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Introdução às Ciências Físicas

Aula 1: O método cientí�co

Apresentação
Desde os primeiros passos da humanidade nas ciências, interagindo com a natureza, com fenômenos físicos, químicos,
biológicos, médicos etc., sempre foi muito comum nossos antepassados associarem tais fenômenos às suas divindades
e crenças religiosas, ou cultura religiosa, sem quaisquer questionamentos que hoje faríamos baseados no método
cientí�co.

Na verdade, ainda hoje, precisamos estudar, re�etir, e aprimorar habilidades para compreender a metodologia cientí�ca.
Provavelmente, argumentando por hipótese, se um de nós tivesse acesso a uma nova tecnologia ou conhecimento
completamente transformador sobre o qual não compreendêssemos seus fundamentos cientí�cos, certamente muitos de
nós apontariam o detentor dessa tecnologia como alguém divino, mesmo conhecendo os critérios do método cientí�co.
Não seria possível distinguir essa ciência desconhecida de um fenômeno sobrenatural ou associado ao sentimento
religioso de cada um que o experimentasse.

Uma questão mais delicada ainda é se nossa ciência preenche completamente os requisitos do método cientí�co, se não
carrega em suas conclusões, crenças ideológicas, culturais ou religiosas, passando-se por ciência. Como, então, podemos
distinguir ciência de crenças? Não vamos adentrar questões religiosas, mas apenas discutir a metodologia cientí�ca do
que chamamos o método cientí�co. Vamos discutir o que é ciência e trazer à tona um pouco de nossa história.

Objetivos
• De�nir a metodologia cientí�ca;

• Explicar o que é ciência;

• Relembrar alguns momentos históricos da ciência.


 (Fonte: StockPhotosArt / Shutterstock).

Cientista ou divindade?
Vamos imaginar, para argumentar, que um ser humano teve contato com uma civilização inteligente extraterrestre, jamais
conhecida. Vamos ainda supor que esta pessoa humana recebeu conhecimentos médicos sobre nossa �siologia humana,
estrutura molecular e genética, com saberes de cura de algumas doenças que nos a�igem, como viroses altamente resistentes,
cânceres letais, en�m, doenças e questões de medicina para as quais não temos cura ou solução ainda.

Vamos continuar nossa hipótese considerando que essa pessoa, com esses conhecimentos, tenha recebido autorização para
usá-los sem, no entanto, revelá-los. Não é difícil imaginar que essa pessoa seria alçada a patamares divinos, certo? Seria um
semideus, diriam alguns.

Mesmo que isso ocorresse nos dias de hoje, com toda a nossa ciência, não
poderíamos saber como aquelas doenças e problemas médicos foram
curados. Fatalmente, reverenciaríamos essa pessoa sábia como alguém
enviado pelos céus.

Se alguém teorizasse, por exemplo, que essa pessoa poderia ter adquirido esses poderes de outra civilização. Com certeza, a
população afetada com as tais doenças elevaria as mãos ao “semideus” não se importando com a hipótese levantada, ainda
que muito razoável.
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Comentário

Essa pequena paródia, mais parecida com um �lme de �cção cientí�ca, serve para nos mostrar o quanto somos frágeis em
relação as nossas limitações cientí�cas.

 (Fonte: Zakharchuk / Shutterstock).

Preocupação com o Universo


Nos últimos anos, quando a Física estava por acreditar que faltava pouco para compreendermos a natureza universal, com
todo o conhecimento adquirido ao longo de séculos e com o trabalho de milhares e milhares de cientistas, quando estava
focada na tentativa de terminar o trabalho iniciado por Einstein, que cogitou uma teoria uni�cada das interações universais, um
pequeno grupo de Astrofísicos estava preocupado em saber se nosso Universo estaria expandindo, contraindo ou se seria
estacionário, como previsto nas soluções das equações da relatividade geral do mesmo Einstein.

Após um trabalho de alguns anos, envolvendo grande desenvolvimento de técnicas de rastreamento de Supernovas tipo 1A
(estrelas em colapso gravitacional que emitem radiação como um farol de navegação e, dessa forma, permitem que se possa
usar essas informações para triangular sua localização a partir do deslocamento para o vermelho dessa radiação), a
conclusão desse grupo, que já não era tão pequeno, tamanha a relevância de suas descobertas desde o início, foi de que nosso
Universo visível está em expansão acelerada.

