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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

DEPARTAMENTO DE SOLOS

SOL 250

CONSTITUIÇÃO, PROPRIEDADES E
CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS

Capítulos 3 e 4

AULAS TEÓRICAS, PRÁTICAS E


EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Professor Hugo A. Ruiz

Agosto de 2004
SOL 250 – Constituição, Propriedades e Classificação de Solos – UFV/DPS
Capítulos 3 e 4 - Aulas Teóricas, Práticas e Exercícios de Fixação
Professor Hugo A. Ruiz

APRESENTAÇÃO

O material aqui disponibilizado é cópia das transparências utilizadas nas aulas


teóricas e práticas correspondentes aos capítulos 3 (Água do Solo) e 4 (Aeração do Solo) da
disciplina SOL 250 - Constituição, Propriedades e Classificação de Solos. Assim, neste
material, não há texto formal para integrar os tópicos dos diferentes assuntos e o material
pode ser considerado, simplesmente, auxiliar no acompanhamento das aulas desses capítulos
da mencionada disciplina. Acrescentam-se, também, exercícios de fixação sobre os temas
apresentados.

Agosto de 2004

Professor Hugo Alberto Ruiz

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Capítulos 3 e 4 - Aulas Teóricas, Práticas e Exercícios de Fixação
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CAPÍTULO 3 - ÁGUA DO SOLO


3.1. Conteúdo de Água e Saturação Relativa

Fase Gasosa
Vg
Vp

Ma Fase Líquida Va Vt

Ms Fase Sólida Vs

• Umidade em peso (U): Relaciona a massa de água (Ma) e a massa de sólidos do solo
(Ms):
M
U= a
Ms

• Umidade em volume (θ): Relaciona o volume de água (Va) e o volume total do solo (Vt):
V
θ= a
Vt

• Grau de saturação (θs): Relaciona o volume de água (Va) e o volume do espaço poroso (Vp):
V
θs = a
Vp
Relações entre as Características Definidas

• Umidade em volume e umidade em peso:


1 1 Ms
V V V M a M s M a Vt D
θ= a = t = t = =U s
Vt 1 1 Ma Ms Ms Ma Da
Va Va Va
em que Da é a densidade da água.

• Grau de saturação e umidade em volume:

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Va
Va Va V t Va Vt θ
θs = = = = =
Vp Vp V t Vp Vp P
Vt

Unidades (S.I.U.)
Característica Símbolo
Preferida Aceita
Umidade em peso U kg/kg g/kg
Umidade em volume θ m3/m3 dm3/dm3
Grau de saturação θs m3/m3 dm3/dm3

3.2. Retenção de Água pelo Solo. Conceito de Potencial

Estrutura Molecular da Água

• A fórmula química da água é H2O. Os dois


hidrogênios estão ligados ao átomo de oxigênio
formando um ângulo de aproximadamente 105o,
ligação esta responsável por um desequilíbrio das
cargas elétricas na molécula de água.

• Esta distribuição assimétrica de cargas cria um


dipolo elétrico responsável por uma série de
propriedades físico-químicas da molécula de água.

• Dipolo: Sistema constituído por duas cargas


elétricas pontuais, do mesmo valor mas de sinais
opostos, separados por distância pequena.

• Devido a sua polaridade, as moléculas H2O se


orientam formando estruturas.

• Cada hidrogênio de uma molécula é atraído pelo


oxigênio da molécula vizinha, com a qual forma
uma ligação secundária, denominada ponte de
hidrogênio.

• A ponte de hidrogênio possui uma energia de ligação


mais fraca que a ligação covalente O-H.

• Como resultado a água constitui-se de uma cadeia


de moléculas ligadas por pontes de hidrogênio
(polímero).

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Energia

• Propriedade de um sistema que lhe permite realizar trabalho. A energia (E) pode ter várias
formas, transformáveis umas nas outras.

• Energia cinética (EC): A energia que um corpo possui por estar em movimento:
1
E C = mv 2
2
em que m é a massa de um corpo de velocidade v.

• Energia potencial (EP): Energia que um corpo possui em virtude de sua posição em
campos de força. A energia potencial gravitacional é medida pela força necessária para
mover um corpo contra este campo de força gravitacional e é o produto da força (massa x
aceleração da gravidade) pela distância (z) a que o corpo se moveu:
E P = mgz

E = EC + EP

• Lei geral: Os corpos tendem a ocupar um estado mínimo de energia.

