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Eletrotécnica Básica Capítulo 1

Capítulo 1 Circuitos de
Corrente Contínua

1.1- INTRODUÇÃO

De acordo com a teoria eletrônica da matéria, todos os fenômenos elétricos eletrônicos


são devido ao movimento dos elétrons de um lugar para o outro, como é sabido, de um lugar
onde existe um excesso para um lugar onde existe uma falta de elétron a principio.

Sendo assim para produzirmos eletricidade, devemos criar uma diferença de cargas e
alguma energia deve ser utilizada para isto. Basicamente temos seis formas de se produzir
eletricidade: Fricção, pressão, calor , luz , ação química e magnetismo.

1.1.1- Fricção
Alguns matérias quando friccionados podem ceder elétrons para outros. Sendo assim o
material que durante a fricção cede ou perde elétrons adquire uma carga estática positiva,
enquanto o material que ganhou os elétrons adquire uma carga estática negativa

Nem todos os materiais podem ser eletrizados por atrito, a tabela 1.1 a seguir mostra a
seqüência de substâncias mais comuns dispostas de forma que cada uma delas se carrega
positivamente, quando com outra substância que a segue e carrega-se negativamente quando
friccionada com uma substância que a precede.

1- Pele 5- Algodão 9- Madeira


2- Flanela 6- Seda 10- Lacre
3- Marfim 7- Corpo humano 11- Resinas
4- Cristal 8- Madeira 12- Enxofre

tabela 1.1

1.1.2- Pressão

Certos cristais quando submetidos a certa pressão produzem eletricidade, isto faz com
que uma das faces do cristal fique eletrizada negativamente, e a outra positivamente.
Conforme figura 1.1. Este fenômeno é chamado de efeito piezoelétrico, é de pouca intensidade
sendo utilizado em alguns microfones.

F

+ + + + +
Cristal
_ _ _ _ _

Figura 1.1

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1.1.3- Calor
_ +
_ +
_ +
_ +
Quando unimos dois metais diferentes, conforme
figura 1.2 e aplicamos uma fonte térmica no ponto de
junção, devido a agitação térmica, os elétrons são
transferidos de um metal para o outro estabelecendo
assim uma diferença de carga entre eles. Está célula e
comumente conhecida como termopar.

Figura 1.2

1.1.4- Luz

Algumas substâncias podem emitir elétron quando incididas por raios de luz, sendo
utilizadas nas células foto elétricas. As mais comuns utilizam materiais semi condutores (silício
e germânio).

1.1.5- Ação química

Uma fonte muito comum de produção de eletricidade é a pilha ou a bateria. Todas as


duas utilizam a ação química para a produção de eletricidade.

Basicamente são constituídas de dois eletrodos de metais diferentes imersas em uma


substancia liquida ou não chamada de eletrólito. Esses metais em contato com o eletrólito
criam uma reação onde que elétrons de um dos metais são transferidos ao outro através da
ação química. Observe a figura 1.3.

Terminal Terminal
negativo positivo

- +
- - +
- - +
- -
Figura 1.3

Quando cessada as reações a pilha torna-se inutilizável, a não ser que sejam
recarregáveis, neste caso baterias. As baterias mais comuns são as utilizadas em automóveis,
caminhões e locomotivas, formadas por placas de chumbo e eletrólito ácido sulfúrico (H2SO4).

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1.1.6 Magnetismo

A forma mais comum e usual de produção de eletricidade em larga escala é através do


magnetismo. Na realidade este método necessita de uma fonte de energia mecânica, pois os
geradores elétricos são acionados por maquinas primarias, como motores a combustão,
turbinas hidráulicas e turbinas a vapor. Mais a frente iremos explicar detalhadamente este
processo de transformação de energia.

1.2- CORRENTE ELÉTRICA

Vimos que podemos produzir eletricidade de varias


formas, produzindo sempre em um pólo, eletricidade
positiva e no outro pólo eletricidade negativa. Sabemos - -
também que pelo principio de interação entre cargas -
elétricas cargas de mesmo sinal se repelem e de sinais - -
contrários se atraem. -
_ +
Se então entre os pólos de um gerador elétrico
( pilha) estabelecermos um caminho, conforme a figura 1.4,
aparecerá um movimento de elétrons do pólo negativo para
o pólo positivo do gerador. Este movimento de elétrons é
chamado de corrente elétrica, e é devido aos elétrons livres
q se deslocam de um átomo para o outro ao longo de todo Figura 1.4
o circuito elétrico.