Comentário

Isso causou um choque em toda a comunidade física mundial, pois isso não era previsto nem imaginado. Se estávamos em
expansão, acreditava-se que seria com desaceleração, pois a força gravitacional universal é atrativa, e, assim, o Universo
visível deveria desacelerar, se em expansão.

Contudo, todos os dados foram revistos e revistos por mais grupos, que re�zeram medidas de todas partes, de todos os
radiotelescópios. A conclusão foi que aquele grupo tinha razão: nosso Universo está em expansão acelerada. Isso foi por volta
do início dos anos 2000.
Leitura

Leia o texto Estimando a distância de galáxias.

O que isso tem a ver com método cientí�co?


Essa história recente que nos afeta diretamente é interessantíssima, mas qual sua conexão com o método cientí�co?

Após esse baque, que afetou todos os físicos do mundo, o caminho a seguir era o do método cientí�co, com seus fundamentos
de:

1 2

Experimentação Hipótese
Ou observação dos fenômenos. Sobre o que ocorre fenomenologicamente.

Tese
Com uma conclusão testada e veri�cada.

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Mesmo sob o impacto da con�rmação, pois isso signi�ca que no futuro do nosso Universo, já que acelerado em expansão,
todas a matéria visível se afastará com velocidade tão grande — velocidade luminal, acreditam alguns — que a luz estelar não
nos alcançará e então teremos um Universo visível sem estrelas, pois estarão tão distantes e tão velozes que sua luz não
chegará até nós.

Outros cientistas a�rmam que não só teremos um Universo escuro, mas toda a matéria se expandirá e deixará de existir como
a conhecemos.

Atenção

Percebeu o tamanho do impacto? É incrível! Mas e o método cientí�co? O que tem a observação de fenômenos, a
hipotetização do que ocorre e a tese de conclusão testada a ver com isso?

Tem tudo a ver. Os físicos, agora investidos em detetives de fenômenos desconhecidos, se propuseram: “Se já temos fatos,
fenômenos, resta-nos seguir o método cientí�co e lançar hipóteses sobre o que está ocorrendo para que possamos
confrontar as ideias com as observações”.
 Matéria Escura

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Matéria Escura
Muitas hipóteses foram lançadas, mas lembraram que já se tinha sugerido a existência de uma forma de matéria não
visível que talvez explicasse alguns fenômenos gravitacionais de problemas do passado.

A hipótese lançada, então, era a seguinte: “Deve haver outro tipo de matéria, não visível, que não interage com a
eletrodinâmica e, por isso, não a vemos. Deve ser tão esparsa que não a tínhamos percebido, e ser tão presente no
Universo que é capaz de mudar nosso destino, acelerando a expansão universal com uma força gravitacional que pode
ser oposta, repulsiva”.

Novamente parece uma história de �cção cientí�ca, não é mesmo? Mas essa hipótese foi confrontada? Sim! E,
incrivelmente, ela estava correta.

Por meio de técnicas de detecção indiretas, conseguiu-se mapear, ainda que inicialmente, essa fonte gravitacional, que
passamos a chamar de Matéria Escura.

E, mais incrível ainda, conseguiu-se medir a proporção dessa Matéria Escura e da Energia Escura (forma de radiação
que também não interage com fenômenos eletrodinâmicos, comparado ao que era conhecido, a matéria e energia
visível).

A resposta é que somente 4% da Matéria-Energia do nosso Universo é visível, 96% é composto de Matéria-Energia
Escura. Hipótese acertada.

Agora, resta-nos o modelo e a tese para tentar compreender esses fenômenos escuros.

Já temos um arsenal de ataque ao problema: satélites observadores, radiotelescópios adaptados para interferências
gravitacionais escuras e um grande Laboratório de Detecção de Ondas Gravitacionais (LIGO), além de tentativas de
obtenção de interação gravitacional com Matéria Escura em laboratórios.

