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2 Conhecendo a Legislação

Site: EAD - Escola Superior de Gestão e Controle Francisco Juruena


Curso: Capacitação de Conselheiros Municipais de Educação - 2ª Edição
Livro: 2.2 Conhecendo a Legislação
Impresso por: Sthephanie Galhardo Schulz
Data: segunda, 6 Abr 2020, 20:37

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Sumário
1 O Plano Nacional de Educação

2 Os Planos Estaduais e Municipais de Educação

3 Busca Ativa

4 TC Educa

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1 O Plano Nacional de Educação
O Plano Nacional de Educação (PNE) é uma exigência do artigo 214 da Constituição Federal, in verbis:
Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal, com o objetivo de articular o
sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias
de implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis,
etapas e modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas
que conduzam a:  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)
 I - erradicação do analfabetismo;
II - universalização do atendimento escolar;
III - melhoria da qualidade do ensino;
IV - formação para o trabalho;
V - promoção humanística, científica e tecnológica do País.
VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto
interno bruto.  (Incluído pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)
O objetivo foi estabelecer um planejamento nacional para a educação, com duração de dez anos, para que as ações tomadas nessa área
sejam articuladas entre os entes da federação e tenham continuidade ao longo do tempo, não ficando restritas ao período do mandato dos
governantes (Presidente, Governador, Prefeitos).

O primeiro Plano Nacional de Educação, com força de Lei, no Brasil, foi o PNE com vigência de 2001 a 2011. Infelizmente, devido à falta de
acompanhamento e monitoramento do plano e também pela baixa adesão de Estados e Municípios na criação de seus planos locais, a
grande maioria das metas ali estabelecidas não foi cumprida.

O atual Plano Nacional de Educação, com vigência de 2014 a 2024, foi aprovado pela Lei Federal nº 13.005/2014. Nele constam 20 metas e
254 estratégias.

A meta 1 trata da educação infantil. Estabelece a universalizando das vagas em pré-escola para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco anos)
de idade até 2016 e a ampliação da oferta em creches para atender, no mínimo, 50% das crianças de 0 até 03 anos até 2024.

A meta 2 se refere ao ensino fundamental. Determina que este seja universalizado para toda a população de 6 (seis) a 14 (quatorze) anos,
garantindo-se que, até 2024, pelo menos, 95% dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada.

A meta 3 se dirige em especial ao ensino médio. Prevê que até 2016 deve ser universalizado o atendimento de toda a população de 15 a 17
anos na escola, independente da etapa de ensino. Também estipula a elevação das matrículas para essa população no ensino médio para
85%, reduzindo, assim, a distorção idade-série.

As metas 1 a 9 tratam da educação básica. A meta 10 da educação de jovens e adultos; a 11 da educação profissional; e as metas 12 a 14
do ensino superior. Já as metas 15 e 16 se dirigem aos professores da educação básica. As metas 17 e 18 relaciona-se à valorização dos
profissionais do magistério e profissionais da educação, assegurando-se o pagamento do piso salarial e a existência de planos de carreira.

Enquanto os municípios devem atuar prioritariamente na educação infantil e no ensino fundamental, os Estados e o Distrito Federal são
responsáveis, prioritariamente, pelo ensino fundamental e médio. Já a União deve atuar no ensino superior.

O artigo 11 da Lei de Diretrizes e bases da Educação estabelece, inclusive que incumbe aos Municípios oferecer a educação infantil em
creches e pré-escolas e, com prioridade, o ensino fundamental, sendo sua atuação em outros níveis de ensino permita apenas quando
atendidas as necessidades de sua área de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição à
manutenção e desenvolvimento do ensino.

O seu município tem atendido essa exigência?


 Ressalte-se, nesse sentido, que tem especial importância para os Conselhos de Educação a meta 19 do PNE, pela qual devem ser
asseguradas condições para a efetivação da gestão democrática da educação, associada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à
consulta pública à comunidade escolar, no âmbito das escolas públicas.

Dentre as estratégias previstas para essa meta está o estímulo à constituição e ao fortalecimento de conselhos escolares e conselhos
municipais de educação, tidos como “instrumentos de participação e fiscalização na gestão escolar e educacional”.

Inclusive, no artigo 5º do PNE, o Conselho Nacional de Educação está dentre as instâncias de monitoramento contínuo e avaliação do
cumprimento das metas do PNE. Função semelhante pode ser desempenhada pelos Conselhos Estaduais e Municipais de Educação, com
previsão nos planos locais.

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2 Os Planos Estaduais e Municipais de Educação
Estabelece o Plano Nacional de Educação que “Os Estados, o DF e os M deverão elaborar seus correspondentes planos de educação, ou
adequar os planos já aprovados em lei, em consonância com as diretrizes, metas e estratégias previstas no PNE”.

