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Estudo do Comportamento Eléctrico de uma Lâmpada Incandescente

(Análise da radiação emitida por uma lâmpada de incandescência)

Conteúdo
1 Introdução 1
1.1 Condutores elétricos e lei de Ohm . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Potência emitida por uma lâmpada de tungsténio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

2 Material necessário 2

3 Execução experimental 3

4 Tratamento de Dados 4
4.1 Resistência (R0 ) da lâmpada à temperatura ambiente (T0 ) . . . . . . . . . . . . . . . . 4
4.2 Regime linear e não-linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
4.3 Potência Dissipada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
4.4 Área do filamento de tungsténio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Referências

Objetivo - Estudo do comportamento elétrico de uma lâmpada de incandescência e, em particular,


da relação entre a sua temperatura e a potência que emite por radiação

1 Introdução
1.1 Condutores elétricos e lei de Ohm
As correntes elétricas são fluxos de cargas elétricas que percorrem certo tipo de materiais, ditos con-
dutores, e definem-se como a taxa à qual as cargas atravessam a área da secção reta do condutor. Em
muitos materiais condutores, em determinadas condições de funcionamento, a corrente elétrica que os
percorre (I) é diretamente proporcional à diferença de potencial entre os seus terminais (∆V ) e a cons-
tante de proporcionalidade é a resistência elétrica (R) do condutor. Esta relação de proporcionalidade
é conhecida por lei de Ohm

∆V = RI (1)
Um material cujo comportamento elétrico siga a lei de Ohm designa-se por condutor ohmico.
Em geral, um mesmo material pode, sob certas condições, apresentar comportamento linear (pode
considerar-se que a sua resistência não varia) e, sob outras, funcionar em regime não-linear (a sua
resistência não é constante). É o que veremos neste trabalho.

1.2 Potência emitida por uma lâmpada de tungsténio


Uma lâmpada de incandescência é constituı́da por um invólucro de vidro contendo um gás inerte a
baixa pressão, no interior do qual um filamento metálico é elevado ao rubro pela passagem de uma
corrente elétrica. O metal mais comummente usado em lâmpadas de incandescência é o tungsténio,
devido ao seu elevado ponto de fusão (3695 K).
A potência elétrica P fornecida à lâmpada, e que pode ser avaliada pelo produto:

P = ∆V · I (2)

1
onde I é a corrente que a percorre e ∆V é a diferença de potencial entre os seus terminais, é
dissipada de duas formas: por um processo de condução de calor do filamento para o exterior, através
do gás rarefeito no interior da lâmpada e do vidro, e por um processo de radiação. As leis fı́sicas que
descrevem estes processos determinam que:

P = α(T − T0 ) + β(T 4 − T04 ) (3)


onde α e β são constantes que caracterizam os processos de condução de calor e de radiação,
respetivamente. Na expressão (3) T e T0 são as temperaturas absolutas do filamento e do ambiente,
respetivamente. Uma vez que é difı́cil medir diretamente a temperatura do filamento da lâmpada,
pode usar-se a variação da resistividade1 do tungsténio com a temperatura. De facto, verifica-se
experimentalmente que entre a temperatura ambiente T0 e uma temperatura T próxima do ponto de
fusão do metal, a variação da resistência do tungsténio segue a lei empı́rica:

R  T γ
= (4)
R0 T0
onde γ = 1, 2183. Assim, se for conhecido o valor da resistência R0 à temperatura ambiente T0 , a
relação (4) torna possı́vel determinar a temperatura T a que está o filamento quando é medida a sua
resistência elétrica R a essa temperatura. Por sua vez, conhecida a temperatura do filamento, será
possı́vel conhecer a forma como a potência dissipada varia com a temperatura e compará-la com a
relação (3).
Consideraremos que a altas temperaturas a potência fornecida pelo circuito elétrico se transforma
praticamente toda em radiação térmica e admitiremos como aproximações que a área da superfı́cie
lateral, o comprimento e a emissividade2 do filamento se manterão constantes
Para obtermos o valor da resistência do filamento e a potência nela dissipada utilizaremos os
circuitos elétricos simples esquematizados nas figuras 1(a) e 1(b).

Ra

− −
F F L V
+ +
− +
L V
+
A A
+ − + −
(a) (b)

Figura 1: Circuitos elétricos adequados ao estudo do comportamento elétrico de uma lâmpada incan-
descente: a) com Ra , resistência elétrica auxiliar; b) só com a lâmpada incandescente, L. Os restantes
elementos dos circuitos são: F – fonte de tensão contı́nua; A - amperı́metro; V - voltı́metro.

