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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

DIRETORIA GERAL DE ENSINO E INSTRUÇÃO

Manual Básico de
Bombeiro Militar
Vol. 03
TECNOLOGIA E MANEABILIDADE EM INCÊNDIOS
Revisto e Atualizado
Rio de Janeiro - 2017
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Diretoria Geral de Ensino e Instrução

Manual Básico de
Bombeiro Militar
Volume 03

1º Edição Revista e Atualizada


Rio de Janeiro - 2017
328 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Diretoria Geral de Ensino e Instrução

Manual Básico de
Bombeiro Militar

Volume 03

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 329


330 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ
Governador do Estado do Rio de Janeiro
Luiz Fernando Pezão
Secretário de Estado da Defesa Civil e Comandante-geral do CBMERJ
Cel BM Ronaldo Jorge Brito de Alcântara
Subsecretário de Estado da Defesa Civil
Cel BM José Eduardo Saraiva Amorim
Chefe do Estado-Maior Geral e Subcomandante do CBMERJ
Cel BM Roberto Robadey Costa Junior
Subchefe do Estado-Maior Geral Administrativo
Cel BM Flávio Luiz Castro Jesus
Subchefe do Estado-Maior Geral Operacional
Cel BM William Vieira Carvalho
Diretor-Geral de Ensino e Instrução
Cel BM Otto Luiz Ramos da Luz

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 331


332 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ
Comissão de Elaboração e Revisão do Manual
Coordenador
Maj BM Euler Lucena Tavares Lima
Equipe revisora
Ten-Cel BM Eliane Cristine Bezerra De Lima
Maj BM Euler Lucena Tavares Lima
Maj BM Jeferson Corato Junior
Maj BM Filipe Correia Lima
Cap BM Leonardo Luiz Dos Reis
Cap Thiago Muniz Bucker
Cap BM Glauco Rocha Machado
Cap BM Márcio da Costa Brito
Cap BM Raphael de Almeida Mariano
Cap BM Rodrigo Pacheco de Melo Alcantelado
Cap BM Ruan Gasiglia do Amaral
Cap BM Gabriel Ferreira dos Santos
Cap BM Felipe Bonfim Junqueira
Cap BM Bruno Polycarpo Palmerim Dias
Cap BM Anndrio Luiz do Couto
Cap BM Igor Campos Bacelar
Cap BM Raphael Luiz Ferreira Palmieri
Cap BM Natan Lima Paracampos Barroso
Cap BM Rodolfo Augusto França Campos
1º Ten BM Luiz Felipe Motta Filgueira Gomes
2º Ten BM Allan Yelsin Ramos de Sousa
3º Sgt BM Priscilla Santos Vitório Tavares Lima
Cb BM Rafael Silveira De Oliveira

Equipe de apoio
Subten BM Renilton Dias dos Santos
1º Sgt BM Rodrigo da Silveira Marins
2º Sgt BM Alexandre Barbosa de Oliveira
2º Sgt BM Ricardo Patrocínio de Oliveira

Fotografia de capa do manual


Subten BM/RR Marcelo Ciro Xavier
Sumário

TÉCNICA E MANEABILIDADE EM COMBATE 10.2.3. Causas do incêndio............................................... 361


A INCÊNDIO................................................................... 337 10.2.4. Propagação do incêndio...................................... 361
10.2.5. Fases do incêndio................................................. 364
10. ESTUDO DA COMBUSTÃO..................................... 337
10.2.5.1. Fase inicial ou incipiente..................... 365
10.1. Constituição e propriedades da matéria................... 337
10.1.1. Os estados físicos da matéria............................ 337 10.2.5.2. Fase de crescimento ou
desenvolvimento................................................... 366
10.1.2. O fenômeno da combustão................................. 338
10.2.5.3. Fase de desenvolvimento completo ou
10.1.3. Triângulo do fogo.................................................. 340 totalmente
10.1.4. Tetraedro do fogo................................................. 340 desenvolvida............................................................371
10.1.4.1. Energia de ativação.............................. 340 10.2.5.4. Fase de decaimento ou decrescente......
373
10.1.4.1.1. Efeitos físico-químicos do calor.
342 10.2.5.5. Combustão oculta................................ 375
10.1.4.1.2. Efeitos fisiológicos da combus- 10.2.6. Comportamento extremo do fogo................... 375
tão................................................................. 343
10.2.6.1. Generalização do incêndio – Flashover..
10.1.4.2. Comburente............................................ 345 375
10.1.4.3. Combustíveis......................................... 346 10.2.6.2. Ignição explosiva da fumaça – Back-
draft ......................................................................... 379
10.1.4.3.1. Condutividade térmica........ 347
10.2.6.3. Ignição da fumaça .............................. 383
10.1.4.3.2. Estado de divisão................. 347
10.2.7. Métodos de extinção do incêndio.................... 385
10.1.4.3.3. Densidade............................... 347
10.2.7.1. Isolamento.............................................. 385
10.1.4.3.4. Miscibilidade......................... 348
10.2.7.2. Abafamento........................................... 386
10.1.4.3.5. Pontos notáveis da combustão
348 10.2.7.3. Resfriamento........................................ 387

10.1.4.3.6. Tendência para liberar vapores 10.2.7.4. Inibição................................................... 388


(combustíveis líquidos).......................... 350 10.2.8. Agentes extintores de incêndio....................... 389
10.1.4.4. Limites de inflamabilidade (ou explosi- 10.2.8.1. Água no Combate a Incêndio............. 389
vidade)...................................................................... 351
10.2.8.1.1. Aditivos..................................... 390
10.1.5. Velocidade da Combustão................................... 351
10.2.8.2. Espuma.................................................... 390
10.1.6. Tipos de Chamas....................................................352
10.2.8.3. Pós químicos.......................................... 394
10.1.7. Produtos da Combustão...................................... 354
10.2.8.4. Gases inertes: dióxido de carbono e
10.2. ESTUDO DO INCÊNDIO.................................................. 356 nitrogênio................................................................ 394
10.2.1. Classes de incêndio.............................................. 356
10.2.8.5. Halons..................................................... 395
10.2.1.1. Classe A.................................................... 356
10.3. Viaturas de Combate a Incêndio e Salvamento do
10.2.1.2. Classe B.................................................... 357
CBMERJ....................................................................................... 396
10.2.1.3. Classe C.................................................... 357 10.3.1. Estudo dos Fluidos............................................... 396
10.2.1.4. Classe D................................................... 358 10.3.1.1. Pressão..................................................... 397
10.2.1.5. Classe E.................................................... 360 10.3.1.2. Vazão........................................................ 398
10.2.1.6. Classe K................................................... 360 10.3.2. Estruturas e Fenômenos.................................... 398
10.2.2. Proporções do incêndio....................................... 360 10.3.2.1. Bombas Hidráulicas............................. 398

334 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


10.3.2.2. Fenômenos Hidráulicos...................... 400
10.3.2.3. Processo de Transmissão de Força nas
Viaturas................................................................... 403
10.3.3. Viaturas de Combate a Incêndio e Salvamento
no CBMERJ.......................................................................... 405
10.3.3.1. Auto Bomba Tanque (ABT)................. 406
10.3.3.2. Auto Bomba para Inflamáveis (ABI).406
10.3.3.3. Auto Tanque (AT).................................. 407
10.3.4. Auto Cavalo Mecânico (ACM) Conjugado a
Tanque Reboque (TR)....................................................... 407
10.3.5. Auto Busca e Salvamento Leve (ABSL)......... 407
10.3.6. Auto Rápido (AR)................................................. 408
10.3.7. Auto Plataforma Mecânica (APM).................. 408
10.3.8. Auto Escada Mecânica (AEM).......................... 408
10.3.9. Auto Serviço Tático de Abastecimento (ASTA)...
408
10.3.10. Auto Bomba Salvamento (ABS)..................... 408
10.3.11. Auto Busca e Salvamento
Guindaste (ABSG)............................................................. 409
10.3.12. Auto Bomba (AB)................................................ 409
10.3.13. Auto Tático de Emergência (ATE)................... 410
10.3.14. Auto Bomba Plataforma (ABP)....................... 410
10.4. Equipamentos de Combate a Incêndio....................... 411
10.4.1. Equipamento de proteção individual (EPI)...... 411
10.4.1.1. Capacete para combate a incêndio.... 411
10.4.1.2. Balaclava...................................................412
10.4.1.3. Roupa de aproximação........................ 413
10.4.1.4. Luvas para combate a incêndio......... 414
10.4.1.5. Botas para combate a incêndio......... 414
10.4.1.6. Equipamentos de proteção
respiratória ............................................................. 415

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 335


10.4.1.6.1. Equipamento de proteção 10.4.4.1.3. ..... Possíveis defeitos, causas e
respiratória autônomo............................ 415 reparos........................................................ 448
10.4.1.6.1.1. Autonomia respiratória..... 417 10.4.4.1.4. Cálculo da vazão em hidrante
de coluna..................................................... 449
10.4.1.6.1.2. Limitações............................. 418
10.4.4.2. Hidrante de recalque........................... 451
10.4.1.6.1.3. Equipagem............................ 419
10.4.4.3. Legislação sobre Hidrantes.............. 452
10.4.1.6.1.4. Conservação e manutenção
periódica..................................................... 425 10.4.5. Fenômenos hídricos............................................ 452
10.4.2. Aparelhos extintores.......................................... 425 10.4.6. Geoprocessamento e plano de gerenciamento
operacional de recursos hídricos.................................. 452
10.4.2.1. Classificação dos extintores............. 425
10.4.7. Materiais de abastecimento............................ 454
10.4.2.2. Principais tipos de extintores........... 426
10.4.8. Materiais de estabelecimento......................... 458
10.4.3. Bombas de incêndio............................................ 432
10.4.8.1. Mangueira de combate a incêndio.. 459
10.4.3.1. Classificação das bombas
de incêndio.............................................................. 432 10.4.8.1.1. Armazenagem e manutenção....
460
10.4.3.1.1. Quanto ao funcionamento.. 432
10.4.8.1.2. Enrolamento de mangueira.460
10.4.3.1.2. Quanto à fonte de energia. 432
10.4.8.1.2.1. Enrolamento em espiral... 460
10.4.3.1.3. Quanto ao transporte......... 432
10.4.8.1.2.2. Enrolamento pelo seio...... 461
10.4.3.1.4. Quanto à potência................ 432
10.4.8.1.2.3. Enrolamento com alças... 465
10.4.3.2. Funcionamento das bombas de incên-
dio.............................................................................. 432 10.4.8.1.2.4. Enrolamento em ziguezague.
466
10.4.3.2.1. Bomba de pistão................... 432
10.4.8.1.2.5. ADUCHAMENTO EM ANEL
10.4.3.2.2. Bomba de engrenagens (ou OU “O”:......................................................... 468
rotativa
de engrenagem)........................................ 433 10.4.8.1.3. Transporte de mangueira... 469

10.4.3.4.3. Bomba de palhetas............. 433 10.4.8.1.4. Métodos de acoplamento de


mangueiras................................................ 470
10.4.3.2.4. Bomba centrífuga................ 434
10.4.8.2. Esguichos................................................ 471
10.4.3.3. Manutenção de motobombas.......... 434
10.4.8.2.1. Tipos de esguicho.................. 471
10.4.3.4. Procedimento para estabelecimento
de motobombas.................................................... 434 10.4.8.2.2. Tipos de jato d’água............ 475

10.4.3.4.1. Bomba IVECO MAGIRUS TS 10.4.8.3. Proporcionador de espuma............... 479


10-1000........................................................ 435 10.4.8.4. Esguicho lançador de espuma.......... 481
10.4.3.4.2. Motobomba autoescorvante... 10.4.8.5. Esguicho proporcionador
437 de espuma................................................................ 481
10.4.3.4.3. Motobomba submersível com 10.4.9. Materiais de salvatagem.................................. 482
mangote e centrífuga............................. 442
10.4.10. Incêndios Florestais.......................................... 484
10.4.4. Hidrantes................................................................ 445
10.4.10.1. Causas dos incêndios florestais..... 484
10.4.4.1. Hidrante de coluna............................... 446
10.4.10.2. Fatores que influenciam um incêndio
10.4.4.1.1. Características construtivas..... florestal................................................................... 485
446
10.4.10.2.1. Topografia............................. 485
10.4.4.1.2. Manutenção do hidrante de
coluna.......................................................... 446 10.4.10.2.2. Clima...................................... 486

336 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


10.4.10.3. Vegetação............................................ 486 10.5.1.5.1.1. Objetivos da ventilação..... 515
10.4.10.4. Partes de um incêndio florestal..... 487 10.5.1.5.5.2. Tipos de ventilação............ 516
10.4.10.5. Materiais de combate a incêndio 10.5.1.5.6. Salvamento............................ 524
florestal................................................................... 488
10.5.1.5.7. Proteção...................................525
10.4.10.6. Métodos de combate a incêndio flo-
10.5.1.6. Inspeção e rescaldo...............................525
restal........................................................................ 490
10.5.1.6.1. Preservação de local de incên-
10.4.11. Materiais de rescaldo........................................ 490
dio..................................................................525
10.4.12. Escadas................................................................. 490
10.5.1.7. Recolhimento de material e abasteci-
10.4.12.1. Escada simples..................................... 491 mento das VTRs.....................................................527
10.4.12.2. Escada de bombeiro........................... 491 10.5.1.8. Inspeção final..........................................527
10.4.12.3. Escada de dois ganchos................... 492 10.5.1.9. Entrega do local.....................................527
10.4.12.4. Escada prolongável........................... 492 10.5.1.10. Retorno a UBM......................................528
10.4.13. Sistema preventivo fixo.................................. 493 10.5.1.11. Bomba-armar.........................................528
10.5. TÉCNICAS DE COMBATE A INCÊNDIO...................... 497 10.5.1.12. Escada Prolongável............................ 535
10.5.1. Fases da operação de combate a incêndio... 497
10.5.2. Técnicas de Utilização do Extintor Portátil de
10.5.1.1. Deslocamento......................................... 497 Incêndio................................................................................ 538

10.5.1.2. Isolamento da área e evacuação...... 497 10.5.3. Tipos de linha de combate................................. 540
10.5.3.1. Linha de combate em plano horizontal..
10.5.1.3. Reconhecimento do local.................... 497
541
10.5.1.4. Estabelecimento................................... 498
10.5.3.2. Linha de combate em plano vertical......
10.5.1.5. Ataque..................................................... 498 548
10.5.1.5.1. Combate a incêndio 10.5.3.3. Troca de mangueira rompida........... 554
classe A (incêndios estruturais)........... 501
10.5.4. Técnicas de Salvatagem.................................... 554
10.5.1.5.1.1. SATURAÇÃO COM NEBLINA ... 10.5.4.1. Procedimentos em Salvatagem....... 554
502
10.5.4.2. Planejamento para Operação de Salva-
10.5.1.5.1.2. DWF – TRIDIMENSIONAL tagem....................................................................... 554
WATER FOG (neblina tridimensional) .502
10.5.4.3. Organização dos Materiais a Serem
10.5.1.5.2. Combate a incêndio Cobertos.................................................................. 555
classe B........................................................ 510
10.5.4.4. Escoamento da Água.......................... 555
10.5.1.5.2.1. Abafamento / resfriamento
com água..................................................... 510 10.5.5. Técnicas de rescaldo........................................... 556
10.5.1.5.2.2. Varredura com água........... 511 10.5.5.1. Condições Perigosas da Edificação.556

10.5.1.5.2.3. Substituição do combustível 10.5.5.2. Focos Ocultos........................................ 556


por água........................................................ 511 10.5.6. Comunicação por apito, gestos e cabos........ 556
10.5.1.5.2.4. Abafamento com espuma.512
Referências bibliográficas.......................................... 558
10.5.1.5.3. Combate a incêndio
classe C........................................................ 513
10.5.1.5.4. Combate a incêndio
classe D........................................................ 514
10.5.1.5.5. Técnicas de ventilação......... 514

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 337


Capítulo 10

338 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


TÉCNICA E MANEABILIDADE EM camada que se situa ao redor do átomo, chamada ele-
trosfera. O átomo ainda possui um núcleo, onde se locali-
COMBATE A INCÊNDIO zam os prótons que são partículas de carga positiva e os
nêutrons que não possuem carga.
10. ESTUDO DA COMBUSTÃO
Apesar dos nêutrons não possuírem carga, os mesmos
possuem um papel de grande relevância na estrutura do
10.1. Constituição e propriedades da átomo como uma espécie de “estabilizador” do núcleo, já
matéria que na natureza partículas de mesma carga se repelem
Para que possamos ter a perfeita compreensão dos entre sim, logo, sem os nêutrons, o núcleo não seria está-
efeitos e do desenvolvimento da combustão é preciso vel, pois os prótons não conseguiriam manter, sozinhos, a
entender primeiramente a constituição física e química estabilidade do núcleo do átomo.
da matéria que é formada por partículas de tamanho ex- Normalmente para formar a matéria, os átomos bus-
tremamente reduzido, chamadas de átomos. cam cominar-se entre si ou com outros átomos, buscan-
do uma estabilidade maior, quanto estes elementos se
Elétron
combinam, são formadas as moléculas.

Próton

Nêutron
Fig. – Molécula da água

10.1.1. Os estados físicos da matéria


A matéria pode se apresentar em três estados físicos
– sólido, líquido e gasoso. Neste momento faremos uma
breve análise de cada um deles levando em conta três as-
pectos: a força de ligação entre as moléculas, a forma e a
Fig. – Átomo de Rutherford compressibilidade. É de vital importância o entendimen-
to destes fatores já que os mesmos influenciam direta-
O átomo é constituído por três tipos de partículas
mente no desenvolvimento do fenômeno da combustão.
basicamente – os elétrons que possuem carga negativa
têm uma massa muito pequena se comparado aos outros No estado sólido existe uma força de interação relativa-
tipos de partículas do átomo, eles se localizam em uma mente muito forte entre as moléculas, de forma que a com-

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 339


pressibilidade torna-se quase inexistente e, por conseguin- Importante frisar que a luz produzida pela combustão
te, quando a matéria encontra-se neste estado, sua forma recebe a denominação de chama e é normalmente concei-
é fixa. Temos como exemplo: o carvão, o papel e a madeira. tuada como a parte visível da combustão, embora esta as-
sertiva não uma regra já que há materiais que ao entrarem
No caso do estado líquido a força de interação, se
em combustão não apresentam uma chama visível.
comparada com os sólidos, é menor e em função disso
a sua forma é variável e apresenta um pequeno grau de O conceito de incêndio está relacionado ao fogo que
compressibilidade, estas características fazem com que foge ao controle do homem e, uma vez que haja esta
possamos fazer o transbordo de entre recipientes de vo- perda do controle este incêndio provoca danos ao patri-
lumes e estrutura diferentes, já que o material irá adap- mônio e aos seres humanos, este tipo de evento recebe
tar-se a este novo receptáculo. Temos como exemplo: a também a denominação de sinistro.
água, a gasolina e o diesel.
A temperatura atingida neste tipo de reação é alta em
Já no estado gasoso, a força de interação entre as molé- função da incapacidade dos mecanismos de transferên-
culas é relativamente muito pequena, de forma que o gás é cia de energia – condução, convecção e radiação, de dis-
um material que ocupa todo o volume de seu receptáculo persar rapidamente a energia liberada. Em função disso
e é altamente compressível, temos o exemplo do Gás Na- este processo é considerado rápido e praticamente adia-
tural Veicula (GNV) onde se comprime vários metros cúbi- bático (CUOGUI, 2006).
cos de gás em um cilindro de dimensões muito reduzidas.
Ao observar-se o fogo em madeira, por exemplo, co-
Como exemplo, temos: GNV, oxigênio e hidrogênio.
mumente tem-se a idéia errônea de que aquele material
TABELA 1 – ESTADOS FÍSICOS DA MATÉRIA está queimando diretamente por assim dizer. Na verda-
de, no caso da madeira, assim como em todos os mate-
Estado Energia de inte- Compressibi-
Forma riais orgânicos (materiais que contém o elemento carbo-
físico ração relativa lidade
no em sua composição) o que se inflama na verdade são
Quase inexis-
Sólido Fixa Grande os gases ou vapores liberados por eles quando aqueci-
tente
dos, ou seja, normalmente ocorre um pré-aquecimento
Pouco com-
Líquido Variável Média daquele material até a temperatura que o mesmo come-
pressível
Muito com- ce a liberar gases para que então a combustão se inicie,
Gasoso Variável Pequena dependendo desta temperatura aquela reação iniciada
pressível
Fonte: www.portaldoprofessor.mec.gov.br será autossustentável ou não.

Com este breve estudo podemos perceber que a matéria


se comporta de formas diferentes dependendo de alguns
fatores, na tabela acima, por exemplo, temos um resumo
superficial, porém elucidativo de como o estado físico pode
interferir sensivelmente neste comportamento.

10.1.2. O fenômeno da combustão


O fogo pode ser definido com o resultado de uma re-
ação química entre combustível e comburente. A reação
de combustão pode ser entendida como uma reação oxi-
dante exotérmica: oxidante por ser uma reação química
que consome oxigênio (O2) e, exotérmica porque libera
Fig. generalização do incêndio
calor durante a reação (DRYSDALE, 1998). fonte: Explosion Fumées - Embrasemente

340 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


A esta regra sobre materiais orgânicos faz-se uma ex- responsável por 99,9% das combustões e está contido
ceção ao carvão, em sua forma mineral ou vegetal, pois a no ar que respiramos que tem em sua composição apro-
combustão no mesmo se processa através de uma rea- ximadamente: 78% de nitrogênio, 21% de oxigênio e 1%
ção superficial com o oxigênio – incandescência. de outros gases.
Pode-se fazer uma relação da periculosidade do Em resumo, pode-se afirmar o seguinte (ENB, 2006):
material com a temperatura na qual o mesmo come- • Combustível: substância que reage no seio de
ça a liberar gases combustíveis, ou seja, quanto mais um gás;
baixa a temperatura para ocorrer essa liberação, mais
• Comburente: corpo gasoso ou atmosfera que
suscetível à combustão ele é, logo possui maior peri-
envolve o combustível e que com ele reage na
culosidade e requer, portanto, maiores cuidados em
combustão.
seu manuseio.
Na figura 3, podemos vislumbrar o fenômeno da com-
Como dito anteriormente, a maior parte das reações de
bustão de uma maneira genérica. No esquema em ques-
combustão se dão na fase gasosa. Caso o combustível seja
tão existe a ocorrência de uma chama inicial, esta come-
líquido ele evapora e, em contato com o oxigênio e com a
ça a destilação do combustível sólido (pirólise), desta
energia de ativação, ele se inflama. Na maior parte dos só-
forma existe uma liberação de gases pelo combustível
lidos a combustão está relacionada com a queima de gases
e, então, estes gases, em contato com o oxigênio, vão
(combustão flamejante) que se originam da destilação dos
sendo aquecidos até o ponto de entrarem em ignição,
constituintes voláteis do material sólido (pirólise).
gerando reações exotérmicas que irão retroalimentar o
A combustão (fogo), portanto, não pode existir sem processo.
combustível e comburente. O oxigênio é o comburente

(comburente)

Chama Inicial

Calor Chamas

Fig. – O fenômeno da combustão (Fonte: MELHADO, 1990)

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 341


10.1.3. Triângulo do fogo por sua vez, combinam-se com uma molécula de oxigê-
nio, originando assim outro radical livre (OH0), propagan-
Na busca do entendimento dos fatores necessários
do-se desta forma a reação de combustão (ENB, 2006).
para que houvesse a combustão, durante muito tempo
acreditou-se que apenas três elementos seriam neces-
sários: combustível, comburente e energia de ativação.
Para tanto se buscou uma forma didática para disse-
minar este conceito, daí foi criado o triângulo do fogo,
aproveitando a forma geométrica para a associação dos
três elementos básicos para a combustão. Como apre-
sentado na figura 5.

Com a constatação da existência da reação em cadeia


obtemos, portanto, mais uma face em nossa represen-
tação didática do fogo e a esta figura denominamos de
tetraedro do fogo.
É importante observarmos que independente da re-
Fig. – Triângulo do fogo
presentação que haja em relação ao fenômeno da com-
bustão, o que deve ficar claro é que se for retirado do
10.1.4. Tetraedro do fogo processo qualquer um dos elementos que a compõe –
combustível, comburente, energia de ativação e reação
Com o decorrer dos avanços científicos observou-se
em cadeia – a mesma será interrompida, na verdade os
que além dos três fatores anteriormente expostos, para
métodos de extinção de incêndio baseiam-se exatamen-
a ocorrência da combustão era necessária a presença de
te na supressão destes componentes da combustão, a
um quarto elemento: a reação em cadeia.
seguir faremos uma análise de cada um destes elemen-
Com a reação química da combustão ocorre a forma- tos.
ção de radicais livres que contém uma elevada quantida-
de de energia e, desta forma, estes elementos reagem 10.1.4.1. Energia de ativação
com outras moléculas formando mais radicais livres e as- Quando falamos em energia de ativação da combus-
sim sucessivamente, de forma a expandir a combustão. tão, nos referimos ao componente energético capaz de
Temos, por exemplo, o caso da combustão do hidrogê- fazer com que a temperatura do combustível aumente
nio em que suas moléculas, em função do calor, dividem- para que haja então a liberação dos gases que sofrerão a
se dando origem a radicais livre de hidrogênio (H0) que, queima, a esta energia denominamos calor.

342 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Durante muito tempo associou-se o calor diretamen- ativação pode ser qualquer elemento que faça com que
te ao conceito de agente ígneo (chama), com o avanço o combustível, independentemente de seu estado físico,
nos estudos a este respeito, verificou-se que esta as- desprenda gases combustíveis.
sociação nem sempre ocorre na prática. A energia de

TABELA 2 – PRINCIPAIS FONTES DE ENERGIA DE ATIVAÇÃO

Tipo de fonte Origem Exemplos


Resistência Aquecedor elétrico
Elétrica Arco voltaico (faísca) Cabo de alta tensão quebrado em contato com solo
Eletricidade estática Descarga entre extintor e terra após esvaziamento
Fricção Contato não lubrificado entre peças metálicas
Mecânica
Compressão Compressão de um gás em um cilindro
Superfícies quentes Placa de um fogão
Térmica
Radiação Exposição intensa e continuada ao sol
Química Química Limalha de ferro + óleo / algodão + óleo
Fonte: ENB, 2006.

Não devemos menosprezar, portanto a energia calo- portanto, que uma fonte de calor não se resume a chama.
rífica acumulada em maquinários industriais, fogões ou
A tabela 3 traz a informação das principais fontes de
equipamentos que acumulem calor, pois estas fontes po-
calor capazes de dar início a um incêndio.
dem ser capazes de iniciar um incêndio. Deve ficar claro,

TABELA 3 – ESTIMATIVA DA TEMPERATURA DE ALGUMAS FONTES DE CALOR

Fonte de calor Temperatura (oC)


Vela 700 – 1400
A 15 cm da chama da vela 200
Arco elétrico 4000
Chama do álcool 1200 – 1700
Chama de fósforo 1500
Chama de gás 1000 – 1500
Cigarro 300 – 400
Fósforo 800
Lâmpada 170 – 200
Madeira queimando 1000 – 1400
Oxi-acetileno 2000 – 3000
Fonte: Tactical firefighting, Paul Grimwood

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 343


Em resumo, podemos dizer que o Calor em uma rea-
ção de combustão é:
• O elemento que causa a vaporização do com-
bustível líquido e a termólise do combustível
sólido;
• O elemento que serve para dar início a uma com-
bustão, promovendo o crescimento e aumen-
tando a propagação das chamas;
• Componente energético que eleva a tempera-
tura, gerada da transformação de outra energia,
através de processo físico ou químico.
Importante não confundir Pirólise com Termólise:
Pirólise: processo de decomposição em razão do
fogo, resultando na liberação de vapores combustíveis
nos materiais sólidos;
Termólise: processo de decomposição em razão do
calor, resultando na liberação de vapores combustíveis
nos materiais sólidos; não se faz necessário ter a pre-
sença de chamas para ocorrer a decomposição. O mero
aquecimento, mesmo em ambiente sem oxigênio capaz
de sustentar a chama, pode resultar na decomposição de
um sólido com a liberação de vapores combustíveis.

10.1.4.1.1. Efeitos físico-químicos do


calor
O calor é uma forma de energia que altera a temperatura
e é gerada pela transformação de outras formas de energia.
A energia de ativação está intimamente ligada à temperatu-
ra, proporcionando o seu aumento. O calor gerado irá produ-
zir efeitos físicos e químicos nos corpos e efeitos fisiológi-
cos nos seres vivos. Como os que vemos a seguir:
Aumento/Diminuição da Temperatura - O aumento
ou diminuição da temperatura acontece em função do
calor, que é uma forma de energia transferida de um cor-
po de maior temperatura para um de menor temperatu-
ra. Este fenômeno desenvolve-se com maior rapidez nos conforme o aumento ou diminuição de temperatura.
corpos considerados bons condutores de calor e mais A dilatação/contração pode ser linear, quando apenas
lentamente nos corpos considerados maus condutores. uma dimensão tem aumentos consideráveis; superficial,
quando duas dimensões têm aumentos consideráveis; e
Dilatação/Contração Térmica - É o fenômeno pelo
volumétrica, quando as três dimensões têm aumentos
qual os corpos aumentam ou diminuem suas dimensões
consideráveis.

344 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Cada material tem seu coeficiente de dilatação térmica, O calor é a causa direta da queima e de outras formas
ou seja, dilatam mais ou menos dependendo da matéria. Este de danos pessoais. Danos causados pelo calor incluem
fator pode acarretar alguns problemas, como por exemplo, desidratação, câimbra, intermação, fadiga e problemas
uma viga de 10 m exposta a um aumento de temperatura na para o aparelho respiratório, além de queimaduras (1º, 2º
ordem 700º C. Com esse aumento de temperatura, o ferro, e 3º graus), que nos casos mais graves podem levar até a
dentro da viga, aumentará seu comprimento em 84 mm, morte (CBMES, 2014).
aproximadamente, e o concreto, apenas em 42 mm.
A fadiga em decorrência da exposição ao calor é um
Sendo assim, o ferro tende a deslocar-se no concreto, fator importante a ser levado em consideração para as
perdendo a sua capacidade de sustentabilidade, para a atividades de bombeiro já que este processo de des-
qual foi projetado. gaste é aumentado por estes fatores adversos. Em am-
A compreensão destas características do compor- bientes com elevadas temperaturas o desgaste é po-
tamento dos materiais é fundamental quando executa- tencializado, provocando principalmente o aumento da
mos as atividades de combate a incêndios, já que se as frequência cardiorrespiratória, grande perda de líquido
estruturas sofrem dilatação quando aquecidas, sofrem pela transpiração, gerando a desidratação e compilando
contração quando resfriadas, de forma que a utilização ainda mais na causa de exaustão.
da água deve ser feita racionalmente para que não gere
A combustão gera também a fumaça e esta carreia
um colapso na estrutura do local sinistrado.
muitas partículas em sua composição, algumas partícu-
10.1.4.1.2. Efeitos fisiológicos da las são irritantes, mas existem aquelas que podem ser
combustão fatais ao bombeiro que venha a inalá-las, a penetração
destas no organismo dependem de seu tamanho.

Um fator fundamental a ser compreendido pelo bom-


beiro é o relacionado à presença de gases nocivos que
são produzidos pela combustão. Em um incêndio existe
principalmente a produção gases tóxicos – que reagem
com células e tecidos prejudicando o carreamento de
oxigênio no organismo, e de gases asfixiantes – que des-
locam o oxigênio do ambiente, diminuindo a concentra-
ção deste gás e trazendo risco a vida.

Baseados nestes conhecimentos percebemos que


Fig.– efeitos fisiológicos do calor de forma alguma o equipamento de proteção respira-
tória (EPR) deve ser ignorado em caso de incêndio, pois
Faz-se necessário, ainda que neste momento de for-
além dos gases presentes no sinistro serem nocivos ou
ma superficial, uma breve explanação no sentido de aler-
até mesmo letais, muitos deles são inodoros e incolores
tar aos bombeiros militares quanto aos principais efei-
o que não permite que o bombeiro, utilizando seus pró-
tos que a combustão pode causar aos seres humanos. prios sentidos, possa identificá-los ou quantificá-los.
O calor, por si só, pode promover mudanças nos am- Os principais gases produzidos em um incêndio são
bientes em que esteja atuando, como é decorrente da o monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO2),
combustão e esta consome comburente, uma das pri- dióxido de nitrogênio (NO2), acroleína, dióxido de enxo-
meiras implicações é a deficiência de oxigênio no local, fre (SO2), ácido cianídrico (HCN), ácido clorídrico (HCl) e
especialmente se este for fechado. amônia (NH3). (CBMDF, 2006).

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 345


Discorreremos a seguir, de forma sucinta, a respeito morte em poucos segundos, pois sua toxidade é vinte
das características destes produtos: vezes maior que a do monóxido de carbono. Após entrar
i) Monóxido de Carbono (CO) – é o principal agente no organismo o ácido associa-se com a hemoglobina do
causador de mortes nos incêndios, inodoro e incolor. sangue, impedindo que estas façam o transporte de oxi-
Possui uma densidade próxima a do ar atmosférico. Uma gênio, através das hemácias, para os tecidos do corpo,
fumaça mais escura normalmente é um indício de com- matando a pessoa por asfixia química.
bustão incompleta de materiais e este processo produz iv) Ácido Clorídrico – Forma-se nos incêndios em am-
altas concentrações de CO. Este gás possui uma afini- bientes que contenham materiais que possua cloro em
dade maior que a do oxigênio em relação à hemoglobi- sua composição, como o PVC. A inalação deste compos-
na (responsável pelo transporte do O2 para as células e to é corrosiva para o trato respiratório superior e pode
tecidos), na ordem de 200 a 300 vezes, de forma que o causar necrose do epitélio bronquial, além de ser irritan-
monóxido de carbono, uma vez combinado com ela, impe-
te para os olhos, membranas de mucosas e pele.
de que a mesma possa se ligar ao oxigênio, fazendo uma
asfixia química no indivíduo e, muitas vezes, o levando v) Acroleína – A acroleína produz irritação do trato
à morte. Concentrações de um milésimo (1/1000) de 1% respiratório, aumenta a resistência das vias aéreas e
de monóxido de carbono no ar já produzem sintomas de diminui a freqüência respiratória. Exposições ao vapor
envenenamento e concentrações em torno de 4% são de acroleína, em concentrações baixas como 10 PPM,
letais em 50% da população exposta por menos de 30 podem levar a edema pulmonar e morte. A inalação pode
minutos (MARZZOCO, 1985). também causar uma reação asmática em indivíduos sen-
síveis.
ii) Dióxido de Carbono (CO2) – Gás predominante-
mente asfixiante que tem como principal característica vi) Amônia – A amônia é um agente irritante e o efeito
a capacidade de deslocar o oxigênio do ambiente, dimi- principal e mais imediato da sua exposição é queimadu-
nuindo a concentração deste no local. Esse é mais um ras na pele, olhos e trato respiratório. A inalação pode
fator importante da utilização de EPR autônomo, já que levar à morte.
desta forma consumiremos um ar respirável indepen-
Como pudemos perceber existe uma grande gama de
dente da atmosfera ambiente. Importante ressaltar nes-
te momento que Segundo WICKHAM ( 2003, apud CIPO- perigos ocultos na fumaça gerada em um incêndio e es-
LATTI, 2014), “o dióxido de carbono é tóxico, causa danos tes não podem ser percebidos utilizando apenas nossos
e morte, interferindo nas funções do sistema nervoso sentidos, portanto temos na utilização dos equipamen-
central. Afirma que este gás é letal em concentrações tos de proteção individual (EPI) a única forma segura de
muito abaixo das utilizadas nos sistemas de extinção atuarmos. O EPI em si, especialmente nos primeiros con-
de incêndios por inundação total, e apresenta, ainda, os tatos, pode dar a impressão de ser um agente dificulta-
efeitos da exposição humana a diferentes concentra- dor na execução do socorro, por eventualmente restrin-
ções e durações, destacando-se: 6% de CO2, durante 1 gir a movimentação, ou diminuir tato ou visibilidade, mas
a 2 minutos, causam distúrbios visuais e auditivos; 10 a com o treinamento e a adaptação correta percebe-se
15% de CO2, durante um minuto, causam tonturas, sono- que é perfeitamente possível o desenvolvimento de to-
lência, espasmos musculares e inconsciência, e; 17 a 30% das as atividades de bombeiro utilizando os equipamen-
de CO2, em menos de um minuto, causa perda de coorde- tos de proteção individual e que na verdade, não se pode
nação motora, inconsciência, convulsões, podendo levar executar, de forma segura, qualquer atividade de socorro
ao coma e à morte”. desprovido deles.
iii) Ácido Cianídrico (HCN) – É o gás mais tóxico con- Abaixo será apresentada uma tabela contendo os
tido na fumaça, quando inalado pode levar o indivíduo a efeitos dos principais gases presentes na fumaça:

346 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Gás Origem Efeitos toxicológicos
Não é tóxico, diminui o oxi-
Dióxido de carbono (CO2) Produto comum em combustão
gênio respirável
Monóxido de carbono (CO) Produto comum em combustão Veneno asfixiante
Combustão de materiais à base de nitrato, celu-
Óxidos de nitrogênio (NO2eNO) Irritante respiratório
lose e têxtil
Nylon (poliamida), poliuretano, poliacrilonitrila,
Ácido cianídrico (HCN) Veneno asfixiante
borracha, seda
Tóxico, com cheiro repug-
Ácido sulfúrico (H2S) Compostos contendo enxofre, óleo cru, lã
nante
Cloreto de polivinil, alguns materiais retardan-
Ácido clorídrico (HCl) Irritante respiratório
tes ao fogo
Ácido bromídrico (HBr) Alguns materiais retardantes ao fogo Irritante respiratório
Ácido fluorídrico (HF) Polímeros que contenham flúor Tóxico e irritante
Dióxido de Enxofre (SO2) Materiais que contenham enxofre Irritante muito forte
Isocianatos Polímeros de poliuretanos Irritante respiratório
Acroleína e outros aldeídos Produto comum em combustão Irritante respiratório
Borracha, seda, nylon, normalmente em baixa
Amônia (NH4) Irritante
concentração em incêndios em edifícios
Hidrocarbonetos aromáticos (ben-
Produtos comuns na combustão cancerígeno
zeno e derivados)

Fonte: Tactical firefighting, 2003

Cabe aqui uma importante observação quanto ao con- de intoxicação, receber a prescrição correta do medica-
sumo de leite em casos de intoxicação, já que o senso mento adequado e assim fazer um tratamento eficaz.
comum normalmente recomenda o consumo deste ali-
mento em casos que o indivíduo venha a se intoxicar de 10.1.4.2. Comburente
alguma forma. O comburente, também conhecido como agente oxi-
dante, é a substância que reage com os gases emitidos
Na verdade, como alimento, o leite possui muitas qua-
durante a pirólise dos combustíveis. Na maior parte das
lidades, porém não há qualquer tipo de estudo que com-
combustões ocorridas o oxigênio será o comburente, até
prove sua eficácia como desintoxicante, de forma que
mesmo pelo fato do mesmo estar disponível em abun-
não deve ser utilizado com este fim.
dância na atmosfera terrestre.
Para os casos de intoxicação profissional o indivíduo
A concentração de oxigênio encontrada no ar é pró-
deve ser conduzido ao hospital com o objetivo de ser de-
xima a 21%, nestas condições teremos uma combustão
vidamente examinado e, uma vez detectado algum tipo

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 347


plena dos materiais, porém, como já visto anteriormente, – pode até mesmo entrar em combustão na presença de
o processo de queima consome oxigênio, desta forma, altas concentrações de oxigênio, o que exige dos bom-
especialmente em locais fechados, o fogo faz com que a beiros um cuidado especial nos combates em locais onde
concentração do comburente vá diminuindo e esta redu- essa conjuntura pode se apresentar tais como hospitais
ção afeta diretamente a combustão. Pois quanto maior e indústrias.
for a concentração de oxigênio mais rápida será a com-
Na tabela abaixo, temos alguns sintomas e sinais
bustão, o contrário também é verdadeiro pois na medida
que ocorrem com a redução da concentração de oxi-
que a concentração de O2 diminui, a combustão fica mais
gênio em um ambiente com vítimas.
lenta.
Concentração
Normalmente para uma atmosfera que possua me- Efeito
de O2
nos de 15% de oxigênio, não mais haverá chamas no
local já que estas não perduram abaixo desta concen- 21,00% Condição normal
tração. Importante frisar que esta ausência de chamas
Alguma Perda de coordenação mo-
se dá em função da diminuição do oxigênio e que o am- tora. Aumento na frequência respi-
biente, mesmo sem chamas, permanece extremamen- 17,00%
ratória para compensar a redução na
te aquecido, o que exige dos bombeiros muita cautela concentração de O2
no acesso a esses locais para prevenir a entrada de ar
12,00% Vertigem, dor de cabeça e fadiga
e, por conseguinte de O2, o que poderia permitir que
os materiais se inflamem novamente ou até mesmo 9,00% Inconsciência
ocasionar alguns fenômenos que estudaremos mais
adiante. Morte em poucos minutos por para-
6,00% da respiratória e consequente para-
Os combustíveis sólidos podem continuar em com- da cardíaca
bustão, sem a emissão de chamas, com concentrações Os dados não são absolutos por não considerarem as
de até 6% de oxigênio. Ressaltamos ainda que existem diferentes capacidades respiratórias dos Indivíduos
combustíveis que liberam oxigênio durante sua queima, e a extensão do tempo de exposição à concentração
reduzida de O2.
tais como: a celulose, a pólvora, os nitratos, os cromatos,
os materiais pirotécnicos, dentre outros. De forma que Os sintomas acima ocorrem apenas com a redução de
O2. Quando a atmosfera está contaminada com gases
percebemos que a concentração mínima necessária para
tóxicos, poderão ocorrer outros sintomas.
a combustão depende do combustível que está inserido Fonte: Manual de Fundamentos do Corpo de Bombeiros da PMSP
no processo.
Observamos, portanto, que o estudo dos comburentes
Além do oxigênio, outros gases podem comportar-se nos fornece informações que demonstram a complexi-
como comburentes para determinados combustíveis. O dade da atividade de combate a incêndio, tendo em vista
hidrogênio queima na presença de cloro, os metais leves termos observado que mesmo materiais considerados
(lítio, sódio, potássio, magnésio, etc.) queimam na pre- inertes ou até mesmo agentes extintores de incêndio,
sença de vapor d´água e o cobre na presença do vapor de podem, em situações especiais, comportarem-se como
enxofre. O magnésio e o titânio, em particular e se fina- iniciadores ou até mesmo catalisadores do processo de
mente divididos, podem queimar em uma atmosfera de combustão.
gases normalmente inertes, como o dióxido de carbono e
o hidrogênio (ENB, 2006). 10.1.4.3. Combustíveis
Estudos demonstram que o próprio Nomex – com- Podemos entender combustível como sendo toda
posto presente nas roupas de proteção contra incêndio substância capaz de queimar, servindo de campo de

348 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


propagação do fogo. Para efeito prático, as substâncias térmica são desejáveis, desde que não se ignizem ou se
foram divididas em combustíveis e incombustíveis, ten- aqueçam rapidamente (GEWAIN et al.,2003).
do como parâmetro a temperatura de 1000 0C para essa
No caso de um incêndio em um edifício, por exemplo, a
divisão. De forma que classificamos as substâncias com-
proteção térmica retarda a troca de calor entre o ambiente
bustíveis quando queimam a uma temperatura de até
em chamas e o aço. Quando o incêndio entra na fase de de-
1000 0C, e as substâncias incombustíveis, acima de 1000
caimento e o sentido da troca de calor é alterado, ou seja,
0
C. Ressaltamos o fato de que, teoricamente, todas as
a temperatura do incêndio é menor que a do aço, a inércia
substâncias podem entrar em combustão (queimar).
térmica da proteção retarda a diminuição da temperatura
Os combustíveis podem estar nos estados sólido, do aço. Desta forma, os perfis continuam aquecidos mes-
líquido e gasoso e cada um destes estados apresenta mo depois do término do incêndio (MOUÇO, 2006).
propriedades físico-químicas bastante diferentes o que
dificulta o estabelecimento de regras de forma absoluta, 10.1.4.3.2. Estado de divisão
porém algumas características podem ser sistematiza- O estado de divisão pode ser definido como sendo
das e estudadas, como veremos a seguir (ENB, 2006): a área disponível para a queima, quanto mais finamente
• Condutividade térmica; dividido esteja um combustível mais facilmente entrará
em combustão, ou seja, quanto maior for sua relação su-
• Estado de divisão;
perfície versus massa, mais facilidade terá este matéria
• Densidade; para entrar em ignição.
• Miscibilidade (líquidos);
Podemos tomar como exemplo o caso do diesel que,
• Pontos notáveis da combustão; e caso esteja dentro de um recipiente como um balde e
• Tendência para liberar vapores (líquidos). dele aproximarmos a chama de um fósforo, o mesmo
terá grande dificuldade de alcançar a ignição – na maior
10.1.4.3.1. Condutividade térmica parte das vezes não irá alcançá-la. Porém se for atirado
A condutividade térmica está relacionada diretamente em forma de spray (particulado) para esta chama, o mes-
com a capacidade de uma substância conduzir calor. Em mo entrará em ignição com facilidade.
geral os materiais combustíveis maus condutores de calor Para demonstrar ainda mais a importância deste fator
– madeira, por exemplo – queimam com mais facilidade que nas atividades de bombeiro, dependendo do estado de
os materiais bons condutores de calor – como os metais. divisão de um material, até mesmo aqueles considerados
Esse fato se deve à acumulação de calor em uma pequena como inofensivos quanto à possibilidade de entrar em
zona, no caso dos materiais maus condutores, fazendo com ignição podem representar grande perigo, é o caso, por
que a temperatura local se eleve mais facilmente e estes exemplo, de um armazém de farinha de trigo que natural-
então liberem gases combustíveis que, em contato com a mente terá uma certa quantidade deste produto em sus-
energia de ativação, podem inflamar-se. Já nos bons condu- pensão no ambiente, por ser um pó e estar disperso no ar,
tores, o calor é distribuído por todo material, fazendo com a farinha de trigo poderá tornar o ambiente explosivo, em
que a temperatura se eleve mais lentamente. função da grande relação superfície-massa do material e
Outro fator importante com relação a esta caracte- da quantidade de mesmo disperso naquela atmosfera.
rística das substâncias é a inércia térmica que se tra-
duz na capacidade de absorção térmica da superfície do 10.1.4.3.3. Densidade
elemento, ou seja, quanto maior for a inércia térmica de A densidade de um material pode ser definida pelo
um material, mais tempo ele leva para absorver o calor e quociente entre a massa de uma determinada substân-
também para liberá-lo. Os materiais com elevada inércia cia e o volume que ele ocupa. Por exemplo, a água no es-

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 349


tado líquido a 250C tem uma densidade aproximada de 1 que o ar, tenderá a se depositar nas partes superiores
g/mL, de forma que 1 kg de água ocupa o volume de 1 litro. do ambiente ou, se dissipará para a atmosfera, caso haja
aberturas para isso além de casos que o vazamento ocor-
O entendimento desta propriedade é fundamental ten-
ra em locais abertos como postos de abastecimento.
do em vista que dependendo da densidade de um material
o mesmo vai apresentar determinados comportamentos.
10.1.4.3.4. Miscibilidade
Vejamos o exemplo da gasolina, que em seu estado líqui-
do é menos denso que a água e, além disso, não é solúvel A miscibilidade está relacionada à mistura de duas
em água flutuando assim em sua superfície, de forma que substâncias, caso elas sejam insolúveis entre si teremos
a extinção de incêndios envolvendo gasolina e utilizando a formação de diferentes fases. Esta é uma propriedade
a água como agente extintor, poderá propagar o incêndio. de grande importância, tendo em vista o fato de que a
mistura de duas substâncias que individualmente pos-
Durante muitos anos observamos que em incêndios em sam não apresentar um risco significativo, uma vez mis-
veículos, depois de extintas as chamas, utilizava-se a téc- turadas, pode resultar em um novo composto extrema-
nica de alagamento do tanque do auto sinistrado com água mente perigoso.
com o intuito de suprimir o risco de retorno do incêndio já
que dentro do tanque haveria uma quantidade de gasolina É o caso da mistura do nitrato de amônia com o óleo
e esta poderia entrar novamente em ignição. Esta é uma diesel que, uma vez misturados, potencializam seus ris-
ação incorreta, pois em primeiro lugar a gasolina, como cos formando uma substância explosiva chamada ANFO
vimos, não irá se dissolver na água e, além disso, o trans- – acrônimo do inglês Ammonium Nitrate / Fuel Oil.
bordamento deste tanque de combustível irá promover o
10.1.4.3.5. Pontos notáveis da com-
carreamento da gasolina pela água de forma a aumentar a
bustão
superfície de contato da gasolina em relação ao ambien-
te – já que a mesma flutuará na água – e ainda levará este Você já parou para pensar no porquê de ao colocar-
combustível para outros locais além daquele delimitado mos, por exemplo, um fósforo em chamas em contato
pelo socorro, como bueiros e galerias. com gasolina a mesma entra imediatamente em combus-
tão e o mesmo não ocorre se pusermos esse fósforo em
Ainda no caso do alagamento do tanque de combus-
contato com uma tábua de madeira? Ou ainda no porquê
tível, poder-se-ia buscar uma justificativa para a ação
do carvão em uma churrasqueira, algumas vezes, em con-
dizendo que a mesma teria o objetivo de fazer a retirada
tato com uma fonte ígnea se inflamar e ao ser retirada
dos gases do combustível que estaria dentro do tanque
essa fonte o mesmo não conseguir manter a combustão
para evitar uma explosão. Entendemos, porém, que a
e se apagar?
própria abertura do tanque iria expor os gases combustí-
veis ao oxigênio e até mesmo a possibilidade do contato Na verdade, como já visto anteriormente, na combus-
com alguma fagulha proveniente do incêndio, sem contar tão o que se inflama são os gases combustíveis despren-
com o risco do transbordamento exposto anteriormen- didos pelo material quando este é aquecido (pirólise). De
te, de forma que entendemos que o resfriamento do auto forma que cada material possui temperaturas específi-
sinistrado com o tanque de combustível ainda fechado cas ligadas à liberação destes gases, a estas temperatu-
seja a melhor forma de evitar explosão ou incêndio. ras denominamos pontos notáveis da combustão.

Esta propriedade é igualmente importante para os ga- O conhecimento destas propriedades é importante na
ses, temos como exemplos o gás liquefeito de petróleo medida em que podemos fazer uma relação entre a peri-
(GLP) e o gás natural veicular (GNV), o primeiro é mais culosidade ligada ao risco de inflamabilidade de determi-
denso que o ar, de forma que no caso de vazamento, o nado material e os valores relativos referentes aos seus
mesmo irá se depositar nas partes inferiores do ambien- pontos notáveis da combustão. Discorreremos a seguir a
te que estiver ocupando. Já o GNV, que é menos denso respeito de cada um deles:

350 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


i) Ponto de fulgor – É a temperatura mínima na qual desprender vapores, que se incendeiam em contato com
o corpo combustível começa a desprender vapores, que uma fonte de calor, e mantêm-se queimando, mesmo
se incendeiam em contato com uma fonte de calor, entre- com a retirada desta fonte.
tanto, ao retirarmos esta fonte, a chama não se mantém
iii) Ponto de ignição – É a temperatura na qual os ga-
devido à insuficiência da quantidade de vapores.
ses desprendidos do combustível entram em combustão
ii) Ponto de combustão ou inflamação – É a tem- apenas pelo contato com o oxigênio do ar, independente-
peratura mínima na qual o corpo combustível começa a mente de qualquer contato com uma fonte de calor.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 351


Substância Ponto de Fulgor (0C) Ponto de combustão (0C) Ponto de ignição (0C)

Pinho 225 265 280

Madeira dura ~245 ~270 ~290

Papel 230 - 230

Polietileno 340 - 350

Gasolina -40 -20 227

Gasóleo 90 104 330

Petróleo 30 43 250 a 450

Óleo lubrificante 157 177 230

Etanol 13 - 370

Butano -60 - 430

Etileno - - 490 a 540

Fonte: ENB, 2006

10.1.4.3.6. Tendência para liberar TABELA 6


vapores (combustíveis PONTOS DE FULGOR DE ALGUMAS SUBSTÂNCIAS
líquidos)
Categoria Combustível Ponto de fulgor
A norma portuguesa NP-1936 (1983) traz uma cate- (0C)
gorização quanto à tendência de um combustível líqui- Éter de petróleo -45
do para liberar vapores, ou seja, são elencadas três ca- Gasolina -45 a -20
tegorias levando em conta o ponto de fulgor, vejamos 1ª categoria Acetona -12
a seguir:
Benzeno -11
• 1ª categoria – possuem ponto de fulgor inferior Álcool a 80 0
10
a 210C. Implica dizer que estas substâncias libe-
Aguarrás 34
ram vapores a temperatura ambiente.
2ª categoria Aguardente 36 a 54
• 2ª categoria – substâncias com ponto de fulgor Petróleo 45 a 48
maior ou igual a 210C e inferior a 550C. Podem li-
Gasóleo 65 a 72
berar calor independentemente da presença de
uma fonte de calor. Óleo de travões 82 a 118
3ª categoria
Óleos lubrifican- 175 a 220
• 3ª categoria – ponto de fulgor maior ou igual
tes
a 550C. Essas substâncias só liberam vapores
quando submetidas à fonte de calor. Fonte: ENB, 2006

352 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Ainda dentro deste contexto temos como assunto De forma simplifica, estes conceitos de limites de in-
importante a classificação quanto ao líquido inflamável flamabilidade estabelecem que uma mistura ar-combus-
e líquido combustível, neste manual adotaremos a defini- tível somente será inflamável quando sua composição,
ção dada pela Norma Regulamentadora nº 20, do Minis- em termos de quantidade de combustível, estiver dentro
tério do Trabalho em Emprego: do intervalo de inflamabilidade (IIN), cujos extremos são
definidos pelo limite inferior e superior de inflamabilida-
i) Líquido inflamável – todo produto que possua ponto
de do combustível investigado (SHELDON, 1984; CROWL
de fulgor inferior a 700C e pressão de vapor absolu-
e LOUVAR, 2002).
ta que não exceda 2,8 kgf/cm, a 37,70C. A pressão de
vapor depende do líquido e das temperaturas (do lí- O intervalo de inflamabilidade varia de substância para
quido e do ambiente), quanto maior for a pressão de substância, como podemos observar na tabela abaixo.
vapor, mais volátil é o líquido.
TABELA 7
ii) Líquido combustível – todo produto que possua
LIMITES DE INFLAMABILIDADE
ponto de fulgor igual ou superior a 700C e inferior a
DE ALGUMAS SUBSTÂNCIAS
93,30C.
Limites de inflamabilidade
10.1.4.4. Limites de inflamabilidade Combustível
(ou explosividade) LII (%) LSI (%)
Para haver combustão não basta apenas que uma Hidrogênio 4,0 75,0
quantidade qualquer de combustível misturada ao com-
burente entre em contato com uma fonte de calor, na Monóxido de car-
12,5 74,0
bono
verdade essa mistura deve conter uma porcentagem
mínima ou máxima de combustível e essas quantidades Metano 5,0 15,0
são definidas pelo limite inferior (LII) e superior de infla-
Etano 3,0 12,4
mabilidade (LSI).
O LII e o LSI correspondem respectivamente às fra- Propano 2,1 9,5
ções volumétricas (ou percentual em volume) mínimas Etanol 3,3 19,0
e máximas de combustível em uma mistura comburente
que quando submetida a uma fonte de ignição provoca Acetileno 2,5 100
uma combustão auto-sustentada (GLASSMAN, 2001). Benzeno 1,3 7,9
Fonte: An introducion to fire dynamics , Douglas Drysdale

10.1.5. Velocidade da Combustão


A velocidade de uma combustão depende de vários
fatores, sendo mais rápido tanto quanto:
• Maior o grau de divisão do combustível;
• Mais inflamável for o combustível;
• Maior a quantidade de combustível exposta ao
comburente;
• Maior a renovação de comburente.
Exemplo de Limites de inflamabilidade

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 353


Quanto à velocidade, a combustão pode ser classifica-
da em quatro tipos: lenta, viva, deflagração ou explosão.
i) Lenta – Ocorre quando se produz uma temperatura
inferior a 5000C, este tipo de combustão não provoca
liberação de energia luminosa. Ex.: oxidação de metal,
ferrugem, respiração, etc.
ii) Viva – Ocorre quando a reação química de oxidação
libera energia luminosa (fogo) e calor. A mistura dos
gases inflamados com o ar dá origem à chama. A ve-
locidade da queima é sensivelmente menor que a da
deflagração. Ex.: Queima de materiais comuns diver-
sos.
iii) Deflagração – É uma combustão muito rápida, porém
inferior à velocidade do som (340 m/s). Ex.: a queima
de pólvora.
iv) Explosão – Nesse caso a combustão tem veloci-
dade superior à velocidade do som (340 m/s), para Fig. Chamas de um fogão
tanto a mistura deve se encontrar numa proporção
específica (mistura explosiva ou detonante) em de- Este tipo de chama também tem a característica
terminado ambiente. Este tipo de combustão pro- de praticamente não deixar resíduos, ou seja, serem
voca um aumento de temperatura ou pressão ou completas. Uma vez que a mistura dos componentes
ambas no ambiente que ocorre. Há também forma- é homogênea e não é limitada pela concentração de
ção de ondas de choque em função do deslocamen- oxigênio ao seu redor, gerando mais proporção de
to do ar. Ex.: Explosões de gás de cozinha, dinamite, CO2 e redundando em chama mais estável, limpa e
etc. mais quente, porém menos luminosa que as chamas
difusas.
10.1.6. Tipos de Chamas
Podemos ter dois tipos de chamas, que se diferem en- São também exemplos de chamas de pré-mistura:
tre si em função de o combustível e o comburente serem equipamentos de oxi-acetileno, bicos de Bunsen, chamas
ou não previamente misturados. classificando-se em: de fogão e etc.

