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PRODUÇÃO DE OURO
NO BRASIL
Felipe Werneck/IBAMA
Métodos 7
Resultados 10
Discussão e conclusão 13
Referências bibliográficas 16
Material suplmentar 18
INTRODUÇÃO
O Brasil vem, ao longo dos últimos anos, é o estado de Minas Gerais, com 38,5 t (32%)
recebendo diversas críticas devido à ineficiência originados em minas de larga escala (sob o título
governamental no que tange ao meio ambiente, minerário de Concessão de Lavra e específicas para
sobretudo com relação à Amazônia. Os índices ouro). Porém, outros dois estados se destacam,
de desmatamento e queimadas continuam a como o Pará com 32,7 t (27%) e o Mato Grosso
crescer (1) enquanto o país se depara com o risco com 14,6 t (12%), ambos localizados na Amazônia
de sanções comerciais (2) atribuído à inércia do Legal (14) e com a predominância da exploração
governo no combate aos atos ilícitos. Mesmo realizada em garimpos (sob o título minerário
assim, algumas palavras e ações do presidente de Lavra Garimpeira). Contudo, a real origem do
Jair Bolsonaro acabam por estimular a ocorrência minério reportado nos dados oficiais pode ser
das atividades (1), permeando uma noção de facilmente mascarada pelo processo conhecido
legitimidade aos infratores. A mineração, como como o “esquentamento” do ouro (espécie de
uma das atividades que mais exercem pressão “lavagem” do ouro), por meio do qual a produção
na floresta amazônica, foi responsável pelo ilegal de garimpos entra no mercado e pode
desmatamento de aproximadamente 1,2 milhões circular entre instituições financeiras, joalherias e
de hectares entre 2005 e 2015 (3). até mesmo ser exportado sob a condição de ouro
legal.
O garimpo é uma das práticas defendidas
publicamente pelo presidente Jair Bolsonaro O ouro extraído de áreas com o regime de lavra
(4 e 5) e é objeto de um projeto de lei por ele garimpeira deve, por lei, ser vendido na condição
apresentado (PL 191/2020) visando, dentre outros de ativo financeiro a uma Distribuidora de Títulos e
pontos, autorizar a atividade em terras indígenas Valores Mobiliários (DTVM), instituição financeira
(TIs) (6 e 7). Caso convertido em lei, o projeto autorizada pelo Banco Central do Brasil (Bacen)
poderia impulsionar um desmatamento em até (16). Porém, na prática há venda de ouro oriundo
20% superior ao estimado com as políticas atuais de garimpo a estabelecimentos “comerciais”, que
e um prejuízo de US$ 5 bilhões anuais devido a comercializam ouro sob a forma de mercadoria.
destruição dos serviços ecossistêmicos (8). As Tis Em qualquer das hipóteses – do ouro-mercadoria
e as unidades de conservação (UCs) são essenciais ou do ouro ativo financeiro –, a forma como a
para a preservação da Floresta Amazônica e de garantia de origem legal do minério é estabelecida
suas comunidades, bem como para a mitigação constitui-se o elo mais fraco de toda a cadeia, já que
das mudanças climáticas (9 e 10). Porém, no Brasil, é baseada na palavra do vendedor e na presumida
falhas nos arcabouços normativo e institucional boa-fé do comprador, prevista no artigo 39, §4º,
relativos à atividade garimpeira contribuem para o da Lei n. 12.844/2013. Dessa forma, o próprio
cenário de expansão das lavras ilegais de minérios, Estado criou involuntariamente a lacuna para que
em especial na Amazônia (11 e 12). o ouro extraído de regiões ilegais pudesse entrar
e circular livremente na forma de ouro legal (15).
