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HERMENÊUTICA

BÍBLICA
Por Gaspar de Souza
Princípios para Interpretar a
Bíblia?

Quantos pregadores, hoje, precisam de


exegese, hermenêutica, teologia etc.,
para pregar a “Palavra de Deus”?
No princípio não foi assim
A História da Igreja, principalmente a História da
Pregação, demonstra que os Pais da Igreja, os
Reformadores e Pós-Reformadores e muitos
expositores ainda hoje (J. MacArthur Jr, John
Stott, J.I Paker, Augustus Nicodemos, Paulo
Anglada etc.) utilizam-se de ferramentas para
Interpretação das Escrituras
Consultando o Novo Testamento, também encontramos tais recursos.
Por exemplo, Jesus Cristo apresenta, no Sermão do Monte, por
diversas ocasiões, a verdadeira interpretação da Lei ao contrapor o “o
que foi dito aos antigos” (Tradição) com o “eu, porém, vos digo”. O
Apóstolo Paulo, em certa ocasião, também apelou para o uso singular
de uma palavrinha para dar a correta interpretação da descendência de
Abraão. Os Rabinos dispunham de métodos exegéticos para
interpretação e compreensão da Torah; os Gregos também utilizavam
recursos para elucidar as obras de Homero e dos filósofos; os
Cristãos, a partir do segundo século, tinham ao seu dispor a alegoria,
a teoria e a quadriga, embora incipiente, esta ultima foi mais
desenvolvida na Idade Média. A Exegese, juntamente com a
Hermenêutica, foi e é o recurso mais utilizado na compreensão de
textos, principalmente os Sagrados, no caso dos Cristãos, as
Escrituras do Antigo e Novo Testamento.
Será a Hermenêutica uma Disciplina desejada no
Estudo das Escrituras?
O desprezo pela Hermenêutica e pela Exegese ou,
até mesmo, a substituição de uma Hermenêutica
sadia gerou o caos doutrinário, homilético e
teológico no seio das igrejas cristãs. Embora se
deva valorizar a pregação leiga, a má compreensão
do dístico “livre exame das Escrituras”, proposta
pela Reforma Protestante, tornou-se em “livre
interpretação das Escrituras”.
Os Protestantes valorizaram o ministério leigo
(Sacerdócio Universal dos Santos), compreenderam a
clareza das Escrituras, mas não em todas as coisas. A
renomada Confissão de Fé de Westminster (CFW, I 7)
afirma corretamente este ponto ao dizer:

Todas as coisas, por si mesmas, não são igualmente
claras nas Escrituras, nem igualmente evidentes a
todos; não obstante, aquelas coisas que precisam ser
conhecidas, cridas e observadas para a salvação são tão
claramente expostas e visíveis, em um ou outro lugar da
Escritura, que não só os doutos, mas ainda os indoutos,
no devido uso dos meios ordinários, podem alcançar um
suficiente entendimento delas”
CRISE DO PÚLPITO? UM
PROBLEMA HERMENÊUTICO
Os púlpitos brasileiros estão cada vez mais
enfraquecidos. Pastores tornam-se animadores de
auditório; falam frases de efeitos para contagiar o
publico; alimentam suas igrejas como mensagens
superficiais. É preciso uma nova Reforma na
Igreja, mas deve-se começar pelos púlpitos.
Gaspar de Souza (paráfrase)
Escritura é o fundamento da Igreja: a Igreja é a
guardiã da Escritura. Quando a Igreja está
fortemente saudável, a luz da Escritura
resplandece claramente; quando a Igreja está
enferma, a Escritura é corroída pela negligência;
e assim acontece, aquilo que é visível da
Escritura e da Igreja, habitualmente aparecem
para exibir simultaneamente, seja saúde ou
então a doença; e normalmente a maneira como
a Escritura é tratada está na exata concordância
com a condição da Igreja. (John Albert Bengel
apud Walter C. Kaiser Jr (1981, p. 7)
A falta de uma Hermenêutica sadia reflete-se no
Púlpito, que reflete-se na baixa espiritualidade, na
fraqueza teológica (e.g. modismos, ensinamentos
aberrantes, neojudaísmo etc), na secundarização da
doutrina e, principalmente, na pregação da Palavra
de Deus, sendo esta a mais sofrida, em que é
substituída por cantatas, dramatizações,
“louvorzões”, e “mini-pregações” para não enfadar
o público. A causa para o caos, entre outras coisas, é
uma “crise na teologia exegética” que é traduzida
na “crise no púlpito” (KAISER, 1981, p. 17, 36).

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