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SELEÇÃO DE MATERIAIS

MECÂNICOS
PROPRIEDADES
TÉRMICAS E SELEÇÃO
DE MATERIAIS
Autor: Dra. Roberta Paye Bara
Reviso r: Allan Berbert

I NI CI AR
introdução
Introdução
Para iniciar uma seleção de materiais, é imprescindível compreender as
propriedades dos materiais, incluindo propriedades térmicas. Dentre as
propriedades térmicas, destacam-se a condutividade térmica e a expansão
térmica, a qual definirá a dilatação ou a contração dos materiais com a
alteração da temperatura.

Dessa forma, analisaremos as propriedades térmicas e, após isso, serão


abordados os tópicos relacionados às diversas propriedades dos materiais,
destacando-se as mais utilizadas e a representação destas por meio de
diagramas, nos quais será possível identificar o comportamento dos
materiais conforme suas propriedades. Por fim, serão apresentados os
índices de materiais, a estratégia de seleção de materiais e como esses
assuntos são aplicados à vida profissional de um engenheiro.
Propriedades
Térmicas dos
Materiais

É importante conhecer as propriedades térmicas dos materiais para: prever


como vão reagir conforme os estímulos externos de mudança de
temperatura; prever e controlar dilatação ou contração do material, ou
condução de temperatura; e prever a possibilidade de fraturas em função da
alteração de temperatura. Há materiais que sofrem choque térmico, ou seja,
uma fratura frágil resultante de alteração rápida na temperatura.

A capacidade calorífica de uma substância descreve a quantidade de calor


necessária para aumentar uma unidade da temperatura por um mol desse
material. Quando é utilizada a unidade de massa, é conhecida como calor
específico. O aumento da energia dos materiais sólidos está relacionado com
a energia vibracional dos átomos. Um
quantum
de energia vibracional é
intitulado fônon.

Condutividade Térmica
A condutividade térmica corresponde ao transporte do calor transmitido ao
longo do material, da parte mais quente para a mais fria. Essa característica é
denominada condutividade térmica (k) e depende do fluxo de calor (q) e do
gradiente de temperatura através do meio de condução (▽T ) . É dada pela
seguinte relação:

, em que ▽T possui parte da condução no eixo x e parte da


q  =   − k .  ▽T

condução no eixo y. Para isso, vamos utilizar os versores correspondentes.


Teremos então:

∂T ∂T
▽T   =   ˆ
 i  + ˆ
 j 
∂x ∂y

Substituindo na equação de fluxo de calor:

∂T ∂T
q  =   − k  ( ˆ
 i  + ˆ
 j  )
∂x ∂y

Vale lembrar que nos casos em que se tratar de um sólido, teremos a


respectiva representação do gradiente para o eixo z e seu versor k
^
, que não
pode ser confundido com a condutividade térmica do material k. Nesse
momento, serão considerados materiais lineares, ou seja, vamos trabalhar
apenas com a coordenada x. Deixaremos a cargo do aprofundamento desse
conteúdo a utilização das três coordenadas para a área de transferência de
calor e massa.
saiba
mais
Saiba mais
Os versores são os vetores unitários dos
eixos cartesianos ^i para o eixo x, ^j para o
eixo y e k
^
para o eixo z. Para mais
informações sobre versores, acesse a página
67 do livro
Álgebra Vetorial e Geometria
Analítica
, de Jacir Venturi.

A CES S A R

Essa equação é válida quando não há variação do fluxo de calor com o


tempo, também denominado como transporte de calor em regime
estacionário. Fraturas por choque térmico ocorrem com maior probabilidade
em materiais cerâmicos e, no geral, os materiais metálicos são bons
condutores térmicos, por exemplo, prata (Ag), cobre (Cu), alumínio (Al) e aço
(liga de ferro).
saiba
mais
Saiba mais
O gradiente de uma função é um vetor
composto pelas derivadas parciais da função
em relação a cada uma das variáveis
independentes que a função contém. Vale
ressaltar que para uma função de primeiro
grau F(x), a variável independente é x, bem
como para uma função F(x,y), temos que x e
y são variáveis independentes. Para mais
informações sobre gradiente, acesse o vídeo
a seguir.