A produção bruta de ouro em 2020, de acordo
com os dados preliminares do Anuário Mineral Existem dois principais mecanismos de
Brasileiro (AMB) (13) elaborado pela Agência “esquentamento” do ouro que são utilizados
Nacional de Mineração (ANM), alcançou a marca para a introdução do metal com origem ilícita no
de 121,5 toneladas. Dessas, 93,8 t ocorreram em mercado legal. Numa primeira situação, em que
minas específicas para exploração de ouro (sendo o vendedor se apresenta com o ouro despido de
74,1 t sob o regime de Concessão de Lavra e 19,7 t qualquer lastro em processo minerário com título
em Permissão de Lavra Garimpeira). A quantidade de lavra vigente, a própria instituição financeira ou
restante produzida, de 27,7 t, é originada do ouro estabelecimento responsável pela compra pode
contido em minérios e concentrados de cobre utilizar-se de títulos minerários já legalizados para
que foram extraídos em minas não produtoras de cadastrar a transação, sem checar a sua real origem.
concentrados de ouro. O principal pólo de extração Para isso, a instituição indica um título de lavra
1 - A exploração minerária em outros tipos de unidades de conservação pode ser permitida mediante a autorização do plano
de manejo da mesma.
LEGALIDADE DA PRODUÇÃO DE OURO NO BRASIL 6
MÉTODOS
No contexto do presente estudo, a produção de portal de consultas da ANM, a fim de confrontar
ouro de 2019 e 2020 foi classificada de acordo com as datas de recolhimento da contribuição com
as evidências de regularidade perante a legislação possíveis publicações de autorizações da Guia
vigente, baseada no cruzamento entre o número do de Utilização (GU) que, em caráter excepcional,
processo de origem do ouro declarado na emissão permitem a comercialização do mineral explorado.
da CFEM e a base de dados geoespacial da ANM Caso não seja encontrada uma GU vinculada ao
(SIGMINE). Em particular, foi considerado legal o processo minerário, o ouro já é considerado ilegal
ouro proveniente de um processo minerário válido pois está vinculado a um processo sem a emissão
(com o título minerário que autorize a lavra e com de título minerário que sustente a extração para
licenciamento ambiental) cuja área de lavra tenha fins comerciais. Também nessa etapa, caso o
evidências de exploração detectadas por imagens número do processo declarado na CFEM não seja
de satélite. Por outro lado, foi considerado ilegal encontrado no SIGMINE, o status da produção de
o ouro proveniente de processos minerários ouro é considerado como não localizado.
declarados na CFEM sem um título minerário que
embase a lavra (ex. processos minerários sem Se o número de um processo minerário válido
a outorga de lavra), de locais onde a atividade for identificado na base do SIGMINE, a análise
é proibida (ex. terras indígenas, unidades de segue para a etapa de verificação da adequação
conservação de proteção integral e reservas locacional do PM. Nessa etapa é verificado se
extrativistas) e onde não há evidência, observável o processo possui mais de 10% de sua área em
por imagens de satélite, de atividade minerária. sobreposição com terras indígenas homologadas,
Esse último caso exemplifica situações em que há a unidades de conservação de proteção integral e
tentativa de “esquentar” o ouro extraído de áreas reservas extrativistas. O ouro declarado na CFEM
ilegais. Finalmente, consideramos potencialmente como proveniente dessas áreas é considerado
ilegal o ouro provindo de lavras com título válido ilegal. Essa etapa não considera os demais tipos
e indícios de exploração, mas onde é possível de unidades de conservação devido à ausência de
identificar com imagens de satélite que a atividade uma base de dados com os planos de manejo que
minerária se estende para além dos limites indique a vedação ou não de atividades minerárias.
geográficos autorizados pela ANM. A produção de
ouro nos casos onde não foi possível identificar A terceira e última etapa realiza uma análise do
a área da atividade minerária no SIGMINE foi uso da terra na área de cada processo minerário
classificada como não localizada. considerado válido nas etapas anteriores. O
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
A classificação da legalidade da produção de ouro é fornece através do PRODES (22) dados anuais de
realizada em três etapas: 1) análise da regularidade desmatamento na Amazônia e no Cerrado a partir
do processo minerário para extração mineral; de imagens entre 10-30 metros de resolução
2) análise locacional do processo minerário para e pelo DETER (23), alertas de desmatamento
exploração mineral; 3) análise do uso da terra dentro com base em imagens entre 55-64 metros.
