Você está na página 1de 5

1

Experimento 3 - Termistores
Guilherme Rodrigues Costa
Faculdade do Gama of Universidade de Brası́lia (FGA)
Universidade de Braı́silia (UnB)
Brası́lia, Brasil
211039448@aluno.unb.br

Abstract—Neste relatório será discutido o funcionamento fı́sico


dos Termistores, através do desenvolvimento da sua base teórica, 1 dR(T )
bem como a realização de um experimento de observação do αT = · (1)
comportamento de um NTC (Negative Temperature Coefficient)
R(T ) dT
submetido a diferentes potenciais elétricos.

ρ = ρ0 · (1 + αT · T ) (2)
I. I NTRODUÇ ÃO
A tabela da figura 2 mostra a relação de de resistividade e

T ERMISTORES são dispositivos eletrônicos cuja a sua


resistividade é altamente influenciada pela sua temper-
atura. Existem dois tipos de termistores, os PTC (Positive
os coeficientes térmicos de alguns materiais, materiais cujo
o coeficiente térmico é negativo diminuem a resistividade
conforme a temperatura aumenta e os com coeficiente positivo
Temperature Coefficient), cuja a resistência aumenta conforme aumentam a temperatura.
o a sua temperatura aumenta, e os NTC cujo o aumento da Os PTC’s normalmente são compostos de materiais
temperatura diminuı́ a resistência do material. cerâmicos, plásticos e alguns metais, enquanto os NTC’s são
Óxidos Metálicos Semicondutores Sinterizados e Dopados.

Fig. 1: Resistência dos Termistores em função da Temperatura

Na figura 1 é possı́vel observar o comportamento dos


Termistores em função da temperatura. É possı́vel observar Fig. 2: Tabela propriedades Elétricas dos materiais
também diferentes curvas para o mesmo NTC, isso se deve por
conta da geometria utilizada para sua construção, usualmente
se constrói diferentes tipos de NTC para que eles assumam
diferentes valores de resistência na temperatura ambiente. B. Aplicações
Uma importante aplicação dos Termistores é como sensor
A. Coeficiente de Temperatura de Resistência (αT ) de temperatura, como no esquemático da figura 3. O sensor
A principal medida que caracteriza esse tipo de dispositivo é descrito aplica uma tensão fixa sobre um circuito em paralelo,
o coeficiente térmico, definido pela equação 1, ela está ligada cujo um em um dos nós há um NTC. A partir desse circuito é
as propriedades fı́sicas do material e relaciona a variação enviado um sinal do nó que liga o NTC ao resistor R3 para um
da resistividade dele conforme a variação da temperatura controlador que receberá esse sinal e converterá para escala de
(equação 2). Temperatura.
2

Fig. 4: Gráfico Fig. 5: Gráfico


Corrente X Tensão Corrente X Tensão
PTC NTC
Fig. 6: Comportamento da Corrente em Termistores

A
G = σ(T ) (5)
L
L
R = ρ(T ) (6)
Fig. 3: Esquematico Sensor de temperatura NTC A
Em termistores a maior parte da dissipação de calor se da
por convecção, que no equilibrio térmico pode ser aproximada
C. Fabricação pela potencia elétrica.
1) NTC: Para fabricação de um termistor NTC, é V · I = Pe = PT = K[T(R) − T0 ] (7)
preparada uma estrutura cerâmica compostas com alguns
óxidos metálicos como óxido de nı́quel (NiO), oxido de
V · I = I 2 · R = K[T(R) − T0 ]
cobalto (CoO), podem conter também polı́ımeros condutores
como polianilina e PEDOT. Esta pasta cerâmica é exposta a
um processo de sinterização que forma uma estrutura densa e I2 · R
T0 = T(R) ·
homogênea, formando uma estrutura semicondutora. K
2) PTC: Para fabricação de um termistor PTC, geralmente 1) Modelo NTC: Equação de Steinhart-Hart: Em um
são utilizadas ligas metálicas como ´a liga de silı́cio-germânio Termistor NTC a Temperatura em função de uma resistência
ou a liga de titânio-nı́quel, vale ressaltar que geralmente atual pode ser descrita por 8
os materiais metálicos tem um coeficiente de temperatura  
1 1 1 R
positivo, aumentando a resistência de acordo com o aumento = + · ln (8)
da temperatura. T T0 B R0
Em que T0 é a temperatura ambiente, T0 ≈ 298K, R0 é a
resistência em temperatura ambiente, e B é uma constante do
D. Modelo Fı́sico Matemático
material, dada de acordo com o fabricante.
A figuras figuras 6 mostra como se comporta a corrente em A partir da equação 8 obtem-se que a resistência do NTC
Termistores em função da tensão aplicada nos seus terminais. é dada por 9
Esse comportamento é observado devido o aquecimento do 
−B T1 − T1
Termistor em função da corrente que passa pelo componente, R = R0 e 0 (9)
alterando a sua resistência.
Para se modelar os termistores sera necessário analisar A partir dessa equação é possı́vel obter a Resistência
caracterizar o seu comportamento a partir de dos seguintes minı́ma que um NTC pode assumir. Para uma temperatura
parâmetros: suficientemente alta a resistência mı́nima é dada por 10

