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CONCEPÇÕES
TEÓRICAS
Margareth Michel
Fotografia publicitária
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste capítulo, você conhecerá a fotografia publicitária, sua história e seu
desenvolvimento. O termo fotografia vem do grego e significa a arte de
escrever com luz. Essa “escrita” é decorrente de uma perfeita combinação,
captada por frações de segundos entre luzes e sombras que se transfor-
mam em elementos visíveis únicos, os quais podem ser interpretados de
diferentes formas, de acordo com o repertório de quem os vê.
Se a fotografia traz consigo a possibilidade de guardar para a posteri-
dade imagens importantes para a história, foi por seu intermédio que as
diferentes nações e culturas puderam registrar as tradições, as paisagens,
as diferentes manifestações individuais e coletivas, das mais comuns às
mais importantes. Todo tipo de acontecimento foi documentado por
meio de fotografias, das descobertas científicas até as guerras. As pessoas
passaram naturalmente a se deixar fotografar para a posteridade, pois,
ao contrário das palavras, que podem ter várias interpretações, e, prin-
cipalmente, porque estas, com o passar do tempo, podem ter alterado
o seu significado, as imagens de séculos passados continuam iguais e
têm o mesmo significado.
Com o desenvolvimento trazido pela Revolução Industrial e o con-
sequente aumento do consumo, as imagens se tornaram cada vez mais
importantes, não só por eternizar lembranças e significados, mas também
porque se tornaram capazes de despertar desejos e vontades e por seu
alto grau de persuasão. Na publicidade, após um início mais difícil e
demorado, a fotografia tornou-se uma arma poderosa para agregar valor
a uma marca, produto ou serviço. As campanhas publicitárias passaram
2 Fotografia publicitária
Conceitos básicos
Os jornais já existiam, tanto na Europa como nas Américas, em um número
considerável, mas o aproveitamento das fotografias na imprensa, por razões
tecnológicas, demorou bastante para ocorrer. Após seu surgimento, foi na
imprensa que a fotografia foi implementada, tendo aparecido pela primeira vez
em um jornal, em 1880, em forma de uma fotografia reproduzida com meios
mecânicos (FREUND, 2010). Isso representou um fato revolucionário nas
comunicações e na transmissão dos acontecimentos, uma vez que permitiu,
mais tarde, que as pessoas visualizassem personagens e acontecimentos de
outros lugares, até mesmo de outras partes do país e do mundo. No entanto,
para esse procedimento de reprodução mecânica constante, foram precisos
mais de 25 anos, devido aos custos, que ainda eram elevados, além do fato
de que a tecnologia de impressão utilizada só permitia que fossem impressas
gravuras feitas a traços, nas quais só havia combinações de preto e branco,
sem tons intermediários. Segundo Freund (2010), no início, para que as ilus-
trações tivessem credibilidade, eram sempre acompanhadas de legendas,
para que os leitores soubessem que aquela ilustração tinha sido feita a partir
de uma fotografia.
A partir daí, com o surgimento da nova técnica de impressão, tem-se uma
mudança na forma de ver o mundo, pois o cidadão comum passa a visualizar
os fenômenos de uma forma mais ampla. Aos olhos da massa, o mundo fica
pequeno, torna-se próximo. Na perspectiva de Freund (2010), é quando o retrato
coletivo substitui o individual que a fotografia inaugura os mass-media visuais.
Esse feito permite a leitura de fatos e acontecimentos, uma vez que a fotografia
possibilita que a sociedade seja documentada. E é a partir do momento em
que a imagem se torna ela mesma e conta uma história, acompanhada de um
pequeno texto, geralmente reduzido apenas a legendas, que a fotografia tem
seu lugar garantido nos meios de comunicação de massa, tornando-se também
um poderoso meio de manipulação e propaganda.
Fotografia publicitária 3
(a) (b)
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preciso que fiquem claros alguns dos requisitos para que ela seja considerada
como tal, sendo o mais importante que ela seja composta por várias peças
publicitárias — não apenas uma única —, que serão veiculadas em mídias
diversas. Uma das suas principais características é que, não importa qual seja
a ação desenvolvida ou o meio explorado, a mensagem deve ser a mesma, deve
ter uma unidade, ajustada às características de cada mídia. As peças pelas
quais é constituída devem preservar um elo, uma identidade entre si. Deve
haver uma uniformidade na área editorial com os textos, bem como na área
visual, de maneira que haja sinergia entre eles, com o objetivo de fortalecer
a mensagem e, assim, aumentar o impacto da campanha.
A campanha pode ser feita pela produção e veiculação de peças em diversos
meios de comunicação de massa (televisão, jornais, revistas) ou segmentados
(mala direta, folhetos, panfletos e outros), que serão utilizados sempre de acordo
com um planejamento prévio de ações, embasado em pesquisas de mercado
feitas com antecedência e que permitam tomar decisões com segurança. É esse
planejamento, no qual são escolhidas as estratégias adequadas, que fornece
as chances de se otimizar os resultados esperados.