e no entorno da área de lavra declarada (Figura 1). Devido à necessidade de verificar a cobertura da
A análise do processo minerário tem início com o terra com imagens de resolução mais alta, e a
cruzamento dos dados da ANM relativos aos PMs indisponibilidade de dados sobre desmatamento
declarados como origem do ouro na CFEM, com do PRODES relativos ao segundo semestre de
os processos ativos no Sistema de Informações 2020, optou-se por realizar a análise do uso do solo
Geográficas da Mineração coletados em março de através de algoritmos automáticos e interpretação
2020, para o ano de 2019 e, em janeiro de 2021 visual. Em particular, foram analisadas as imagens
para a análise de 2020. Nessa primeira etapa os do satélite Sentinel-2 (24), com 10 metros de
processos minerários, citados na CFEM, em fases de resolução para cores verdadeiras, relativas às
requerimento de lavra e autorização de pesquisa, áreas dos PMs, e o algoritmo “Scene Classification”
foram analisados individualmente, por meio do elaborado pela Agência Espacial Europeia (ESA)
(25), que classifica o uso do solo a partir de do projeto OpenStreetMaps de modo a identificar
imagens do mesmo satélite, porém com resolução a existência de uma mina subterrânea. A mesma
de 20 m. Para analisar os processos de 2019, foram análise também foi estendida para áreas de 100
utilizadas imagens obtidas entre janeiro e outubro metros além dos limites estabelecidos pela ANM
de 2020 com 0% de cobertura de nuvens. Assim, e que não sobreponham PMs com autorização
calculamos as estatísticas zonais na área de cada de exploração, permitindo identificar casos em
processo minerário a fim de identificar de forma que a lavra extrapole os limites legais. Ou seja,
automática quais os processos minerários que têm partir dessa análise foi considerado ilegal o ouro
o uso do solo composto unicamente por vegetação. provindo de uma área declarada na CFEM que
A classificação automática foi validada através da esteja 100% coberta com vegetação nativa,
interpretação visual das cenas com evidência de ou que não apresente evidência de atividade
uso antrópico. Já para a análise da produção de minerária. Já o ouro provindo de áreas onde
2020 utilizamos imagens com baixa cobertura de a atividade minerária tem início nas áreas dos
nuvens mais próximas de 2021. Contudo, devido a processos minerários regulares, mas se estende
maior prevalência de nuvens nas imagens do final para áreas sem autorização de lavra da ANM, foi
de 2020, todas as cenas foram validadas apenas considerado potencialmente ilegal (ver Figura
com a interpretação visual. As imagens com menos 2). O ouro de processos minerários localizados
de 100% de vegetação também foram analisadas em rios foi considerado legal para manter as
de modo a caracterizar, visualmente, a presença premissas conservadoras do estudo, visto que
de atividade minerária ou a existência somente de as balsas de extração deixam menos vestígios.
