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Capítulo 1 Circuitos de
Corrente Contínua
1.1- INTRODUÇÃO
Sendo assim para produzirmos eletricidade, devemos criar uma diferença de cargas e
alguma energia deve ser utilizada para isto. Basicamente temos seis formas de se produzir
eletricidade: Fricção, pressão, calor , luz , ação química e magnetismo.
1.1.1- Fricção
Alguns matérias quando friccionados podem ceder elétrons para outros. Sendo assim o
material que durante a fricção cede ou perde elétrons adquire uma carga estática positiva,
enquanto o material que ganhou os elétrons adquire uma carga estática negativa
Nem todos os materiais podem ser eletrizados por atrito, a tabela 1.1 a seguir mostra a
seqüência de substâncias mais comuns dispostas de forma que cada uma delas se carrega
positivamente, quando com outra substância que a segue e carrega-se negativamente quando
friccionada com uma substância que a precede.
tabela 1.1
1.1.2- Pressão
Certos cristais quando submetidos a certa pressão produzem eletricidade, isto faz com
que uma das faces do cristal fique eletrizada negativamente, e a outra positivamente.
Conforme figura 1.1. Este fenômeno é chamado de efeito piezoelétrico, é de pouca intensidade
sendo utilizado em alguns microfones.
F
+ + + + +
Cristal
_ _ _ _ _
Figura 1.1
1.1.3- Calor
_ +
_ +
_ +
_ +
Quando unimos dois metais diferentes, conforme
figura 1.2 e aplicamos uma fonte térmica no ponto de
junção, devido a agitação térmica, os elétrons são
transferidos de um metal para o outro estabelecendo
assim uma diferença de carga entre eles. Está célula e
comumente conhecida como termopar.
Figura 1.2
1.1.4- Luz
Algumas substâncias podem emitir elétron quando incididas por raios de luz, sendo
utilizadas nas células foto elétricas. As mais comuns utilizam materiais semi condutores (silício
e germânio).
Terminal Terminal
negativo positivo
- +
- - +
- - +
- -
Figura 1.3
Quando cessada as reações a pilha torna-se inutilizável, a não ser que sejam
recarregáveis, neste caso baterias. As baterias mais comuns são as utilizadas em automóveis,
caminhões e locomotivas, formadas por placas de chumbo e eletrólito ácido sulfúrico (H2SO4).
1.1.6 Magnetismo
Q
i= Unidade: A – Ampère
T
Exemplo 1.1
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Pelo filamento de uma lâmpada elétrica passam 120C de carga elétrica por minuto. Calcule a
corrente elétrica que passa por esta lâmpada.
Q=120 C
t=1 min=60s
Q
i=
t
120
i= =2 A
60
Para que os elétrons se movimentem em um condutor, deve existir uma força no interior
do mesmo. Esta força elétrica existe porque ao estabelecermos um caminho elétrico e
originando um campo elétrico no interior do condutor devido a diferença de potencial (d.d.p.)
existente entre os terminais do gerador devido a diferença de carga entre os terminais do
gerador devido a diferença de carga entre seus pólos. Nos geradores essa d.d.p. chamamos de
força eletromotriz (f.e.m.) ou tensão elétrica do gerador, pois é a “força” que produz o
movimento dos elétrons sendo expressa em Volts – V.
A maioria das pilhas comuns possuem f.e.m. igual 1,5 V , já as baterias podem ser de
1,2 V; 3,6 V ; 12 V ( utilizadas em automóveis), 24 V (caminhões); 74 V (locomotivas).
As pilhas e baterias, por natureza, produzem corrente contínua (CC), pois o fluxo de
cargas elétricas é apenas em um sentido. Este movimento é análogo ao movimento da água
em um encanamento, conforme figura 1.5.
Fluxo uniderecional
Bomba
hidráulica
Figura 1.5
Fluxo alternado
b
Figura 1.6
No nosso estudo inicial trabalharemos apenas com circuitos de corrente continua (CC) e
posteriormente teremos um capítulo destinado a corrente alternada (CA).
Sabemos que a corrente elétrica é devida ao movimento dos elétrons livres no material.
