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Daniel Barbo (2008) afirma que o Banquete e o Fedro de Platão revelam uma
relação erótica e pedagógica ideal entre um adulto (o amante) e um jovem (o amado)
na Atenas Clássica. Os parceiros, além de pertencerem a categorias de idade
distintas, possuem diferentes estatutos cívicos: o adulto é cidadão pleno na
democracia ateniense e o jovem só obterá cidadania plena aos vinte anos de idade.
Além do mais, o desejo erótico nessa relação não é recíproco: o adulto é sujeito do
desejo e o jovem, o objeto. No mundo grego antigo, as condutas eróticas não eram
classificadas pelo gênero dos participantes, isto é, amor entre um homem e uma
mulher ou amor entre dois homens; elas eram classificas em virtude da atividade e da
passividade erótica. Ser eroticamente ativo é ser virial, qualquer que seja o gênero do
parceiro passivo. A mulher é eroticamente passiva por natureza. Quanto aos jovens
atenienses, por não serem ainda cidadãos plenos, podiam ser submetidos à
passividade erótica sem desonra. Tal era a dicotomia que balizava as relações
eróticas na antiguidade clássica: a passividade erótica era, no caso dos greco-
romanos, um ato degradante para um cidadão, enquanto a atividade afirmava a sua
superioridade e a sua masculinidade.
Aristófanes diz que os que são corte do masculino, enquanto são jovens,
gostam da amizade dos homens. São os melhores garotos e jovens, pois eles têm
natureza mais viril, e fazem isso por coragem e virilidade. Quando amadurecem, os
que são desse tipo “provam ser homens numa carreira pública” e amam os jovens
dando pouca atenção a casamento e procriação, mesmo que a isso sejam forçados
por lei ou costume. Idealmente, o erastés está imbuído pela paixão erótica, possuído
por éros. Esse responde com a amizade, imbuído que está da philía por seu erastés.