−B T1 − T1
dI R∞ = lim R0 e 0

Condutância G = [si] (3) T →∞


dV 
1
−B
R∞ = R0 e T0
(10)
dV
Resistência R = [Ω] (4) Manipulando 10 é possı́vel achar o valor de B por 11
dI
Como a condutância e resistência de termistor depende da
 
R0
sua temperatura de operação, então: B = T0 · log (11)
R∞
3

2) Modelo Alfa para PTC: Os termissores PTC podem ser


modelados por uma constante de comportamentoα, definida
por 12
 
ln R 2
R1
α= (12)
T2 − T1
Assumindo R2 e T2 como as medidas atuais da PTC e R1
e T1 como as medidas em condições ambiente, a equação 12
pode ser modela para as equações:

R(T ) = R0 eα(T −T0 ) (13)


 
1 R(T )
T = · ln + T0 (14)
α R0
3) Modelo Beta para NTC: Da mesma forma como o mod- Fig. 7: Resposta ao degrau Temperatura
elo alpha para o PTC também pode-se definir uma constante
de comportamento β para o Termistor NTC, tal que:
II. O E XPERIMENTO
R1

ln R2 O experimento Consistia em montar um circuito com base
β= (15)
T1 − T2 no esquemático da figura 8 e observar como se comporta o o
4) Modelo Dinâmico para Termistores: Devido a inercia circuito quando submetido a diferentes potenciais elétricos
térmica, para análise o comportamento dos Termistores ao
longo tempo se faz necessário a modelagem de um sistema
dinâmico, que leva em consideração o perı́odo transitório até
o Termistor atingir o equilı́brio térmico. O comportamento
do Termistor ao longo do tempo é descrito pela equação
diferencial 16

dH dT(R)
P =V ·I = = K[T(T ) − T0 ] + CT · (16)
dt dt
Em que:
CT − Capacidade T érmica[J/K]
H − Calor[J]
P − P otencia Elétrica[W ] Fig. 8: Esquemático Experimento
V − T ensão Elétrica[V ]
I − Corrente Elétrica[A] A. Materiais Utilizados
K − Constante de dissipação de calor • Fonte DC (Modelo: MPL-3305M)
• Termistor NTC 5D-9
por convecção natural[W/K] • Resistor 10 Ω
a) TTC(Constante de Tempo Térmica) τ : A partir da • Multimetro Digital (Modelo: ET-1110DDM)
solução da equação diferencial 16 obtemos a resposta ao
degrau para a temperatura, definida em 17 B. Procedimentos Experimentais
−t 1) Coleta de dados : Após a montagem do circuito foi
T = (T2 − T1 ) · (1 − e τ ) + T1 (17)
aplicado diferentes, aplicou-se diferentes potencias elétricos
Assumindo o t = τ , obtem-se a relação 18 no circuito, esperou-se aproximadamente 30 segundos para
garantir que o termistor atingi-se o equilı́brio térmico e mediu-
T − T1
= 1 − e−1 ≈ 0.632 (18) se com o multı́metro as quedas de tensões VA , VB ,.
T2 − T1 2) Calculo da resistência e Temperatura do Termistor:
Por tanto a TCC é definida como o tempo necessário Para o calculo das resistências e temperaturas de equilı́brio
para que a Temperatura atinga 62.3% do seu valor final. O do NTC, utilizou-se o seguinte código Sclilab, alterando os
comportamento da reposta ao degrau 17 pode ser observado parâmetros VA e VB com os pontos experimentais encontrados
na figura 7 no experimento.
4