Alguns materiais oferecem muita oposição a passagem da corrente elétrica e outros não. A
esta oposição que os materiais oferecem chamamos de resistência elétrica.
resistividade
MATERIAL
x 10-6 Ω cm
Alumínio 2,644
Argentana
35 — 40
(Cu-Ni-Zn)
Bronze fosforoso 1,8
Chumbo 19,6
Cobre puro 1,533
Cobre comercial 1,65
Ferro-aço 9 — 12
Ferro fundido 70 — 100
Manganina
42 — 46
(84%Cu – 12% Mg)
Mercúrio 96
Níquel 7,3
Niquelcromo 104
Prata pura 1,5
Platina 10,9
Zinco 6
tabela 1.2
L
R= Unidade: Ω – Ohm
S
onde: resistividade [ . m]
L comprimento do fio [m]
2
S área da seção transversal [m ]
Existe uma grande variedade de resistores, com valores fixos ou variáveis, de pequenos
tamanhos a resistores de ate alguns quilogramas de massa. Basicamente são feitos de fios
metálicos ,carvão ou película metálica. Os resistores de fio são normalmente utilizados para se
controlar grandes correntes enquanto que os de carvão controlam correntes relativamente
pequenas.
Os resistores de fio são constituídos enrolando o fio resistivo a uma base de porcelana,
sendo coberto por porcelana ou cerâmica que protegerão o fio e ajudarão da dissipação do
calor (figura 1.7).
terminais do
resistor
suporte de
fixação
Figura 1.7
Alguns resistores de fio podem ter derivações fixas ou ainda ter contatos deslizantes
(figura 1.8).
cursor
Figura 1.8
- Potenciômetros e trimpots
Os potenciômetros e trimpots também são resistores variáveis, o primeiro é utilizado em
circuitos elétricos ou eletrônicos onde se requer constantes ajustes, como por exemplo o
controle de volume de um radio ou tv, podendo ser de carvão (pequenas potências) ou de fio,
conhecidos também por reostatos (grandes potências). O segundo utiliza-se quando é
necessário apenas ajustes de calibragem do circuito sendo em sua maioria são de carvão e
utilizados em circuitos de pequenos sinais. A figura 1.9 mostra os detalhes de cada um deles.
eixo
rotativo
Potenciômetro
Trimpot
cursor
+
47kΩ
cobertura
contato
delizante
Figura 1.9
- PTC’s e NTC’s
Os PTC’s e NTC’s são resistores que possuem resistência elétrica dependente da
temperatura, possuindo coeficiente positivo de temperatura (PTC), ou seja, a resistência
elétrica aumenta com o aumento da temperatura ou coeficiente negativo de temperatura
(NTC), onde a resistência elétrica diminui com o aumento da temperatura. São usados em sua
maioria como sensores térmicos.
- LDR
Os LDR’s são dispositivos que possuem resistência
elétrica dependente da luminosidade ambiente, das iniciais
LDR – luminosidade diminui a resistência. São muito
utilizados em foto células. Para se ter uma idéia, à luz do dia
sua resistência é da ordem de alguns ohms, enquanto em
um ambiente escuro chega a ordem de megaohms. A figura Figura 1.10
1.10 ilustra um LDR.
- Código de cores
F = coef.
A = 1º digito B = 2º digito C = 3º digito D = multiplicador E = tolerância (%)
temp.
prata - - - 0,01 10 -
dourado - - - 0,1 5 -
preto 0 0 0 10 0
- -
marrom 1 1 1 10 1
1 100
vermelho 2 2 2 102 2 50
laranja 3 3 3 10 3
- -
amarelo 4 4 4 10 4
- -
verde 5 5 5 10 5
- -
azul 6 6 6 106 - -
violeta 7 7 7 10 7
- -
cinza 8 8 8 - - -
branco 9 9 9 - - -
Tabela 1.3
Exemplo 1.2
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
A tensão como você já sabe, é a força aplicada nos extremos de um condutor, que
possui uma resistência elétrica simbolizado por um resistor, a fim de manter a corrente elétrica
no mesmo. Você pode deduzir facilmente que quanto maior a tensão aplicada ao resistor,
maior o número de elétrons que circularão na unidade de tempo. Da mesma forma quanto
menor a tensão aplicada, menor será a intensidade da corrente.