ASSISTIR

Veja no quadro a seguir os valores de condutividade térmica de alguns


materiais.
Condutividade Condutividade
Material térmica Material térmica
W W
 [ ]  [ ]
m . K m . K

Vidro
Cobre 398 borossilicato 1,4
(Pyrex)

Ouro 315 Polipropileno 0,12

Alumínio 247 Nylon 6,6 0,24


Quadro 2.1 - Condutividade térmica de alguns materiais

Fonte: Adaptado de Callister Jr. e Rethwisch (2018, p. 726).

A condução do calor nos materiais sólidos ocorre através do transporte do


calor pelos elétrons livres e por ondas vibracionais da rede, ou fônons. Por
isso que nos metais puros a condutividade térmica é mais elevada, em
função de uma maior presença de elétrons livres, por exemplo, o ouro, cuja
condutividade térmica é 315 . Vale a recíproca, ou seja, materiais com
W

m . K

menor quantia de elétrons livres apresentam menor condutividade térmica,


como é o caso dos polímeros, por exemplo, o nylon 6,6 com condutividade
térmica de 0,24 W

m . K
(CALLISTER JR.; RETHWISCH, 2018) e (SMITH; HASHEMI,
2012).

A condutividade térmica descreve a habilidade dos materiais em transferir


energia térmica após um estímulo externo de variação de temperatura.
Sabendo que a relação de energia por tempo é joules por segundo, que é o
mesmo que a unidade watts, temos que a unidade da condutividade térmica
é a relação da transmissão da energia térmica considerando as dimensões
do material e a temperatura. Dessa forma, sua unidade é watt por metro por
kelvin ( W

m.K
) . Veja, no infográfico a seguir, a condutividade térmica das

principais classes minerais:


CONDUTIVIDADE TÉRMICA
(W/MK) DAS PRINCIPAIS
CLASSES MINERAIS

É necessário compreender a condutividade térmica e a necessidade de


analisá-la para evitar falhas por tensões térmicas no caso dos materiais
cerâmicos ou metálicos, ou no caso dos polímeros por também não
considerar a temperatura de fusão cristalina (Tm) e a temperatura de
transição vítrea (Tg).

Coeficiente de Expansão Linear


O coeficiente de expansão linear de um material faz parte da compreensão
da expansão ou contração de um material sólido, que dilata ao ser
submetido a um aumento de temperatura e contrai quando resfriado. A
expansão térmica pode ser analisada a partir de uma perspectiva atômica,
utilizando um gráfico da energia potencial em função da separação
interatômica, conforme podemos observar na figura seguir.

Figura 2.1 - Energia potencial em função da distância interatômica em um


gráfico não simétrico (a) e em um gráfico simétrico (b)

Fonte: Callister Jr. e Rethwisch (2018, p. 728).


A energia cinética aumenta com a temperatura. Observe que o valor da
separação interatômica varia entre os dois pontos da curva (o ponto médio
entre esses dois pontos), definidos pela interseção de uma mesma reta
horizontal, como no gráfico (a) onde r é maior que r . Assim, ocorre a
5 1

expansão térmica no gráfico (a), que não é simétrico.


Observe que no gráfico não simétrico a separação interatômica aumenta
com a elevação da temperatura, ou seja, aumenta de r para r , e assim 0 1

sucessivamente. Enquanto que no gráfico simétrico da energia potencial em


função da distância interatômica não ocorre nenhum aumento na separação
interatômica em função do aumento de temperatura, ou seja, r é igual a r , 0 1

e assim sucessivamente (todos iguais).