1 //%Programa: Termistor_NTC.sce Aplicando os dados da tabela I na equação 11 obtém-se:


2 // C l c u l o da temperatura do termistor NTC 5D-9  
3 clear; 5Ω
4 R2 = 12.2; //Coloque aqui o valor do Resistor R2 [ B = 298, 15K · ln (19)
ohms] 0.210Ω
5 Tamb = 21; //Temperatura Ambiente [Graus
Cent grados]
6 K = 11e-3; //[W/Graus] Coeficiente T r m i c o de B ≈ 945.16K
D i s s i p a o por C o n v e c o
7 //Pontos Experimentais
Aplicando 19 em 9 obtém-se a seguinte expressão para a
8 N = 8; Resistencia do NTC-5D9 em função da Temperatura
9 //Coloque aqui os valores medidos de Va e Vb:
R = 5 · e−945.16( 298.15 − T )
1 1
10 Va = [0.44 0.845 1.326 1.857 2.23 2.71 3.25 3.63];
//[V]
(20)
11 Vb = [0.34 0.582 0.903 1.311 1.6 2.03 2.54 2.88]; // Para plotar os gráfico do modelo de Steinhart-Hart foi
[V]
12 // C c u l o da Corrente (I)) e da Resist ncia (R1) utilizado o programa Scilab a seguir, que utiliza a equação
13 I = Vb./R2; //[A] (20) para gerar a curva:
14 Vab = Va - Vb; //[V]
15 Pe = Vab .* I; // [W] P o t n c i a E l t r i c a sobre o 1 //%Programa: Termistor_NTC.sce
termistor 2 //Curva teorica por Steinhart-Hart
16 R1 = Vab./I; //[ohm] Resist ncia do Termistor 3 KELVIN = 273.16
17 //Sabendo que:Pe = P = K*(T-Tamb); //[W] P o t n c i a 4 R0 = 5
T r m i c a Dissipada 5 B = 945.16
18 T = (Pe./K)+Tamb; //[Graus] Temperatura do Termistor 6 T0 = Tamb + KELVIN;
7
19 scf(1);
20 plot(T, R1,’ro’); 8 y3 = R0*exp((-B)*(1/T0 - 1./(T+KELVIN)))
9
21 plot(T, R1,’b’);
22 xlabel(’T[Graus]’); 10 plot(T, y3, "black");
23 ylabel(’R1[Ohms]’); Listing 3: Ajuste da Curva R1 x Temp pelos dados pelos dados
24 title(’ G r f i c o : R1 vs. T’);
fornecidos pelo Fabricante
Listing 1: Ajuste da Curva R1 x Temp pelos dados
Experimentais
C. Resultados Experimentais
O programa Utiliza a equação a primeira lei de Ohm A partir dos Procedimentos Experimentais obteve-se os
aplicada a VA B para calcular a resistência interna do NTC, dados demonstrados na Tabela II.
após o cálculo o programa utiliza a relação de potencia VDC [V] 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0
dissipada (7) para calcular a temperatura atual do Termistor. VA [V] 0 0.44 0.85 1.33 1.86 2.23 2.71 3.25 3.63
VB [V] 0 0.34 0.53 0.90 1.31 1.60 2.03 2.54 2.88
3) Ajuste da curva pelo Método dos Mı́nimos Quadrados: R1 [] - 3.58 5.51 5.71 5.08 4.80 4.09 3.41 3.18
T[K] TAmbiente 294.41 295.30 297.00 299.49 301.67 304.45 307.60 310.26
A curva da Resistência do Termistor em função da temper-
atura descreve um comportamento exponencial descrito pela TABLE II: Dados Experimentais
equação (9), a partir dessa função base é possı́vel aproximar
a curva pelo método dos mı́nimos quadrados R2 = 12.2 ± 0.1
1 //%Programa: Termistor_NTC.sce
2 //Modelo Adotado: y = B*exp(A/T) TAmbiente = 21C ± 0.1
3 // L i n e a r i z a o do Modelo ln(y) = ln(B)(A*t)
4 t = 1./T; Ao aplicar os dados obtidos no código scilab mostrado, obteve-
5 M = [N sum(t) se os seguintes resultados :
6 sum(t) sum(t.ˆ2)] 1) Curva sem ajuste: Na figura 9 é possı́vel observar que
7 b = [sum(log(R1))
8 sum(t.*log(R1)) ] como se comportou a resistência em função da temperatura
9 a = inv(M)*b; no experimento, observa-se no inı́cio um crescimento abrupto
10 A = exp(a(1)); no valor da resistência e depois um decaimento semelhante a
11 B = a(2);
12 YY = A*exp(B./T); uma curva exponencial.
13 plot(T, YY, ’g’); 2) Curva por Mı́nimos quadrados: Na figura 10 é possı́vel
14
observar em verde a curva ajustada pelo método dos Mı́nimos
15 EQM =(1/N)*sum((R1-YY)ˆ2);
Quadrados. O algoritmo retornou função de Base (21) para a
Listing 2: Ajuste da Curva R1 x Temp Metodo dos Minimos curva. O erro Quadrádico médio retornado pelo algorı́timo foi
Quadrados de EQM = 0.6148026.
4) Aproximação do gráfico pelos dados do fabricante: O 17.4
R1 ≈ 2.28 · e T [C] [Ω] (21)
datasheet do NTC 5D-9, disponı́vel em [1], fornece a seguintes
caracterı́sticas para o Termistor utilizado Para validar a função encontrada pode-se calcular o valor
da resistência em temperatura ambiente, que é fornecido pelo
Approx.R∞ Dissipation factor
Part No R25°C [Ω]
Max Current [Ω] [mW/C]
TTC [s] fabricante, tabela I.
NTC 5D-9 5 0.210 11 34
17.4
R1(25C) = 2.28 · e 25C ≈ 4.57 (22)
TABLE I: Dados NTC-5D9
5