Observando assim o circuito de figura 1.13 abaixo formado por uma pilha, dois fios
condutores e um resistor, podemos através dele, relacionar as grandezas envolvidas neste
circuito, ou seja, f.e.m. (V), corrente elétrica (i) e resistência dos condutores e o resistor (R) de
uma forma bem simples.
i i
+ R
+
V _ R
V
_ simbolicamente
Figura 1.13
George Simon Ohm matemático alemão realizou uma série de experiências com tal
circuito e chegou a conclusão que a intensidade da corrente elétrica que percorre um resistor,
mantida a d.d.p. constante, é inversamente proporcional a resistência elétrica do circuito
dando origem e Lei de Ohm expressa matematicamente abaixo.
V
i=
R
Exemplo 1.3
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Um ferro de passar roupas, possui resistência elétrica de 15 Ω, sendo este ligado a uma fonte
de 120V. Determine sua corrente elétrica.
R = 15 Ω
V = 120 V
V
i=
R
120
i= =8 A
15
Exemplo 1.4
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
R = 22 Ω
i=5A
V = R.i
V = 22.5 = 110 V
Em física aprendemos que potência, seja ela mecânica ou térmica, como sendo rapidez
com que se realiza trabalho. Matematicamente:
P= Unidade: W - Watt
t
Este conceito também pode ser aplicado a eletricidade, pois podemos associar o
trabalho ao movimento, e no caso de cargas elétricas. O trabalho na eletricidade é definido
como sendo energia utilizada para movimentar uma carga elétrica de um ponto para outro
onde exista entre eles uma d.d.p.. Matematicamente:
P=V.i
Exemplo 1.5
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
V = 120 V
I=8A
P= V . i
P= 120 . 8
P= 960 W
Como vimos, a potência relaciona-se com o trabalho que por sua vez esta ligado a
transformação de energia. Sempre que houver trabalho em um sistema teremos
transformação de energia. Quando dizemos que a potência de um ferro de passar é 960 W,
significa dizer que a cada segunda 960 J de energia elétrica que o ferro de passar consome são
transformados em 960 J de calor supondo o sistema ideal.
=P . t
Exemplo 1.6
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Determine a energia dissipada por um banco de resistores de uma locomotiva, que dissipa uma
potência de 750000W durante 2 minutos.
P = 750000 W
t =2 min = 120 s
=P . t
=750000.120
=90000000J
Fazendo uma simples comparação com o exemplo 1.6, esta energia dissipada pelos
bancos de resistores da locomotiva, nos proporcionaria aproximadamente 6 a 7 horas de banho
quente em um chuveiro elétrico ou fornecer energia por 5 dias em uma pequena residência.
Exemplo 1.7
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Calcule a corrente elétrica de um motor de tração de potência 400 HP's, quando o mesmo
desenvolve esta potência a uma tensão de 600 V (dado: 1 HP = 745 W).
Na associação em série os resistores são ligados de forma seqüencial, tal qual os vagões
em uma composição ferroviária, observe a figura 1.14.
R1 R2 R3
i1 i2 i3
R1 R2 R3
+ _
+ _
i V
Figura 1.14
1ª) Como temos apenas um único caminho a corrente no circuito é a mesma para todos
os resistores, ou seja, i1 = i2 = i3...
2ª) A d.d.p. nos extremos da associação é igual a soma das d.d.p de cada resistor, ou
seja, V = V1 + V2 + V3
Req = R1 + R2 + R3
V1 = R1 · i1
V2 = R2 · i2
V3 = R3 · i3
O circuito, quando calculada a resistência equivalente, pode ser substituído pelo circuito
equivalente da figura 1.15.
+
V _ Req
Figura 1.15
Onde: V = Req · i
Req · i = V1 · i1 + V2 · i2 + V3 · i3
Req = R1 + R2 + R3
Nesta Associação os terminais dos resistores em comum são ligados ao mesmo ponto do
circuito elétrico. Observando a figura 1.16, podemos perceber que os terminais dos resistores
são ligados a pontos comuns do circuito, sendo estes dois pontos conectados a bateria.
