa competitiva é “tomadora” de preço, uma empresa
monopolista é quem define esse preço.

 Uma empresa é considerada monopolista se:

‒ é a única vendedora de um produto.

‒ esse produto não tem substitutos próximos.

 A causa fundamental do monopólio é a existência de barreiras à entrada.

‒ Propriedade de um recurso-chave (embora a propriedade exclusiva


de um recurso-chave ser uma fonte potencial de monopólio, na prática
raramente surgem monopólios por este motivo).

‒ O governo dá a uma única empresa o direito exclusivo de


produzir/vender um bem (leis de patentes e direitos de autor são dois
exemplos importantes de como o governo cria um monopólio para
servir o interesse público).

35
Funcionamento do mercado – Estruturas de Mercado
(Monopólio)
‒ Custos de produção tornam um único produtor mais eficiente do que
um grande número de produtores (uma indústria é um monopólio
natural quando uma única empresa pode fornecer um bem ou serviço
a um mercado inteiro a um custo menor do que poderiam duas ou
mais empresas).

 Decisões de produção e preços num monopólio (Monopólio versus


Competição):

Monopólio Empresa Competitiva


 É o único produtor  É um dos muitos produtores
 Enfrenta uma curva da procura  Enfrenta uma curva da procura
negativamente inclinada horizontal
 É um “fabricante” de preço (Price Maker)  É um “tomador” de preço (Price Taker)
 Reduz o preço para aumentar as vendas  Vende tanto ou tão pouco pelo
mesmo preço

36
Funcionamento do mercado – Estruturas de Mercado
(Monopólio)

Curvas da Procura em monopólio vs concorrência

 Porque as empresas competitivas são “tomadoras” de preços, enfrentam uma


curva de procura horizontal (a).

 Porque uma empresa monopolista é o único produtor no seu mercado, enfrenta


a curva de procura de mercado negativamente inclinada (b).

37
Funcionamento do mercado – Estruturas de Mercado
(Monopólio)
Analisando a receita do monopolista, vemos que:

 Receita Total (RT) = P x Q

 Receita Média (Rmed) = RT / Q = P

 Receita marginal (Rmg) = ΔRT / ΔQ

Observa-se também que:


 A receita marginal do monopolista é sempre menor do que o preço do seu
bem.
 Quando num monopólio o preço cai para se vender mais uma unidade, a
receita recebida de unidades vendidas anteriormente também diminui.
 Assim, quando o monopólio aumenta a quantidade que vende, tem dois
efeitos sobre RT (P x Q):
‒ O efeito output – Vendem-se maiores quantidades (Q é maior).
‒ O efeito preço - O preço cai (P é menor).

38
Funcionamento do mercado – Estruturas de Mercado
(Monopólio)

Consideremos a seguinte informação para um monopolista:

Quantidade Preço Receita total Receita média Receita Marginal


(litros) RT (€) Rmed (€) Rmg (€)
0 1.1 0 -- --
1 1 1 1 1
2 0.9 1.8 0.9 0.8
3 0.8 2.4 0.8 0.6
4 0.7 2.8 0.7 0.4
5 0.6 3.0 0.6 0.2
6 0.5 3.0 0.5 0
7 0.4 2.8 0.4 -0.2
8 0.3 2.4 0.3 -0.4

39
Funcionamento do mercado – Estruturas de Mercado
(Monopólio)

Graficamente:

 A curva de procura mostra como a quantidade afeta o preço do bem.


 A curva de receita marginal mostra como varia a receita da empresa quando a
quantidade vendida aumenta 1 unidade. Porque o preço em todas as unidades
vendidas cai quando o monopólio aumenta a sua produção, então a receita
marginal é sempre inferior ao preço.
40
Funcionamento do mercado – Estruturas de Mercado
(Monopólio)
 O monopolista maximiza o lucro produzindo a quantidade em que:
‒ A receita marginal é igual ao custo marginal.
‒ De seguida, utiliza a curva da procura para encontrar o preço que irá
induzir os consumidores a comprar essa quantidade.