• Chamas de pré-mistura Já nas chamas difusas as moléculas de combustível


não reagem perfeitamente com o ar (oxigênio), produzin-
• Chamas difusas ou de difusão
do resíduos de combustão que podem vir a se ignir. Nes-
A chama de pré-mistura é um processo de combus- ses casos há produção de luz, calor e fumaça e é nessa
tão pelo qual o gás combustível e o oxigênio são mis- situação que se irão acumular os átomos e moléculas ins-
turados antes que a ignição e a propagação ocorram. táveis resultantes deste tipo de queima, sendo por esse
A Chama pré-misturada não é afetada pelo ambiente, motivo chamada de combustão incompleta.
exemplo disso são as chamas de um maçarico que quei-
O processo de difusão que ocorre neste tipo de chama
mam mesmo embaixo d’água, pelo fato de não precisar
é governado pela Lei de Fick, onde diz que determinado
que a zona de queima esteja envolta de ar, pois temos o
elemento em uma mistura deverá mover-se de um local
fornecimento de oxigênio pelo equipamento e não pelo
de alta para um de baixa concentração.
ar da atmosfera.

354 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Fig. Ilustração de umaZona de reação

Tem-se assim o gás combustível e o ar e no meio uma


zona de reação, que é a área em que o combustível na for-
ma gasosa e o oxigênio do ar irão se misturar. O oxigênio
do ar irá mover-se para chama, onde a concentração é
zero na medida que ele é consumido na reação, e simul-
taneamente o combustível é transportado para o lado
oposto da chama pelo mesmo processo, tendo o produto
da combustão difundido para longe da chama em ambas
as direções.
A chama difusa é turbulenta e sem estrutura definida,
entretanto ela é a mais adequada para iluminação. É o
tipo de chama encontrado nos incêndios de forma geral,
diferentemente da primeira, esta é afetada pelo ambien-
te pois depende do oxigênio do ambiente em que se en-
contra. São exemplos, as chamas de um palito de fósforo,
de uma fogueira, vela e etc.
Fig. Chamas de um palito de fósforo

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 355


A produção de fumaça preta derivada de uma chama que os bombeiros devem ter com elevadores, sistemas
difusa é consequência da perturbação da parte superior de ventilação e escadas. Essa característica da fumaça
dessa chama, o qual se dará devido a liberação de carbo- também explica porque ocorrem incêndios que atingem
no que não conseguiu queimar. pavimentos não consecutivos em um incêndio estrutural.
Inflamável – Por possuir em seu interior combustíveis
10.1.7. Produtos da Combustão (provenientes da degradação do combustível sólido do
As combustões produzem uma série de produtos foco e pela decomposição de materiais pelo calor) capa-
provenientes da reação do combustível com o combu- zes de reagir com o oxigênio, a fumaça é combustível e,
rente. Esses produtos podem ser visíveis ou não. Entre como tal, pode queimar e até “explodir”. Não dar a devida
eles temos: a fumaça, a chama, o calor e gases. atenção à fumaça ou procurar combater apenas a fase
sólida do foco ignorando essa característica é um erro
i) A Fumaça – Por muito tempo a fumaça foi conside-
ainda muito comum. A fumaça é combustível e queima!
rada apenas como um produto da combustão, que
tornava bastante dificultoso os trabalhos dos bom- Tóxica – Os seus produtos são asfixiantes e irritantes,
beiros, pois somente levava-se em consideração que prejudicando a respiração dos bombeiros e das vítimas.
ela era opaca, prejudicando a visibilidade, e tóxica, o Os bombeiros do Distrito Federal criaram um método
que a tornava perigosa quando inalada. mnemônico, chamado QOMIT, a fim de facilitar a fixação
Atualmente sabe-se que existem riscos que vão muito das características da fumaça.
além dos que foram citados, que são capazes de influen-
ciar diretamente na dinâmica do incêndio, aumentando
seu potencial de dano.
Com estudos mais recentes, foram verificadas ou-
tras três características da fumaça. Verifica-se que ela é
quente, móvel e inflamável, além das duas já conhecidas:
opaca e tóxica.
Caracterísitcas da fumaça: O conceito atual de fumaça não desabona o antigo, so-
Quente – A combustão libera calor, transmitindo-o a mente o complementa de maneira vital para a segurança
outras áreas que ainda não foram atingidas. A fumaça e trabalho dos bombeiros no combate a incêndio.
será a grande responsável por propagar o calor ao atin- Em ambiente fechado, como um compartimento, a fuma-
gir pavimentos superiores quando se desloca (por meio ça tende a subir, atingir o teto e espalhar-se horizontalmente
de dutos, fossos e escadas), levando calor a outros lo- até ser limitada pelas paredes, acumulando-se nessa área.
cais distantes do foco, como será visto na convecção. A
fumaça acumulada também propaga calor por radiação.
Opaca – Os seus produtos, principalmente a fuligem,
permanecem suspensos na massa gasosa, dificultando
a visibilidade tanto para bombeiros, quanto para as víti-
mas, o que exige técnicas de entrada segura (como orien-
tação e cabo guia) em ambientes que estejam inundados
por fumaça.
Móvel – É um fluido que está sofrendo uma convecção
constante, movimentando-se em qualquer espaço
possível e podendo, como já dito, atingir diferentes Fonte: Le guide national de référence Explosion de Fumées – Embrase-
ambientes por meio de fossos, dutos, aberturas ou ment Généralisé Éclair
qualquer outro espaço que possa ocupar. Daí o cuidado Fig. Movimento da fumaça em um ambiente compartimentado

356 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Se não houver uma rota de escape eficiente, o incên- Conforme estudado no capítulo que trata dos efei-
dio fará com que a fumaça desça para o piso, tomando tos fisiológicos da combustão, existem uma grande
todo o espaço e comprimindo o ar no interior do ambien- gama de produtos perigosos presentes na fumaça,
te. e estes nem sempre apresentam odor ou cor, porém
quando observado na fumaça coloração do tipo ama-
Quanto maior for a temperatura da fumaça, mais tur- rela, roxa ou violeta é um indicativo da presença de
bulenta e rápida será sua movimentação. Quanto mais gases altamente tóxicos, devendo os bombeiros te-
fria estiver a fumaça, mais laminar e lenta será. Fumaça rem sua atenção redobrada na ocorrência de incên-
“rugosa” é quente. Fumaça “lisa” é “fria”. dio.

Já se é de saber também que a coloração preta de uma


Sabendo como as características da fumaça podem fumaça não está ligada a uma falta de oxigênio, mas sim
influenciar na dinâmica do incêndio, e dos riscos que ela
de uma característica da chama difusa, que em sua parte
representa, os bombeiros podem adotar medida simples
superior ao ser perturbada há presença de mais resídu-
e de suma importância durante as ações de combate,
os, além do dióxido de carbono, a fuligem que não pôde
que garantam a segurança tanto para si próprios, quanto
sofrer a queima devido a perturbação da mesma, assim
para as vítimas, tais como (CBMDF, 2006):
como a produção de fumaça branca em uma combustão
ÂÂ resfriar a camada gasosa com o jato d’água apropria- não é sinônimo de uma combustão completa, com bas-
do e a técnica adequada; tante oferta de oxigênio. Essas características são jus-
tificadas quando realizamos o “Estudo da Vela”, que será
ÂÂ estabelecer meios que permitam o escoamento da
feito mais adiante.
fumaça (ventilação tática);
ÂÂ monitorar os pavimentos da edificação, principalmen- ii) A chama – São os gases incandescentes, visíveis ao
te acima do foco do incêndio; redor da superfície do material em combustão.

ÂÂ ter cuidados com espaços vazios, como fossos, dutos, iii) Calor – É a energia liberada pela combustão, que pro-
escadas, etc.; e picia o aumento de temperatura e dá continuidade à
combustão, ou seja, é a energia térmica em trânsito.
ÂÂ utilizar o equipamento completo de proteção indivi-
dual e respiratória. iv) Gases – Resultam da modificação química do com-
bustível, associada com o comburente. A combustão
Durante muito tempo, os bombeiros tinham como
primeira preocupação achar o foco do incêndio e em produz, entre outros, monóxido de carbono (CO), dió-
seguida atacá-lo, porém tratando-se de incêndio xido de carbono (CO2) e o ácido cianídrico (HCN).
compartimentado (limitado por paredes e princi- Normalmente a unidade usada para identificar a con-
palmente por teto, ajudando o acúmulo de fumaça),
centração dos gases em determinado local é a parte
a primeira preocupação dos combatentes devem ser
por milhão (ppm). Uma parte por milhão corresponde,
aplicar a técnica adequada de resfriamento da fuma-
por exemplo a um mililitro cúbico em cada metro cúbi-
ça, visto que na maioria dos casos, nesses tipos de
co, pois cada metro cúbico corresponde a um milhão de
incêndio, o acesso físico e visual ao foco em um pri-
mililitros.
meiro momento não é fácil, vistos as características
da fumaça estudadas anteriormente, e que em incên- Em percentagem, uma ppm é equivalente a 0,0001 %
dios com estas peculiaridades a radiação do foco do volume total, ou seja, 1% é equivalente a 10 000 ppm.
não será o principal propagador do incêndio, mas sim Vejamos na tabela 8 a toxicidade de alguns gases prove-
a fumaça. nientes da combustão.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 357


TABELA 8 TOXICIDADE, EM PPM, DE VÁRIOS
GASES DE COMBUSTÃO E SEUS PROVÁVEIS MATERIAIS DE ORIGEM

Admissível por Perigosos em meia


Substância Mortal Origem
várias horas hora

Dióxido de carbono, CO2 1000 a 1500 3500 a 4000 60000 a 70000 Todos os materiais orgânicos

Monóxido de carbono, CO 100 1500 a 2000 10000 Todos os materiais orgânicos

Vapores nitrosos, NO/NO2 10 a 40 100 a 150 200 a 700 Celulóide e brinquedos

Ácido cianídrico, HCN 15 100 180 a 270 Lã, seda e alguns plásticos

Materiais sintéticos como o


Ácido clorídrico, HCL 10 1000 a 2000 1300 a 2000
PVC
Materiais orgânicos com en-
Ácido sulfídrico, H2S 20 300 1000
xofre

Amoníaco, NH3 100 500 2500 a 5000 Em sistemas de refrigeração

Cloro, Cl2 0,35 a 1,0 40 a 60 1000 Materiais à base de cloro

Fosgênio, COCl2 1,0 25 50 Materiais à base de cloro

Fonte: ENB, 2006

10.2. ESTUDO DO INCÊNDIO 10.2.1.1. Classe A


10.2.1. Classes de incêndio
Visando obter maior eficiência nas ações de com-
bate a incêndio, tornando-as mais objetivas e seguras
com o emprego do agente extintor correto, os incên-
dios foram classificados de acordo com o material
combustível neles envolvidos. Essa classificação foi
elaborada pela NFPA (National Fire Protection Asso-
ciation), uma associação norte-americana que serve
de referência para muitas instituições no mundo, e foi
recepcionada pelo Corpo de Bombeiros Militar do Es-
tado do Rio de Janeiro.
A seguir veremos as principais características de cada
uma delas, especialmente quanto à composição e à for-
ma como os mesmos desenvolvem sua combustão. Es-
sas informações são de fundamental importância para a
atividade de combate a incêndio.

358 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


São incêndios que envolvem combustíveis sólidos co- São incêndios envolvendo líquidos inflamáveis, graxas
muns (geralmente de natureza orgânica), como madeira, e gases combustíveis. Caracterizam-se por não deixa-
papel, borracha, plástico, dentre outros. Têm como ca- rem resíduos e queimarem apenas na superfície exposta
racterísticas queimar em razão do seu volume (queimam (queimam só em superfície ).
em superfície e profundidade) e deixar resíduos fibrosos Os métodos de extinção mais eficientes para este
(cinzas). tipo de combustível são o abafamento com espuma e a
O método de extinção mais eficiente para este tipo de quebra da reação em cadeia com uso de pó para extinção
combustível é o resfriamento com água, apesar de existirem de incêndios.
pós para a extinção deste tipo de incêndio. Espuma também
TABELA - ADEQUAÇÃO DOS AGENTES EXTINTORES
pode ser utilizada, apesar de não obterem a mesma eficácia.
PARA CLASSE B
TABELA - ADEQUAÇÃO DOS AGENTES EXTINTORES Adequação conforme o
PARA CLASSE A Agente extintor
INMETRO

Adequação conforme o IN- Não recomendável, espa-


Agente extintor Água
METRO lha o fogo

Água Sim Espuma mecânica Sim

Espuma mecânica Sim Pó para extinção de in-


Sim
cêndio
Pó para extinção de
Sim, desde que do tipo ABC Sim, cuidado para não
incêndio Gás carbônico
espalhar o combustível
Gás carbônico Sim, desde que seja no início
Fonte: NR-23 Proteção contra incêndios
Fonte: NR-23 Proteção contra incêndios

10.2.1.2. Classe B 10.2.1.3. Classe C

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 359


Qualquer incêndio envolvendo combustíveis energi- Incêndios resultantes da combustão de metais
zados. Alguns combustíveis energizados (aqueles que pirofóricos. Esses combustíveis são caracterizados
não possuem algum tipo de armazenador de energia) pela queima em altas temperaturas e por reagirem
podem se tornar classe A ou B, se forem desligados da com alguns agentes extintores (principalmente a
rede elétrica. água).
Caso não seja possível cortar a energia, deve ser O combate deste tipo de combustível requer uma aná-
usado preferencialmente um agente extintor que não lise das características específicas do material que está
seja condutor elétrico. Caso isso não seja possível, em combustão. Em alguns casos a utilização de água nes-
devem-se adotar os cuidados necessários para com- tes metais irá agravar o quadro do incêndio em função de
bater com algum agente com baixa condutividade causar reações violentas.
elétrica.
TABELA – ADEQUAÇÃO DOS AGENTES EXTINTORES
TABELA – ADEQUAÇÃO DOS AGENTES EXTINTORES PARA CLASSE D
PARA CLASSE C
Agente extintor Adequação conforme o
Agente extintor Adequação conforme INMETRO
o INMETRO Água Não
Água Não Espuma mecânica Não
Espuma mecânica Não Pó para extinção de incên- Sim
Pó para extinção de incêndio Sim dio

Gás carbônico Sim Gás carbônico Sim


Areia Sim
Fonte: NR-23 Proteção contra incêndios
Limalha de ferro fundido Sim
10.2.1.4. Classe D
Fonte: NR-23 Proteção contra incêndios

Esses materiais não são encontrados em abundância


no que se diz respeito a edificações. Normalmente ob-
serva-se uma maior concentração dos mesmos no ramo
industrial. A seguir apresentaremos uma lista de metais
deste tipo com suas principais aplicações.

360 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


TABELA – EXEMPLOS DE ALGUNS METAIS E SUAS PRINCIPAIS UTILIZAÇÕES

Agente extintor Adequação conforme o INMETRO

- ligas de estanho;
Antimônio - revestimentos de cabos, moldes, soldaduras e tubos; e
- fogos de artifício, fulminantes e balas tracejantes.
- lubrificantes (graxas) de alto desempenho; e
Lítio
- baterias.
- flashes fotográficos;
Magnésio - artefatos pirotécnicos e bombas incendiárias; e
- construção de aviões, mísseis e foguetes.
- fertilizantes (sais de potássio);
- medicamentos e sabões (carbonato de potássio – K2CO3);
Potássio
- fotografia (brometo de potássio – KBr); e
- explosivos (nitrato de potássio – KNO3).
- fabricação de células fotoelétricas;
- câmeras de TV e máquinas xerográficas;
- baterias solares e retificadores;
Selênio - banhos fotográficos;
- vulcanização da borracha;
- fabricação de retificadores de selênio; e
- fabricação de hidrocarbonetos provenientes do petróleo.
sódio - iluminação pública
- componente de liga para alumínio, molibdênio e manganês;
- componente de liga para ferro e outros metais;
Titânio - fabricação de aviões, mísseis e naves espaciais;
- próteses ósseas e implantes dentários; e
- tintas.
- ligas de latão para soldas;
- tipografia;
- baterias e soldas;
Zinco
- produção de peças fundidas sob pressão;
- indústria automobilística, de equipamentos elétricos e outras; e
- revestimento (galvanização) de peças de aço.
- reatores nucleares;
- indústrias químicas;
Zircônio - confecção de ímãs supercondutores;
- indústria de cerâmica e vidro; e
- laboratórios.
Fonte: CBMDF, 2006

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 361


10.2.1.5. Classe E O objetivo desta classificação é enfatizar os riscos e
a necessidade da prevenção de incêndios deste tipo. O
combate se faz da mesma forma que os de incêndios de
E Classe B.

* Imagem meramente ilustrativa

Esta é uma classificação usada na Europa e Oceania


para definir a classe que contém o incêndio em materiais
10.2.2. Proporções do incêndio
radioativos.
Para que uma atividade desenvolvida possa ser cor-
Para o combate a esta classe nós adotamos as orien-
retamente analisada e melhorada, é necessário que esta
tações contidas nas normas emitidas pela Comissão Na-
seja, dentro da medida do possível, medida através de
cional de Energia Nuclear (CNEN). As orientações para
indicadores. Pois não basta que saibamos o número de
o combate prevêem a utilização de água, porém devem
incêndios para os quais os socorros tenham sido acio-
existir os mecanismos e estruturas capazes de confinar
nados, precisa-se identificar também a proporção dos
este resíduo.
mesmos. Com esse intuito foi criada a classificação dos
O incêndio em materiais radioativos está relacionado incêndios quanto à proporção, de forma a nos orientar
à classe 7 de produtos perigosos, portanto devemos com- principalmente quanto ao acionamento de recursos para
preender as características e peculiaridades para que o a resposta aos sinistros. A seguir descreveremos cada
bombeiro faça o combate em segurança. Mais informa- uma delas:
ções a respeito destes materiais serão fornecidas neste
Incêndio Incipiente ou Princípio de Incêndio: Evento de
manual ao estudarmos a parte de produtos perigosos.
mínimas proporções e para o qual é suficiente a utiliza-
ção de um ou mais aparelhos extintores portáteis.
10.2.1.6. Classe K
Esta classificação não é adotada oficialmente no Bra- Pequeno Incêndio: Evento cujas proporções exigem
sil. A NFPA (norma americana) inclui óleos e gorduras de emprego de pessoal e material especializado, sendo ex-
cozinha nesta classe de incêndio. A letra ”K” utilizada faz tinto com facilidade e sem apresentar perigo iminente
menção à cozinha em inglês Kitchen. de propagação.

362 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Médio Incêndio: Evento em que a área atingida e a precaução (atos inseguros ou condições de in-
sua intensidade exigem a utilização de meios e mate- segurança). Esses atos ou condições são:
riais equivalentes a um socorro básico de incêndio (que ƒƒ Acidentais - Quando o incêndio é prove-
conforme o Art. 62 da Lei 250/79 - Organização Básica niente do descuido do homem, muito em-
é composto por: 01 Auto-Bomba (AB) ou 01 Auto-Bomba bora ele não tenha intenção de provocar
para Inflamável (ABI), de 01 Auto-Bomba Tanque (ABT) o acidente. Esta é a causa da maioria dos
ou 01 Auto-Tanque (AT) e de 01 Auto-Busca e Salvamento incêndios.
(ABS)), apresentando perigo iminente de propagação. ƒƒ Propositais - Quando o incêndio tem ori-
Grande Incêndio: Evento cujas proporções apresen- gem criminosa, ou seja, houve a intenção
tam uma propagação crescente, necessitando do em- de alguém provocar o incêndio.
prego efetivo de mais de um socorro básico para a sua
10.2.4. Propagação do incêndio
extinção.
A propagação do incêndio se deve a vários fatores,
Extraordinário: Incêndio oriundo de abalos sísmicos,
sendo o de maior importância para o nosso estudo, o fato
vulcões, bombardeios e similares, abrangendo quartei-
de um corpo em combustão liberar grande quantidade de
rões. Necessita para a sua extinção do emprego de vá-
calor e, somado a isto, o fato de que dois ou mais corpos
rios socorros de bombeiros, mais o apoio do Sistema de
em temperaturas diferentes tenderem a entrar em equi-
Defesa Civil.
líbrio térmico, acontecendo uma transferência de calor
10.2.3. Causas do incêndio do corpo de maior temperatura para o de temperatura
mais baixa.
É de enorme interesse para a Corporação saber a ori-
gem dos incêndios quer para fins legais, quer para fins Há que se considerar ainda o fato de que normalmen-
estatísticos e prevencionistas. Daí a importância de se te, caso exista combustível disponível, basta que haja a
preservar o local do incêndio, procurando não destruir presença da energia de ativação para que seja iniciado ou
possíveis provas nas operações de combate e rescaldo. propagado um incêndio, já que o comburente (oxigênio)
Dessa forma, os peritos do CPPT (Centro de Prova e Perí- está disponível em abundância na natureza.
cias Técnicas) ou da perícia da Polícia Judiciária poderão Esses fatos têm grande relevância na forma de propa-
determinar com maior facilidade a causa do incêndio. gação do incêndio, que pode ocorrer de quatro formas,
As causas de incêndios no Corpo de Bombeiros Militar como vemos a seguir:
do Estado do Rio de Janeiro são classificadas do seguin-
~~ Condução
te modo:
É a transferência de calor diretamente no interior de
• Causas naturais: Quando o incêndio é origina- um corpo ou através de corpos em contato. Esta transfe-
do em razão dos fenômenos da natureza, que rência é feita de molécula a molécula sem que haja trans-
agem por si só, completamente independentes
porte de matéria de uma região para outra. É o processo
da vontade humana.
pelo qual o calor se propaga da chama para a mão, atra-
• Causas artificiais: Quando o incêndio irrompe vés da barra de ferro ou, no caso de um incêndio em edifí-
pela ação direta do homem, ou poderia por ele cio, a propagação do incêndio acontecerá pela condução
ser evitado, tomando-se as devidas medidas de do calor pela estrutura metálica, vigas, etc.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 363


~~ Convecção ~~ Irradiação
É a transferência do calor geralmente no sentido asce- É a transmissão do calor por meio de ondas calorífi-
dente, realizada pelo deslocamento de massas líquidas cas, sob a forma de radiação, que se propagam em todas
ou gasosas aquecidas. Esta transferência se processa as direções através do espaço sem a necessidade de
em decorrência da diferença de densidade dos fluidos ou suporte material. A intensidade com que os corpos são
pela capacidade de escoamento dos líquidos, que ocorre atingidos aumenta ou diminui, proporcionalmente, de
com a absorção ou perda de calor. Em edificações verti- acordo com a distância do corpo e a fonte irradiadora.
calizadas essa é a principal forma de propagação, fazen- A irradiação, como luz, passa por corpos transparentes
do a comunicação do calor pelo interior da edificação como o vidro e fica bloqueada em corpos opacos como
através das escadas, condutos de ventilação, poço dos a parede. Ex: O calor propagado de um prédio para outro
elevadores, etc. sem ligação física.

364 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


~~ Projeção
É o deslocamento ou queda de objetos (essencialmen- que cai, em chamas, sobre uma loja ou, ainda, em um in-
te os sólidos) em combustão, podendo provocar outro cêndio florestal, um tronco que rola do alto de um morro
foco de incêndio. Ex.: janela de madeira de um edifício em chamas, até um local mais baixo e não incendiado.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 365


10.2.5. Fases do incêndio Todo foco de incêndio, devido ao deslocamento dos
gases que provoca pelo aquecimento, gera seu próprio
Para se fazer combate usando táticas e ferramentas
“vento”. O ar ao redor desloca-se em direção ao foco de-
adequadas, é necessário que o bombeiro tenha a com-
vido ao abaixamento de pressão.
preensão das diferentes fases do incêndio, desta forma
as decisões serão adequado às necessidades e o sinistro Um foco em compartimento, devido ao confinamento,
será debelado com eficiência. não terá uma oferta constante de oxigênio e a concentra-
ção dele tende a cair. Tanto maior e mais veloz será a que-
Um incêndio é uma combustão (fogo) sem controle no
da na concentração quanto menor for área de abertura
espaço e no tempo. De uma forma simples, um incêndio,
do compartimento (portas, janelas, frestas). Isso altera o
abandonado a si mesmo, depois da sua fase inicial, entra
desenvolvimento do foco.
em combustão livre até se verificar o decaimento das
chamas (ENB, 2006). Mais ainda que a oferta de oxigênio, o feedback ra-
diativo afeta o desenvolvimento dos focos. Cerca de
O desenvolvimento de um incêndio é diretamente in-
70% do calor gerado pela queima do combustível é pro-
fluenciado por muitos fatores, variáveis caso a caso, tais
pagado pela convecção. Estando o foco ao ar livre, os
como: característica do ambiente em que ele se encontra
gases se elevarão na atmosfera, levando com eles essa
(Incêndio ao ar livre tem comportamento diferente do in-
enorme quantidade de energia. Desta forma, pouco da
cêndio em compartimento, que tem o escape da fumaça
energia produzida sobra para aquecer os combustíveis
limitada por paredes e teto), a temperatura atingida no ainda não queimados. Se a queima ocorrer em um com-
ambiente, carga de incêndio e características do com- partimento, os gases produzidos ficam barrados pelo
bustível. teto e pelas paredes, e esses gases começam a se acu-
Das diversas variáveis que influenciam no desenvol- mular abaixo do teto formando um “teto de fumaça”,
vimento de um incêndio, é importante destacarmos a di- uma “capa térmica” que irradia de volta para o cômodo
ferença de comportamento de um incêndio ao ar livre de boa parte do calor que carrega. Isso é o feedback ra-
um incêndio em compartimento ou incêndio confinado. diativo. Parte do calor é absorvido para aquecer o teto
e as paredes. O restante segue aquecendo os materiais
A enorme diferença na evolução desses focos ao ar
presentes naquele cômodo. Com o aquecimento dos
livre e em compartimento deve-se basicamente a dois
combustíveis ainda não queimados no cômodo, eles co-
fatores (CBMES, 2015):
meçam a sofrer um processo chamado de SECAGEM,
1. a oferta de oxigênio e que consiste na desidratação, ou seja, liberação de va-
por de água. Em seguida, se o aquecimento continuar,
2. o “feedback radiativo”.
começam a sofrer TERMÓLISE (ou DECOMPOSIÇÃO
É fácil entender que a oferta de oxigênio é considerada PELO CALOR), e assim liberam quantidades crescentes
constante para os focos ao ar livre, afinal, a concentração de vapores combustíveis. Eventualmente, a quantida-
de oxigênio na atmosfera permanece inalterada. Poder- de de vapor liberada atinge um ponto em que a com-
se-ía indagar sobre o fato do foco consumir o oxigênio do bustão pode ser sustentada e o foco se estende. Caso
ar ao redor do fogo e a concentração baixar, no entanto, o material atinja seu ponto de combustão e entre em
percebe-se que, ao mesmo tempo em que o foco conso- contato com alguma fonte de calor, ele queimará. Caso
me o oxigênio, ele aquece o ar. Com o aquecimento, o ar atinja seu ponto de ignição, outros pontos de queima
nas proximidades do foco fica menos denso e ergue-se, surgirão desconectados do foco inicial. E com a quei-
“desocupando” a região próxima ao foco. Isso causa um ma de mais e mais combustíveis, mais calor é gerado e
abaixamento na pressão que atrai mais ar fresco (e rico mais vapor combustível é liberado alimentando ainda
em O2) que supre o foco. mais as chamas.

366 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Enquanto oxigênio suficiente estiver disponível, a incêndio em compartimento. As fases de desenvolvimen-
evolução do fogo é controlada pelas características e to de um incêndio em compartimento são: fase inicial
configuração do combustível. Nessas condições, diz-se (ou incipiente), fase crescente (ou de crescimento ou de
que o foco está limitado pelo combustível. Os focos ao desenvolvimento), fase de desenvolvimento completo
ar livre são sempre limitados pelo combustível, podendo (ou totalmente desenvolvida) e fase de decaimento (ou
ser influenciados por condições meteorológicas, como decrescente).:
vento e chuva. Estando o foco em um compartimento,
quase que inevitavelmente ele atinge um ponto onde 10.2.5.1. Fase inicial ou incipiente
passa a ser limitado pela quantidade de oxigênio dispo- A Fase inicial ou incipiente, é a fase em que o com-
nível no cômodo. Diz-se então que ele está limitado pela bustível e comburente no ambiente são abundantes,
ventilação. ocorre um aumento gradual da temperatura da chama, ao
Como vimos, o desenvolvimento de um incêndio pode mesmo tempo que são liberados o vapor d´água e gases
ser afetado por diversas variáveis, mesmo assim, o estu- como o dióxido de carbono, monóxido de carbono, dentre
do das fases é fundamental para fornecer didaticamente outros. Nesta fase o incêndio fica limitado ao foco inicial
meios para que se possa compreender a evolução de um e suas proximidades.

Fig.: Fase inicial – Fonte: CBMERJ, 2016

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 367


Por ser o primeiro modo do surgimento e início das Nesta fase como as chamas são poucas e a tempe-
chamas no interior da edificação, estando o material ratura do ambiente ainda não está elevada, dificilmente
queimando isoladamente e o fogo progredindo lenta- será possível perceber o incêndio de outro cômodo na
mente, uma vez que o calor gerado está sendo consumi- edificação. Nessa fase inicial, os ocupantes do cômodo
do para aquecer o ambiente, nesta fase o bombeiro não podem evacuá-lo facilmente e o fogo pode ser extinto
será incomodado pelo calor do ambiente, porém depen- com o uso de um aparelho extintor.
dendo do combustível que está queimando, podem exis-
tir fumaça e gases nocivos. 10.2.5.2. Fase de crescimento ou
Esta fase é marcada por se ter o fogo limitado ao ma-
desenvolvimento
terial inicialmente em combustão e por isso é altamente Podemos marcar a transição da fase inicial do incên-
dependente das características deste material (limitado dio para a fase de crescimento por algumas característi-
pelo combustível). Como a quantidade de oxigênio ini- cas marcantes, a primeira delas são as chamas tocando
cialmente no cômodo permite a queima, então, ela de- e subindo a coluna de gases, acarretando grande pertur-
pende basicamente das características do combustível. bação de sua parte superior, que por se tratar de uma
chama difusa, produzirá bastante fumaça preta, que se
FATORES QUE INFLUENCIAM O DESENVOLVIMENTO DE UM FOCO
LIMITADO PELO COMBUSTÍVEL acumulará no cômodo caso não tenha por onde sair.

Relação Quanto maior for a superfície exposta de uma determinada


No início desta fase ainda não temos uma temperatura
Superfície- massa de combustível, mas fácil será para o combustível ser extremamente alta, porém ocorre um aumento exponen-
Massa aquecido até sua temperatura de ignição.
cial da taxa de liberação de calor em um curto período de
A composição química do combustível tem impacto significa- tempo, provocando uma grande quantidade de liberação
tivo na liberação de calor durante a combustão. Muitos mate-
Composição
Química
riais sintéticos à base de hidrocarbonetos (derivados petró- de vapores combustíveis, através da decomposição tér-
leo, por exemplo) liberam, quando queimam, até duas vezes
mais calor que materiais à base de celulose, com madeira. mica.

Carga de Quanto mais o foco se desenvolve, mais ele afeta o


O total de combustível disponível para combustão influencia
Incêncio no
cômodo
no total de liberação de calor. compartimento em que está e, de modo semelhante, ele
é afetado pelas características do compartimento. Por
Mesmo não sendo um fator presente em todos os combustí-
Umidade do veis, a água funciona como um lastro térmico, retardando o
exemplo (CBMES,2015):
combustível processo de aquecimento do combustível até seu ponto de
ignição. • Quanto mais baixo for o pé direito*, mais rapi-
damente a capa térmica aquecerá os combustí-
A posição em relação ao fogo influencia como o calor é trans-
Posiciona- ferido. Por exemplo, uma divisória de madeira é aquecido por
veis ainda não queimados;
mento convecção e radiação, enquanto o piso é praticamente aque-
cido apensas por radiação. • Quanto maior for a área de ventilação do cô-
modo, menor será a redução na concentração
Continuidade é a proximidade de vários elementos combus-
tíveis uns dos outros. Quando mais perto (ou mais contínuos) de oxigênio, o que significa uma maior taxa de
Continuidade os combustíveis estiverem, mais fácil e rapidadmente o fogo liberação de calor.
se espalhará. A continuidade pode ser tanto horizantal (ex.:
forro) como vertical (ex.: estante ou rack)

Hartin, Ed. in: Essentials of fire fighting... Sed. Oklahoma: Fire Protection Pu-
blications, 2008. p. 114.

*distância do piso ao teto

368 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Fig.: CRESCIMENTO – Fonte: CBMERJ,2016

O próprio posicionamento do foco influencia o de- ar do cômodo e pelo posicionamento do foco em rela-
senvolvimento do incêndio. Um foco ao ar livre recebe ção ao cômodo.
ar de todas as direções e a chegada de ar fresco res-
Um foco no centro do cômodo tende a ter um desen-
fria os gases sobre o foco reduzindo a altura que as
volvimento mais lento que um foco contra uma parede.
chamas atingem. Em um incêndio em compartimento,
Um foco no canto de um cômodo tende a evoluir mais
o posicionamento do foco é afetado pelas entradas de
rapidamente.

Adaptado de Essentials of fire fighting...5ed Oklahoma: Fire Protection Publications, 2008. P. 116.

**Não existe pressão negativa, mas considerando-se como zero a pressão atmosférica, o termo faz sentido.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 369


O foco de incêndio, por aquecer os gases e estes ad- cria-se uma corrente de convecção. Os gases quentes
quirirem a tendência de subir, cria uma zona de baixa tendem a se mover afastando-se do foco (para cima até
pressão acima das chamas. A camada de gases aque- o teto e depois horizontalmente) e o ar fresco é atraído
cidos que se acumula sob o teto “quer” sair do cômodo, pela zona de baixa pressão, alimentando o foco.
mas fica limitada pelo confinamento, o que gera uma
O ar que entra em um cômodo em chamas sempre bus-
zona de maior pressão ou sobrepressão. É o que se cha-
ca a região de menor pressão, ou seja, a região do maior
ma de “zona de pressão positiva”. Assim, com a capa tér-
foco, alimentando-o e aumentando o regime de queima e
mica tentando forçar a saída por cima e a zona de baixa
a taxa de liberação de calor.
pressão próxima ao foco (zona de “pressão negativa” **)

370 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Outra característica dessa fase é formação da estra- pois uma análise crítica do evento permitirá reconhecer
tificação da fumaça ou estratificação térmica ou ba- a tendência de um equilíbrio térmico, com temperaturas
lanço térmico, no qual consiste na disposição dos gases praticamente definidas, devendo o bombeiro ao iniciar
em camadas, de acordo com a temperatura, de maneira o combate nesta fase evitar ao máximo perturbar este
que temos os mais aquecidos na parte superior do am- equilíbrio térmico, daí a importância do combate ser fei-
biente e o ar mais frio junto ao piso. Esta característica to de joelhos ou agachado.
é de grande importância na abordagem do ambiente,

- TEMPERATURA NA CAMADA DE FUMAÇA A 4 METROS DE DISTÂNCIA DO FOCO

(0,5M, 1,0M, 1,5M E 2,0M DE ALTURA)

Fig. Estratificação da fumaça. (fonte: Manual do CBMDF)

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 371


A zona de separação entre a camada de gases quen- Inicialmente, todo incêndio comporta-se com as ca-
tes, que apresentam maior pressão e a camada de ar frio, racterísticas de um incêndio ao ar livre, ou seja, bem
de menor pressão, é chamada de plano neutro. ventilado, pois mesmo em incêndio compartimentado
a concentração de oxigênio disponível é a mesma. Por
Quanto mais o incêndio desenvolve-se, mais gases
consequência a evolução do incêndio seguirá inicialmen-
aquecidos são produzidos acumulam-se sob o teto. Isso
te limitada pelo combustível disponível, sua posição no
faz com que a capa térmica fique mais densa e o plano
cômodo, proximidade com outros combustíveis e sua
neutro abaixe pelo aumento da capa térmica. O plano
fragmentação. Enquanto limitado pelo combustível, um
neutro ficará mais baixo dependendo da quantidade,
incêndio apresenta duas fases distintas: a capa térmica
dimensões e posicionamento das aberturas (CBMES,
acima e a zona de ar abaixo.
2015).

Fig. - Ilustração de um incêndio limitado pelo combustível

Em ambientes compartimentados, o incêndio com o fará com que ocorra um acúmulo de gases no cômodo, fa-
decorrer do tempo diminuirá aos poucos a quantidade zendo com que a fumaça preencha praticamente todo o
de oxigênio e com isso a velocidade de queima também ambiente. Quanto mais baixo estiver o plano neutro, me-
será diminuida, provcando dentro do compartimento nor é a oferta de oxigênio para o foco. Diz-se então que o
uma combustão incompleta, o que consequentemente foco tornou-se limitado pela ventilação.

Fig. - Ilustração de um incêndio limitado pela ventilação

372 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Isso normalmente ocorre com incêndios em compar- em um cômodo está em combustão. Quando isso aconte-
timento. Para que um incêndio totalmente desenvolvido ce, o incêndio alcança a sua maior temperatura, ocorrendo
seja limitado pelo combustível e não pela ventilação a uma elevada produção de chamas e consequentemente
área de abertura deve ser imensa. Por exemplo, em um liberando o máximo de calor possível para a quantidade
cômodo de 6m x 6m, a abertura deveria ser de uma pa- de combustível e comburente disponíveis. Ocorrerá ainda
rede inteira. Daí percebe-se que a maioria dos incêndios uma grande produção de fumaça. Assim como abordado
é controlada pela disponibilidade de ar, mesmo com por- anteriormente, deve-se evitar o aumento na ventilação do
tas e janelas abertas. ambiente que consequentemente ocasionará um aumento
na intensidade da queima e na taxa de liberação de calor.
Em incêndios compartimentados, quanto menor for a
A capa térmica fica muito avantajada, forçando o pla-
ventilação do cômodo, mais devagar ele se desenvolverá.
no neutro para próximo ao solo. O acúmulo de pressão
dos gases produzidos é aliviado em pulsos que expelem
Como já estudado, o acúmulo de fumaça é um dos
bolsões de fumaça para o exterior do cômodo por qual-
grandes complicadores dos incêndios em compartimen-
quer abertura disponível com a consequente entrada de
tos, por isso o quanto mais estiver desenvolvido o incên-
ar para dentro do ambiente (diz-se que o foco está “respi-
dio, mais calor é gerado e mais rápida será a decomposi-
rando”). Os gases aquecidos expulsos do ambiente onde
ção dos combustíveis, ou seja, mais fumaça será gerada
a queima é limitada pela ventilação (pelo comburente)
forçando o plano neutro a baixar.
geralmente queimam ao saírem do cômodo, pois, ao mis-
Devido a esse fato, os bombeiros devem procurar evitar turar com o ar de fora do cômodo, alcançam a inflamabili-
que a fumaça aquecida atinja outras superfícies ou ambien- dade estando ainda acima do ponto de ignição.
tes a fim de limitar a propagação do incêndio. Muitas vezes,
Enquanto houver oxigênio suficiente para alimentar
os danos causados pelo calor transmitido pela fumaça são
a combustão dos combustíveis em um cômodo, o fogo é
maiores que os danos causados pela ação direta das chamas.
limitado pelo combustível. Quando o regime de queima
A capa térmica é formada de gases/vapores combus- começa a ser afetado pela diminuição na concentração
tíveis e de partículas combustíveis líquidas e sólidas (fuli- de oxigênio na atmosfera do ambiente, o regime de quei-
gem), ou seja, ela é combustível. A fumaça é combustível ma passa ser limitado pela ventilação. A disponibilidade
e atingindo seu ponto de ignição e estando na concentra- de ar ditará o crescimento do fogo (CBMES, 2015).
ção adequada, ela queimará como queimam os gases. Ela
Em um cômodo de alvenaria fechado, com as abertu-
também transporta calor e o irradia de volta para os com-
ras (portas e janelas) razoavelmente seladas, é comum
bustíveis do cômodo. Quanto mais calor transportado e
que o consumo de oxigênio pela queima, de um lado, e
irradiado, mais vapores combustíveis são gerados e mais
a produção de gases provenientes da combustão além
queima haverá (havendo oxigênio suficiente) gerando
de produtos da termólise, de outro, reduzam a concen-
mais calor e assim por diante (CBMES, 2015).
tração de oxigênio no ambiente. Isso afeta diretamente
Nesse fase, alguns fenômenos do comportamen- o fogo, reduzindo a intensidade das chamas e a taxa de
to extremo do fogo podem ser observados, tais como: liberação de calor. Nesse cenário, duas hipóteses podem
Flashover, backdraft e ignição da fumaça. surgir para fazer o foco pulsar ciclicamente.
Um modo do foco respirar decorre do escape de ga-
10.2.5.3. Fase de desenvolvimento
ses superaquecidos pelas frestas na parte superior das
completo ou totalmente
aberturas que abre espaço para entrada de ar fresco pela
desenvolvida
parte inferior. O ar que entra segue em direção ao foco,
A fase de desenvolvimento completo é atingida quando por ser esta a região de menor pressão. Lá chegando, o ar
todo o local está em chamas, ou seja, todo o combustível

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 373


A fase de desenvolvimento completo é caracteri-
zada pela máxima taxa de liberação de calor. É limi-
tada apenas pela disponibilidade de combustível e
de comburente

A disponibilidade de comburente, por sua vez, de-


pende das dimensões e do posicionamento das
aberturas do cômodo. Quanto mais altas, maior
será a pressão dos gases para saírem do cômodo
atrapalhando a entrada de ar fresco.

Ao lado, vemos a evolução de um foco evidenciando


o abaixamento do plano neutro. Repare as chamas
surgindo na fumaça na foto “c” e a fumaça em plena
combustão na foto “d”.

A combustão da fase gasosa (produtos da com-


bustão da fase sólida e vapores provenientes da
termólise) libera mais calor que a queima da fase
sólida em si
Sequência de fotos: experimento do NIST

realimenta o foco com O2. Com isso as chamas voltam a Um aspecto digno de nota é que com a evolução para
se intensificar até consumir o oxigênio e o ciclo reiniciar. a fase de desenvolvimento completo e o grande incre-
mento de temperatura a necessidade de oxigênio para
O foco também pode respirar pela contração da capa
a queima diminui. Enquanto uma combustão viva requer
térmica decorrente do resfriamento, o que reduz a pres-
o mínimo de 14-15% de oxigênio para acontecer, sob as
são cômodo sugando ar de fora pelas frestas. Da mesma
condições de temperatura após a generalização do in-
forma, o ar que entra segue em direção ao foco, alimen-
cêndio, a combustão da capa térmica pode continuar
tando-o e reavivando-o.
com concentrações de oxigênio próximas de 0%.
A temperatura média dos gases em um cômodo na
fase de desenvolvimento completo fica entre 700º a Quanto maior for a temperatura do ambiente, menor
1500º C dependendo das características dos combustí- será a necessidade de oxigênio.
veis presentes e da configuração do cômodo.

374 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


10.2.5.4. Fase de decaimento ou de- nenhuma visibilidade no local. Não havendo ventila-
crescente ção, ocorrerá uma diminuição gradual da temperatu-
ra, porém muito lentamente, o que significará que o
Esta fase é marcada pela presença de pouca ou ne-
ambiente estará resfriando.
nhuma chama, devido ao incêndio já ter consumido a
maior parte de oxigênio e combustível presentes no
Estando o foco em queima lenta devido à diminui-
ambiente. O cômodo estará repleto de produtos da ção da concentração de O2, mas tendo ainda condi-
combustão que não se queimaram devido ao baixo ní- ções de, mediante a entrada de ar, voltar à queima
vel de oxigênio, porém, estará superaquecido em de- livre ou mesmo apresentar um comportamento ex-
corrência do calor que foi gerado nas fases anterio- tremo, diz-se que o foco está em estágio de INCU-
res. Em geral, isso ocorre, quando a concentração de BAÇÃO. A incubação pode ocorrer não apenas após
oxigênio encontra-se abaixo de 14%, a ponto de não o desenvolvimento completo, mas pode ocorrer an-
mais ocorrer a combustão viva, que é a combustão tes dessa etapa, bastando somente que o foco em
onde se verifica a presença de chamas, porém esta regime de queima limitada pelo combustível, passe à
fase pode apresentar grande variação se ocorrer mu- queima lenta ou mesmo deixe de queimar, mas ainda
dança no padrão de ventilação do cômodo sinistrado. guarde energia suficiente para voltar a queimar caso
ar entre no ambiente. Se isso não ocorrer, o foco par-
Se o decaimento do foco deu-se em razão do exau-
te para a extinção (CBMES, 2015).
rimento do combustível, o incêndio, nesse cômodo,
ruma para a extinção. Nem por isso o ambiente dei- Ao se observar que o incêndio se encontra na fase
xa de ser perigoso. A combustão passa a ser lenta de decaimento, a abordagem ao ambiente deve ser
(brasas) mais ainda é capaz de manter a temperatura feita de maneira cuidadosa, pois como vimos, o am-
do cômodo elevada por longos períodos, que variam biente estará tomado por gases aquecidos prove-
de acordo com o isolamento térmico e ventilação do nientes da combustão ou/e da termólise, principal-
cômodo. Se o cômodo estiver fechado, enquanto os mente o monóxido de carbono que poderá reagir
gases combustíveis ainda não queimados estiverem repentinamente com o oxigênio, caso haja um forne-
acima da temperatura de ignição, ventilar o cômodo cimento brusco de ar fresco ao ambiente, que pode
pode provocar a violenta ignição dos gases (CBMES, se dar por uma ventilação inadequada, produzindo
2015). uma onda de choque e calor letal, o qual dá-se o nome
a esse fenômeno extremo do fogo de “Backdraft”.
Além disso, o ambiente pode conter gases peri-
gosos, como o metano, e a temperatura no ambien-
te ainda estará muito elevada, assim como também
conterá no cômodo a fumaça, ocasionando pouca ou

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 375


É importantíssimo notar que, mesmo que a queima sustentar a combustão), a termólise continua ocorrendo.
diminua, a termólise prossegue, pois a queima precisa Isso significa que, mesmo sem chama, ainda tenho libera-
de oxigênio, mas a decomposição pelo calor, não. Ainda ção de vapores combustíveis, à espera apenas da entra-
que a concentração de O2 fique abaixo de 7% (incapaz de da de comburente para ignir.

Tabela - Características das fases de um incêndio


FASES D0 INCÊNDIO
Fase inicial Fase crescente Fase totalmente desenvol- Fase de decaimento
vida
chamas restritas chamas se generalização do diminuição ou

ao foco inicial; propagando para incêndio, com a extinção das

os materiais ignição de todos chamas;

próximos; os materiais

presentes no

ambiente;
combustível combustível combustível combustível não

“ilimitado”; ainda em limitado; disponível;

abundância;
oxigênio em diminuição da oxigênio restrito baixa

abundância; quantidade de e diminuindo; concentração de

oxigênio; oxigênio;
temperatura aumento grandes temperatura

ambiente; exponencial da diferenças de muito alta,

temperatura; temperatura diminuindo

entre o teto e o lentamente;

piso;
duração de curto ascensão da calor irradiado presença de

espaço de tempo. massa gasosa por do teto em muita fumaça e

ação da direção ao piso. incandescência;

convecção.
risco de ignição

da fumaça se

injetado ar no

ambiente.
Fonte: (CBMDF, 2009)

376 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


10.2.5.5. Combustão oculta ¾¾ Generalização do incêndio (flashover);
O desenvolvimento de uma combustão sem envolver ¾¾ Ignição explosiva da fumaça (backdraft) e
uma chama como, por exemplo, um cigarro ou materiais
¾¾ Ignição da fumaça (envolve vários fenôme-
domésticos, tal como forros de mobílias contendo algo-
nos)
dão ou espuma de poliuretano, é bastante comum. Uma
pilha de fragmentos de madeira, serragem ou carvão Os comportamentos extremos do fogo acontecem em
pode arder durante semanas ou meses sem a libertação ambientes com carga de incêndio típica de um cômodo
efetiva de uma chama (ENB, 2006). comum, não havendo a necessidade de agentes acele-
radores (como gasolina, álcool, etc.) para causar esses
Temos este tipo de combustão, normalmente em ma-
fenômenos.
teriais porosos, onde em seu interior formam compostos
de carbono quando aquecidos. Em função da baixa con- Características:
dutividade térmica destes materiais, o calor resultante ¾¾ Ocorrem em espaço físico limitado (confi-
fica retido no seu interior garantindo, assim, a tempera- nado ou compartimentado) – geralmente a
tura necessária para a continuação da combustão. delimitação é feita pelos lados e teto, que
servirão para acumular a fumaça no ambien-
10.2.6. Comportamento extremo do fogo te em caso de incêndio, principalmente se
Meados da década de 80 os bombeiros da Suécia co- portas e janelas estiverem fechadas. Tudo
meçaram a observar que alguns incêndios em ambientes isso impede o escoamento da fumaça de
compartimentados, tais como apartamentos, boates e dentro do ambiente para o exterior.
residências, apresentavam comportamentos bem dife-
¾¾ Surgem com pouco tempo de queima – não são
rentes quanto a sua propagação e intensidade, sendo
necessários longos períodos de queima para
bastante agressivos em algumas situações.
que um incêndio de propagação rápida ocorra.
Esses comportamentos, considerados extremos, em
¾¾ Acontecem em edificações com qualquer
ocorrências de incêndio fizeram muitas vítimas, inclusi-
estrutura construtiva – concreto, alvenaria,
ve bombeiros por conta até mesmo de suas ações, pois
madeira, metal, etc.
há época não se tinha conhecimento do que causava es-
ses fenômenos até então considerados “estranhos”. Tais Isso significa que, ao se deslocarem para um incêndio
estudos visavam à compreensão de suas características estrutural, todos os bombeiros precisam estar cientes
e potencialidades para desenvolverem técnicas e táticas da possibilidade de ocorrência de um fenômeno dessa
de prevenção e combate. natureza, a fim de que suas ações sejam realizadas para
evitar ou diminuir a gravidade de um comportamento ex-
Os fenômenos de comportamento extremo do fogo
tremo do fogo.
estão todos associados à ignição da fumaça que, como
já sabemos, é combustível e estando em proporções 10.2.6.1. Generalização do incêndio –
adequadas com o comburente (o que varia conforme a Flashover
temperatura do ambiente) e tendo energia suficiente, se
Uma fase transitória do desenvolvimento de um fogo
inflamará.
em compartimento durante o qual as superfícies ex-
Uma característica comum desses fenômenos é que postas à radiação térmica atingem a sua temperatura
acontecerem de forma repentina, tanto que em algumas de ignição mais ou menos simultaneamente. O fogo se
literaturas são chamados de “incêndio de progressão rá- propaga rapidamente por todo o espaço, culminando na
pida” e podem ser divididos em 3 grupos: participação de todo o compartimento (NFPA 921-2004).

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 377


Este fenômeno ocorre entre o final da fase crescente Este pode ocorrer, mas devido aos danos estruturais
e o início da fase totalmente desenvolvida de um incên- provocados pelas altas temperaturas e não pela pressão
dio. Não podemos confundi-lo com os processos mais de uma onda de choque.
elementares de transmissão de calor (condução, convec-
Um sinal de que ocorrerá o flashover, é o rollover, que
ção e radiação).
normalmente acontece instantes antes da generalização
O flashover não provoca um deslocamento de ar do incêndio, que é o fogo na capa térmica, que conhecere-
significativo. Vidros quebram-se, porém, isso ocorre devido mos mais adiante. Quando este último ocorre, a irradia-
à diferença de temperatura na parte interna e externa do ção de calor é muito grande e provoca a ignição dos vapo-
vidro e não devido à uma onda de choque significativa. res combustíveis que os materiais no cômodo já estavam
liberando em função da termólise.
A falta de uma onda de choque não significa que o
fenômeno não implique o risco de colapso da estrutura.

Fig. Ilustração da generalização do incêndio - Fonte: CBMERJ, 2016

Podemos ainda separar este fenômeno em duas situ- Situação 1: Curva do flashover “teórico”
ações distintas, que ficam bem exemplificadas através
É importante frisar que no gráfico teórico do flasho-
dos gráficoa abaixo:
ver, o incêndio permanece até o final sem ser perturbado.

378 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


O flashover só acontece se a liberação de calor neces- se, desde o começo, as aberturas já eram suficientes
sária é atingida (15 a 25kw por m2, aproximadamente). para a sua ocorrência.
Esta liberação de calor é o limiar do flashover. Mas, para
Sabendo que, se o local é ventilado o bastante, o
atingi-lo, é necessário que haja renovação suficiente do
flashover acontece antes da chegada do socorro, a única
comburente, ou seja, uma boa ventilação. Ora, se a venti-
hipótese válida para que ele se produza na presença dos
lação é suficiente, o flashover acontece em, no máximo,
bombeiros é se o perfil de ventilação mudou. Ou seja, o
10 minutos depois do início do fogo, portanto, na maioria
fogo progride, mas tem falta de comburente, o socorro
das vezes antes da chegada dos bombeiros.
chega e abre “para ver como está” e provoca o reaviva-
Situação 2: Flashover induzido pela ventilação mento do fogo, que pode então chegar ao flashover. Este
é o flashover induzido pela ventilação, no sentido de
uma ventilação provocada.
Esta fase da formação deve conscientizar o bom-
beiro sobre o impacto de suas ações.
Mas, como estas ações são ligadas ao comburen-
te, ou seja, a uma presença gasosa invisível, tudo isso
fica bastante complicado: a simples abertura de uma
porta, um gesto natural “para ver o que está aconte-
cendo” pode tornar-se uma ação catastrófica. A rup-
Curva do flashover induzido pela ventilação. O primei- tura dos vidros “para ventilar”, mesmo se ela é bem
ro pico mostra a presença de um volume inicial grande de intencionada, pode igualmente ter consequências
comburente, mas não suficiente para atingir o limiar. Em dramáticas.
seguida a liberação de calor do fogo começa a baixar e
só depende das aberturas (ou seja, do chamado “perfil de Alguns sinais podem ser verificados para que se per-
ventilação”). ceba o risco da ocorrência de um flashover.

A mudança desse perfil é o que volta a fornecer com- São eles:


burente e permite ao fogo retomar uma evolução que • Fumaça escura, densa e turbulenta – como ocorre na
desta vez, pode lhe permitir atingir o limiar e, portanto, fase de crescimento, há chamas no cômodo e, a pre-
o flashover, ou qualquer outro fenômeno ligado ao calor sença de chamas é verificada pela cor da fumaça. A
e à fumaça. fumaça preta é decorrente da perturbação da ponta
O pico inicial (antes da fase chamada “espera”) é o re- das chamas difusas dentro do cômodo. A densidade
sultado do consumo do comburente presente no volume. da fumaça indica a acumulação de combustíveis na
Há um determinado período durante o qual o fogo pode fumaça. Isso decorre do confinamento do incêndio
consumir mais comburente do que as aberturas reno- que provoca o acúmulo da fumaça e seu adensamen-
vam, pois existe o volume inicial do local, que serve de to. A movimentação turbulenta da fumaça indica sua
“reserva”. É como uma pessoa que ganhasse na loteria, elevada temperatura.
podendo gastar mais que o seu salário por um determi- • Línguas de fogo ou chamas de ponta (flameover)
nado tempo. – como o fenômeno ocorre em um estágio em que o
Não há como encontrar uma “regulagem” das abertu- incêndio está limitado pela ventilação, falta oxigê-
ras que permita a ocorrência do flashover após uma hora, nio dentro do ambiente. Isso faz com que as chamas
por exemplo. Isso é importante: mostra bem que é difícil direcionem-se para as aberturas de portas e janelas
que os bombeiros sejam confrontados em um flashover formando línguas de fogo.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 379


Fonte: Le guide national de référence Explosion de Fumées – Embrasement Généralisé Éclair

Fig. – Línguas de fogo buscando oxigênio no compartimento ao lado

Pode ocorrer também de a fumaça no interior do am- • Ghost flames ou Rollover – o aparecimento de cha-
biente não estar em chamas, devido à limitação de com- mas esporádicas na capa térmica indica que a capa
bustível, mas estar acima do ponto de ignição. Quando a térmica está prestes a entrar em ignição e, como já
fumaça alcança o exterior e se mistura com o oxigênio mencionado, a elevação de temperatura reduz a ne-
atingindo a concentração adequada, ela se incendeia cessidade de oxigênio podendo ocorrer o flashover a
produzindo chamas de ponta (flameover). qualquer instante.

Fonte: Le guide national de référence Explosion de Fumées – Embrasement Généralisé Éclair

Fig. 71 - Chamas rolando na camada de fumaça (rollover)

380 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


10.2.6.2. Ignição explosiva da fumaça – outros gases produtos da combustão estão prontas para
Backdraft incendiar-se rapidamente assim que o oxigênio for sufi-
ciente e, na presença desse causando o backdraft (igni-
É a explosão ou queima rápida dos gases aquecidos
ção explosiva).
que ocorre quando oxigênio é introduzido num edifício
que não foi adequadamente ventilado e no qual o abas- Nesses casos, os bombeiros precisam realizar uma
tecimento de oxigênio foi reduzido pelo incêndio (NFPA, adequada ventilação para permitir que a fumaça e os
1980). gases combustíveis superaquecidos sejam retirados do
ambiente, no entanto, isso deve ser realizado com caute-
Como já sabemos, a termólise não necessita de
la, pois uma ventilação inadequada suprirá abundante e
comburente para acontecer, sendo assim o calor continu-
perigosamente o local com o elemento que faltava (oxi-
ará a permitir a produção de mais vapores combustíveis
gênio), provocando a ignição explosiva.
no ambiente, porém como não haverá mais comburente
suficiente para dar continuidade a produção de chamas, A entrada de ar fresco no cômodo incendiado pode
logo a mistura combustível gasoso e comburente será se dar pela abertura de uma porta ou janela feita por
rica demais e poderá se situar acima do limite superior bombeiros ou curiosos, pela ruptura de um dos acessos
de inflamabilidade. Os gases presentes no cômodo po- ocasionados pela pressão exercida da fumaça sobre os
dem até alcançar a temperatura de ignição, mas carecem vidros como também pela ação do calor na degradação
de comburente suficiente para se inflamar. Porém, o ca- do material.
lor interior permanece e os gases aquecidos, bem como

Fig.: backdraft – Fonte: CBMERJ, 2016

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 381


Como é um fenômeno mais complexo e, além da Zona afetada
oxigenação, depende da temperatura da fumaça, ele
A zona afetada pela explosão (efeito de sopro) não é
é um fenômeno que não acontece com frequência. O
obrigatoriamente a zona de entrada de comburente. Se o
backdraft não ocorre imediatamente após a abertura
ar entra por uma abertura muito distante do foco ou que
da porta. O tempo entre a abertura e a ocorrência do
não tem acesso direto a este (que passa por um corredor,
fenômeno pode ser entre vários segundos até alguns
por exemplo), é possível que a onda de choque não saia
minutos.
pelo mesmo caminho, mas sim quebrando uma janela, di-
O atraso do desencadeamento visória ou teto para sair.
Geralmente, por auto-ignição, o desencadeamento Associar, sistematicamente, a noção de backdraft com
demora alguns segundos. Para o retorno de chamas nas a de espaço fechado é muito limitante. Tudo é função de
brasas, isso é muito variável. Se o foco é constituído dosagem: uma porta e uma janela abertas não são garan-
de grandes pedaços de madeira (carvalho, por exem- tia de um local livre de risco de backdraft pois o poder de
plo), que ainda têm chamas poucos segundos antes da produção de fumaça da combustão em curso pode estar
abertura da porta e que estão dentro do fluxo de ar, as muito acima da capacidade de extração e o fornecimento
chamas reaparecerão quase imediatamente. Ao contrá- de comburente pela porta pode ser insuficiente para a de-
rio, com um foco composto de pedaços de caixas de ma- manda. Neste caso, mesmo se, visualmente, o local pare-
deira, situados distantes da porta, atrás de um móvel, é ce bem ventilado, do ponto de vista do fogo não é assim.
evidente que o tempo necessário para a reativação será Existem vários casos de backdraft em locais amplos (su-
muito mais longo. permercados, por exemplo) mesmo quando o teto do local
está aberto e deixa escapar fumaça e chamas.