Então, não temos ainda uma tese sobre o que é a Matéria Escura e a Energia Escura, mas vamos seguir a metodologia
cientí�ca, observando os fenômenos, analisando e tratando estatisticamente os dados gerados e coletados,
formulando hipóteses sobre todos esses dados e seus fenômenos mensurados, propondo modelos matemáticos e
físicos que expliquem os dados confrontados com as hipóteses, e, se funcionarem os modelos sobre as hipóteses
embasados nos dados das observações, teremos �nalmente uma tese, leis físicas que explicarão o que observamos e
o que vamos ainda observar.

Essa é a aventura da ciência. Devemos seguir essa metodologia cientí�ca.

Três fundamentações do método cientí�co


A metodologia cientí�ca é o estudo do processo seguido para alcançar os propósitos do método cientí�co.

Como vimos, o método cientí�co apresenta três fundamentações: experimentação, hipótese e tese. A partir de agora,
estudaremos detalhadamente essas fundamentações.
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Experimentação 

Por experimentação, temos a observação dos fenômenos, sejam físicos ou não. Qualquer fenômeno requer
experimentação, ou observação.

Antes de mais nada, sem nos apegarmos a crenças, ideologias, dogmas, opiniões, devemos observar os fenômenos por
experimentação. Qualquer fenômeno cientí�co é passível de observação.

Pode ser um fenômeno humano, psicológico, biológico, físico. Qualquer fenômeno precisa ser primeiramente observado
por experimentos amplos, não limitadores das observações, isentos, livres de crenças e ideologias.

Os dados gerados por esses experimentos devem ser completamente respeitados. Esses, sim, são sagrados, no sentido
de que devem ser reverenciados, para usar uma palavra nem sempre útil ao pensamento livre de crenças.

Crenças devem ser respeitadas, é claro, mas do ponto de vista humano, �losó�co, não devendo interferir nas observações
da natureza, para citar uma área cientí�ca.

A isenção do ato de experimentar é fundamental ao método. O experimento, a observação, deve e precisa ser isenta.

Para se ter noção desse preceito, hoje em dia, o observador físico ideal deve ser uma máquina, um detector, um sensor.
Deve apenas medir, isentamente, placidamente, sem pensamentos, sem opiniões, sem sentimentos.

Um ser humano tem enorme di�culdade em ser assim isento. Por isso, o ideal hoje em dia, é que dados sejam medidos,
em experimentos, por máquinas. Só então seguirão para a fase seguinte da metodologia: a hipótese.

Hipótese 

Por hipótese, formulada por seres humanos, temos o que pensamos que está ocorrendo, o que está produzindo tais
fenômenos observados. Propomos, então, hipóteses, sugestões do que acontece, dos fenômenos, dos mecanismos, da
matemática, dos processos, dos meios. En�m, tudo que possa ter produzido os dados observados com o intuito de
formular modelos ou modelagens.

Modelo ou modelagem é uma fase da hipotetização, a transformação das ideias hipotéticas em moldes, estruturados,
articulados, que expliquem os mecanismos, os fenômenos observados a partir de delimitações.

Na mecânica de Newton, por exemplo, com suas leis de Newton e todo o resultado de séculos de estudo da mecânica do
movimento, que culminou com a Mecânica Newtoniana, em nenhum momento os fenômenos térmicos são introduzidos
diretamente (temperatura, calor etc.).

Isso não signi�ca que Newton não os conhecia, mas que optou pela modelagem dos fenômenos mecânicos do
movimento sem as complexidades adicionais das ciências térmicas (tópico que trataremos em uma próxima aula).

Assim, os modelos tratam as hipóteses de forma a simpli�car as possíveis respostas e dúvidas sobre os fenômenos
que produziram os dados experimentados. Um modelo é uma simpli�cação de fenômenos, idealizado. Estará sempre
limitado às suas concepções iniciais.

A partir de modelos hipotéticos, poderemos adicionar outras complexidades para avançar na compreensão dos
fenômenos pesquisados.

Exemplo
O problema do Oscilador Harmônico Simples é modelado como um problema unidimensional, sem qualquer fricção
(atrito) e sem forças externas.
A partir da compreensão das soluções e fenomenologia deste modelo, concordando com os experimentos, introduzimos
outra complexidade. Então, teremos o modelo do Oscilador Harmônico Amortecido, quando incluímos fricção, e do
Oscilador Harmônico Amortecido Forçado, quando introduzimos, além de fricção, força externa harmônica.