atividades agropecuárias. No caso de áreas urbanas Entretanto, caso nas margens dos rios haja uma
ou complexos industriais, foram analisados dados lavra que extrapole os limites autorizados, o ouro
é dado como potencialmente ilegal. Para realizar erros de digitação. Com base nesses dados foi
as análises espaciais foi utilizado o software QGIS realizada uma análise agregando as transações
(26) juntamente com o plugin Sentinel Hub (27). registradas na CFEM pelo nome do indivíduo,
associação ou empresa registrada como produtora
Após a classificação do ouro de acordo com sua de ouro, e a empresa registrada como declarante
adequação à legislação vigente, foi realizada uma do recolhimento. Desse modo foi possível avaliar
etapa adicional para identificar e corrigir eventuais a existência de padrões na comercialização de
erros de digitação no preenchimento da CFEM. A ouro ilegal entre atores chave. Finalmente, de
partir da base de cálculo (1,5% do faturamento modo a quantificar o desmatamento total para a
líquido) da contribuição e do preço mensal médio mineração, inclusive fora da área dos processos
do ouro, foi calculada uma estimativa da quantidade minerários citados como origem do ouro, foram
comercializada em cada transação. Nas situações analisados os alertas do DETER para os anos 2019 e
onde a quantidade declarada na CFEM foi dez 2020 para essa categoria, realizando cruzamentos
vezes maior que a quantidade calculada, ignorou- espaciais com unidades de conservação e terras
se o valor declarado em favor do calculado. Assim indígenas.
foram corrigidos da base de dados casos onde
a quantidade registrada era vinte e cinco vezes
superior à quantidade esperada a partir do valor
recolhido e do preço do ouro. Apesar dessas
situações poderem configurar também casos de
evasão de impostos, optou-se por considerá-los
origem do ouro por compradores ou vendedores Os dados do DETER fornecem evidências sobre
por ocasião do recolhimento da CFEM. Em março o tamanho do impacto da mineração ilegal, cuja
de 2020, o SIGMINE registrava 10 processos ativos, verdadeira proveniência está sendo ocultada.
com a área sobreposta a TIs regularizadas superior Do início de 2019 até final de 2020, o DETER
a 10%, sem o indeferimento ou anulação do identificou 21 mil hectares de desmatamento
processo, sendo 2 em fase de concessão de lavra, para mineração, sendo 84% dessa área localizada
4 em autorização de pesquisa, 2 em requerimento no estado do Pará, 7% no Mato Grosso e 6% no
de lavra garimpeira e 2 em requerimento de lavra. Amazonas (Tabela S17). Somente 4% desse total
Em janeiro de 2021, esse número sobe para 24 ocorreu dentro da área dos processos minerários
processos ativos, 15 em fase de requerimento de citados na CFEM como origem do ouro, sugerindo
lavra garimpeira, 5 para autorização de pesquisa, a prevalência do garimpo ilegal. Também, do
2 em concessão de lavra e 2 em requerimento total desmatado no período para mineração,
de lavra. Evidenciando a corrida pela primazia 5 mil ha ocorreram dentro de terras indígenas
na obtenção de títulos minerários na região homologadas, com destaque para a TI Kayapó,
mediante uma possível regularização da atividade. com 2.137 ha, e Munduruku com 1.925 ha, ambas
Entretanto, nenhum desses processos minerários localizadas no Pará (Gráfico S1).
foram declarados como origem da produção de
ouro nas declarações da CFEM. Por outro lado, A partir do cruzamento dos dados disponibilizados
664,6 kg foram produzidos em terras indígenas pela ANM com a classificação elaborada nesse
ainda não homologadas (Tabela S16), o que estudo, é possível visualizar o fluxo do ouro
levanta questões sobre a segurança jurídica dessas ilegal, ou seja, quem é o responsável pelo título
autorizações e o impacto à população local. Apesar minerário de origem do ouro e quem recolheu
dessa produção não ser considerada ilegal, o fato a CFEM, que nos casos de lavra garimpeira, são
da ANM autorizar o protocolo de requerimentos também os primeiros adquirentes do ouro. Das 6,3
minerários em áreas não autorizadas e mantê-los toneladas de ouro ilegal, 71% dessa quantidade foi
como ativos já confronta a legislação, visto que o comprada por apenas três instituições financeiras,
indeferimento deveria ser imediato. as Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários
registradas pelo Banco Central. Os seis principais
Figura 4: Distribuição espacial dos títulos minerários com registro de produção de ouro em 2019 e 2020 classificados como
ilegais, potencialmente ilegais, legais e sem informação.