Caso de um local fechado. Os sinais estão presentes: fumaça


saindo pela porta, fumaça até o chão, etc..

Com uma saída no alto, o teto de fumaça sobe. A fumaça diminui


a pressão implicando não mais a saída pela porta, no entanto, não
existe entrada de ar e a pirólise/termólise continua.

Ao ao abrir-se a porta, a entrada de ar vai ser facilitada pelo fato


de que a fumaça não vai sair, ou seja, não vai ocupar a porta, dei-
xando-a toda disponível para a entrada de comburente.

A presença inicial de uma saída de fumaça não é obrigatoriamen-


te sinal de que o backdraft será evitado, pois a saída deve ser su-
ficiente para extrair a fumaça mais rápido do que ela é produzida
ou, pelo menos, para diminuir suficientemente sua concentração.

382 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Uma porta aberta de um quarto será considerada uma entrada grande. A mesma porta aberta na área de vendas
de um supermercado de 1000 m2 permitirá uma entrada de ar insignificante. A mesma coisa acontece com o tama-
nho das saídas de fumaça.

Os sinais indicativos de um risco de backdraft são ¾¾ Línguas de fogo ou chamas de ponta (fla-
(CBMES, 2015): meover) – indica que a fumaça está acima do
ponto de ignição, precisando apenas diluir-
¾¾ Ambiente subventilado.
se no ar para incendiar.
¾¾ Fumaça cáqui, densa e turbulenta – a fuma-
¾¾ Oleosidade nos vidros – os combustíveis em
ça é caqui, já que não há chamas. É densa
suspensão na fumaça condensam-se nos
devido ao acúmulo de combustíveis e é tur-
vidros e fica como um óleo passado nos vi-
bulenta já que está aquecida. dros pelo lado de dentro.
¾¾ Lufadas de fumaça nas partes superiores ¾¾ Portas e maçanetas aquecidas – em decor-
de portas e janelas - Devido ao acúmulo de rência das altas temperaturas no interior do
gases no ambiente ocorre uma sobrepres- ambiente.
são no interior do ambiente e isso força a fu-
¾¾ Efeito algodão – devido à densidade da at-
maça a ser expelida em pulsos pelas frestas
mosfera no interior do ambiente, qualquer
superiores de portas e janelas.
material que cair ou quebrar no interior, fará
¾¾ Ar sendo sugado pela parte inferior das por- um som abafado como se estivéssemos ou-
tas – com a expulsão de fumaça nas partes vindo com um chumaço de algodão no ouvido.
superiores, a pressão no interior alivia-se e
o ar é sugado para dentro do ambiente. Mui- O backdraft é uma explosão da fumaça, com onda de
tas vezes o deslocamento de ar para o inte- choque capaz de derrubar um bombeiro, quebrar janelas
rior provoca um som como de um assovio. ou até mesmo colapsar estruturas.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 383


Fonte: Le guide national de référence Explosion de Fumées – Embrasement Généralisé Eclaira

384 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


10.2.6.3. Ignição da fumaça fenômeno é um alerta de que a fumaça está próxima das
condições de entrar em ignição por completo.
Segundo GRIMWOOD (2005), o termo fire gas ignition
ou ignição dos gases do incêndio é ainda pouco conheci- Rollover – o termo rollover é usado quando as chamas
do, no entanto, já vem sendo usado em muitos países e na capa térmica não apenas surgem isoladas, mas
suas definições são em grande parte semelhantes, ou quando se forma uma frente de fogo que percorre a capa
seja, quando os gases do incêndio vazam para uma área térmica aumentando muito a irradiação de calor em um
adjacente ao compartimento em chamas, esses gases curtíssimo espaço de tempo. O fenômeno do rollover en-
superaquecidos podem se misturar com o ar fresco do volve apenas a queima repentina da fumaça, sem envol-
novo ambiente ou do exterior e se inflamar espontane- ver a queima dos demais combustíveis no ambiente que
amente. Se a mistura encontra uma fonte de calor, isto se encontram na fase sólida.
também poderá produzir a ignição dos gases do incêndio.
Portanto, ainda que esteja claro que o flashover (no
qual a força disparadora está centrada no aumento da
temperatura dos gases presentes no ambiente) e o ba-
ckdraft (no qual a força disparadora está na oferta de ar
fresco para um incêndio controlado pela falta de ventila-
ção) sejam fenômenos distintos, existem também outras
situações que poderão produzir incêndios de progresso
rápido em incêndios em compartimentos. Estes fenôme-
nos adicionais podem não se ajustar necessariamente a
qualquer uma das definições anteriores, mas apresentar
um desfecho muito similar em termos de resultados.
Clarões de chama (ghost flames – “chamas fantas-
Fig. Foto onde ocorre um Rollover
mas”) – são bolsões de chamas percorrendo ou apare-
cendo na capa térmica. A camada de fumaça, rica em car-
Vê-se a frente de fogo avançando pela capa térmica
bono proveniente da perturbação da chama difusa e rica
em direção à entrada de ar fresco. A ocorrência de um
em outros materiais combustíveis, possui temperatura
rollover pode ocasionar outro fenômeno, chamado de
de ignição em torno dos 600 ºC.
flashover.
O aparecimento das chamas fantasmas pode ser devi-
do ao aquecimento de porções da fumaça já em mistura Quando ocorre a queima da capa térmica (rollover)
inflamável, ou pode a fumaça estar acima da temperatu- a quantidade de calor irradiado (feedback radiativo)
ra de ignição, mas fora da faixa de inflamabilidade e, com aumenta muito e, com isso, os vapores combustíveis
a movimentação dos gases, algumas porções podem emanados dos materias que estavam termolizando no
atingir uma concentração de mistura inflamável, vindo cômodo entram em ignição e, quanto mais materiais in-
então a entrar em ignição. cendeiam-se, mais calor e gerado e mais materiais incen-
deiam-se até que todo o volume do cômodo esteja en-
Percebe-se um clarão alaranjado dentro da fumaça,
volto em chamas. Essa ignição repentina dos materiais é
como se fosse um daqueles relâmpago que ocorrem
conhecida como flashover.
dentro de uma nuvem, sema visualização do “raio”. É um
fenômeno momentâneo, pois, quando um bolsão dentro Flashfire - quando um cômodo fica fechado, após as
da fumaça queima, ele consome o oxigênio e perde as chamas consumirem o oxigênio e a concentração deste
condições favoráveis para continuar queimando. Esse ficar abaixo de 14%, não haverá mais chama e, portanto,

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 385


não haverá a produção de fumaça preta. Com menos de ¾¾ uso incorreto da ventilação de pressão posi-
14% de oxigênio no ambiente, há o predomínio da com- tiva – se não for utilizada da forma correta, a
bustão lenta – brasas. A fumaça produzida pelas brasas é ventilação pode empurrar a fumaça para ou-
clara, de coração cáqui. Essa fumaça vai sendo produzida tro ambiente onde haja uma fonte de calor;
no cômodo e fica acumulando-se aumentando a pressão
¾¾ uso do jato compacto contínuo – devido à
dentro do cômodo. Esse excesso de pressão expulsa fu-
sua força, o jato pode empurrar a fumaça
maça pelas frestas das portas. A fumaça expulsa para
para outro ambiente até uma fonte de calor
um cômodo adjacente acumula-se. Apesar de clara, ela
capaz de deflagrá-la;
é combustível, visto que é composta por vapores da
termólise dos materiais de dentro do cômodo. Quan- ¾¾ saída de fumaça superaquecida durante a
do a porta do cômodo sinistrado for aberta, as chamas ventilação ou após a abertura de porta – por
podem reiniciar e alcançar a fumaça que vazou para o esse motivo, a fumaça deve ser resfriada
cômodo adjacente causando a ignição dessa fumaça no por linha de mangueira na saída de venti-
cômodo adjacente. O mesmo pode acontecer se o calor lação; deve haver linhas de mangueira de
por condução passar para um cômodo adjacente ao cô- apoio nas portas e janelas.
modo sinistrado ao ponto de iniciar a termólise de mate- Medidas simples como impedir o acúmulo de fumaça
riais nesse cômodo e a fumaça da termólise acumular-se no ambiente, mesmo que as chamas já tenham sido debe-
nesse cômodo. ladas, e o resfriamento e diluição da fumaça com pulsos
Pela possibilidade de ocorrência dos fenômenos des- de água atomizada previnem sua ignição.
critos acima, deve-se ter toda a atenção dos bombeiros Síntese dos fenômenos de comportamento extremo
quanto à movimentação e comportamento da fumaça no do fogo:
ambiente.
Mesmo com pouca fumaça visível no ambiente, é Ignição da fu-
Flashover Backdraft
maça
possível ocorrer sua ignição. Com pouco tempo de sus-
pensão, parte da fuligem desce e a fumaça clareia, mas
Ocorre com Não ocorre com Ocorre com
continua inflamável, bastando uma fonte de calor para
frequência frequência frequência
provocar sua ignição.
A ignição da fumaça ocorre principalmente em decor- Não ocorre ex- Pode ou não se
É uma explosão
rência de: plosão ruma explosão
¾¾ colapso de estruturas – a fumaça é empur- Pode possuir
rada com a queda de paredes e/ou do teto, Não possui onda Possui ondas de
ou não onda de
de choque choque
entrando em contato com uma fonte de ca- choque
lor em outro ambiente;
¾¾ faiscamento – seja de motores ou de equi- É um efeito que É um efeito É ume feito
se mantêm momentâneo momentâneo
pamentos elétricos no ambiente onde há
fumaça;
Ocorre por cau- Ocorre pela Ocorre pelo con-
¾¾ ação de rescaldo – se for feito sem cuida- sa do calor irra- entrada de ar tato da fumaça
do, as brasas resultantes do incêndio serão diado pela capa (oxigênio) no com uma fonte
expostas pelos bombeiros e poderão ignir a térmica ambiente de calor
fumaça acumulada; Fonte: Manual Técnico de Combate a Incêndio Urbano do CBMES, 2015

386 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Para os bombeiros, é fundamental possuir esse co- tão, representados pelo tetraedro do fogo. Para tanto
nhecimento básico sobre todos as situações que podem faremos a abordagem de quatro métodos teóricos de
levar a tais ignições súbitas, as quais sob condições vari- extinção do incêndio:
áveis, afetam a estrutura sinistrada e a vida dos próprios • Isolamento;
combatentes e possíveis vítimas.
• Abafamento;
10.2.7. Métodos de extinção do incêndio • Resfriamento;
A extinção de um incêndio corresponde sempre em • Inibição da reação em cadeia.
extinguir a combustão pela eliminação ou neutralização
de pelo menos um dos elementos essenciais da combus-

10.2.7.1. Isolamento a vários fatores, como: o tamanho e peso do material


combustível e ainda a via de escape desse material. É
Este método de extinção de incêndio consiste na se-
também muito utilizado no combate indireto a incêndios
paração entre o combustível e a fonte de energia (calor)
florestais por meio da construção de aceiros, que se pro-
ou entre aquele e o ambiente incendiado. É um método
cessa removendo-se a vegetação em torno do fogo.
muito eficaz, porém complexo de ser executado, devido

Fig.: Exemplo de extinção por Isolamento – Fonte: CBMERJ, 2016

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 387


No caso de incêndios em materiais líquidos ou gaso- • Asfixia – quando não há qualquer ação exterior,
sos, o próprio fechamento de válvulas para impedir o de forma que a diminuição do comburente re-
derramamento ou escapamento do material é uma for- sulta exclusivamente do seu consumo pela com-
ma de aplicar o método do isolamento. bustão, não havendo neste caso uma renovação
do ar daquele ambiente.
10.2.7.2. Abafamento • Abafamento – quando a diminuição do combu-
Método de extinção de incêndio que consiste na re- rente resulta de uma ação exterior.
dução da concentração do comburente (Oxigênio) para O abafamento é conseguido principalmente com a in-
valores próximos a 14% na maior parte dos casos e 6% serção de um gás inerte, diminuindo a concentração do
se houver brasas, tornando a mistura pobre, ou a elimina- comburente ou cobrindo as chamas com um material,
ção total do contato do combustível com o comburente que possua um ponto elevado de combustão, impedindo
(Oxigênio). que este faça parte da combustão. Temos como exemplo
Na verdade podemos dividir este método em duas a utilização de uma tampa metálica agindo em uma lixei-
possibilidades diferentes, que são: ra ou a utilização de espuma, química ou mecânica, em
um recipiente contendo líquido inflamável.

Fig.: Exemplo de extinção por abafamento – Fonte: CBMERJ, 2016

388 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


10.2.7.3. Resfriamento de capacidade de absorção de calor e elevado ponto de
combustão. Como exemplo temos a água que é o agente
Método de extinção de incêndio que consiste no arre-
extintor mais utilizado.
fecimento do combustível, ou seja, na diminuição da tem-
peratura deste, de forma que a mesma se torne inferior Importante frisar que mesmo que na maior parte das
ao ponto de combustão. vezes, este método seja associado ao uso de água, a ven-
tilação tática também pode ser encarada como resfria-
Este é o método mais utilizado para o combate ao in-
mento, já que, além de escoar a fumaça do local, também
cêndio, sendo necessário um agente extintor com gran-
remove o calor do ambiente.

Fig.:Exemplo de extinção por resfriamento – Fonte: CBMERJ, 2016

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 389


10.2.7.4. Inibição cesso de combustão, os elimina e inibe a reação em ca-
deia.
A inibição ou ruptura da reação em cadeia consiste em
impedir a transmissão de energia (calor) de uma partícu- Importante salientar o fato de que este método de ex-
la do combustível para outra limitando, assim, a forma- tinção deve sempre ser acompanhado de um dos anterio-
ção de radicais livres e/ou consumindo-os à medida que res, já que caso façamos a ruptura da reação em cadeia e
se formam (ENB, 2006). ainda haja a presença dos três lados do triângulo do fogo,
muito provavelmente teremos uma reignição.
O pó químico é um exemplo de agente extintor que
atua desta forma, ele se decompõe em radicais livres
que, ao combinarem-se com aqueles produzidos no pro-

Fig.:Exemplo de extinção por inibição – Fonte: CBMERJ, 2016

390 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


10.2.8. Agentes extintores de incêndio A água, quando utilizada em jato neblinado ou pul-
verizada, terá um maior poder de arrefecimento, ten-
Agente extintor é o nome dado ao produto que é
do em vista que a sua capacidade de absorver calor é
empregado para se realizar o combate a incêndios.
diretamente proporcional à área superficial de conta-
Existem vários agentes extintores, que atuam de ma-
to, sendo que, por vezes, é necessária a utilização de
neira específica sobre a combustão, debelando o in-
cêndio através de um ou mais métodos de extinção já jatos compactos, a fim de vencer grandes distâncias.
citados. Secundariamente, a água atua por abafamento, em
Os agentes extintores devem ser utilizados de for- decorrência de a água ser transformada em vapor, au-
ma criteriosa, observando-se a sua correta utilização menta assim seu volume em cerca de 1700 vezes, des-
e o tipo de classe de incêndio, tentando, sempre que locando o volume de comburente (oxigênio) que en-
possível, minimizar os efeitos danosos do próprio volve a combustão, tornando assim a mistura pobre.
agente extintor sobre os materiais e equipamentos Além disso, a água só perde para o hidrogênio e o hé-
não atingidos pelo incêndio. lio em calor específico e, dentre os líquidos à tempera-
Dos vários agentes extintores, os mais utilizados tura ambiente, é o que apresenta maior calor latente de
são os que possuem baixo custo e um bom rendimen- vaporização. O calor específico da água é da ordem de
to operacional. Além dos estudados normalmente, 1 cal/g ºC, ou seja, para elevar em 1ºC a temperatura de
é importante fazer uma citação a dois: terra e areia, 1 grama de água é necessário 1 caloria. Quer dizer que
estes agentes são usados conforme sua disponibili- cada grama de água lançada em um incêndio absorverá
dade, muitas vezes como meio de fortuna, e agem por 1 caloria para cada grau centígrado de temperatura que
abafamento. A terra pode ter ainda um importante elevar. Outra grande característica da água é o seu calor
papel quando nos referimos a incêndios florestais. latente de vaporização, o qual é elevadíssimo, 540cal/g.

Os agentes extintores certificados no Brasil e que Vejamos esta situação: uma massa de 1 Kg de água
serão abordados neste manual são: lançado em um incêndio, considerando a temperatura
inicial de 20ºC, terá o volume inicial de 1 litro. Esses
• Água - NBR 11.715;
1000 gramas de água absorverão calor no estado lí-
• Espuma mecânica - NBR 11.751; quido até atingir a temperatura de 100ºC, quando en-
• Pós para extinção de incêndio - NBR 10.721; e tão passará para o estado de vapor.

• Gás carbônico - NBR 11.716. Sendo assim, temos: Q (quantidade de calor, em ca-
lorias) x M (massa) x C (calor específico, em cal/g.oC) x
As normas citadas acima se referem apenas ao
T (variação de temperatura, em oC)
emprego desses agentes em aparelhos extintores de
incêndio. 1000g x 80ºC (de 20 para 100ºC) = 80.000 cal ou 80
Kcal
10.2.8.1. Água no Combate a Incêndio
A 100 oC, temos: Q = M x L, Onde L é o calor latente
É o agente extintor mais utilizado na eliminação de da substância
incêndios, devido ao seu baixo custo e à sua abundân-
100x540 =54.000 cal ou 54 Kcal
cia. Ela atua na extinção principalmente por resfria-
mento, devido ao seu alto calor específico, fazendo Vê-se, assim, que a água absorve quase 7 vezes
com que ela absorva uma grande quantidade de calor mais calor para mudar de estado físico do que para
para pouco incremento na sua temperatura. aquecer de 20º para 100º C.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 391


Conclui-se que um combate usando água será tanto Destaca-se neste tipo de aditivo um emulsor em
mais eficiente quanto mais conseguir evaporar a água. particular chamado de Agente Formador de Filme
A água escorrida deixou de absorver os 540cal/g que Flutuante (AFFF) também utilizado na produção
absorveria ao ferver e parte da energia que absorve- de espumas, como será referido adiante.
ria para alcançar os 100ºC. iv) Aditivos viscosificantes – têm a característica de
Ela apresenta excelente resultado no combate a aumentar a viscosidade da água promovendo uma
incêndios da Classe A, podendo ser usada também na maior aderência às superfícies verticais. Em fun-
Classe B, desde que de forma criteriosa, e também na ção deste aumento de viscosidade são gerados al-
Classe C, com algumas indicações e restrições. guns inconvenientes no uso destes aditivos como
uma menor capacidade de penetração, maiores
Os maiores inconvenientes de sua utilização no perdas por fricção nas mangueiras, problemas de
combate a incêndios são os danos causados por ela limpeza do local após a extinção, dentre outros.
ainda no combate, especialmente no caso do uso de Devido a isto, estes aditivos têm uma indicação
jatos compactos. Além da corrosão causada por ela, para utilização maior em incêndios florestais nos
mesmo após a extinção do incêndio. quais não se verificam problemas tais como os de
limpeza após o incêndio.
10.2.8.1.1. Aditivos
v) Aditivos opacificantes – aumentam o poder refri-
A água é também utilizada com aditivos. Estes são
gerante da água porque diminuem a passagem do
substâncias sólidas ou líquidas em concentrações in-
calor aos materiais vizinhos, por radiação, através
feriores a 6%, que se adicionam de modo a obter-se
da água. São tipicamente empregues em incêndios
uma maior eficácia extintora (ENB, 2006). A classifi-
florestais, em conjunto com os viscosificantes.
cação dos aditivos é feita da seguinte forma: (ENB, 2006)
i) Aditivos espalhantes – são substâncias que di-
Além destes existem outros aditivos, sem ação ex-
minuem a tensão superficial da água reduzindo o
tintora, que são os anticongelantes e os anticorrosi-
ângulo de contato destas com a superfície do ma-
vos.
terial em chamas. Estes produtos proporcionam o
espalhamento completo da água sobre a superfície 10.2.8.2. Espuma
combatida aumentando a absorção e principalmen-
No caso dos incêndios, especialmente em líquidos
te penetração deste agente extintor. (Vargas, 2006)
derivados do petróleo, a água não se apresenta como
ii) Aditivos molhantes – permitem um contato mais uma boa alternativa para o combate, principalmente
eficaz e durável com o combustível ao aumentar a em função de sua maior densidade em relação a es-
tensão superficial da água e, conseqüentemente, ses líquidos. Desta forma buscou-se uma solução para
retardar a sua evaporação (Vargas, 2006), dessa este problema, tendo na utilização da espuma uma ex-
forma fazendo com que a água permaneça mais celente opção.
tempo sobre o material e possibilitando uma
As espumas líquidas se assemelham a bolhas. São
maior absorção da mesma, e conseqüentemente
sistemas constituídos por uma fase contínua líquida
resultando em uma melhor absorção calorífica e,
(na superfície) e uma gasosa (no interior), apresentan-
em um resfriamento mais eficaz. do uma estrutura formada pelo agrupamento de vá-
iii) Aditivos emulsores – também atuam sobre a ten- rias células (bolhas) originadas a partir da introdução
são superficial da água criando bolhas estáveis. de agentes tensoativos e ar na água (CBMDF, 2006).

392 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


As espumas apresentam uma densidade muito me- tíveis polares, como o álcool, o concentrado
nor que a da água, de forma que ao ser utilizada para AFFF deve ter, em sua composição, a presen-
o combate a incêndios, ela espalha-se sobre a super- ça de uma substância denominada de polis-
fície do material, isolando o mesmo do contato com o sacarídeo, a qual evitará o ataque do álcool à
oxigênio, este princípio é o que a torna tão eficiente espuma” (CBMDF, 2006);
no combate aos incêndios da classe B.
• Agentes proteicos – misturados com água,
Possuem restrições ao uso em incêndios da classe em porcentagens de 3 a 6%, originam espu-
C em função da mesma ter em sua composição a água, mas com coeficientes de expansão da ordem
desta forma a espuma é também um condutor de ele- de oito. A espuma obtida apresenta boa elas-
tricidades o que justifica tal restrição. ticidade, resistência mecânica e capacidade
A espuma mecânica utilizada nos combates a in- de retenção de água. Este tipo de espuma é
cêndios é formada por uma mistura de água com uma denso e viscoso e possui elevada estabili-
pequena porcentagem (1% a 6%) de concentrado ge- dade e resistência ao calor, além de ser bio-
rador de espuma (surfactante) e entrada forçada de degradável. É destruída por líquidos polares
ar. Essa mistura, ao ser submetida a uma turbulência, como os alcoóis, éteres e acetona. É compa-
produz um aumento de volume da solução formando tível com os pós químicos dos tipos B e C;
a espuma. • Agentes fluorproteicos – concentrados que
Existem diferentes agentes espumíferos que ge- vêm substituindo os proteicos. Têm uma efi-
ram uma diversidade de tipos de espumas que terão cácia reforçada baseada na fluidez (baixa
aplicabilidades diversas em função do coeficiente de viscosidade) e resistência à contaminação,
expansão e face aos diferentes tipos de combustíveis. garantem uma boa cobertura e estanquei-
dade e impedem a passagem de vapores
Estes agentes podem ser classificados da seguinte
forma (ENB, 2006): nos hidrocarbonetos líquidos. Possuem boa
resistência ao fogo e à reignição. Muitas po-
• Agentes sintéticos AFFF – É o agente que dem ser utilizadas em conjunto com os pós
gera o tipo de espuma mais eficiente para o
químicos, pois são compatíveis com eles. São
combate a incêndio, conhecido como AFFF
igualmente destruídas por líquidos polares;
(aqueous film-forming foam – espuma forma-
dora de filme aquoso), agem como os emul- • Agentes sintéticos ordinários – em baixa
sores clássicos formando uma camada de expansão têm uma velocidade de decanta-
espuma que isola a superfície do combustível ção lenta e boa fluidez. Podem, também, ser
e, para, além disso, uma película aquosa que usados em média e alta expansão, mas com
flutua à superfície dos hidrocarbonetos líqui- características inferiores. A sua imperme-
dos (p. ex., gasolina), opondo-se à emissão de abilidade é baixa, em particular em média e
vapores. A estanqueidade é melhorada devi- alta expansão, além disso, possuem pouca
do à película aquosa formada que dificulta a resistência ao calor que é compensada pela
reinflamação do combustível. O concentrado grande capacidade de produção. Em caso de
AFFF é eficiente no combate a incêndios de reacendimento verifica-se a destruição rápi-
hidrocarbonetos derivados de petróleo, tais da destas espumas. Não podem ser usadas
como gasolina e diesel. “Porém, em combus- em líquidos polares;

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 393


• Agentes polivalentes – destinam-se a ser ~~ Capacidade do AGE-001 = 6.000 litros
usados em líquidos polares, podendo tam-
~~ Concentração de espuma AFFF = 6%
bém ser utilizados nos não polares. Em re-
lação aos hidrocarbonetos, estas espumas Total de solução de espuma?
têm características idênticas aos emulsores Logo:
ordinários.
- Para 6 litros de espuma AFFF 6%, temos 94 litros
Os líquidos geradores de espuma (LGE) são encon- de água 100 litros de solução de espuma.
trados disponíveis no mercado em porcentagens que
- Sendo assim, para 6.000 litros de espuma AFFF
vão de 1 a 6%, esse é o indicativo da mistura que deve
6%, tem-se 94.000 litros de água e 100.000 litros de
ser feita para a produção da solução ideal.
solução de espuma.
Para exemplificar este processo, tomemos como
Resposta: O AGE 001 abastecido com espuma AFFF
exemplo a viatura AGE-001 do CBMERJ que possui um
6% proporcionará 100.000 litros de solução de espuma.
reservatório de 6.000 litros de LGE, digamos que ele
esteja abastecido com o AFFF 6% e nós queiramos
saber quanto de solução de espuma poderá ser pro-
duzido com esta quantidade de LGE:

394 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Por último, cabe uma abordagem a respeito da aplica- • Aplicação direta – consiste em atirar direta-
ção da espuma no combate a incêndio, já que este agente mente a espuma sobre as superfícies incendia-
extintor possui algumas peculiaridades com respeito ao das, este tipo de aplicação é bastante restrito
seu uso no combate. Quanto à aplicação, portanto temos já que a espuma utilizada deve ser resistente à
a direta e a indireta: destruição por contato direto com as chamas;

Fig.:Aplicação direta – Fonte: CBMERJ

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 395


• Aplicação indireta – é o método ideal de apli- • Pó BC – é composto, em geral, o bicarbonato de
cação, consiste em projetar a espuma em um sódio misturado com outros produtos, como
anteparo (como uma parede) ou no chão, à fren- estearato de zinco ou silicone que melhoram
te do combustível que está queimando, de for- as suas características. Têm um poder extintor
ma a evitar o contato violento da espuma com 4,5 vezes superior ao do CO2. Possuem o incon-
a chama direta. veniente de impregnar equipamentos elétricos
deixando resíduos corrosivos de difícil remo-
ção, o que constitui uma desvantagem com re-
lação ao CO2;
• Pó ABC (polivalente) – foram adotados para
estender a ação deste tipo de agente extin-
tor à classe A e são constituídos com base em
compostos de amoníaco. São utilizados nos
incêndios das classes A, B e C. com relação aos
incêndios da classe A, no caso de permanecer as
brasas que poderão ativar novo incêndio, atuam
por asfixia e isolamento, fundindo-se e forman-
do uma substância vítrea que envolve o com-
bustível e o isola do ar como se fosse um verniz;
• Pós especiais para fogos da classe D – são es-
pecíficos de um dado metal reativo ou família
de metais. Sendo à base de grafite e alguns clo-
retos e carbonetos específicos. São ineficazes
em incêndios de outras classes e são utilizados,
Fig.:Aplicação indireta – Fonte: CBMERJ em geral, nas indústrias aeronáutica e nuclear.
Informação muito importante em relação a estes
10.2.8.3. Pós químicos agentes extintores é que os pós ABC e BC são incompatí-
veis, de forma que, caso haja a substituição de uma carga
É um agente extintor formado por um grupo de finíssi-
BC por outra do tipo ABC o extintor deve ser cuidadosa-
mas partículas sólidas. Tem como característica não ser
mente esvaziado e limpo. Caso contrário, poderá ocorrer
abrasivo, não ser tóxico, mas pode provocar asfixia se
entre os dois tipos de pó uma reação química com libera-
inalado em excesso, não conduz corrente elétrica.
ção de CO2 e outros gases que pode provocar a explosão
Possui o inconveniente de contaminar o ambiente, do equipamento extintor.
sujando-o, dificultando a visualização e podendo ainda
danificar equipamentos elétricos e eletrônicos. Deve-se 10.2.8.4. Gases inertes: dióxido de car-
evitar sua utilização em ambientes que possuam esses bono e nitrogênio
equipamentos em seu interior. Atua por abafamento e na O dióxido de carbono é um gás armazenado sob alta
quebra da reação em cadeia. pressão, inodoro, incolor, uma vez e meia mais pesado
A sua eficácia depende principalmente da dimensão que o ar, não tóxico, porém Por outro lado, a partir de uma
dos grãos, dos aditivos, da resistência à compactação e concentração de 9% por volume, o CO2 causa inconsciên-
do equipamento utilizado. cia e até a morte por asfixia, o que impõe restrições ao
seu uso em ambientes fechados ou ainda com a presença
Classificam-se segundo as classes de fogos que extin- de seres humanos.
guem (ENB, 2006):

396 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Não conduz corrente elétrica, nem suja o ambiente propelente nos extintores de incêndio, o que justifica a
em que é utilizado, uma vez que se dissipa rapidamente importância desta breve abordagem.
quando aplicado, desta forma se torna muito eficaz para
Pode ser aplicado da mesma forma que o dióxido de
a utilização em equipamentos sensíveis a resíduos e umi-
carbono, porém cabe ressaltar que alguns metais como
dade, como equipamentos de informática.
o lítio e o titânio, queimam violentamente na presença de
Atua principalmente por abafamento devido à sua rá- nitrogênio.
pida expansão, deslocando ou diluindo assim o volume
de comburente da superfície do combustível. 10.2.8.5. Halons
O gás carbônico atua de forma secundária por resfria- O halon é num composto químico orgânico constituí-
mento, pois no seu aumento de volume, da passagem do do por átomos de carbono e hidrogênio, onde um ou mais
estado líquido para o gasoso, absorve uma grande quan- átomos de hidrogênio são substituídos por um átomo de
tidade de calor, diminuindo assim a sua temperatura em bromo e a outro halogênio. Os mais utilizados são o Ha-
aproximadamente 700C. lon 1211 (bromoclorodifluormetano) e o Halon 1301 (bro-
motrifluormetano).
O Dióxido de Carbono apresenta melhor resultado no
combate a incêndios das Classes B e C. Na Classe A apa- São usados como agentes extintores de incêndios,
ga somente na superfície em função do baixo poder de porém contribuem ativamente para a destruição da ca-
penetração no material que o mesmo possui e da baixa mada de ozônio, sendo até dez vezes mais perigosos do
capacidade de resfriamento, se comparado à água, por que os clorofluorocarbonetos (CFC).
exemplo. Os níveis de halon na atmosfera aumentam cerca de
Existem metais de elementos químicos como sódio, 25% ao ano, especialmente em função da realização de tes-
potássio, magnésio, titânio, zircônio e os hidretos metá- tes de equipamentos para combate a incêndios. O seu uso
licos que têm a característica de decompor o gás carbô- em extintores de incêndios foi proibido em janeiro de 1994.
nico, sendo ineficaz a sua utilização nesses casos. Esses Este agente extintor possui restrições de uso em in-
elementos são chamados de materiais combustíveis, cêndios próximos de gêneros alimentícios. Além do que
tratados especificamente nos casos de incêndios classe devemos estar atentos no seu uso pelo fato dos mesmos
D (CBMDF, 2006). serem solúveis em alguns hidrocarbonetos.
Importante perceber também, quanto ao uso do CO2, Após a aplicação de halons, deve ser sempre efetuada
é que o mesmo se torna ineficaz quando aplicado em In- a ventilação do local, já que apresenta alta toxicidade em
cêndios envolvendo agentes oxidantes, como o nitrato concentrações elevadas bem como na fumaça e gases li-
de celulose ou o permanganato de potássio, que contêm berados pelo mesmo.
oxigênio em sua estrutura, já que nestes casos o próprio
A substituição dos compostos, designados por ha-
combustível traz em sua própria estrutura o comburente
lons, como agentes extintores tem sido objeto de dife-
que necessita para a combustão.
rentes estudos. As normas NFPA 2001 e ISO 14520 foram
O nitrogênio é um gás inerte que atua por abafamen- elaboradas com o objetivo de proceder à normalização
to. É bastante utilizado no processo de inertização de dos compostos alternativos. Assim, as atuais alternati-
atmosferas, que consiste em utilizá-lo para substituir os vas aos halons podem ser classificadas em dois grandes
gases combustíveis presentes na atmosfera do ambien- grupos (ENB, 2006):
te que se deseja inertizar.
• 1.º – atuam, predominantemente, por inibição
Normalmente não é utilizado diretamente como agen- (ruptura da reação em cadeia), assim como os
te extintor, porém é utilizado amplamente como gás halons;

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 397


• 2.º – atuam por abafamento (limitação do com-
burente).
O primeiro grupo é formado pelos agentes consti-
tuídos essencialmente por carbono, hidrogênio e flúor,
que são menos agressivos. O bromo foi eliminado e, em
alguns casos, o cloro também. A substituição dos halons
convencionais por estes compostos implica em poucas
modificações nos sistemas de combate ao incêndio.
O segundo grupo é constituído por agentes extinto-
res compostos por gases naturais combinados em pro-
porções específicas, nomeadamente o Inergen (IG-541) Fig.:- Rede Cristalina
– composto por 50% N2; 42% Ar; 8% CO2, Argonit (IG-
01) – composto por 50% N2; 50% Ar e Argonfire (IG-55) –
100% Ar, não considerado como agente extintor efetivo. fluído vital em nosso sistema circulatório. Em nossos
Estes agentes implicam um investimento mais elevado carros existem fluidos nos pneus, no tanque de gasolina,
devido às pressões envolvidas no seu armazenamento no radiador, nas câmaras de combustão interna do mo-
(ENB, 2006). tor, no sistema de exaustão, na bateria, no sistema de ar
condicionado, no sistema de lubrificação e no sistema de
10.3. Viaturas de Combate a Incêndio e direção. Por isso precisamos observar melhor o que a fí-
Salvamento do CBMERJ sica pode nos ensinar a respeito dos fluidos.
Para que iniciemos o estudo sobre as viaturas que Fluido é qualquer substância que possui a capacida-
compõem a frota do CBMERJ, é necessário que aprenda- de de escoar, e esta propriedade é justificada pela sua
mos alguns conhecimentos de física. adaptabilidade ao contorno de qualquer recipiente que
o contém.
10.3.1. Estudo dos Fluidos
Classificamos como fluidos os líquidos e os gases.
Os fluidos estão presentes em nosso cotidiano. Nós
Você pode se espantar com esta classificação, mas eles
os respiramos e os bebemos além de possuirmos um

Fig. - Diferenças de estruturas moleculares nos diferentes estados físicos

398 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


se diferem dos sólidos, que tem uma formação molecu- No sistema internacional de medidas utiliza-se o
lar tridimensional completamente rígida comumente Pascal (Pa) como medida padrão, porém nas viaturas os
chamada de rede cristalina. Sendo assim os gases e lí- manômetros possuem outros padrões de medidas como
quidos possuem ligações intermoleculares mais fracas Bar e PSI (libra por polegada quadrada).
diminuindo a coesão que permite uma estrutura mais
maleável sem forma definida. Taxa de conversão: 1 bar = 1,02 kgf/cm2 = 14,5
O que difere os gases dos líquidos, mas não os des- psi
classifica como fluidos, é uma propriedade física de-
Podemos aplicar essas duas fórmulas no cotidiano de
nominada compressibilidade, já que os gases possuem
operação de viaturas de incêndio, conforme os exemplos
interações moleculares mais fracas podendo comprimir-
a seguir:
se e expandir-se no interior de qualquer recipiente.
• Exemplo 1: Uma edificação encontra-se em chamas
Para estudarmos os fluidos, algumas grandezas fí-
no 3° andar e torna-se necessário a pressurização do
sicas essenciais devem ser compreendidas para que
sistema preventivo do prédio através de um hidrante
desenvolvamos conhecimento técnico no combate a
de recalque – que fica localizado no solo na região de
incêndios e também para que se conheça o princípio de
passeio, fora do prédio, e tem comunicação com toda
funcionamento do corpo de bombas de uma viatura no
a canalização preventiva, portanto pode-se oferecer
CBMERJ.
água para que se debele o incêndio no andar sinistra-
10.3.1.1. Pressão do – com uma viatura de incêndio básica (ABT). Qual
seria a pressão mínima para vencer a altura de três
É uma grandeza escalar que mensura a ação de uma ou
andares e conseguir combater este incêndio?
mais forças sobre uma determinada área, sendo calcula-
da matematicamente pela fórmula: Dados:
• A altura aproximada de três andares de uma edifica-
ção é de 10 metros.
P = F/A • µágua= 1,0.10³ Kg/m³
Onde: • g = 10 m/s²
P é a pressão; Solução:
F é a componente da Força aplicada perpendicular ao Sabemos que,
plano de apoio;
• P = µ.g.h
A é a área de aplicação da força. • P = 1,0.10³ . 10 .10
Para líquidos, a pressão pode ser escrita como: • P = 1 . 105 Pascal = 1 atm = 1 Bar = 14,5 PSI
A solução nos demonstra que a cada 10 metros de
Q = A.v coluna de água devemos acrescentar 01 bar de pressão
Onde: quando operarmos o corpo de bombas de uma viatura de
incêndio, para que assim possamos definitivamente de-
P é a pressão em um ponto específico ou a diferença belar o incêndio.
entre a pressão inicial e final do sistema;
• Exemplo 02: Ao trabalharmos com uma APM (Auto
µ é a densidade do líquido;
Plataforma Mecânica) antes de se iniciar as opera-
g é a aceleração gravitacional; ções com o cesto é necessário um procedimento de
ESTABILIZAÇÃO que consiste em pressionar as qua-
h é a profundidade do ponto dentro do líquido.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 399


tro sapatas da referida viatura contra o solo a fim de sideravelmente a pressão sobre o solo, fazendo com que
que se faça totalmente o erguimento dos seus pneus se garanta maior estabilidade e menor risco de acidentes
e desta forma obtenha-se um ambiente seguro para como, por exemplo, o afundamento das sapatas durante
se realizar um salvamento e/ou combate a incêndio, uma operação de bombeiro militar.
como mostra a figura abaixo:
10.3.1.2. Vazão
Vazão é o volume de determinado fluido que passa por
uma seção de um conduto livre ou forçado, por unidade
de tempo. A vazão é uma Taxa de Escoamento, ou seja,
a quantidade de material transportado por unidade de
tempo. Podemos determinar a vazão pela seguinte fór-
mula:

Q = A.v
Onde:
Sapatas
Q é a vazão;
Calço de A é a área da seção transversal do conduto;
Madeira
v é a velocidade com que o fluido passa pelo conduto.
Supondo que cada sapata desta viatura exerça um
força média de 130.000 N no solo e que as áreas de con- Examinando a fórmula supracitada percebemos que,
tato das sapatas e dos calços de madeira sejam, respec- aumentando a área da seção transversal do conduto con-
tivamente de 0,2 m² e 0,5 m², calcule a pressão realizada seqüentemente tem-se um aumento de vazão. Na prática
no solo por essa viatura com a utilização dos calços e de combate a incêndios, ao utilizarmos uma mangueira de
também sem a utilização dos mesmos. 1 ½“ e posteriormente uma de 2 ½“ nota-se visivelmente
que teremos uma maior saída de água em determinado
Resposta: tempo nesta mangueira do que naquela, comprovando
Pressão SEM os calços de madeira  P1 = F/A assim a teoria da vazão.
• P1 = 130.000 / 0,2
10.3.2. Estruturas e Fenômenos
• P1 = 650.000 Pa
Após esta explanação de conceitos físicos somos ca-
Pressão COM os calços de madeira  P2 = F/A pazes de analisar algumas estruturas e fenômenos per-
• P2 = 130.000 / 0,4 tencentes às viaturas de combate à incêndio do CBMERJ.

• P2 = 325.000 Pa 10.3.2.1. Bombas Hidráulicas


Ao analisarmos as duas respostas, notamos nitida- Este é sem dúvida o componente principal do corpo
mente que a pressão exercida sem os calços de madeira de bombas de qualquer viatura de combate a incêndio no
é maior que a pressão exercida com eles (P1<P2), justifi- CBMERJ, sendo responsável por impelir o nosso princi-
cando a necessidade da utilização destes calços de ma- pal agente extintor (água) sob alta pressão a fim de de-
deira sob as sapatas da viatura, pois eles reduzem con- belar incêndios com maior eficácia e eficiência.

400 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


As bombas hidráulicas são Máquinas Hidráulicas Ge- ze a escorva com as mesmas. É a pressão de descarga
radoras, isto é, máquinas que recebem energia potencial que determina o quanto de fluído que será liberado.
(força motriz de um motor ou turbina), e transformam ii) Bombas de Deslocamento Positivo ou Volumétricas
parte desta potência em energia cinética (movimento) e ou Hidrostáticas: São bombas que fornecem uma
energia de pressão (força), cedendo estas duas energias quantidade fixa de fluido a cada rotação ou ciclo, ou
ao fluído bombeado de forma a recirculá-lo ou transpor- seja, o fluído, de forma sucessiva, ocupa e desocupa
tá-lo de um ponto a outro. espaços no interior da bomba, com volumes conheci-
Portanto, o uso de bombas hidráulicas ocorre sempre dos garantindo uma vazão constante (situação ideal).
que há necessidade de aumentar-se a pressão de traba- Essas bombas são mais indicadas que as bombas hi-
lho de uma substância líquida contida em um sistema, ou drodinâmicas para a realização de sucção (escorva1),
a velocidade de escoamento (vazão), ou ambas. pois o ganho de vazão e pressão não tem alterações
bruscas quando há resistência ao deslocamento do
Possuímos no mercado atualmente uma grande va-
fluído. Temos como exemplos: Bombas de pistão,
riedade de bombas hidráulicas tornando-se necessária
bombas de palhetas, bombas de engrenagens, bom-
uma classificação, adotamos para tanto dois grandes,
bas de diafragma, bombas de membrana, bombas he-
são eles: Bombas de Deslocamento Não-Positivo ou Hi-
licoidais.
drodinâmicas e Bombas de Deslocamento Positivo ou
Volumétricas ou Hidrostáticas.
i) Bombas de Deslocamento Não-Positivo ou Hidrodi-
nâmicas: O deslocamento do fluído ocorre em conse-
qüência da rotação de um eixo no qual é acoplado um
disco (rotor, impulsor) dotado de pás (palhetas, héli-
ce), o qual recebe o fluído pelo seu centro e o expulsa
pela periferia, pela ação da força centrífuga, daí o seu
nome mais usual. Essas bombas têm prejuízo em seu
funcionamento quando há resistência de desloca-
mento do fluido, não sendo conveniente que se reali-

Fig.– Bomba de engrenagens

Fig. – Bombas centrífugas 1


Escorva é a eliminação de ar existente no interior da bomba hidráu-
lica e da tubulação de admissão (sucção)

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 401


consideradas, sob as doutrinas da hidráulica aplicada,
também um sistema hidráulico, torna-se obrigatório o
estudo de alguns fenômenos, a saber:
i) Golpe de Aríete – O Golpe de aríete define-se como
uma variação abrupta na pressão causada por uma al-
teração brusca de velocidade do fluido que passa por
um conduto. O caso mais clássico de golpe de aríete
é o fechamento súbito de válvulas em um sistema
hidráulico, pois ao realizar essa manobra o fluxo do
fluido é interrompido repentinamente gerando um
aumento exagerado de pressão inicialmente no pon-
to onde ocorreu o fechamento e logo em seguida terá
reflexos em todo o sistema, gerando deformidades
e até o rompimento de tubulações, além de avarias
nos dispositivos instalados (Ex: bombas hidráulicas).
Durante um combate a incêndio isso pode ocorrer por
inúmeras vezes, quando, por exemplo, o chefe da pri-
meira linha em um ABT fecha totalmente o esguicho
sem mandar que o seu ajudante avise ao operador da
viatura que irá fechá-lo (com o comando de “Auto Li-
nha” ou “Auto Bomba”) e essa atitude pode danificar
permanentemente o corpo de bombas podendo até
gerar acidentes graves. Podemos visualizar o que
Fig. – Bomba de palhetas acontece na prática com a figura abaixo:

No CBMERJ as viaturas de incêndio possuem duas


bombas de trabalho, uma que vai aumentar a pressão e a
vazão da água que se encontra no tanque da viatura ou de
um manancial (Bomba hidrodinâmica) e outra que ficará
responsável pela retirada de ar da tubulação de admis-
são (sucção) a fim de construir uma coluna de água que
alimentará o corpo de bombas.

10.3.2.2. Fenômenos Hidráulicos


A hidráulica aplicada, disciplina obrigatória no currí-
culo de algumas engenharias, têm como um de seus fo-
cos principais o estudo aprofundado dos fenômenos hi-
dráulicos os quais devem ser controlados a fim de evitar
possíveis acidentes e garantir um maior aproveitamento
ii) Vórtice – Esse fenômeno pode ser descrito como
de todos os componentes pertencentes a um sistema
um escoamento giratório onde as linhas de corrente
hidráulico. Como as viaturas de combate a incêndio são
apresentam um padrão em espiral. Ao considerarmos

402 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


um tanque de água podemos notar que o vórtice é ge- agente extintor (água) a fim de que se compreenda
rado mais facilmente quando aquele está com seu ní- claramente o fenômeno da cavitação. A água, nosso
vel baixo e passamos a oferecer ao sistema hidráulico principal objeto de estudos, é um fluido que possui
água e ar, prejudicando a formação da coluna d`água. propriedades de vaporizar-se em determinadas con-
Por isso torna-se obrigatória a implementação de dições de temperatura e pressão respeitando o con-
manobras de abastecimento de uma viatura de incên- ceito de mudança de estado físico da matéria (figura
dio quando o seu tanque chega a ¼ de sua capacida- A). Nas condições normais de temperatura e pressão
de. (CNTP) a água entra em ebulição a 100 °C e na medi-
da em que a pressão diminui esse ponto de ebulição
tende a diminuir fazendo com que a água passe de seu
estado liquido ao gasoso em uma temperatura menor
que 100 °C (vide a figura B).

Fig. A

iii) Cavitação – A ocorrência desse fenômeno é muito


comum nas atividades de combate a incêndio e seu
potencial de destruição de bombas hidráulicas alcan-
ça níveis elevados se não for mitigado ou eliminado
tão logo ocorra, para isso devemos, primeiramente,
analisar algumas propriedades do nosso principal Fig. B

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 403


Chama-se cavitação o fenômeno que decorre da
ebulição da água no interior dos dutos de admissão
(sucção) de uma bomba hidráulica quando as condi-
ções de pressão chegam a valores inferiores à pressão
de vaporização para uma mesma temperatura. Com
isso formar-se-ão bolhas de vapor d`água na zona de
baixa pressão da bomba hidráulica e após as mesmas
entrarem na zona de alta pressão da bomba elas con-
densam-se de forma brusca alcançando a superfície
do rotor em alta velocidade (ocorre uma implosão) e
produzindo por conseguinte alta pressão em áreas re-
duzidas. Essas pressões podem arrancar progressiva-
mente partículas superficiais do rotor, inutilizando-o
com o tempo.
Fig. C – Rotores que sofreram cavitação
No momento da cavitação o condutor e operador
de viaturas pode ouvir um ruído característico (como
se estivesse bombeando cascalho), sentir vibrações
iv) Superaquecimento – Este fenômeno também e re-
excessivas oriundas do corpo de bomba devido as on-
corrente quando se trabalha com bombas hidráulicas,
das de choque geradas pelas implosões das bolhas de
pois o aumento de temperatura do fluido no interior
vapor d`água e ainda notar uma queda de rendimento
das tubulações de expedição (saída do fluido com
considerável no regime de trabalho da mesma (quedas
ganho de pressão e vazão após passar pela bomba)
de pressão e de vazão). Esses micro furos gerados prin-
torna-se algo previsível e esperado pelas seguintes
cipalmente no rotor da bomba podem, após a sucessão
análises:
repetitiva do fenômeno, causar uma deformação irre-
• A bomba eleva dentre outros parâmetros a
versível, inutilizando a bomba permanentemente. (vide
energia cinética do fluido, porém parte dessa
figura C).
energia dissipa-se em forma de calor nos fazen-
O operador da viatura ao notar que esta ocorrendo do entender que o fluido auxilia no arrefecimen-
a cavitação deve de imediato reduzir a aceleração do to dos componentes da bomba.
corpo de bombas para analisar o motivo causador do • O atrito ocasionado pela passagem do fluido
fenômeno que pode ser a pouca oferta de água na cana- nas tubulações gera calor e eleva sua tempera-
lização de sucção ou até mesmo uma vazão de entrada tura.
muito menor do que a vazão de saída da bomba no mo-
Porém, a elevação descontrolada de temperatura do
mento do combate.
fluido pode gerar danos irreversíveis ao corpo de bomba
uma vez que estamos lidando com estruturas metálicas
móveis e fixas que ao elevarem sua temperatura podem
se dilatar causando o empenamento do rotor e até mes-
mo o trincamento se houver diminuição brusca de tem-
peratura. Para tanto se deve evitar o aprisionamento de
pequena quantidade de água no corpo de bombas, e tam-
bém em hipótese alguma se deve trabalhar com a viatura
sem água.

404 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


10.3.2.3. Processo de Transmissão de mento gerado no motor de combustão interna do veículo
Força nas Viaturas para a bomba principal. Esse processo pode ocorrer de
duas formas, a saber:
Para que o corpo de bombas de uma viatura inicie seu
trabalho é necessário que haja uma transmissão do movi- i) Bomba de Acionamento por Eixo Cardã2 (BAC)

A conexão é feita no eixo carda do veículo.

Transmissão completa do torque oriundo do motor do chassi.

Como a transmissão do torque é completa, o sistema de transmissão3 do veículo permanece


imóvel durante a operação com o corpo de bombas. Portanto é IMPOSSÍVEL se deslocar com o
Características veículo e utilizar o corpo de bombas simultaneamente.

Como a transferência do torque é total, essas viaturas possuem um maior ganho de pressão e
vazão nas operações de bombeiro militar.

Torna-se necessário o acionamento da marcha de maior velocidade da caixa de câmbio4.

2 O eixo cardã (também conhecido como cardan ou cardão) é um componente do sistema de transmissão de um veículo, responsável pela transmis-
são do torque oriundo do motor para as rodas. Muito utilizado em veículos com motor dianteiro e tração traseira ou 4x4 e em algumas motocicle-
tas
3 O sistema de transmissão automotiva é o responsável por transmitir a força, rotação e torque, produzidos pelo motor, até as rodas, antes, passan-
do pelo sistema de embreagem, caixa de câmbio, diferencial e semi-eixos.
4 Uma caixa de marchas ou caixa de mudança de velocidades ou caixa de câmbio de um automóvel tem como principal objetivo desmultiplicar a
rotação do motor oferecendo maior torque ou velocidade, dependendo da necessidade do motorista ao conduzir o veículo, para o sistema de
transmissão do veículo. Além de possibilitar a mudança de sentido de rotação do eixo do motor (marcha-à-ré).

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 405


ii) Bomba de Tomada de Força (BTF)

A conexão é feita na caixa de câmbio.

Transmissão parcial do torque oriundo do motor do chassi.

Como a transmissão do torque é parcial, o sistema de transmissão pode também se utilizado


Características durante a operação com o corpo de bombas. Portanto é PERMITIDO se deslocar com o veículo
e utilizar o corpo de bombas simultaneamente.

Como a transferência do torque é parcial, essas viaturas possuem um menor ganho de pressão
e vazão nas operações de bombeiro militar.

É desnecessário o acionamento de qualquer marcha da caixa de câmbio.

406 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


10.3.3. Viaturas de Combate a Incêndio e
Salvamento no CBMERJ
A partir deste tópico iremos classificar as diversas
viaturas que compõem a frota operacional do CBMERJ
explicitando suas principais características. Vale ressal-
tar que todas as viaturas obedecem a normas nacionais
(NBR 14096) e internacionais (NFPA 1911) no tocante a
sua construção e características de funcionamento.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 407


10.3.3.1. Auto Bomba Tanque (ABT) linha de mangueira. Atua diretamente no com-
bate a incêndio, sob as determinações do chefe
É a viatura de combate a incêndio mais utilizada na
da guarnição e das ordens e tática do coman-
corporação. São empregadas diretamente no combate
dante de operações. Essa função é realizada
em função de possuir um tanque com grande capacidade por cabos ou soldados da QBMP/00.
de água e uma poderosa bomba de incêndio.
• Ajudante de linha (03) – elemento responsável
i) Características: por ajudar o chefe de linha na operação de com-
• Cabine dupla; bate a incêndio no que for necessário. Essa fun-
ção é realizada por soldados da QBMP/00.
• Bomba de incêndio acionada pelo motor de tra-
ção com vazão mínima de 750 GLP (galões por • Encarregado de hidrante (01) – elemento res-
minuto); ponsável por providenciar junto ao local de
socorro ou nos arredores deste, mananciais de
• Compartimentos para acondicionar equipa-
água para prover o combate a incêndio, se for
mentos operacionais;
necessário. Essa função é realizada por qual-
• Tanque com capacidade de até 6000L de água. quer militar da QBMP/09. O encarregado de
hidrante só integrará o ABT, se na unidade não
ii) Guarnição houver AR.
A guarnição completa do ABT é composta da seguinte
maneira: Observação - Por necessidade de serviço, está autori-
• Condutor/operador (01) – elemento responsá- zado pela Nota EMG/CH – 256/2003, que o ABT tenha
vel por conduzir a viatura até o local de socor- uma guarnição composta com o mínimo de: 01 condutor/
ro e operar o corpo de bomba no combate ao operador; 01 chefe da guarnição; 01 auxiliar de guarnição;
incêndio. No caso do ABT, deverá ser, obrigato- 02 chefes de linha; 02 ajudantes de linha; 01 encarregado
riamente, do quadro de condutor e operador de de hidrante. Tal situação ocorrerá quando a unidade só
viaturas (QBMP/02). possuir uma viatura de combate a incêndio. Quando essa
• Chefe da guarnição (01) – elemento responsável não for a única viatura empregada para o combate de in-
pela guarnição, ele deverá conhecer de forma cêndio, a guarnição terá no mínimo: 01 condutor/opera-
técnica todos os elementos da guarnição, em- dor; 01 chefe da guarnição; 01 chefe de linha; 01 ajudante
pregando-os da melhor maneira para atender de linha; 01 encarregado de hidrante.
a tática empregada pelo comandante de ope-
rações e, ainda, providenciar para que todos os
dados relevantes sejam anotados e entregues 10.3.3.2. Auto Bomba para Inflamáveis
ao comandante de operações, a fim de que, (ABI)
posteriormente, seja feito um relatório sobre
a ocorrência (quesito). Essa função é realiza- Viatura de grande porte que possui, além do tanque
da por Sargentos QBMP/00, e deve ser o mais de água, um reservatório de líquido gerador de espuma,
antigo da guarnição, exceção do condutor e do sendo utilizada para combater incêndios em inflamáveis.
encarregado de hidrante. i) Características:
• Auxiliar da guarnição (01) – elemento responsá- • Cabine dupla;
vel por auxiliar o chefe da guarnição no que for
• Bomba de incêndio acionada pelo motor de tra-
necessário. Essa função é realizada por Sargen-
ção com vazão mínima de 750 GLP (galões por
tos QBMP/00.
minuto);
• Chefe de linha (03) – elemento responsável pela

408 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


• Compartimentos para acondicionar equipa- Observação – Por necessidade de serviço, está autoriza-
mentos operacionais; do pela Nota EMG/CH – 256/2003, que o AT tenha uma
• Tanque com capacidade de 3.000L de água; guarnição composta com o mínimo de: 01 condutor/ope-
rador; 01 chefe da guarnição; 01 chefe de linha; 01 ajudan-
• Reservatório de líquido gerador de espuma.
te de linha, desde que não seja a única viatura de comba-
ii) Guarnição te a incêndio na unidade.