O mesmo vale para a modelagem do problema do Pêndulo Simples, que podemos incluir atrito e então teremos o
problema do Pêndulo Amortecido e assim por diante.

A modelagem é parte fundamental inerente à hipótese, delimitando a questão em parâmetros menos complexos. Assim,
podemos a�rmar, com toda certeza, que todos os modelos físicos, que resultaram em leis físicas, são delimitados em
intervalos de validade de escala de energias e de dimensões e são todos modelos efetivos da realidade física.

A Mecânica Newtoniana é uma teoria efetiva do estudo do movimento mecânico dos corpos rígidos, ou seja, ela não tem
condições de explicar fenômenos térmicos, ou as velocidades próximas à velocidade da luz e fenômenos quânticos.

Isso signi�ca que essa teoria tem limite de validade de baixas velocidades, quando comparada à velocidade da luz,
dimensões não quânticas, não explicando fenômenos do Universo das partículas fundamentais e ou de escalas pequenas,
nem tampouco elucidando fenômenos de larga escala do Universo, regidos pela Relatividade Geral.

Essa delimitação dos modelos, das teorias e das leis físicas é recorrente. Todas as teorias físicas são, por assim dizer,
efetivas. Após a propositura de um modelo teórico ou fenomenológico, seguimos para a confrontação do modelo
proposto com os dados observados experimentalmente.

Teste dos modelos


Nesta fase, também fundamental, os modelos serão testados, dentro de seus limites de validade e parametrizações
hipotetizadas, confrontando dados obtidos da experimentação e da observação.

Por meio de grá�cos, com tratamento estatístico, expõe-se os dados dos fenômenos com curvas representativas dos
mesmos fenômenos, muitas vezes utilizando dados simulados, gerados pelo modelo de simulação, com curvas teóricas
ou teórico-simuladas.

Atualmente, com o desenvolvimento das simulações computacionais, o confronto de resultados não é realizado somente
por via de curvas grá�cas, mas também por simulações dos fenômenos completos em computador.

Com o confronto de resultados, modelo x fenômeno, dentro de parâmetros das ciências estatísticas, e quando
reproduzidos os mesmos resultados por diferentes grupos de pesquisadores e laboratórios, chega-se às conclusões
necessárias para se propor uma tese ou teoria.

Exemplo
Em 2013, depois da construção do Large Hadron Colider (LHC) ou Grande Colisor de Hadrons, dois grupos cientí�cos, o
ATLAS e o CMS, no mesmo acelerador de partículas do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (CERN), confrontando
resultados teoria x fenomenologia, depois de coletarem dados, observando por 3 anos colisões de altíssimas energias
entre núcleos atômicos, após testarem, reparametrizarem e ajustarem o acelerador por 5 anos antes, chegaram a uma
das mais aguardadas conclusões da física das partículas fundamentais, sobre um modelo teórico proposto décadas
antes (a descoberta do Bóson de Higgs): a partícula geradora de massa do Modelo Padrão das Partículas
Fundamentais.

Esse é um belíssimo exemplo do método cientí�co. O modelo padrão foi proposto por Weinberg, Salam e Glashow na
década de 1960 para explicar fenômenos então observados e uma possibilidade de uni�cação das interações
fundamentais. Para isso, um mecanismo de geração de massa e equilíbrio deveria existir. Um modelo teórico.

Passados 50 anos, depois de descobrir todas as partículas previstas no modelo, que foi ganhando mais complementos e
complexidades com a evolução do conhecimento, ao longo dos anos 1970 em diante, sempre por meio da
experimentação em aceleradores de partículas, já que não tínhamos dados observados naturalmente, foi necessário
construir os experimentos, com seus laboratórios, para, en�m, observar o que havia sido modelado a partir de hipóteses
de fenômenos.

Logo, nos dias de hoje, temos a Teoria Padrão das Partículas Fundamentais. Mesmo que ainda tenhamos problemas na
teoria, os fenômenos mais importantes foram comprovados experimentalmente.
Tese ou teoria 

Com o acordo entre hipóteses, com sua modelagem, dentro dos limites estabelecidos nessas hipóteses, confrontados os
resultados do modelo com os experimentos, pelos testes cientí�cos com rigores estatísticos e veri�cação dos resultados
por outros grupos cientí�cos, pode-se, então, elevar o modelo ao status de tese.