O primeiro passo para o tratamento dos dados da final já que não foi alterada por nenhum cálculo,
base da CFEM foi filtrar a substância a partir das mas também é necessário termos uma base de
palavras: “OURO”, “MINÉRIO DE OURO” e “OURO comparação para eliminar e substituir os outliers,
NATIVO”. Em seguida, padronizar a unidade que será originada a partir da base de cálculo da
de medida de todos os dados para gramas, já taxa e do valor recolhido em cada transação.
que 76 valores estão em quilogramas. A coluna
“Quantidade Comercializada” tem uma média A próxima base, coletada em março de 2020 e,
de 295,6 kg de ouro, valor máximo de 279.986,3 posteriormente, em janeiro de 2021, foi a de
kg e mínimo de 1,0 grama (150 dados ausentes), Sistema de Informações Geográficas de Mineração
desvio padrão de 6.477,8 kg, e alguns outliers com (14), em que é possível visualizar espacialmente
valores muito acima da realidade para apenas todos os processos minerários ativos por meio de
uma transação, por exemplo o valor máximo softwares GIS. Além do número do processo e a sua
citado anteriormente. Mesmo assim, essa deve localização no espaço, também estão presentes
ser a coluna “preferencial” para adotar o valor informações sobre a área total liberada, a fase
Figura 18.2: Demonstração da área utilizado para avaliar os casos com potencial ilegal
Utilizando a classificação do uso do solo, rodamos a Para a validação visual, foi utilizado o mesmo
ferramenta de estatística zonal do QGIS cinco vezes, critério de imagens. Contudo, de modo a facilitar
ou seja, para cada zona UTM, e então coletamos as a visualização, utilizamos o WMS (“Web Map
informações dentro de cada processo, o resultado Service”) da plataforma Sentinel Hub. Em cada
era exportado como uma tabela e os resultados processo minerário analisado, atribuímos três
nulos excluídos, mantendo apenas os processos da variáveis booleanas, a primeira para a ocorrência da
zona UTM analisada. Ao concluir todas as zonas, atividade de mineração dentro da área autorizada,
compilamos os resultados em uma tabela única e a segunda, se a lavra extrapola os limites legais, e
caso o processo apresentasse o valor máximo e o em terceiro lugar, a presença de rios que possam
valor mínimo iguais para a classe vegetação (Classe justificar a extração por balsas. Como as balsas
= 4), esse processo teria sua produção dada como deixam menos registros físicos do que a extração
ilegal na classificação automática preliminar. Já nas terrestre, decidimos que caso o processo minerário
áreas além dos limites autorizados, foi realizado o esteja localizado em ambiente aquático, opta-se
mesmo processo citado anteriormente, a diferença pela classificação legal, com exceção dos casos em
é que caso a área limítrofe apresentasse apenas que a lavra é observada nas margens do rio e a
a classe vegetação, era possível que a produção mesma ultrapassa a área autorizada.