A guarnição completa do ABI é igual à guarnição com-


pleta do ABT, já mencionada.
10.3.4. Auto Cavalo Mecânico (ACM) Con-
jugado a Tanque Reboque (TR)
Observação - Por necessidade de serviço, está autoriza-
Tanque com capacidade superior a 30.000 litros de
do pela Nota EMG/CH – 256/2003, que o ABI tenha uma
água. É utilizado no apoio de grandes operações, como
guarnição composta com o mínimo de: 01 condutor/ope-
médios e grandes incêndios, onde o consumo de água po-
rador; 01 chefe da guarnição; 01 auxiliar de guarnição; 02
derá ser muito grande.
chefes de linha; 02 ajudantes de linha; 01 encarregado de
hidrante. i) Características:
• ACM de cabine simples;
• Bomba de incêndio independente (uma bomba
10.3.3.3. Auto Tanque (AT) portátil);
Inicialmente, os AT possuíam somente a missão de • Não possui compartimentos para acondicionar
abastecimento porque possuíam uma bomba com acio- os equipamentos operacionais;
namento por um motor independente (moto bomba) que
• Reservatório superior a 30.000 L;
não tinha grande potência. Atualmente essas viaturas
possuem a mesma estrutura robusta dos ABT sendo • Bomba portátil com uma boca expulsora.
capazes também de combater incêndios com um ótimo
ii) Guarnição
ganho de pressão e vazão.
A guarnição completa do ATR é composta por apenas
i) Características:
01 (um) motorista.
• Cabine dupla;
• Bomba de incêndio acionada pelo motor de tra- 10.3.5. Auto Busca e Salvamento Leve
ção com vazão mínima de 750 GLP (galões por (ABSL)
minuto);
Esta viatura é responsável por carregar todos os ma-
• Compartimentos para acondicionar equipa- teriais de salvamento no socorro.
mentos operacionais;
i) Características:
• Tanque com capacidade de 10.000 L de água.
• Cabine simples;
ii) Guarnição • Compartimento para acondicionar equipamen-
A guarnição completa do AT é similar à guarnição com- tos operacionais.
pleta do ABT, diferenciando-se por só haver 01 chefe e
ii) Guarnição
01 ajudante de linha, tendo em vista, que a bomba de in-
cêndio portátil que vai acoplada só possui uma boca ex- A guarnição será definida pelo comandante de socor-
pulsora e a sua vazão só é suficiente para alimentar uma ro.
linha direta.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 409


10.3.6. Auto Rápido (AR) ii) Guarnição
Viatura de pequeno porte, responsável por trans- Composta por 01 (um) motorista e um operador, po-
portar os materiais de abastecimento (ou de salva- dendo este acumular a função de motorista.
mento). No local de incêndio fica a cargo de encarrega-
do de hidrante, a fim de proceder à busca por pontos 10.3.8. Auto Escada Mecânica (AEM)
de abastecimentos de água na localidade, conforme Assim como a Autoplataforma Mecânica, é de suma
determinações do comandante de socorro. Esta via- importância em combates a incêndios em edificações de
tura também é utilizada em destacamentos eventu- cotas elevadas, levando a guarnição a ter uma posição
almente como ABSL (Auto Busca e Salvamento Leve). privilegiada para combater as chamas.

i) Características: i) Características:

• Cabine dupla; • Cabine simples;

• Os equipamentos operacionais são acondicio- • Não possui bomba de combate à incêndio, sen-
nados na caçamba. do necessária a utilização de uma viatura auto-
bomba para realizar o combate, servido de su-
ii) Guarnição porte para a AEM.
A guarnição completa do AR é composta por um mo- ii) Guarnição
torista ou precário e um encarregado de hidrante. O Co-
mandante de Operações também é transportado pelo Composta por 01 (um) motorista e um operador, po-
AR. dendo este acumular a função de motorista.

10.3.9. Auto Serviço Tático de Abasteci-


Observação: Quando a unidade operacional não mento (ASTA)
possuir AR, os materiais de abastecimento serão
Viatura destinada ao serviço tático de abastecimen-
acondicionados no AUTOBOMBA desta unidade,
to em incêndios. Essa viatura é de suma importância nos
sendo o encarregado de hidrante transportado por
médios e grandes incêndios.
tal viatura.
i) Características:
• Cabine simples;
10.3.7. Auto Plataforma Mecânica (APM) • Possui compartimentos para os materiais ope-
Viatura de suma importância em combates à incên- racionais.
dios e salvamentos em edificações de cotas elevadas,
proporcionando à guarnição uma posição privilegiada ii) Guarnição
para combater as chamas. Composta por um motorista e dois encarregados de
i) Características: hidrante treinados pelo Grupamento Tático de Supri-
mento de Água para Incêndio.
• Cabine simples;
• Pode possuir ou não bomba de incêndio; 10.3.10. Auto Bomba Salvamento (ABS)
• Possui canalização de água até o “cesto” para Viatura híbrida que além de possuir materiais de salva-
a criação de uma coluna d´água e combate em mento possui um corpo de bomba para debelar incêndios.
alturas elevadas;
i) Características:
• Não possui reservatório de água. • Cabine dupla;

410 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


• Bomba de incêndio acionada pelo motor de tra- • Compartimentos para acondicionar equipa-
ção com vazão abaixo de 750 GLP (galões por mentos operacionais;
minuto);
• Tanque com capacidade de 4.000L de água.
• Compartimentos para acondicionar equipa-
mentos operacionais; ii) Guarnição

• Tanque com capacidade de 2.000L de água. A guarnição será definida pelo comandante de socor-
ro.
ii) Guarnição
A guarnição será definida pelo comandante de socor-
ro.

10.3.11. Auto Busca e Salvamento


Guindaste (ABSG)
Viatura híbrida que além de possuir materiais de sal-
vamento e um corpo de bomba para debelar incêndios,
traz em sua estrutura um guincho.
i) Características:
• Cabine dupla;
• Bomba de incêndio acionada pelo motor de tra-
ção com vazão abaixo de 750 GLP (galões por
minuto);
• Compartimentos para acondicionar equipa-
mentos operacionais;
• Tanque com capacidade de 2.000L de água;
• Possui um guincho.

ii) Guarnição
A guarnição será definida pelo comandante de socor-
ro.

10.3.12. Auto Bomba (AB)


Viatura que possui grande mobilidade, com um tanque
de grande capacidade, boa capacidade de combate a in-
cêndios e um sistema de autoproteção para ser utilizado
preferencialmente em incêndios florestais.
i) Características:
• Cabine dupla;
• Bomba de incêndio acionada pelo motor de tra-
ção com vazão abaixo de 750 GLP (galões por
minuto);

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 411


10.3.13. Auto Tático de Emergência (ATE) teriais operacionais. Possui recursos próprios para sal-
vamento, torre de iluminação, corpo de bomba, tanque
Viatura híbrida que possui em sua estrutura caracte-
com capacidade de armazenar até 1.600 litros de água
rísticas para combate à incêndio, salvamento e atendi-
e plataforma articulada de acionamento hidráulico com
mento pré-hospitalar.
alcance vertical de 30 metros. Sua característica com-
i) Características: pacta e multifuncional confere autossuficiência e rapi-
• Cabine simples; dez para combate a incêndios de pequeno e médio porte,
• Bomba de incêndio acionada pelo motor de tra- bem como para as operações de salvamento diversas. É
ção com vazão abaixo de 750 GLP (galões por ideal para acessar logradouros mais estreitos que invia-
minuto); bilizam a utilização de um número maior de viaturas, algo
muito comum no dia-a-dia da Corporação. Empregada
• Compartimentos para acondicionar equipa-
nos serviços de salvamento e combate a incêndio.
mentos operacionais;
i) Características:
• Tanque com capacidade de até 1.000L de água.
• Cabine simples;
ii) Guarnição
• Possui uma bomba de incêndio;
A guarnição será definida pelo comandante de socor-
• Possui um tanque com capacidade de 1.600L.
ro.
ii) Guarnição
10.3.14. Auto Bomba Plataforma (ABP)
A guarnição será definida pelo comandante de socor-
Veículo multifuncional de médio porte e dotado de
ro.
cabine dupla, é destinado ao transporte de pessoal e ma-

412 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


10.4. Equipamentos de Combate a Incên- evitando lesões em uma das principais partes do corpo
dio humano, fazendo com que o bombeiro possa ficar impos-
sibilitado de prosseguir na atividade.
10.4.1. Equipamento de proteção indivi-
i) Capacete Hércules HBF-092 – Confeccionado em
dual (EPI)
termo-plástico ou fiberglass especial na sua parte ex-
Segundo a Norma Regulamentadora nº 06 do Ministé- terna, com refletivos anti-chama, carcaça interna de
rio do Trabalho, Equipamento de Proteção Individual (EPI) termo-plástico, carneira com catraca para regulagem
é todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado e fitas de apoio na cabeça, cobertura interna e prote-
pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetí- tor de nuca em tecido de feltro especial e/ou tecido
veis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. de fibra anti-chama nomex, tira jugular para ajuste e
A seleção destes equipamentos deve ser bastante cri- visor em policarbonato com ajuste (Fig.99).
teriosa, tendo em vista o fato de afetarem diretamente o
próprio desempenho do militar. Segundo Roberge (2008,
p.135 apud BELTRAME, 2010,p.12) “o uso impróprio do EPI
pode impactar de forma negativa o trabalhador em seu
desempenho, segurança, conforto físico e emocional, co-
municação e audição”.
No caso das atividades de combate a incêndio, os
EPIs têm a finalidade de reduzir ou evitar lesões ou ainda
eventuais perdas de vidas de bombeiros militares. A pro-
teção individual deve ser sempre uma das primeiras pre-
ocupações nas ações de resposta, para que os militares
envolvidos não venham a se tornar, desnecessariamente,
novas vítimas.
Os Equipamentos de Proteção Individual têm a finali-
dade de proteger, essencialmente:
• Cabeça;
• Olhos;
• Tronco;
• Membros inferiores e superiores;
Fig.:Capacete HBF-092
• Sistema respiratório.
Dessa forma passaremos a fazer a exposição dos
principais EPI utilizados nas atividades ligadas a comba-
ii) Capacete Gallet F1SF – casco confeccionado em po-
te a incêndio, de forma que possamos entender sua fina-
liamida de alta temperatura, possui almofada de ab-
lidade e principais características.
sorção de choque de poliuretano com lã e camada de
10.4.1.1. Capacete para combate a in- aramida. Cinto articulável e tira para o queixo, confec-
cêndio cionadas em aramida, couro, poliamida e policarbona-
to, além de proteção para a nuca em lã resistente ao
Capacete com desenho específico para proteger a fogo, nomex e tecido aluminizado.
cabeça do militar em situações de combate a incêndios,

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 413


i) Estabilidade térmica
j) Baixa absorção de água
k) Reflexibilidade

10.4.1.2. Balaclava
Tem a finalidade de propiciar proteção à cabeça e pes-
coço do bombeiro, além de oferecer certo conforto por
ser maleável, confeccionado em tecido plano ou malha
em nomex e/ou aramida e/ou aramida/carbono ou arami-
da ou tecido com aplicação retardante antichama, alumi-
nizado ou não, com abertura total da face ou abertura só
dos olhos ou abertura só dos olhos dividida.

Fig.:Capacete Gallet F1SF

Os capacetes de bombeiro devem conter uma série


de características que os permite serem utilizados neste
tipo de atividade. São projetados para atender aos se-
guintes requisitos de segurança:
a) Proteção total da cabeça
b) Isolamento elétrico
c) Resistência aos impactos
d) Resistência às penetrações
e) Resistência à chama e ao calor
f) Baixo peso
g) Boa visibilidade
h) Proteção dos olhos Fig.:Balaclava

414 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


10.4.1.3. Roupa de aproximação ii) Capa de aproximação – confeccionada em aramida,
meta aramida e tecido antichama. Possui desenho
Este equipamento de proteção individual tem a fina-
que permite o fácil deslocamento do usuário. As man-
lidade de proteger o bombeiro militar das temperaturas
gas cobrem todo o comprimento do braço do usuário.
elevadas que ele enfrentará em um combate a incêndio, no
Quanto ao comprimento longitudinal esta capa al-
CBMERJ contamos com dois tipos diferentes de roupas de
cança a altura os joelhos do militar. Trata-se de uma
aproximação: o conjunto (calça e jaqueta) e a capa de aproxi-
roupa de proteção para combate a incêndio estrutu-
mação. Discorreremos sobre cada um deles a seguir:
ral, utilizada exclusivamente para combate a aproxi-
i) Conjunto calça e jaqueta – confeccionado em tecido mação ao fogo. Não pode ser utilizada para contato
antichama NOMEX, com forração interna de mantas com fogo contínuo. Não é própria para atendimento a
térmicas, que oferecem proteção contra fogo. As cos- eventos com produtos perigosos, apesar e proteger
turas são duplas e feitas com linhas especiais. Possui o usuário de salpicos ocasionais de químicos líquidos
desenho que permite o fácil deslocamento do usuá- ou inflamáveis. Esta roupa de proteção divide-se ba-
rio. As mangas cobrem todo o comprimento do braço sicamente em três partes: externa – Feita com mate-
do usuário. As calças possuem reforços nos joelhos. riais resistentes e fitas reflexivas; barreira de Vapor
A jaqueta possui reforços nos cotovelos e bolsos – Isolante entre duas camadas (externa e interna) ser-
tipo fole de grandes dimensões, que suportam gran- ve para evitar a passagem de líquidos ou vapores da
de quantidade de peso. A gola da jaqueta é do tipo parte externa para a parte interna; Interna – É o forro,
olímpica de proteção total ao pescoço. (fig. 99). Estas feito de 95% de meta aramida e 5% de aramida
roupas de proteção dividem-se basicamente em três
partes: externa – Feita com materiais resistentes e
fitas reflexivas; barreira de Vapor – Isolante entre
duas camadas (externa e interna) serve para evitar
a passagem de líquidos ou vapores da parte externa
para a parte interna; Interna – É o forro, geralmente,
feito de algodão ou lã para não irritar a pele.

Fig.:conjunto calça e jaqueta Fig.:capa de aproximação

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 415


10.4.1.4. Luvas para combate a incên- 10.4.1.5. Botas para combate a incên-
dio dio
Luvas confeccionadas em lona especial com reves- Especialmente desenvolvidas para dar proteção aos
timento térmico impermeável. Possuem desenho que membros inferiores do usuário em situação de combate
facilita a colocação e a retirada da luva. A palma da mão a incêndios, possui isolamento elétrico para tensões até
apresenta camada de kevlar trançada, para oferecer 600 Volts. São confeccionadas em borracha vulcanizada,
proteção superior ao calor e à abrasão. Especialmente com espuma térmica e forro térmico. Possuem biqueiras
desenvolvidas para atuarem em situações de combate a e palmilhas de aço, têm alta estanqueidade, estilo Bunker
incêndio. (fig. 99) com 350 mm mínimos de altura. A parte frontal do cano
possui uma proteção de tíbia, confeccionada em borra-
As luvas de combate a incêndio atendem aos seguin-
cha, possuindo dimensões aproximadas de 117 mm de al-
tes requisitos:
tura e 65 mm de largura. Borda superior do cano é dotada
a) Resistência mecânica; de duas alças para facilitar o calçamento. As alças ficam
b) Não impedir a destreza; dispostas uma em cada lateral no cano e possuem largu-
ra aproximada de 80 mm. Com acabamento de borracha
c) Não inibir o tato;
retardante a chamas e altamente resistente. Área dos
d) Proteção térmica; pés é inteiramente cercada pelo isolante de espuma de
PU. Possui sola com desenho antiderrapante, retardante
e) Capacidade para atuar sob severa exposi-
a chamas, resistente a escorregamento e a abrasão.
ção de água.

Fig.:luvas para CI Fig.:botas para CI

416 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


10.4.1.6. Equipamentos de proteção descritas acima já que os locais de emergência po-
respiratória dem ser muito dinâmicos em seus riscos, não permi-
tindo a estabilidade necessária para a utilização de
Os equipamentos de proteção respiratória (EPR) têm
EPR deste tipo.
a finalidade principal de proteger o trato respiratório
dos bombeiros. Em função da alta possibilidade de atu- ii) Equipamentos independentes da atmosfera am-
ação em atmosferas nocivas nos atendimentos a emer- biente – são os equipamentos de adução de ar, ou
gências, este tipo de proteção torna-se fundamental seja, não dependem do ar presente no local, de for-
para a execução das atividades e socorros que envolvam: ma que não é preciso ao militar que está prestando o
socorro apurar os aspectos necessários à utilização
a) Combate a incêndios;
das máscaras de filtro. O ar respirado é fornecido ao
b) Socorros em espaços confinados; usuário, basicamente, por linhas de ar ou de cilindros
c) Salvamentos em poços; autônomos, fornecendo sempre ar de boa qualida-
de para o socorrista. Na verdade, o EPR autônomo
d) Necessidade de transpor passagem subter- é equipamento mais utilizado pelo Corpo de Bom-
rânea; beiros em suas atividades de combate a incêndio e
e) Acidentes com produtos perigosos; salvamento, em função da praticidade e segurança
oferecida pelo mesmo, discorreremos mais sobre ele
f) Ou qualquer outro socorro que possa apre-
mais adiante.
sentar uma atmosfera nociva.
10.4.1.6.1. Equipamento de proteção
Quanto à classificação dos EPR, temos basicamente respiratória autônomo
dois tipos de equipamentos: os dependentes da atmos-
O equipamento de proteção respiratória mais utiliza-
fera ambiente e os independentes da atmosfera ambien-
do pelo Corpo de Bombeiros é o EPR autônomo de circui-
te, a seguir faremos uma breve descrição dos mesmos:
to aberto de fluxo de demanda com pressão positiva, por
i) Equipamentos dependentes da atmosfera ambien- isso faz-se necessário uma abordagem mais detalhada
te – são os equipamentos purificadores de ar, ou seja, de seu funcionamento, limitações e utilizações.
refere-se à proteção por filtros, sejam eles mecâ-
A começar pela própria descrição do nome, analise-
nicos, químicos ou combinados. Eles possuem esta
mos cada parte. Trata-se de um EPR autônomo, pois não
classificação já que dependem do ar presente no lo-
há ligação do equipamento com bateria de cilindros ou
cal, na verdade a utilização deste tipo de EPR pressu-
gerador externo, na verdade todo o ar que o bombeiro
põe algumas necessidades, a saber: o ambiente não
tem para utilizar está comprimido dentro do cilindro.
pode ser eficiente de oxigênio; devemos conhecer o
contaminante presente no local; a concentração do Quanto a ser de circuito aberto, ele recebe esta clas-
contaminante deve ser conhecida e a atmosfera não sificação em função de desprezarmos todo o ar exalado
pode ter a classificação IPVS (imediatamente peri- para a atmosfera, ou seja, ao expirarmos o ar este é libe-
gosa à vida ou à saúde – onde a concentração do con- rado para a atmosfera através de uma válvula de exalação.
taminante é mais alta que o valor IPVS estabelecido Em relação ao fluxo de demanda, temos que o ar é
na ficha do produto). É importante destacarmos que liberado para o usuário na medida em que este faz uma
este tipo de equipamento, por medida de segurança, inspiração, ou seja, o ar vai sendo liberado de acordo com
não deve1 ser usado por bombeiros nas atividades as necessidades do bombeiro e não continuamente, des-
ta forma temos um aumento da autonomia do equipa-
1 É permitida a utilização, porém, para os bombeiros que são espe-
cializados em emergências com produtos perigosos, para o atendi- mento já que não há desperdício de ar respirável.
mento aos sinistros deste tipo.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 417


Em relação à pressão positiva, este tipo de aparelho, Os equipamentos de proteção respiratória autônomo
por uma questão de segurança, mantém uma pressão le- possuem uma série de vantagens quanto à sua utilização,
vemente acima da pressão atmosférica dentro da más- tais como:
cara facial, de forma que, caso haja algum dano na másca-
a) Fornecimento de ar independente da at-
ra que permita a passagem do ar, este ira fluir na direção
mosfera ambiente;
de dentro para fora da peça facial e não ao contrário, de
forma a proteger o bombeiro de possíveis contamina- b) Facilidade de recarga dos cilindros, poden-
ções. do ocorrer até no local do sinistro; e
c) Facilidade de conservação.

Fig.:EPR autônomo – fonte: ENB, 2006

418 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


O EPR autônomo constituído basicamente pela peça pirado por um bombeiro em trabalho pesado, o qual
facial, cilindro de alta pressão, suporte dorsal, manôme- corresponde, aproximadamente, ao esforço despendido
tros, regulador de pressão e alerta sonoro. em uma caminhada sem obstáculos durante 4 km com
um EPR autônomo às costas. A autonomia pode ser di-
10.4.1.6.1.1. Autonomia respiratória vidida em: Autonomia efetiva e Autonomia de trabalho
A autonomia respiratória deste tipo de equipamento (ENB, 2006).
depende tanto da reserva de ar comprimido existente no i) Autonomia efetiva – é o período de tempo corres-
cilindro quanto de fatores como o grau de exigência físi- pondente à quantidade de ar contida no cilindro. Se
ca da atividade que está sendo realizada – quanto mais conhecermos a capacidade do cilindro em litros, a
intensa a atividade, maior o consumo de ar – e do próprio pressão indicada no manômetro e o consumo médio
condicionamento físico do militar que está fazendo uso de ar respirado podemos determinar a autonomia
do mesmo, já que quanto melhor a condição física do mili- efetiva.
tar menor a demanda de oxigênio do mesmo e, portanto,
maior a autonomia do EPR.
Para determinar a autonomia convencionou-se, uni-
versalmente, que 40 l/min é o débito médio de ar res-

TABELA – CÁLCULO DA AUTONOMIA EFETIVA


Capacidade o cilindro em L x pressão indicada no manômetro = autonomia efetiva

40 l/min

(I) (II) (III)

6 l x 300 bar = 45 min 6 l x 200 bar = 30 min (4x4)*l x 200 bar = 40 min
40 l/min 40 l/min 40 l/min

Autonomia efetiva = 45 min Autonomia efetiva = 30 min Autonomia efetiva = 40 min

*conjunto de dois cilindros

Fonte: ENB, 2006

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 419


ii) Autonomia de trabalho – este é o período de tempo
para trabalho em minutos, para chegar a este valor
devemos subtrair da autonomia efetiva, a reserva de
ar do aparelho – cerca de dez minutos.

TABELA – CÁLCULO DA AUTONOMIA DE TRABALHO

A autonomia de trabalho é igual à autonomia efetiva menos

a duração da reserva de ar

1 6 litros a 300 bar: 45 minutos efetivos – 10 min de reserva = 35 min de trabalho

2 6 litros a 200 bar: 30 minutos efetivos – 10 min de reserva = 20 min de trabalho

3 (4+4) litros a 200 bar: 40 minutos efetivos – 10 min de reserva = 30 min de trabalho

Fonte: ENB, 2006

10.4.1.6.1.2. Limitações e. Condição do aparelho – pequenas fugas de ar re-


sultam em uma diminuição da autonomia o equipa-
Por mais que seja fundamental e indispensável, a uti- mento em função das perdas;
lização do EPR para as emergências que ofereçam risco
de uma atmosfera nociva, este equipamento traz con- f. Pressão do cilindro antes da utilização – se o ci-
lindro não estiver totalmente carregado (cheio),
sigo a imposição de algumas limitações ao seu usuário. o tempo de funcionamento (autonomia) será pro-
Seguiremos a classificação e exposição de limitações porcionalmente reduzido.
proposta pela ENB: Além das preocupações relacionadas às limitações
Quanto às limitações do equipamento destacam-se do equipamento, devemos atentar para as limitações do
as seguintes: próprio bombeiro, destacamos as seguintes:

a. Visibilidade limitada – a máscara reduz a visão a. Condição física – se o bombeiro estiver com um con-
periférica e em caso de embaçamento pode redu- dicionamento físico deficiente, o ar contido no cilindro
zir quase que totalmente a visão do usuário; será consumido mais rapidamente, diminuindo a auto-
nomia;
b. Capacidade diminuída de comunicação – a masca
prejudica de forma sensível a comunicação verbal; b. Características faciais – apesar de o equipamen-
to ser projetado para atender os usuários de uma
c. Aumento do peso – dependendo do modelo utili- forma genérica, os contornos da face do usuário
zado, o equipamento e proteção respiratória en- podem afetar em um melhor ou pior ajuste da
tre 11 e 16kg; máscara;
d. Diminuição da mobilidade – o aumento do peso e c. Grau de esforço físico – quanto maior o esforço
o efeito aprisionante o suporte dorsal e os tiran- para realizar uma atividade, maior o consumo de ar;
tes de fixação reduzem a mobilidade do bombeiro;

420 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


d. Estabilidade emocional – quanto maior o grau de e. Levantar o equipamento acima da cabeça, passan-
emoção que um bombeiro tenha, maior será sua do os cotovelos por dentro das alças;
cadência respiratória, logo, maior o consumo de
ar; f. Segurar as alças com as mãos, deixando o equipa-
mento escorregar para as costas;
e. Autoconfiança – a confiança do bombeiro em
suas habilidades e no equipamento terá sempre g. Fazer a conexão do tirante peitoral (se houver);
um efeito positivo na utilização do EPR;
h. Ajustar as correias de sustentação;
f. Treino – quanto maior for o nível de treinamento
i. Fazer a conexão e ajuste do cinto abdominal, de
do bombeiro, melhor será a utilização do equipa-
forma que o EPR fique bem ajustado à cintura;
mento e maior será a autonomia conseguida por
ele. Por isso o treinamento deve ser constante. j. Abrir a válvula do cilindro para verificar possíveis
danos ao sistema e a estanqueidade;
10.4.1.6.1.3. Equipagem
k. Fazer o fechamento da válvula e observar se há
Com relação ao método de equipagem do EPR, des- perda sensível de carga (mais de 10 bar/minuto);
creveremos o mais largamente utilizado no CBMERJ que
é o de colocação por cima da cabeça do usuário. Impor- l. Pendurar a máscara facial no pescoço, utilizando a
alça da mesma;
tante ressaltar que o treinamento é indispensável já que
a destreza na colocação do equipamento se reverterá m. Abrir os tirantes (aranha) da mesma;
em uma ação de resposta mais rápida. Entendemos que
n. Encaixá-la no rosto, começando pelo queixo e indo
o tempo de equipagem não deva ser superior há 01 (um) até a parte superior da cabeça;
minuto. Seguiremos então à descrição dos passos:
o. Ajustar os tirantes de baixo para cima, dois a dois;
a. Verificar a carga do cilindro;
p. Testar a estanqueidade da máscara – teste de ve-
b. Colocar o equipamento no chão com as válvulas do dação;
cilindro voltadas para frente (para o lado oposto
ao do operador); q. Fazer a conexão da válvula de demanda à peça fa-
cial.
c. Afrouxar todos os tirantes;

d. Pegar o suporte dorsal ou o cilindro com as mãos, Veja nas fotos a seguir a sequência para a equipagem:
uma de cada lado;

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 421


B C D

E F G

422 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


H I J

K L M

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 423


N O

P Q

424 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Para a retirada do equipamento de respiração autôno- e. Soltar o tirante abdominal;
ma devemos seguir os seguintes passos:
f. Afrouxar os tirantes das alças do EPR;
a. Afrouxar as presilhas da peça facial; g. Segurar a alça do lado esquerdo e retirar a alça do
lado direito;
b. Fazer a interrupção do fluxo de ar na válvula de
demanda; h. Retirar o equipamento autônomo do ombro
apoiando o mesmo cuidadosamente ao solo.
c. Retirar a peça facial;

d. Desconectar a válvula de demanda da máscara


(FIG.);

A B C

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 425


D E F

G H

426 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


IMPORTANTE!! chamado de gás propelente (sistema a pressurizar, en-
trando em desuso).
Há situações em que, pelo tamanho reduzido do aces- Esses equipamentos foram concebidos para serem
so, não é possível fazer a entrada com o EPR nas costas, utilizados no estágio inicial das ações de combate a in-
desta forma fazemos retirada do equipamento – sem re- cêndio. A potencialidade máxima dos extintores é alcan-
tirar a peça facial – seguindo os passos acima descritos çada quando são utilizados com técnica adequada para
da letra “e” à letra “h” de forma a fazermos a passagem do os objetivos propostos.
EPR separada do corpo do usuário, possibilitando o aces-
São transportados em todas as viaturas operacionais,
so, conforme a seqüência de figuras abaixo:
sendo encontrados também nas edificações e estabe-
lecimentos que estejam de acordo com as normas con-
10.4.1.6.1.4. Conservação e manu- tidas no Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico
tenção periódica - COSCIP.

Após a utilização, deve ser feita a conservação do O êxito no emprego dos aparelhos extintores de in-
que se resume em limpeza e verificação da integridade cêndio depende dos seguintes fatores basicamente:
de todos os tirantes, cilindro, suporte dorsal, válvulas, • Aplicação correta do agente extintor para o tipo
bem como da máscara facial. Não deve ser utilizado de combustível (sólido ou líquido) e sua compo-
qualquer tipo de solvente para este tipo de limpeza, sição química;
apenas água e sabão neutro, não podemos utilizar de-
tergentes. • Manutenção periódica adequada e eficiente;

Além da conservação, como a utilização do equipa- • O bombeiro-militar deverá possuir conhecimen-


mento normalmente ocorre em ambientes adversos, fa- tos específicos de maneabilidade do equipa-
z-se necessário uma manutenção realizada por pessoal mento e técnicas de combate a incêndio.
especializado, a fim de que sejam verificados possíveis Normalmente, esses aparelhos extintores são chama-
defeitos no equipamento. dos pelo nome do agente extintor neles contido e apre-
Além disso, devemos observar que os cilindros utili- sentam características próprias, apesar de possuírem
zados devem passar por retestes para que sua utilização detalhes de acordo com cada fabricante.
ocorra dentro das normas de segurança, para tanto apli-
10.4.2.1. Classificação dos extintores
ca-se a seguinte periodicidade:
Conforme a NBR 11.715, os extintores de incêndio po-
• Para cilindros de aço – o reteste deve ser rea-
dem ser classificados quanto a:
lizado a cada 05 anos e pode ser utilizado en-
quanto passar no reteste. i) Mobilidade do extintor

• Para cilindros de composite – o reteste deve ser • Portáteis – esta classificação refere-se a todos
feito a cada 03 anos e deve ser descartado com os aparelhos extintores que podem ser trans-
15 anos de uso. portados manualmente, sua massa total não
deve ultrapassar 20 kg.
10.4.2. Aparelhos extintores
• Não portáteis (Sobre rodas) – são os aparelhos
Aparelhos extintores são aparelhos que contêm um extintores com massa superior a 20 kg, não per-
agente extintor que pode ser projetado e dirigido sobre mitem o transporte manual e por isso são mon-
um incêndio pela ação de uma pressão interna, pressão tados sobre rodas para que possam ser deslo-
essa, que pode ser fornecida por compressão prévia cados por uma única pessoa.
(sistema pressurizado) ou pelo auxílio de um gás auxiliar,

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 427


ii) Pressurização ções relacionadas aos tipos mais comuns encontrados
• Direta (pressurizados) – são os extintores que em locais públicos, de reunião de público e em edifica-
estão permanentemente pressurizados, carac- ções em geral.
terizam-se pelo emprego de somente um reci- • Identificação dos aparelhos extintores por-
piente para o agente extintor e o gás expelente.
táteis – A identificação dos extintores por-
• Indireta (a pressurizar) – são os extintores que táteis é feita pelo rótulo de identificação,
são pressurizados na ocasião do uso, caracte- que está colado no corpo dos extintores
rizam-se pelo emprego de um recipiente para o portáteis e traz o tipo de agente extintor, a
agente extintor e um cilindro com gás expelente. capacidade, o(s) tipo(s) de classe(s) para a(s)
qual (ais) o extintor portátil é indicado e o fa-
10.4.2.2. Principais tipos de extintores
bricante.
Existem vário tipos de aparelhos extintores de incên-
dio, porém, neste material, iremos privilegiar as informa-

LOGO DA EMPRESA

LOGO DA EMPRESA E ENDEREÇO

Fig.: Rótulo extintor

428 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


• Sistema de segurança – Todo extintor possui não foi utilizado, e o pino de segurança, que tra-
dois sistemas de segurança, o lacre, que tem a va o gatilho do extintor, impossibilitando que o
finalidade de demonstrar que o extintor ainda extintor seja utilizado acidentalmente.

Pino de
Lacre Segurança

Fig.: sistema de segurança

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 429


i) Aparelho extintor portátil de água pressurizado – descarga aproximada de 60 segundos e cilindro de
Com capacidade variável dependendo do fabricante, baixa pressão. Tem como princípio de funcionamento
sendo o mais comum o de 10L, alcance médio do jato a pressão interna maior que externa, sendo assim ao
de 10 m, utilização em incêndios classe A, tempo de se acionar o gatilho a água é expelida.

7
3
1
6

1 – Mangueira

2 – Esguicho

3 – Alça para transporte

4 – Cilindro

5 – Gatilho

6 – Manômetro

7 – Pino de segurança

Extintor AP

430 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


ii) Extintor de incêndio portátil de espuma mecânica cilindro de baixa pressão. O seu funcionamento é de-
– Com capacidade variável dependendo do fabrican- vido a mistura de água e LGE já pressurizado, que ao
te, sendo o mais comum o de 9L da mistura de água ser expelido pelo acionamento do gatilho, passa pelo
e de LGE (líquido gerador de espuma), alcance médio esguicho aerador, onde ocorrem um turbilhonamen-
do jato de 5 m, utilização em incêndios classe A e B, to, formando assim a espuma.
tempo de descarga aproximada de 60 segundos e

8 6
7
3
1

1 – Mangueira

2 – Esguicho aerador

3 – Alça para transporte

4 – Cilindro

5 – Tubo sifão (internamente)


5 6 – Gatilho

7 – Manômetro

8 – Pino de segurança

2 4

Extintor Espuma mecânica

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 431


iii) Extintor de incêndio portátil de pó químico seco especial. O tempo de descarga é de, aproximadamen-
(PQS) – Com capacidade variável dependendo do fa- te, 20 segundos e o cilindro de baixa pressão. O seu
bricante, sendo o mais comum o de 8kg, alcance mé- funcionamento baseia-se no pó que está sob pressão,
dio do jato de 5 m, utilização em incêndios Classes B e que expelido, quando acionamos o gatilho. Existem
C, e também da Classe D, quando utilizado pó químico extintores de pó eficazes para as classes A, B e C.

1 2
6

8
3

7 1 – Mangueira

2 – Esguicho

3 – Alça para transporte

4 – Cilindro

5 – Tubo sifão (internamente)

6 – Gatilho
5 7 – Manômetro

8 – Pino de segurança

Extintor PQS

432 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


iv) Extintor de incêndio portátil de gás carbônico (CO2) tempo de descarga aproximada de 30 segundos e ci-
– Com capacidade variável dependendo do fabrican- lindro de alta pressão. O seu funcionamento é devido
te, sendo o mais comum o de 8kg, alcance médio do ao gás que está armazenado sob alta pressão, que é
jato de 2,5 m, utilização em incêndios classe B e C. O liberado quando acionado o gatilho.

1 4
2

7 1 – Mangueira

2 – Gatilho

3 – Alça para transporte

4 – Pino de segurança

5 – Tubo sifão (internamente)

6 – Cilindro

8 5
7 – Punho

8 – Difusor

Extintor CO2

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 433


10.4.3. Bombas de incêndio b) Motor a explosão – movida pela força motriz gerada
por um motor à explosão, tendo como exemplo as au-
São máquinas hidráulicas destinadas a aspirar, com-
tobombas.
primir ou recalcar a água com a pressão necessária ao
serviço de extinção de incêndios. c) Elétrica – utiliza a eletricidade para seu funcionamento.

São empregadas, também, para esgotar a água de lo- 10.4.3.1.3. Quanto ao transporte
cais inundados, a fim de facilitar os trabalhos de prote-
a) Portátil – aquela que pode ser transportada pelos
ção e salvamento.
próprios operadores.
Não podemos classificar uma bomba isoladamente
b) Automóvel (autobomba) – quando a mesma é parte
como a melhor, para cada situação haverá uma que apre-
integrante de uma viatura automotor.
sentará determinadas características que a torne mais ade-
quada, por exemplo, a bomba Rosenbauer é muito potente, c) Reboque – quando está montada sobre um reboque,
porém é muito pesada e grande, nos casos onde há a dispo- possibilitando o rebocamento ao ser atrelada a uma
nibilidade de energia, uma bomba elétrica seria bem mais viatura automotora.
apropriada e prática. Para utilizarmos a água de uma cister- d) Marítima – quando transportada em embarcações.
na, a bomba submersível é mais indicada, desse modo deve-
mos pensar nas condições que o meio nos impõe e pensar 10.4.3.1.4. Quanto à potência
qual das bombas atende melhor as nossas necessidades. a) Bomba de pequena potência – apresenta vazão de
até 900 litros/minuto.
10.4.3.1. Classificação das bombas de
b) Bomba de média potência – possui vazão de 901 a
incêndio
2.235 litros/minuto.
As bombas de incêndio podem ser classificadas sob
c) Bomba de grande potência – tem vazão acima de
diversos aspectos, para a nossa abordagem adotaremos
2.235 litros/minuto.
as classificações quanto ao funcionamento, à fonte de
energia, ao transporte e à potência. 10.4.3.2. Funcionamento das bombas
de incêndio
10.4.3.1.1. Quanto ao funcionamento
Neste momento faremos a descrição do funciona-
a) Bombas de pistão – É o princípio de funcionamento
mento dos vários tipos de bombas de incêndio, eviden-
das bombas costais utilizadas em incêndios florestais.
ciando suas principais características.
b) Bombas centrífugas – são as mais utilizadas no CB-
MERJ e nas instalações fixas de diversas edificações 10.4.3.2.1. Bomba de pistão
(residenciais, comerciais, industriais, etc). Com o movimento do pistão no interior do cilin-
c) Bombas de engrenagens – Também chamadas de dro, no sentido da aspiração, a válvula de admissão é
rotativas de engrenagens. São bombas utilizadas para aberta e o ar extraído do corpo da bomba e do man-
realizar escorva, por realizar a retirada de ar, é também gote. Devido à pressão atmosférica, a água penetra no
utilizada para sistemas que necessitam de grande pres- corpo da bomba. Invertendo o movimento do pistão, a
surização, como o sistema das plataformas e escadas válvula de admissão é fechada e a água existente no
mecânicas. corpo de bomba é comprimida, sendo expelida para
o exterior através da válvula de expulsão. As bombas
10.4.3.1.2. Quanto à fonte de energia de incêndio deste tipo são, geralmente, formadas de
a) Manual – a fonte de energia é a própria força física do duas ou mais bombas conjugadas, com movimentos al-
operador, tendo como exemplo a bomba costal. ternados, possuindo câmaras de aspiração e de com-

434 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


pressão, com dispositivos para manter o vácuo e o jato da câmara de expulsão, onde é comprimida saindo para
contínuo. as mangueiras. O vácuo e o jato são contínuos sem neces-
sidade de dispositivos especiais. Encontra-se em desuso
na Corporação, sendo utilizada somente nos dispositivos
de escorva.

10.4.3.4.3. Bomba de palhetas

Fig.:bomba de pistão

10.4.3.2.2. Bomba de engrenagens


(ou rotativa
de engrenagem)
Com o movimento de duas engrenagens de grandes
dentes engrazados no interior do corpo de bomba, sen-
do uma delas motriz, o ar é retirado pelos intervalos dos
dentes de cada engrenagem, que sobem, lateralmente, e
não pode retornar pelo centro em virtude dos mesmos
intervalos descerem ocupados pelos dentes da outra.
Extraído o ar da parte inferior do corpo de bomba, cha-
mada câmara de admissão e do mangote, a água penetra
na bomba, sendo arrastada para a parte superior, chama- Fig.:bomba de palhetas

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 435


O rotor possui palhetas móveis que se deslocam de 10.4.3.3. Manutenção de motobombas
acordo com a força centrifuga, fazendo com que as pa-
Seguem agora as instruções relacionadas às moto-
lhetas deslizem até a parede da câmara, realizando o
bombas, indicando as partes e procedimentos a serem
arrasto da água e de ar, por isso o eixo do rotor não é ali-
executados.
nhado com o eixo da carcaça. Pelo fato de contar com o
deslocamento das palhetas para realizar a pressurização a) Óleo do motor – Remover a tampa do reservatório,
do sistema, deve estar sempre lubrificada para evitar o realizar a drenagem completa, adicionar óleo limpo
mal funcionamento da bomba. Similar a bomba centrífu- recomendado pelo fabricante até a marca indicativa.
ga, a admissão da água se realiza pelo centro e é expulsa b) Filtro de ar – Lavar em solvente não inflamável, deixar
pela parte superior. É uma bomba muito utilizada para que o mesmo seque completamente, saturar em óleo
escorva. de motor limpo e espremer para que saia o excesso.
c) Vela de ignição – Limpar qualquer sujeira utilizando
10.4.3.2.4. Bomba centrífuga
uma escova de aço, inspecionar visualmente a vela e
Com o movimento do rotor dentro do corpo de bom- descartá-la em caso de desgaste.
ba, constituído por uma caixa circular, a água que chega
d) Carburador – Ligar o motor e deixar atingir a tem-
ao centro é projetada sobre as palhetas e pela ação da
peratura usual de trabalho, com o motor em marcha
força centrífuga, arremessada com violência para a pe-
lenta girar o parafuso da mistura para produzir uma
riferia escapando com pressão pelo tubo de saída. Quan-
rotação mais alta.
to maior for a velocidade do rotor, maior será a pressão
da água expelida. As bombas centrífugas das viaturas e) Copo de sedimentos e filtro de combustível – Fe-
do CBMERJ necessitam de um dispositivo auxiliar, para char a válvula de combustível e retirar o copo de se-
fazer o vácuo no início do funcionamento, quando a água dimentos, para a limpeza do copo utilize solvente não
não chega, espontaneamente, ao corpo de bomba. inflamável, realizar a instalação do anel de vedação
e o copo de sedimentos com o torque especificado.
Drenar o combustível e remover o tanque de combus-
tível, desconectar o combustível e remover o filtro de
combustível, realizar o filtro com solvente, enxaguar
e limpar o tanque caso necessário, colocar o anel de
vedação no filtro e instalá-lo.
f) Folga de hélice – Remover os parafusos com flange,
as porcas, a carcaça da bomba e a tampa da hélice,
meça a profundidade da tampa da ventoinha e a altu-
ra das pás da hélice e ajuste as distâncias de acordo
com o recomendado.

10.4.3.4. Procedimento para estabele-


cimento de motobombas
Neste momento descreveremos características e
procedimentos para o estabelecimento de três bombas
para combate a incêndios: Rosembauer-Fox, motobom-
ba autoescorvante e motobomba submersível com man-
gote e centrífuga.
Fig.:bomba centrífuga

436 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


10.4.3.4.1. Bomba IVECO MAGIRUS b) Procedimentos para a operação da IVECO MAGIRUS
TS 10-1000 TS 10-1000
a) Especificações técnicas da IVECO MAGIRUS TS 10-1000
1) Verificar o óleo do motor (se necessário completar).

Fig.: bomba IVECO MAGIRUS TS 10-1000

TABELA – ESPECIFICAÇÕES DA
IVECO MAGIRUS TS 10-1000 2) Verificar o combustível (se necessário completar).
Motor

Tipo de motor Fiat FIRE 1242 MPI

4 Tempos com 4 Cilindros


Tipo
em Linha
Cilindradas 1.242 cm3
Potência 73,42 cv a 6.000 rpm
Capacidade do reserva-
18 litros
tório de combustível
Bomba Principal
Tipo de bomba Centrífuga de dois estágios
Vazão máxima 2.200 litros/min a 5 bar
1.780 litros/min a 8 bar
Vazão*
1.480 litros/min a 10 bar
Pressão máxima 17 bar
Escorva
Tipo de Bomba Alternativa de Membranas
Acionamento Automático
Fonte: Manual do fabricante
* Vazão nominal a altura de sucção de 3 metros.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 437


3) Adaptar o mangote em hidrantes ou cisterna. 5) Utilizar o mangote com o ralo que possui válvula de
retenção em poços, cisternas e outros.

6) Ajuste a alavanca de aceleração e com as alavancas


4) Adaptar e ajustar o mangote na boca de admissão da de engrenagem do corpo de bomba e escorva na po-
bomba, verificar a vedação. sição “0” gire a chave de ignição sem dá partida até
acender a luz do painel e faça um barulho (clique).

438 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


7) Engatar a alavanca de câmbio da bomba.

OBSERVAÇÃO:
Após ser engrenado, a bomba estará pronta para o funcionamento, começará a fazer a escorva automáticamente,
sendo necessário apenas o controle da aceleração por parte do usuário.

10.4.3.4.2. Motobomba autoescor-


vante
a) Especificações técnicas da motobomba Honda
WB30X

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 439


TABELA – ESPECIFICAÇÕES DA HONDA WB30X

Motor
Tipo de motor GX160K1 – 4 tempos
Cilindradas 270 cm3
Potência 7,9 HP a 3.600 rpm
Capacidade do reservatório de combustível 5,3 litros
Bomba de água
Tipo de bomba Centrífuga autoescorvante
Diâmetro de admissão 3”
Diâmetro de expulsão 3“
Pressão máxima 2,68 bar
Vazão 1.100 litros/min
Escorva
Sucção máxima 8 metros
Tempo de escorva 150 segundos para 5 m.c.a.
Fonte: Manual do fabricante

b) Procedimentos para a operação da motobomba


Honda WB30X
1) Verificar o óleo do motor (se necessário completar). 2) Verificar o combustível (se necessário completar).

440 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


3) Adaptar o mangote na boca de admissão da bomba, 5) Adapte a mangueira na boca de expulsão.
atentando para o anel de borracha.

6) Retire a tampa do reservatório localizado acima das


4) Introduzir o ralo no ponto de captação.
bocas de admissão e expulsão e encha com água.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 441


8) Ligue a bomba (on).

7) Tampe o reservatório. 9) Abra a válvula do combustível.

442 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


10) Ajuste o afogador. 12) Puxe a manopla, retirando a folga, até que o motor
entre em funcionamento.

13) Acelere e aguarde a escorva automática.

11) Verifique a aceleração.

14) Para desligar a bomba coloque a chave em off, reti-


rando o mangote da ligação e mangueiras, abrindo a
válvula de escoamento do reservatório e deixando
toda a água escorrer, a seguir recoloque a tampa.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 443


Importante!!

Ao término das operações, especialmente quando a bomba não vier a ser utilizada em um curto período de tempo,
deve-se fechar a válvula de combustível com a bomba em funcionamento, até que o motor desligue sozinho, indicando
que todo o combustível foi queimado, a fim de evitar danos ao mesmo por resíduo de combustível.

10.4.3.4.3. Motobomba submersível


com mangote e centrífuga
a) Especificações técnicas da motobomba YAMAHA
MZ 175R

Fig.:motobomba Yamaha MZ 175R

TABELA 99 – ESPECIFICAÇÕES DA YAMAHA MZ 175R

Motor
Tipo de motor MZ 175 – 4 tempos
Cilindradas 171 cm3
Potência 5,5 HP a 4.000 rpm
Capacidade do reservatório de combustível 4,5 litros
Bomba de água
Tipo de bomba centrífuga
Diâmetro de admissão Não aplicável
Diâmetro de expulsão 2½“
Pressão máxima 1,72 bar
Vazão 420 litros/min
Escorva
Sucção máxima Não aplicável
Tempo de escorva Não aplicável
Fonte: Manual do fabricante

444 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


b) Procedimentos para a operação da bomba submer- 3) Verificar comandos de velas, se necessário ajustar.
sível com mangote e centrífuga
1) Verificar o óleo do motor (se necessário completar).

2) Verificar o combustível (se necessário completar).


4) Adaptar o rabicho na boca de admissão da bomba.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 445


5) Colocando o eixo e centrífuga na cisterna e outros 7) Verifique a aceleração.
utilizando uma corda guia, lembrar que a manguei-
ra de 2 ½” já fica adaptada na boca de expulsão da
bomba.

8) Ajuste o afogador.

6) Abra a válvula de combustível.

446 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


9) Ligue a bomba (on). 11) Acelere e aguarde a escorva automática.

12) Para desligar a bomba coloque a chave em off, reti-


10) Puxe a corda do rotor até que ele entre em funciona- rando as mangueiras da ligação. Retire o eixo e a cen-
mento. trífuga do fundo do ponto de captação e deixe toda a
água escorrer do material.
Importante!!

Ao término das operações, especialmente quando a


bomba não vier a ser utilizada em um curto período de
tempo, deve-se fechar a válvula de combustível com a
bomba em funcionamento, até que o motor desligue so-
zinho, indicando que todo o combustível foi queimado, a
fim de evitar danos ao mesmo por resíduo de combustí-
vel.

10.4.4. Hidrantes
Os hidrantes são pontos de tomada de água onde há
uma (simples) ou duas (duplo) saídas contendo válvulas
angulares com seus respectivos dispositivos. Este tipo
de recurso é de suma importância para as atividades de
combate a incêndio.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 447


10.4.4.1. Hidrante de coluna que permitirá encaixar a gaxeta;
Aparelho instalado no Sistema de Abastecimento • Gaxeta: Cordão encerado que evita vazamento
Público de Água permitindo a adaptação das bombas e na parte superior da posta;
mangueiras para o serviço de extinção de incêndio, tendo • Arruela: Evita o vazamento da parte inferior da
suas características embasadas na NBR 5.667 – Hidrante posta e a apoia no sobre salto da haste;
de Coluna – Parte 01.
• Castanha: Responsável pela fixação da haste à
comporta;
10.4.4.1.1. Características construti-
vas • Comporta: Permite a passagem da água para o
hidrante;
Os hidrantes de coluna apresentam as seguintes ca-
racterísticas construtivas: • Castelo: Compartimento com uma fenda para
receber a comporta (subdividida em castelo
• Entrada de Água: 100 mm
e carcaça).
• Saídas de Águ a:
• Corpo do Registro: o corpo do registro é formado
• 2 ½ “ = 63mm, 5 fios; com a união do castelo e da carcaça e sua função é
• 4” = 100mm, 4 fios. proteger seus componentes internos.

• Massa do Hidrante: 91 Kg
• Material Empregado:
• Bujão ou cinta de metal: latão fundido; Corpo
• Corpo e tampão: ferro fundido. Tampão
Cinta de Metal
• Pintura: tinta esmalte vermelho;
• Pressão Máxima de Serviço: 10kgf/cm2
• Acessórios:
Tampa da Caixa de Registro
• Curva dessimétrica com flanges (100 mm), mas-
sa =32 Kg
Curva de 90º de 100 mm F/F
• Registro com flanges
ƒƒ Diâmetro = 75 mm, massa = 22 Kg Registro

ƒƒ Diâmetro = 100 mm, massa = 29 Kg Tubo de 100 mm Flange/Bolsa

• Tubo flange-bolsa (Peça de Extremidade)


ƒƒ Diâmetro = 75 mm, massa = 9 Kg
• Componentes do Registro:
• Luva de pistão: Fixa a chave de registro ao pis-
tão do registro; Fig.:– Hidrante de coluna
• Pistão ou haste rosqueada: Abre e fecha a com-
porta para a passagem da água; 10.4.4.1.2. Manutenção do hidrante
de coluna
• Sobreposta: Sustentação e guia da haste, pres-
siona a gaxeta no interior da posta; Descreveremos a seguir a manutenção relativa ao hi-
drante de coluna, explicitando o primeiro, segundo e ter-
• Posta: Ligada à sobreposta, possui uma ranhura
ceiro escalões desta manutenção:

448 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


i) Manutenção de 1º escalão c. Colocação de registro: Coloca-se a caixa de regis-
tro.
a. Descarga: Abre-se o registro do hidrante a fim de
eliminar lixo e impurezas da tubulação que possam d. Substituição do hidrante: Substitui o hidrante que
vir a obstruir o caminho e atrapalhar a operação. esteja danificado.

b. Limpeza: Retira-se o lixo da caixa de registro e do e. Remanejamento de hidrante: Desloca-se o hidran-


hidrante. te para um local mais adequado.

c. Aplicação de lubrificantes: Lubrificam-se as jun- iii) Manutenção de 3º escalão


tas com graxa.
a. Instalação de hidrante: Instala-se o hidrante de
d. Pintura: Pinta-se o hidrante nas cores estabeleci- forma completa no local desejado.
das.
b. Substituição de gaxeta: Troca-se a gaxeta avaria-
ii) Manutenção de 2º escalão da por uma em bom estado.

a. Colocação de tampões: Colocam-se os tampões c. Substituição do registro: Após cessar o abasteci-


nas expedições que não os tem mais. mento para o hidrante em questão, é feita a troca
do registro com problema.
b. Descobrimento de registro: Escava-se a calçada
que vem a estar cobrindo o registro para permitir d. Remanejamento do encanamento: Remaneja-se o
o acesso ao mesmo. encanamento para obter uma maior eficiência.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 449


10.4.4.1.3. Possíveis defeitos, causas e reparos
A seguir apresentaremos uma tabela com os principais defeitos apresentados por este tipo de hidrante, descreven-
do ainda suas causa e os reparos a serem realizados:

TABELA – DEFEITOS, CAUSAS E REPAROS EM HIDRANTES DE COLUNA

Defeito Causa Reparo


Detritos na fenda de encaixe da com- Dar descarga no hidrante para a limpeza da
porta (na carcaça) comporta e carcaça
Vazamento pelas bocas ex-
Substituição da castanha, ou pancadas
pulsoras Castanha quebrada ou solta do pistão
suaves sobre pistão para arriar a comporta
Ranhura na Comporta Substituição do registro (ou comporta)
Tampão quebrado Abalroamento do tampão Substituição do tampão
Cinta de metal (Bujão) amas- Substituição da cinta de metal ou hidrante
Abalroamento sobre a cinta de metal
sada ou quebrada (material: cinta de metal e parafusos)
Tampão não rosqueia até fim Parte interna do tampão no estado Limpeza com escova de aço e aplicação de
na cinta de metal ferruginoso lubrificante
Hidrante desbotado Exposição ao tempo Pintura
Perfurar local para descobrimento de caixa
Caixa de registro soterrada Soterramento
e registro.
Caixa de registro interna-
Sujeiras no interior da caixa de registro Limpeza
mente com detritos
Uso da chave de registro inapropriada Esmerilhar pistão; troca do registro ou tro-
Pistão roliço
ou mau uso da chave de registro ca de pistão
Vazamento no Pistão, Sobre
Gaxeta gasta. Troca de gaxeta;Troca do registro
posta e Posta
Colocação ou troca de arruela(s) na(s) jun-
Vazamento nas juntas Arruela(s) gasta(s) ou falta de arruela(s)
ta(s)
Base do hidrante quebrado Pancada Troca do hidrante
Comporta arriada (pistão desencaixa-
Encaixe do pistão na castanha ou comporta,
Voltas sem fim no pistão do da compota), castanha e/ou com-
ou substituição da castanha e/ou comporta
porta quebrada
Registro descoberto Sem caixas de registro Colocação da caixa de registro
Hidrante ou Caixa de Regis- Remanejamento do hidrante ou caixa de
Obras
tro em local inapropriado registro.
Hidrante plantado no chão Instalação a rede de abastecimento público
(não instalado a rede de Má instalação do hidrante. (só a Nova CEDAE); Recolhimento do Hi-
abastecimento publica) drante.
Cavar no entorno do hidrante, verificar
tubos, curva e conexões, caso necessário
Hidrante abalroado Tombado, caído, inclinado
troca das mesmas e colocar o hidrante na
posição vertical.
Fonte: GTSAI/CBMERJ

450 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


10.4.4.1.4. Cálculo da vazão em hi- ii) No caso da lâmina d’água ocupar parcialmen-
drante de coluna te a seção da boca expulsora
Visando a praticidade do método de calculo de vazão, a. Avaliar a altura da lamina de água na boca expul-
elaboramos a tabela de conversão DISTÂNCIA x VAZÃO, sora.
onde para uma dada boca expulsora (2 ½ “ ou 4”) com a
Exemplo:
correspondente distância do jato, temos como determi-
nar a vazão Q em litros/min. Se for ocupada somente a metade da altura da boca
expulsora do hidrante, será de 50% ou 0,50;
i) No caso da lâmina d’água ocupar toda a seção
da boca expulsora b. De posse do valor, consultar a tabela nº B para ob-
ter o fator de multiplicação correspondente;
a. Deverá ser conectado à tomada d’água de 2 ½ “,
um tubo de aproximadamente 40 cm de compri- c. Depois faça os mesmos procedimentos do item “i”
mento com mesmo diâmetro; como se a lâmina de água ocupasse toda a seção,
consultando a tabela A;
b. Deverá ser procedida a descarga no hidrante;
d. Por ultimo multiplique o fator de multiplicação
c. Deverá ser medida a distância horizontal entre o pela vazão encontrada nos itens anteriores (b e c),
ponto de saída e o ponto onde a água toca primei- para se ter a vazão do hidrante que ocupa parcial-
ro o solo; mente a seção da boca expulsora.

d. Esta medida deverá ser convertida em vazão (l/


min) de acordo com a tabela A.

Fig. 99 – esquema de medição

Fig. – esquema de medição

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 451


TABELA A – PREENCHIMENTO TOTAL

Distância do jato Vazão (litos/min) Vazão (litos/min)

(em metros) S=2½“ S=4“

0,20 127,20 325,60

0,25 159,00 407,00

0,30 190,80 488,40

0,35 222,60 569,80

0,40 254,40 651,20

0,45 286,20 732,60

0,50 318,00 814,00

0,55 349,80 895,40

0,60 381,60 976,80

0,65 413,40 1058,20

0,70 445,20 1139,60

0,75 477,00 1221,00

0,80 508,80 1302,40

0,85 540,60 1383,80

0,90 572,40 1465,20

0,95 604,20 1546,60

1,00 636,00 1628,00

1,20 763,20 1953,60

1,40 890,40 2279,20

1,60 1017,60 2604,80

1,80 1144,80 2930,40

2,00 1272,00 3256,00

Fonte: GTSAI - CBMERJ

452 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


TABELA B – PREENCHIMENTO PARCIAL

H/D (Altura da lâmina d’ água / Diâmetro) em % FATOR DE MULTIPLICAÇÃO


0,95 0,981
0,90 0,948
0,85 0,905
0,80 0,857
0,75 0,805
0,70 0,747
0,65 0,688
0,60 0,627
0,55 0,564
0,50 0,500

Fonte: GTSAI - CBMERJ

A confrontação do método exposto com a realidade vula de retenção ou estiver com defeito, o militar deverá
foi comprovada através da seguinte forma: deslocar-se até a caixa de incêndio do primeiro andar re-
tirar a redução 2½” rosca fêmea grossa para 1½`` storz
Com um tanque de capacidade conhecida, cronome-
substituí-la por uma adaptação de 2½rosca fêmea gros-
tramos o tempo de enchimento do mesmo tendo como
sa para 2½” storz e proceder ao abastecimento.
fonte a boca de 2 ½ ” de um hidrante de coluna cuja dis-
tância do jato foi medida. Sendo constatado erro na fai- Também chamado de hidrante de passeio por estar
xa de 10%, para menos, o que não compromete operação, normalmente nas vias de circulação.
visto surgir, assim, um ganho na vazão real do aparelho.
Existem outros métodos para cálculo de vazão, como
exemplo, o uso do pitômetro e do hidrômetro; porém,
nem sempre, esses equipamentos existem ou estão dis-
poníveis nas unidades operacionais.