Ao trabalhar para uma determinada marca, produto e/ou serviço, pode-se
fazer o planejamento para apenas uma campanha ou para várias ao longo de
um período determinado, tendo em vista que as peças se comunicarão com
seus públicos em ocasiões diversas e com objetivos distintos, mas tendo sempre
em mente que a identidade deve ser mantida e preservada ao elaborar as peças,
sejam estas destinadas a campanhas institucionais, campanhas promocionais,
datas comemorativas ou outras.
Nesse contexto, sendo a publicidade uma atividade extremamente estraté-
gica, deve utilizar da imagem pelas suas características e pela sua capacidade de
“falar por si própria”, que permite identificação e reconhecimento de atributos
e valores da marca, produto/serviço, e lidar com a fotografia publicitária da
forma mais criativa possível, de modo a gerar impacto no público. A fotografia,
com as imagens que mostra e com as mensagens que transmite, utilizando suas
estratégias multifacetadas, prende a atenção do público, muitas vezes não só
o cativando, mas também influenciando sua decisão imediata.
A imagem/fotografia tem poder e força em praticamente todas as mídias,
desde a revista e o jornal, com sua seriedade e credibilidade, e pelo fato de
serem referenciais em várias áreas, como comportamento, saúde, moda e te-
máticas das mais variadas, aos os panfletos, com suas possibilidades criativas,
até o painel de rua com sua flexibilidade e impacto instantâneo. A inserção
de imagens/fotografias constrói sentidos e referências que comunicam as
mensagens de forma cada vez mais integrativa e eficiente.
Fotografia publicitária 9
Mamíferos da Parmalat
No ano de 1996, a Parmalat lançou uma
campanha marcante: crianças entre 3
e 4 anos vestiam roupas de pelúcia de
diversos animais, como leão, rinoceronte,
gato, cachorro, entre outros. A campanha
era unificada em torno dessa temática e
contou com um jingle muito envolvente,
Fonte: Comercial... (2016, documento criado na DM9DDB por Erh Ray e Nizan
on-line). Guanaes. No ar por três anos, a campanha
chamou a atenção de crianças e pais
e não contou somente com o vídeo.
Na época, foram distribuídas pelúcias
dos mamíferos da Parmalat para quem
juntasse um determinado número
de códigos de barra de produtos da
marca. Um detalhe, os bichos vinham
segurando uma caixinha de leite Parmalat.
Em 2015, a campanha foi reeditada.
Repercussão: a campanha teve tanto
sucesso que muitas crianças fizeram
ensaios fotográficos vestidas de bichinhos,
assim como as crianças do comercial.
Além disso, a empresa conseguiu
aumentar seu faturamento anual de
38 milhões de reais para 1,87 bilhão.
(Continua)
10 Fotografia publicitária
(Continuação)
Marcas aliadas
Em 2018, na premiada campanha Marcas
aliadas, criada pela F/Nazca, a Skol resolveu
“doar” o “L”, última letra de seu nome,
em prol da causa LGBTQ+ (lésbicas, gays,
bissexuais, transgêneros, queer e +, que
abrange pansexuais, assexuais, multissexuais
e outras denominações). A marca também
promoveu a doação de valores para ONGs
que apoiam a luta contra o preconceito.
Outras companhias entraram na campanha
Fonte: Silva (2018, documento on-line). e fizeram suas doações. Assim, Burger King
cedeu seu “G”, Bis, seu “S”, Trident, seu “T”,
e Quem disse, Berenice?, seu “Q”. Todas as
imagens seguiram esse conceito/tema.
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Fotografia Still | Dica para fotos de estúdio com Richard Cheles– Como Posicionar
Produtos
O fotógrafo profissional Richard Cheles mostra uma técnica com a qual é possível
fotografar produtos sem sombra ou reflexo e como posicionar produtos pequenos e
com formatos peculiares. Assista ao vídeo, disponível no link a seguir:
https://qrgo.page.link/LV2fX
Leituras recomendadas
ANG, T. Fotografia: o guia visual definitivo do século XIX à era digital. São Paulo: Se-
oman, 2016.
AVORIO, A.; SPYER, J. (org.). Para entender a internet. [S. l.: s. n.], 2015. Disponível em: http://
paraentender.com/sites/paraentender.com/static/pdf/livro.pdf. Acesso em: 26 ago. 2019.
BERGER, J. Para entender uma fotografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
DUARTE, I. L. Fotografia digital: fundamentos e técnicas de edição de imagens. São
Paulo: Érica, 2015.
FREEMAN, M. Novo guia completo de fotografia digital. Porto Alegre: Bookman, 2013.
GENÉRICO, T. Estúdio: fotografia, arte, publicidade e splashes. Balneário Camboriú:
Editora Photos, 2011.
LOPES, D. O.; BELLÉ, R. A. Fotografia publicitária. Curitiba: InterSaberes, 2018.
MIRANDA, A. Estratégias do olhar fotográfico: teoria e prática da linguagem visual. São
Paulo: Paulus, 2015.