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A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NA INDÚSTRIA AERONÁUTICA E A GESTÃO DA


REGULAMENTAÇÃO XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE
PRODUCAO

Conference Paper · October 2014

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Angelo José Castro Alves Ferreira Filho


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XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10
Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.

A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NA
INDÚSTRIA AERONÁUTICA E A
GESTÃO DA REGULAMENTAÇÃO
ANGELO JOSE CASTRO ALVES FERREIRA FILHO
(UNITAU )
angelo.ferreira@hotmail.com

Pela natureza de seu produto final, a inovação tecnológica é bastante


relevante dentro da indústria aeronáutica, uma vez que atualmente
uma aeronave da categoria transporte, por exemplo, apresenta um
elevado grau de inovação tecnológica, e pelo fato de se ter um
processo de homologação, um tanto complexo e rigoroso para um
determinado projeto, muitas vezes se torna um grande desafio, não
somente para um fabricante de aeronaves, mas também para a
autoridade aeronáutica local.

Por outro lado, a regulamentação aeronáutica deve zelar pelo


âmbito da segurança de voo, e da aeronavegabilidade continuada.
Esta é a missão principal dos órgãos homologadores aeronáuticos, e
que com a tendência do aumento da inovação tecnológica torna-se um
grande desafio a atualização e a evolução desta regulamentação.

Assim, o presente artigo pretende apresentar as tendências, e os


desafios desta inovação tecnologia e da evolução da regulamentação
aeronáutica.

Palavras-chaves: : Inovação Tecnológica. Indústria Aeronáutica.


Regulamentação.Aeronavegabilidade.
XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10

Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.

1. Introdução

Pela natureza de seu produto final, a inovação tecnológica é bastante relevante dentro da
indústria aeronáutica, uma vez que atualmente uma aeronave da categoria transporte, por
exemplo, apresenta um elevado grau de inovação tecnológica, e pelo fato de se ter um
processo de homologação, um tanto complexo e rigoroso para um determinado projeto,
muitas vezes se torna um grande desafio, não somente para um fabricante de aeronaves, mas
também para a autoridade aeronáutica local.

Por outro lado, a regulamentação aeronáutica deve zelar pelo âmbito da segurança de voo, e
da aeronavegabilidade continuada. Esta é a missão principal dos órgãos homologadores
aeronáuticos, e que com a tendência do aumento da inovação tecnológica torna-se um grande
desafio a atualização e a evolução desta regulamentação.

Assim, o presente artigo pretende apresentar as tendências, e os desafios desta inovação


tecnologia e da evolução da regulamentação aeronáutica.

2. A inovação tecnológica no setor aeronáutico

O termo inovação implica na combinação de novas maneiras para projetar ou produzir um


tipo de configuração de um determinado produto ainda não previamente conhecido. Neste
sentido, a inovação inclui tanto o conceito de uma nova mudança tecnológica tanto para uma
empresa como para a economia como também alguma novidade ou mudança difundida na
economia que passa a ser adotada por uma empresa ou companhia (Narayanan, 2001).

De acordo com Oliveira e Paulino (2009), o setor aeronáutico é considerado estratégico do


ponto de vista do desenvolvimento tecnológico e da geração de empregos qualificados e
figura como prioritário nas políticas públicas direcionadas ao desenvolvimento industrial e à
inovação tecnológica. Trata-se de um setor condicionado pela internacionalização da
produção e do desenvolvimento tecnológico.

Pensando em indústria de alto conteúdo tecnológico, em interface com um mercado


extremamente específico, torna-se fundamental o acesso a recursos financeiros através de
órgãos de fomento, de mão-de-obra técnica para P&D (pesquisa e desenvolvimento), de
credibilidade e confiabilidade em relação à marca de seus produtos, capacidade gerencial e

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logística, para que possa se manter em uma posição de mercado assegurando a continuidade e
a competitividade (Alem; Cavalcanti, 2005).et al. (2000) abordam que as características do
sistema de inovação estão embasadas em um sistema composto por um fluxo de relações de
interdependência entre diversos agentes/atores. As organizações são diferenciadas em relação
aos seus objetivos, o que reflete na divisão do trabalho e na geração e utilização do
conhecimento.