2 Material necessário
• Lâmpada de 6 V

• resistência elétrica auxiliar


1
Resistividade elétrica é a resistência caracterı́stica do tipo de material (constituintes atómicos, densidade, etc.), neste
caso do tungsténio, sem ter em conta as dimensões do condutor em causa.
2
Emissividade é a relação entre o poder emissivo de um corpo e o do corpo negro. Mede a capacidade de emitir
radiação de um corpo e depende da sua natureza, da área exposta e da temperatura à qual se encontra.

2
• fonte de tensão contı́nua,

• 2 multı́metros (que serão utilizados como ohmı́metro, voltı́metro e amperı́metro)

• fios de ligação

• termómetro digital

3 Execução experimental
Notas Importantes

i. Repare bem no sistema experimental e, em particular, nos instrumentos de medida que tem à
sua disposição para a realização deste trabalho. Analise os diferentes terminais de saı́da do(s)
multı́metro(s) e perceba quais deve escolher para selecionar as diferentes funções de ohmı́metro,
amperı́metro e voltı́metro. Atenção aos campos de medida das diferentes escalas e às incertezas
que, pelas caracterı́sticas de construção dos próprios equipamentos, deverão ser associadas à leitura
dos valores medidos. Não se esqueça de anotar todas as informações importantes no seu logbook.

ii. Por vezes, as dificuldades experimentais na execução de uma medição aconselham a associar ao
valor medido uma incerteza superior à que decorre diretamente da leitura do instrumento. Tenha
este aspeto em conta mas evite sobrestimar o erro, para não tornar a medida inútil.

o Cuidado: A lâmpada incandescente com que vai trabalhar é uma LÂMPADA DE 6 V. Isso
significa que NÃO DEVE SER APLICADA AOS SEUS TERMINAIS uma TENSÃO SUPERIOR A
ESSE VALOR.

Ÿ Notas Práticas: Os fios elétricos devem ser manuseados pelas fichas e não pelos cabos. Os
aparelhos elétricos devem ser desligados sempre que não estão a ser utilizados.

1a PARTE

1. Tome nota da temperatura ambiente (T0 ).

2. Utilizando um dos multı́metros, meça o valor da resistência elétrica auxiliar (Ra ).

3. Verifique que a fonte de tensão contı́nua está desligada e que os dois botões que ajustam a
intensidade da tensão fornecida (coarse e fine) estão na posição mı́nima, ou seja, totalmente
rodados para a esquerda.

4. Monte o circuito da figura 1-(a) e escolha as entradas dos multı́metros de forma a funcionarem
nos modos de amperı́metro (entrada em miliamperes - mA) e voltı́metro. Escolha as menores
escalas possı́veis nos dois instrumentos.

5. Ligue os multı́metros. Ligue a fonte de tensão contı́nua.

6. Pretende-se que recolha 10 pares de valores da tensão V aos terminais da lâmpada (ou seja,
da tensão lida no voltı́metro) e da corrente I correspondente que a percorre. Varie lentamente
a tensão fornecida pela fonte de alimentação de modo a obter valores de V aos terminais da
lâmpada que variem entre 0, 2 mV e 2, 0 mV e meça os valores de I correspondentes. (Para esta
parte do trabalho, basta usar o botão fine da fonte de tensão.) Não se esqueça das incertezas
associadas aos valores registados.

7. Volte a rodar os botões coarse e fine da fonte de tensão para os valores mı́nimos da fonte de
tensão. Troque os fios ligados aos terminais positivo e negativo da fonte de tensão.

8. Repita o ponto 6 para os mesmos valores (embora agora sejam negativos) da tensão V aplicada
à lâmpada e da corrente I correspondente que a percorre.

3
9. Volte a rodar os botões coarse e fine da fonte de tensão para os valores mı́nimos da fonte de
tensão e desligue-a.

10. Se a dinâmica da aula o permitir, faça já o tratamento destes dados com as orientações dadas
na secção 4.1.

2a PARTE

1. Monte o circuito da figura 1-(b).

2. Aumente a tensão lida no voltı́metro muito devagar, até ver o filamento começar a tornar-se
luminoso. Se ultrapassar o limite superior de alguma das escalas nos multı́metros, selecione
logo a escala seguinte. Continue a aumentar a tensão até atingir uma tensão aos terminais da
lâmpada de cerca de 1 V . Deixe estabilizar a temperatura do filamento e registe esse primeiro
par de valores do amperı́metro e do voltı́metro.