Potencial Total da Água do Solo

• Como o movimento de água nas diferentes partes do sistema solo-planta-atmosfera é


muito lento, sua energia cinética é, na maioria dos casos, desprezível.

• Por outro lado, a energia potencial é de primordial importância na caracterização de seu


estado de energia.

• Este estado de energia recebe o nome de potencial total da água do solo.

• Diferenças de potencial da água entre diferentes pontos dão origem à seu movimento. A
água move-se constantemente no sentido de diminuição do seu potencial.

• Esquema do movimento de água no sistema


solo-planta-atmosfera:

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Expressão Quantitativa do Potencial da Água do Solo

Potencial Símbolo Unidades

Energia por unidade de massa ψ J/kg


Energia por unidade de volume P J/m3, N/m2, Pa
Energia por unidade de peso H J/[kg(m/s2)], m
(carga ou altura hidráulica)

ψD a = P = HDa g
em que Da é a densidade da água e g, a aceleração da gravidade.

3.3. Componentes do Potencial Total da Água do Solo


ψ = ψ g + ψ p + ψ m + ψ os
em que ψg é o potencial gravitacional; ψp, o potencial de pressão; ψm, o potencial matricial; e
ψos, o potencial osmótico.

• Para calcular o estado de energia da água, em dado ponto no solo, é necessário calcular
cada componente e realizar a soma.

• A medida do potencial total da água e, conseqüentemente, de seus componentes, é sempre


feita de forma relativa, em comparação com um estado padrão, para o qual é atribuído
um valor zero.

Potencial Gravitacional (ψg)

• Considerando apenas o campo


gravitacional, a água tem uma energia
potencial gravitacional, que depende da
posição na qual ela se encontra, em
relação a um plano de referência,
escolhido arbitrariamente.

• O potencial gravitacional tem um valor


zero no plano de referência, é positivo
acima dele e negativo abaixo dele.

Potencial de Pressão (ψp)

• O potencial de pressão é medido em relação a uma condição padrão, tomada como sendo
a da água submetida à pressão atmosférica local.

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• Nessas condições:
ψp = 0
• No potencial de pressão consideram-se somente pressões manométricas positivas; isto é,
acima da pressão atmosférica.

Potencial Matricial (ψm)

• Refere-se à soma de todas as forças envolvidas na


interação entre a matriz sólida do solo e a água, em
resposta a fenômenos de capilaridade e adsorção.
Esses fenômenos dependem do(a):
• Arranjo do sistema poroso,
• Superfície específica do solo,
• Características químicas das partículas.

• A água, nestas condições, apresenta estados de


energia menores que os da água livre (estado de
referência) em que:
ψm = 0

Observações:

• Independentemente do componente do potencial total da água do solo em análise, o estado de


referência padrão sempre é considerado numericamente igual a zero.

• O potencial gravitacional apresentará valores positivos e negativos, para posições acima e


abaixo do referencial, respectivamente.

• O potencial de pressão sempre ocorre quando o solo está numa condição de saturação, na
presença de uma lâmina de água acima do ponto em estudo. Os valores numéricos serão
sempre positivos.

• O potencial matricial sempre ocorre em solos não-saturados. Os valores numéricos serão


sempre negativos.

• Valores numéricos diferentes de zero do potencial matricial condicionam,


necessariamente, valor zero do potencial de pressão e vice-versa.
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• Calcular o Potencial Total em Alguns Pontos do Diagrama

3.4. Curvas Características da Água do Solo

• Um solo saturado, em equilíbrio com a água livre à mesma altura encontra-se no estado de
referência. Assim, o potencial matricial é considerado igual a zero.

• Aplicando-se uma pequena sucção (também denominada tensão ou pressão


subatmosférica) à água num solo inicialmente saturado, esvaziar-se-ão os poros maiores.
Incrementando a tensão, o solo perderá mais água, correspondendo àquela que ocupava os
grandes poros, incapazes de rete-la contra a sucção aplicada.

• A tensão apresenta valores numericamente iguais aos do potencial matricial, porém com
sinal oposto. Isso resulta da direção da força aplicada (vector), no sentido de aquisição de
água pelas raízes das plantas (potencial) ou retenção de água pelo solo (tensão).

• Um incremento gradual na tensão provocará o esvaziamento de poros cada vez menores


até que, para valores elevados de tensão (valores baixos de potencial), somente os poros
muito pequenos terão água.
• Paralelamente, com o incremento da tensão, diminuirá a espessura do filme de água em
torno da superfície das partículas do solo.