R1 R2 R3
+ _
i
i1 i2 i3
+
V _ R1 R2 R3
Figura 1.16
Ainda observando a figura 1.16 notamos que a corrente i sai do gerador e se divide em
i1, i2 e i3, pois temos vários caminhos diferentes. Matematicamente podemos escrever que:
i = i1 + i2 + i3
Uma outra particularidade do circuito paralelo é que todos os resistores estão ligados a mesma
bateria, sendo assim a d.d.p nos terminais de todos eles é a mesma, ou seja:
V = V1 = V2 = V3
+
V _ Req
Figura 1.17
1 1 1 1
=
R eq R1 R 2 R3
Aplicando a Lei de Ohm em cada resistor podemos calcular as correntes nos mesmos.
V1
i 1=
R1
V2
i 2=
R2
V3
i3=
R3
V
i=
R eq
V V 1 V 2 V3
=
R eq R1 R 2 R3
1 1 1 1
=
R eq R1 R 2 R3
Esta expressão pode ser simplificada quando tivermos apenas dois resistores em
paralelo.
1 1 1
= tirando o mínimo,
R eq R1 R 2
1 R1 R2
=
R eq R1 .R 2
R 1 . R2
Req =
R 1R 2
Ou seja, para apenas dois resistores em paralelo, podemos fazer o “produto pela soma”.
Esta fórmula simplifica muito a solução de cálculos de resistência equivalente em circuitos de
corrente contínua.
R
Req =
n
Exemplo 1.7
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
R1=3Ω
R1=12Ω R2=18Ω
a) b)
. .B
A
. .B A
Req = R1 + R2
Req = 12 + 18
R2=6Ω Req = 30 Ω
R1 . R2 Req=30Ω
Req =
R1R2 A
. .B
3.6 18
Req = =
36 9
Req =2
Req=2Ω
A
. .B
R2=8Ω
c)
A .
R1=12Ω R3=4Ω
B
.
Primeiramente façamos o série de R2 e R3
R' = R2 + R3
R' = 8 + 4 = 12 Ω
A .
R1=12Ω R'=12Ω
B
.
Como os dois resistores são de mesmo valor, a resistência equivalente será dada por:
R
Req =
n
12
Req =
2
Req =6
Req=6Ω
A
. .B
d) R1=2Ω
.
A
R2=6Ω R3=6Ω
.
B
R
R '=
n
6
R '=
2
R '=3
Redesenhando o circuito,
R1=2Ω
A.
R'=3Ω
B
.
Fazendo agora o série de R1 e R',
Req = R1 + R'
Req = 2 + 3
Req = 5Ω
Req=5Ω
A
. .B
1.7.1- Ohmímetro
10 4 3 2
100 40 20 1
0,5
0
∞
Os ohmímetros são aparelhos destinados a Ohms
medir a resistência elétrica podendo ser
analógicos ou digitais (mais usados). A maioria x1Ω
x10Ω
dos ohmímetros possuem uma chave de mudança x100Ω x100Ω
x1Ω
de escala, indicando um fator multiplicativo que x1000Ω x1000Ω
Figura 1.18
Sua utilização é muito simples, basta conectar suas pontas de prova aos terminais do
dispositivo que se deseja medir a resistência e observar a leitura. Observe a figura 1.19.
10 4 3 2
100 40 20 1
0,5
0
∞
Ohms
x100Ω
x1000Ω x1Ω
Figura 1.19
1.7.2- Amperímetros
São aparelhos destinados a medir a corrente elétrica em um circuito. Sua ligação deve
ser sempre em serie com a carga, pois se for ligado em paralelo ocasionará um curto circuito,
devido sua resistência interna no caso ideal ser nula. A figura 1.20 mostra dois tipos de
amperímetros e seu símbolo em circuitos elétricos.
+ _ mA símbolo
0
Figura 1.20
A figura 1.21 abaixo mostra a correta ligação de um amperímetro ao circuito, bem como
o modelo esquemático do circuito.