Um dos aspectos fundamentais na aplicação da abordagem sistêmica da inovação é a escolha


do nível de agregação do objeto ao estudo. A partir deste entendimento e da própria trajetória
evolucionista dos sistemas de inovação condicionada pelos efeitos da globalização, pode se
estabelecer diversos recortes da realidade ou dimensões de atuação dos sistemas de inovação
(OLIVEIRA;PAULINO, 2009).

A indústria aeronáutica assim como outros segmentos da indústria também busca o


investimento em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, tanto no nível de produto,
como em sistemas da aeronave (por exemplo, em sistemas de aviônica), como em processos
produtivos (novas tecnologias de produção, como material composto, e solda a laser, por
exemplo).

A evolução da inovação tecnológica da indústria aeronáutica tem seu início durante a era de
ouro da aviação, especialmente na década de 1930, onde várias melhorias técnicas
possibilitaram a construção de aviões maiores, que podiam percorrer distâncias maiores, voar
em altitudes maiores e mais rapidamente, e podiam assim carregar mais carga e passageiros.

Um símbolo da era de ouro da aviação é o Douglas DC-3. Este monoplano, equipado com um
par de propulsores, começou seus primeiros voos em1936. O DC-3 tinha capacidade para 21
passageiros, e velocidade de cruzeiro de 320 km/h. Tornou-se rapidamente o avião comercial
mais usado na época. Esta aeronave também é vista como uma das aeronaves mais
importantes já produzidas.

Outro marco importante foi o desenvolvimento da turbina a jato na Alemanha, assim como a
implementação de cabines pressurizadas nas aeronaves de forma a permitir voos em altitudes
mais elevadas.

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Diversas empresas e companhias aéreas surgiram ao redor do mundo longo deste período, e
alguns fabricantes de aeronaves, e até mesmo fornecedores de peças e equipamentos passaram
a representar uma parcela expressiva da economia de certos países.

Entre os fabricantes de aeronaves, pode-se mencionar, por exemplo, a norte-americana


Boeing, que com seus mais de 80 anos de experiência no mercado aeronáutico, lançou no
mercado aeronaves consagradas como as séries da família B737, B747, B757, B767, B777, e
que recentemente através da inovação tecnológica de seus produtos também lançou no
mercado as aeronaves da família B787 (Dream Liner) com inovações importantes como a
aplicação de material composto em mais de 50% da fuselagem, e também a aplicação de
baterias de lítio no sistema elétrico do B787.

Um outro grande fabricante europeu, a Airbus, com o Airbus A320 trouxe muitas inovações
em relação ao seu mais direto competidor, incluindo cabine de passageiros mais larga e
espaçosa, baixo custo operacional e winglets. Mas a principal inovação do projeto do A320
foi o sistema de comandos de voo Fly-by-wire (FBW). Até então, esse sistema fora utilizado
somente em algumas aeronaves militares e no supersônico comercial Concorde, além da
substituição dos manches tradicionais por side-sticks.

Com base nestas inovações, os fornecedores também se desenvolveram de forma a atender


aos novos requisitos de mercado, e com isso, a indústria aeronáutica como um todo teve um
ganho no que se refere ao desenvolvimento de novas tecnologias tanto aplicada ao produto,
como também aos processos produtivos. No caso dos processos produtivos, pode-se citar, por
exemplo, a introdução do processo de solda denominado Friction Stear Welding (FSW), ou
solda por fricção, que apesar de já ter aplicação em outros segmentos da indústria, mas passa
também a ser utilizado na indústria aeronáutica.