Considerando um material no formato linear, essa alteração de temperatura


resulta em uma mudança no comprimento do material, em que a variação
do comprimento é proporcional à variação da temperatura na qual o material
foi submetido. O coeficiente de expansão térmica (α ) descreve essa l

proporcionalidade. O α é também conhecido como coeficiente de expansão


l

l f  − l 0
térmica linear. Em que αl (Tf   −  T0 ) = (
l0
) , considerando Tf a
temperatura final, T a temperatura inicial, l o comprimento final e
0 f l0 o
comprimento inicial do material (CALLISTER JR. e RETHWISCH, 2018).

Por exemplo: qual é o comprimento final de uma haste de cobre, sabendo


que α =  17  × 10   C , ΔT   =  50  C e comprimento inicial de
l
−6 ∘ −1 ∘

20 mm?

Solução: Primeiro, identifique os valores, observe que a temperatura já foi


dada em graus Celsius que corresponde com a unidade do coeficiente de
expansão térmica linear, mas, se estivesse em Kelvin, precisaria converter.
Além disso, como a variação da temperatura é positiva, então, teremos uma
expansão do material porque ele dilatou com o aumento da temperatura.
l f  − l 0
A partir de αl (Tf   −  T0 ) = (
l0
) , substituindo os valores dados no
l f  − 20 mm
enunciado temos 17 × 10
−6 ∘
  C
−1 ∘
.   (50  C) = (
20 mm
) =

−6 C
17 × 10   ∘
.   (50) . (20 mm) = l f   − 20 mm 
C

17  × 10
3
× 10
−6
= l f   −  20 mm que é o mesmo que
−3
l f =  17  × 10 + 20  =  20,  017 mm

No quadro a seguir, podemos conferir os valores do coeficiente de expansão


térmica linear α de alguns materiais. Observe os valores e analise a relação
l
entre o coeficiente e a expansão.

Material αl   [×10
−6 ∘
  C
−1
] Material αl   [×10
−6 ∘
  C
−1
]

Vidro
Cobre 17,0 borossilicato 3,3
(Pyrex)

Ouro 14,2 Polipropileno 145 - 180

Alumínio 23,6 Nylon 6,6 144.


Quadro 2.2 - Coeficiente de expansão térmica linear de alguns materiais

Fonte: Adaptado de Callister Jr. e Rethwisch (2018, p. 726)

Observe que quanto maior o coeficiente maior é a expansão. As tensões


térmicas ocorrem quando o material não tem espaço para dilatar ou contrair.
Dessa forma, esses pontos de restrição se tornam pontos de tensão térmica
que podem resultar em uma deformação plástica indesejável ou a uma
ruptura do material.

Essas tensões surgem quando há mudança abrupta de temperatura, pois as


alterações dimensionais do material não acompanham a velocidade da
mudança de temperatura. Podendo resultar, inclusive, em fratura por choque
térmico, que ocorre com maior frequência nos materiais cerâmicos (que são
mais frágeis).

praticar
Vamos Praticar
1Calcule o comprimento final de uma haste de vidro (Pyrex) utilizada para misturar
sucos e batidas, que foi derrubada dentro de uma panela com água fervendo,
sabendo que α =  3, 3  × 10   C   e  que seu comprimento inicial era de
l
−6 ∘ −1

150 mm. Para o cálculo, considere que o local estava em temperatura ambiente

de 25°C.

Assinale a alternativa que apresenta a resposta correta para o cálculo realizado.

a)
Aproximadamente 150, 11 .
b)
Aproximadamente 150, 049.
c)
Aproximadamente 150, 37 .
d)
Aproximadamente 150, 037.
e)
Aproximadamente 150, 011.
Diagrama e
Propriedades dos
Materiais

Para compreender as propriedades dos materiais, é possível analisar os


dados obtidos em ensaios mecânicos por meio da análise dos dados em
tabelas ou estes mesmos dados representados em gráficos. Os diagramas
das propriedades dos materiais apresentam as propriedades mecânicas dos
materiais de forma gráfica, facilitando a interpretação dos dados e auxiliando
na escolha de materiais conforme a aplicação.