10.4.4.2. Hidrante de recalque


Dispositivo localizado no logradouro público com o
objetivo de fazer o recalque da água da rede de hidrantes
ou captar água da Reserva Técnica de Incêndio. Suas ca-
racterísticas terão como base a NBR13714 - Sistemas de
Hidrantes e Mangotinhos para Combate a Incêndio.
A captação dos recursos hídricos existentes na reser-
va técnica de incêndio (RTI) e do reservatório superior
poderá ser realizada com a conexão das viaturas de in-
cêndio no hidrante de recalque (HR). Se o HR possuir vál-

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 453


10.4.4.3. Legislação sobre Hidrantes Art. 21 - Os hidrantes serão assinalados na planta de
situação, exigindo-se um numero que será determinado
Faz-se necessária, neste momento, uma breve expla-
de acordo com a área a ser urbanizada ou com a exten-
nação a respeito dos aspectos ligados aos hidrantes.
são do estabelecimento, obedecendo-se ao critério de 1
i) DECRETO 22872 DE 28 DE DEZEMBRO DE (um) hidrante do tipo coluna, no máximo, para a distância
1996 - APROVA O REGULAMENTO DOS SERVI- útil de 90m (noventa metros) do eixo da fachada de cada
ÇOS PÚBLICOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA
edificação ou eixo da fachada de cada edificação ou de
E ESGOTAMENTO SANITÁRIO DO ESTADO DO
eixo de cada lote.
RIO DE JANEIRO, A CARGO DAS CONCESSIO-
NÁRIAS OU PERMISSIONÁRIAS. Art. 22 - A critério do Corpo de Bombeiros, poderá ser
Art. 3º - Compete às CONCESSIONÁRIAS ou PERMIS- exigido o hidrante nas áreas de grande estabelecimentos.
SIONÁRIAS de prestação de serviços públicos de abas- Art. 23 - Nos logradouros públicos a instalação de hi-
tecimento de água e esgotamento sanitário operar, man- drantes compete ao órgão que opera e mantém o siste-
ter e executar reparos e modificações nas canalizações ma de abastecimento d’água da localidade.
e instalações dos serviços públicos de Água e esgoto
Parágrafo único. O Corpo de Bombeiros, através de
sanitário, bem como fazer obras e serviços necessários
suas Seção e Subseções de Hidrantes, fará, anualmente
à sua ampliação e melhoria de acordo com os termos da
junto a cada órgão de que trata este artigo, a previsão de
concessão ou da permissão, na área objeto destas.
hidrantes a serem instalados no ano seguintes.
Art. 11 - Os agentes habilitados do Corpo de Bombei-
ros poderão, em caso de incêndio, operar os registros e 10.4.5. Fenômenos hídricos
hidrantes da rede distribuidora. O conhecimento a respeito dos principais fenômenos
§ 1º - O Corpo de Bombeiros comunicará, obrigatoria- hídricos é de suma importância para as atividades de
mente, às CONCESSIONÁRIAS ou PERMISSIONÁRIAS, bombeiro militar, tais fenômenos foram abordados no
em (vinte e quatro) 24 horas, as operações efetuadas nos item 10.3.2.2 deste manual.
termos deste artigo.
10.4.6. Geoprocessamento e plano de ge-
§ 2º - As CONCESSIONÁRIAS ou PERMISSIONÁRIAS renciamento operacional de recur-
fornecerão ao Corpo de Bombeiros informações sobre a sos hídricos
rede distribuidora e o regime de abastecimento.
O geoprocessamento é o processamento de dados
§ 3º - As CONCESSIONÁRIAS ou PERMISSIONÁRIAS, georreferenciados, utilizando programas de computador
de acordo com as necessidades do Corpo de Bombeiros, para acessar informações cartográficas (mapas, cartas
dotarão os logradouros públicos, que dispõem de rede topográficas e plantas) em conjunto com informações
distribuidora, dos hidrantes necessários. diversas adicionadas ao programa.
Art. 123 - Serão punidas com multas, independente- Considerando a necessidade de agregar as informa-
mente de intimação, as seguintes infrações, cujos valo- ções sobre os recursos hídricos pertencentes a cada
res serão previamente aprovados pelo PODER CONCE- GBM e para a criação de um banco de dados unificado,
DENTE. proporcionando a facilitação de acesso a estes dados e
I - intervenção de qualquer modo nas instalações do maior segurança para as informações armazenadas, o
serviço público de água ou de esgoto sanitário; GTSAI firmou uma parceria com o Laboratório de Geo-
processamento da Universidade Federal do Rio de Janei-
ii) DECRETO 897 DE 21 DE SETEMBRO DE 1976 – ro (LAGEOP/UFRJ) para criação de um banco de dados
CÓDIGO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E
unificado e georrefenciado.
PÂNICO.

454 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


A ferramenta resultante dessa parceria foi chamada A visualização dos recursos hídricos de um deter-
de Plano de Gerenciamento Operacional de Recursos minado endereço tem como parâmetro o raio de 300
Hídricos (PGORH) e permitiu a universalização das infor- metros de atuação de um hidrante de coluna, conforme
mações e o acesso dos dados em tempo real descrito no item 5.3.3 da NBR 12218 - Projeto de rede de
distribuição de água para abastecimento público – Pro-
O PGORH é uma plataforma web que utiliza o Google
cedimento.
Maps API – (ApplicationProgramming Interface), como
base de dados, o que torna o sistema multiplataforma, A Fig. constitui um exemplo de operação utilizando
e com abrangência em todo o estado do Rio de Janeiro. PGORH. Foi simulado um incêndio na Rua Presidente
Um sistema multiplataforma opera através de um nave- Becker no bairro de Icaraí e todos os pontos de abas-
gador, independente do sistema operacional utilizado tecimento de água no raio de 300 metros foram iden-
(SILVA e MARINO, 2011). tificados. Caso não houvesse recursos hídricos neste
raio de atuação, o raio seria aumentado até que fosse
Os dados que compõem o PGORH são originados do
encontrado algum ponto de abastecimento de água.
cadastramento das fichas antigas e da busca que cada
Simultaneamente, é possível observar todas as infor-
quartel realizou dentro de sua jurisdição por hidrantes de
mações dos hidrantes de coluna (endereço, vazão, co-
coluna e outros pontos de captação de água. Esta nova
ordenadas geográficas, situação do hidrante, quartel
procura teve como objetivo relacionar possíveis locais
responsável e etc). Na Fig. são evidenciados os dados
de incêndio (indústrias, escolas, depósitos, edificações
referentes ao hidrante de coluna com código “1” indica-
multifamiliares e hospitais) com a proximidade dos re-
do na Fig., por exemplo.
cursos hídricos disponíveis.

Figura – Exemplo de operação do PGORH: “Consulta de todos os hidrantes de coluna existentes no raio de 300 metros do endereço
Rua Presidente Becker – Icaraí”.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 455


Figura – Informações correspondentes ao hidrante de coluna 1

10.4.7. Materiais de abastecimento ii) Aparelho de registro – Tubo metálico em formato de


“T”, que possui na base do seguimento vertical uma
Conjunto de peças, ferramentas, aparelhos, encana-
boca com rosca fêmea grossa de 2½” de diâmetro e
mentos, dispositivos e apetrechos em geral de que se
nas extremidades do seguimento horizontal, duas sa-
utilizam os bombeiros para aduzir a água de uma fonte
ídas de 2 ½” , dotadas de válvulas e de rosca macho
ou ponto de captação qualquer até as bocas de admissão
grossa. A finalidade desse aparelho é, quando aco-
das bombas de incêndio do Corpo de Bombeiros.
plado ao hidrante subterrâneo, permitir que o mesmo
Esses materiais, quando não fazem parte do equipamen- funcione semelhante a um hidrante de coluna.
to individual do Bombeiro, permanecem nas viaturas opera-
cionais, acondicionados em gavetas, caixas ou suportes.
i) Adaptação – Peça metálica de formato cilíndrico usa-
da para unir dutos com extremidades de conexão di-
ferentes e de mesmo diâmetro.

456 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


iii) Arruela de borracha – Artefato de borracha em for- vii) Chave de mangote – Ferramenta metálica com for-
ma anelar, cuja função é atuar imprensada entre a co- mato semelhante a uma interrogação, possuindo um
nexão de duas peças hidráulicas, impedindo assim o orifício circular na extremidade de cada curvatura, a
vazamento da água ou entrada de ar no sistema. qual mede 2½”, 4” , 4½”, 5” ou 6”. Sua utilização se dá
nas operações de conexão ou desconexão de mango-
tes.

iv) Chave de coluna – Ferramenta confeccionada em fer-


ro fundido, cujo formato é o de uma haste provida de
curvaturas do tipo meia lua nas extremidades, ambas
possuindo ressalto interno e medindo, respectiva- viii) Chave de mangueira – Material típico de estabeleci-
mente 2 ½” e 4”. Sua finalidade é auxiliar no rosquea- mento que é comum também nas operações de abas-
mento dos tampões dos hidrantes de coluna. tecimento. É uma ferramenta que se constitui de
uma haste de ferro provida na extremidade de uma
curvatura do tipo meia lua de 1½” e 2½” com ressalto
interno. Seu uso se dá nas operações de conexão de
mangueiras dotadas de junta storz.

v) Chave de hidrante tipo disco – Ferramenta em for-


mato de “T” confeccionada em ferro fundido na base
da haste vertical, em conjunto circular móvel com en-
caixes do tipo seção quadrada para vários tamanhos.
ix) Chave de unha – Ferramenta de pequeno porte con-
feccionada em ferro fundido, cujo formato descreve
um “T”, sendo que na extremidade da haste vertical
possui uma “boca” quadrada que pode ter várias me-
didas e que é posicionada lateralmente ao restante
do conjunto. Sua finalidade é remover ou apertar os
parafusos e porcas nos hidrantes subterrâneos.
vi) Chave de hidrante tipo saia – Ferramenta em forma-
to de “T” confeccionada em ferro fundido, possuindo
na extremidade da haste vertical maciço, provido de
cavidade quadrada na base circular.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 457


x) Chaveta – Consiste de uma ferramenta metálica pe- xiii) Luva de registro – Peça que consiste de pequeno
quena, em formato de “T”, a qual, na base da haste maciço tronco piramidal em ferro fundido, possuin-
vertical possui um cone maciço provido de cavidade do na face da base uma cavidade do mesmo formato.
quadrada. Sua finalidade é abrir e fechar as válvulas Sua função é ampliar a seção do pistão do registro do
do aparelho de registro. hidrante quando este não se encaixa devidamente à
chave de registro. Embora semelhante à luva de ma-
nobra, difere desta por ser menor.

xi) Coletor – Conexão tubular mecânica em forma de “Y”


provida de duas entradas de 2½” e de uma saída de
2½”. Sua função é aumentar a vazão da linha princi-
xiv) Macete de borracha – Consiste num martelo de bor-
pal, através do aproveitamento da água captada em
racha maciça e cabo de madeira. Sua finalidade é au-
dois pontos diferentes.
xiliar no acoplamento das conexões de mangotes.

xv)Mangote – Tubo flexível de plástico ou lona de man-


gueira em espiral de aço, com extremidades com jun-
xii) Colher de pedreiro – Ferramenta confeccionada em ta do tipo storz ou dotadas de rosca grossa, interna
lâmina de ferro, com formato de uma pequena pá ou externa, providas de munhões. Seu comprimento
triangular provida de cabo em “L” revestido de ma- varia, regularmente, de 3 a 6m e seu diâmetro pode
deira. Sua utilização acontece na limpeza das caixas ser de 2/ ½”, 4”, 5” ou 6”. Seu emprego se dá na ligação
dos hidrantes de fachada ou subterrâneos e nas dos entre o ponto de captação e a unidade propulsora.
registros dos hidrantes de coluna.

458 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


xvi) Mangotinho – Tubo flexível de borracha, reforçado xix) Ralo com válvula de retenção – Peça metálica
para resistir a pressões elevadas e dotado de esgui- adaptável ao mangote, de formato cilíndrico dotado
cho próprio. Geralmente é pré-conectado à bomba de de rosca fêmea grossa na parte superior, tendo por
incêndio e utilizado em pequenos focos. dentro um ressalto circular, no qual se assenta um
tampão interno móvel. Atualmente, as válvulas de re-
tenção já vêm providas de gradeamento que funciona
como ralo. Sua função é reter a coluna d’água no inte-
rior do mangote.

xvii) Mangueira – Duto flexível, revestido internamente


com borracha, com juntas storz nas extremidades,
destinado para transportar água do ponto de abas-
tecimento até o local em que deva ser utilizada. Nas
operações de abastecimento são utilizadas manguei-
ras de 2 ½”.

xx) Ralo de mangote – Peça confeccionada em tela me-


tálica de corpo cilíndrico, possuindo na extremidade
superior rosca fêmea de vários diâmetros, que se
adapta ao mangote ou à válvula de retenção. Sua fun-
ção é proteger o corpo da bomba durante a sucção
de água, contra a entrada de granulados e detritos do
sistema.

xviii) Protetores de mangueira – Destina-se a permitir o


trânsito de veículos sobre as mangueiras, constituin-
do-se de um par de rampas articuladas, deixando a
mangueira acondicionada na reentrância central, pro-
tegida do peso dos veículos.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 459


xxi) Redução – Peça metálica de formato cilíndrico com xxiv) União duplo-fêmea – - Peça metálica de formato
extremidades dotadas de rosca, interna ou externa, cilíndrico de 2½” de diâmetro, com extremidades mó-
grossa ou fina, ou junta storz, cuja finalidade é unir du- veis providas de munhões e de rosca fêmea grossa.
tos com extremidade de conexões de diâmetros dife- Sua utilização ocorre na conexão entre dutos provi-
rentes e demais características iguais ou diferentes. dos de conexões dotadas de rosca grossa de 2 ½”.

xxii) Saca tampão – Ferramenta confeccionada em ferro,


que se constitui de uma haste soldada ao centro da
xxv) União duplo-macho – Peça metálica de formato
parte externa de um semicírculo de 2½”, o qual pos-
cilíndrico de 2½” de diâmetro, com extremidades
sui, em suas extremidades, pequenas cavidades que
móveis providas de munhões ou ainda inteiriça, com
se encaixam aos munhões dos tampões dos hidran-
anel sextavado ao centro e rosca macho grossa. Sua
tes subterrâneos ou de fachada.
utilização se dá na conexão entre dutos providos de
extremidades de conexões dotadas de rosca fêmea
grossa de 2½”.

10.4.8. Materiais de estabelecimento


São todos os materiais utilizados entre a unidade
xxiii) Tampão – Peça metálica em formato de tampa cir- propulsora de água e o terminal da linha de mangueiras.
cular provida de munhões e de rosca fêmea grossa de Importante lembrar que a unidade propulsora pode ser
1½”, 2½” ou 4”, para os casos de vedação dos bocais qualquer tipo de bomba (auto-bomba, rebocável ou por-
dos hidrantes subterrâneos e de bocas admissoras tátil) ou ainda a própria gravidade se estivermos utilizan-
das viaturas, ou ainda, confeccionado em ferro e pro- do um sistema preventivo. Seguindo esta definição elen-
vido de cavidades externas com diâmetro de 2½” e 4” camos abaixo os materiais de estabelecimento:
para os casos de vedação das bocas dos hidrantes de
• Mangueiras
coluna.
• Protetor de mangueiras
• Divisores
• Coletores
• Proporcionadores de espuma
• Esguichos

460 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


10.4.8.1. Mangueira de combate a in- Onde:
cêndio • X – tipo da mangueira (1, 2, 3, 4 ou 5)
Mangueira de combate a incêndio é um duto flexível • M – mês de fabricação
de borracha, dotado de uniões de engate rápido feito • A – ano de fabricação
para conduzir água sob pressão.
Na conferência diária do material operacional das
No Brasil, a ABNT define 5 tipos de mangueiras de
viaturas, vale observar o estado das uniões STORZ, tes-
incêndio, conforme a área de utilização e a pressão má-
tando a acoplagem das mangueiras, pois as uniões são
xima de trabalho. Destas, a mais utilizada no CBMERJ é
muito sensíveis a quedas que deformam o material.
a mangueira tipo 2, que se destina a edifícios comerciais
e industriais ou Corpo de Bombeiros, com pressão máxi- Apesar do revestimento das mangueiras ser resisten-
ma de trabalho de 1 370 kPa (14kgf/cm²) segundo a NBR te, durante a operação, é preciso ter muito cuidado com a
11861. Elas são fabricadas com uma capa em fio de poliés- movimentação das mangueiras para evitar furos e cortes:
ter (lona) para aumentar a resistência à pressão interna • Não deixar as uniões caírem ou sofrerem qualquer
e proteger o duto de borracha sintética contra cortes e impacto
abrasão, as uniões são do tipo STORZ.
• Evitar superfícies ásperas, quinas de paredes, bordas
das janelas, telhados, muros principalmente quando
as mangueiras estão sob pressão da água
• Não apoiar sobre superfícies excessivamente aque-
cidas que podem fundir o revestimento enfraquecen-
do a mangueira
• Não deixar a mangueira em contato permanente com
substâncias químicas como derivados de petróleo e
ácidos
• Dispô-las sempre em forma de seio e nunca com do-
bras
Fig. – mangueira para combate a incêndio

O lance de mangueira convencional é o segmento de


mangueira que vai de uma união à outra e mede 15 metros
de comprimento.
Os diâmetros utilizados no CBMERJ são de 1 ½” e 2 ½”,
que equivalem a 38mm e 63mm.
A marcação na extremidade das mangueiras também
é padronizado pela ABNT conforme a figura ao lado:

Fig. – mangueira para combate a incêndio Fig. – disposição incorreta com dobras. Fonte CBMERJ

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 461


10.4.8.1.1. Armazenagem e manuten- 10.4.8.1.2. Enrolamento de manguei-
ção ra
As mangueiras devem ser acondicionadas em local O enrolamento ou aduchamento de uma mangueira é
arejado, sem umidade e fora do alcance direto de raios a forma de acondicioná-la para o seu armazenamento e
solares. Assim como as cordas, o acondicionamento sem transporte. Existem várias formas de enrolamento, cada
dobras previne a perda de resistência nestes pontos de qual com suas vantagens e desvantagens, logo a melhor
tensão, aumentando sua vida útil. forma depende da principal finalidade.
A limpeza deve ser feita com água e escova. Quando A seguir dissertaremos sobre as seguintes técnicas
a mangueira está suja com óleo, graxa, ácidos e outras de enrolamento de mangueira:
substâncias químicas deve-se utilizar sabão neutro que • Enrolamento em espiral
ajuda muito na retirada da sujeira impregnada na trama
do revestimento de lona. • Enrolamento pelo seio
• Enrolamento com alças
A secagem deve ser à sombra. O ideal é suspender a
mangueira pela união, mas também é admissível suspen- • Enrolamento em ziguezague
dê-la pelo meio ou estendê-la em plano inclinado.
10.4.8.1.2.1. Enrolamento em espiral
É o enrolamento que começa por uma extremidade da
mangueira e segue formando uma espiral até a outra ex-
tremidade. A principal vantagem é que não cria dobras.
Por outro lado, ele impede o rápido desenrolar, pois a jun-
ta bateria no chão. Portanto este método é indicado para
a guarda da mangueira no depósito.

Fig. – secagem de mangueiras. Fonte: CBMERJ Fig. – enrolamento em espiral

462 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


10.4.8.1.2.2. Enrolamento pelo seio A técnica para o enrolamento pelo seio com 2 bombei-
ros passa pelas seguintes etapas:
Consiste em enrolar a mangueira dobrada ao meio. É
o método ideal para guardar a mangueira de pronto em- 1) Estender a mangueira completamente
prego nas viaturas porque agiliza muito o seu desenrolar,
além de ser fácil para transportar.

Fig. – enrolamento pelo seio

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 463


2) Dobrar a mangueira espaçando as uniões

3) Enrolar a mangueira

464 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


4) Ajustar o enrolamento acochando pelas juntas. Apoiar um joelho no centro do enrolamento e acochar a mangueira
segurando pelas juntas.

Existe um aparelho chamado porta-mangueiras que mas na falta dele um cabo solteiro em forma de anel, fa-
faz um excelente arremate no enrolamento pelo seio, zendo um boca de lobo vai prender da mesma forma.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 465


Para o desenrolar ágil de um lance de mangueira é pre-
ciso cumprir as seguintes etapas:
2) Dar o golpe na mangueira enrolada através da outra
1) Posicionar a mangueira aduchada no ponto de parti-
união. Importante segurar uma extremidade da man-
da, ou seja, próximo ao local de conexão (VTR, bom-
gueira com o pé. Se estiver trabalhando em dupla, o
ba, divisor, outra extremidade de mangueira, etc.) so-
AG é quem pisa sobre a mangueira.
bre o solo. Colocar a junta sobre a própria mangueira
também ajuda a conservá-la.

3)) Estender a mangueira correndo. Se estiver trabalhando em dupla, o AG estará pisando sobre a extremidade da
mangueira, o que ajuda o CG a parar de desenvolvê-la.

466 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


10.4.8.1.2.3. Enrolamento com alças do as 2 frações de mangueira a 1,5 metros da
dobra original
Por ser mais complexo, dificulta o desenrolar, mas
transforma a mangueira numa bolsa a tiracolo fácil de (b) Coloque o ponto médio da mangueira sobre
carregar em terrenos acidentados, em longas distâncias, as paralelas
para transpor obstáculos, para subir escadas e em locais
(c), (d) ajuste o ponto de interseção
de risco onde seja necessário mais mobilidade com as
mãos. Pode ser muito útil para fogo em vegetação. (e) Enrole a mangueira deixando as alças para
os lados
Passo a passo para a confecção do enrolamento com
alças: (f) Aumente uma das alças

(a) Posicione a mangueira meada com as duas (g), (h) Passe a alça maior por dentro da menor
metades paralelas. Forme uma alça cruzan- (i) Vista a alça no ombro

A B C

D E F

G H I

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 467


Para desenrolar a mangueira com alças, faça o seguinte:
(a) Solte as alças
(b) Posicione as juntas para trás, em relação ao sentido do desenrolamento
(c) Desenrole a mangueira

A B C

10.4.8.1.2.4. Enrolamento em Primeiro estenda totalmente a mangueira e deixe-a


ziguezague sem torções;
É o enrolamento que deixa a mangueira num formato (a) Depois posicione uma junta próxima à outra
de sanfona. Sua maior vantagem é o desenrolar rápido e forme um L com o lado que vai começar a
e progressivo, uma vez que ao puxar a extremidade su- “enrolar”
perior a mangueira vai se desenrolando continuamente,
(b), (c) Puxe a mangueira formando um seio até
assim como acontece com um carretel. Por isso é muito
encostar na união STORZ
útil em escadas de incêndio, onde não há espaço para dar
um golpe na mangueira, além de poder ser utilizado em (d), (e) Continue fazendo seios até o fim da man-
linhas pré-conectadas sobre o tanque das viaturas de CI. gueira
Ele serve para mangueiras de 1 ½” e 2 ½”. (f) Para finalizar coloque a mangueira sobre o
Abaixo, vemos a técnica de enrolamento em zigueza- ombro
gue para uma mangueira:

468 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


A B C

D E F

Vale ressaltar que nesta técnica só a mangueira é ar- Outra forma de desenrolar, caso o bombeiro esteja so-
rastada pelo solo, nunca a união STORZ. zinho, é fixar uma extremidade conectando a mangueira
no hidrante ou amarrando-a a um ponto fixo e caminhar
Para desenrolar, basta que um bombeiro puxe a união
deixando que os gomos se desenrolem do ombro.
de cima, enquanto o bombeiro que carrega a mangueira
fica parado.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 469


O transporte pode ser feito com a linha pré-conectada
e ainda ser transportada apoiada no antebraço.

Fig. – linha pré-conectada Fig. – apoiada no antebraço

10.4.8.1.2.5. ADUCHAMENTO EM teriormente marcada, confirmando assim a medida que


será adotada neste tipo de aduchamento.
ANEL OU “O”:
4. Começa-se então a arrastar a mangueira em espi-
Esse tipo de acondicionamento permite que a man-
ral de modo que ela ao girar se desenrole e comece a en-
gueira seja transportada pelo ombro ou pelo cilindro
volver a própia mangueira. Atentar para sempre segurar
do EPRA e poderá estar com o esguicho pré-conectado
com uma das mãos os extremos da mangueira enquanto
e seu estabelecimento se dá pela linha quando esta for
se passa de um bombeiro para outro a mangueira em
pressurizada.
espiral, a fim de que não se perca a correta formação do
É indicado para situações em que o bombeiro não te- aduchamento em “O”.
nha espaço suficiente para estender a mangueira e facili-
5. O procedimento anterior deve ser feito até se ter-
ta progredir em um ambiente incendiado.
minar o aduchamento em espiral. Para finalizar o aducha-
Para enrolar com dois bombeiros: mento pode ser feito o uso de fitas de isolamento para
1. Para facilitar este tipo de aduchamento é indicado amarrar a mangueira e finalizar o fardo.
que a mangueira esteja inicialmente em modo espiral, 6.É possível fazer o acoplamento do esguicho tanto
facilitando assim o seu posterior modo de acondicionar; no início do aduchamento (deixa-lo já conectado a junta
2. Após realizar o procedimento anterior, se posicio- externa) ou depois, após ter terminado a formação do “O”
narão um do lado do outro com os dois joelhos no chão acopla-se o esguicho na junta interna ao fardo e em se-
de modo que os dois bombeiros possam manter uma dis- guida faz-se as amarrações com a fita, devendo prender
tância de aproximadamente 1 metro e meio entre seus também o esguicho junto ao fardo.
braços na extremidade, a fim de marcar o tamanho que Desenrolar:
será realizado este tipo de aduchamento.
1. Coloque a mangueira no chão e desamarre-a.
3. O bombeiro que está com a mangueira em espiral irá
2. Conecte a junta que está livre em outra mangueira
girar a mangueira até que a junta chegue a distância an-
ou no aparelho divisor.

470 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


3. Retire o esguicho do seu interior, devendo permane- 4. Abra a parte interna da mangueira, ficando na forma
cer fechado até a pressurização das mangueiras. circular.
5. Pressurize o sistema.

A B C

D E

• Indicado para mangueira de 1 ½”


10.4.8.1.3. Transporte de mangueira
• Importante deixar as uniões para frente.
Após conhecer as diferentes formas de enrolar a man-
gueira o bombeiro fica com uma gama de opções para
escolher no momento do transporte. Logicamente não é
prudente enrolar a mangueira no momento da operação,
por isso é preciso deixar algumas mangueiras já prepara-
das dentro da viatura e isso deve ser feito de acordo com
a necessidade de cada quartel. Por exemplo, num quartel
que corre muito para incêndio em edificações é interes-
sante deixar pelo menos 2 mangueiras em ziguezague na
viatura.
O enrolamento pelo seio é o mais usual nas operações
cotidianas do CBMERJ e ele pode ser transportado de 3
maneiras:
i) Sob os braços
• É possível carregar até 2 mangueiras

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 471


ii) Sobre o ombro
• Indicado para mangueira de 2 ½”
• Deixar as uniões para frente

ii) Acoplamento por um único bombeiro


O acoplamento por um único bombeiro pode ser feito
de 2 formas:
a) Com as juntas sobre a coxa
O bombeiro deve agachar e tomar a posição em 3
apoios, desta forma a coxa faz uma boa base de apoio
para as juntas. Uma mão prende uma das juntas contra a
perna, para deixá-la fixa, enquanto a outra mão encaixa e
fecha a outra junta. A chave de mangueira também pode
ser utilizada.
10.4.8.1.4. Métodos de acoplamento
de mangueiras
Acoplamento é o ato de conectar as juntas das man-
gueiras para armar uma linha. A seguir veremos as di-
versas formas de fazer estas conexões. Para desacoplar
basta fazer o movimento inverso.

i) Acoplamento com dois bombeiros


Um bombeiro segura firmemente uma junta na altura
da cintura para transformá-la num ponto fixo, como um
hidrante, enquanto o outro bombeiro aproxima a outra
junta observando a posição dos ressaltos e faz o giro
para o fechamento. Se houver muito atrito pode ser uti-
lizada 1 chave de mangueira, ou 2 chaves de mangueira
fazendo forças opostas.

472 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


b) Pisando na extremidade da mangueira ii) Esguicho jato sólido
Neste método o bombeiro pisa na extremidade da Atualmente os fabricantes vêm substituindo o formato
mangueira para travar uma das juntas no solo, enquanto tronco-cônico pelo formato cilíndrico e por isso o nome
usa as mãos para encaixar e girar a outra junta STORZ. mudou para esguicho jato sólido. Eles são fabricados em
latão ou alumínio. É o tipo de esguicho exigido para a ca-
10.4.8.2. Esguichos nalização preventiva das edificações e por isso é ele que
São peças metálicas que servem para dar forma, dire- encontramos na maior parte das caixas de incêndio.
ção e alcance ao jato d´água, normalmente são acopla-
dos ao terminal da linha de mangueiras.
O esguichos utilizados no CBMERJ, assim como todos
outros equipamentos hidráulicos, utilizam o padrão de
conexão STORZ, variando entre 2 ½” e 1 ½”.
Existem diversos tipos de esguichos no mercado.
Mostraremos os mais utilizados pelo CBMERJ.

10.4.8.2.1. Tipos de esguicho


Após conhecer as diferentes formas de enrolar a man-
gueira o bombeiro fica com uma gama de opções para es-
colher no momento do transporte. Logicamente não é pru-
dente enrolar a mangueira no momento da operação, por Esguicho jato sólido
isso é preciso deixar algumas mangueiras já preparadas
dentro da viatura e isso deve ser feito de acordo com a ne-
cessidade de cada quartel. Por exemplo, num quartel que iii) Esguicho regulável
corre muito para incêndio em edificações é interessante É o principal esguicho utilizado no CBMERJ. Forma
deixar pelo menos 2 mangueiras em ziguezague na viatura. jato compacto e jato neblinado. É composto por corpo,
O enrolamento pelo seio é o mais usual nas operações bocal e defletor.
cotidianas do CBMERJ e ele pode ser transportado de 3 O giro do bocal controla a abertura e o fechamento e
maneiras: o tipo de jato, além de regular o ângulo do jato neblinado
i) Esguicho tronco-cônico que varia conforme o fabricante, mas normalmente che-
ga a 120 graus.
Tubo metálico de forma tronco-cônica constituído de
um único corpo, ou tendo, na extremidade de saída, rosca
para conexão de requintes, que são peças com diferen-
tes diâmetros internos para regular a saída do jato d´á-
gua. Divide-se em três partes: base, corpo e ápice. Ele só
lança jato compacto.

Esguicho tronco-cônico

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 473


Item Descrição Materiais NBR/ASTM
1 Protetor do bocal Buna N --
2 Defletor Latão C-83600
3 Bocal Bronze C-83600
4 Porca do defletor Aço bicromatizado --
5 Anel o’ring Bruna N --
6 Anel o’ring Bruna N --
7 Corpo Bronze C-83600
8 Anel de vedação Borracha nitrílica --

Medidas Dimensões NBR/ASTM


Bitola DN A B Kg
1½“ 40 166 92 1,880
2½“ 65 190 120 2,400

iv) Esguicho tipo pistola com vazão regulável to básico de CI em detalhes para aproveitarmos todos
A grande diferença em relação ao esguicho regulável é os seus recursos conscientemente. Por isso apresen-
que permitem a regulagem da vazão de água além do for- tamos a seguir todas as características do esguicho
mato do jato. O punho em forma de pistola também confe- tipo pistola com vazão regulável da marca Protek, mo-
re uma melhor ergonomia e mais firmeza na empunhadura. delo CMC PROTEK # 366 recentemente adquirido pela
corporação.
O esguicho é como a arma de fogo de um soldado na
batalha, é importante conhecermos esse equipamen-

474 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Seus componentes são: • Válvula esférica: fecha e abre a água, também
conhecida como válvula globo
• Difusor: com dentes rotativos em aço inoxidá-
vel 316 (durável e resistente a corrosão) • Punho: ergonômico tipo pistola
• Anel de controle da vazão: projetado para ope- • Bocal: estriado para controle da forma do jato
rar com vazão constante em qualquer posição (compacto ou neblinado)
do seletor
As vazões marcadas no anel seletor de vazão e todas
• Alavanca: abertura e fechamento da água as outras referências numéricas são baseadas na pres-
• Tela: em aço inoxidável que serve como filtro

Observe de baixo para cima: marcação do diâmetro, marcação das posições OPEN, CLOSED (aberto, fechado), anel
seletor de vazão, anel de ajuste da forma do jato

Detalhe da marcação da forma do jato e da regulagem de vazão

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 475


são de 7Bar/100PSI, que é considerado uma ótima pres- água ao deixar o esguicho. Em consequência disso,
são de combate. em um esguicho com a regulagem mantida, a pura va-
riação da pressão acarretará mudanças no jato como
Na tabela, vemos a relação entre a vazão e o alcance
alcance, dispersão, fragmentação, etc.
do jato compacto.
• Vazão – quanto maior a vazão, maior a quantidade
Vazão (LPM) Vazão (GPM) Alcance (m) de água que flui, o que é óbvio. Menos óbvio é que a
vazão interfere na fragmentação do jato e, principal-
115 30 26
mente, é o fator que mais influi no “recuo” da man-
230 60 30 gueira. Quanto maior a vazão, maior a força que o jato
d’água faz empurrando a mangueira para trás e maior
360 95 38 também será o golpe de aríete provocado pela inter-
rupção brusca no fluxo de água. Cabe ressaltar que
475 125 42
no emprego do combate ofensivo o “Golpe de Aríete”
é reduzido ao máximo pois se usa a mínima vazão na
Girando o anel seletor de vazão para a posição FLUSH
ponta do esgicho.
(descarga) o esguicho se abre totalmente para fazer uma
auto-limpeza, retirando detritos que ficam retidos interna- • Velocidade – a velocidade com que a água sai inter-
mente e podem se acumular obstruindo a passagem da água. fere no formato, na fragmentação e no alcance do
jato d’água. Interfere também no recuo, no entanto,
A seleção da vazão deve ser feita antes de regular a
menos que a vazão. Ela é diretamente influenciada
forma do jato, pois o ponto ótimo da forma do jato varia
pela pressão imprimida pela bomba, mas pode ser al-
com a vazão.
terada por outros meios como fechamento parcial do
O fabricante recomenda trabalhar com a válvula to- esguicho e a posição do anteparo do esguicho.
talmente aberta, pois aberturas parciais da válvula glo-
• Regulagem do jato – a regulagem de jato possibi-
bo causam turbulências. Outro cuidado fundamental é
litada pelo esguicho permite uma variação no jato,
fechar a válvula lentamente para evitar o golpe de aríete
afetando principalmente o seu formato, além disso,
quando se usa alta vazão.
a fragmentação e a velocidade da água (conforme já
Uma grande vantagem deste tipo de esguicho é pro- visto).
porcionar aplicação de forma contínua ou intermitente • Abertura – a abertura do esguicho interfere no jato. A
(pulsos), devido ao formato da alavanca de fechamento quantidade de água lançada e, até certo ponto, a velo-
e abertura rápida da passagem de água. cidade da água, são grandemente influenciadas pelo
A regulagem da abertura do jato permite variar, rapi- manejo do mecanismo de abertura
damente do jato compacto para um jato neblinado com Combinando as regulagens possíveis, temos várias
quase 180 graus. técnicas de combate a incêndio baseadas no manejo do
TÉCNICAS DE MANEJO DO ESGUICHO E APLICAÇÃO DE esguicho e na aplicação de água.
ÁGUA Não importa a técnica utilizada, não podemos deixar
A aplicação de água por uma linha de mangueira pode de lembrar o seguinte:
ser muito diversificada. A forma e eficiência com que a - Qualquer jato de água sobre um mesmo ponto por
água é lançada varia conforme vários fatores: mais de 3 segundos é ineficiente. Se nesse tempo o jato
• Pressão – quanto maior a pressão imprimida pela não for capaz de sobrepujar as chamas (taxa de absor-
bomba, maior pode ser a velocidade com que flui a ção de calor < taxa de liberação de calor) é sinal que é
necessário aumentar a capacidade de resfriamento pelo

476 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


aumento da quantidade de água (maior vazão ou mais de equipamentos hidráulicos que se destinam a arma-
linhas) ou pela otimização de seu emprego (maior frag- zenar, conduzir e lançar água. Tanques armazenam água,
mentação). hidrantes a fornecem, tubulações e mangueiras a condu-
zem, bombas a impulsionam (daqui que se origina o nome
- Excesso de vapor de água é prejudicial ao combate,
bombeiro – operador de bomba) e esguichos dão “forma”
pois:
ao jato d`água.
• Perturba o balanço térmico trazendo aos níveis
mais baixos o excesso de calor dos níveis supe- Muito cedo na história dos equipamentos de bom-
riores beiro, percebeu-se que se alterando a extremidade por
onde a água é lançada, altera-se o jato. Fazemos isso,
• Com a descida do plano neutro, perde-se visibi-
por exemplo, com uma mangueira de jardim. Obstruímos
lidade;
parte do furo obrigando a água a se deslocar com maior
• O vapor penetra na capa de aproximação, quei- velocidade a fim de manter a vazão e, com isso, ganha-se
mando os bombeiros; pressão dinâmica e alcance do jato.
- Água que escorre é água desperdiçada, pois ela ab- Assim nasceu a concepção dos esguichos. Inicialmen-
sorve muito mais calor para evaporar e na forma de va- te, cada esguicho prestava-se a um tipo de jato e apenas
por, do que para aquecer no estado líquido. dava forma. Com o tempo, regulagens foram acrescidas
v) Esguicho monitor e as funções passaram a ser mais variadas.
Também chamado de esguicho canhão, é um esguicho Um esguicho ainda antigo, chamado de “universal”,
de grande porte que lança água a alta pressão e vazão permitia o emprego de um jato compacto pela passagem
possuindo um alcance muito maior do que os esguichos livre de água por um duto, e um jato pulverizado (chuvei-
manuais. Sua principal finalidade é fazer o resfriamento ro) forçando a passagem da água por um crivo que “que-
do incêndio mantendo uma grande distância de seguran- brava” o jato.
ça, quando o calor e os riscos são extraordinários.
Outro esguicho, o regulável, amplamente utilizado no
Eles podem ser montados em viaturas, sobre o tanque Brasil até os dias de hoje, permitia o fechamento da água,
de água, nas escadas ou plataformas e também podem além de regular o jato desde um estreito cilindro a um
ser portáteis, montados sobre uma base com pés para cone amplo, bastando, para isso, o giro do bocal.
serem estabelecidos no solo.
Um esguicho interessante foi o de vazão regulável.
Estes esguichos operam a vazões acima de 800 LPM Além da regulagem do jato, ele permitia a regulagem da
(211 GPM) e podem lançar jato compacto a 60 metros de vazão e da abertura e fechamento da passagem de água
distância. em mecanismos independentes. Esse esguicho foi pouco
Os mais modernos são preparados para lançar tanto utilizado pelo desconhecimento acerca das técnicas de
água, como espuma, regulam o ângulo do jato do compac- emprego e pelo peso que apresentava em sua modela-
to ao neblinado, e possuem controle remoto por rádio gem inicial, já que era feito em pesadas peças de uma liga
frequência. metálica.

Abaixo, vemos alguns modelos de esguicho monitor Com o desenvolvimento dos materiais, o esguicho de
de diferentes fabricantes. vazão regulável evoluiu para o esguicho combinado. Fei-
to de polímero e modelado por computador, o esguicho
10.4.8.2.2. Tipos de jato d’água combinado permite, por meio de mecanismos indepen-
dentes, a regulagem de jato, a regulagem de vazão e a
Para a aplicação de água e aproveitamento de seu
abertura e fechamento rápidos. Isso permite o emprego
potencial como agente extintor, os bombeiros valem-se

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 477


de variadas técnicas de manejo que resultam em diferen- jato, inclusive o interior, daí o termo “sólido”, vez que o
tes aplicações de água. jato é completamente preenchido.
O esguicho usado pelo CBMERJ foi desenvolvido para Esse tipo de jato tem grande alcance e pode ser usado
trabalhar com uma pressão residual de 100 PSI e possui com pressões relativamente baixas (50 a 80 psi), depen-
regulagem de vazão de 30, 60, 95 e 125 gpm ( galões/ dendo do desenho do esguicho.
minuto ), o que equivale a cerca de 115 a 470 lpm ( litros/
O “ponto de quebra” é o ponto, a partir do qual, o jato
minuto ). Opera com uma alavanca ligada a uma válvula
perde a configuração de jato contínuo e passa a se frag-
tipo globo que permite a abertura e o fechamento rápido
mentar em grandes gotas que cairão ao solo, não pene-
independentemente das regulagens de jato e vazão.
trando no material como se desejava, e, muitas vezes,
Esse esguicho permite o emprego das técnicas apre- nem alcançando o mesmo.
sentadas mais adiante.
Por não estar fragmentado, o jato compacto chegará
Uma das mais importantes variações na aplicação da ao ponto desejado com maior impacto, atingindo cama-
água é a respeito do JATO. das mais profundas do material em chamas, o que pode
ser observado em materiais fibrosos.
Os jatos podem ser classificados em:
• Jato “sólido” Devido ao seu maior alcance, ele é apropriado para
emprego no combate em modo defensivo (externo) e/
• Jato compacto ou para atingir focos no interior de cômodos com dimen-
• Jato neblinado amplo sões amplas.
• Jato neblinado estreito Muitos corpos de bombeiros americanos baseiam
• Jato neblina suas técnicas de combate apenas no emprego do jato só-
lido e, por isso, usam apenas esguichos manuais do tipo
O uso do esguicho agulheta ou de um smooth-bore smooth-bore.
permite apenas o emprego do jato “sólido”, que veremos
a seguir. Dentre as vantagens do uso de jatos sólidos, destaca-
mos:
JATO “SÓLIDO”
• Produz pouco vapor de água quando usado em
Sólido não é um termo muito apropriado para se
operações ofensivas;
designar um jato de água, uma vez que o agente é lan-
çado na forma líquida, mas, na falta de outro termo • Tem o maior alcance, permitindo combate à dis-
tância;
cunhado para designar esse jato, empregaremos o
termo consagrado oriundo da designação em inglês • Opera com pressões baixas, reduzindo o recuo
solid stream. da mangueira;

Sólido, obviamente, não se trata do estado físico da • Permite maior mobilidade da linha devido à me-
água, mas refere-se à plenitude do agente no jato. O jato nor pressão e ao menor recuo;
sólido é produzido pelo esguicho agulheta ou por esgui- • Tem maior poder de penetração.
chos de jato sólido14 (um tipo agulheta com mecanismo
Há, entretanto, desvantagens, dentre as quais cita-
de abertura e fechamento). O termo sólido, vem da for-
mos:
mação do jato como uma figura geométrica sólida, pre-
enchida. • O uso do esguicho de jato sólido não permite o
emprego de muitas técnicas;
Eles nada mais são do que um mero estreitamento,
ou seja, a água é lançada preenchendo todo o cilindro do • O jato promove uma menor absorção de calor

478 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


por litro de água que outros jatos mais fragmen- jato sólido, e o jato mais fechado produzido pelo esgui-
tados. cho com regulagem de jato de jato compacto.
O uso de esguichos com regulagem de jato, notada- O emprego de ambos é semelhante, porém, o jato com-
mente o esguicho combinado, permite o emprego de pacto não tem o mesmo alcance devido à fragmentação
mais de um tipo de jato, os quais veremos adiante. da água provocada pelo anteparo que dá forma ao jato.
JATO COMPACTO Isso, por outro lado, aumenta um pouco a capacidade de
absorção de calor. Apesar de ter um alcance menor, como
o jato compacto pode ser usado em um esguicho com re-
gulagem de jato, ele acaba por se tornar mais versátil, já
que o uso deste tipo de esguicho permite o emprego de
variadas técnicas de combate.
JATO NEBLINADO
Neste tipo de jato, a água fragmenta-se em gotas. É
usado quando a absorção de calor é priorizada em re-
lação ao alcance. A fragmentação da água oferece uma
maior área de contato o que permite absorver maior
quantidade de calor que os jatos sólido ou compacto.
Devido ao alcance reduzido e à grande influência que
Por muito tempo no Brasil designou-se o jato mais “fe- sofre do vento, o jato neblinado encaixa-se melhor em
chado” produzido pelo esguicho regulável da mesma manei- táticas de combate ofensivas.
ra que o jato produzido pelos esguichos de jato sólido. En- O jato neblinado assume a forma de um cone cuja pa-
tretanto, os dois jatos são fundamentalmente diferentes. rede é formada por gotas de água. Conforme a abertura
Enquanto que o jato de um esguicho tipo smooth-bore do cone, o jato é dividido em neblinado estreito e nebli-
é completamente preenchido de água, o jato mais com- nado amplo.
pacto produzido por um esguicho com regulagem de jato A abertura do cone influencia na aplicação do jato,
é “oco”. O “miolo” do jato é vazio. Isso se deve ao mecanis- uma vez que, quanto mais aberto, maior a fragmentação
mo de regulagem de jato que é um anteparo móvel que da água e consequentemente, menor a velocidade, me-
força a água ao redor dele deixando o interior do cone nor o alcance e maior a absorção de calor.
vazio.
Há esguichos que produzem um cone vazio e outros,
No idioma americano a diferenciação já começa no que produzem um cone “cheio”. O cone cheio, na verdade,
termo. Enquanto que o jato produzido por um esguicho não é cheio, mas possui outro cone mais estreito em seu
de jato sólido é chamado de solid stream, o jato parecido interior.
produzido por um esguicho de jato regulável é chamado
Outra característica do jato neblinado é que oferece
de straight stream (jato direto ou reto). O último termo
muito menor dificuldade de guarnecimento da manguei-
destaca que, apesar da forma ser parecida, o segundo
ra, pois o recuo provocado por esse jato é muitíssimo me-
jato não é preenchido, não é “sólido”.
nor devido à menor velocidade da água, o que gera menos
A falta de diferenciação dos termos em português em pressão dinâmica.
muito contribuiu para confusão entre os dois.
Devido à velocidade da água e área de contato com o
Para diferenciar, adotaremos o seguinte: chamaremos ar, por causa do princípio de Bernoulli, o jato neblinado
o jato produzido pelo esguicho agulheta ou similar de

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 479


Fig.: Jato neblinado amplo Fig.: Jato neblinado estreito

provoca um grande arrasto dos gases ao redor, seja ar ou pressão aplicada, o cone se desfaz, perde a forma e não
fumaça. Essa característica possibilita o emprego desse há mais verdadeiramente um “jato”, mas uma névoa de
jato para ventilação (ver capítulo específico). gotículas de água que sai do esguicho.
O jato neblinado estreito, devido às suas caracterís- Devido ao tamanho das gotículas e da baixa velocida-
ticas, é muito útil para a proteção contra calor irradiado de do jato neblina, ele sofre grande influência do vento e
podendo ser usado para proteger os bombeiros de uma tem pouco alcance.
linha ou até mesmo material não queimado.
Em virtude da maior fragmentação (as gotículas são
A fragmentação da água faz com que ela absorva ca- menores), a água se vaporiza mais rapidamente que nos
lor muito mais rapidamente que nos jatos compacto e jatos compacto e neblinado, absorvendo o calor com
sólido. Devido a este fato, o jato neblinado produz uma maior rapidez. Isso provoca uma geração rápida e grande
quantidade maior de vapor e o faz mais rapidamente que de vapor de água.
os jatos compacto e sólido.
Para que a fragmentação seja eficiente, a pressão re-
sidual deve ser elevada, caso contrário as gotas produzi-
das serão grandes demais, destruindo as características
vantajosas desse jato. O esguicho combinado utilizado
pelo CBMES foi desenhado para ser eficiente com uma
pressão residual de 100 PSI (aproximadamente 7 kgf/
cm2).

JATO NEBLINA
Ampliando mais a abertura da regulagem do jato nos
esguichos, chega-se a um ponto no qual, dependendo da

480 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Geralmente, a neblina é obtida pelo uso do aplicador • Dosagem de extrato de espuma: 3% ou 6%
de neblina acoplado ao esguicho universal. Alguns esgui-
• Pressão na saída: aproximadamente 63% da
chos combinados, quando aplicadas pressões elevadas,
pressão na entrada
podem produzir um jato quase tão pulverizado quanto o
obtido pelo aplicador de neblina. • Vazão de trabalho: varia entre 200, 400 e 800
LPM, ela vem marcada no corpo e é calculada
Com esses tipos de jato e com as demais regulagens
para uma pressão de entrada de 7 kgf /cm² ( 100
que mecanismos nos equipamentos hidráulicos permi-
PSI )
tem, podemos empregar variadas técnicas para aplica-
ção de água no combate a incêndios. Eles podem ser montados entre dois lances de man-
gueiras, diretamente na expedição da bomba ou junto ao
10.4.8.3. Proporcionador de espuma esguicho. Alguns cuidados devem ser observados em sua
O proporcionador de espuma é um equipamento hi- montagem:
dráulico que succiona o LGE através do efeito Venturi
• A distância entre o proporcionador de espuma e
para adicioná-lo à água da linha de mangueiras a fim de
o esguicho lançador de espuma não deve exce-
criar uma pré-mistura água-LGE que ainda sofrerá turbu-
der 45m, ou seja, 3 mangueiras de 15m
lência com o ar no esguicho lançador de espuma, tudopa-
ra ser profudido o jato de espuma. • O desnível entre o proporcionador de espuma e
o esguicho lançador de espuma não deve exce-
Assim como os outros equipamentos hidráulicos,
der 4,5m
os materiais utilizados na sua fabricação são normal-
mente bronze, latão e alumínio, podendo ter diferen- • A vazão do esguicho lançador de espuma deve
tes acabamentos – pintado, escovado, cromado. Seus ser compatível com a vazão do proporcionador
componentes básicos são o corpo, o dosador e o tubo de espuma
de sucção. O tubo se sucção é uma mangueira flexível • A pressão de entrada no proporcionador, para
com um terminal em tubo metálico e comprimento a boa formação da espuma, deve ser de 7 kgf/
aproximado de 1 metro. cm2 (100 PSI), sendo 5 kgf/cm2 (75 PSI) o limite
Um dos modelos utilizados no CBMERJ é fabricado mínimo.
pela Mecânica Reunida e possui as seguintes caracterís- A dosagem da espuma deve ser feita de acordo com
ticas técnicas: o tipo de LGE, seguindo as especificações da embala-
• Pressão de Trabalho: 5,5 kgf / cm² (78 PSI) à 13,5 gem.
kgf / cm² (190 PSI) Para calcular o volume de extrato necessário para 01
• Pressão de Teste Hidrostático : 21 kgf / cm² minuto de funcionamento do proporcionador, basta sa-
(300 PSI) ber a vazão de água fornecida pela bomba e realizar o
seguinte cálculo:
• Válvula de retenção: para evitar retorno do lí-
quido da linha de incêndio ao reservatório de • Com o dosador a 3% : Vol. = Vazão x 0,03
extrato de espuma, quando for interrompido o
• Com o dosador a 6% : Vol. = Vazão x 0,06
processo de aspiração

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 481


Fig – observe as partes do proporcionador e as marcações: Fig – no desenho técnico é possível identificar onde ocorre o
dosagem do LGE (0%, 3% e 6%), seta indicando o fluxo da efeito Venturi
água e vazão deste equipamento

Fig – proporcionador completo com o tubo de sucção

482 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


10.4.8.4. Esguicho lançador de espuma Seus componentes são: a união STORZ, o tubo de suc-
ção, a câmara de sucção e aerador, o mangote flexível, o
É um esguicho que possui admissão de ar para oxige-
requinte e alça para transporte a tiracolo.
nar a pré-mistura ar-LGE, vinda do proporcionador, e en-
tão formar a espuma de CI. Abaixo vemos as características técnicas de um mo-
delo muito utilizado no CBMERJ, fabricado na mecânica
Normalmente fabricados em latão e alumínio, podem
Reunida:
ter diferentes acabamentos – cromado, polido, anodiza-
do – e possuem alças para empunhadura. Existem nos • Vazão de trabalho: até 200 LPM
dois diâmetros de conexão STORZ.
• Dosagem de extrato (LGE) constante: 6%
Seus componentes básicos são: a união STORZ, o ae-
• Formação de espuma de baixa expansão: taxa
rador radial e o bocal longo.
1:10
Esse tipo de esguicho forma espuma de baixa expan-
• Pressão de trabalho: 3 kgf / cm² ( 42 PSI ) à 14
são (taxa de expansão : 1 : 10) e sua pressão de trabalho
kgf / cm² ( 200 PSI )
vai de 3 kgf / cm² (42 PSI) até 14 kgf / cm² (200 PSI). O
modelo mais encontrado no CBMERJ é de 2 ½” com va- • Possibilidade de curvar o esguicho em torno do
zão de 800 LPM a 100 PSI. operador até 180°

Fig – observar as partes do esguicho proporcionador de es-


puma

Fig – observe as entrada de ar radial próxima à junta STORZ

10.4.8.5. Esguicho proporcionador


de espuma
É um esguicho que faz a pré-mistura água-LGE e reali-
za também a mistura com o ar, lançando o jato de espuma Fig – desenho técnico do esguicho proporcionador de espuma
de CI, em outras palavras ele faz a mistura completa para
a geração da espuma: água + LGE + ar.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 483


uma sala e com bainha reforçada com ilhoses, a espessu-
ra também é importante para conferir resistência.
As lonas para caminhão funcionam bem para salva-
tagem e são comuns nas nossas viaturas, elas são con-
feccionadas em tecido 100% algodão com fios tintos e
retorcidos com tratamento para repelência a água. Den-
tre os tamanhos encontrados no mercado o de 6 x 4m é o
mínimo para salvatagem.

Fig – detalhe da câmara de sucção e aerador

Comparando-se sistema proporcionador/lançador


com o esguicho proporcionador de espuma vemos algu-
mas diferenças claras que podem nos ajudar a decidir
qual é a melhor escolha de acordo com o cenário:
• O sistema proporcionador/lançador é um pou- Fig – lona de caminhão
co mais complexo para montar;
• O esguicho proporcionador de espuma tem que
As lonas de polietileno possuem algumas vantagens:
trabalhar conectado ao galão de LGE, o que im-
pede uma movimentação livre do esguicho; são mais leves, de fácil manuseio, geralmente inertes
a produtos químicos e bastante flexíveis, também não
• O esguicho proporcionador não possui dosador, emboloram e não absorvem umidade; porém não servem
o que limita as possibilidades de espuma a se-
para envolver objetos cortantes ou perfurantes e têm
rem produzidas.
tendência a escorregar. Elas são fabricadas em cores e
10.4.9. Materiais de salvatagem tamanhos variados. Aqui vai uma referência para lona de
salvatagem em polietileno: espessura de 200 micras, 8 X
Materiais de salvatagem não são equipamentos es-
5m, peso de 6,5 Kg (fig abaixo).
pecíficos, eles são materiais simples, como lonas, filmes
plásticos, cordeletes e escadas que ao serem estabele-
cidos para direcionar ou drenar a água, para bloquear a
fumaça, ou para tampar aberturas da construção, tomam
uma função específica de salvatagem.
O material mais importante para a salvatagem são as
lonas. Para desempenhar bem a função de salvatagem a
lona transportada na viatura deve ser impermeável, com
um tamanho grande suficiente para cobrir os móveis de
Fig – lona de polietileno

484 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Os filmes plásticos em polipropileno também podem
ser usados, mas é preciso ter atenção quanto ao local de
aplicação, pois sua resistência mecânica é bem menor.

Fig – lona amarrada a escoras reguláveis para criar uma calha

Fig – lona plástica em polipropileno reciclado, bobinas com 4


metros de largura por 100m de comprimento

Abaixo veremos algumas aplicações dos materiais de


salvatagem.

Fig – lonas, sarrafos de madeira e telhas cobrindo aberturas


da construção

Fig – lona e escada para criar uma calha de escoamento da


água num andar

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 485


Neste capítulo não temos a intenção de esgotar o as-
sunto, mas de oferecer uma abordagem dos princípios
básicos ligados a este tipo de sinistro de forma a forne-
cer ferramentas para atuação dos bombeiros de forma
segura e eficaz.
Conforme visto anteriormente, temos os três elemen-
tos que constituem o triângulo do fogo que são: combus-
tível, comburente e calor. Abordou-se também como se
desenvolve a reação em cadeia dentro de um incêndio. No
Incêndio Florestal temos todos esses fatores atuando,
porém de forma particular, já que o combustível principal
de um incêndio desta categoria é uma cobertura vegetal.
O Estado do Rio de Janeiro possui como principal
bioma a Mata Atlântica, dentro deste bioma tem-se al-
gumas subdivisões como: ombrófila densa, campos de
Fig – lona usada para retirar objetos
altitude e a vegetação costeira.
valiosos o local sinistrado
A Floresta ombrófila densa possui árvores de grande
Fonte: CBMERJ, 2016
porte em número elevado, com alta umidade, desta for-
ma o próprio incêndio em si encontra dificuldades para
Considerando que as lonas estarão sempre em con-
penetrar em seu interior.
tato com água e sujeira é importante uma manutenção
mínima destes materiais. Lavar com água e sabão neutro Os campos de altitude ocorrem acima de 1.800 metros
e secar a sombra são os cuidados básicos para os mate- de altitude, são vegetações menores e muito secas em fun-
riais têxteis. Para as lonas de fibra natural (algodão) a ção dos ventos, sendo assim mais propícias ao fogo. Aqui no
escovação é fundamental para retirar a sujeira da trama. Estado do Rio de Janeiro os dois principais locais com inci-
Estes cuidados previnem o mofo e por consequência a dência de incêndios em campos de altitude são: Parque na-
perda de resistência do material, aumentando sua vida cional de Itatiaia e o Parque Nacional da Serra dos Órgãos.
útil. Além disso, como qualquer outro material de bom- A vegetação costeira, por sua vez, é composta essen-
beiro, começar a trabalhar com o material limpo e bem cialmente pelos mangues e restingas.
cuidado é como começar a caminhar em uma trilha com
as meias secas: a proteção e o conforto serão muito me- É importante frisar também que é muito comum, nas
lhor, mesmo que fiquem úmidas e sujas ao final do per- margens das estradas ou em grandes áreas rurais, o
curso. crescimento de vegetação do tipo capim colonião. Esta
vegetação é a responsável por boa parte dos incêndios
10.4.10. Incêndios Florestais florestais que ocorrem em nosso Estado, pois queimam
com grande facilidade.
Mesmo com a existência eventualmente de unidades
especializadas em determinados tipos de socorros, exis-
10.4.10.1. Causas dos incêndios flores-
tem ocorrências ligadas às atividades de bombeiro que,
tais
em função da grande incidência e variabilidade de locais
de ocorrência, necessitam de um estudo, ainda que bási- Podemos classificar os incêndios florestais de diver-
co, para todos os bombeiros, este é o caso dos incêndios sas formas, neste manual trataremos apenas da nature-
florestais. za da causa e da natureza do agente causador.