3. A partir daı́, continue a aumentar lentamente a tensão fornecida pela fonte de alimentação,
controlando sempre O VALOR LIDO NO VOLTÍMETRO (ou seja, a tensão aos terminais da
lâmpada) de modo a NÃO ULTRAPASSAR OS 6 V. Meça 20 pares de valores da tensão V
aplicada à lâmpada (até 6, 0 V , inclusive) e da corrente I correspondente que a percorre. Tenha
sempre o cuidado de deixar estabilizar a temperatura do filamento alguns segundos, antes de
realizar as medições. (E não se esqueça que as incertezas associadas a cada medida dependem
da escala selecionada nos instrumentos de medida.)

4. Quando terminar, coloque os botões coarse e fine da fonte de tensão nos valores mı́nimos e
desligue-a. Desligue também os multı́metros.

4 Tratamento de Dados
4.1 Resistência (R0 ) da lâmpada à temperatura ambiente (T0 )
1. Usando um programa de cálculo adequado organize numa tabela os 20 pares de valores de
V e I medidos na 1a parte do trabalho. Atenção às unidades e não se esqueça das incertezas
experimentais que afetam todas as medidas. Introduza na mesma tabela a temperatura ambiente
e a incerteza associada.

2. Represente graficamente as duas grandezas medidas. Determine o erro relativo associado a cada
uma dessas grandezas de forma a decidir qual delas deve associar ao eixo dos yy (a de maior
incerteza relativa) e qual deve representar no eixo dos xx.

3. Utilizando o método dos mı́nimos quadrados, ajuste uma reta do tipo y = A + Bx aos dados
experimentais. A partir dos parâmetros A e B encontrados no ajuste e da comparação entre a
equação da reta e a relação da equação (1) determine a resistência da lâmpada à temperatura
ambiente, R0 .

4.2 Regime linear e não-linear


1. Utilizando outra página do mesmo programa de cálculo organize uma nova tabela com os 20
pares de valores de V e I medidos na 2a parte do trabalho.

2. Represente graficamente as duas grandezas medidas. Associe ao eixo dos yy a grandeza cujos
valores tenham maior erro relativo. Ajuste uma reta do tipo y = A+Bx aos dados experimentais.
Compare com o gráfico obtido no ponto 3 da secção 4.1 tire conclusões sobre o regime de
funcionamento da lâmpada nas partes 1 e 2 do trabalho.

4
4.3 Potência Dissipada
1. Volte à tabela do ponto 1 da secção 4.2 e complete-a determinando, para cada par de valores
(V,I):

• a resistência da lâmpada (eq. 1) e a respetiva incerteza;


• a potência dissipada no filamento de tungsténio (eq. 2) e a respetiva incerteza;
• a temperatura (T) do filamento e a respetiva incerteza (eq. 4);
• a diferença (T − T0 ) e a respetiva incerteza;
• a diferença (T 4 − T04 ) e a respetiva incerteza.

2. Faça um gráfico adequado (ou seja, escolha corretamente a grandeza a representar em x e em


y) para relacionar as grandezas potência e (T − T 0). Faça outro gráfico para as grandezas P e
(T 4 −T04 ). Olhando para a forma como variam as grandezas nos dois gráficos o que pode concluir
sobre a potência dissipada tendo em conta a relação da eq. 3?

4.4 Área do filamento de tungsténio


1. Utilizando o método dos mı́nimos quadrados, ajuste uma reta do tipo y = A + Bx aos dados
representados no gráfico de P e (T 4 − T04 ). A partir dos parâmetros A e B encontrados no ajuste
e da comparação entre a equação da reta obtida e a relação da eq.3 determine o parâmetro β ±dβ
para o filamento de tungsténio.

2. Sabendo que β = σS, onde  é a emissividade média do tungsténio (que para a gama de
temperaturas registadas vale 0, 2±0, 03), e σ é a constante de Stephan-Boltzmann, σ = 5, 6704×
10−8 W m−2 K −4 determine a área efetiva do filamento de tungsténio, S.

Ÿ Nota final: Deixe a bancada de trabalho limpa e o material arranjado, tal como encontrou.
Como sabe, outro grupo virá executar o mesmo trabalho.

Referências
[1] M.C. Abreu, L. Matias e L.F. Peralta, Fı́sica Experimental - Uma introdução, Lisboa, Editorial
Presença (1994).

[2] M. Alonso e E. Finn, Fı́sica, Addison-Wesley Iberoamericana (1999).

[3] Textos “Introdução à análise e tratamento de dados experimentais” e “Apoio Experimental”,


apontamentos para a disciplina de TLF, L. P. Ferreira, Dep. Fı́sica, FCTUC (2016/17).

Link para erros nos parâmetros da reta:

https://web.northeastern.edu/ipl/data-analysis/straight-line-fit/

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