A escolha dos materiais na criação de um produto irá definir a vida útil do


produto. No geral, há outros aspectos a serem considerados durante a
seleção de materiais do que quais possuem a melhor eficiência e
durabilidade. Um exemplo de produto que foi criado a partir de materiais
que propiciaram uma alta durabilidade é a lâmpada de mais de 100 anos nos
bombeiros da Califórnia.

saiba
mais
Saiba mais
Na Califórnia, um prédio do Corpo de
Bombeiros chama a atenção por possuir
uma lâmpada que está acesa desde 1901.
Essa lâmpada é tão famosa que possui
página na internet onde é possível
acompanhar seu brilho 24h por dia. No site
da BBC, é possível encontrarmos todas as
informações para entendermos melhor esse
caso. O conteúdo está disponível no link a
seguir.

A CES S A R

Para realizar a seleção de materiais para o desenvolvimento do produto, é


necessário compreender quais propriedades deve se esperar deste e verificar
quais materiais se enquadram no perfil desejado. Para isso, é importante
saber quais são as propriedades que podemos analisar nos materiais.

Propriedades dos Materiais


As propriedades dos materiais descrevem como se comportam conforme os
estímulos externos que recebem, seja de atrito, de flexão, capacidade de
absorver energia durante um impacto, de deformação, mudança de
temperatura ou presença de campo elétrico.
reflita
Reflita
O conhecimento sobre propriedades
dos materiais proporciona o poder de
seleção do melhor material para
cumprir uma determinada função.
Mas, em alguns casos, é escolhido o
“menos pior dos materiais” para
cumprir a função, de forma que
possa ser programado o tempo em
que o produto ficará obsoleto. Quais
as vantagens e desvantagens desse
processo de obsolescência
programada? Quais produtos jamais
deveriam ser submetidos a
obsolescência programada?

As propriedades dos materiais são divididas em propriedades mecânicas,


propriedades de fabricação, propriedades químicas, propriedades físicas,
propriedades térmicas, propriedades elétricas, propriedades magnéticas,
 propriedades ópticas e propriedades mecânicas.

Dentre todos esses grupos de propriedades dos materiais, seguem as mais


analisadas de acordo com Callister Jr. e Rethwisch (2018), Smith e Hashemi
(2012) e Santos (2015):

Resistência mecânica: é a resistência à tração e à compressão;


Tensão de ruptura: é o ponto de tensão, no qual ocorre a ruptura do
corpo de prova;
Módulo de Young: é a capacidade de um material em ser rígido
(está relacionado com a elasticidade linear de um material);
Soldabilidade: resistência à solda;
Usinabilidade: capacidade de ser usinado;
Elasticidade: característica do material de, após uma deformação,
retornar à forma original;
Dureza: característica em que o material resiste à penetração de
outro;
Ductilidade: capacidade do material de resistir a uma força sem se
romper (resistência ao choque);
Fragilidade: característica do material de se romper quando em
contato com uma força (contrário, portanto, da ductilidade);
Tenacidade: é a resistência a impacto, vibrações ou golpes.
Temperatura de transição dúctil-frágil: é a temperatura na qual o
material deixa de ser dúctil e se torna frágil;
Resistência à corrosão: capacidade do material de resistir na
presença de agentes corrosivos;
Resistência à fadiga: capacidade de resistir à diversos ciclos de
tração e compressão;
Comportamento em alta temperatura: analisa o estado físico do
material e sua resistência mecânica;
Conformabilidade: capacidade do material de se conformar nos
processos fabricação;
Condutividade térmica: capacidade de transferir calor;
Expansão térmica: característica relacionada à dilatação ou à
contração em função de mudança de temperatura;
Condutividade elétrica: capacidade de conduzir corrente elétrica;
Resistividade: característica do material de resistir à passagem de
corrente elétrica;
Densidade: quantidade de massa que a substância ocupa por
volume.