486 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


• Quanto à natureza da causa:
- Natureza química – Ocorre quando o incên-
dio se origina através de uma reação química.
- Natureza física – Ocorre quando o incêndio
se origina por algum fenômeno ou efeito fí-
sico.
- Natureza biológica – Ocorre quando a ori-
gem do incêndio é causada por bactérias,
fermentações, etc.
• Quanto à natureza do agente:
- Agente humano – Quando a origem do incên-
dio tem como causa a ação do ser humano.
Pode ser causada acidentalmente ou não.
Atualmente é a principal causa originadora
dos incêndios florestais. Fig.– triângulo do incêndio florestal
- Agente natural – São incêndios causados
por algum fenômeno natural, sem influência
de vontade ou erro humano. Vejamos como cada um destes fatores influencia no
estudo dos incêndios florestais.
No Rio de Janeiro a maior estatística de incêndios
florestais se dá entre os meses de maio e setembro, pe- 10.4.10.2.1. Topografia
ríodo de estiagem. Quando há combinação de baixa umi-
Dentro do fator topografia temos alguns aspectos
dade do ar com altas temperaturas, nesta época do ano,
que são bastante relevantes e que contribuem direta-
eclodem muitos incêndios florestais simultaneamente.
mente para a propagação e planejamento do controle de
10.4.10.2. Fatores que influenciam um incêndios florestais. São estes:
incêndio florestal • Altitude – Quanto mais elevado é o terreno, a ten-
A principal diferença entre um incêndio urbano e um dência é que menor seja o tamanho da vegetação.
incêndio florestal não se dá apenas pelo combustível. Há • Exposição das vertentes – Esse fator está rela-
uma série de variáveis que contribuem significativamen- cionado à exposição de uma determinada área
te no estudo de um incêndio florestal e que, por outro aos raios solares. No hemisfério sul o sol percor-
lado, não tem importância significativa em um incêndio re seu caminho pela porção norte da abobada
urbano. Didaticamente fazemos uma analogia ao triângu- celeste, logo há maior incidência de raios solares
nas áreas voltadas para o norte, portanto neste
lo do fogo e aqui temos o triângulo do incêndio florestal.
caso há maior temperatura e menor umidade.
Neste caso o triângulo do fogo não deixa de existir,
• Inclinação do terreno – Esse fator contribui di-
pois onde há incêndio (fogo) há combustível, comburen-
retamente na velocidade de propagação do in-
te e calor. O triângulo do incêndio florestal nos ajuda a cêndio. Quanto mais inclinado o terreno, maior
evidenciar os fatores que devem ser avaliados em um será a propagação morro acima em virtude das
incêndio deste tipo. Tais fatores são: topografia, clima e correntes de convecção, que desidratam a ve-
vegetação. getação acima das chamas, deixando-as pron-
tas para queimar. Morro abaixo a propagação

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 487


é mais lenta, pois nesse caso as correntes de 10.4.10.3. Vegetação
convecção encontram-se em sentido contrário.
A vegetação também tem grande importância neste
• Morfologia do relevo – Esse fator influencia o estudo visto que cada tipo de vegetação tem diferente
percurso dos ventos e favorece a criação de mi- capacidade de absorção de água, portanto possuem com-
croclimas em uma região, favorecendo o desen- portamentos diferentes tanto quanto na possibilidade de
volvimento de espécies que não seriam comuns
ocorrência do incêndio como da propagação do mesmo.
nesta região.
A homogeneidade dos combustíveis conjugado com
10.4.10.2.2. Clima o seu tamanho também devem ser considerados, pois
As condições climáticas que mais influenciam a pro- quando um combustível vegetal de pequeno porte e ho-
pagação de um incêndio florestal são: temperatura, umi- mogêneo incendeia sua propagação costuma ser muito
dade (do ar e da vegetação) e ventos. mais acelerada.

• Temperatura – É a responsável pelo aquecimen- Classificação dos incêndios florestais quanto ao tipo
to ou resfriamento dos combustíveis. Em altas Para o caso da classificação dos incêndios florestais
temperaturas o combustível fica mais resseca-
quanto ao tipo, temos: incêndio de superfície, incêndio
do, portanto mais vulnerável, principalmente
de copa e incêndio subterrâneo.
quando associado à baixa umidade.
i) Incêndio de superfície – ocorre quando as chamas se
• Umidade – A umidade atmosférica é a quantida-
de de vapor de água presente no ar atmosféri- propagam junto ao solo, queimando os combustíveis da
co. Quanto mais alta for a temperatura, maior a superfície (arbustos e serapilheira). Tem por principais
possibilidade da água se manter na atmosfera características a alta inflamabilidade, grande capaci-
sem se condensar e, desta forma, a umidade dade de propagação e geralmente não produz onda de
do ar se mantém mais alta. Da mesma forma, calor tão elevada, como apresentado na figura ao lado.
com temperaturas mais baixas, a possibilidade
do vapor de água passar para o estado líquido
é maior, mantendo menos umidade em forma
de vapor na atmosfera. A umidade atmosférica
também influencia na umidade presente nas
plantas. Durante o dia o ar retira umidade da
vegetação, uma vez que possui maior capacida-
de de absorver água e maior temperatura que
os vegetais. O contrário ocorre à noite, quan-
do as plantas absorvem umidade do ar, já mais
fresco e úmido. A umidade de um combustível
é a quantidade de água presente no vegetal em
porcentagem em relação ao peso seco, poden-
do chegar a 300%.
• Ventos – Os ventos, além de alimentar o incêndio
oferecendo-lhe o comburente necessário, são
Fig. Fonte: CBMGO
responsáveis pelo direcionamento da propaga-
ção do incêndio. Portanto a direção do vento deve
ii) Incêndio de copa - ocorre quando as chamas atingem
ser observada constantemente, pois se esta se
as camadas mais altas do combustível, nomeadamen-
alterar durante o combate, uma localização que
te as copas das árvores e se propagam através destas.
antes era segura pode se tornar perigosa.

488 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Tem por principais características a alta quantidade Algumas literaturas apresentam ainda algumas ou-
de calor gerado, a dificuldade do combate o perigo do tras Classificações como incêndio de projeção ou incên-
mesmo, como podemos ver na figura ao lado. dio total, porem qualquer outra classificação provem da
combinação destas que foram apresentadas.

10.4.10.4. Partes de um incêndio flores-


tal
Importante se faz conhecer as partes que compõe
um incêndio florestal, pois desta forma os bombeiros
envolvidos no combate poderão utilizar uma mesma ter-
minologia de forma a otimizar e facilitar o processo de
comunicação.
A figura abaixo demonstra cada uma destas partes.

Fig. Fonte: CBMGO

iii) Incêndio subterrâneo – ocorre na porção inferior do


solo, também conhecido como turfa. São os combus-
tíveis que são formados a partir da decomposição de
matéria orgânica animal ou vegetal. Normalmente não
apresentam chamas e tem por características a alta
quantidade de calor, a queima de forma lenta, a dificulda-
de de localização e o perigo para combater, vide figura.

Fig. Fonte: CB/PMPR

A seguir faremos uma sucinta descrição de cada uma


destas partes a fim de conceituá-las:
• Frente principal ou cabeça – zona onde o incên-
dio se propaga com maior intensidade;
• Retaguarda ou cauda – zona oposta à frente;
onde o incêndio assume menor intensidade, ain-
da que possa também progredir nessa direção;
• Flanco – parte lateral situada entre a frente e a
retaguarda; o flanco direito situa-se no lado di-
reito do sentido de progressão do incêndio e, o
esquerdo, do lado esquerdo;
Fig. Fonte: CBMGO

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 489


• Dedo – saliência num flanco, correspondente com aditivo com capacidade de aproximadamente
ao local onde o incêndio se propaga com maior 19 litros e engate rápido para a mangueira. Além dis-
velocidade; so, possui quebra ondas em seu interior que garante
• Ilha – área situada no interior do perímetro do maior estabilidade para o combatente. Veio em subs-
incêndio que não foi afetada pelo mesmo, isto é, tituição a Bomba Costal Rígida que possuía função
não foi queimada; análoga, porem com ergonomia menor.
• Foco secundário – ponto exterior, separado do • Pinga fogo – também conhecido como queimador, o
perímetro do incêndio principal, onde se verifi- pinga-fogo apresenta um tanque de aço inoxidável
ca a ignição de um novo foco de incêndio; com capacidade de 5 (cinco) litros, funciona com mis-
• Bolsa – zona compreendida entre o flanco e o tura diesel com gasolina na proporção de 4:1 Pode ser
dedo. utilizado para queimas controladas, construção de
aceiros e nas operações de combate com a técnica
10.4.10.5. Materiais de combate a in- fogo contra fogo.
cêndio florestal
Os materiais de combate a incêndio florestal podem
ser divididos em equipamentos de proteção individual
(Uniforme de proteção antichamas, capacete, mascara,
óculos de proteção, coturnos, luvas, balaclava e fireshel-
ter ou abrigo de incêndio florestal) e equipamentos de
uso coletivo.
Os incêndios florestais comumente ocorrem em locais
de difícil acesso e causam grande desgaste físico dos mi-
litares, por isso existem certas características básicas
que todos estes materiais devem possuir: Produtividade • Conjunto de combate para pick-up – em locais que
e eficiência, versatilidade, portabilidade, durabilidade, possuem topografia montanhosa, o deslocamento
simplicidade, fácil manutenção e padronização. da guarnição ate o local do sinistro fica bastante di-
ficultosa. O acesso com viaturas leves, principalmen-
A seguir, apresentaremos alguns dos materiais de
te com tração nas quatro rodas, facilita a resposta
combate a incêndio florestal de uso coletivo utilizados
a estes eventos. O conjunto de combate, que pode
no CBMERJ:
ser montado em qualquer modelo de veiculo do tipo
• Bomba Costal Flexível – A mochila costal ou bom-
ba costal flexível é composta por um tanque de PVC

490 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Pick-up, é composto por um tanque flexível de capa- • Pulaski – É uma ferramenta combinada que em uma
cidade variável, um mangote, uma moto-bomba, uma extremidade funciona como machado e na outra
mangueira de uma polegada e um esguicho regulável. como picareta. Serve para o corte de árvores ou ar-
• Fireflex e bambi-bucket – É um reservatório de água, bustos e para construção de trincheiras dentre ou-
dobrável, de fácil transporte, para ser utilizado quando tras coisas.
não há pontos de captação de água próximo aos locais
do incêndio. E utilizado principalmente em conjunto
com o bambi-bucket(acessório acoplado a aeronave
para o transporte de água, possui tamanho e capacida-
de variáveis), evitando assim grandes deslocamentos
da aeronave. Pode ser abastecido com a água presente
viaturas de combate. Existem diferentes modelos de
fireflex com diferentes tamanhos e capacidades.

• Mc Leod – Ferramenta combinada que em uma extre-


Fig. fireflex midade funciona como rastelo e na outra como en-
xada. Serve para a construção de aceiros bem como
para o corte de raízes e ramos.

Fig. bambi-bucket

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 491


• Abafador – O abafador é usado para o combate dire- umedecer a vegetação diminuindo a intensidade das cha-
to ao fogo por abafamento e no rescaldo, é composto mas, dentre diversão possibilidades existentes em fun-
por cabo de madeira flexível, lâmina de borracha re- ção do incêndio e do local onde este se apresenta.
sistente a altas temperaturas e suporte de ferro res-
Por fim no método combinado e onde ocorrem as duas
ponsável por unir o cabo e a lâmina de borracha.
formas de combate, comumente utilizado quando dispo-
mos de grande efetivo e o incêndio permite aproximação
dos militares.
Nos incêndios florestais o combate pode ser feito
com água, caso haja disponibilidade, pode ser utilizada
a aeronave para auxiliar neste combate. As bombas cos-
tais que transportam água não são para efetuar o comba-
te com água propriamente dito, elas são usadas para di-
minuir a intensidade para o militar se aproximar e fazer o
combate com os materiais de sapa vistos anteriormente.
Quanto aos aceiros existem os naturais que pode ser
um rio, uma parede rochosa ou algo já existente na natu-
reza e os artificiais que são confeccionados pelo homem.

10.4.11. Materiais de rescaldo


O rescaldo é a fase do serviço de combate a incêndio
As demais ferramentas são ferramentas de sapa co- em que se localizam os focos de incêndio sob os escom-
nhecidas tais como: foice, enxada, rastelo, facão, picare- bros, a fim de extingui-los, para que o incêndio não retor-
ta, machado etc. ne depois do trabalho terminado.

10.4.10.6. Métodos de combate a incên- Os principais materiais utilizados nesta fase do in-
dio florestal cêndio são: croque, alavanca, pá, gadanho e enxada,
materiais estes que já foram descritos nos capítulos an-
A forma de efetuar o combate a incêndios florestais
teriores deste volume, não se fazendo necessária nova
será escolhida pelo comandante do socorro após levar
exposição a respeito dos mesmos.
em consideração todos os fatores abordados neste es-
tudo. Existem três métodos de combate, estes são: dire- 10.4.12. Escadas
to, indireto e o combinado ou misto.
Muito além do CI, em todas as atividades de bombeiro
O método direto há o contato direto com a chama, in- é frequente a necessidade de se alcançar locais acima do
dependente da técnica e da tática aplicada. nível do piso e por isso as escadas são um equipamento
Já no método indireto ocorre quando não há a possi- fundamental. Além de servir como meio de alcançar luga-
bilidade de se fazer o combate direto, neste caso, são res elevados, elas possuem outras funções como servir
utilizadas estratégias para contenção e extinção do in- de plataforma, calha para escoamento de água, ponto de
cêndio sem o contato com as chamas. Pode utilizar-se ancoragem e tripé improvisado.
a construção de aceiros, que é uma descontinuidade na A variedade de tipos de escada e suas dimensões são
vegetação, para eliminar o combustível, ou aproveita-se enormes. Adiante, mostraremos as mais comuns para
a constituição rochosa de determinado local para encur- operações de bombeiros.
ralar o incêndio ou ainda aplicação de uma linha fria para

492 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Para tanto é preciso conhecer as partes de uma escada: 10.4.12.1. Escada simples
• Banzo: é a viga da escada; a longarina; nas esca- É a escada comum, que possui um único lanço formado
das comuns existem 2 banzos paralelos por 2 banzos paralelos e degraus.
• Degraus: suporte para os pés Antigamente o material mais comum para escadas era
• Pé da escada: é a base da escada a madeira, hoje a maioria é fabricada em alumínio e fibra
de vidro que são materiais mais leves.
• Topo da escada: parte superior da escada
• Travas: peças que travam o movimento entre os 10.4.12.2. Escada de bombeiro
lanços
É a escada que foi desenhada originalmente pelos
• Lanço: corpo da escada, em uma escada comum bombeiros da França com o objetivo de escalar edifi-
é compreendido por 2 banzos paralelos e seus cações pelo lado externo. O trabalho era feito com uma
degraus dupla de bombeiros e escadas que iam se revezando na
Uma escada deve ser estabelecida de forma que a subida.
distância entre o pé da escada e a parede seja, aproxi- Constituída por uma peça de corpo único, só tem um
madamente, um quarto do comprimento operacional da banzo, com um gancho no topo e pequenos degraus em
escada. Assim a inclinação correta é conseguida, com um metal é um desenho simples e genial.
ângulo de cerca de 75º (neste ângulo, a superfície dos de-
graus deve ficar horizontal).
As escadas em geral não são projetadas para serem
utilizadas como pontes, mas na atividade de bombeiro
isso pode ser necessário e já foi utilizado. Neste caso
é bom testar a escada do seu quartel em uma pequena
elevação ou se informar através do manual do produto.
As escadas mais modernas passam por teste de carga
Fig. desenho original da escada de bombeiro.
de 110Kg para esta posição. É uma técnica viável e sua
segurança pode ser aumentada através de cordas, como
fazem os alpinistas.

Fig. escada prolongável de 3 lanços em alumínio sendo usada Fig. foto antiga mostrando a utilização
como ponte; https://www.mountainguides.com /photos/simo/ da escada de bombeiro.
ev03-ladder-hahn2.jpg

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 493


10.4.12.3. Escada de dois ganchos banzos são afastadores para facilitar a colocação das
mãos e pés durante a subida. O comprimento médio é de
É a evolução natural da escada de bombeiro. Pelo fato
4 a 6 metros.
de possuir os 2 banzos ela se torna mais estável e por
isso mais segura para o operador. Quanto às aplicações, as escadas de ganchos podem
ser usadas para subir em telhados com inclinação ou ser-
As escadas de dois ganchos atuais geralmente são de
vir de plataforma para trabalhar, escalar estruturas me-
alumínio e os ganchos são retráteis, o que facilita muito o
tálicas, além do seu uso original de escalar edificações
transporte em locais estreitos. Elas podem ser simples,
pelo lado externo.
prolongáveis ou dobráveis (rebatível). Os ressaltos nos

Fig. Escada de ganchos com ganchos retráteis. Fig. Escada de gancho dobrável.

10.4.12.4. Escada prolongável Mostraremos agora os detalhes da última escada pro-


longável adquirida pelo CBMERJ, da marca Cogumelo.
A escada prolongável possui lanços corrediços que se
Os seus degraus são em alumínio, mas os banzos são em
estendem para ampliar o seu alcance. Existem escadas
fibra de vidro. O modelo maior tem as seguintes carac-
prolongáveis de 3 e até 4 lanços, mas no CBMERJ nor-
terísticas: 9,90m estendida; 5,73m fechada e 29,5 Kg e
malmente encontramos a de 2 lanços.
110Kg é sua carga de trabalho.
Estas escadas possuem travas para mantê-las na po-
O que chamamos aqui de fibra de vidro é na verdade
sição desenvolvida e um sistema de corda com polia para
um sistema de resina composta por resina poliéster, epo-
ajudar no seu desenvolvimento. O material mais utilizado
xi estervinílica ou fenólica reforçada com fibras de vidro,
para fabricar este tipo de escada é o alumínio.
que conferem uma série de qualidades ao material, tais

494 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


como resistência química (corrosão) e boas proprieda- raturas elevadas, intempéries e água. O retardamento de
des de isolamento elétrico, além de resistência a tempe- chama é conseguido através de aditivos.

Fig. Escada prolongável.


Fig. bombeiros na escada prolongável

10.4.13. Sistema preventivo fixo


São equipamentos instalados em alguns tipos de edi- i) Reserva Técnica de Incêndio (RTI)
ficações por força do Decreto nº 897 de 21/09/76 (Códi- Quantidade de água existente no reservatório da
go de Segurança Contra Incêndio e Pânico - COSCIP), que edificação, destinada, exclusivamente, à extinção de in-
estabelece normas de segurança contra incêndio e pâni- cêndio, sendo assegurada através da diferença de nível
co, levando em consideração a proteção das pessoas e entre a saída da canalização de incêndio e da rede de dis-
dos seus bens. tribuição geral. A quantidade mínima de água da RTI é de
Esses equipamentos estão, basicamente, descritos 6.000 (seis mil) litros de acordo com o COSCIP.
abaixo:

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 495


A tubulação de incêndio atravessa verticalmente to-
dos os pavimentos da edificação, com ramificações para
todas as caixas de incêndio e termina no registro de pas-
seio (hidrante de recalque).
iii) Casa de Máquina de Incêndio (CMI)
É um compartimento destinado especialmente ao
abrigo de bombas de incêndio (eletrobomba e/ou mo-
tobomba) e demais apetrechos complementares ao seu
funcionamento, não se admitindo o uso para circulação
ou qualquer outro fim. O seu acesso será através da por-
ta corta-fogo e seu objetivo é pressurizar o sistema.

ii) Tubulação de Incêndio


Existem dois tipos de tubulação de incêndio, a canali-
zação preventiva e a rede preventiva. São dutos destina-
dos à condução da água, exclusivamente, para o combate
a incêndios, podendo ser confeccionados em ferro-fun-
dido, ferro galvanizado ou aço carbono e diâmetro míni-
mo de 63mm (2 1/2”) para a canalização e 75mm (3”) para
a rede. Tal duto sairá do fundo do reservatório superior
(excepcionalmente sairá da parte inferior do reservató-
iv) Caixa de Incêndio
rio).
Terá a forma paralelepipedal com as dimensões mí-
nimas de 70 cm de altura, 50cm de largura e 25cm de
profundidade, porta de vidro com a inscrição “INCÊN-
DIO” em letras vermelhas e possuirá no seu interior um
registro de 63mm (2 1/2”) de diâmetro e redução para
junta “Storz” com 38mm (1 1/2”) de diâmetro, na qual fi-
carão estabelecidas as linhas de mangueira e o esguicho
(canalização preventiva); e hidrantes duplos e saídas com
adaptação para junta “Storz”, podendo esta ser de 38mm
(1 1/2”) ou 63mm (2 1/2”) de diâmetro, de acordo com o
risco da edificação. Serão pintadas na cor vermelha, de
forma a serem facilmente identificáveis e poderão ficar
no interior do abrigo de mangueiras ou externamente ao
lado destes (rede preventiva).

496 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


vi)
Rede de Chuveiros Automáticos do tipo
“Sprinkler”
O sistema de proteção contra incêndio por chuveiros
automáticos do tipo “Sprinkler” é constituído de tubula-
ções fixas, onde são dispostos chuveiros regularmente
distribuídos sobre a área a proteger, é permanentemen-
te ligado a um sistema de alimentação de água (reserva-
tório) e pressurizado, de forma a possibilitar, em caso de
ocorrência de incêndio, a aplicação de água diretamente
sobre o local sinistrado.
Isto ocorre quando o selo sensor de temperatura (am-
pola) se rompe, aproximadamente, a uma temperatura
de 68 ºC (existem ampolas próprias para outras tempe-
raturas).
Cada chuveiro (bico) tem o seu funcionamento inde-
pendente, podendo ser acionado um ou quantos forem
v) Hidrante de Recalque
necessários para sanar o problema (incêndio) em uma
O registro de passeio (hidrante de recalque) possuirá determinada área.
diâmetro de 63mm (2 1/2”), será dotado de rosca macho,
adaptador para junta “Storz”, de mesmo diâmetro, e tam-
pão. Ficará acondicionado no interior de uma caixa com
tampo metálico com a inscrição “INCÊNDIO”.
Tal dispositivo deverá ficar localizado junto à via de
acesso de viaturas, sob o passeio e afastado dos pré-
Selo de vedação
dios, de forma a permitir uma fácil operação. Seu obje-
tivo principal é abastecer e pressurizar a tubulação de
incêndio, através das viaturas do Corpo de Bombeiros.

Bulbo de vidro

Defletor

Fig. Sprinkler

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 497


viii) Escada Enclausurada à Prova de Fumaça
As escadas enclausuradas são construídas em alve-
naria e devem ser resistentes ao fogo por quatro horas,
servindo a todos os andares. Devem possuir lances retos
e patamares, além de corrimão. Entre a caixa da escada
e o corredor de circulação deve existir uma antecâmara
para a exaustão dos gases, evitando assim que a fuma-
ça chegue à escada propriamente dita. Existe uma porta
corta-fogo ligando a circulação à antecâmara e outra li-
gando esta à escada.

vii) Sistema de Proteção Contra Descarga At-


mosférica (Pára-Raios)
Dispositivo responsável pela captação e condução da
descarga de energia elétrica, proveniente de raios, para
o solo. Este dispositivo é instalado no alto da edificação
a proteger, e é constituído de: captor, haste, cabo de des-
carga e barras de aterramento.

Fig. Escada enclausurada

Fig. Pára-raios

Fig. Portas corta-fogo

498 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


10.5. TÉCNICAS DE COMBATE A INCÊN- menos 3 rádios portáteis ou deve providenciar algum
DIO tipo de comunicação eficiente entre os chefes das guar-
nições e o comandante de operações.
Esta parte do manual tem o objetivo de abordar as
técnicas e fases de combate a um incêndio, bem como O deslocamento para o socorro deve obedecer, ainda,
procedimentos didáticos de aquisição de maneabilidade as determinações quanto a velocidade de deslocamento
com os materiais relacionados ao combate a este tipo de das viaturas, a distância a ser mantida entre elas, bem
sinistro. como obedecer à legislação de trânsito vigente.

10.5.1. Fases da operação de combate a 10.5.1.2. Isolamento da área e evacua-


incêndio ção
Começaremos pela abordagem das operações de Os eventos relacionados às emergências são sempre
combate a incêndio que, segundo o Procedimento Ope- situações que apresentam grande risco aos bombeiros e
racional Padrão de Incêndios em edificações (POP), de- à população em geral. Para tanto, no momento da respos-
senvolvem-se seqüencialmente nas seguintes fases: ta a estes sinistros devemos atentar para a questão do
isolamento do local.
• Deslocamento
A distância adequada para o isolamento deve ser com-
• Isolamento da área e evacuação
patível com o risco apresentado e pode variar de alguns
• Reconhecimento do local metros até mesmo quilômetros de distância do ponto
• Estabelecimento inicial do acidente. Ao isolar o local, porém, devemos fa-
• Ataque zê-lo somente o necessário, evitando assim a imposição
de maiores transtornos à população que não sejam de
• Combate a incêndio
fato fundamentais.
• Salvamento
É importante dizer ainda que o isolamento é algo di-
• Proteção nâmico e pode ser ampliado ou reduzido dependendo da
• Inspeção e rescaldo evolução do evento, podendo ser necessário até mesmo
realizar a evacuação de edificações dentro do raio de pe-
• Recolhimento de materiais e abastecimento
rigo.
• Inspeção final
Podemos utilizar meios como fita de isolamento, co-
• Entrega do local nes e cordas para demarcar o raio desejado, podendo
• Retorno à UBM ainda, se necessário, solicitar apoio de outras forças
como a polícia militar se a situação assim demandar.
10.5.1.1. Deslocamento
Um dos procedimentos mais importantes neste mo- 10.5.1.3. Reconhecimento do local
mento é a coleta de dados durante o deslocamento, de- O serviço de reconhecimento é feito pelo comandan-
ve-se buscar o máximo de informações possíveis junto à te do socorro com o auxílio dos chefes das guarnições
SsCO, estas informações incluem tipo de evento, número empenhadas e consiste na avaliação das condições em
de vítimas, pontos de referência, melhor acesso, dentre que se desenvolve o incêndio, de modo que possa identi-
outros. ficar e dimensionar as ações a tomar. O reconhecimento
inicia-se com a chegada do socorro e pode começar no
Partindo do princípio de que uma boa comunicação é
percurso dos primeiros veículos para o local do incêndio,
fator fundamental para o sucesso da operação, o POP
desde que haja contato visual.
determina que a equipe de socorro porte com ela pelo

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 499


Pontos a serem observados: • Meios de ventilação: definir qual técnica será
utilizada: ventilação natural ou ventilação for-
• Existência de vítimas ou pessoas em perigo;
çada;
• Tipo de construção e respectiva ocupação;
• Meio para apoio ao abastecimento de água:
• Área e altura do edifício (atentar para edifica- sempre que possível, montar uma linha para
ções elevadas – vide POP – incêndio em edifica- abastecimento (vide POP – Suprimento de água
ções elevadas); para incêndio);
• Localização de áreas com maior risco; • Corte do fornecimento energia elétrica: avaliar
• Localização e extensão do incêndio; a possibilidade de executar o corte de forma
gradual e somente na área sinistrada, de modo
• Tentar preservar os locais que poderão ser afe- a impedir o pânico, principalmente tratando-se
tados pelo incêndio; de local com reunião de público (vide POP – In-
• Capacidade local de abastecimento de água cêndio em local com reunião de público);
para serviço de incêndio; • Corte do abastecimento de GLP em cilindro
• Condições meteorológicas no local; estacionário: atentar para a possibilidade de
abastecimento de gás encanado;
• Condições de acesso;
• Linhas de mangueira para combate e para pro-
• Possíveis locais para ventilação; teção dos bens: será definido como as linhas
• Existência de produtos perigosos (vide POP – de mangueiras serão estabelecidas, ou seja, se
Incêndios com produtos perigosos). a linha será alimentada diretamente do veículo
ou se será utilizada canalização preventiva do
Desta análise partirão as ordens para cada chefe de
local (se for o caso), lembrando sempre que o
guarnição, que deverá emaná-las a suas equipes. local de entrada da linha no ambiente atingido
pelo incêndio deve ser em posição contrária à
10.5.1.4. Estabelecimento ventilação do ambiente, de modo a facilitar a
Nesta fase, com base nas informações colhidas duran- saída de fumaça.
te o reconhecimento, são distribuídas as ações efetivas
de trabalho aos chefes de guarnições que as transmiti- 10.5.1.5. Ataque
ram a suas respectivas equipes. COMBATE OFENSIVO E DEFENSIVO
• Dentre as ações a serem estabelecidas pelas Antes de falarmos sobre as técnicas de combate pro-
guarnições, merecem destaque as seguintes: priamente ditas, é necessário que falemos dos modos de
• Meios de salvamento (se for o caso): é a fase ataque ou táticas.
prioritária das ações do socorro, deve-se defi- As operações de combate a incêndio estrutural (as
nir qual tática será utilizada, ou seja, se serão que ocorrem em edificações) podem ser conduzidas por
utilizados os acessos internos da edificação ou
duas linhas diferentes de ação: ofensiva e defensiva.
se será necessário utilizar meios externos da
edificação para a evacuação do local sinistrado. As operações ofensivas consistem na penetração e
Consiste também nas ações de localização e combate ao incêndio no interior da edificação. As opera-
busca das vítimas; ções defensivas consistem no combate externo, feito do
• Meios de socorro médico: vide POP – Operação lado de fora da edificação, concentrando esforços tam-
de atendimento às vítimas. Em caso de mais de bém no isolamento do incêndio.
5 vítimas, vide POP – Múltiplas vítimas; Os dois modos de atuação requerem o emprego de
técnicas diferentes para o combate e extinção das cha-

500 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


mas, as quais veremos adiante. Agora, o que define se o Feitas as considerações que permitem entender o
combate se dará no modo ofensivo ou defensivo? combate ofensivo e defensivo, passemos às técnicas de
combate.
De modo geral, duas situações remetem o combate a
incêndio estrutural ao modo defensivo: Técnicas de combate a incêndio são formas de utili-
zação dos meios disponíveis para combater incêndios
• Edificação completamente tomada pelas chamas;
com maior segurança e com um mínimo de danos du-
• Risco de colapso da estrutura. rante o combate. Como já mencionado anteriormente,
Mesmo os riscos de fenômenos de comportamen- combater incêndios não é sinônimo de “apagar o fogo”.
to extremo do fogo não impedem a operação ofensiva. Combater é combater. Importante frisar isso, por mais
Pode ser que se atue defensivamente até que os riscos redundante que pareça. Muitas ações de combate não
de fenômenos de ignição rápida dos gases sejam contor- tem o objetivo de apagar o fogo, de extinguir as cha-
nados e, então, a operação passa a ser ofensiva. mas. Muitas vezes o combate requer ações que focam
outros objetivos.
Todos em uma operação devem saber o modo de
atuação, pois, como uma edificação tem geralmente no Em um combate a incêndio, há um conjunto de ações
mínimo 4 lados, não é possível que o responsável vigie que não dizem respeito ao ataque ao fogo em si, ou seja,
todas as frentes de combate. Isso quer dizer que uma li- não se tratam de extinção, mas que compõem as ope-
nha pode não saber o que a outra está fazendo, podendo rações que visam o término do incêndio. Por isso, cha-
gerar um problema caso não se saiba o modo de atuação. mamos tais ações de operações de combate e não de
extinção.
Digamos que uma linha inicie um combate defensivo
de um lado enquanto outra linha em um lado adjacente No combate a incêndio, muitas vezes faz-se necessá-
resolva penetrar na edificação. A atuação da primeira rio o emprego de tais ações antes, durante ou após os
linha pode gerar um fenômeno de comportamento ex- trabalhos de extinção propriamente ditos.
tremo do fogo que nem sequer será anunciado se não se ISOLAMENTO E CONFINAMENTO
souber que alguém adentrou mudando a operação para
Em um grande número de casos, ou a situação não
defensiva. Por isso todos devem saber o modo de atua-
permite ou a tática não recomenda o combate direto e
ção, e a decisão sobre qual será adotado cabe ao respon-
imediato ao foco. Por vezes é necessário, antes disso,
sável pela operação.
ou concomitantemente, “cercar” o incêndio e “domá-lo”
Os bombeiros devem estar aptos a executar com ra- antes de finalmente extingui-lo. O isolamento e o confi-
pidez e eficiência as evoluções determinadas pelo co- namento constituem-se ações nesse sentido.
mandante da guarnição. Este nível de profissionalização
O ISOLAMENTO abrange as ações de bombeiro que
é alcançado quando há empenho no treinamento por par-
tem por objetivo impedir a propagação de calor e fogo
te das guarnições que trabalham juntas. A familiaridade
para outros locais na vizinhança de um incêndio. É a ten-
com os equipamentos de combate a incêndio e com as
tativa de impedir que o incêndio alcance outro sistema15
técnicas é obtida através de instrução constante.
além do que já está sinistrado.
A guarnição deve trabalhar como uma equipe, onde
O próprio ataque ao incêndio em princípio, procedido
cada bombeiro tem sua missão definida conforme o pro-
com rapidez, adequação e suficiência de meios, constitui
tocolo de procedimentos para as situações.
uma iniciativa isoladora, uma vez que restringe a produ-
Os brigadistas, por geralmente não disporem de EPI ção e propagação de calor.
capaz de permití-los realizar um combate ofensivo, de-
A decisão quanto ao emprego desta ação envolve a
vem proceder apenas o combate no modo defensivo.
consideração de alguns fatores, uma vez que o isolamen-

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 501


to sempre desvia linhas de ataque ao fogo e consome Outras medidas mais simples podem ser adotadas de-
agente extintor, a saber: pendendo da forma como se verifica que o incêndio pode
se propagar para o sistema vizinho. Por exemplo, pode
¾¾ teor de calor emanado no incêndio (acima
ser uma medida eficaz o mero fechamento das janelas
de 150 ºC é considerado calor excessivo);
para evitar a penetração de fagulhas trazidas pelo vento
¾¾ proximidade do combustível vizinho ao in- ou evitar a penetração de fumaça superaquecida.
cêndio;
CONFINAMENTO é o conjunto de ações executadas
¾¾ natureza e volume do combustível exposto dentro de uma edificação que visam impedir a propaga-
ao calor propagado (alvenaria, vidraçaria, ção de fogo e calor a compartimentos ainda não atingi-
etc); dos pelo incêndio.
¾¾ esvoaçamento de fagulhas para o combus- A tendência dos gases aquecidos é subir, o que torna
tível vizinho (considerar janelas abertas e urgente o confinamento em incêndios verticais tanto mais
outras aberturas); quanto mais baixo for o andar onde se localiza o sinistro.
¾¾ risco de desabamento ou queda de mate- Nos incêndios a propagação ocorre lateralmente, de
riais incendiados; cima para baixo e de baixo para cima, merecendo ação
¾¾ impetuosidade e direcionamento da corren- preventiva dos bombeiros os seguintes meios:
te de vento. 1) aberturas que possam ser alcançadas por
Toda iniciativa isoladora exige visão futura de: chamas ou ar quente;

1) Duração provável da ação 2) explosões;

2) Consumo aproximado de água; 3) queima de paredes e portas internas;

3) Número de linhas (ou guarnições) envolvi- 4) chamas e fagulhas vindas de janelas ou ou-
das; tras aberturas;

4) Pessoal e material afastado do ataque efe- 5) condução de calor através de dutos metáli-
tivo às chamas. cos, etc, de cômodo para cômodo;

O isolamento pode ser feito resfriando os sistemas 6) queda de tetos ou pisos;


com risco de serem atingidos por meio da aplicação de 7) circulação interna de massas gasosas extre-
água. Tal medida visa diminuir o efeito da radiação de ca- mamente aquecidas.
lor. Essa forma é muito usada em incêndios em tanques
Os Sistemas de ventilação forçada (ar condicionado)
de combustíveis para resfriar o tanque vizinho.
devem ter seu funcionamento suspenso, pois poderiam
Pode ainda ser feito com o uso de jatos neblinados contribuir para a extensão do incêndio conduzindo fuma-
ou neblina direcionados para o sistema sinistrado, pois, ça e calor para locais não atingidos pelas chamas.
assim, além de bloquear a radiação, o combate pode ser
As ações de confinamento devem ser somadas aos
realizado simultaneamente.
dispositivos de proteção permanente da edificação,
Há ainda a possibilidade de direcionamento da fuma- quais sejam. Paredes resistentes ao fogo, portas corta-
ça que escapa de um sistema pelo uso de jato neblinado, fogo, sistemas automáticos de “sprinklers”, etc. Também
desviando-a. A fumaça, além de conduzir calor, quando se deve ser preocupação tática fornecer a estas estruturas
incendeia libera uma enorme quantidade de calor que se proteção permanente, visando garantir funcionamento
propaga por irradiação. continuado e em plenas condições.

502 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


O ataque indireto (visto adiante) constitui um méto- Apesar de não ser dirigido diretamente ao foco, ele é
do adequado de retirada de calor excessivo de ambien- considerado uma forma de ataque direto, pois com ele se
tes confinados. Isso pode ser feito, muitas vezes, não pretende combater as chamas em si, o fogo queimando
com o intuito de apagar o fogo, mas de impedir que ele sobre a fase sólida dos combustíveis.
se espalhe. iii) ATAQUE INDIRETO
A descoloração da pintura e desprendimento do rebo- Também se usa o jato sólido ou compacto, entretanto,
co acusam a propagação de calor naqueles espaços. Pelo o objetivo não é extinguir o fogo combatendo diretamente
tato podemos detectar também tal propagação em pa- a fase sólida. No ataque indireto, o objetivo é produzir uma
redes e forros, devendo ser abertos tais espaços e sub- grande quantidade de vapor de água para resfriar a capa
metidos à ação extintora ou resfriadora. térmica (gases combustíveis provenientes da combustão e
da termólise) e o cômodo e, indiretamente, apagar o fogo.
10.5.1.5.1. Combate a incêndio
classe A (incêndios estru- O alvo no ataque indireto são as paredes e o teto su-
turais) peraquecidos para que, na fragmentação do jato pelo im-
pacto, a água absorva o calor dessas superfícies e trans-
O Em geral, os incêndios estruturais (os que en-
forme-se em vapor, resfriando o ambiente.
volvem edificações) são basicamente, ou predomi-
nantemente, da Classe A. Para combatê-los, temos Não se pode jogar água em demasia para não resfriar
as técnicas a seguir apresentadas, sem excluir ou- demais as superfícies. Isso impede a formação de vapor.
tras existentes. Também é preciso cuidar para não se produzir vapor em
excesso, pois isso afeta o balanço térmico.
i) ATAQUE DIRETO
Consiste no emprego de um jato sólido ou compacto iv) ATAQUE COMBINADO
dirigido à base do fogo sobre a fase sólida do combus- Consiste no emprego alternado das técnicas de
tível, visando resfriá-lo abaixo do ponto de combustão. ataque indireto e direto. Com movimentos circula-
res (para que o jato atinja paredes e teto) busca-se
Devido ao alcance do jato, pode ser usado tanto de den-
a geração de vapor para resfriar os gases aquecidos
tro da edificação, mas fora do cômodo sinistrado (modo
e, alternadamente, lançam-se jatos à fase sólida do
ofensivo) como de fora da edificação (modo defensivo).
combustível próxima ao solo.
Em um combate em modo defensivo, a pressão nomi-
nal e a vazão regulada no esguicho podem ser reduzidas
para a economia de água. Ambas devem ser aumentadas
ao se verificar que os jatos não estão absorvendo mais
calor do que o fogo produz.
Se for usado em combate ofensivo, deve-se cuidar
para não empregar água em demasia, causando danos
pelo excesso de água e, também, para não gerar excesso
de vapor de água.
ii) ATAQUE DIRETO MODIFICADO
O ataque direto modificado consiste no ataque à fase
sólida do combustível quando este se encontra escuda-
do por algum obstáculo. O jato é direcionado ao teto para
ser defletido e cair sobre o foco, atingindo-o.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 503


10.5.1.5.1.1. SATURAÇÃO COM NEBLINA lançando um “pulso” de neblina, que fica suspensa no ar
por algum tempo. Para que seja eficiente, calculou-se
Quando um ambiente está na fase de decaimento pela
que uma linha de 1¹’²“ (ou 38mm) deve ser suprida com
baixa concentração de oxigênio, ou seja, em queima len-
cerca de 7 Kgf/cm2 de pressão residual, ou seja, a pres-
ta e sob o risco de ocorrência de um backdraft diante da
são imprimida na bomba (nominal) deve ser maior.
abertura de acessos pelos bombeiros, recomenda-se a
saturação do cômodo com neblina previamente à aber- Como o jato é neblinado, o alcance é curto, assim, o que
tura do cômodo. mais importa é a fragmentação da água para aumentar
seu poder de resfriamento e o tempo de suspensão no ar.
A técnica consiste na injeção de água em pulsos de 2-3
Por isso a pressão deve ser elevada.
segundos de jato neblina por uma pequena abertura na
parte superior da parede ou pelo teto, com intervalos de A fim de não gerar vapor em excesso, deve-se cuidar
12-15 segundos para permitir a troca de calor entre nebli- para não aplicar pulsos em excesso e não varrer a aplica-
na e gases aquecidos no ambiente. ção de cada pulso. Se o objetivo é atingir uma área maior,
usa-se mais pulsos (dois alvos, dois pulsos). Também
A neblina age resfriando e diluindo a fumaça, dimi-
limita-se a quantidade de água disparada trabalhando
nuindo sua combustibilidade e o risco de um backdraft, e
com uma vazão mínima no esguicho (30gpm ou cerca
também atrapalha a concentração com o oxigênio.
de 115lpm).
A grande geração de vapor, como dito, pode ser um
Usando-se a vazão mínima, a abertura e o fecha-
problema. Este fato pode decretar a morte de vítimas
mento brusco não gera um Golpe de Aríete capaz de
no interior do cômodo. Por isso, essa técnica só deve ser
danificar a canalização, haja vista que a massa de água
usada em cômodos em que se verifique a queima lenta
deslocada a cada pulso é muito pequena e a pequena
(fase de decaimento pela depleção de oxigênio). Haven-
energia que retorna à viatura se dissipa ao longo da pró-
do vítimas nesse ambiente, certamente já estarão mor-
pria mangueira antes de atingir a bomba e gerar um risco
tas, quer pela baixíssima concentração de oxigênio, quer
de avaria.
pelo elevado calor previamente atingido.
Conforme a mudança no padrão do jato e no tempo de
A saturação com neblina é mais eficiente quando as-
abertura, a 3DWF apresenta suas próprias variações.
sociada a uma ventilação vertical.
i) PULSO NEBLINADO CURTO
10.5.1.5.1.2. DWF – TRIDIMENSIONAL
WATER FOG (neblina
tridimensional)
Estudos oriundos na Suécia em meados da década
de 1980, originaram o uso de pulsos de jato neblinado.
Foi quando se demonstrou a combustibilidade da fuma-
ça e os riscos decorrentes de sua ignição, que se traduz
em um comportamento extremo do fogo. Pensando no
combate “volumétrico” (tridimensional) e não apenas na
superfície do sólido em queima, desenvolveram-se técni-
cas de combate baseadas no lançamento de curtas raja-
das de jato neblinado.
Usa-se a regulagem de jato neblinado em um esguicho
combinado e faz-se uma rápida abertura e fechamento

504 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


O pulso curto consiste na abertura total do fluxo de Pode ser usado em cômodos menores quando, após
água com o imediato fechamento (pulso de cerca de 0.2s) usar o pulso neblinado curto, verifica-se a ineficiência
de um jato neblinado amplo. deste jato à quantidade de calor produzido.
O neblinado amplo tem o alcance muito reduzido, mas
uma maior capacidade de resfriamento e gera vapor com
grande velocidade quando atinge a capa térmica.
O pulso neblinado curto pode ser empregado tanto
ofensiva como defensivamente16.
OFENSIVO – tem por objetivo extinguir chamas volu-
métricas (chamas na fase gasosa do combustível, na fu-
maça, na capa térmica) e resfriar a própria capa térmica,
evitando a ocorrência de um flashover.
Vê-se assim, que a técnica é recomendada para com-
bate no modo ofensivo com o incêndio na fase de desen-
volvimento (pré-flashover).
Devido ao curto alcance do neblinado amplo, a técnica
é recomendada para ambientes pequenos, como quartos
de uma residência de classe média, ou no deslocamento
da entrada até o cômodo sinistrado quando o teto for
baixo (pé direito normal de 2,5 a 3m). iii) “JATO MOLE” – Resfriamento preventivo de
superfícies
DEFENSIVO – a técnica pode ser usada preventiva-
Enquanto progredindo no interior da edificação, os
mente (defensivamente) para resfriar gases superaque-
bombeiros podem se deparar com materiais liberando
cidos na capa térmica, antes que venham a queimar.
vapores combustíveis (fumaça clara e branca) em razão
Tanto ofensivo como defensivo, o pulso neblinado da termólise. Para prevenir a ignição desses materiais,
curto, se aplicado corretamente, provoca a contração da emprega-se a técnica do resfriamento preventivo.
fumaça. Com a perda de calor da fumaça para aquecer a
água lançada, ocorre o inverso da dilatação e a fumaça
contrai-se.
ii) PULSO NEBLINADO MÉDIO
Quando o cômodo tem dimensões maiores (salão ou
pequeno depósito) ou quando o teto é muito alto, o pulso
curto (de jato neblinado amplo) não atingirá a região mais
aquecida da capa térmica. Emprega-se então um pulso
médio (de 1 a 2s) com um jato neblinado estreito, que tem
maior alcance. A vazão e a pressão permanecem.
Essa técnica também pode ser usada tanto ofensiva
quanto defensivamente17, da mesma forma que o pulso
neblinado curto, porém, para cômodos com médias di-
mensões ou com teto alto.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 505


A técnica consiste em ajustar a regulagem de jato - Para cômodos com 30m2 – Z.
para compacto (estando a pressão em 7-9 Kgf/cm2 e a - Para cômodos com 20m2 – O.
vazão ajustada em 30gpm) e efetuar a abertura parcial - Para cômodos com 10m2 – T.
do esguicho permitindo apenas o escape de água sem - Para corredores – I.
velocidade pelo bocal (daí o nome de “jato mole”) dei-
xando a água escorrer gentilmente sobre a superfície
do material que estava pirolizando.
iv) “PENCILING”

O penciling18 assemelha-se ao “jato mole”, entretanto,


consiste em pulsos com abertura um pouco maior do flu-
xo de água, permitindo lançar “porções” de água sobre a
fase sólida em queima.
Estando dentro da edificação e não tendo a neces-
sidade de disparar um ataque direto ao foco pelas
suas dimensões, e para evitar o dano ocasionado pelo
jato, usa-se o penciling, que pode ser casado com pul-
sos neblinados para resfriar a capa térmica, que cha-
mamos de abordagem pulse-penciling.
v) “ZOTI” – PULSO LONGO DE ALTA VAZÃO
Atuando externamente à edificação ou mesmo dentro
da edificação, mas se deparando com um cômodo em
fase de desenvolvimento completo, verifica-se que para
debelar as chamas é necessário absorver uma enorme
quantidade de calor. Para isso, emprega-se a técnica do
pulso longo de alta vazão ou “ZOTI”.
Com a pressão entre 7-9 Kgf/cm2, ajusta-se a vazão
As letras são um meio prático de determinar o tempo
para 125gpm (470lpm)19 e o jato para neblinado estreito.
de abertura do esguicho para, na regulagem indicada, lan-
Mirando o ponto mais distante do cômodo, abre-se o flu-
çar água em quantidade suficiente para absorver o calor
xo de água pintando, entre a linha do teto e do piso, uma
gerado no cômodo.
das letras Z,O,T ou I conforme as dimensões do cômodo.

506 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Após uns 30 segundos, repete-se o procedimento até Para a confirmação das suspeitas, é necessário efe-
que sejam debeladas as chamas. tuar a abertura de uma porta para confirmação visual da
condição no interior do cômodo. Para isso, procede-se da
Devido à alta vazão, no emprego dessa técnica deve-
seguinte forma:
se cuidar para fechar lentamente o fluxo de água a fim de
evitar a ruptura de mangueiras pelo golpe de aríete. 1. O jato deve ser regulado para neblinado estreito, para
que passe na pequena abertura da porta;
Caso o ambiente sinistrado seja muito grande, mais
linhas podem efetuar o procedimento combinadamente 2. O operador do esguicho lança dois pulsos neblinados cur-
ou pode ser usado em sessões do ambiente. tos sobre a porta, visando deixar em suspensão uma ne-
blina de água na região superior próxima à porta.
Importantíssimo atentar para o posicionamento da
linha em relação ao incêndio para que a técnica não “so- Ao proceder a abertura, os gases aquecidos que esca-
pre” o fogo para cômodos e combustíveis ainda não afe- pam terão menos chance de se inflamarem, já que se
tados. O posicionamento correto no combate é entre a misturarão à neblina e perderão calor ao mesmo tem-
parte não queimada e o fogo, atacando-o de forma a “em- po em que a neblina transforma-se em vapor, diluindo
purrá-lo” para fora. os gases;

vi) ABORDAGEM DE AMBIENTE E PASSAGEM DE 3. O auxiliar da linha, posicionado para a abertura da por-
PORTA ta de modo protegido, abre a porta deixando à mostra
uma pequena fresta;
Entendemos abordagem como as ações de aproxima-
ção, abertura de acesso(s) e penetração em um ambiente 4. Pela fresta o operador do esguicho lança um pulso ne-
sinistrado. blinado médio na parte superior da abertura enquan-
to visualiza as condições no interior.
Ao se chegar a uma porta fechada dentro de uma edifi-
cação sinistrada, os bombeiros na linha de ataque devem Conforme as condições confirmadas, a abordagem
proceder com cautela, haja vista que toda ventilação pro- prossegue de modo diferente.
voca aceleração da queima e aumento da taxa de libera- vii) FOCOS EM FASE INICIAL
ção de calor, além de poder acarretar em fenômenos de
A fase inicial de queima de um foco não apresenta
comportamento extremo do fogo.
grande potencial de risco iminente e, exatamente por
Diante disso, os bombeiros devem proceder uma ve- isso, merece que sejam tecidas algumas considerações.
rificação perimetral da porta procurando por sinais que
Devido ao aspecto menos alarmante que um foco em
indiquem a condição do interior do cômodo. É necessá-
fase inicial apresenta, o grande risco para os bombeiros é
rio que se verifique em qual fase de desenvolvimento o
a negligência com aspectos básicos relativos à segurança.
fogo está, em qual regime de queima ele se encontra (se
limitado pelo combustível ou pela ventilação). A tempe- Apenas por que um foco não apresenta dimensões ou
ratura da porta deve ser checada à procura de indícios aspecto alarmantes, não significa que no ambiente não
que demonstrem a presença e altura da capa térmica. A haja calor ou concentração de gases tóxicos suficientes
coloração, densidade, opacidade e velocidade da fumaça a causar lesões.
devem ser checadas. Por isso, um ambiente em fase inicial deve ser abor-
Sempre que os bombeiros se depararem com uma dado com toda atenção e cautela e com os bombeiros
porta pirolizando pelo lado externo, devem resfriá-la adequadamente equipados.
com jato mole a fim de preservá-la. A perda da porta sig- Outro problema que pode ocorrer é o super-dimensio-
nifica perda do controle sobre a ventilação do foco que namento do foco. Um pequeno foco é capaz de inundar
está por trás dela. um ambiente grande com fumaça e calor e, por isso, al-

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 507


gumas vezes bombeiros inexperientes ou afoitos podem Reconhecendo a queima livre e verificando os sinais
afobar-se e exagerar no uso de água no combate por um indicativos de flashover, a abordagem deve considerar
dimensionamento equivocado das proporções do foco. esse risco.
É comum ocorrer prejuízos materiais significantes pelo
Os sinais indicativos de flashover muito se confundem
uso indevido e excessivo de água no combate.
com os sinais que indicam a própria queima livre: barulho
Lembrando que a água que escorre ou se acumula no e luminosidade de chamas, fumaça aquecida e chamas
chão não absorveu calor suficiente para evaporar, ou subindo pela coluna de fumaça acima do foco. Outros são
seja, não foi aproveitada naquilo que tem de melhor: sua mais específicos do fenômeno citado:
capacidade de resfriamento.
¾¾ fumaça muito densa, muito opaca e muito
O combate ao foco em si deve ser feito de modo a escura;
tentar preservar o material que ainda não queimou. Su-
¾¾ calor excessivo sendo irradiado da fumaça;
gere-se pulsos neblinados para resfriar a fumaça, se for
o caso, e penciling para extinguir o foco. ¾¾ chamas muito vivas e subindo pela coluna
de fumaça que se ergue do foco;
viii) FOCOS EM DESENVOLVIMENTO
¾¾ desprendimento de vapores dos materiais
Como já vimos anteriormente, na fase de desenvolvi-
ainda não incendiados;
mento, a concentração de oxigênio no ambiente permite
a ocorrência de vivas chamas. ¾¾ fumaça mostrando alterações de padrão
(revoluções rápidas e abaixamento do plano
Em decorrência disso, não há, normalmente, proble-
neutro);
mas na abertura de acessos. Como essa é a regra geral,
ainda assim a abordagem deve ser cautelosa devido às ¾¾ ocorrência de fenômenos como flameover
exceções. Toda ventilação irá acelerar a queima e aumen- e rollover, este último sendo um claríssimo
tar a taxa de liberação de calor. sinal da iminência de um flashover.
Como se sabe, para que gases queimem, ou mesmo Diante desses sinais, a porta deve ser aberta com cau-
partículas líquidas e sólidas em suspensão, devem estar tela, como dito acima, e a abordagem do ambiente deve
na concentração adequada (entre os limites inferior e su- ser enérgica. Não deve o bombeiro penetrar no ambiente
perior de inflamabilidade) com o oxigênio. enquanto o risco de explosão ambiental não tenha sido
reduzido.
Como não temos meios práticos de saber a compo-
sição exata ou mesmo a concentração necessária para Nestes ambientes, o combate deve priorizar o ataque
a queima dos gases no ambiente, a abertura de acesso à capa térmica, à camada de fumaça que se acumula a
deve ser feita com cautela, devendo os bombeiros posi- partir do teto. Você talvez se pergunte a razão disso e
cionarem-se fora da zona de abertura para que uma pos- talvez esteja pensando que um ataque direto ao fogo eli-
sível ignição dos gases não os afete. minaria a fonte de calor que é o causador do flashover.
Ocorre que, a queima dos combustíveis presentes na fu-
Para abrir ou quebrar uma janela, o bombeiro deve
maça, irradia muito mais calor que a queima do material
posicionar-se abaixo do peitoril. Para a abertura de uma
que alimenta o foco (normalmente sólidos em um incên-
porta, deve posicionar-se atrás da porta, caso abra em
dio urbano).
sua direção, ou atrás da parede, caso abra para o interior
do ambiente. Deve o bombeiro utilizar pulsos neblinados curtos. Os
jatos devem ser disparados em rajadas curtas para apro-
Já estudamos que em um foco na fase de queima livre
veitar uma maior superfície de resfriamento
pode ocorrer o fenômeno conhecido como flashover.