Matematicamente, a corrente elétrica é definida como sendo a quantidade de carga


elétrica que cruza uma determinada seção de condutor no tempo, ou seja:

Q
i= Unidade: A – Ampère
T

Exemplo 1.1
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Pelo filamento de uma lâmpada elétrica passam 120C de carga elétrica por minuto. Calcule a
corrente elétrica que passa por esta lâmpada.

 Q=120 C
 t=1 min=60s

Q
i=
t
120
i= =2 A
60

Para que os elétrons se movimentem em um condutor, deve existir uma força no interior
do mesmo. Esta força elétrica existe porque ao estabelecermos um caminho elétrico e
originando um campo elétrico no interior do condutor devido a diferença de potencial (d.d.p.)
existente entre os terminais do gerador devido a diferença de carga entre os terminais do
gerador devido a diferença de carga entre seus pólos. Nos geradores essa d.d.p. chamamos de
força eletromotriz (f.e.m.) ou tensão elétrica do gerador, pois é a “força” que produz o
movimento dos elétrons sendo expressa em Volts – V.

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A maioria das pilhas comuns possuem f.e.m. igual 1,5 V , já as baterias podem ser de
1,2 V; 3,6 V ; 12 V ( utilizadas em automóveis), 24 V (caminhões); 74 V (locomotivas).

As pilhas e baterias, por natureza, produzem corrente contínua (CC), pois o fluxo de
cargas elétricas é apenas em um sentido. Este movimento é análogo ao movimento da água
em um encanamento, conforme figura 1.5.

Fluxo uniderecional

Bomba
hidráulica

Figura 1.5

Já a corrente alternada (CA) é estabelecida quando o fluxo de cargas é alternado,


semelhante ao acionamento de uma bomba de compressão e descompressão, conforme a
figura 1.6.

Fluxo alternado

b
Figura 1.6

No nosso estudo inicial trabalharemos apenas com circuitos de corrente continua (CC) e
posteriormente teremos um capítulo destinado a corrente alternada (CA).

1.3- RESISTÊNCIA ELÉTRICA

Sabemos que a corrente elétrica é devida ao movimento dos elétrons livres no material.
Alguns materiais oferecem muita oposição a passagem da corrente elétrica e outros não. A
esta oposição que os materiais oferecem chamamos de resistência elétrica.

A resistência elétrica de um fio condutor depende basicamente de suas dimensões


físicas (comprimento e área da seção transversal) e do tipo de substância que compõe o fio
que são diferenciadas através dos valores de suas resistividades. Sendo assim dois fios de
dimensão idênticas, porem um de cobre e outro de alumínio irão possuir resistências elétricas
diferentes, pois a resistividade do alumínio não é igual a do cobre.

A tabela 1.2 traz o valor da resistividade de algumas substâncias mais usadas na


construção de fios condutores elétricos.

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resistividade
MATERIAL
x 10-6 Ω cm
Alumínio 2,644
Argentana
35 — 40
(Cu-Ni-Zn)
Bronze fosforoso 1,8
Chumbo 19,6
Cobre puro 1,533
Cobre comercial 1,65
Ferro-aço 9 — 12
Ferro fundido 70 — 100
Manganina
42 — 46
(84%Cu – 12% Mg)
Mercúrio 96
Níquel 7,3
Niquelcromo 104
Prata pura 1,5
Platina 10,9
Zinco 6

tabela 1.2

Podemos determinar matematicamente o valor da resistência elétrica de um condutor


através da seguinte fórmula:

L
R= Unidade: Ω – Ohm
S

onde:   resistividade [ . m]
L  comprimento do fio [m]
2
S  área da seção transversal [m ]

Um outro fator que influencia no valor da resistência elétrica de um condutor é a


temperatura. Nos condutores metálicos o aumento da temperatura ocasiona em um aumento
da resistência elétrica do condutor. Para condutores especiais, como o carvão e o óxido
metálico, a resistência elétrica diminui sensivelmente.

Vimos que a resistência elétrica de um circuito influencia na corrente elétrica do


mesmo, porém em alguns casos essa resistência é insuficiente para o controle da corrente. Os
elementos usados para introduzir resistências adicionais aos circuitos são chamados de
resistores.