A escolha de quais propriedades serão analisadas em um projeto de


desenvolvimento de produto dependerá dos objetivos que o produto deverá
contemplar, conforme as condições em que estará submetido em sua
condição de utilização (na sua aplicação durante a vida útil). Definindo as
propriedades que o material deverá possuir fica mais fácil decidir qual
material utilizar na fabricação do produto.

Diagramas de Propriedades
Há diagramas que representam várias propriedades para vários materiais
como a Figura 2.2, que apresenta, a seguir, um mapa das propriedades:
resistência (
strength
), densidade (
density
) e módulo de Young (
Young’s
modulus
).

Figura 2.2 - Mapa das propriedades: densidade, resistência e módulo de


Young

Fonte: Ashby (2011, p. 57).


Na figura apresentada anteriormente, os metais estão representados em
vermelho, os cerâmicos em amarelo e os polímeros em azul. Diagramas
como nesse mapa servem para exemplificar a interseção dos valores, mas
dificultam a visualização.

O intervalo de desempenho de cada material é representado nos diagramas


de propriedades, como podemos conferir a seguir no diagrama barras.
Figura 2.3 - Diagrama de barras do módulo de Young

Fonte: Ashby (2011, p. 60).


O nome dos materiais está representado no diagrama em correspondência
aos seus respectivos valores de módulo de Young, mas observe que está
separado em colunas conforme o tipo de material: metal (
metals
), polímeros
(
polymers
), cerâmicos (
ceramics
) e compósitos (
hybrids
).

É possível representar duas propriedades de materiais no mesmo diagrama.


Veja a seguir.

Figura 2.4 - Diagrama do módulo de Young pela densidade

Fonte: Ashby (2011, p. 60).


No diagrama de módulo de Young, pela densidade, temos a representação
dos materiais cerâmicos em laranja (
ceramics
), os metais em vermelho, os
compósitos (
composites
) em roxo, polímeros em azul-escuro e as borrachas
em azul-claro (também denominadas de elastômeros e, em inglês, de
elastomers
).

Observe que há áreas de interseção, como entre os cerâmicos e os metais


(em laranja escuro). Isso significa que há materiais metálicos e cerâmicos
com as mesmas propriedades de módulo de Young e de densidade. Nesse
caso, se esses dois materiais fossem opções para o desenvolvimento de um
produto, o critério de desempate para definir a seleção do material poderia
ser o custo do material, sendo selecionado o mais barato.

É possível identificar os materiais nesse diagrama, como na imagem a seguir.

Figura 2.5 - Diagrama do módulo de Young pela densidade com indicação do


material

Fonte: Ashby (2011, p. 61).


Observe que as ligas de titânio (
Ti alloys
) estão na área que corresponde à
interseção entre materiais cerâmicos e materiais metálicos. Veja, também,
que, para minimizar o peso dos objetos, pode-se basear pela linha de
recomendação de
design
de massa mínima (
guide lines for minimum mass
design
).
Diversas combinações de propriedades podem ser representadas nos
diagramas, como na figura a seguir, em que temos resistência pela
densidade.

Figura 2.6 - Diagrama resistência pela densidade

Fonte: Ashby (2011, p. 67).