fosse legal, mas caso apresentasse alguma outra
classe concomitante à área interna do processo, A análise de 2020 sofreu com algumas limitações
como potencialmente ilegal. Foram adicionadas devido aos dados disponíveis até o momento,
três colunas à tabela com os processos produtores, sobretudo com as imagens de satélite nos
uma de ilegal, potencialmente ilegal e legal, requisitos aqui pré-determinados, como cobertura
sendo o valor de 1 para positivo e 0 para negativo de nuvens e a data de captura. Contudo, isso não
conforme critérios citados anteriormente. implica na impossibilidade de avaliar parcialmente
Agora, temos duas bases que indicam uma anteriormente, logo, comparamos os valores
quantidade de ouro comercializada, e por isso, com um fator multiplicativo, que não pode ser
é preciso unificar os dados de forma que a nova muito baixo para que não fossem descartados
base seja condizente com a realidade. A partir os valores registrados na coluna “Quantidade
de janeiro de 2018 a base de cálculo da CFEM Comercializada”, mas alto o suficiente para
foi alterada, além do aumento da alíquota de 1% restringir valores irreais. Para isso, multiplicamos a
para 1,5%, passou a adotar o valor do faturamento coluna do valor estimado (Y) por diferentes fatores
líquido ao invés da receita bruta, logo, é possível (k), e comparamos com a coluna de “Quantidade
que custos como transporte, entre outros, sejam Comercializada” (X), seguindo o algoritmo: Se o
embutidos no valor da transação, fazendo com valor de X > k × Y, considera-se o valor de X como
que o valor recolhido aumente se comparado com outlier e adota-se o valor de Y. Caso contrário,
a fórmula até 2017, além de que, variações nos é feita outra comparação, em que é adotado o
preços negociados de venda e compra de ouro maior valor registrado sendo ele de X ou de Y. A
são significativos. Porém, é necessário tratar os escolha do maior valor para comparação final foi
outliers, substituindo-os pelos valores calculados a feita devido os 150 dados ausentes para X, além
partir do recolhimento. A identificação dos outliers da preferência por adotar os dados da coluna
deve levar em consideração os dois pontos citados “Quantidade Comercializada”.
Gráfico 19.1: Crescimento da produção total de 2019 a partir dos fatores multiplicativos k
Observamos que a partir do fator k = 7 o valor da que os outliers são considerados na soma total
soma total é constante, no valor de 81.973,1 kg, com o aumento de k. Adotamos então o valor de
até o fator k = 11. Além disso mantém a produção k = 10 para elaborar o nosso modelo de produção
dentro da faixa condizente com a realidade, já que para o ano de 2019 e 2020, seguindo o fluxograma
o aumento da taxa de variação do gráfico mostra abaixo.
No nosso modelo final de 2019 foram identificados da coluna “Quantidade Comercializada”, somando
e substituídos 78 outliers da coluna “Quantidade 76 mil kg e 261 valores da coluna estimada pela
Comercializada” entre os 8.696 registros totais, base de cálculo, totalizando 6 mil kg, cumprindo
uma média de 9,4 kg, desvio padrão de 73,0, todos os pontos determinados e representando o
variância de 5,3 x 109, valor máximo de 2.326,3 kg cenário da produção nacional.
e mínimo de 0,05 g. Foram utilizados 8.435 valores
Gráfico 19.2: Comparação do Modelo Elaborado com Dados Oficiais em quilogramas. Os Dados Oficiais são compostos pela
combinação dos dados do Sumário Mineral Brasileiro de 2010 a 2014 e do Anuário Mineral Brasileiro de 2015 a 2020. Os anos
de 2019 e 2020 apresentam a soma da produção de ouro em minas específicas de ouro e de outras minas, já que essa infor-
mação começou a ser divulgada no anuário de 2020, ano-base 2019. As informações preliminares do AMB de 2021, ano-base
2020, foram acessadas no dia 07/07/2021.
Tabela 21.1: Resultados das estatísticas zonais e da confirmação visual para as imagens coletadas na classificação da produção
de 2019
Os dados do PRODES, fornecidos pelo INPE, sinalizam um aumento na taxa anual de desmatamento de
58,6% entre os anos de 2010 e 2020, com uma área acumulada de 7,9 milhões de hectares. Os anos de 2019
e 2020 obtiveram os maiores índices de desmatamento, com 1,0 e 1,1 milhão de hectares respectivamente.
Resumo dos PMs nas Fases: Permissão de Lavra Garimpeira (PLG) e Concessão de Lavra (CL) do SIGMINE
coletados em Mar/2020 e em Jan/2021.
Tabela S3
Resumo dos dados para Permissão de Lavra Garimpeira (PLG) e Concessão de Lavra (CL) registrados como
origem do ouro em 2019 e 2020 na base da Compensação Financeira pela Exploração Mineral.