• A quantidade de água retida pelo solo, em equilíbrio com um determinado potencial, é


função do tamanho e volume dos poros e da superfície específica das partículas da fase
sólida; isto é, função do potencial matricial.

• Essa função é denominada curva característica da água do solo e representada da forma:

ψ m = f (θ) ou θ = f (ψ m )
em que θ é o conteúdo de água do solo.

• Não existe uma teoria satisfatória para predizer a relação entre o potencial matricial e o
conteúdo de água, baseando-se nas propriedades básicas do solo.

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• Os efeitos de adsorção e geometria dos poros são, freqüentemente, de complexidade


excessiva para serem descritos por um modelo matemático simples.

• Assim, as funções ψ m = f (θ) ou θ = f (ψ m ) são geralmente determinadas de forma


experimental. As curvas a seguir representam a função ψ m = f (θ) , com o potencial expressado
na forma logarítmica:

Representação das Curvas Características da Água do Solo

• A água retida a valores relativamente elevados de potencial (intervalo entre 0 e -100 kPa)
depende da geometria da amostra, isto é, do arranjo e das dimensões dos poros. Nesta
faixa de potencial, o efeito capilar é proporcionalmente mais importante.

• Pelo contrário, a retenção de água a baixos potenciais responde fundamentalmente à


adsorção e, em conseqüência, praticamente independe de fatores geométricos sendo a
densidade do solo e a porosidade de pouca importância. Nesta faixa predomina o efeito de
adsorção, associado à textura e superfície específica dos constituintes sólidos do solo.

3.5. “Constantes” da Água do Solo

• Capacidade Máxima de Armazenamento de Água (CMA): Umidade do solo saturado,


em que o potencial é igual a zero.

• Capacidade de Campo (CC): Máxima quantidade de água que um solo é capaz de reter
em condições normais de campo, quando diminui significativamente a ação gravitacional.

• O valor para solos com predomínio de argilas silicatadas é de aproximadamente -30kPa. Para
solos com maior proporção de argilas oxídicas e para solos arenosos esse valor aproxima-se
de –10 kPa.

• Ponto de Murcha Permanente (PMP): É o potencial em que o fluxo de água no solo não
atende a demanda atmosférica da planta.

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• Em laboratório, representa a umidade do solo em que a planta sofre murcha e não


recupera a turgescência normal das folhas no período noturno, quando colocada em
ambiente com 100% de unidade relativa.

• Considerada também como a água do solo retida a –1.500 kPa.

• Água Sujeita à Drenagem (DREN): Água perdida do solo por percolação. É considerada
como o teor de água entre a capacidade máxima de armazenamento e a capacidade de
campo.

• Água Disponível (AD): Porção de água presente no solo, em condições de ser absorvida
pelas raízes das plantas. Normalmente é considerada como o teor de água retida entre a
capacidade de campo e o ponto de murcha permanente.

• Água Não Disponível (AND): Porção de água retida próxima às partículas do solo, entre
o ponto de murcha permanente e o solo seco em estufa.

CAPÍTULO 4. AR DO SOLO
4.1 Atmosfera do Solo

• Denomina-se atmosfera ou ar do solo a mistura gasosa que preenche o volume não ocupado
por sólidos e líquidos.

• A maioria das reações biológicas que acontecem no solo se realizam com consumo de
oxigênio e produção de dióxido de carbono.

• Este processo conhecido como respiração aeróbia, leva a considerar a aeração como um
problema de importância, em relação ao crescimento das plantas.

• A aeração pode ser definida como o processo pelo qual se faz a troca de gases entre o ar
do solo e o ar atmosférico. Isto é, a renovação da composição do ar do solo tendendo a
igualar a composição do ar atmosférico.

• Qualitativamente, a composição do ar do solo é semelhante à composição do ar


atmosférico.

• Quantitativamente, a composição das duas atmosferas pode ser bastante diferente:


• Solos bem arejados apresentam ar de composição semelhante ao da atmosfera logo
acima da superfície,
• Solos com arejamento deficiente, geralmente apresentam taxa elevada de dióxido
de carbono e uma correspondente baixa proporção de oxigênio, em relação à
atmosfera.