Fig. 9: Gráfico R1 x T sem ajuste Fig. 11: Gráfico R1 x T ajustado por Streinhart-Hart com
dados do fabricante

podem ter ocorrido interferências externas como correntes de


ar que podem afetar,principalmente em temperaturas baixas, o
funcionamento do circuito.
Em suma a curva que melhor se adequou ao Experimento
observado foi a ajustada por meio do Método dos Mı́nimos
quadrados, figura 10, possuindo um comportamento mais
próximo do que pode ser observado.

R EFERENCES
[1] Exsense Corporation. NTC Thermistor: NTC-5D9 Datasheet.
https://datasheetspdf.com/pdf-file/814977/EXSENSE/NTC-5D9/1,
accessed on september 23, 2023.
[2] Floyd, T. L. Fundamentos de Eletronica. Bookman, 2008.
[3] Boylestad, R. L., Nashelsky, L. Eletronica - Teoria e Aplicacões,8a edição.
Pearson, 2004.

Fig. 10: Gráfico R1 x T ajustado por Mı́nimos Quadrados

3) Curva ajustada pelos dados do fabricante: Na figura


11 é possı́vel observar em preto a curva ajustada pelo modelo
de Streinhart-Hart (20) utilizando os dados fornecidos pelo
fabricante. O gráfico gerado representa como deveria se com-
portar o NTC-5D9 em equilı́brio térmico e sem interferências
externas.

III. C ONCLUS ÃO


É possı́vel observar uma grande diferença entre os modelos
gerados a partir dos gráficos experimentais, sendo a curva do
gráfico 11 a mais suave das três propostas no experimento.
Essa discrepância pode ser explicada pelo comportamento
atı́pico das primeiras três medições, em que o valor da
resistência estava aumentando conforme a temperatura aumen-
tava, o que contradiz a modelagem de Termistores proposta no
inicio do relatório.
Algumas hipóteses para este comportamento inicial atı́pico
é que estas amostras podem ter sido medidas antes da de
o circuito atingir o seu equilı́brio térmico, o que pode ter
interferido nos valores experimentais da tensão, assim como

Você também pode gostar