2,5
0
A 5
+ _ i
A
i
+
V R
_ _
+ R
Figura 1.21
1.7.3- Voltímetros
São aparelhos destinados a medir tensão elétrica em um circuito. Sua ligação deve ser
feita em paralelo com a carga, pois se por algum motivo o ligarem em série, não teremos
corrente no circuito, pois idealmente sua resistência tende a infinita. A figura 1.22 ilustra
alguns tipos de voltímetros e seu símbolo em circuitos elétricos.
5 150 200
10
0
V 10
50
0 V
+ _ V símbolo
0
Figura 1.22
A figura 1.23 abaixo mostra a correta ligação de um amperímetro ao circuito, bem como
o modelo esquemático do circuito.
12,5
0 V 25
+ _
i i
+
_ V R V
+ R _
Figura 1.23
1.7.4- Multímetros
. 200
∞
100
40
20
10 4 3 2
1
0,5
OHMS
0
100 150
50 200
. . . . V.~_..
20 30
_ 10 40
.
OFF 0 4 6 250
V ... 200 750
250
0 2 8 50
.
0 10
20
.
2
. A ...
.
200µ
200m
. .. _
2000µ
20m
.
2000k OHMS OHMS
X10 X1K
. . ..
200m ACV ADJ
200k 500
10A ... DCV 500
Ω
20k
.
2000
200
250 250
500VACDC
250mA DC
máx
10ADC
50 50
DIGITAL VΩmA
+
METER 10 10
COM 500µ
250m _
DCA 10m
Figura 1.24
Observe que os multímetros possuem uma chave seletora, onde mudamos a sua função
e seu fundo de escala, ou seja, a máxima leitura que o aparelho pode fornecer para aquela
função.
símbolo elétrico
Figura 1.25
Observe que entra as placas existe um espaço ao qual damos o nome de dielétrico.
Estas placas são feitas de materiais condutores elétricos, sendo as mesmas conectadas a dois
terminais, onde estes são utilizados para sua ligação aos circuitos.
Para entender o processo de carga de um capacitor, imagine um circuito contendo um
capacitor, uma pilha e uma chave, conforme a figura 1.26.
+ -
+
+ - -
+
- - +
- -
+ - -
-
- -
Figura 1.26
Quando a chave é fechada, a pilha fornece elétrons para a placa ligada ao seu terminal
negativo e retira elétrons da placa ligada ao seu terminal positivo, eletrizando assim as placas
do capacitor positivamente e negativamente. Este processo é quase instantâneo e esta
corrente de carga se extinguirá quando o capacitor estiver totalmente carregado. Se
introduzirmos resistência elétrica ao circuito o tempo de carga irá aumentar. Esta situação será
analisada posteriormente.
Se desconectarmos então o capacitor do circuito e o ligarmos a uma lâmpada, esta
ficará acesa por alguns instantes, até que toda a carga do capacitor se acabe.
+ -
+
+ - - -
+
-
+
- - -
+ -
-
-
- -
Figura 1.27
1.9.1- Capacitância
A capacitância, assim como a resistência elétrica, é uma grandeza elétrica que depende
das características físicas do capacitor. Pode-se demonstrar que a capacitância de um
capacitor de placas planas pode ser calculada como:
A
C= .
d
_
_ 10 uF
_ 25 V
10nF _
_
Figura 1.28
Uma característica muito importante que deve ser observada nos capacitores, é a
máxima tensão que suporta, pois esta não pode exceder seu limite.
Q = C.V
A unidade de carga elétrica é o Coulomb (C). Assim como o Farad, o Coulomb também é
mais usual com seus submúltiplos: milicoulomb (mC), microcoulomb (µC), nanocoulomb (nC) e
picocoulomb (pC).
Quando trabalhamos com circuitos capacitivos é muito comum termos ligações entre
capacitores, podendo ser do tipo série ou do tipo paralelo. Quando capacitores são ligados em
série ou em paralelo, o efeito sobre a capacitância equivalente é o oposto daquele sobre os
resistores ligados da mesma forma.