Existe uma grande variedade de resistores, com valores fixos ou variáveis, de pequenos
tamanhos a resistores de ate alguns quilogramas de massa. Basicamente são feitos de fios
metálicos ,carvão ou película metálica. Os resistores de fio são normalmente utilizados para se
controlar grandes correntes enquanto que os de carvão controlam correntes relativamente
pequenas.

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Os resistores de fio são constituídos enrolando o fio resistivo a uma base de porcelana,
sendo coberto por porcelana ou cerâmica que protegerão o fio e ajudarão da dissipação do
calor (figura 1.7).
terminais do
resistor

suporte de
fixação
Figura 1.7

Alguns resistores de fio podem ter derivações fixas ou ainda ter contatos deslizantes
(figura 1.8).

cursor

Figura 1.8

- Potenciômetros e trimpots
Os potenciômetros e trimpots também são resistores variáveis, o primeiro é utilizado em
circuitos elétricos ou eletrônicos onde se requer constantes ajustes, como por exemplo o
controle de volume de um radio ou tv, podendo ser de carvão (pequenas potências) ou de fio,
conhecidos também por reostatos (grandes potências). O segundo utiliza-se quando é
necessário apenas ajustes de calibragem do circuito sendo em sua maioria são de carvão e
utilizados em circuitos de pequenos sinais. A figura 1.9 mostra os detalhes de cada um deles.

eixo
rotativo
Potenciômetro

Trimpot
cursor

+
47kΩ

cobertura

contato
delizante

Figura 1.9

- PTC’s e NTC’s
Os PTC’s e NTC’s são resistores que possuem resistência elétrica dependente da
temperatura, possuindo coeficiente positivo de temperatura (PTC), ou seja, a resistência
elétrica aumenta com o aumento da temperatura ou coeficiente negativo de temperatura
(NTC), onde a resistência elétrica diminui com o aumento da temperatura. São usados em sua
maioria como sensores térmicos.

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- LDR
Os LDR’s são dispositivos que possuem resistência
elétrica dependente da luminosidade ambiente, das iniciais
LDR – luminosidade diminui a resistência. São muito
utilizados em foto células. Para se ter uma idéia, à luz do dia
sua resistência é da ordem de alguns ohms, enquanto em
um ambiente escuro chega a ordem de megaohms. A figura Figura 1.10
1.10 ilustra um LDR.

- Código de cores

Os resistores utilizados em circuitos de pequenos


sinais são de pequenos tamanhos, alguns chegam a ter
alguns milímetros de comprimento, e a sua identificação por
número torna-se difícil devido a seu tamanho reduzido.
Figura 1.11

Sendo assim houve-se a necessidade de se criar um


código de cores, onde os resistores são pintados por faixas
coloridas em que cada cor possui um valor numérico
definido. A tabela 1.3 traz o valor numérico de cada cor,
bem como a tolerância fornecida pelo fabricante em relação
ao valor lido no código. Alguns resistores podem possuir
mais de 4 faixas, sendo estes resistores de precisão. A figura
1.12 nos mostra como fazer a leitura dos dígitos, o fator A B C D E F
multiplicador, tolerância e o coeficiente de temperatura.
Figura 1.12

F = coef.
A = 1º digito B = 2º digito C = 3º digito D = multiplicador E = tolerância (%)
temp.
prata - - - 0,01 10 -
dourado - - - 0,1 5 -
preto 0 0 0 10 0
- -
marrom 1 1 1 10 1
1 100
vermelho 2 2 2 102 2 50
laranja 3 3 3 10 3
- -
amarelo 4 4 4 10 4
- -
verde 5 5 5 10 5
- -
azul 6 6 6 106 - -
violeta 7 7 7 10 7
- -
cinza 8 8 8 - - -
branco 9 9 9 - - -

Tabela 1.3

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Eletrotécnica Básica Capítulo 1

Exemplo 1.2
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

O resistor abaixo possui as seguintes faixas do código de cores:

vermelho violeta laranja ouro

Da tabela 1.3, temos:

1ª FAIXA 2ª FAIXA 3ª FAIXA 4ª FAIXA


2 7 10 3
± 5%

Então seu valor será 27 kΩ com ± 5% de tolerância

1.4- LEI DE OHM

A tensão como você já sabe, é a força aplicada nos extremos de um condutor, que
possui uma resistência elétrica simbolizado por um resistor, a fim de manter a corrente elétrica
no mesmo. Você pode deduzir facilmente que quanto maior a tensão aplicada ao resistor,
maior o número de elétrons que circularão na unidade de tempo. Da mesma forma quanto
menor a tensão aplicada, menor será a intensidade da corrente.