3. A regulamentação aeronáutica: um breve histórico

Segundo Teixeira (2007), toda atividade aeronáutica civil é regulamentada e essa


característica é decorrente do aprendizado histórico de que a aviação só pode estabelecer-se
como uma atividade comercial se a segurança de vôo estiver em primeiro lugar, e oferecer aos
usuários a garantia de que esse sistema não apresenta riscos além dos mínimos aceitáveis à

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integridade das pessoas e de bens transportados (estimado como sendo da ordem de um


acidente catastrófico em 1.000.000 de decolagens).

Uma aeronave é, em princípio, um meio de transporte que requer uma análise muito
cuidadosa, de modo a garantir que todas as precauções de segurança sejam tomadas. Para esta
finalidade, a autoridade de homologação aeronáutica estabelece regulamentos e normas que
visam minimizar os problemas de segurança de uma aeronave. Assim, um avião é um meio de
transporte seguro, desde que se cumpram todos os requisitos de aeronavegabilidade e
operacionais (IAKIMOFF, 2001).

O desenvolvimento do ambiente regulatório aeronáutico remonta ao período após a 1a Guerra


Mundial, quando se dá então a “descoberta” do potencial aeronáutico (até então visto apenas
como atividade para fins experimentais ou militares). Nesse período assiste-se ao nascimento
de um grande número de fabricantes aeronáuticos como Lockheed, Douglas, Vought, Fokker,
Boeing, Fleet, Waco, Curtiss, Stinson, Bellanca dentre outros, e esse aumento do tráfego
aéreo foi proporcionalmente acompanhado pelo aumento do número de acidentes
aeronáuticos (HEPPENHEIMER, 2000).

A ampla divulgação sensacionalista para a sociedade civil acaba por levar à crença de que a
atividade aeronáutica era por si muito arriscada e é nesse período também que se começa a
perceber que tais índices de acidentes estavam associados à falta sistemática de controle de
aspectos como o projeto das aeronaves, fabricação, materiais/processos utilizados, operação
das aeronaves, manutenção, treinamento das tripulações e infra-estrutura aeroportuária e de
controle de tráfego aéreo (TEIXEIRA, 2007).

Após 2a Guerra Mundial, o excedente de aviões usados a um custo muito baixo disponibilizou
uma grande frota de aeronaves fazendo com que o transporte aéreo de passageiros e de cargas
se consolidasse como economicamente viável e passasse a ser utilizado em larga escala.

Em 1944 realiza-se a Convenção de Chicago, que leva à criação da ICAO (International Civil
Aviation Organization) que é a agência da ONU responsável pelo estabelecimento de padrões
internacionais, práticas e procedimentos recomendados cobrindo os aspectos técnicos,
econômicos e legais de todo o sistema de aviação civil internacional, promovendo assim a
orientação ao sistema internacional de regulamentação da atividade aeronáutica, em todos os
aspectos supra mencionados (TEIXEIRA, 2007).

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Atualmente a regulamentação aeronáutica é feita a nível nacional pela autoridade de aviação


civil de cada país (ANAC , FAA , EASA, TCCA, etc.) e o desafio dessas agências
reguladoras é o de promover ao mesmo tempo a segurança de vôo (Flight Safety), a segurança
dos usuários (Security), a eficiência do sistema aeronáutico e o crescimento sustentado dessa
importante atividade econômica, através de políticas e regras que gerenciem todos os elos do
sistema aeronáutico (TEIXEIRA, 2007).

De um modo geral, os requisitos aeronáuticos tiveram a sua origem na experiência adquirida


ao longo tempo na operação das aeronaves, assim como também devido a eventos e acidentes
aeronáuticos ocorridos em, um dos países pioneiros na aviação que é o próprio Estados
Unidos.

A base de regulamentos ou requisitos definidos pelo FAA (Federal Aviation Administration)


é referência para todos os países designatários da ICAO.