508 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Os pulsos devem ser distribuídos pela capa térmica Conforme estudamos, no decaimento, os com-
e, na medida em que forem disparados, deve o bombei- bustíveis (gases, vapores, partículas líquidas e sóli-
ro aguardar alguns instantes e observar o efeito que a das) presentes na fumaça podem estar com tempe-
expansão do vapor de água provocará para continuar no ratura acima da temperatura de ignição, mas, devido
combate à fumaça ou não. Enquanto aguarda, jatos cur- ao confinamento do ambiente, ultrapassam o limite
tos (penciling) podem ser direcionados ao foco. superior de inflamabilidade, ou seja, há combustível
Deve-se tomar o cuidado para não jogar água em ex- em excesso para a escassa quantidade de oxigênio
cesso, tanto para não provocar danos materiais como nesses ambientes e, por isso, não queimam. Quando
também para não abaixar o nível da capa de fumaça um acesso é aberto e o ar entra ofertando oxigênio,
pela expansão do vapor d’água. O objetivo não é abaixar tão logo a concentração atinja um patamar adequa-
a fumaça. Isso provocará a diminuição da visibilidade. A do, a fumaça deflagra-se. A queima violenta que
meta é tão somente o resfriamento dos combustíveis da ocorre é o backdraft.
fumaça para que não entrem em ignição. Outro risco de São indicativos da queima lenta com risco de ex-
jogar água em excesso é que se a capa de fumaça abai- plosão da fumaça (backdraft):
xar demais pode sufocar possíveis vítimas que se encon-
¾¾ fumaça sob pressão, num ambiente fecha-
trem no ambiente ou nos ambientes anexos.
do;
Uma vez estabilizado, o ambiente ele pode ser pene-
¾¾ fumaça mudando de cor (cinza e amarelada
trado para a extinção do foco por penciling ou até jato
/ cáqui) e saindo do ambiente em forma de
mole.
lufadas;
ix) FOCOS INCUBADOS
¾¾ calor excessivo (nota-se pela temperatura
Um ambiente em queima lenta apresenta uma na porta);
série de riscos. O primeiro deles é o sub-dimensio-
¾¾ pequenas chamas ou inexistência destas;
namento da potencialidade lesiva que apresenta.
Por haver poucas chamas ou nenhuma, o ambiente ¾¾ fuligem e óleo impregnando o vidro das ja-
parece estar controlado, o que é um grande equívo- nelas;
co. Na verdade, o ambiente está quieto como uma
¾¾ pouco ruído (não se ouve o crepitar de cha-
bomba antes da ignição. Uma abordagem errada
mas);
pode detoná-la. Assim, o que era um ambiente quei-
mando lentamente, apenas com brasas, pode se ¾¾ movimento de ar para o interior do ambien-
tornar um ambiente completamente tomado pelas te quando alguma abertura é feita (em al-
chamas após uma deflagração violenta da fumaça. guns casos ouve-se o ar assoviando ao pas-
sar pelas frestas);
Nunca se deve esquecer que, mesmo que não
haja oxigênio para a queima viva, a termólise ocor- ¾¾ chamas aparecendo na fumaça assim que
re até com 0% de O2. Isso significa que, enquanto esta escapa do ambiente21.
estiver quente, o ambiente acumulará vapores com- Ao perceber os sinais, a equipe de bombeiros deve
bustíveis. abordar o ambiente com toda a cautela para que não pro-
Além desse, há outros riscos tais como: baixa voque uma explosão ambiental que pode lesionar ou até
visibilidade, alta concentração de gases tóxicos e matar integrantes da equipe ou, na melhor das hipóteses,
baixa concentração de oxigênio. Para a abordagem tornará o combate muito mais difícil, pois, muitas vezes é
do ambiente, o risco de backdraft é o principal pro- seguida da ignição completa do ambiente.
blema.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 509


510
Posiciona-
Técnica Jato Vazão Pressão Objetivo Situação Forma de emprego Cuidados
mento

Resfriar o com- EXTERNO À distância, usar o jato compacto


Compac- 30 Fase crescente em estágio Não permitir excesso
Ataque Direto 3 – 7 Bar bustível na fase (fora do cô- tendo por alvo o encontro do
to gpm avançado de vapor de água
sólida modo) combustível sólido com as chamas

À distância, usar o jato compacto


Resfriar o com- Fase crescente em estágio EXTERNO
Ataque Direto Compac- 30 tendo por alvo o teto para defletir Não permitir excesso
3 – 7 Bar bustível na fase avançado e linha direta ao foco (fora do cô-
Modificado to gpm o jato e fazer cair água sobre as de vapor de água
sólida bloqueada. modo)
chamas

Manual Básico de Bombeiro Militar


Fase Crescente em estágio

|
avançado Não permitir excesso
Produzir VAPOR EXTERNO Lançar a água sobre paredes e teto
Ataque indi- Compac- 30 - paredes e tetos devem estar de vapor de água.
3 – 7 Bar para resfriar o cô- (fora do cô- para que absorva o calor e forme
reto to gpm superaquecidos Não usar em cômodos
modo modo) vapor que resfrie o ambiente
- CÔMODO DEVE SER BEMVE- ventilados

Vol. 3
DADO

|
Fase Crescente em estágio Lançar a água sobre paredes e teto
Resfriar o com-
avançado para que absorva o calor e forme Não permitir excesso
bustível na fase EXTERNO
Ataque com- Compac- 30 - paredes e tetos devem estar vapor que resfrie o ambiente em de vapor de água.

CBMERJ
3 – 7 Bar sólida e produzir (fora do cô-
binado to gpm superaquecidos movimentos circulares, alternando Não usar em cômodos
VAPOR para resfriar modo)
- CÔMODO DEVE SER BEMVE- com jato dirigido à base das chamas ventilados
o cômodo
DADO sobre os materiais sólidos

Inundar o cômodo
EXTERNO Por uma pequena abertura na parte
Saturação 30 com neblina para Foco INCUBADO (cômodo fecha- Certificar-se da quei-
Neblina 7 – 9 Bar (fora do cô- superior, injetar 2-3s de jato neblina
com neblina gpm resfriar, diluir e aba- do e queima lenta) ma lenta
modo) e esperar fazer efeito por 12-15s
far a fumaça

Não gerar vapor em


excesso
Pulso Neb- Extinguir chamas Estado pré-flashover (chamas Vigiar a descida do
Neblina- 30 Pulsos <1s repetitivos variando
linado Curto 7 – 9 Bar na capa térmica e isoladas ou rollover) em cômodos INTERNO plano neutro
do Amplo gpm região na fumaça
Ofensivo impedir flashover pequenos Não pulsar sobre
superfícies pouco
aquecidas

Capa térmica em cômodo


Resfriar a fumaça Pulsos <1s dirigidos à capa térmica. Não gerar vapor em
Pulso Neb- pequeno ou médio
Neblina- 30 Pulsos devem ser curtos e o alvo não excesso
linado Curto 7 – 9 Bar Prevenir flashover Progredindo no interior da edifi- INTERNO
do Amplo gpm deve mudar durante um pulso (dois Não pulsar sobre su-
Defensivo cação deparando-se com gases
(cômodo pequeno) alvos = dois pulsos) perfícies frias
aquecidos
Posiciona-
Técnica Jato Vazão Pressão Objetivo Situação Forma de emprego Cuidados
mento

Não gerar vapor em


excesso

Pulso
Neblina- Extinguir chamas Estado pré-flashover (chamas Pulsos de 1-2 s com pausa de 1-2s
Neblinado 30
do Est- 7 – 9 Bar na capa térmica e isoladas ou rollover) em cômodos INTERNO se a temperatura não estiver muito Vigiar a descida do
Médio gpm
reito impedir flashover médios alta. plano neutro
Ofensivo

Não pulsar sobre


superfícies pouco
aquecidas
Não gerar vapor em
Capa térmica em cômodo médio excesso
Resfriar a fumaça
Pulso ou grande e/ou de teto alto
Neblina- Prevenir flashover Pulsos de 1-2 s com pausa de 1-2s
Neblinado 30
do Est- 7 – 9 Bar INTERNO se a temperatura não estiver muito
Médio gpm Progredindo no interior da edifi-
reito (cômodo médio ou alta.
Defensivo cação deparando-se com gases
teto alto) Não pulsar sobre
aquecidos superfícies pouco
aquecidas

Abertura parcial do esguicho per-


Compac- 30 Acabar com ter- Combustível em termólise lib-
“Jato mole” 7 – 9 Bar INTERNO mitindo a passagem de pouca água Não abrir demais
to gpm mólise erando vapores (sem queima)
sem velocidade

Pulsos com abertura parcial do es- Não abrir demais para


Resfriar o com- Fase sólida queimando + com-
Compac- 30 guicho lançando pequenas porções não espalhar brasas
“Penciling” 7 – 9 Bar bustível na fase bustível sólido não queimado e INTERNO
to gpm de água gentilmente sobre a fase ou danificar os demais
sólida não danificado
solida. materiais

Manual Básico de Bombeiro Militar


|
Desenhar a letra correspondente a
EXTERNO
Pulso Lon- partir da linha do teto no fim do cô- Não fechar brusca-

Vol. 3
go de alta 125 modo fechando o esguicho devagar mente (golpe de aríete)
Neb-
Extinguir foco gen- Foco em fase de pleno desenvolvi-

|
vazão linado 7 – 9 Bar
eralizado mento
estreito gpm Posicionar-se entre o
(fora do Z – áreas de 30 m2 O – áreas de 20
(ZOTI) fogo e a área intacta
cômodo)
m2 T – áreas de 10 m2 I – corredores

CBMERJ
511
Nesse ambiente, por sua dinâmica e características, vê- de ventilação. Os possíveis focos devem ser resfriados
se que os combustíveis na fumaça precisam apenas atingir para que não entrem em ignição à medida que a fumaça
a concentração adequada para uma queima violenta. Ao se for expulsa.
abrir uma porta ou janela, inevitavelmente o ar estará en-
trando no ambiente e, consequentemente, carregando O2, 10.5.1.5.2. Combate a incêndio
fornecendo exatamente o que os gases precisam para se classe B
deflagrarem. Como é necessária uma abertura para que se O melhor método de extinção para a maioria dos in-
entre no ambiente, ao oferecer o comburente os bombei- cêndios em líquidos inflamáveis é o abafamento, poden-
ros devem retirar algo para que os requisitos da combus- do ser utilizado também a quebra da reação em cadeia, a
tão não estejam todos presentes. retirada do material e o resfriamento.
A abertura da porta dá-se como nos passos 1 a 4 no iní- Para realizar o abafamento em líquidos inflamáveis
cio do tópico. Por meio da checagem visual no interior do pode ser utilizada a água através de jato neblinado, a es-
ambiente, é possível confirmar as suspeitas da condição puma, areia ou cal. Porém observaremos a seguir que o
no interior do cômodo.
uso da água nos impõe algumas restrições.
O auxiliar deve efetuar a abertura da porta abaixado
e protegido pela porta, firmando-a para que não se abra 10.5.1.5.2.1. Abafamento /
de repente por causa da força da explosão, caso ocorra. resfriamento com água
Se a porta tiver a abertura para dentro do cômodo, a ope- Apesar de não ser o melhor agente extintor para líqui-
ração da porta deve ser feita com o auxílio de um cabo dos inflamáveis, a água pode combater este tipo de in-
preso à maçaneta possibilitando que o auxiliar a opere cêndio se usada corretamente, desde que haja a consci-
sem que fique na linha de abertura da porta. ência por parte do bombeiro dos riscos secundários que
Os passos 1 a 4 devem ser repetidos até que o aspecto podem surgir. Para tanto deve ser usado jato neblinado
da fumaça esteja indicando uma menor combustibilidade. com alta pressão para abafar e absorver o calor gerado.
Verifica-se isso pela fumaça mais clara (cinza), menos den- É importante ser observado na utilização da água nes-
sa, menos opaca e movendo-se de forma menos turbulenta. ta classe de incêndio o fato de que a maioria dos líquidos
Em seguida, caso necessário, deve ser utilizada a téc- inflamáveis são mais “leves” que a água, uma vez que são
nica de saturação com neblina pela parte superior da por- hidrocarbonetos cujo peso molecular é menor, de forma
ta, até que o ambiente permita a entrada dos bombeiros. que no decorrer do combate a água utilizada tende a se
depositar no fundo do recipiente, recebendo calor do lí-
Assim que os sinais de risco diminuírem, a porta deve
quido inflamável em chamas, evaporando-se. O combus-
começar a ser aberta lentamente enquanto o operador
tível então forma uma espécie de tampão de contenção
do esguicho procura saturar a região superior do cômo-
do vapor, porém, com o aumento da pressão, pode ocor-
do nas imediações da porta na parte interna com pulso
rer a expulsão do combustível do recipiente pelo vapor
neblinado médio.
(uma espécie de explosão similar a de uma panela de
A intenção dessa neblina é diminuir a combustibilida- pressão), a este fenômeno denominamos boil over. Se o
de da fumaça próxima à porta, que vai ter contato com líquido inflamável for mais denso que a água, este risco
o oxigênio, e o resfriamento para abaixar a temperatura específico não existe.
aquém do ponto de ignição.
Os sinais característicos do “boil over” são:
Uma vez que o ambiente foi abordado, ele deve ser
dominado. Em um ambiente em queima lenta, o calor e • O calor no fundo do tanque de combustível,
a fumaça devem ser dissipados para prevenir novas ig- que pode ser identificado lançando-se um jato
d’água na lateral do tanque abaixo do nível do
nições. Isso deve ser feito por meio de uma das técnicas

512 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


líquido inflamável e observando onde a água se 10.5.1.5.2.3. Substituição do
vaporiza imediatamente. combustível por água
• O chiado peculiar que é o som semelhante ao A água pode ser empregada para remover combustíveis
de uma panela de pressão fervendo que ocorre de encanamentos ou tanques com vazamentos. Incêndios
pouco antes da “explosão”. que são alimentados por vazamentos podem ser extintos
pelo bombeamento de água no próprio encanamento ou
por enchimento do tanque com água a um ponto acima
do nível do vazamento. Este deslocamento faz com que o
produto combustível flutue sobre a água (enquanto a apli-
cação de água for igual ou superior ao vazamento do pro-
duto). O emprego desta técnica se restringe aos líquidos
que não se misturam com água e que flutuam sobre ela.
Esta técnica traz como benefícios ainda o resfria-
mento do líquido que está em combustão, em função
do próprio contato com a água. Evita o fenômeno do
boil over já que pela constante troca da água (depen-
dendo da velocidade da troca) que está no fundo do
recipiente não há uma elevação da temperatura da
mesma a ponto de entrar em ebulição e ainda, depen-
dendo do ponto onde esteja ocorrendo o vazamento
do líquido, ocorrerá o vazamento de água e não do
combustível.
Fig. Abafamento/resfriamento com água. Fonte: CBMERJ, 2016

Ao identificar estes sinais o bombeiro deve informar o


Comandante de Operações que deverá ordenar o afasta-
mento imediato dos combatentes em relação ao incêndio.

10.5.1.5.2.2. Varredura com água


É a utilização da água para deslocar o líquido combus-
tível que esteja queimando ou não, para um local onde
possa queimar com segurança ou, caso entre em com-
bustão, seja fácil de ser controlado.
O exemplo mais comum para o uso desta técnica é o
de eventos de derramamento de combustível em vias
públicas. Utilizando-se este método é possível impedir
que o líquido inflamável escorra para as galerias pluviais,
esgotos, outros veículos ou casas.
A técnica consiste em projetar o jato compacto de um
lado a outro (varredura) empurrando o combustível para
o local escolhido. Fonte: CBSP, 2006.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 513


10.5.1.5.2.4. Abafamento com espuma Se o líquido está derramado no solo (poças), deve-se
inicialmente fazer uma camada de espuma à frente do
É sem dúvida o método mais eficiente de combater
fogo, empurrando-a em seguida. O jato deve atingir toda
incêndio classe B, por que a espuma é o agente extintor
a extensão da largura do fogo, em movimentos laterais
específico para líquidos inflamáveis.
suaves e contínuos. Não se deve jogar “espuma contra
O bombeiro que opera a linha deve manobrar o esgui- espuma”, porque a cobertura será destruída.
cho de modo a aplicar a espuma de forma eficaz, apro-
A espuma não deve ser jogada diretamente contra a
veitando ao máximo as características deste agente
superfície de um líquido em chamas, porque o calor e o
extintor. A melhor maneira de aplicar espuma é lançá-la
fogo irão destruí-la. Para se aplicar a espuma eficiente-
contra uma superfície sólida – anteparo, borda do tan-
mente, deve-se formar uma camada com pelo menos 8
que, parede oposta ou outro obstáculo – de forma que a
cm de altura sobre o líquido inflamado. Para uma boa for-
espuma escorra, cobrindo o líquido em chamas.
mação e utilização deste agente extintor, algumas regras
básicas devem ser obedecidas:
• Usar o líquido gerador de espuma (LGE) ade-
quado ao combustível que está queimando,
lembrando que o LGE normalmente encontra-
do nas nossas viaturas é do tipo AFFF/ARC
(Aqueous Film-Forming Foam = “formador de
filme de espuma a base de água” / Alcohol-Re-
sistant Concentrate = “concentrado resistente
a álcool”) que são aplicáveis em hidrocarbone-
tos e alcoóis.
• Quanto mais suave for a aplicação da espuma,
mais rápida será a extinção e menor a quantida-
de de LGE necessária.
• As faixas de pressão de trabalho dos dispositi-
vos de dosagem e formação deverão ser obser-
vadas. Normalmente os esguichos trabalham a
uma pressão de 5 kg/cm2 ou 70 psi.
• A espuma deve cobrir toda a superfície do com-
bustível, fazendo uma vedação perfeita, espe-
cialmente nos combustíveis altamente voláteis
e nos solventes polares.
A espuma, mesmo quando não mais visível forma
sobre o líquido inflamável uma camada que impede o
retorno da combustão. Esta propriedade é a que nos in-
dica a utilização preventiva de espuma no caso de der-
ramamentos de líquido inflamável, em acidentes com
Fonte: CBMERJ, 2006. carretas, por exemplo, de forma a evitar que durante os
trabalhos o combustível venha a entrar em combustão e
vitimar os bombeiros.

514 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


10.5.1.5.3. Combate a incêndio co agente extintor disponível para o combate seja água.
classe C É possível se fazer o combate com este agente extintor,
desde que sejam respeitadas algumas regras.
A primeira ação para este tipo de incêndio é cortar a
energia elétrica, pois em sua maior parte, os combustí- Para se combater este tipo de incêndio com água é
veis classe C não acumulam energia, de forma que ao preciso fazer uma boa avaliação da cena, para saber qual
haver o corte da mesma este combustível acaba por é a voltagem da rede no local, a partir daí definir a dis-
transformar-se em um incêndio classe A. Porém deve- tância esguicho-foco que não pode ser ultrapassada e
mos estar atentos para as exceções como no-breaks, qual será o jato utilizado. É importante que o chefe de
baterias, dentre outros que mesmo com o corte da ele- guarnição aponte uma referência visual a partir da qual
tricidade continuam a preservar energia em seu interior, o combatente não mais poderá aproximar-se, sob o risco
mantendo, portanto, suas propriedades e riscos. de choque elétrico.
O corte efetuado pelos bombeiros sempre será nas O grau de separação das partículas de água interfere
chaves e disjuntores da edificação, o desligamento da diretamente na sua condutividade, logo, o jato neblinado
rede pública deve ser realizado por técnicos da Conces- é menos condutivo que o compacto e oferece menor ris-
sionária de Energia Elétrica. co de choque elétrico ao combatente.
O combate a incêndio em equipamentos elétricos Abaixo temos uma tabela que relaciona o tipo de jato
energizados deve ser feito preferencialmente com agen- e a distância de segurança para utilização de água em in-
tes extintores que não conduzam eletricidade – C02 ou cêndio Classe C em baixa voltagem, até 600 volts.
PQS – mas pode ser que haja uma situação em que o úni-

TABELA – RELAÇÃO DO TIPO DE JATO E A DISTÂNCIA SEGURA PARA


UTILIZAÇÃO DA ÁGUA EM INCÊNDIOS CLASSE C

Tipo de jato Esguicho (polegada) Distância segura

Neblinado 1 ½ ou 2 ½ 3 metros

Sólido ou compacto 1½ 6 metros

Sólido ou compacto 2½ 10 metros

Fonte: CBMDF, 2009

Vale ressaltar que o bombeiro deve sempre estar cor- bombeiro só deve entrar no local se houver vítima a ser
retamente equipado, com EPI completo de combate a resgatada.
Incêndio, inclusive a bota específica para esta atividade,
a bota utilizada no CBMERJ oferece resistência até 600 De uma maneira geral, existem procedimentos que
volts. devem ser adotados em locais com energia elétrica para

Para incêndios que ocorrem em galerias subterrâneas melhorar a segurança dos bombeiros:
e caixas de passagem, a regra é combater pelo lado de • Fios caídos devem ser tratados como “linha
fora apenas com PQS ou CO2, pois será impossível iden-
viva”, deve-se afastá-los com a vara de manobra
tificar o local exato que está energizado. Neste caso o
e sempre que possível isolar a área

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 515


• Cuidado ao manusear escadas, linhas de man- A melhor forma de combater este tipo de incêndio é
gueira, equipamentos metálicos (como material isolar o material que ainda não entrou em combustão e
de salvamento em altura). Manter distância da utilizar o agente extintor próprio para o metal que esti-
fonte de energia. ver queimando, para isso seria necessária a identificação
do material e a disponibilidade do agente extintor espe-
• Não tocar em veículos ou outros materiais me-
cífico.
tálicos que tenham algum cabo de energia de-
sencapado sobre eles. Os agentes extintores especiais usados para com-
bater este tipo de incêndio são grafite seco, cloreto de
10.5.1.5.4. Combate a incêndio classe D sódio, areia seca e nitrogênio. Destes o mais fácil de ob-
Os metais pirofóricos ou metais combustíveis - mag- ter como meio de fortuna é a areia, por isso lançá-la utili-
nésio, selênio, antimônio, lítio, alumínio fragmentado, zando pás é um método simples e eficiente de combater
zinco, titânio, urânio, zircônio, tório, plutônio, cálcio, só- incêndio classe D.
dio, potássio - queimam a temperaturas altíssimas e não Felizmente estes metais não são encontrados em
respondem de uma mesma forma aos agentes extintores abundância nas edificações de uso residencial, comercial
convencionais, mesmo os de PQS, e essa é a grande difi- e hospitalar. A maior preocupação deve ser em relação a
culdade para se atender a este tipo de evento. Em geral indústrias, depósitos e galpões.
estes metais reagem violentamente com água arremes-
sando partículas e a combustão continua. 10.5.1.5.5. Técnicas de ventilação
A ventilação tática consiste na manipulação do fluxo
de ar, através de aberturas, jatos d´água e ventiladores,
a fim de retirar a fumaça do ambiente sinistrado para
melhorar a eficiência das operações de combate a incên-
dio e salvamento.
Utilizar a ventilação exige articulação entre as equi-
pes que irão penetrar no incêndio e os bombeiros que
estão trabalhando para fazer aberturas, ou seja, exige co-
ordenação – comunicação – entre o exterior e interior da
edificação. Além disso, o planejamento é fundamental,
pois uma vez realizadas as aberturas, estas podem ser
permanentes de forma que corrigi-las pode ser inviável,
proporcionando desta forma uma ventilação ineficaz.

A ventilação aumenta a velocidade da combustão, mas


dilui e dispersa a fumaça, tornando-a menos inflamável, e
assim facilitando o acesso ao foco. Pelo contrário, a fal-
ta de oxigênio diminui a velocidade da combustão, mas
aumenta o acúmulo de fumaça altamente inflamável que
pode provocar os fenômenos de backdraft ou flashover.

Fonte: CBMSP, 2006

516 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


A fumaça propaga o fogo pela rota em que se desloca,
portanto, a saída da fumaça deve ser na direção em que
a propagação do fogo será menos danosa. Se no caminho
da dispersão da mesma estiverem materiais ainda não
incendiados ou vítimas, a situação poderá ser agravada.

Fonte: CBMSP, 2006

Assim como as demais decisões estratégicas e táti-


Fig. Diferença entre um incêndio não ventilado e outro ventila-
cas do socorro, a decisão de ventilar e a escolha do tipo
do (CBMDF, 2009)
de ventilação cabem ao Comandante de Operações ba-
seado na avaliação do cenário. A execução técnica é res-
ponsabilidade das guarnições.

10.5.1.5.1.1. Objetivos da ventilação


Os objetivos da ventilação tática dentro do combate
a incêndio são:
• Melhorar a visibilidade
• Diminuir a temperatura
• Reduzir o risco de comportamentos extremos
do fogo – back draft e flash over – pela diluição
da fumaça
• Aumentar a disponibilidade de ar respirável
para as vítimas distantes do foco
• Retirar os produtos tóxicos da combustão
• Reduzir a velocidade de propagação de incên-
dio, pelo confinamento Fig. Comportamento da fumaça em situações distintas: a
primeira sem ventilação e a segunda com ventilação vertical
(CBMDF, 2009)

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 517


A ventilação torna as ações de combate a incêndio e • A pressão negativa em corredores e escadas:
salvamento muito mais eficientes e seguras na medida ocorre pelo Princípio de Venturi, fazendo com
em que gera uma série de vantagens para os bombeiros: que os locais de menor seção por onde passam
os fluidos tenham menor pressão e uma maior
i) Facilita a visualização e o acesso ao foco: o bom-
velocidade. Por causa da pressão negativa, es-
beiro faz a entrada no ambiente com mais seguran- cadas e corredores sugam a fumaça provenien-
ça, visualizando o piso. Localiza o foco mais facil- te do foco do incêndio.
mente e consegue extinguí-lo de forma mais rápida,
• A direção do vento: o vento que corre por fora
aplicando água com mais precisão além causando
da edificação influencia no sentido e na intensi-
menos danos.
dade das correntes de ar dentro da edificação.
ii) Retira o calor: a retirada do calor ameniza os efeitos
a) Ventilação horizontal
fisiológicos nocivos para o combatente e para possí-
veis vítimas, diminui a propagação do incêndio, dimi- É aquela em que os produtos da combustão caminham
nui o risco de flashover, evita maiores danos estrutu- horizontalmente pelo ambiente deslocando-se através
rais à edificação. de corredores, janelas, portas e aberturas em paredes no
mesmo plano.
iii) Retira os produtos tóxicos da combustão: além de
aumentar a disponibilidade de ar respirável, a redu- O movimento dos gases é impulsionado pela sobre-
ção de contaminantes para as vias aéreas aumenta pressão e direção do vento. Precisa ser bem planejada
as chances de encontrar vítimas vivas. pois a fumaça estará no mesmo plano dos bombeiros e
iv) Diminui os danos materiais: ao conseguir confinar o qualquer problema afetará diretamente o local de traba-
incêndio diminuímos os estragos provocados não só lho das equipes.
pelo fogo, mas também pela fuligem. b) Ventilação vertical

10.5.1.5.5.2. Tipos de ventilação É aquela em que os produtos da combustão cami-


nham verticalmente pelo ambiente, através de abertu-
i) Ventilação natural
ras verticais existentes (poços de elevadores, caixas
É a manipulação do fluxo de ar, aproveitando-se uni- de escadas, shafts) ou aberturas feitas pelo bombeiro
camente do movimento natural dos ventos. Através da (retirada de telhas, abertura de clarabóias). O movimen-
abertura planejada de portas, janelas, clarabóias, telha- to dos gases é impulsionado principalmente pelo em-
dos e buracos na parede é possível criar uma corrente puxo e pela sobrepressão, mas também pode valer-se
de ar que ajude a retirar a fumaça do ambiente sinistra- da pressão negativa (em caixas de elevadores, escadas,
do. shafts) para fazer a fumaça sair por aberturas na parte
Os principais fatores de movimento da ventilação na- mais alta da edificação.
tural são: O movimento ascendente da fumaça através de pris-
• Empuxo: os gases aquecidos da fumaça têm mas da construção é chamado de efeito chaminé. Em
densidade menor que o ar ambiente, sofrem edifícios muito elevados, sem sistemas preventivos para
empuxo e sobem – é o fenômeno da convecção. ventilação, pode ocorrer o efeito cogumelo, em que se
• Sobrepressão no compartimento incendiado: é formam camadas de fumaça nos pavimentos interme-
proveniente do aumento do volume dos gases diários, isto é, abaixo do piso mais elevado. Isto ocorre
aquecidos, por isso a fumaça acumulada sai do devido à interrupção do movimento ascendente porque
compartimento por qualquer abertura, mesmo a temperatura da fumaça diminui à medida que sobe e se
que seja baixa. iguala à temperatura do ar envolvente.

518 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


cendo os materiais necessários, mas antes de realizar a
abertura – quebrar a janela, tirar a telha, efetuar o último
corte que vai abrir o buraco, após arrombar o cadeado
que trancava a porta do terraço, antes de demolir a pa-
rede – a equipe de ventilação tem que pedir permissão
ao comandante de operações para que ele se comunique
com a guarnição de bomba e tenha certeza de que ela
está pronta, em seguida o comandante de operações
aprova a abertura que vai se seguir de um novo comando
para a linha avançar assim que a equipe de ventilação co-
municar o “pronto”da ventilação.
Os dois tipos de ventilação natural, vertical e horizon-
tal, podem ser feitos junto ao foco ou para longe dele. No
primeiro caso obtém-se as vantagens que já vimos ante-
riormente – facilita a visualização e acesso ao foco, retira
o calor, retira os produtos tóxicos da combustão, diminui
os danos materiais – limitando a propagação horizontal
do incêndio. Quando a ventilação é feita longe do foco, as
aberturas nas áreas não atingidas pelo fogo devem ser
feitas enquanto se mantém o foco confinado, ou seja, fe-
chado ou após a sua extinção. Essa tática pode ser usada,
por exemplo, para posicionar a linha antes de realizar um
Fig. Formação de camadas de fumaça em edifícios altos. Fon- ataque indireto, ou para resgatar vítimas.
te: ENB, 2006
A ventilação natural, tanto horizontal quanto vertical,
também pode ser feita de forma cruzada, ou seja, com
uma abertura para entrada de ar e outra para saída de
fumaça, aproveitando a direção do vento para aumentar
c) Técnicas para realizar a ventilação natural
o deslocamento.
É preciso encarar a ventilação tática como uma fer-
ramenta de combate a incêndio tão importante quanto A ventilação cruzada também pode ser usada após
o ataque com água, ou qualquer outro agente extintor. A o confinamento do fogo: fecha-se o compartimento em
equipe que realiza a ventilação tem que ter comunicação que está o foco e ventila-se o restante da estrutura. Pro-
constante com o comandante de operações, para que ele cedendo ao confinamento se ganha algum tempo para a
possa coordenar o ataque, de forma que todas as abertu- retirada de vítimas, pois o desenvolvimento do fogo é re-
ras sejam realizadas antes de lançar água. tardado pela diminuição do oxigênio. Nesse caso, as duas
aberturas são feitas longe do fogo.
Como vimos nos itens anteriores, a ventilação só será
efetiva se for realizada antes de atacar o foco. Porém, Em algumas situações a ventilação poderá ser utilizada
antes de se efetuar as aberturas, as linhas de combate após a extinção do incêndio para liberar a fumaça, que de
devem estar prontas, pois a intensidade do incêndio deve outro modo permaneceria nos andares intermediários por
aumentar com a ventilação. Ou seja, as duas equipes, de horas. Um exemplo disso pode ser o incêndio em um com-
ventilação e ataque (extinção do foco), podem iniciar os partimento subterrâneo, em que não seja possível fazer
trabalhos simultaneamente, deslocando-se e estabele- nenhuma abertura de saída para a fumaça, pois uma aber-

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 519


tura a frente do fogo é inviável (o local está abaixo do solo)
e uma abertura no teto do edifício traria a fumaça para o
mesmo caminho dos bombeiros, dificultando o trabalho.
Logo, a ventilação como forma de combate é inviável, mas
como “purificação” do ar ambiente e retorno à normalida-
de ela é muito efetiva e faz parte do nosso trabalho.
Em edificações elevadas, a caixa de escada pode ser
utilizada para ventilar o incêndio. Algumas possuem cla-
rabóias e outras possuem portas de acesso ao terraço.
Antes de se abrir a porta do piso ou apartamento envol-
vido, a clarabóia ou porta deve ser aberta e mantida nes-
ta posição, de modo a impedir que a caixa de escada se
encha de fumaça. Fig. Utilização da caixa da escada
As caixas de escada não devem ser usadas simultanea-
Fonte: ENB, 2006
mente para ventilar e evacuar, sendo que o ideal é primeiro
fazer a evacuação. Da mesma forma, pode ser usada a cai- A ventilação cruzada pode ser feita com uma saída de
xa de elevadores. Sempre que houver uma escada externa, fumaça próxima ao foco. O ar entra pelo mesmo local que
esta deve ser utilizada pela equipe de ventilação. os bombeiros, e a fumaça sai por outra abertura. Essa
ventilação facilita muito o trabalho dos bombeiros e evi-
ta danos à propriedade, pois dirige a fumaça para adian-
te do jato, o qual é aplicado na direção do foco, para fora
da edificação. Para que funcione melhor, a entrada dos
bombeiros deve ser feita a favor do vento, e a saída de
fumaça acima do foco. Isto vale tanto para construções
térreas, quanto para construções com diversos andares.

Fig. Ventilação cruzada. Fonte: ENB, 2006

Fig. Utilização da caixa da escada

Fonte: ENB, 2006

520 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


A ventilação natural pode ser potencializada através mais destrutivos (retirada de telhas, corte de telhas, de-
da aplicação de jato neblinado perpendicular à direção de molição de tetos ou paredes). Um exemplo prático desta
saída da fumaça. No caso de uma ventilação vertical, uma escolha pode ser o seguinte: o comandante de operações
linha de mangueira deve se posicionar acima da abertura decide que a melhor opção é uma ventilação natural ver-
projetando água paralelamente ao plano da cobertura. tical, mas a casa possui uma lage de concreto, neste caso
No caso de uma ventilação horizontal, a linha estará no a impossibilidade de abrir o telhado pelo gasto excessivo
mesmo plano da abertura (geralmente porta ou janela) de tempo e esforço nos leva a segunda opção que pode
e poderá facilmente lançar o jato paralelo à parede. O ser uma janela alta, ou em último caso, quebrar a parede
único cuidado é não lançar água para dentro da abertura. num ponto alto.
Esta técnica traz grandes benefícios: resfria a coluna de
A abertura de clarabóias, além de ser fácil, pode ser
fumaça e extingui chispas incandescentes, além de au-
a única opção quando o objetivo é uma ventilação natu-
mentar a velocidade de escoamento da fumaça.
ral vertical em edifícios cobertos por lage. Ainda dentro
deste mesmo objetivo – ventilação vertical em edifica-
ções elevadas – a abertura da porta que da acesso ao
terraço, além da porta ou janela da casa de máquinas
de elevadores são boas opções. Para este tipo de servi-
ço são necessários 2 bombeiros e alguns equipamentos
para arrombamento: hooligan, machado ou malho, moto
cortador, lembrando que o esforço de subida é grande e
por isso é importante levar um roll de ferramentas dife-
rentes para não perder a viagem.

Fig. Ventilação natural potencializada. Fonte: ENB, 2006

d) Como realizar as aberturas


Assim como qualquer outro método de trabalho, os
critérios para se atingir um objetivo seguem uma ordem
lógica de eficiência que prioriza o menor tempo para rea-
lização da ação, o menor gasto de energia e o menor risco
admissível. Traduzindo para o serviço de bombeiro, para
realizar a ventilação desejada – vertical ou horizontal, Fig. Abertura de clarabóias. Fonte: ENB, 2006
longe ou perto do foco – a escolha das aberturas começa
pelas mais fáceis (portas, janelas, clarabóias) e quando
estas não forem possíveis passamos para os métodos

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 521


Sempre que possível, devemos utilizar os dispositivos • Em algumas situações a plataforma mecânica
que já estão instalados, como as clarabóias, saídas dos pode facilitar o acesso e posicionamento no
sistemas de aquecimento, ventilação e ar condicionado, telhado e sempre que possível deve ser usada
alçapões e portas de acesso à cobertura. Para tanto, as pois diminui o risco de queda;
visitas técnicas aos pontos críticos da área operacional • Lançar pouca água sobre o telhado, observando
são muito úteis. Abaixo estão alguns exemplos de cober- onde ocorre maior evaporação – este é o local
turas e seus dispositivos instalados. exato para abrir;

A abertura deve ter tamanho adequado à estrutura. • Telhas de barro podem ser retiradas com as
Para uma residência média, isso significa aproximada- mãos, croque ou outra ferramenta com cabo (pé
mente 1,2m x 1,2m; para edificações maiores, uma abertura de cabra, alavanca), ou cortadas com machado;
de 3m x 3m. É sempre melhor fazer uma abertura grande • Telhas de metal ou fibrocimento (antigo amian-
do que várias pequenas, pois o arraste da fumaça é maior. to) podem ser cortadas com o moto-cortador;
Para quebrar uma janela de vidro, posicionar-se acima • Nunca cortar as estruturas de madeira, para
e ao lado da mesma e começar pela parte superior do vi- tanto se deve bater sobre as telhas à procura de
dro, para se proteger dos estilhaços e da fumaça. som oco que significa ausência do suporte
• Marcar as dimensões da abertura riscando com
a ponta do machado pode ajudar na hora de efe-
tuar os cortes;
• Pode ser usada uma linha de mangueiras para
proteção do bombeiro que está trabalhando na
abertura.

A B

Fig. (A) procedimento correto. (B) errado. Fonte: ENB, 2006

Para abertura em telhados:


• Verificar a estabilidade do telhado, telhados
empenados indicam a iminência de desaba-
mento;
• Estabelecer a escada de gancho, encaixando o
gancho na cumeeira, e deslocar-se exclusiva-
mente sobre os seus degraus e banzos;
Fig. Abertura no telhado. Fonte: ENB, 2006

522 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Cuidados a serem adotados na execução da ventila- ii) Ventilação mecânica
ção natural: É manipulação do fluxo de ar forçando a sua entrada
• O uso do EPI, principalmente o EPR é funda- ou saída do ambiente através de equipamentos. Para
mental para esse tipo de ação; tanto são utilizados jatos d´água, ventiladores e exaus-
• Ancorar-se sempre que possível; tores. A ventilação forçada será utilizada quando não for
possível realizar a ventilação natural devido ao fluxo de
• Antes de realizar qualquer abertura, definir
ar insuficiente ou obstáculos difíceis de remover, como
pelo menos 2 rotas de fuga pois a fumaça pode
lajes ou paredes muito espessas, ou para complementar
sair de maneira violenta;
a ventilação natural a fim de acelerar o processo.
• Manter-se afastado de cabos elétricos ou certi-
car-se que estão sem energia; Assim como todas as vantagens da ventilação são po-
tencializadas pelo uso de equipamentos, uma ventilação
• A fumaça é combustível, portanto, qualquer sa- mecânica mal feita é muito mais prejudicial do que um
ída deve direcioná-la para local onde a propaga-
erro na ventilação natural, pois a quantidade de ar injeta-
ção do fogo seja menos danosa, tendo em vista
do no incêndio é muito maior.
a proteção dos bombeiros, das vítimas e das
áreas não atingidas; A ventilação mecânica tem 3 variantes: ventilação me-
• No estabelecimento de viaturas, é melhor apro- cânica hidráulica, ventilação mecânica por pressão nega-
ximar-se a favor do vento. Em alguns casos, o tiva e ventilação mecânica por pressão positiva.
estabelecimento em local aparentemente mais a) Ventilação mecânica hidráulica
difícil pode ser o melhor, se evitada a direção em
que o vento lançaria a fumaça sobre o socorro; É a utilização de um jato d´água do tipo neblinado
dirigido através de uma abertura, normalmente janelas,
• Na realização de aberturas, manter-se a favor do apontando para fora do ambiente inundado de fumaça,
vento evita ser atingido pela fumaça liberada;
que pelo Princípio de Venturi cria um arraste dos gases.
• Existindo apenas uma abertura, o fogo busca li-
Em relação às vantagens da ventilação hidráulica es-
berar fumaça e obter oxigênio por meio dela. Se
tão a eficiência, que pode ser até 4 vezes maior que os
essa única entrada estiver atrás dos bombeiros,
será um problema, por isso, na passagem de exaustores elétricos e a disponibilidade rápida do equi-
porta, após abri-la, deve-se fechá-la. pamento, que está sempre à mão. Entre as desvantagens
estão o grande gasto d´água e o aumento de danos que
esta água pode causar.

Fig. Manter a porta fechada após a penetração


no local sinistrado (CBMDF, 2009). Fig. Ventilação por meio de jato neblinado (CBMDF, 2009)

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 523


Regras para realizar a ventilação mecânica hidráulica: Caso o espaço livre entre o exaustor e a abertura seja
muito grande, como em portas, ocorrerá algum retorno
• Jato neblinado com abertura de 60° - abertu-
da fumaça para o ambiente que desejamos “limpar”. Para
ras maiores diminuem a energia para o arrasto,
resolver este problema, devemos tampar o espaço livre,
logo, são ineficazes
com lona, uma cortina ou plástico grosso por exemplo.
• O cone d´água deve cobrir quase toda área da
abertura, sem atingir a parede ao redor;
• A distância do esguicho deve ser de 0,5m para
janelas (1,2 X 1,2m) e de 1,5m para portas – a dis-
tância varia para ajustar o cone d´água ao ta-
manho da abertura.
b) Ventilação mecânica por pressão negativa
A ventilação mecânica por pressão negativa é a extra-
ção da fumaça através de exaustores.
Uma boa aplicação de exaustores é para retirar a fu-
maça fazendo-a passar por um ambiente que não pode
ser desocupado, como uma Unidade de Tratamento In-
tensivo de um hospital, por exemplo.
Outra sugestão é para ambientes em que só existe
uma abertura e for inviável a criação de uma segunda
abertura como, por exemplo, alguns compartimentos
subterrâneos.
Os exaustores devem ser estabelecidos a sotavento,
ou seja, no sentido onde o vento sopra, pois assim o fluxo
natural de ar ajuda na extração da fumaça. A admissão,
através da traquéia ou diretamente pelo corpo do exaus-
tor, deve ser posicionada nas partes mais altas do am-
biente, onde a fumaça se concentra.

Fig. Exemplo exaustor (ENB, 2006)

O estabelecimento do material também deve prever o


caminho mais reto possível para o fluxo de ar, pois todas
as mudanças de direção geram turbulências, seja dentro
da traquéia ou nos corredores e compartimentos do local
sinistrado.
A remoção de obstáculos também facilitará o traba-
Fig. VPN usa exaustores para retirada da fumaça (ENB, 2006) lho do exaustor, logo, devemos retirar do caminho es-

524 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


combros, cortinas ou tecidos que possam inclusive ser
sugados pelo equipamento, ou quaisquer outros objetos
que estejam tanto no caminho de entrada de ar para o
exaustor, quanto no caminho de saída de ar para fora do
local sinistrado.
Assim como todos os equipamentos elétricos ou à
combustão, existem cuidados que devem ser tomados
pelo bem da segurança do local e da equipe de bombei-
ros:
• Para atmosferas classificadas só podem ser
usados equipamentos antideflagrantes;
• Movimentar o equipamento desligado e pelas
empunhaduras;
Fonte: CBMERJ
• Acionar o exaustor somente depois que todos
estiverem afastados das pás e fora da área de
O primeiro fundamento para a utilização de ventila-
descarga do ar (partículas podem ser projeta-
dores, é que o cone de ar deve cobrir completamente o
das).
ponto de entrada, caso contrário a fumaça sairá por este
c) Ventilação mecânica por pressão positiva espaço. Para checar se o cone de ar está cobrindo total-
É a insuflação de ar no ambiente sinistrado, para au- mente a entrada, pode-se improvisar uma biruta com um
mentar a pressão interna e forçar a saída da fumaça, com pedaço de plástico na ponta da vara de manobra (croque).
o uso de ventiladores próprios para combate a incêndio. Vale dizer que o aproveitamento do ar lançado pelos
Ao aumentar a pressão interna do ambiente acima da ventiladores é baixo, há uma perda enorme por frestas,
pressão atmosférica, a fumaça é arrastada para as áreas portas mal vedadas e no próprio ponto de entrada, logo a
de menor pressão que correspondem ao exterior, atra- preocupação em cobrir toda a entrada é primordial.
vés das aberturas feitas pelos bombeiros. Os ventilado-
res podem ser elétricos, a combustão ou hidráulicos.
A ventilação mecânica por pressão positiva, dentre as
demais táticas de ventilação mecânica, é a que mais se
assemelha à ventilação natural, podemos encará-la como
um vento forte. Portanto suas vantagens e desvantagens
são as mesmas da ventilação natural, porém com uma ve-
locidade maior. Já em relação à ventilação mecânica por
pressão negativa e à ventilação mecânica hidráulica, ela
possui um grande diferencial: para estabelecer a aventi-
lação por pressão positiva os bombeiros ficam fora do
ambiente sinistrado.
O estabelecimento dos ventiladores corresponde ao
mesmo local de entrada das linhas de mangueira, o que
facilita muito o trabalho.
Fig. O cone de ar deve cobrir completamente a entrada.
Fonte: ENB, 2006

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 525


Para que a manobra seja eficiente é preciso um pon- • Quando se perceber que o fogo está propagan-
to de entrada do ar e um único ponto de saída, e por isso do-se além do compartimento de origem;
temos que isolar os outros compartimentos fechando-se
• Quando a compartimentação do imóvel não é
portas e janelas. O ponto de saída deve ter um tamanho
própria para a criação de um caminho livre, da
similar ao ponto de entrada.
entrada até a saída de ar.
Em construções com mais de um pavimento, o ponto
Como se vê, o uso de ventiladores é bastante útil, mas
de entrada de ar deve ser o mais próximo possível do tér-
requer cuidado. Um modo que tem funcionado em diver-
reo, ou seja, o ventilador deve ser posicionado na porta
sos Corpos de Bombeiros do mundo para implementa-
exterior de acesso. A remoção da fumaça pode ser de um
ção segura é a implantação em três fases (CBMDF,2009):
andar por vez, de forma horizontal, ou pode ser de vários
andares adjacentes, de forma vertical, controlando-se a 1ª) Usa-se o ventilador inicialmente em incên-
abertura das portas, janelas e aberturas na cobertura. dios extintos para retirar a fumaça. Esse é o
primeiro passo para que todos se conscien-
tizem do modo de funcionamento do venti-
lador, da necessidade de fazer a abertura de
saída da fumaça, do tempo para colocá-lo no
local, do modo correto de colocar as man-
gueiras no aparelho, da pressão necessária
para uma boa vazão, da velocidade de saída
da fumaça, etc.
2ª) Quando os bombeiros já dominarem a téc-
nica anterior, o passo seguinte é usá-lo no
rescaldo de incêndios já controlados, mas
antes da extinção completa, complemen-
tando o combate a incêndio já iniciado.
3ª) Por fim, somente após muita experiência,
utilizá-lo no incêndio ativo como instrumen-
to de combate.
Fig. O controle de abertura e fechamento de portas
Aumenta a eficácia da VPP. Fonte: ENB, 2006 10.5.1.5.6. Salvamento
Consiste na retirada e/ou evacuação de pessoas dos
Não utilizar ventilador com o incêndio ativo: locais de risco. Esse procedimento ocorre simultanea-
mente com as outras ações de socorro. Para tanto, faz-
• Se houver sinais de risco de backdraft;
se necessário que o bombeiro esteja utilizando, sempre
• Se houver muita poeira ou materiais passíveis que possível, equipamento de proteção respiratória, EPI
de ficarem em suspensão por causa da ventila- (capa de aproximação, luvas, capacete etc.), machado e/
ção, diminuindo a visibilidade; ou arrombadores e alavancas, corda de prontidão (para
utilizar como cabo-guia nos locais de pouca visibilidade),
• Se a localização do fogo ainda não foi descoberta;
lanterna e, se possível, equipamento para comunicação
• Se os locais que podem ser incendiados pela fu- com o comandante de socorro.
maça liberada ainda não estão protegidos por
Durante esse processo, o bombeiro deverá imobilizar
linha de mangueira;
os elevadores nos andares térreos, mantendo-os com as

526 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


portas abertas. Realizar buscas criteriosas na edificação, sional bombeiro-militar. O incêndio deve ser encarado
promover abandono da edificação sempre que necessário como um cenário de crime, tendo em vista a possibili-
e por partes, com a retirada total ou parcial da população, dade de haver ato ilícito penal relacionado àquele even-
além de sinalizar os locais vistoriados, demarcando aces- to, cuja existência e circunstâncias só serão elucidadas
sos e portas dos compartimentos. Locais como hospitais, diante da investigação policial, embasada pelo trabalho
casa de repouso ou sanatórios apresentam condições es- pericial.
peciais, vide POP – Incêndios em hospitais.
Conforme o Código Penal Brasileiro, em seu artigo
10.5.1.5.7. Proteção 250, o crime de incêndio é caracterizado pela conduta de
causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade
Realizar as ações de salvamento, com vista às áreas
física ou o patrimônio de outrem. Por sua vez, o ato de
não atingidas e materiais, e restringir o incêndio somen-
provocar incêndio em mata ou floresta é um tipo penal
te aos cômodos que já foram atingidos. Pode ser realiza-
definido no artigo 41 da lei nº 9.605/98, Lei de Crimes
da em qualquer fase do combate. Compreende diversas
Ambientais. Além disso, é importante ressaltar que, não
ações, tais como: escoamento de água (para evitar o acú-
raro, outros crimes podem estar relacionados a este tipo
mulo de peso sobre a edificação), cobertura de objetos
de evento, como furto, homicídio e ocultação de cadáver.
(evitar danos causados pela água) e transporte de obje-
tos (diminuir a carga de incêndio do local), entre outros. Mediante uma rápida análise, destaca-se ser de suma
importância que, durante todas as fases de socorro, o
10.5.1.6. Inspeção e rescaldo profissional bombeiro-militar tenha em mente que todas
É uma fase específica do incêndio, que consiste em as suas ações no evento de incêndio são fundamentais,
confirmar a total extinção do incêndio onde será feita não só nas ações de salvamento de vítimas, extinção do
uma vistoria visando a constatar se há necessidade de incêndio e rescaldo, mas, sobretudo, na preservação dos
remoção de entulhos ou esgotamento de água nos anda- vestígios e indícios encontrados nestes cenários, que
res superiores, bem como o resfriamento completo de embasarão a realização dos exames periciais, que con-
pontos no local sinistrado por meio da remoção do ma- substanciarão o diagnóstico sobre a causa e culpabilida-
terial atingido para evitar o reacendimento das chamas. de do mesmo.

Para a realização do rescaldo é necessária uma visto- De acordo com o U.S. Department of Justice (2000),
ria criteriosa às condições de segurança da edificação, podemos destacar 03 ações tomadas pelos primeiros-
tendo em vista que o fogo pode afetar partes estruturais -respondedores, isto é, profissionais bombeiros, que
da edificação, diminuindo sua resistência, tais como: con- contribuirão para a preservação dos vestígios e indícios
creto, madeiramento do telhado ou do piso queimado, dos incêndios e que facilitarão a realização dos exames
pisos enfraquecidos devido à exposição de vigas de sus- periciais de local de incêndio, sendo eles: a observação
tentação ao calor e ao choque térmico produzido duran- da cena e das características do incêndio, a preservação
te o combate, estruturas metálicas deformadas e reboco do local propriamente dita, e o registro da cena.
solto devido à ação do calor, entre outros. i) Observação da cena e das características do
Em caso de vítima fatal, acionar a PMERJ e avisar ao incêndio:
Centro de Operações do CBMERJ e CBA da área. O bombeiro-militar deve observar as condições da
cena e as características do incêndio, guardar tais in-
10.5.1.6.1. Preservação de local de formações mentalmente e, ao término das operações,
incêndio registrá-las, afim de que possa fornecer, ao perito que
Um evento de incêndio não pode ser encarado so- examinará o local de incêndio, uma descrição completa e
mente pela ótica do salvamento e extinção pelo profis- correta do evento.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 527


Para tanto, o bombeiro-militar pode obter valorosas • Marcas de pneu e pegadas;
informações durante sua aproximação e chegada ao lo-
• Janelas e portas quebradas;
cal de incêndio, como as citadas abaixo:
• Distribuição de vidros quebrados e detritos;
• A presença, localização e condição das vítimas;
• Indicação de entrada forçada (ferramentas e
• Veículos saindo da cena ou atividades estra- marcas de ferramentas);
nhas nas proximidades do evento;
• Resíduos orgânicos (ex: cabelos, impressões di-
• Existência de testemunhas; gitais, sangue e outros fluidos corporais);
• Características das chamas e da fumaça (volu- • Evidências de crimes relacionados ao incêndio
me das chamas e da fumaça; coloração, altura e (armas, corpos, drogas, equipamentos de labo-
localização das chamas, direção na qual as cha- ratório clandestino de refino de drogas); e
mas e a fumaça estavam se movimentando);
• Qualquer outro elemento estranho ao local.
• Funcionamento dos elementos de proteção
Feito isso, é necessário que o bombeiro reconheça ele-
passiva (sistema de detecção e alarme, ilumi-
mentos que possam ter modificado ou poderão modificar
nação de emergência, etc) e de proteção ativa
ou remover evidências ou adicionar falsos vestígios à cena.
(canalização preventiva, rede de chuveiros au-
Esses elementos podem advir de diversas fontes, tais como:
tomáticos e extintores);
• Entradas forçadas (arrombamentos);
• Tipo de edificação e seu verdadeiro uso (exem-
plo: edificação residencial desempenhando ati- • Ações de combate a incêndio, tais como um jato
vidades comerciais); compacto aplicado no foco do incêndio ou apli-
cação da técnica do dilúvio, que pode lavar ou
• Condições da estrutura (exemplo: luzes acesas,
diluir evidências potenciais;
janelas e portas abertas, fechadas ou quebra-
das); • Tipo de ventilação adotada;

• Condições no entorno da cena (exemplo: danos • Desligamento do fornecimento de gás combus-


a outras edificações); tível e energia elétrica;

• Condições climáticas; e • Ações de salvatagem e rescaldo que envolvam


a movimentação e a remoção de evidências po-
• Características não comuns na cena (exemplo: tenciais;
odores não usuais).
• Utilização de ferramentas que venham a causar
ii) Preservação do local: a destruição de evidências;
Já nas ações de salvatagem e rescaldo, para preser-
• Condições climáticas (vento, chuva ou mudan-
var os indícios e vestígios, os bombeiros devem, primei- ças de temperatura);
ramente, identificar estas evidências que podem estar
presentes na cena, tais como: • Circulação dos bombeiros pela cena;

• Líquidos inflamáveis ou distribuição não usual • Testemunhas saindo da cena;


dos combustíveis no ambiente (exemplo: pilhas • Tratamento e transporte das vítimas; e
de papéis e móveis aglutinados);
• Contaminação por fontes externas, tais como
• Dispositivos de ignição/explosão (exemplo: is- vazamentos oriundos de ferramentas providas
queiros, fósforos e temporizadores); de motor à combustão.

528 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Para se evitar a modificação, remoção ou, até mesmo, citados como prova técnica de investigações policiais e
a inclusão de uma falsa evidência na cena, o bombeiro processos judiciais, têm a finalidade prima de aplicar o
deve providenciar a proteção da cena. Para tanto, reco- conhecimento das causas dos incêndios para promoção
menda-se as seguintes ações: da melhoria das técnicas e equipamentos de combate a
incêndio, bem como das exigências de segurança contra
• Utilizar a água de forma consciente durante o
incêndio e pânico existentes nas legislações pertinentes.
combate;
• O Registro de Ocorrência deverá, dentre outros
• Evitar a movimentação e remoção de evidên-
elementos formais, conter:
cias durante as ações de salvatagem e rescaldo;
• Observações relativas à sua chegada e aproxi-
• Evitar a destruição desnecessária da edifica-
mação à cena;
ção;
• Técnicas adotadas;
• Evitar circular, desnecessariamente, pela cena;
• Vestígios encontrados;
• Não remover vítimas fatais;
• Ações que possam ter alterado ou removido
• Se necessário, proteger as evidências com ma-
evidências ou inserido falsos vestígios ao local;
teriais que não venham a contaminá-la;
e
• Sinalizar locais que contenham evidências;
• Identificação de vítimas e testemunhas.
• Arrolar vítimas e testemunhas;
10.5.1.7. Recolhimento de material e
• Isolar a cena. Para tanto, pode-se utilizar fitas,
abastecimento das VTRs
cordas e, até mesmo, viaturas;
Nesta fase das atividades, após a autorização do co-
• Controlar o acesso à cena, permitindo somente
mandante de socorro, os materiais utilizados deverão
a entrada de pessoas autorizadas; e
ser recolhidos e conferidos, de modo que qualquer alte-
• Passar o local somente à autoridade policial ração no material de carga da viatura possa ser percebi-
competente, informando tudo o que foi regis- da e devidamente identificada, bem como possíveis ava-
trado acerca da cena. rias das viaturas. Sempre que possível, o abastecimento
de água para as viaturas deverá ser feito no próprio local,
iii) Registro da cena
para que a viatura possa estar disponível para atender
Posteriormente às ações de rescaldo, cabe ao bombei- outro evento já no caminho de regresso à unidade.
ro-militar proceder ao registro da cena. Trata-se de um
relato detalhado, chamado de Registro de Evento, que de- 10.5.1.8. Inspeção final
verá ficar devidamente arquivado e poderá ser solicitado
Ao final das operações deve sempre ser feita uma
para diversos fins. As solicitações para fins legais podem
inspeção final, para verificar se há ainda algum tipo de
advir de órgãos públicos (Ministério Público, Delegacias
alteração, algum material que foi deixado por engano no
de Polícia, Poder Judiciário, Encarregados de IPM) ou até cenário ou, ainda, se há algum tipo de dano material ou
mesmo de empresas e pessoas físicas. Já os pedidos com humano que não tenha sido constatado. Trata-se de um
a finalidade de retroalimentação do ciclo operacional de procedimento de suma importância.
bombeiro-militar advirá, em regra, do Centro de Pesqui-
sas, Perícias e Testes (CPPT) do CBMERJ. 10.5.1.9. Entrega do local
Os laudos periciais de exame de local de incêndio Encerradas a operação de resposta ao sinistro, o local
elaborados pelo CPPT, apesar de serem, por vezes, soli- não pode simplesmente ser abandonado pelas equipes

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 529


de socorro, na verdade deve ocorrer necessariamente a • Disciplina – pela presteza e atenção com que
entrega do local para a autoridade competente (polícia, obedece aos comandos.
em caso de vítima; proprietário ou inquilino, na inexistên- • Espírito de corpo – pela uniformidade na prática
cia de vítima; familiar ou até mesmo para um agente de dos exercícios que exigem execução coletiva.
defesa civil). Só após esta entrega do local é que as equi-
• Proficiência – pela manutenção da exatidão na
pes podem deixar o local do sinistro.
execução.
10.5.1.10. Retorno a UBM Os elementos de ordem-unida utilizados são basica-
Um sinistro sempre representa uma oportunidade de mente: ordem de execução, que precede todo movimen-
verificarmos erros e acertos nos procedimentos empre- to a ser realizado. Essa ordem pode ser através de voz
gados para responder a ele, portanto, no momento do de comando ou por corneta; movimentos previamente
retorno da equipe de socorro à UBM, deve-se sempre estabelecidos e regulamentados por manuais; exatidão
que possível realizar um debriefing, analisando pontos na forma de execução de cada movimento e desenvolver
positivos e negativos observados pelo comandante do a coesão e o espírito de grupo.
socorro e chefe de guarnições nas atividades de bombei- O Bomba-armar, como dito anteriormente, é apenas
ro realizadas. uma forma de simulação, treinamento e maneabilidade
Por último, sabemos que a ocorrência de um incêndio do bombeiro com o equipamento e as técnicas previa-
pode sempre abalar as estruturas da edificação onde ele mente aprendidas, não sendo utilizado da forma apre-
ocorreu, de forma que se deve solicitar à Seção de Servi- sentada em um evento real, porém, todas as técnicas e
ços Técnicos, responsável pela área que vistorie o local maneabilidades serão empregadas de modo individual
do sinistro, a fim de afastar qualquer possibilidade de pelos elementos da guarnição, sob as ordens do chefe da
novos acidentes decorrentes daquele sinistro. guarnição em virtude da tática adotada pelo comandan-
te de operações.
10.5.1.11. Bomba-armar O Bomba-armar é um evento praticado por uma guar-
O Bomba-armar é uma forma didática de apresentar nição completa de uma viatura AUTOBOMBA e é cons-
e executar a maneabilidade das várias técnicas e mate- tituído pelo conjunto de vários eventos menores. Para
riais operacionais empregados na atividade de combate iniciar nosso estudo, iremos definir os elementos de uma
a incêndio. guarnição. Uma guarnição de bomba é composta por:
O Bomba-armar mescla o emprego técnico profissio- • 01 chefe da guarnição – é o elemento de maior
nal dos equipamentos operacionais com elementos de graduação ou maior antigüidade, tendo a gradu-
ordem unida. Os elementos de ordem unida, neste caso, ação de 1º, 2º ou 3º Sgt;
caracterizam-se por uma disposição individual e cons- • 01 auxiliar da guarnição – função de 2º ou 3º Sgt,
ciente, altamente motivada, para obtenção de determi- podendo ser exercida por um cabo;
nados padrões coletivos de uniformidade e sincronismo
• 03 chefes de linhas – função de cabo ou solda-
que visam a desenvolver o sentimento de coesão e os
do, sendo mais antigo que o ajudante;
reflexos de obediência.
• 03 ajudantes de linhas – função exercida por
A ordem unida ainda propicia que o instrutor observe soldados.
e estimule os instruendos, através de índices de eficiên-
A linha é o elemento de operação da guarnição, com-
cia claramente evidenciados, que são:
posta por dois bombeiros, responsáveis por operar uma
• Moral – pela superação das dificuldades encon- linha de mangueira. A partir de agora iremos ver os even-
tradas na maneabilidade com o material.
tos constituintes de um Bomba-armar.