Observando assim o circuito de figura 1.13 abaixo formado por uma pilha, dois fios
condutores e um resistor, podemos através dele, relacionar as grandezas envolvidas neste
circuito, ou seja, f.e.m. (V), corrente elétrica (i) e resistência dos condutores e o resistor (R) de
uma forma bem simples.

i i

+ R
+
V _ R
V
_ simbolicamente

Figura 1.13

George Simon Ohm matemático alemão realizou uma série de experiências com tal
circuito e chegou a conclusão que a intensidade da corrente elétrica que percorre um resistor,
mantida a d.d.p. constante, é inversamente proporcional a resistência elétrica do circuito
dando origem e Lei de Ohm expressa matematicamente abaixo.

V
i=
R

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Exemplo 1.3
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Um ferro de passar roupas, possui resistência elétrica de 15 Ω, sendo este ligado a uma fonte
de 120V. Determine sua corrente elétrica.

R = 15 Ω
V = 120 V
V
i=
R
120
i= =8 A
15

Exemplo 1.4
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Um resistor de 22 Ω suporta um corrente máxima de 5 A. Determine a maior tensão a que


podemos ligar este resistor sem danifica-lo.

R = 22 Ω
i=5A
V = R.i
V = 22.5 = 110 V

1.5- POTÊNCIA ELÉTRICA

Em física aprendemos que potência, seja ela mecânica ou térmica, como sendo rapidez
com que se realiza trabalho. Matematicamente:


P= Unidade: W - Watt
t

Este conceito também pode ser aplicado a eletricidade, pois podemos associar o
trabalho ao movimento, e no caso de cargas elétricas. O trabalho na eletricidade é definido
como sendo energia utilizada para movimentar uma carga elétrica de um ponto para outro
onde exista entre eles uma d.d.p.. Matematicamente:

=q V A − V B  Unidade: J – Joule

Fazendo algumas operações algébricas, chegamos a seguinte expressão:

P=V.i

onde: V ⇒ tensão elétrica [V – Volts]


i ⇒ corrente elétrica [A – Ampère]

Ou seja, se queremos determinar a potência ou taxa com que um dispositivo elétrico


realiza trabalho, basta conhecermos a tensão e a corrente elétrica do dispositivo.

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Eletrotécnica Básica Capítulo 1

Exemplo 1.5
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Calcule a potência dissipada pelo ferro de passar do exemplo 1.3.

V = 120 V
I=8A
P= V . i
P= 120 . 8
P= 960 W

Como vimos, a potência relaciona-se com o trabalho que por sua vez esta ligado a
transformação de energia. Sempre que houver trabalho em um sistema teremos
transformação de energia. Quando dizemos que a potência de um ferro de passar é 960 W,
significa dizer que a cada segunda 960 J de energia elétrica que o ferro de passar consome são
transformados em 960 J de calor supondo o sistema ideal.

Os dispositivos que transformam eletricidade em calor já nos são conhecidos, são os


resistores. Então em um circuito elétrico ao introduzirmos resistência ao mesmo, estamos
dissipando a energia elétrica em forma de calor. A este fenômeno de transformação de energia
chamamos efeito Joule.

Se quisemos então calcular energia dissipada por um resistor basta calcularmos o


trabalho realizado pelo resistor através da expressão

=P . t

Exemplo 1.6
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Determine a energia dissipada por um banco de resistores de uma locomotiva, que dissipa uma
potência de 750000W durante 2 minutos.

P = 750000 W
 t =2 min = 120 s
=P . t
=750000.120
=90000000J

Fazendo uma simples comparação com o exemplo 1.6, esta energia dissipada pelos
bancos de resistores da locomotiva, nos proporcionaria aproximadamente 6 a 7 horas de banho
quente em um chuveiro elétrico ou fornecer energia por 5 dias em uma pequena residência.

Exemplo 1.7
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Calcule a corrente elétrica de um motor de tração de potência 400 HP's, quando o mesmo
desenvolve esta potência a uma tensão de 600 V (dado: 1 HP = 745 W).

P = 400 HP ' s = 400x745 = 298000W


P = V.i
298000= 600.i
298000
i= =496,67 A
600

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1.6- ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES

1.6.1- Associação em série

Na associação em série os resistores são ligados de forma seqüencial, tal qual os vagões
em uma composição ferroviária, observe a figura 1.14.