Com relação ao processo de elaboração, e revisão da regulamentação, o FAA forma o


denominado ARAC (Advisory and Rulemaking Committees) para estabelecimentos de novas
regras,e procedimentos ou até mesmo de um novo requisito que irá fazer parte da
regulamentação aeronáutica. Entretanto todo este processo envolve consulta pública a toda
comunidade aeronáutica, como fabricantes de aeronaves, companhias aéreas, e empresas
fornecedoras de produtos aeronáuticos para que se tenha um entendimento comum no caso da
aplicação de um novo requisito, ou da necessidade de mudança na regulamentação.

4. Os desafios da inovação na indústria aeronáutica

Segundo Andersen (2000) abordam que as características do sistema de inovação estão


embasadas em um sistema composto por um fluxo de relações de interdependência entre
diversos agentes/atores.

Narayanan (2001) menciona que podem ser distinguidos quatro tipos de organizações no
ambiente da inovação tecnológica, dividindo-se entre instituições desenvolvedoras, e
facilitadoras assim como instituições públicas e privadas que atuam em conjunto neste
processo de inovação tecnológica.

Desta maneira, os desafios da inovação tecnológica consistem no estabelecimento de um


processo de inovação que apresente uma estratégia de inovação definida, com uma cadeia de

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valores e organizações estruturadas, e definidas de forma que o objetivo de desenvolvimento


de novos produtores inovadores seja alcançado.

Permitindo desta maneira que uma determinada empresa mantenha-se competitiva no seu
mercado de atuação.

Com relação à indústria aeronáutica, as estratégias no que tange a competitividade, estão


baseadas fundamentalmente nas reduções de custos, produção customizada com maior
flexibilidade, integração e rapidez na produção, e entrega de aeronaves, além da globalização
de fases do processo produtivo e especialização em atividades de desenvolvimento do produto
(BERNARDES; PINHO , 2003).

Desta maneira, o estabelecimento de parcerias com empresas fornecedoras, e instituições de


pesquisa é de fundamental importância neste processo de inovação tecnológica.

Um exemplo deste tipo de parceria envolvendo instituições públicas e privadas na indústria


aeronáutica, pode ser visto nos Estados Unidos, especificamente na região de Wichita que
abriga o melhor cluster de aviação conhecido no mundo, e é sempre referenciada como a
“Capital aérea do mundo” (Air Capital), aonde aeronaves e componentes de aeronaves são
fabricados e produzidos com o conhecimento adquirido em aproximadamente 90 anos de
experiência (craftsmanship).

O Estado de Wichita (USA) oferece um dos maiores pólos de trabalho, e redes de


fornecedores da indústria aeroespacial no mundo, abrigando empresas como a Boeing
Defense, Space & Security; Bombardier Learjet; Cessna Aircraft; e Beechcraft Corp.

A história de Wichita na aviação tem também contribuído bastante para o avanço em termos
de legislação no âmbito da aviação.

Outros importantes polos da indústria aeronáutica também se estabeleceram em diversos


países como o Canadá e o Brasil.

Com base no exposto acima, é possível observar que o ambiente regulatório representa um
item de fundamental importância na definição da estratégia competitiva das empresas do setor
aeronáutico, e de seus respectivos governos (Figura 1), na medida em que uma regulação
tanto excessivamente liberalizante, como restritiva ou mesmo sem uma boa gestão irá

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sobrepujar a dinâmica do mercado, e afetar negativamente a eficiência, o dinamismo e a


perpetuidade da empresa (ou mesmo de todo o setor em determinado país) (TEIXEIRA,
2007).

Figura 1 – Estratégia competitiva e ambiente regulatório

Impacto do ambiente
regulatório na
Indústria
Aeronáutica

Fonte: Teixeira (2007) - Adaptado de Porter (2000)

Desta maneira é necessário que a regulamentação procure sempre acompanhar a inovação


tecnológica de forma a permitir do ponto de vista estratégico das empresas, o seu
desenvolvimento assim como também do ponto de vista regulatório, requisitos e normas
atualizadas para garantirem a segurança e a operação de novas aeronaves.

O tópico a seguir apresentará uma breve definição do conceito de empresa jurídica


credenciada que indica ser uma possível sugestão de solução para a questão da gestão da
regulamentação aeronáutica mediante a inovação tecnológica da indústria.