C1 C2 C3
_
+
V
Figura 1.29
Analisando este circuito podemos chegar a algumas conclusões. Devido ser um circuito
em série a corrente de carga nos capacitores é a mesma, sendo assim todos armazenarão a
mesma quantidade de carga elétrica, independentemente do valor de suas capacitâncias,
então:
Q1 = Q2 = Q3 = Qeq
Observe que a carga total ou equivalente também será igual a dos capacitores, sendo
assim, teremos:
Q1 = C1.V1
Q2 = C2.V2
Q3 = C3.V3
Assim como nos circuitos resistivos, teremos também uma capacitância equivalente, ou
um circuito equivalente como representado na figura 1.30.
+
V Ceq
_
Figura 1.30
Qeq = Ceq.V
V = V1 + V2 + V3
Q eq Q1 Q2 Q3
=
Ceq C1 C2 C3
Como as cargas são iguais para todos os capacitores e inclusive o equivalente, podemos
simplificar a expressão obtendo:
1 1 1 1
=
C eq C1 C2 C3
+
V C1 C2 C3
_
Figura 1.31
Este circuito possui algumas particularidades, tais como: a tensão em todos elementos é
a mesma e a carga total armazenada pelo circuito é a soma da carga em casa capacitor, ou
seja:
Qeq = Q1 + Q2 + Q3
Observe que as cargas de cada capacitor agora são independentes, ou seja, se valores
não necessariamente serão iguais, podendo ser calculadas individualmente.
Q1 = C1.V1
Q2 = C2.V2
Q3 = C3.V3
+
V Ceq
_
Figura 1.32
Qeq = Ceq.V
Ceq = C1 + C2 + C3
Que é a mesma expressão utilizada para resistores em série. Observe então que as
expressões são invertidas para o cálculo de capacitâncias equivalentes em relação a
resistência equivalente.
Exemplo 1.8
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
C1=15uF C2=30uF
a)
. .
A B
Quando tínhamos resistores em paralelo, utilizamos uma expressão simplificada do
produto pela soma, aqui também poderemos utilizá-la para calcular a capacitância equivalente
quando tivermos dois capacitores em série.
C 1 . C2
Ceq =
C1 C2
15.30
Ceq=
1530
450
Ceq =
45
Ceq =10 uF
Ceq=10uF
. .
A B
b) A .
C1=4,7uF C2=2,2uF
B .
Como está associação é paralela, podemos simplesmente somar as capacitâncias,
obtendo:
Ceq = C1 + C2
Ceq = 4,7 + 2,2
Ceq = 6,9 uF
Ceq=6,9uF
. .
A B
C2=2,2uF
c) A .
C1=2,2uF C3=2,2uF
B .
Primeiramente faremos o série de C2 com C3. Como C2 = C3 = C, temos:
C
C'=
n
2,2
C'= =1,1uF
2
A . Ceq=3,3uF
C1=2,2uF C'=1,1uF . .
A B
B .
Ceq = C1 + C'
Ceq = 2,2 + 1,1 = 3,3 uF
C1=10uF
d) A .
C2=10uF C3=10uF
B .
Primeiramente faremos o paralelo de C2 com C3.
C' = C2 + C3
C' = 10 + 10 = 20 uF
Redesenhando o circuito:
C1=10uF
A .
Ceq=6,67uF
C'=20uF
. .
B . A B
C1 . C'
Ceq=
C 1C'
10.20
Ceq=
1020
200
Ceq= =6,67uF
30
1.11- CIRCUITOS RC
+
V C
_
Figura 1.33
1,0 1,5
0,5 2,0
0 2,5
CH 6 9
R =10Ω 3 12
A
0 15
+
12V _ C V
Figura 1.34
1,0 1,5
2,0
Leitura do amperímetro e
0,5
0 2,5 do voltímetro no instante
A em que a chave CH é
fechada
Chave CH
fechada
6 9
R =10Ω 3 12
A
0 15
+
12V _ C V
A CH estar fechada e o
capacitor ter se carregado
completamente
Chave CH
fechada
6 9
R =10Ω 3 12
A
0 15
+
12V _ C V
Figura 1.35
i(t)
V(t)
V
Figura 1.36
Observe então que o tempo de carga do capacitor não será mais instantâneo, sendo
este maior quanto maior for a resistência elétrica do circuito e da capacitância do capacitor.