Observe que, agora, as ligas de alumínio (
Al alloys
) estão na interseção entre
metais e cerâmicos. Ou seja: há materiais cerâmicos com as mesmas
propriedades das ligas de alumínio, quando se trata da relação densidade
por resistência.

praticar
Vamos Praticar
Há diversas propriedades dos materiais, sejam elas físicas, químicas, elétricas,
ópticas, magnéticas, térmicas, mecânicas ou de fabricação. Algumas dessas
propriedades possuem tantas especificidades que existem áreas de concentração
específicas, como a condutividade térmica que é detalhadamente estudada na área
conhecida como transferência de calor (transcal). Dessa forma, assinale a
alternativa que apresenta a propriedade em que, ao submetida a um impacto,
ocorre uma deformação plástica também conhecida como resistência a choque.

a)
Ductilidade.
b)
Usinabilidade.
c)
Conformabilidade.
d)
Resistividade.
e)
Dureza.
Seleção de
Materiais - O Básico

O básico da seleção de materiais envolve a correlação de três fatores:


conhecimento sobre propriedades dos materiais; índices dos materiais e
aplicação de estratégias de seleção. Sempre visando atender aos objetivos
que o produto deverá contemplar, para então ser realizada a seleção do
material que será utilizado no produto, isto é: definir a escolha do material.

A Estratégia de Seleção
Diversos produtos já possuem bem definido o material que será utilizado em
sua fabricação, por exemplo: o
stent
que é fabricado com material memória
de forma. Pois o stent é utilizado em operações cardíacas muito delicadas,
pela sua característica de retornar ao formato programado quando
estabilizado com a temperatura corporal humana. Esse é um exemplo de
produto onde o material utilizado já foi eleito como o melhor devido às
pesquisas e resultados anteriores.
Contudo, quando se deseja atualizar o produto em decorrência do acesso a
materiais que antes não estavam disponíveis ou quando estão sendo
desenvolvidos novos produtos, é necessário aplicar uma estratégia de
seleção de materiais. Também pode ocorrer a necessidade de seleção de
materiais nos casos em que houve falhas no produto, com o objetivo
substituir os materiais originais para evitar futuras falhas.

Os materiais são classificados em famílias, conforme suas propriedades e


características. Podemos verificar, como exemplos de famílias de materiais:
metais, cerâmica, polímeros, elastômeros (borrachas) e compósitos. É
importante destacar que cada família pode ser dividida em classes. Os
metais, por exemplo, se dividem em: aço, liga de cobre, liga de alumínio, liga
de titânio, liga de zinco e liga de níquel.

Na seleção de materiais, ocorre a busca em definir qual material se encaixa


como opção de escolha dentro de uma combinação de requisitos. É uma
relação entre objetivos e restrições.

Para isso, primeiro são listados as restrições e os objetivos. Depois, é


realizada uma triagem dos materiais que se encaixam nesses parâmetros.
Em seguida, são listados os materiais conforme a classificação da
capacidade de atender às exigências (objetivos e restrições). Finaliza-se o
processo com uma pesquisa dos materiais aprovados nas etapas anteriores
com a finalidade de verificar históricos de falhas.

Nem sempre essa estratégia de seleção de materiais é o suficiente para


definir a escolha do material. Quando isso ocorre, a decisão final pode
ocorrer após uma análise dos índices de materiais, que os classifica
conforme suas funções.

Índices de Material
Os índices de materiais descrevem o quanto um material foi bem avaliado
em uma das etapas de seleção de materiais. É uma forma de otimizar os
dados obtidos na triagem e nas outras fases.
As características (ou mesmo a característica) que otimizam o desempenho
dos materiais avaliados em um projeto é denominado de índice de material.
Então, depende de cada projeto a construção de índice de material, pois ele
segue os objetivos e as restrições do projeto e do produto.

praticar
Vamos Praticar
Na seleção de materiais, todas as famílias de materiais poderão ser analisadas
inicialmente. Na estratégia de seleção, ocorre uma análise dos objetivos e das
restrições que o produto final deverá atender. Por isso, há uma correlação entre
propriedades dos materiais, leitura de diagramas, aplicação de estratégia de
seleção de materiais e compreensão do índice de material. Pensando nisso,
assinale a alternativa que apresenta a correta classificação das famílias nos
materiais.

a)
Tenacidade, dureza, ductilidade, usinabilidade e fragilidade.
b)
Cúbico de face centrada, cúbico de corpo centrado e ortorrômbico.
c)
Aço, liga de cobre, liga de alumínio, liga de titânio, liga de zinco e liga de
níquel.
d)
Metais, cerâmica, polímeros, elastômeros e compósitos.
e)
Metais, cerâmicos e polímeros.