Valores da produção nacional de ouro de acordo com cada fonte, sem qualquer tratamento.
(1): Agência Nacional de Mineração, Anuário Mineral Brasileiro - Produção Bruta Contido Substância: Ouro (ANM, Brasília, 2021, https://www.
gov.br/anm/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/serie-estatisticas-e-economia-mineral/anuario-mineral/anuario-mineral-brasileiro)
(2): Agência Nacional de Mineração, Anuário Mineral Brasileiro - Produção Beneficiada Contido Substância: Ouro (ANM, Brasília, 2021, https://
www.gov.br/anm/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/serie-estatisticas-e-economia-mineral/anuario-mineral/anuario-mineral-brasile-
iro)
(3):Agência Nacional de Mineração, Anuário Mineral Brasileiro - Produção Bruta Contido Substância: Ouro-Cobre (ANM, Brasília, 2021, https://
www.gov.br/anm/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/serie-estatisticas-e-economia-mineral/anuario-mineral/anuario-mineral-brasile-
iro)
(4): Agência Nacional de Mineração, Anuário Mineral Brasileiro (ANM, Brasília, 2021, https://dados.gov.br/dataset/anuario-mineral-brasile-
iro-amb)
(5): Agência Nacional de Mineração, Sumário Mineral Brasileiro (ANM, Brasília, 2020, https://www.gov.br/anm/pt-br/centrais-de-conteudo/
publicacoes/serie-estatisticas-e-economia-mineral/sumario-mineral?b_start:int=0)
(6): Agência Nacional de Mineração, Relatório Anual de Lavra (ANM, Brasília, 2020)
(7): Agência Nacional de Mineração, Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (ANM, Brasília, 2021, https://dados.gov.
br/dataset/sistema-arrecadacao)
(8): Ministério da Fazenda, Valores do IOF-Ouro distribuídos aos municípios (MF, Brasília, 2021, https://dados.gov.br/dataset/transferen-
cias-obrigatorias-da-uniao-por-municipio/resource/4248cd95-6d79-4520-9e17-48322eab6259)
*NA: Not Available
A. A tabela acima representa o compilado das 2020, de acordo com o relatório preliminar,
informações oficiais em quilogramas. No a produção, em outras minas, bruta contida
relatório do Anual Mineral Brasileiro elaborado alcançou 27.687 kg enquanto a beneficiada
pela ANM, a produção em garimpos é estimada contida foi de 16.713 kg. No ano de 2019, a
a partir do recolhimento do Imposto Sobre produção, em outras minas, bruta contida
Operações Financeiras e divulgada como foi de 32.536 kg e a beneficiada contida de
parte da Produção Beneficiada até o ano de 14.762 kg. Caso somadas com a produção
2019. Os anuários de 2010 a 2014 não foram de minas específicas de ouro, o ano de 2020
digitalizados, não sendo possível acessá-los. passa a ter uma produção, bruta contida de
O AMB preliminar de 2020 (acessado em 121.476 kg e produção beneficiada contida
07/07/2021), ao contrário dos anteriores de 98.922 kg. Já 2019, como a divulgação da
apresenta um avanço na transparência das quantidade extraída de garimpos está inserida
informações, já que divulga de forma separada na produção beneficiada, a soma dela com a
a produção de Concessão de Lavra e de produção bruta de outras minas resulta em
Permissões de Lavra Garimpeira. 107.762 kg, enquanto a produção beneficiada
B. Além dos dados da produção de ouro, a mais a produção beneficiada de outras minas
ANM divulga também, nos anuários de 2021, em 89.988 kg.
ano-base 2020, e 2020, ano-base 2019, a C. A ANM também divulga os dados de produção
quantidade extraída de ouro contidos em beneficiada e bruta através da plataforma
minérios e concentrados de cobre em minas de Dados Abertos do Governo Federal. Os
não produtoras de concentrados de ouro. Em valores são baseados nos Relatórios Anuais de
Tabela S5
Dados oficiais e estimados de produção e origem de exportação para substância ouro por estado sem
ajuste, 2019
*Os estados da PB, PI e RN tiveram a quantia total de R$ 3.166,75, R$ 4.064,02, R$ 661.688,89, respectivamente, transferidos para os seus
municípios. **Processos na fase de Autorização de Pesquisa e Requerimento de Lavra e Requerimento de Lavra Garimpeira.