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H2O(v)
Atmosfera O2 CO2
(Umidade Relativa)
________________________
m3/m3_______________________ %
Livre 0,209 0,0003 Variável
do Solo 0,196 0,009 100

• A velocidade de aeração depende fundamentalmente do diâmetro e da continuidade dos


poros no solo.

• Assim, a composição da atmosfera do solo será influenciada pela forma e dimensões do


sistema poroso. Mantendo constantes outras características, apresentarão maior teor de
dióxido de carbono:
• os solos mais argilosos,
• os horizontes mais profundos,
• os solos mais úmidos.

4.2. Mecanismos de Trocas Gasosas

• Fluxo de Massa: Processo espontâneo de transporte gasoso por efeito de gradiente de


pressão total.

• Difusão: Processo espontâneo de transporte gasoso por efeito de gradiente de pressão


parcial.

• Verifica-se aeração por fluxo de massa em resposta a:


• chuva e irrigação,
• mudanças de temperatura do ar do solo,
• flutuações na pressão barométrica,
• modificações na velocidade do vento na superfície do solo.

• Verifica-se aeração por difusão, de forma ininterrupta, por diferença de pressão parcial
dos componentes das duas atmosferas consideradas.

• Nos solos, as diferenças na pressão parcial ou concentração existem continuamente, como


resultado do consumo biológico de oxigênio e produção de dióxido de carbono.

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AULAS PRÁTICAS
DETERMINAÇÃO DA UMIDADE DO SOLO

1. Método Termogravimétrico

• Princípio: Determinação da umidade por diferença entre o peso da amostra úmida e


seca a 100oC, em estufa.

• Vantagens:
• Método exato (baixo desvio) e preciso (baixa dispersão) (Método Padrão ou de
Referência),
• Método simples.

• Desvantagens:
• Método destrutivo (é necessário retirar a amostra do perfil do solo),
• Método demorado.

• Determinação da Umidade:
M (r + a + s) − M (r + s) M a
U= =
M ( r + s) − M ( r ) Ms
em que M(r+a+s) é a massa do (recipiente + água + solo); M(r+s), massa do (recipiente + solo);
e M(r), massa do recipiente.

2. Blocos de Resistência Elétrica

• Princípio: Aumento da condutividade elétrica com a


umidade do solo.

• Vantagem: Medições continuadas no local (não


destrutivo).

2.1. Blocos de Gesso

• Vantagem: Concentração salina constante.

• Desvantagem: Pouca durabilidade por


solubilização do gesso (aproximadamente
um ano).

• Determinação da Umidade: Por leitura


direta, após calibração dos blocos de
resistência elétrica.

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2.2. Blocos Inertes

• Vantagem: Durabilidade.

• Desvantagem: Sensíveis à alterações na


concentração salina.

2.3. Localização

3. Moderação de Nêutrons

• Princípio: Perda de energia de


nêutrons, passando de rápidos
(elevada energia cinética) para
lentos, por colisões com átomos de
hidrogênio.

• Vantagens:
• Método preciso,
• Método não destrutivo.

• Desvantagens:
• Método de difícil calibração,
• Não pode ser usado próximo à
superfície do solo.

• Determinação da Umidade: Por


leitura direta, após calibração da
sonda de nêutrons.

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CURVA CARACTERÍSTICA DA ÁGUA DO SOLO

Extrator de Placa (ou Membrana) Porosa

• Intervalo de trabalho: até –1.500 kPa.

Pressão de Borbulhamento

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TENSIOMETRIA

• O tensiômetro consiste de uma cápsula porosa, de


cerâmica, em contato com um manômetro,
completamente cheio de água.

• Quando colocado no solo, a água do tensiômetro entra


em contato com a água do solo através dos poros da
cápsula porosa e o equilíbrio tende a estabelecer-se.

• Antes de colocar o instrumento em contato com o solo,


sua água está à pressão atmosférica.

• A água do solo, que geralmente está sob pressões


subatmosféricas, exerce sucção sobre o instrumento e
dele retira certa quantidade de água causando uma queda na pressão hidrostática dentro
do instrumento.

• Estabelecido o equilíbrio, o potencial da água dentro do tensiômetro é igual ao potencial


da água no solo e o fluxo cessa.

• Os tensiômetros trabalham no intervalo de 0 até aproximadamente -70 kPa. O limite


inferior de trabalho depende das características de construção da cápsula.