530 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


ra retida entre as pernas do ajudante e corre na direção
oposta.
Para a colocação do esguicho, o chefe aguarda o aju-
dante com a mangueira cavalgada e a junta na altura da
cintura voltada para si. Ao chegar, o ajudante segura a
junta enquanto o chefe efetua a conexão do esguicho. Es-
1ª LINHA
tando em condições de combate, o chefe ordena ao aju-
dante para dar o “pronto a linha” ao chefe da guarnição.
Este corre em direção ao aparelho divisor e dá o brado
de “pronto a linha”, acrescentando o respectivo número
de ordem da linha. Ao retornar, o ajudante assume a sua
2ª LINHA posição de combate à retaguarda do chefe, a uma distân-
cia de aproximadamente dois passos.
Estando em um plano elevado ou local de difícil aces-
so, o ajudante deverá se colocar da melhor forma possí-
vel, para que a sua solicitação seja entendida por quem
3ª LINHA estiver guarnecendo o divisor. Na posição de combate
na linha de mangueira, o chefe deverá fazer a base com
a perna esquerda à frente ligeiramente flexionada, en-
quanto a perna direita deverá permanecer esticada (ou
ligeiramente flexionada). A mangueira deverá passar sob
o ombro direito, ficando presa entre o braço e o tórax do
bombeiro, a mão esquerda (que controla o esguicho) de-
i) Armar Linha de Mangueira verá ficar por cima do mesmo.
Armar linha de mangueira é a reunião de todos os mo- ii) Desarmar Linha de Mangueira
vimentos já vistos em um único movimento, que, de um
modo geral, consiste em dispor uma linha de mangueira Sendo ordenado ou tendo extrema necessidade de
para a sua utilização. A atividade é executada pelo che- desarmar, o chefe ordena ao ajudante que dê “alto a li-
fe e ajudante da linha de mangueira. Cabe ao ajudante, nha”. O ajudante corre para perto do aparelho divisor e dá
transportar a mangueira do seu local de guarda até o o brado de “alto a (nº de ordem) linha”. A operação de de-
ponto de conexão. Neste local, o ajudante coloca a man- sarme é, seqüencialmente, inversa à operação de armar.
gueira sobre o solo e a segura nas extremidades para a iii) Ajudante Render Chefe
conexão, retendo-a entre as pernas enquanto o chefe Para efetuar esta manobra, o chefe deverá esticar os
não segurar a outra extremidade. braços para frente do corpo, afastando a mangueira de
Durante a operação de conexão com a boca expulso- si, porém, sem soltá-la, posicionando-se de maneira a
ra do AUTOBOMBA ou do divisor, o ajudante deve reter manter a mangueira paralela ao seu peito. O ajudante irá
com os pés uma parte da mangueira, para que esta não largar a mangueira e rapidamente passar o seu braço es-
fuja ao seu controle, em virtude da corrida do chefe na querdo sobre o braço direito do chefe, empurrando, com
direção oposta. Sendo a conexão entre as mangueiras, o a mão esquerda, o esguicho, enquanto a mão direita em-
chefe aguarda o ajudante com a mangueira cavalgada e punha a mangueira em posição tangente, por fora, à mão
a junta na altura da cintura. Após a chegada do ajudante direita do chefe, tudo isso imediatamente após um salto
e posterior conexão, o chefe apanha a junta de manguei- que posicionará o ajudante tangente ao lado direito do

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 531


chefe. O chefe deverá soltar a mangueira tão logo o aju- mangueira, neste caso, o ajudante sairá de sua posição,
dante firme as mãos na mangueira, em seguida, o chefe segurando sempre a mangueira, movendo as mãos de
passa para a posição do ajudante. acordo com o seu deslocamento. Ao chegar próximo do
chefe, este passará o braço direito para trás do ajudan-
Haverá casos em que, devido à pressão imposta às
te e, em seguida, o braço esquerdo, devendo afastar-se
mangueiras se tornará muito difícil ou até mesmo im-
para formar o seio na mangueira da mesma maneira, que
possível para o chefe esticar os braços segurando a
o ajudante fez a aproximação.

A B C

Fonte: CBMERJ, 2016

iv) Aumentar Mangueira


no local próprio, o ajudante e o chefe realizam as mano-
Ao ser ordenado, verbalmente, ou por toque, ou ainda bras de desconectar o esguicho, conectar outra man-
por evidente necessidade, o chefe ordenará ao ajudante gueira e reconectar o esguicho. Quando o chefe estiver,
que dê o brado de “alto a (nº de ordem) linha” junto ao novamente, posicionado, ordenará ao ajudante para dar
operador do aparelho divisor. Após apanhar a mangueira a voz de “pronto a (nº de ordem) linha”.

A B C

Fonte: CBMERJ, 2016

532 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


v) Diminuir Mangueira ajudante, olhando o terreno alternadamente à frente e
Ao ser ordenado, o chefe mandará o ajudante dar a voz a ré. O corpo fica posicionado, lateralmente, à linha ima-
de “alto a (nº de ordem) linha”. Ambos executarão as ma- ginária de recuo e o deslocamento é realizado de forma
nobras de desconexão e conexão, nesta ordem, de forma idêntica a uma corrida no sentido lateral.
a liberar uma mangueira. Após estas manobras, o chefe
ordenará ao ajudante dar o “pronto a (nº de ordem) linha”. Observação 1 - O deslocamento deve ser feito arras-
Em seguida, o ajudante retira a mangueira liberada para tando-se os pés, de maneira a mantê-los o maior tempo
o local próprio, onde será posteriormente enrolada, dá o possível em contato com o solo, evitando, dessa maneira,
“pronto a linha” ao operador do aparelho divisor e retorna um possível desequilíbrio causado pela pressão d’água
imediatamente à sua posição à retaguarda do chefe. nas mangueiras.

vi) Linha de Mangueira Recuar


Observação 2 - Para recuar uma linha com mais de
Ao ser ordenado, o chefe direciona o esguicho para o uma mangueira, o ajudante irá deslocar-se até a união
solo com uma das mãos, enquanto a outra segura firme das juntas mais próximas, erguê-las até a altura do peito
a mangueira, formando assim um ângulo de aproximada- e deslocar-se até a próxima união de juntas. Ao chegar,
mente 60º. O ajudante desloca-se para o centro da man- deverá colocar no solo a junta com a qual ele recuou ini-
gueira, sendo uma, ou para a junta mais próxima, existin- cialmente e repetir a operação até a posição desejada
do mais de uma, e a conduz com as duas mãos na altura (geralmente atrás do divisor).
do peito, até o local recuado. O chefe recua junto com o

B C

vii) Linha de Mangueira Avançar


Ao ser ordenado, o chefe direciona o esguicho para o
solo com uma das mãos, enquanto a outra segura a man-
gueira, formando assim um ângulo de aproximadamente
600. O ajudante desloca-se para o centro da mangueira,
sendo uma, ou para a junta mais próxima, existindo mais
A de uma e a conduz com as duas mãos na altura do peito,

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 533


até o local avançado. O chefe, tão logo o ajudante se posi- b) Linha Partindo do Divisor
cione, avança de forma acelerada, olhando com atenção
Após trabalharem no estabelecimento da ligação, se
para o terreno. Após chegar ao local determinado ou até
for necessário, o chefe e o ajudante de linha, que irão ar-
a voz de “alto”, o chefe se posiciona e logo em seguida o
mar a linha de espuma, retiram o esguicho gerador de es-
ajudante.
puma e o galão de espumatol, respectivamente, da viatu-
Observação - Caso existam mais de 02 (duas) man- ra e os transportam para próximo do divisor. Em seguida,
gueiras na linha, o ajudante deverá proceder de maneira executam as operações abaixo:
inversa à descrita no item anterior, portanto, avançando
• Chefe de Linha: Executa as operações para confec-
mangueira por mangueira, sempre segurando pelas jun-
ção da linha. Deixa a mangueira sobre o chão, corre
tas até distender toda a linha novamente.
e apanha o esguicho gerador de espuma; entrega a
viii) Linha de Espuma Armar junta ao ajudante e conecta o esguicho; toma posição
de combate e comanda “linha de espuma funcionar”;
a) Linha Direta
na volta do ajudante, entrega-lhe o tubo de aspiração.
• Chefe da Linha: Apanha o esguicho proporcionador • Ajudante da Linha: Executa as operações para a con-
de espuma e o coloca próximo à viatura; executa as fecção da linha. Logo que o chefe desenrole e estique,
operações normais para a confecção da linha; trans- corretamente, a última mangueira da linha, corre e
porta o esguicho, colocando-o sobre o chão, próximo apanha o galão de espumatol, transportando-o para
da última junta de mangueira, onde o mesmo será próximo da junta, onde será conectado o esguicho;
adaptado; entrega a junta ao ajudante na posição cor- recebe e sustenta a junta de união da mangueira,
reta e conecta o esguicho; toma posição de combate para que o chefe conecte o esguicho; transmite a voz
e dá voz de “linha de espuma funcionar”; entrega o do chefe ao auxiliar da guarnição; volta e dá “missão
tubo de aspiração ao ajudante. cumprida” ao chefe; guarnece o chefe com a mão es-
• Ajudante da Linha: Apanha o galão de espumatol e o querda (sustentando a mangueira por baixo, próximo
coloca próximo à viatura; executa as operações nor- da junta) e com a mão direita introduz o tubo de aspi-
mais para a confecção da linha; transporta o galão de ração no galão de espumatol.
espumatol, coloca-o próximo da junta de união, onde
será conectado o esguicho e o destampa; recebe a Observação - O chefe da guarnição é o encarregado de
junta de união da última mangueira, sustentando-a trazer mais galões de espumatol, se for necessário, an-
para que o chefe conecte o esguicho; transmite a voz tes que seja interrompido o funcionamento da linha.
do chefe ao operador da viatura e, no regresso, dá voz
de “missão cumprida”; guarnece o chefe, segurando a ix) Linha de Espuma Desarmar
mangueira por baixo, próximo à junta de união. Com a • Chefe da Linha: Comanda “linha de espuma alto! e
mão direita, recebe o tubo de aspiração e o introduz desarmar!” e recebe o tubo de aspiração das mãos do
no galão de espumatol. ajudante; faz a desconexão do esguicho com o ajudan-
te; coloca o esguicho próximo à viatura; enrola a(s)
mangueira(s) da linha, auxiliado pelo ajudante.

• Ajudante da Linha: Transmite o comando do chefe da


linha ao auxiliar da guarnição; transporta o galão de
espumatol para próximo da viatura; auxilia o chefe da
linha na desconexão e enrolamento da(s) mangueira(s)
da linha; coloca as mangueiras próximas à viatura;
Fonte: CBMERJ

534 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Observação - O chefe da guarnição deverá conferir o para que o chefe da guarnição os confira. Posteriormen-
material utilizado, anotando-os e, se não houver mais ne- te, este comandará “recolher o material”.
cessidade de utilizá-los, comandará recolher o material.
x) Bomba Armar
Ao ser dado o brado, verbalmente, ou por toque de
x) Proporcionador de Espuma Armar
corneta, toda a guarnição se desloca, simultaneamente,
• Chefe da Linha: Transporta o esguicho lançador de es- para os locais de guarda dos materiais e, posteriormen-
puma e o proporcionador de espuma para próximo do te, para os pontos pré-determinados.
divisor (caso não seja linha direta); desenrola as man-
O chefe da guarnição conduz o aparelho divisor até o
gueiras da linha. Enquanto o ajudante vai buscar a úl-
ponto mais favorável ou determinado pelo comandante
tima mangueira da linha, transporta o proporcionador
do socorro para o estabelecimento das linhas. Os chefes
para próximo da junta de união, na qual vai ser conec-
de linhas munem-se de esguichos e os ajudantes de man-
tada a última mangueira da linha; faz a interligação das
gueiras. Enquanto os pares um e dois realizam a ligação,
mangueiras por intermédio do proporcionador, auxilia-
com quantas mangueiras se fizerem necessárias alterna-
do pelo ajudante; desenrola a última mangueira e colo-
damente, o par três arma a sua linha.
ca a junta sobre a mesma; apanha o esguicho lançador
de espuma, enquanto o ajudante transporta o galão de O par um efetua a conexão de todas as mangueiras ím-
espumatol para próximo do proporcionador; faz a co- pares da ligação, cabendo ao par dois as pares. Só após
nexão do esguicho com o auxílio do ajudante da linha; o complemento da ligação é que os pares 1 e 2 iniciam a
comanda “linha de espuma funcionar”. armação das suas linhas. A terceira linha fica isenta de
• Ajudante da Linha: Além do que já foi citado, junto realizar a ligação, para que possa iniciar as ações de com-
com os deveres do chefe, auxilia, normalmente, na bate, tão logo esteja ativada.
constituição de linhas. Após transmitir a voz do chefe Ao auxiliar da guarnição compete verificar a perfeita
de “linha de espuma funcionar”, toma posição junto do conexão das juntas, a correta disposição das mangueiras
proporcionador e aguarda o comando do chefe, para e dar o “pronto à ligação” ao motorista do AUTOBOMBA,
introduzir o tubo aspirante no galão de espumatol e tão logo esta seja efetuada.
lá permanece. Cabe ao chefe da guarnição um maior
É atribuição do auxiliar, ajudar na conexão da última
controle neste tipo de combate pelo transporte de
mangueira da ligação com o divisor. Ao ser ordenado de-
mais galões, se for necessário, e caso haja algo que
sarmar, o autobomba cessa a alimentação do sistema.
impeça a comunicação visual entre o chefe e ajudante
Todos os componentes, simultaneamente, executam as
da linha, ficará entre ambos, fazendo a interligação;
manobras de modo inverso. Não devendo esquecer de
ajudando ainda, a recuar a mangueira ou avançar caso
escoar a água das mangueiras.
a linha tenha mais de duas mangueiras.
xi) Alarme Gases
Observação: O chefe da linha só ordenará ao ajudante
Ao ser determinado “Alarme Gases”, verbalmente, ou
que introduza o tubo aspirante dentro do recipiente de
através de toque de corneta, todos os integrantes da
espumatol, depois que a água estiver saindo no esguicho.
guarnição (salvo o motorista) deverão lançar-se ao solo,
Somente dirigirá o esguicho na direção do fogo, quando a
tomando a posição de decúbito ventral, prosseguindo o
espuma estiver saindo no esguicho.
serviço de extinção das chamas na posição de “rastejo”.
ix) Proporcionador de Espuma Desarmar Quanto mais rente ao solo ficar o corpo, maiores se-
Efetuar as operações de modo inverso ao item ante- rão as chances de evitar os efeitos dos gases. Enquanto
rior, colocando os materiais utilizados próximo à viatura, não for dado “Alarme gases alto”, os componentes da

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 535


guarnição não poderão ficar de pé e executarão todos os
movimentos na posição de rastejo.

Fonte: CBMERJ

xii) Perigo Iminente ção deve formar junto às viaturas a que pertencem. Tal
Ao ser dado este sinal, verbalmente, ou toque de cor- procedimento tem a finalidade de verificar se há falta
neta, a guarnição deve abandonar, imediatamente, o local de algum elemento da guarnição. Cessado o motivo que
onde se encontra, deixando inclusive o próprio material levou a guarnição a abandonar o local, os componentes
de trabalho. Logo que deixe o local do sinistro, a guarni- da mesma retornam aos seus lugares, após ordem do Co-
mandante do Socorro.

Fonte: CBMERJ

536 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


xii) Explosão Iminente ii) Operação de armar a escada prolongável
Este sinal indica que uma explosão está por acontecer A ordem de armar abrange quatro operações sucessi-
e, ao ouvi-lo, os componentes da guarnição abandonam o vas:
local de trabalho e procuram abrigar-se num local onde
1ª) Retirar a escada;
não possam ser atingidos pelos destroços provenientes
da explosão. A critério do comandante do socorro, após a 2ª) Transportar a escada;
explosão, e não havendo mais risco aos componentes da 3ª) Elevar a escada;
guarnição, estes formarão junto às viaturas, para confe-
4ª) Fixar a escada.
rência ou retornarão aos seus postos.

10.5.1.12. Escada Prolongável • Retirar a Escada – Compreende o ato do chefe


e seu auxiliar, designados, retirarem a escada da
Atualmente no Corpo de Bombeiros Militar do Esta-
viatura.
do do Rio de Janeiro a escada manual em uso é a escada
prolongável, que é parte dos equipamentos operacionais • Transportar a Escada – A dupla (chefe e aju-
das viaturas de combate a incêndio. dante) transporta, até o local determinado, a
escada.
Da mesma forma que o Bomba-armar, a escada pro-
• Elevar a Escada – Nesta operação, a extremi-
longável tem a sua maneabilidade apresentada de forma
dade dentada do lanço fixo (bases) é fixada ao
tal que seja um misto de emprego técnico profissional
solo pelos pés do chefe da guarnição, enquanto
com elementos de ordem unida, garantindo maior exati-
o ajudante eleva a escada. Uma vez elevada a
dão na sua execução. escada, o chefe desenvolve-a até a altura de-
i) Guarnição da Escada Prolongável sejada, puxando a corda de desenvolvimento e
acionando os grampos fixadores. Durante o de-
A guarnição de escada prolongável, devido ao seu pe-
senvolvimento, o ajudante guarnecerá a escada.
queno peso e fácil manejo, especialmente as de alumínio,
compõe-se de um chefe e um ajudante, escalados da • Fixar a Escada – Uma vez armada a escada, o
guarnição de bomba. ajudante subirá e a amarrará, sempre que for
possível.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 537


Fonte: CBMERJ, 2016

Ressaltamos que para a operação de desarmar a esca- tempo em que a mão esquerda vai segurar
da, as ações são realizadas de forma inversa aos procedi- o banzo do lado esquerdo, um pouco acima
mentos de armar escada. da cabeça, e assim prossegue executando
iii) Condutas de Execução dos Movimentos na Es- este movimento ascensional em dois tem-
cada Prolongável pos alternados; pé esquerdo e mão direita,
e pé direito e mão esquerda. A posição do
A escada deve estar posicionada, corretamente, para
corpo durante a subida é a seguinte: o tron-
que possa ser utilizada. Os bombeiros devem utilizar a
co obedece à posição da escada sem nenhu-
técnica padrão para subida, descida e tomada de posi-
ma inclinação lateral, ligeiramente inclinado
ção, que visam à sua maneabilidade com máxima preste-
para frente, o máximo possível aproximado
za e segurança.
da escada, sem, contudo roçar nos degraus.
a) Para subir - O bombeiro dirige-se resoluta- A cabeça ligeiramente inclinada para trás e
mente à escada, onde faz uma ligeira pausa, o olhar sempre voltado para cima. Os bra-
a fim de tomar posição inicial de subida. ços e as pernas executam os movimentos
Esta posição inicial consiste em colocar o de flexão e extensão de modo a conservar
pé esquerdo no primeiro degrau e a mão di- os joelhos e cotovelos sempre para fora dos
reita segurando o banzo do lado direito, um banzos, e os pés tocam os degraus somente
pouco acima da cabeça, e constitui o 1º tem- com as plantas.
po. Em seguida, executa o 2º tempo, levando
b) Para Descer - Observa-se o movimento in-
o pé direito ao segundo degrau, ao mesmo
verso ao prescrito para a subida. Os movi-

538 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


mentos de subida são executados a princí- do pé voltada para fora. A posição é tomada
pio na cadência do passo ordinário, devendo nas escadas, a fim de permitir ao bombeiro
o bombeiro contar os tempos em voz alta; manter-se em segurança, sem o auxílio das
à proporção que forem adquirindo prática, mãos, que ficam desimpedidas para qual-
poderão contar os tempos mentalmente e quer serviço.
elevar a cadência até o passo acelerado.

Fonte: CBMERJ, 2016 Fonte: CBMERJ, 2016

d) Transporte da escada prolongável - O


c) Para tomar posição - Para esquerda (direi-
transporte da escada prolongável faz-se
ta), o bombeiro enfia o pé e a perna direita
com o chefe à frente seguido do ajudante,
(esquerda) entre os dois degraus, na altura
ambos colocando-a no ombro esquerdo,
conveniente, até o salto da botina engatar
pendente de um dos banzos, na altura dos
no degrau imediatamente inferior, ficando a
dois primeiros e dos dois últimos degraus,
ponta do pé voltada para dentro; e desce o
respectivamente, por onde introduzem o
pé esquerdo (direito) mais um degrau, fixan-
braço esquerdo, segurando no banzo ou no
do-o pelo salto da botina, ficando a ponta

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 539


degrau, para melhor acomodá-la. Pode ser
conduzida também com o braço estendido
no prolongamento do corpo.

Carregando no ombro esquerdo Carregando com braço estentido


Fonte: CBMERJ, 2016

10.5.2. Técnicas de Utilização do Extintor


Portátil de Incêndio
O emprego dos extintores portáteis de incêndio está 4ª) Empunhar a mangueira com o esguicho vol-
vinculado à classe de incêndio do material combustível tado para baixo e acionar o gatilho, a fim de
participante da combustão em questão. testar o perfeito funcionamento do extintor
e de verificar se o agente extintor é o que es-
Sendo assim, após saber a classe de incêndio do ma-
tava indicado pelo rótulo.
terial combustível, deve-se proceder da seguinte forma:
5ª) Aproximar-se do incêndio, a favor do vento,
1ª) Identificar o extintor apropriado para a clas-
(quando em áreas abertas) até a distância
se de incêndio em questão, através do rótu-
de utilização do extintor.
lo ou pelas características físicas de cada
extintor. 6ª) Acionar o gatilho, liberando o agente extin-
tor e dirigir os jatos deste para a base do
2ª) Retirar o extintor do seu suporte ou do lugar
incêndio (exceto o extintor de espuma, que
que estiver acondicionado.
deverá ser projetado em uma das paredes
3ª) Retirar o lacre e o pino de segurança. do recipiente do líquido inflamável) fazendo

540 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


movimentos horizontais a fim de abranger 7ª) Avançar na direção do incêndio, à medida
toda a superfície do incêndio (movimento que for sendo extinto.
de ziguezague).

1 2 3

4 5 6 7

Fonte: CBMERJ, 2008

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 541


10.5.3. Tipos de linha de combate
Para executar um combate a incêndio rápido e eficien-
te é preciso que os elementos da guarnição de bomba co-
nheçam algumas formas pré-estabelecidas de dispor as Fonte: CBMSP, 2006
linhas de mangueira no terreno. Aqui chamaremos estas
formas de tipos de linha de combate: a primeira é a linha • Linha simples: é a armação de uma única linha
em plano horizontal, a segunda é a linha em plano vertical de mangueira, acoplada à boca de expulsão di-
e por último a linha em plano misto. reita do divisor, ou conforme determinação do
chefe da guarnição.
Antes, porém, iremos dissertar sobre a terminologia
e conceitos básicos sobre a armação das linhas de com- • Linha dupla: é a armação de duas linhas de
bate: mangueira, acopladas, preferencialmente, na
primeira e segunda boca de expulsão do divisor.
• Ligação: é a mangueira ou série de mangueiras
de 2½ polegadas que canaliza a água da boca de • Linha tripla: é a armação das três linhas de
expulsão da viatura, hidrante ou outro manan- mangueira, ocupando todas as bocas de expul-
cial até o divisor. Contam-se essas mangueiras são do aparelho divisor.
a partir do manancial em direção ao divisor.

Fonte: CBMSP, 2006

Fonte: CBMSP, 2006

• Linha: é a mangueira ou série de mangueiras de


1½ polegadas que canaliza a água do divisor ao • Bomba armar: é o conjunto de operações que
esguicho. Contam-se essas mangueiras a partir se processa no estabelecimento dos equipa-
do divisor em direção ao esguicho mentos, para a montagem das ligações e linhas
de mangueira.

Fonte: CBMSP, 2006

Fonte: CBMSP, 2006


• Linha direta: é a mangueira ou série de man-
gueiras de 2½ ou 1½ polegadas que canaliza a
água da boca de expulsão da viatura ou hidrante • Bomba desarmar: é o conjunto de operações
ao esguicho, sem passar pelo divisor. As man- que se processa de modo inverso ao estabele-
gueiras são contadas a partir do manancial em cimento, visando o recolhimento do material
direção ao esguicho. empregado no combate.

542 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


• Posições de combate: são posturas que o chefe Primeiro veremos as formas onze de estabelecimento
e o ajudante de linha devem realizar durante as destes 2 sistemas:
ações de combate.
i) Armação de ligação com uma mangueira
ƒƒ CG: chefe de guarnição
ƒƒ AG: auxiliar de guarnição
ƒƒ CL1: chefe da linha 1
ƒƒ CL2: chefe da linha 2
ƒƒ CL3: chefe da linha 3
ƒƒ AL1: aulixiar da linha 1
Fonte: CBMSP, 2006
ƒƒ AL2: auxiliar da linha 2
ƒƒ AL3: auxiliar da linha 3
• Reserva da linha de mangueiras : “sobra” de
CG AG
mangueiras estabelecidas próximas ao local de
penetração a fim de permitir o avanço da guar-
1) Transporta o divisor 1) Transporta uma
nição. ao local tecnicamen- mangueira e a de-
te recomendado senrola próxima à
10.5.3.1. Linha de combate em plano boca de expulsão
horizontal 2) Vai ao encontro do da viatura.
AG e recebe dele
É utilizada quando o combate ao fogo for no mesmo a extremidade da 2) Retira o tampão da
pavimento onde se encontram as viaturas de combate a mangueira boca de expulsão
incêndio. da viatura.
3) Conecta a extremi-
A armação de linha de combate no plano horizontal dade dessa man- 3) Conecta, nessa
é a base para os outros tipos de linha e por ser uma das gueira na boca de boca, uma das ex-
admissão do divisor tremidades da man-
principais ações num socorro de combate a incêndio de-
gueira desenrolada.
pende de uma padronização detalhada que permita sua 4) Manda o AG dar a
rápida execução independente dos indivíduos que a rea- voz de “pronta a 4) Apanha a outra
lizam. A execução das ações depende exclusivamente da ligação” extremidade e
entrega nas mãos
função do bombeiro na guarnição, ou seja, cada função –
do CG
CG, AG, CL1, AL1, CL2, AL2, CL3, AL3 – tem movimentos
pré-determinados a serem executados, logo, qualquer 5) Dá a voz de “pronta
militar ao assumir a função de AL1, por exemplo, já sabe a ligação”, após a
determinação do
exatamente as ações que deve realizar. Esse tipo de pa-
CG
dronização possibilita inclusive uma interação imediata
de bombeiros de diferentes GBMs. 6) Assume o divisor

Considerando que uma linha de combate é um sistema


que pode ser formado por:
• ligação + linha(s)
• Somente linha(s)

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 543


ii) Armação de ligação com duas mangueiras CG AG CL1
1) Transporta 1) Transpor- 1) Transpor-
o divisor ao ta duas ta uma
local tecnica- manguei- mangueira
mente reco- ras de de 2½”
mendado 2½” e as
desenrola 2) Desenro-
2) Desloca-se próximas la-a junto
até o local à boca de à boca de
onde o AG expulsão admissão
CG AG desenrolou a da viatura do divisor
mangueira e na direção
recebe dele a 2) Retira o da viatura
1) Transporta o divisor 1) Transporta duas extremidade tampão
ao local tecnicamen- mangueiras de da mangueira da boca 3) Conecta
te recomendado 2½” e as desenrola de expul- uma das
próximas à boca de 3) Estende a são da extremi-
2) Desloca-se até o expulsão da viatura. mangueira dades na
viatura e
local onde o AG pela extremi- admissão
conecta
desenrolou a man- 2) Retira o tampão da dade em dire- do divisor
uma man-
gueira e recebe dele boca de expulsão ção ao CL1 gueira
a extremidade da da viatura e conecta 4) Estende a
mangueira uma mangueira 4) Faz a junção 3) Faz a jun- extremi-
dessa extre- ção entre dade des-
3) Estende e conecta a 3) Faz a junção entre midade com a sa man-
as man-
mangueira na boca as mangueiras e outra trazida gueira em
gueiras e
de admissão do entrega a extremi- pelo CL1. direção à
entrega a
divisor dade livre ao CG. outra que
extremi-
5) Manda o AG dade livre será tra-
4) Manda o AG dar a 4) Estende as man- dar a voz de ao CG. zida pelo
voz de “pronta a gueiras segurando- “pronta a CG.
ligação” -as pelas extremi- ligação”. 4) Estende
dades unidas 5) Cuida da
as man-
gueiras armação
5) Dá a voz de “pronta
segurando- da sua
a ligação” após a de-
-as pelas linha
terminação do CG
extremi-
6) Assume o divisor dades
unidas

5) Dá a voz
de “pronta
iii) Armação de ligação com três mangueiras a ligação”
após a
determi-
nação do
CG

6) Assume o
divisor

544 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


iv) Armação de ligação com quatro mangueiras

CG AG CL1 CL2

1) Transporta o divisor ao 1) Transporta duas man- 1) Transporta uma 1) Transporta uma man-
local tecnicamente reco- gueiras de 2½” e as mangueira de gueira de 2½”
mendado desenrola próximo à 2½”.
boca de expulsão da
viatura 2) Desenrola essa man-
2) Desloca-se até o local 2) Desenrola-a jun- gueira junto à boca de
onde o AG desenrolou a to à boca de ad- admissão do divisor na
mangueira e recebe dele 2) Retira o tampão da missão do divisor direção da viatura
a extremidade da man- boca de expulsão da na direção da
gueira viatura e conecta uma viatura.
mangueira 3) Faz a junção entre a
mangueira que desenro-
3) Estende a mangueira 3) Conecta uma das lou e a outra desenrola-
pela extremidade em 3) Faz a junção entre as extremidades da pelo CL1
direção ao CL1 mangueiras e entrega na admissão do
a extremidade livre divisor
ao CG 4) Estende essas manguei-
4) Faz a junção dessa ex- ras pela extremidade
tremidade com a outra, 4) Apanha as extre- em direção à outra que
trazida pelo CL2 4) Estende as manguei- midades unidas será trazida pelo CG
ras segurando-as pelo CL2 e esten-
pelas extremidades de em direção
5) Manda o AG dar a voz de unidas ao CG 5) Cuida da armação da
“pronta a ligação”. sua linha

5) Dá a voz de “pronta a 5) Cuida da armação


ligação” após a deter- da sua linha
minação do CG

6) Assume o divisor

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 545


v) Armação de linha com uma mangueira CL AL

1) Transporta um es- 1) Transporta uma


guicho e uma man- mangueira de 1½” e
gueira de 1½” a desenrola junto à
saída do divisor

2) Desenrola essa man-


gueira junto à saída 2) Conecta a extremi-
do divisor dade dessa man-
gueira na saída do
divisor referente à
3) Conecta o esguicho sua linha
em uma das extre-
midades dessa man-
gueira 3) Faz a junção entre
as duas mangueiras

CL AL 4) Estende a linha pela


1) Transporta um es- 1) Transporta uma extremidade onde 4) Estende a linha
guicho. mangueira de 1½” e está conectado o mediante as extre-
a desenrola junto à esguicho midades unidas
2) Conecta o esguicho saída do divisor
na extremidade
da mangueira de- 2) Conecta a extremi- 5) Manda o AL dar a 5) Dá a voz de “pronta
senrolada pelo seu dade dessa man- voz de “pronta a a linha”, após deter-
ajudante gueira na saída do linha” minação do chefe
divisor referente à
3) Estende a linha sua linha

4) Manda o AL dar a 3) Dá a voz de “pronta 6) Executa a posição de 6) Executa a posição


voz de “pronta a a linha”, após deter- combate de combate
linha” minação do CL

5) Executa a posição de 4) Executa a posição


combate de combate ao lado
do CL

vi) Armação de linha com duas mangueiras

546 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


vii) Armação de linha com três mangueiras viii) Armação de linha direta com uma mangueira

CL AL CL AL

1) Transporta um 1) Transporta a 1ª e 1) Transporta um es- 1) Transporta uma


esguicho e a 3ª man- 2ª mangueiras e as guicho mangueira e de-
gueira desenrola junto à senrola-a junto à
saída do divisor 2) Conecta o esguicho viatura
2) Desenrola essa man- na extremidade da
gueira junto à saída 2) Conecta a extremi- mangueira desen- 2) Conecta a extre-
do divisor dade da 1ª na saída rolada pelo seu aju- midade dessa
do divisor referente dante. mangueira na boca
à sua linha de expulsão usando
3) Faz a junção entre a 3) Estende a linha redução, se neces-
2ª e 3ª mangueiras sário.
3) Faz a junção entre a 4) Manda o AL dar a
4) CL Conecta o esgui- 1ª e 2ª mangueiras voz de “pronta a 3) Dá a voz de “pronta
cho na extremidade linha” a linha”, após deter-
livre da 3a manguei- 4) Apanha, ao mesmo minação do CL
ra tempo, as extremi- 5) Executa a posição de
dades unidas das combate 4) Toma posição de
5) Estende a linha pela 1ª e 2ª e das 2ª e 3ª combate ao lado
extremidade onde mangueiras. do CL
está conectado o
esguicho 5) Estende a linha
junto com o CL
6) Manda o AL dar a
voz de “pronta a 6) AL dá a voz de
linha” “pronta a linha”,
após determinação
7) Executa a posição de do CL
combate
7) Executa a posição
de combate ao lado
do CL

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 547


ix) Armação de linha direta com duas mangueiras xi) Armação de linha direta com quatro mangueiras

CL AL
CL AL 1) Transporta um es- 1) Transporta duas
guicho e duas man- mangueiras e as
1) Transporta um esgui- 1) Transporta uma man-
gueiras desenrola junto à
cho gueira e desenrola-a
viatura
junto à viatura 2) Desenrola essas
2) Conecta o esguicho na
mangueiras junto à 2) Conecta a extremi-
extremidade da man- 2) Conecta a extremida-
viatura dade de uma das
gueira desenrolada de dessa mangueira
mangueiras na boca
pelo seu ajudante na boca de expulsão 3) Faz a junção entre de expulsão da via-
usando redução, se as mangueiras que
3) Estende a linha tura, usando redu-
necessário desenrolou ção se necessário
4) Manda o AL dar a voz 3) Dá a voz de “pronta a 4) Conecta o esguicho 3) Faz a junção entre a
de “pronta a linha” linha”, após determi- na extremidade de 1ª e a 2ª mangueiras
nação do CL uma das mangueiras
5) Executa a posição de e entre a 2ª e a 3ª
combate 4) Toma posição de com- mangueiras
5) Apanha, ao mesmo
bate ao lado do CL tempo, as extremi- 4) Une a extremidade
dades unidas e o livre das manguei-
esguicho conectado, ras que desenrolou
x) Armação de linha direta com três mangueiras
estendendo a linha. a extremidade livre
das mangueiras
6) Coloca as juntas no desenroladas pelo
solo, quando a 1ª, 2ª CL
e 3ª mangueiras esti-
CL AL verem estendidas. 5) Estende a linha
1) Transporta um esgui- 1) Transporta uma auxiliado pelo CL
cho e uma mangueira mangueira e desen- 7) Manda o AL dar a transportando, ao
rola-a junto à viatura voz de “pronta a mesmo tempo, as
2) Desenrola essa man- linha” junções que reali-
gueira junto à viatura 2) Conecta a extremi- zou
dade dessa manguei- 8) Executa a posição de
3) Faz a junção entre a ra na boca de expul- combate. 6) Coloca as extre-
2ª e 3ª mangueiras são usando redução, midades unidas
9) Conectado o esgui- no solo, quando as
se necessário
4) Conecta o esguicho cho, manda o AL dar mangueiras estive-
na extremidade livre 3) Dá a voz de “pronta a a voz de “pronta a rem estendidas
da 3ª mangueira linha”, após determi- linha”
nação do CL 7) Dá a voz de “pronta
5) Estende a linha pela 10) Executa a posição de a linha”, após deter-
extremidade onde 4) Toma posição de combate minação CL
está conectado o combate ao lado do
esguicho CL 8) Executa a posição
de combate ao lado
6) Manda o AL dar a voz do chefe
de “pronta a linha”

7) Executa a posição de
combate

548 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Para agilizar a comunicação e a execução do bom- • Linha simples 2x1: é o mesmo que dizer 2 man-
ba-armar existe uma expressão para determinar a gueiras na ligação, 1 mangueira na linha um
quantidade de mangueiras que devem ser usadas na
ligação e nas linhas. Esta expressão é formada por 2 Na linha simples, dupla ou tripla, para se alcançar
algarismos separados por um X, o primeiro algarismo a distância até o foco, deve-se priorizar o acréscimo
representa o número de lances de mangueira na liga- de mangueiras na ligação, ao invés de se estender as
ção e o segundo representa o número de lances de linhas a partir do divisor, a fim de reduzir ao máximo
a perda de carga. Em outras palavras, devemos levar
mangueiras na linha. Para completar a informação é
a canalização de maior diâmetro (ligação de 2 ½’’)
preciso que o CG defina se a linha será simples, dupla
o mais próximo possível do incêndio. Dessa forma
ou tripla. Assim temos abaixo alguns exemplos:
também facilitamos a movimentação das linhas de
1 ½’’, já que o seu ponto de origem (o divisor) está
• Linha simples 1x1: é o mesmo que dizer 1 man-
próximo.
gueira na ligação e uma mangueira na linha 1
O cálculo da distância da bomba ou hidrante até o in-
• Linha dupla 1x1: é o mesmo que dizer 1 manguei- cêndio é indispensável para o estabelecimento adequa-
ra na ligação, 1 mangueira na linha um e 1 man- do das linhas de combate. O CG deve fazer este cálculo
gueira na linha 2 mentalmente e considerar uma sobra, que chamaremos
aqui de reserva. Esta reserva ficará disposta inicialmen-
• Linha tripla 1x1: é o mesmo que dizer 1 mangueira
te em forma de “S” próximo ao ponto de penetração no
na ligação, 1 mangueira na linha um, 1 mangueira
incêndio, permitindo o fácil avanço da dupla de comba-
na linha dois, 1 mangueira na linha três
tentes.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 549


Após a avaliação da cena junto com o Comandante i) Através de escadas prolongáveis
de Operações, o CG deve reunir a guarnição e infor- Para este tipo de estabelecimento é preciso que o
má-la sobre o tipo de armação de linhas a ser desen- bombeiro conheça a técnica de carregar a ponta da linha
volvida: se direta, simples, dupla ou tripla. Deve infor- como uma mochila.
mar também a quantidade de mangueiras que serão
utilizadas nas linhas e na ligação e o posicionamento A técnica da mochila é utilizada para permitir que o
de cada linha. Exemplos: “Atenção guarnição, vamos bombeiro acesse um andar superior munido com uma li-
armar uma linha dupla com três mangueiras na liga- nha de mangueira para o combate dentro do pavimento
ção e uma em cada linha” ou, simplesmente, “Atenção, ou a partir da própria escada.
vamos armar uma linha dupla 3X1 (três por uma)”. “A Desenvolvimento da técnica:
primeira linha vai entrar pela porta dianteira para
1ª) Posicione o esguicho voltado para baixo, ao
atacar o fogo. A segunda fica ao lado da entrada para
lado do cilindro de ar a alça da mangueira
apoio”.
passa por cima do ombro do bombeiro;
O acréscimo ou redução do número de mangueiras na
2ª) Passe a alça da mangueira por baixo do bra-
linha de combate deve ser feito pelo último lance, desco-
ço, cobrindo o cilindro; a seguir, passe a man-
nectando-se o esguicho e acrescentando ou subtraindo-
gueira por baixo do segundo braço, de baixo
se mangueiras.
para cima;
10.5.3.2. Linha de combate em plano
vertical
As linhas de combate em plano vertical podem ser es-
tabelecidas de diversas formas:
• Através de escadas prolongáveis
• Pela escada de incêndio das edificações
• Através de içamento
• Através de plataformas mecânicas
• Através de auto-escadas mecânicas
Assim como no plano horizontal, a reserva de man-
gueiras na linha é essencial para o avanço da equipe de
combate, e ainda há o agravante de que se o número de
mangueiras for insuficiente o bombeiro militar que es-
tiver carregando a ponta da linha em uma escada ficará
numa posição extremamente desconfortável e possivel-
mente perigosa.
No plano vertical também vale a máxima de levar o di-
visor o mais próximo possível do incêndio. E nesse caso a
vantagem em relação ao desgaste físico dos bombeiros
é muito maior, já que a energia gasta para armar linhas
duplas o triplas na vertical é muito maior do que na ho-
rizontal.

550 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


3ª) Com a mangueira seguindo por cima do om-
bro, deve-se terminar o procedimento pas-
sando a alça por cima do cilindro;

Fig – bombeiro em posição de combate Fonte: (CBMERJ)

4ª) Para o bombeiro desfazer a amarração, bas- ii) Pela escada de incêndio das edificações
ta puxar a alça com a mão esquerda por cima É a armação de linha de mangueiras que passa por
do ombro. dentro da caixa de escada da edificação (caixa de escada:
Outra técnica fundamental para estabelecer uma li- é um conceito arquitetônico que significa o espaço verti-
nha de combate em plano vertical através de escadas é cal dentro da construção destinado à escada).
a posição de combate na escada. Nela o combatente usa Para esse tipo de armação é preciso deixar uma re-
uma das pernas para se travar na escada, passando-a por serva de mangueiras no pavimento em que será feito o
entre os degraus. Desta forma ele fica completamente combate e no lance de escadas que leva ao piso superior.
seguro para controlar o esguicho com a ajuda do AL para O peso desta reserva superior sustenta a linha de man-
tirar um pouco do peso da mangueira. gueiras e ajuda muito na maneabilidade da ponta da linha
de combate.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 551


Também é importante colocar bombeiros em pavi-
mentos intermediários para movimentar a linha se ne-
cessário. Estes devem atender ao pedido do CL.

Fig. Linha de mangueira ao longo da escada Fonte: ENB, 2006

552 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Devemos sempre fazer o seio da mangueira evitando
as quinas da edificação, para nos prevenirmos das que-
bras na mangueira.

Fig. Linha de mangueira ao longo da escada Fonte: ENB, 2006

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 553


iii) Através de içamento isso, acima de 10 metros de altura, será melhor içar a li-
A montagem de linhas de combate através do içamen- gação, mesmo que só for usada uma linha simples para
to das mangueiras pode ser executada em diferentes o combate.
partes da estrutura dos edifícios, sendo as mais comuns Para realizar o içamento de mangueiras é preciso co-
a fachada e os shafts. nhecer a técnica de amarração do esguicho. Ela compreen-
A perda de pressão pela altura é aumentada pelo uso de um nó estrangulador na extremidade da mangueira, que
de mangueiras de pequeno diâmetro como as de 1½”. Por pode ser um fiel, e um cote na extremidade do esguicho.

Fig. Esguicho sendo içado. Fonte: CBMERJ, 2016

554 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Outra técnica importante para o estabelecimento de Abaixo descrevemos a padronização das ações de
mangueiras pelo içamento é a amarração das manguei- uma guarnição de bomba para realizar 2 tipos de içamen-
ras suspensas nos pavimentos intermediários e no últi- to: içamento de uma linha de mangueiras de 1 ½’’ e iça-
mo pavimento em que a linha alcançar. Para a amarração mento de uma ligação (2 1/2’’) .
da mangueira é preferível um nó estrangulador abaixo da
Primeiro a linha é armada no plano horizontal para de-
conexão Storz, para aproveitar a própria conexão para
pois ser içada.
travar a corda.
A seguir veremos as ações a serem executadas por
cada membro da guarnição durante este procedimento.

CG AG CL(andar superior) CL(andar superior)

1) Determina qual linha 1) Apanha a extremidade 1) Coloca a ponta da linha 1) Lança a outra extremi-
ou quais linhas irão do cabo lançado próxima ao local de dade do cabo para bai-
tomar posição no an- içamento xo, avisando “atenção a
dar desejado corda!!”
2) Amarra a ponta da linha
2) sobe para o andar de-
2) Coordena toda a ope- terminado 2) Iça a mangueira após
3) Manda içar a linha e a
ração determinação do AG
guarnece para evitar
choque com a parede ou 3) Recebe do AL a corda,
vidraças da edificação amarra uma ponta da 3) Fixa a mangueira com
corda o cabo utilizado para o
içamento
4) Reassume o divisor
4) pede ao AL dar o pron-
to da linha 4) Faz amarrações inter-
mediárias se necessário

5) Dá o pronto à linha pela


janela ou sacada

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 555


10.5.3.3. Troca de mangueira rompida impedir o ressurgimento do fogo e deixar o local em
condições de segurança para os peritos e para quem for
Na impossibilidade de se interromper o fluxo d’água
reconstruir ou recuperar a edificação. Deve-se realizar a
por meios normais, a fim de substituir a mangueira rom-
remoção e não a destruição dos materiais; se possível,
pida ou furada, deve-se estrangular a mangueira. Fazem-
recuperar o local.
se duas dobras na mangueira, formando dois ângulos
agudos, e mantendo-os nesta posição com o peso do cor-
10.5.4.1. Procedimentos
po. Com essa manobra, interrompe-se o fluxo de água e
em Salvatagem
troca-se a mangueira rompida.
Salvatagem, através de um planejamento bem feito,
consistirá em: organização e cobertura de máquinas,
mobília e materiais existentes no local do sinistro; esco-
amento da água empregada no combate; separação do
material não queimado e sua remoção para lugar seguro;
cobertura de janelas, portas e telhados.
Ações como jogar água em fumaça ou em objetos
quentes (sem fogo) devem ser evitadas, pois acarretam
consequências tais como: mais danos que o incêndio;
gasto desnecessário de água, que poderá faltar no com-
bate ao fogo; perda sensível de tempo; riscos desneces-
sários à guarnição.

10.5.4.2. Planejamento para Operação


de Salvatagem
Os danos causados pelo calor, pela fumaça e pela água
Fig. Troca mangueira. Fonte: ENB, 2006 frequentemente são superiores aos causados pelo fogo.
Uma salvatagem planejada e bem executada pode redu-
zir danos e perdas. Um bom serviço de salvatagem tam-
bém é um dos melhores meios para se elevar o respeito e
10.5.4. Técnicas de Salvatagem
a estima que a sociedade tem pelo Corpo de Bombeiros.
Salvatagem é o conjunto de ações que visam diminuir Este fator deve ser um incentivo para os bombeiros, ge-
os danos causados pelo fogo, água e fumaça, antes, duran- rando um constante aprimoramento profissional.
te e após o combate ao incêndio. Pode ser realizada em
qualquer fase do combate. Este procedimento operacio- A eficiência das operações de salvatagem depende de
nal compreende diversas ações como: cobertura e trans- planejamento e treinamento. Também depende de uma
porte de objetos, escoamento de água, secagem, etc. adequada manutenção do material de salvatagem e, para
isso, devem existir homens responsáveis pela conferên-
O rescaldo é a fase do serviço de combate ao incêndio cia e conservação desse material.
em que se localizam focos escondidos ou brasas que po-
derão tornar-se novos focos. Este trabalho visa impedir O planejamento deve ser específico (de acordo com as
que o fogo volte, mesmo depois de estar dominado. Tra- peculiaridades do incêndio e do efetivo) e deve ser pré-
ta-se da última fase do combate ao incêndio. vio (cada um sabendo o que e como fazer). Todo bombei-
ro deve ser treinado para operações de salvatagem, ela é
O rescaldo não deve prejudicar os trabalhos dos pe- essencial nas atividades de bombeiros.
ritos (determinação das causas do incêndio), mas deve

556 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


As coberturas de salvatagem devem ser constituídas
de materiais impermeáveis e ter os cantos e bordas com
bainha reforçada, onde se colocam ilhoses metálicos
para amarração de sustentação por cabos.

10.5.4.3. Organização dos Materiais a


Serem Cobertos
Com a finalidade de não deixar a água estragar ainda
mais os móveis, durante o combate ao incêndio, eles de-
vem ser protegidos e cobertos.
Os materiais devem ser separados pelas caracterís-
ticas e quantidade. Uma dificuldade comum para esta
parte do trabalho é a falta de estrados sob materiais
sujeitos à danificação: caixas de papelão, alimentos, pa-
péis, entre outros. Nestes casos devem-se remover os
materiais e acondicioná-los em suportes de no mínimo 15
cm de altura, deixando espaço entre os materiais e o teto
para a colocação de coberturas de salvatagem.
Os móveis devem ser agrupados no centro do cômo- Fig. Acúmulo da água. Fonte: CBMSP, 2006
do, tomando cuidado para que não fiquem embaixo de
possíveis goteiras, colando suas gavetas e portas para
Um meio prático de escoamento da água de pavimen-
o interior do agrupamento de móveis. Para tapetes,
tos superiores é o uso de calhas, montadas com auxílio
estes devem ser enrolados e colocados sobre algum
de coberturas de salvatagem.
móvel. Pequenos Objetos devem ser guardados conve-
nientemente. Móveis altos como armários ou estantes
As calhas podem ser instaladas em um pavimento in-
devem ser colocados de forma a servirem de suporte
ferior, para conduzir a água através de janelas e portas.
para a cobertura, enquanto os demais objetos e móveis
são devidamente protegidos sob a cobertura. O Chefe Mesmo após o combate ao incêndio a salvatagem
de Guarnição de combate ao incêndio (Chefe do ABT/ deve ser realizada, protegendo o local das intempéries,
AT/ABI...) deve ficar responsável pela verificação cons- cobrindo janelas, telhados, portas ou espaços abertos
tante das coberturas efetuadas, comunicando ao co- durante a operação e cobrindo até mesmo aqueles que
mandante de socorro qualquer alteração na situação de não tenham sido causados pelo fogo ou pelos bombeiros.
salvatagem.
O transporte de objetos pequenos e fragmentados
10.5.4.4. Escoamento da Água pode ser realizado com o uso de coberturas velhas e/ou
danificadas.
A água resultante do combate ao incêndio deve ser
escoada para local próprio (rede de esgoto ou reservató- 10.5.5. Técnicas de rescaldo
rio) impedindo seu acúmulo, prejudicial à edificação e ao
O rescaldo tem por finalidade confirmar a extinção
serviço. Se a água puder ser reutilizada para o combate
completa do incêndio, deixando também o local nas me-
(limpa e não muito quente), deve ser canalizada para um
lhores condições de segurança e habitabilidade sem, no
reservatório, caso contrário deve ser canalizada para o
entanto, prejudicar o trabalho da perícia de incêndio.
sistema de esgoto da edificação.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 557


Detectar focos ainda existentes (visualmente, por to- • Para a detecção por meio de sons deve-se: Pro-
ques ou sons), extinguí-los, remover escombros e efetuar curar ouvir estalos característicos de materiais
a limpeza do local sinistrado e de objetos não queimados. queimando, chiados de vapor.

Ações de salvatagem empregadas no incêndio afeta- Ainda em relação aos focos ocultos, vão a seguir algu-
rão diretamente o rescaldo, minimizando ou prejudican- mas importantes observações a respeito:
do o mesmo. Atenção especial as madeiras do telhado e dos pisos.
10.5.5.1. Condições Perigosas da Edi- Possuem grande facilidade em conduzir o incêndio de um
ficação ambiente ao outro.

O planejamento do rescaldo deverá ser precedido por ƒƒ Quando da suspeita de focos escondidos
sob pisos, acima de forros ou entre pare-
uma verificação das condições de segurança da edifica-
des e divisórias, deve-se abri-los.
ção. O fogo pode afetar partes estruturais da edificação,
diminuindo sua resistência e a utilização de grande quanti- ƒƒ Durante o rescaldo uma linha deve per-
dade de água implica em um excesso de peso na estrutura. manecer armada para a extinção de focos
ou para qualquer eventualidade. Quando
Outros fatores que geram condições inseguras a ope- do seu uso deve-se fazê-lo em pequena
ração de rescaldo: quantidade.
• Concreto avariado pelo calor; ƒƒ Durante o rescaldo é comum descobrir-
• Madeiras das telhas ou do piso queimadas; mos pequenos objetos queimando, a
• Pisos enfraquecidos devido à exposição de vi- melhor opção para estes casos é colo-
gas de sustentação ao calor e ao choque térmi- cá-los em um recipiente com água que
co produzido durante o combate ao incêndio; molhá-los com jatos, pias, lavatórios,
bacias e tanques são excelentes opções
• Deformação das estruturas metálicas pela
para isso.
ação do calor;
• Dilatação das paredes comprometendo as pa- ƒƒ Os móveis maiores como sofás, estantes
redes; e camas poderão ser removidos para fora
do ambiente, onde possíveis focos pode-
• Revestimento solto.
rão ser extintos com mais facilidade.
10.5.5.2. Focos Ocultos
10.5.6. Comunicação por apito, gestos e
Esta parte do serviço só deve ser abandonada quan- cabos
do se tiver certeza da completa extinção do sinistro. Um
Deverá ser empregada quando a comunicação por rá-
rescaldo apressado ou mal feito pode exigir o retorno ao
dio não for possível ou ainda para facilitar a operação.
local sinistrado, para que isso não ocorra atenção e per-
sistência são necessários. O código para comunicação por apito deverá ser de
conhecimento de todos, a comunicação é simples e se-
• Para a detecção visual de focos ocultos deve-
se: Observar a existência de material descolora- gue o exemplo.
do, de pintura descascada, saída de fumaça por • Um silvo de apito: atenção e pare de fazer ba-
fendas, trincas em rebocos e papel de parede rulho;
ressecado e/ou chamuscado.
• Dois silvos de apito: retornar ao serviço;
• Para a detecção por meio de toques deve-se:
• Três silvos de apito: abandone o local imediata-
Sentir a temperatura das paredes, pisos ou de
mente.
outros materiais.

558 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ


Quando as condições de visibilidade estiverem boas
poderá ser empregada a comunicação por gestos, se-
guindo o exemplo abaixo:

COMUNICAÇÃO POR GESTOS


SINAL DE ACENO SINAL DE ACENO
Braço esquerdo Braço acima da cabeça,
movimentos circulares
LUZ
Branca LUZ
Verde
SONORO
- Atenção ou; SONORO
- Compreendido -Reunir

SINAL DE ACENO
Braço acima da cabeça,
movimentos circulares
SINAL DE ACENO
Levantar seguidamente o braço LUZ
Verde
LUZ
Verde SONORO
-Aumentar
SONORO a pressão
- Acelerado

SINAL DE ACENO
Braço na horizontal, cruzando-os
acima da cabeça
SINAL DE ACENO LUZ
Com o braço levantado, baixa-lo firme-
Branca
mente de encontro com a perna
LUZ SONORO
-Diminuir
_______ a pressão
SONORO
- Alto
SINAL DE ACENO
Braço na horizontal, cruzando-os
acima da cabeça
LUZ
Branca
SONORO
-Desarmar

Fonte: CBMSP, 2006

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 3 | CBMERJ 559


Quando existir a necessidade de entradas em locais Equipe na área
com pouca visibilidade e a comunicação por rádio não for Código Equipe na área fria
quente
possível o bombeiro poderá fazer uso da comunicação
por cabos. Combinando com a equipe na área quente o Dois Tudo bem, progre- Está tudo bem?/ Tudo
puxões dindo. bem continue progre-
significado para cada sequência de puxões no cabo, so-
dindo.
mente atentando para os códigos serem feitos somente
para puxões pares e que tenham que ser confirmados Quatro Estou com proble- Providenciando apoio.
após seu recebimento pela outra equipe, para que es- puxões mas, preciso de
barrões no meio do caminho não sejam confundidos com apoio.
códigos e para que a operação não seja prejudicada por Seis Encontrei a víti- Vítima encontrada.
códigos confundidos. puxões ma.
Exemplos:

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Notas

1
O sistema de transmissão automotiva é o responsável por transmitir a força, rotação e torque, produzi-
dos pelo motor, até as rodas, antes, passando pelo sistema de embreagem, caixa de câmbio, diferencial
e semi-eixos.
2
Uma caixa de marchas ou caixa de mudança de velocidades ou caixa de câmbio de um automóvel tem
como principal objetivo desmultiplicar a rotação do motor oferecendo maior torque ou velocidade, de-
pendendo da necessidade do motorista ao conduzir o veículo, para o sistema de transmissão do veículo.
Além de possibilitar a mudança de sentido de rotação do eixo do motor (marcha-à-ré).

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