Dessa forma, de acordo com o método cientí�co, a teoria é o estágio �nal de uma investigação cientí�ca, quando não
restam mais dúvidas quanto aos aspectos mais fundamentais de um fenômeno.

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 (Fonte: LookerStudio / Shutterstock).

Ciência
Tudo que puder ser medido, mensurado, com técnicas metrológicas, estatísticas, de forma isenta, livre de dogmas e crenças,
livre de aspectos ideológicos ou religiosos, e puder seguir o caminho do método cientí�co e sua metodologia, absolutamente
tudo que cumprir esses requisitos, será considerado ciência.

Então, Ciência é tudo que pode ser medido?

Sim, de forma simpli�cada, tudo que for medido (e isso exige a compreensão do que seja medida, tema que ainda iremos
estudar), o ato de observar a natureza, ou um fenômeno outro, isentamente, sem interferências, sem pré-conceitos, crenças
quaisquer, que respeite a teoria da medida (a impossibilidade de associar exata precisão ao dado medido, que considera as
imperfeições das medidas e suas imprecisões), seguirá para a fase de modelagem inerente à metrologia.

No entanto, para que tenhamos teses, precisaremos propô-las em hipótese e testá-las confrontando com a metrologia. Assim,
temos o método cientí�co completo.
Exemplo

Isso ocorrerá mesmo que seja uma área de estudo mais �losó�ca, como o Direito, que estuda as leis e suas aplicações? Sim.

Vamos supor que um determinado Juiz de Execuções Penais, que lida com os detentos e apenados pela Justiça, queira
levantar informações sobre a efetividade e resultados de modelos de cumprimento de penas diferentes.

Necessariamente, esse juiz terá que identi�car os diferentes modelos a comparar, agrupando os detentos por classes de
periculosidade, tamanho da pena, tipos criminais, idade, sexo, educação etc., e fazer um levantamento estatístico dos
resultados quanto à efetividade da pena, tranquilidade das casas de detenção, recorrência dos libertados.

Ao �nal, deve comparar as estatísticas, da forma mais isenta possível, para cienti�camente comparar os modelos de
cumprimento de penas. Assim, o método cientí�co também alcançará o campo das ideias �losó�cas quando a medida estiver
em questão.

Cientistas famosos
Arquimedes
O primeiro cientista a seguir o que chamamos de método
cientí�co foi Arquimedes (287-212 a.C.).

A história nos relata que ele recebeu uma encomenda do Rei


de Siracusa, sua cidade, que, naquela época, fazia parte da
Grécia antiga. O rei acreditava que algumas de suas joias da
coroa não eram constituídas somente de ouro, contendo
materiais menos nobres.

Então, solicitou a Arquimedes que veri�casse isso e lhe


respondesse se suas joias eram constituídas de outros
metais além do ouro.

 Arquimedes. (Fonte: MATEMATICANDO)

 Arquimedes

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Arquimedes
Após re�etir sobre a questão, por muito tempo, Arquimedes encontrou a solução do problema real.

Era hábito, na época, que os nobres tomassem banho em casas de banho, pois não havia costume e condições de
fazê-lo em casa.
Arquimedes se dirigiu a uma dessas casa de banhos e, quando mergulhou em uma das banheiras, percebeu que a
água transbordava à medida que mergulhava.

Ele notou, assim, que o volume de água transbordado era igual ao volume de seu corpo.

Não é preciso dizer como foi brilhante, para a época, a observação desse fenômeno, a construção de uma hipótese, a
propositura de um modelo que explicasse o fenômeno, o teste desse modelo e, ao �nal, uma tese, que conhecemos
como o Princípio de Arquimedes.

Depois, ele comparou as massas em ouro e as joias da coroa real mergulhadas em água e pode a�rmar quais joias
continham outros metais, pois os materiais possuem certa densidade volumétrica e ocupam volume espacial
proporcional a sua massa.

Uma peça de ouro puro de 500g ocupa determinado volume e faz derramar esse volume de água se mergulhado. Se
outra peça, também de 500g, porém misturada com outros metais, for mergulhada, deverá derramar volume de água
diferente, assim indicando ter outros materiais em sua composição.