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• No equilíbrio:

D H 2 O g (Τ + h + h1 + h 2 ) = D Hg gh

D Hg 13,6g / cm3
= = 13,6
D H 2O 1,0g / cm3

Τ + h + h1 + h 2 = 13,6h

Τ = 12,6h − h1 − h 2

H = −Τ = −(12,6h − h1 − h 2 )

• Localização

• Tensiômetros utilizados no DPS/UFV

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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1) Qual o valor numérico do fator que permite as seguintes transformações:


a) De g/g para kg/kg,
b) De kg/kg para g/g,
c) De cm3/cm3 para dm3/dm3,
d) De cm3/cm3 para m3/m3,
e) De dm3/dm3 para m3/m3,
f) De dm3/dm3 para cm3/cm3,
g) De m3/m3 para cm3/cm3.

2) Retirou-se uma amostra de solo que, transportada ao laboratório em recipiente apropriado,


pesou 0,045 kg. Após 48 horas em estufa a 100-105oC, a massa total foi de 40 g. Qual a
umidade do solo, expressa em m3/m3 (base volumétrica), considerando que o recipiente
pesou 23 g e a densidade do solo foi de 1,05 kg/dm3?

3) Foram retiradas amostras de dois solos, A e B, para determinar a umidade base


gravimétrica. Com os dados apropriados realizar os cálculos correspondentes para mostrar
se o grau de saturação do solo A foi maior, igual ou menor que o do solo B.

Solo
Determinação Unidades
A B
Massa do recipiente (R) g 20,00 22,00
Massa do solo úmido + R g 57,50 60,00
Massa do solo seco em estufa + R g 50,00 52,00
Porosidade m3/m3 0,52 0,60
Densidade do solo g/cm3 1,05 1,02

4) Considerando o método termogravimétrico como padrão para a determinação da umidade


devido a sua elevada precisão, justificar se a utilização de uma balança que pesa até 1 cg
outorgará precisão igual, maior ou menor que uma balança que pesa até 1 mg.

5) O método termogravimétrico determina o potencial da água do solo ou o conteúdo da


água do solo? Justificar a resposta.

6) Comparando dois solos, um com grau de saturação de 0,5 m3/m3 e o outro com grau de
saturação de 0,3 m3/m3 (valores na capacidade de campo), qual deles escolheria para
praticar agricultura de sequeiro? Justificar a resposta.

7) Considerando os seguintes dados justificar se a porosidade (P) solo A é maior, igual ou


menor que a do solo B:

Solo θ (m3/m3) θS (m3/m3)


A 0,20 0,45
B 0,20 0,40

8) Considerando os seguintes dados justificar se o grau de saturação (θS) do solo A será


maior, igual ou menor que o do solo B:

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Solo θ (m3/m3) P (m3/m3)


A 0,20 0,60
B 0,20 0,46

9) Considerando os seguintes dados justificar se a umidade em volume (θ) do solo A será


igual, maior ou menor que o do solo B:

Solo P (m3/m3) θS (m3/m3)


A 0,60 0,40
B 0,60 0,45

10) Responder, justificando em cada caso, se as afirmativas que seguem são verdadeiras ou
falsas:
a) 1 m3/m3 é o máximo valor que pode ser atingido pelo conteúdo de água, base
volumétrica (θ),
b) A água é uma molécula não polar, essencialmente não iônica,
c) Dois pontos num perfil de solo (A e B) apresentam estes valores de potencial total e
matricial, respectivamente: A: -500 e -320 cm; B: -540 e -320 cm. Logo, a água
movimentar-se-á de A para B,
d) Acima do lençol freático, o potencial de pressão será sempre zero, independentemente
da posição do referencial gravitacional,
e) Quanto maiores os valores do potencial matricial menores serão os valores
correspondentes da tensão,
f) A água disponível para as plantas encontra-se ocupando a totalidade dos microporos,
g) A capacidade de campo é uma verdadeira constante da água do solo e seu valor
corresponde a um potencial matricial de –10 kPa,
h) Para monitorar a umidade num solo que recebe fertirrigação podem-se utilizar,
indistintamente, blocos de gesso ou blocos de material inerte.

11) Por que, considerando o potencial de pressão e o potencial matricial, quando um deles
apresenta valor diferente de zero o restante deverá ter, necessariamente, valor igual a
zero? Justificar a resposta.

12) Qual o valor numérico do potencial matricial (ψm) num ponto 30 cm acima do lençol
freático? Justificar a resposta.