Esta figura mostra a curva do custo marginal – Marginal Cost (Cmg), a curva da receita
marginal – Marginal Revenue (Rmg), a curva da Procura – Demand (D) e a curva do custo
41 médio – Average Total Cost (Cmed).
Funcionamento do mercado – Estruturas de Mercado
(Monopólio)
 Para uma empresa monopolista, o preço é superior ao custo marginal:

P > Rmg = Cmg

 O lucro iguala a receita total menos os custos totais:

Lucro = RT – CT = (RT /Q - CT /Q) x Q = (P - Cmed) x Q

O monopolista vai
receber lucros
enquanto o preço for
maior que o custo total
médio.

42
Funcionamento do mercado – Estruturas de Mercado
(Monopólio)
 O poder de mercado permite ao monopolista praticar discriminação de preços.

‒ A discriminação de preços consiste em praticar preços diferentes para


segmentos de consumidores diferentes, de acordo com a sua disposição
para pagar.

‒ A empresa discrimina preços na medida em que consegue identificar


grupos de consumidores com elasticidade-preço da procura diferentes,
cobrando assim diferentes preços.

‒ A discriminação de preços tem efeitos positivos na medida em que pode


aumentar os lucros do monopolista.

43
Funcionamento do mercado – Estruturas de Mercado
(Concorrência Monopolística)
Trata-se de uma forma de mercado intermédia com caraterísticas de concorrência
perfeita e de monopólio, caraterizando-se, entre outras, essencialmente por:

 Multiplicidade de empresas ;

 Heterogeneidade (contrariamente à concorrência perfeita os bens são


diferenciados).

A diferenciação do bem permite às empresas em concorrência monopolística deter


um poder sobre o mercado que não existe na concorrência perfeita (ex.:
restaurantes, produtos alimentares, calçado).

 Existindo diferenciação a curva da procura que a empresa enfrenta já não


é perfeitamente elástica (como em concorrência perfeita), mas antes uma
curva da procura semelhante àquela com que se depara o monopolista.

 Assim sendo, a curva da receita marginal estará abaixo da curva da


procura e a maximização do lucro ocorre quando a Rmg = Cmg (tal como
na situação de monopólio).
44
Funcionamento do mercado – Estruturas de Mercado
(Concorrência Monopolística)
 Sendo certo que existem mais empresas a operar no mercado, a existência
de lucro poderá atrair novas empresas o que poderá fazer com que o preço
caia, deixando o mercado de ser atrativo quando o custo médio igualar o
preço.

 Um outro aspeto (que não ocorre na concorrência perfeita) é o facto de as


empresas suportarem custos relacionados com a diferenciação dos
produtos (ex. publicidade), tendo por isso custos mais elevados.

45
Funcionamento do mercado – Estruturas de Mercado
(Oligopólio)
 O oligopólio é caraterizado pela existência de poucas empresas no mercado.

 Um pequeno número de empresas é responsável pela totalidade ou pela maior


parte da produção.

 Os produtos podem ser diferenciados ou homogéneos.

 Em alguns mercados de oligopólio, as empresas (todas ou algumas) obtêm


lucros substanciais no longo prazo, uma vez que as barreiras à entrada tornam
difícil ou impossível a entrada de novas empresas.

 Os produtores determinam os preços: cada uma das empresas sabe que a sua
decisão de produção terá um efeito direto e indireto sobre o preço de mercado;
a curva de procura de cada uma das empresas é negativamente inclinada.

 Os produtores comportam-se estrategicamente, antecipando a reação dos rivais


quando tomam decisões.

46
Funcionamento do mercado – Estruturas de Mercado
(Oligopólio)
 Existe interação estratégica:

‒ A decisões de preço, produção, publicidade e investimento envolvem


considerações estratégicas importantes.

‒ Como há poucas empresas na indústria, cada empresa tem de considerar


cuidadosamente a forma como as suas escolhas podem afetar as
empresas concorrentes, e antecipar de que forma essas empresas vão
reagir.

 Exemplos: operadoras móveis, emissão televisiva, cerveja.

47

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