O curioso nessa história é que, quando Arquimedes percebeu que tinha encontrado a solução do problema real, deixou
os banhos correndo nu pela cidade até seu laboratório, para testar sua hipótese com o modelo do empuxo, gritando
pela cidade a palavra histórica “Eureka”, que signi�ca “Descobri”. Arquimedes, assim, deu início ao método cientí�co.

Galileu Galilei
Séculos mais tarde, Galileu Galilei (1564-1642, d.C.),
conhecido como o teórico do empirismo, aquele que nos
ensinou didaticamente que a experimentação física era
fundamental à compreensão dos fenômenos da Natureza,
nos descreveu detalhadamente seus métodos cientí�cos, de
observação e experimentação, a isenção necessária do
observador, a proposição de hipóteses e contra hipóteses, a
modelagem de um fenômeno, o teste do modelo e a teoria.

 Galileu Galilei. (Fonte: Wikipedia)

 Galileu Galilei

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Galileu Galilei
Em seu famoso livro Discorsi e dimostrazioni matematiche intorno a due nuove scienze, attenenti alla meccanica e i
movimenti locali, Galileu registrou suas observações, suas hipóteses, seus modelos e suas conclusões
fenomenológicas, ou seja, tendo por fundamento a experiência natural, mesmo sem os recursos atuais, ele descreveu
os fenômenos de fricção e como o movimento se processa sem fricção, o que é algo genial.

Em sua descrição sobre a queda livre de uma pena e uma bola de canhão, ele nos ensinou a pensar de forma isenta,
analisando cada efeito e a ausência deste, chegando à correta conclusão que tanto a pena quanto a bola de canhão
chegariam ao solo simultaneamente na ausência de atrito com a ar.

Depois de Galileu, cujos ensinamentos nos foram deixados como legado, não podemos desconsiderar o poder do
método cientí�co para toda a ciência e para a humanidade.

Atividade
1. Qual a diferença entre metodologia cientí�ca e método cientí�co?

2. Por que hoje em dia o observador físico ideal é uma máquina?

3. Comente a a�rmação: “Sempre que observo um fenômeno da natureza, busco em meu interior, em minhas experiências de
vida, a resposta ao que observei”.

4. Anos atrás, um cientista a�rmou ter encontrado um Monopolo Magnético, uma partícula de carga magnética, não prevista na
teoria eletrodinâmica de Maxwell. Essa busca era o desejo de Paul M. Dirac para explicar a origem da quantização da carga
elétrica. No entanto, toda a comunidade física que se dispôs a repetir o experimento descrito por esse cientista não conseguiu
observar o tão procurado Monopolo Magnético. O que você diria que ocorreu?

a) Os demais cientistas simplesmente não conseguiram encontrar o Monopolo Magnético.


b) O trabalho descrito pelo descobridor do Monopolo Magnético era falso.
c) O Monopolo Magnético não foi observado com os preceitos do método cientí�co e, portanto, os demais cientistas não conseguiram
reproduzir o experimento.
d) Os demais cientistas não tinham os recursos necessários ao experimento.
e) Os demais cientistas falsearam resultados para não divulgarem suas descobertas.

Referências
NUSSENZVEIG, H. MOYSÉS. Curso de Física Básica. Volumes 1, 2, 3 e 4. São Paulo: Ed. Edgar Blücher, 1998.

PIACENTINI, Joao J.; GRANDI, Bartira C. S.; HOFMANN, Márcia P.; de LIMA, Flavio R.R.; ZIMMERMANN, Erika. Introdução ao
laboratório de Física. Florianópolis: Ed. UFSC, 2012.

SEARS & ZEMANSKY; YOUNG, H.; FREEDMAN, R. A. Física I, II, III e IV. 12. ed. São Paulo: Pearson, 2009.

Próxima aula

• O princípio da medida em física.

Explore mais

• Assista ao vídeo A bola de canhão e a pena de Galileu Galilei.;

• Experimente o simulador do problema de um pêndulo, onde se pode adicionar atrito e ajustar a massa e o comprimento
do �o: Projeto Phet - Interactive Simulations, da University of Colorado, Boulder;

• Leia a matéria Bóson de Higgs: divulgada foto mais nítida da partícula, da Revista Galileu.

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