13) O potencial de pressão pode apresentar valores positivos, zero ou negativos, dependendo
do posicionamento do nível de referência. Essa afirmativa é verdadeira ou falsa? Justificar
a resposta.

14) Considerando os potenciais gravitacional, de pressão e matricial, justificar qual deles é de


maior importância na agricultura não irrigada (agricultura de sequeiro).

15) Com dados do esquema em anexo, calcular o potencial total em F, considerando que o
referencial gravitacional está localizado na superfície da água (ponto A) e o potencial
matricial é de -230 cm de água.

16) No esquema em anexo, o referencial gravitacional está localizado na linha do lençol


freático (reta que passa pelo ponto A). Com os dados apropriados:
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a) (1 ponto): Calcular o potencial total no ponto C,


b) (1 ponto): Calcular o potencial total no ponto F, considerando que o potencial
matricial é de -45 cm,
c) (1 ponto): Justificar se haverá ou não movimento de água entre C e F. Em caso
afirmativo, indicar se o movimento será de C para F ou de F para C,
d) (1 ponto): Justificar se haverá ou não movimento de água entre E e H. Em caso
afirmativo, indicar se o movimento será de E para H ou de H para E.

17) Qual o potencial matricial no ponto médio entre a superfície do solo e o lençol freático,
localizado a 120 cm de profundidade?

18) Considerando dois pontos no perfil do solo: X, com potencial gravitacional de -30 cm e Y,
com potencial gravitacional de -70 cm. Esse único dado permite indicar que:
a) Há movimento de água de X para Y,
b) Y encontra-se acima de X,
c) O potencial de pressão, nos dois pontos, é zero.
d) Há movimento de água de Y para X,
e) X encontra-se acima de Y.

19) Um Latossolo, com 0,150 kg/kg de areia, 0,220 kg kg/kg de silte e 0,630 kg/kg de argila,
apresenta estes valores de retenção de água em resposta ao potencial:

Potencial Conteúdo de Água Dados Complementares


kPa kg/kg kg/dm3
-5 0,339 Densidade do solo 1,05
-10 0,310 Densidade das partículas 2,58
-20 0,291
-30 0,286
-40 0,278
-60 0,264
-80 0,258
-200 0,247
-500 0,237
-700 0,236
-1.500 0,227
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Com esses dados:


a) Calcular a porosidade. Considerar esse valor como o conteúdo de água, base
volumétrica, que corresponde a um potencial matricial igual a zero.
b) Transformar os valores do potencial matricial, em kPa, para pF e os da umidade, base
gravimétrica, para umidade, base volumétrica.
c) Representar, em papel milimetrado, a curva característica da água do solo: pF = f (θ).
d) Com os dados da curva calcular CMA, CC, PMP, DREN, AD e AND.

20) Utilizando a curva do exercício 19:


a) Calcular a umidade em peso para pF = 3,
b) Justificar qual o valor numérico do potencial de pressão para pF = 0,5,
c) Calcular o valor numérico da umidade em peso e em volume no estado de referência
do potencial matricial,
d) Considerando que a água sujeita à drenagem ocupa os macroporos, justificar se há
maior macro ou microporosidade nesse solo,
e) Calcular o grau de saturação no ponto de murcha permanente,
f) Justificar se a quantidade de água disponível para as plantas é maior, igual ou menor
que a água sujeita à drenagem,
g) Justificar se a quantidade de água disponível para as plantas é maior, igual ou menor
que a água não disponível,
h) Calcular o valor numérico do potencial (em kPa e em cm H2O) em que o grau de
saturação é 0,50 m3/ m3,
i) Calcular a relação macroporos/microporos,
j) Considerando uma cultura que perde, por dia, 0,025 m3/m3 de água por
evapotranspiração calcular quantos dias serão necessários para perder a água retida
entre a capacidade de campo (-10 kPa) e o potencial de -1100 kPa,

21) O tensiômetro determina o conteúdo da água do solo ou o potencial da água do solo?


Justificar a resposta.

22) Considerando a equação ζ = 12,6 h – (h1 + h2) e um solo com umidade uniforme na faixa
entre 20 e 40 cm de profundidade, a altura da coluna de mercúrio (h) será a mesma para as
duas profundidades? Justificar a resposta.

23) Considerando que, anualmente, há um período seco e um período chuvoso definidos,


Justificar qual dos dois mecanismos de aeração (fluxo de massa ou difusão) é o mais
importante no período seco.

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