R1 R2 R3
i1 i2 i3

R1 R2 R3

+ _
+ _
i V

Figura 1.14

Esta associação nos traz algumas particularidades:

1ª) Como temos apenas um único caminho a corrente no circuito é a mesma para todos
os resistores, ou seja, i1 = i2 = i3...
2ª) A d.d.p. nos extremos da associação é igual a soma das d.d.p de cada resistor, ou
seja, V = V1 + V2 + V3

É de nossa necessidade conhecermos o que chamamos de resistência equivalente do


circuito, pois com ela podemos calcular a corrente fornecida pelo gerador ao circuito.

No circuito série a resistência equivalente é calculada como a soma de todas as


resistência do circuito, ou seja,

Req = R1 + R2 + R3

Esta expressão é demonstrada a seguir:

Aplicando a Lei de Ohm em cada resistor, podemos escrever que:

V1 = R1 · i1
V2 = R2 · i2
V3 = R3 · i3

O circuito, quando calculada a resistência equivalente, pode ser substituído pelo circuito
equivalente da figura 1.15.

+
V _ Req

Figura 1.15

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Onde: V = Req · i

Substituindo em V = V1 + V2 + V3, temos

Req · i = V1 · i1 + V2 · i2 + V3 · i3

Como i= i1 = i2 = i3, podemos cancelá-los, obtendo:

Req = R1 + R2 + R3

1.6.2 – Associação Paralela

Nesta Associação os terminais dos resistores em comum são ligados ao mesmo ponto do
circuito elétrico. Observando a figura 1.16, podemos perceber que os terminais dos resistores
são ligados a pontos comuns do circuito, sendo estes dois pontos conectados a bateria.

R1 R2 R3

+ _
i

i1 i2 i3
+
V _ R1 R2 R3

Figura 1.16

Ainda observando a figura 1.16 notamos que a corrente i sai do gerador e se divide em
i1, i2 e i3, pois temos vários caminhos diferentes. Matematicamente podemos escrever que:

i = i1 + i2 + i3

Uma outra particularidade do circuito paralelo é que todos os resistores estão ligados a mesma
bateria, sendo assim a d.d.p nos terminais de todos eles é a mesma, ou seja:

V = V1 = V2 = V3

Para o calculo da corrente do gerador, também precisamos assim como no circuito em


série, determinar a resistência equivalente (figura 1.17).

+
V _ Req

Figura 1.17

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Eletrotécnica Básica Capítulo 1

A resistência equivalente desta associação é dada por:

1 1 1 1
=  
R eq R1 R 2 R3

Esta expressão é demonstrada a seguir.

Aplicando a Lei de Ohm em cada resistor podemos calcular as correntes nos mesmos.

V1
i 1=
R1
V2
i 2=
R2
V3
i3=
R3

Do circuito equivalente (figura 1.17) podemos calcular a corrente do gerador como


sendo:

V
i=
R eq

Substituindo estas expressões em i = i1 + i2 + i3, teremos:

V V 1 V 2 V3
=  
R eq R1 R 2 R3

Como V = V1 = V2 = V3, podemos cancela-los, resultando a fórmula mencionada acima.

1 1 1 1
=  
R eq R1 R 2 R3

Esta expressão pode ser simplificada quando tivermos apenas dois resistores em
paralelo.

1 1 1
=  tirando o mínimo,
R eq R1 R 2
1 R1 R2
=
R eq R1 .R 2

R 1 . R2
Req =
R 1R 2

Ou seja, para apenas dois resistores em paralelo, podemos fazer o “produto pela soma”.
Esta fórmula simplifica muito a solução de cálculos de resistência equivalente em circuitos de
corrente contínua.

Se os resistores forem de mesmo valor, podemos simplificar ainda mais. A resistência


equivalente será o valor do resistor associado dividido pela quantidade de resistores
associados, ou seja,

R
Req =
n

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Exemplo 1.7
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Calcule a resistência equivalente entre os pontos A e B de cada circuito abaixo.