A estratégia para seleção de materiais é a união dos conceitos abordados


nesta unidade, contudo, há casos em que se utiliza outra metodologia para
seleção de materiais como a descrita no documentário
Obsolescência
programada
.
indicações
Material
Complementar

FILME

Obsolescência Programada
Ano
: 2010
Comentário
: Nesse documentário, é retratado o efeito
da obsolescência programada na sociedade, no qual o
conhecimento sobre as propriedades dos materiais é
utilizado para programar a vida útil dos produtos
comercializados, de forma que se tornem obsoletos
após um determinado período obrigando, dessa
forma, as pessoas a comprarem mais. Assista-o a
seguir.

TRAI L ER
LIVRO

Ética para Engenheiros


Editora
: Lidel
Arménio Rego e Jorge Braga
ISBN
: 978-9897520655
Comentário
: Em todas as profissões, é necessário ter
ética, mas, no ambiente da Engenharia, a ética deve
estar presente no desenvolvimento de produtos, pois,
na maioria dos casos, eles interferem na vida das
pessoas. Neste livro, são abordados diversos temas
para essa reflexão, como pressões no trabalho,
obsessão com alcance dos objetivos,
responsabilidades como engenheiro, dentre outros.
Sendo um dos temas mais polêmicos o “Engenheiros
numa encruzilhada: entre a lealdade ao empregador, a
segurança do público e os direitos individuais”.
conclusão
Conclusão
Sobre as propriedades térmicas dos materiais, vimos que a capacidade de
conduzir calor de uma parte mais quente para uma parte mais fria do
material influencia na expansão, ou dilatação de um material. Inclusive,
quando a mudança de temperatura é abrupta, ou seja, mais rápida do que o
material consegue conduzir (dilatando ou contraindo), temos a ruptura do
material por choque térmico. Um material que é dúctil pode se tornar frágil
em função da mudança de temperatura, por isso, também é importante
conhecer a propriedade que corresponde à temperatura de transição dúctil-
frágil. Sobre as propriedades dos materiais, diversas propriedades podem
ser representadas em um diagrama, facilitando a interseção de respostas
referentes às propriedades dos materiais. Esses diagramas auxiliam a
seleção de materiais pois facilitam a interpretação dos dados que são
utilizados na seleção de materiais definindo o índice de material.

referências
Referências
Bibliográficas
ASHBY, M. F.
Materials Selection in Mechanical Design
. Burlington:
Editora Elsevier, 2011.

CARVALHO, A. C. B.
Assinatura térmica de rochas ígneas plutônicas e
ortoderivadas da região Nordeste do Brasil
. 2009. Trabalho de Conclusão
de Curso (Bacharelado em Geofísica) – Instituto de Geociências, Universidade
Federal da Bahia, 2009. Disponível em:
http://www.cpgg.ufba.br/gr-
geof/geo213/trabalhos-graducao/Augusto-Carvalho.pdf
. Acesso em: 17 abr.
2020.

CALLISTER JR., W. D.; RETHWISCH, D. G.


Ciência e Engenharia de materiais
:
uma introdução. Rio de Janeiro: LTC, 2018.

SANTOS, G. A. dos.
Tecnologia dos materiais metálicos
: propriedades,
estruturas e processos de obtenção. São Paulo: Erica, 2015.

SMITH, W. F.; HASHEMI, J.


Fundamentos de Engenharia e Ciência dos
Materiais
. Porto Alegre: Editora McGraw-Hill, 2012.

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