Obs a) A produção, de ouro contido em minérios e concentrados de cobre em minas não produtoras de concentrados de ouro, bruta contido
foi de 32.536 kg e a beneficiada contida de 14.762 kg. Os valores não estão contabilizados na tabela acima pois estão classificados de forma
oficial como “Ouro-Cobre” enquanto que os dados da tabela acima são exclusivos da substância “Ouro”.
Obs b) A coluna CFEM quantidade Comercializada apresenta os valores declarados nos registros da CFEM, sem qualquer tipo de tratamento.
Dados oficiais preliminares e estimados de produção e origem de exportação para substância de ouro por
estado sem ajuste, em 2020.
*Os estados do CE, PB, PI e RN tiveram a quantia de R$327,55, R$699,79, R$466.466,53, R$317.610,85, respectivamente, repassados aos seus
municípios.
**Processos na fase de Autorização de Pesquisa e Requerimento de Lavra e Requerimento de Lavra Garimpeira.
***NA: Not Available
Obs a) Os valores do Anuário Mineral Brasileiro (AMB) para esta tabela foram retirados exclusivamente da versão em Relatório visto que ainda
não foram disponibilizados os dados de 2020 através da plataforma Dados Abertos.
Obs b) A produção, de ouro contido em minérios e concentrados de cobre em minas não produtoras de concentrados de ouro, bruta contida
foi inserida na coluna “Ouro bruto de outras minas (kg) / AMB”
Obs c) A coluna “Total Bruta Contida (kg) / AMB” é a soma das colunas “C.L. Bruta Contida (kg) / AMB”, “P.L.G Bruta Contida (kg) / AMB” e
“Ouro bruto de outras minas (kg) / AMB”.
Obs c) A coluna CFEM quantidade Comercializada apresenta os valores declarados nos registros da CFEM, sem qualquer tipo de tratamento.
Tabela S7
Tabela S9
Classificação dos processos minerários em outras fases (Autorização de Pesquisa, Requerimento de Lavra,
Requerimento de Lavra Garimpeira e NA) em 2019.
Tabela S10
Tabela S12
Classificação dos processos minerários em outras fases (Autorização de Pesquisa, Requerimento de Lavra,
Requerimento de Lavra Garimpeira e NA) em 2020.
Tabela S14
* Os casos em que são registrados processos em PLG/CL, mas não é registrada produção ocorre pois o processo sobrepõe mais de uma UC,
sendo a produção registrada na UC com a maior sobreposição em relação a área total do PM. Casos em que a área sobreposta do PM à UC é
menor que 10% da área autorizada foram classificados apenas pela dinâmica do uso do solo, com exceção às áreas onde a mineração não é
regulamentada..
Tabela S16
Dados estimados a partir da calculado de campo do software QGIS e dados do DETER e da ANM
Gráfico S1
Série histórica da evolução dos alertas do DETER na Amazônia Legal sobrepostos às Unidades de
Conservação, Terras Indígenas e áreas sem classificação especial em hectares
Exemplo da classificação dos processos, ilegal (Figura A), potencialmente ilegal (Figura B) e legal (Figura C)
Distribuição espacial dos processos minerários de acordo com o regime adotado em 2019 e 2020.
Fluxo das principais transações ilegais entre 2019 e 2020. Quantidade total de ouro ilegal: 6.350,74 kg.
Valores em quilogramas