No Brasil, 5.567 municípios já fizeram seus planos de educação, e 26 Estados da federação fizeram seus planos estaduais de educação.
 

Como os planos locais de educação devem estar diretamente alinhados às diretrizes, metas e estratégias do PNE, é importante atentar para
o seguinte:

(1) Não podem ser estabelecidos percentuais de atendimento inferiores aos constantes do Plano Nacional, nem prazos superiores aos
neste previstos.

 
Por exemplo: se a meta para creche é ampliar a oferta a, pelo menos, 50% das crianças de 0 a 03 anos até 2024, o PME não pode
estabelecer o percentual de 30%, nem o prazo de 2030 para a execução da meta. Por outro lado, se for compatível com a realidade
local ter um prazo menor ou um percentual de ampliação maior ao que está no PNE, isso é possível e inclusive desejável!
 

(2) É importante que sejam estabelecidas metas intermediárias para auxiliar no planejamento e alcançar de forma progressiva as
metas e estratégias dos planos de educação.

Por exemplo: se a meta para creche é de 50% até 2024, pouco adiantará tomar providências apenas próximo ao limite definido no
PNE. É necessário que essa evolução seja progressiva para ter sucesso ao final do prazo.

(3) Para realizar o planejamento, é necessário ter informações disponíveis sobre a população alvo da política.

 
Por exemplo: para atender a estratégia que busca diminuir a diferença de taxa de atendimento em educação infantil de crianças
oriundas das famílias 25% mais ricas e 25% mais pobres, é necessário que o ente federativo, em especial o município, saiba quantas
crianças e jovens existem no local. Apenas com o número de crianças e jovens a serem atendidos no sistema de ensino local que as
ações de planejamento e compatibilização com o orçamento serão possíveis. E isso nos traz o tema da busca ativa.

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3 Busca Ativa
Não basta apenas observar a demanda manifesta nas escolas! É necessário buscar as crianças e jovens que estão fora do ensino por meio
da busca ativa, trazendo-os para o ambiente escolar.

A busca ativa é uma estratégia definida no PNE para buscar crianças e adolescentes fora da escola, em parceria com órgãos públicos de
assistência social, saúde e proteção à infância. É uma estratégia prevista nas metas da educação básica (1, 2 e 3).
População 0 a 5 anos: estratégia de 1.15.

População 4 a 16 anos: estratégia 2.5.

População 15 a 17 anos: estratégia 2.9.  

Mas, afinal, qual a diferença da busca ativa e da demanda manifesta?

Enquanto a busca ativa é uma iniciativa adotada pelo Estado para identificar crianças que, por razão de pobreza, abandono ou outras
dificuldades, estão fora da escola, trazendo-as para o sistema educacional. Já na demanda manifesta, são os pais ou responsáveis que
procuram a instituição de ensino para matricular o aluno.

O seu município realiza a busca ativa?

 
A UNICEF desenvolveu, em parceria com outras entidades, a plataforma busca ativa escolar, que tem por objetivo ajudar os municípios a
combater a exclusão escolar. A plataforma reúne representantes de diferentes áreas – Educação, Saúde, Assistência Social, Planejamento.
Ali se faz a identificação da criança ou adolescente fora da escola, com a tomada de providências para a matrícula e a permanência do
aluno. Tudo pode ser feito pela internet: https://buscaativaescolar.org.br/.

 
No Rio Grande do Sul, conforme pesquisa do Ministério da Educação, dos 418 municípios que responderam à pesquisa, mais de 70% não
fizeram a adesão a essa plataforma. Destes, 47,2% não têm interesse em aderir.
 

Os Conselheiros dos Conselhos de educação têm papel fundamental não apenas na correção de falhas dos planos locais (prazos maiores e
percentuais de atendimento menores que os do PNE; estabelecimento de metas intermediárias), mas também no acompanhamento das
metas dos planos de educação.

Como fazer esse acompanhamento?

Além dos próprios mecanismos existentes em cada ente para realizar o monitoramento das metas dos planos de educação, é possível
também utilizar a plataforma TC educa.

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4 TC Educa
Os Tribunais de Contas lançaram uma plataforma que permite acompanhar as metas 1, 2 e 3 do PNE. Ali constam os percentuais de
atendimento em cada meta, viabilizando, assim, que o Conselho de Educação provoque o secretário municipal quanto ao desempenho
apresentado.
 
Para navegar no TC educa é bastante fácil. Basta assistir o tutorial disponibilizado no curso e clicar no link https://pne.tce.mg.gov.br/.

 
Como Conselheiros da Educação vocês tem uma importante missão no acompanhamento dos recursos aplicados em educação e no
monitoramento do cumprimento das metas e prazos do PNE.
 
Bons estudos!

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