4.1. O conceito de ODA (Organization Designation Authorization)

De acordo com o Order 8100.15A do FAA (Federal Aviation Administration), datado de


Junho de 2011 estabelece o programa de uma organização credenciada - ODA (Organization
Designation Authorization), onde certos tipos de atividades da autoridades podem ser

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delegadas as organizações. Este mesmo Order do FAA apresenta como devem ocorrer a
qualificação, a seleção e o acompanhamento do programa ODA nas organizações.

Este tipo de programa adotado a principio pelo FAA, mas que também já possui extensão
deste programa na Europa pela EASA (European Aviation Safety Agency), de certa forma
procura atender esta questão da gestão da regulamentação aeronáutica mediante a inovação
tecnológica por parte da indústria, deste que obviamente se tenha ao mesmo tempo uma
evolução da regulamentação por parte dos órgãos homologadores aeronáuticos, e ao mesmo
tempo o compromisso da indústria em cumprir rigorosamente com esta evolução da
regulamentação.

No documento do FAA , 8 tipos de Organizações ou Empresas Credenciadas (ODA) são


apresentados:

- Certificação de Tipo;

- Certificação de Produção;

- Certificação Suplementar de Tipo;

- Detentor de TSOA;

- Aeronavegabilidade, Modificações, e Reparos Maiores;

- Avaliação de Pessoal (Airman Knowledge Testing);

- ODA para Operadores (Air Operator ODA).

Com base na definição de uma ODA, é esperada uma melhora na gestão da regulamentação
aeronáutica, tanto por parte da autoridade aeronáutica quanto por parte da empresa ou
organização.

Esta melhora na gestão poderá ser refletida na maior agilidade do processo para a organização
envolvida, e ao mesmo tempo permitir que a autoridade aeronáutica ou o órgão homologador
dedique um maior tempo para a gestão da regulamentação.

5. Conclusão

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Com base no que fora apresentado neste artigo, pode-se mencionar que o desafio entre a
inovação tecnológica e a gestão da regulamentação aeronáutica é grande, entretanto soluções
existem, e uma delas foi apresentada no item 4.1 a respeito da definição de uma ODA.

Entretanto sabe-se que ainda existe um longo caminho a ser percorrido, de forma a se obter
um nível de amadurecimento e mesmo do entendimento deste assunto, ainda mais em países
com uma indústria aeronáutica recente como é o caso do Brasil.

De certa forma, uma importante conclusão, a respeito deste assunto é que todos os envolvidos
nessa questão tenham em mente a importância de que a segurança de voo seja garantida, e
assim permitir cada vez mais uma aeronavegabilidade continuada , e uma regulamentação
atualizada com a inovação tecnológica.

REFERÊNCIAS

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HEPPENHEIMER, Thomas. A Brief History of Flight , John Wiley & Sons, Inc., 2000, U.S.

IAKIMOFF, Andre. Apostila de Homologação Aeronáutica, EMBRAER, São José dos


Campos, SP, 2001.

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NARAYANAN. Managing Technology and Innovation for competitive advantage,


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OLIVEIRA, Fernando Bueno. PAULINO, Sonia Regina. Desenvolvimento do sistema de


inovação: o estabelecimento da indústria aeronáutica na região administrativa central
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PORTER, Michael. What is strategy, Harvard Business Review, 2000.

TEIXEIRA, Gustavo. Impactos da regulamentação nas estruturas de mercado e no


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História da Aviação e do Controle de Tráfego Aereo. Acesso ao site:


http://pt.shvoong.com/books/1870575-hist%C3%B3ria-da-avia%C3%A7%C3%A3o-
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Federal Aviation Administration (FAA). Acesso ao Site: www.faa.gov, acesso em 26/11/2013


as 22:00 hs.

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http://www.gwedc.org/key_industries-aerospace.php, acesso em 05/12/13 as 22:40 hs.

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