τ = R.C
Para que o capacitor atinja aproximadamente 100% de carga este tempo será em torno
de 5RC. Observe o gráfico da figura abaixo.
Q(t)
Qtotal
0,63Qtotal
τ 5τ t
Figura 1.37
Exemplo 1.9
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
R =10kΩ
+
12V C=0,1uF
_
τ = R.C
τ = 10x103 x 0,1x10-6
τ = 0,001 s ou 1 ms
Exemplo 1.10
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Calcule o valor da resistência elétrica R do circuito abaixo para que o capacitor se carregue
totalmente em 0,5 s.
+
V C=4,7uF
_
τ = R.C
0,5 = R x 4,7x10-6
0,5
R= =106382,98
4,7 x10−2
___________________________________________________________________________
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
a) b)
R1=7Ω
+ +
12 V _ 74 V _ R1=10Ω R2=10Ω
R2=5Ω
R1=5Ω
d)
c)
+ R2=5Ω
7,5 V _ R2=5Ω +
15 V _
R1=10Ω
R3=5Ω
R3=5Ω
R1=4Ω
e)
+
24 V _ R2=6Ω R3=12Ω
R1=4Ω R2=4Ω
f)
+
36 V _ R3=8Ω R4=4Ω
1.2- Um ferro de solda possui valores nominais iguais a 40W/127V. Calcule sua resistência
elétrica e sua corrente elétrica quando ligado corretamente.
1.3- Se por algum motivo o ferro de solda do exercício 1.2 fosse ligado em 220 V, qual seria sua
corrente elétrica e a potência dissipada por ele?
1.5- Supondo que cada resistore do exercício 1.4 dissipa no máximo 0,5 W, qual a máxima
corrente que poderá passar pela associação e a potência dissipada por ela?
L1
CH
+
V _ L2 L3
Pergunta-se:
3
0 → 0% de R
1 → 25% de R
+ 2 → 50% de R
74 V _ 2
3 → 100% de R
1 Sendo R = 10 kΩ
0 (resistência do potenciômetro)
1K5
+
12 V _
1K5 4,7 uF
CH
1.11- Um técnico necessita medir a corrente e a tensão elétrica no resistor de 100 Ω do circuito
abaixo.
50 Ω
+
74 V _ 300 Ω 100 Ω
1.12- Os motores de tração das locomotivas possuem potência em torno dos 450 HP´s. Sendo a
tensão de alimentação dos motores 600 V, calcule:
Dado: 1 HP = 745 W
1.13- Calcule o tempo em horas que uma residência de potência instalada 15 kW utilizaria a
energia consumida pelos motores de tração de uma locomotiva Dash 9 com oito rodeiros
motorizados do exercício 1.11.
1.14- Uma locomotiva G12 possui quatro rodeiros motorizados e um motor diesel de 1300 HP´s.
Determine a corrente nos motores de tração quando a locomotiva entrega toda potência com
um rendimento de 80%. Dado: Tensão nos motores igual a 600 V.
1.15- A locomotiva Dash 9, é utilizada pela EFVM e pela EFC, sendo que na EFVM é adaptada
com 8 rodeiros motorizados enquanto na EFC é adaptada com 6 rodeiros motorizados. Sendo
seu potência 4320 HP´s, determine:
Considere o rendimento do sistema igual a 85%
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Respostas
1.1- a) i1 = i2 = 1 A; V1 = 7 V e V2 = 5 V
b) i1 7,4 A; i2 = 7,4 A; V1 = V2 = 74 V
c) i1 = i2 = i3 = 0,5 A; V1 = V2 = V3 = 2,5 V
d) i1 = 1,5 A; i2 = i3 = 1,5 A; V1 = 15 V; V2 = V3 = 7,5 V
e) i1 = 3 A; i2 = 2 A; i3 = 1 A; V1 = V2 = V3 = 12 V
f) i1 = 6 A; i2 = i3 = i4 = 3 A; V1 = V2 = V4 = 12 V e V3 = 24 V
1.2- 403,225 Ω e 0,315 A
1.3- 0,545 A e 120 W
1.4-
1.10-
22uF 22uF 10uF