R1=3Ω
R1=12Ω R2=18Ω
a) b)
. .B
A
. .B A

Req = R1 + R2
Req = 12 + 18
R2=6Ω Req = 30 Ω

R1 . R2 Req=30Ω
Req =
R1R2 A
. .B
3.6 18
Req = =
36 9
Req =2 

Req=2Ω

A
. .B

R2=8Ω
c)
A .
R1=12Ω R3=4Ω

B
.
Primeiramente façamos o série de R2 e R3

R' = R2 + R3
R' = 8 + 4 = 12 Ω

Redesenhando o circuito temos:

A .
R1=12Ω R'=12Ω

B
.
Como os dois resistores são de mesmo valor, a resistência equivalente será dada por:

R
Req =
n
12
Req =
2
Req =6 

Req=6Ω

A
. .B

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Eletrotécnica Básica Capítulo 1

d) R1=2Ω
.
A

R2=6Ω R3=6Ω

.
B

Primeiramente devemos fazer o paralelo de R2 e R3 que por serem de mesmo valor,


teremos:

R
R '=
n
6
R '=
2
R '=3 

Redesenhando o circuito,

R1=2Ω
A.

R'=3Ω

B
.
Fazendo agora o série de R1 e R',

Req = R1 + R'
Req = 2 + 3
Req = 5Ω

Req=5Ω

A
. .B

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Eletrotécnica Básica Capítulo 1

1.7- MEDIDORES ELÉTRICOS

São aparelhos destinados a fazerem medições de grandezas elétricas em circuitos


elétricos e eletrônicos. Os mais comuns são: ohmímetros, amperímetros e voltímetros.

1.7.1- Ohmímetro
10 4 3 2
100 40 20 1
0,5
0

Os ohmímetros são aparelhos destinados a Ohms
medir a resistência elétrica podendo ser
analógicos ou digitais (mais usados). A maioria x1Ω
x10Ω
dos ohmímetros possuem uma chave de mudança x100Ω x100Ω
x1Ω
de escala, indicando um fator multiplicativo que x1000Ω x1000Ω

deverá ser usado após a leitura (figura 1.18)

Figura 1.18

Sua utilização é muito simples, basta conectar suas pontas de prova aos terminais do
dispositivo que se deseja medir a resistência e observar a leitura. Observe a figura 1.19.

10 4 3 2
100 40 20 1
0,5
0

Ohms

x100Ω
x1000Ω x1Ω

Figura 1.19

1.7.2- Amperímetros

São aparelhos destinados a medir a corrente elétrica em um circuito. Sua ligação deve
ser sempre em serie com a carga, pois se for ligado em paralelo ocasionará um curto circuito,
devido sua resistência interna no caso ideal ser nula. A figura 1.20 mostra dois tipos de
amperímetros e seu símbolo em circuitos elétricos.

2,5 150 200


5 100
0
A 50
A

+ _ mA símbolo
0

Figura 1.20

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Eletrotécnica Básica Capítulo 1

A figura 1.21 abaixo mostra a correta ligação de um amperímetro ao circuito, bem como
o modelo esquemático do circuito.

2,5
0
A 5

+ _ i
A
i

+
V R
_ _
+ R

Figura 1.21

1.7.3- Voltímetros
São aparelhos destinados a medir tensão elétrica em um circuito. Sua ligação deve ser
feita em paralelo com a carga, pois se por algum motivo o ligarem em série, não teremos
corrente no circuito, pois idealmente sua resistência tende a infinita. A figura 1.22 ilustra
alguns tipos de voltímetros e seu símbolo em circuitos elétricos.

5 150 200
10
0
V 10
50
0 V

+ _ V símbolo
0

Figura 1.22

A figura 1.23 abaixo mostra a correta ligação de um amperímetro ao circuito, bem como
o modelo esquemático do circuito.

12,5

0 V 25

+ _
i i

+
_ V R V
+ R _

Figura 1.23

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1.7.4- Multímetros

Os multímetros são aparelhos que unem em um mesmo aparelho o ohmímetro,


amperímetro e o voltímetro, podendo também serem analógicos ou digitais. A figura 1.24
ilustra os dois tipos de multímetros.

. 200


100
40
20
10 4 3 2
1
0,5
OHMS

0
100 150
50 200

. . . . V.~_..
20 30
_ 10 40

.
OFF 0 4 6 250
V ... 200 750
250
0 2 8 50

.
0 10
20

.
2
. A ...
.
200µ
200m

. .. _
2000µ
20m

.
2000k OHMS OHMS
X10 X1K

. . ..
200m ACV ADJ
200k 500
10A ... DCV 500

Ω
20k
.
2000
200
250 250
500VACDC
250mA DC
máx
10ADC
50 50
DIGITAL VΩmA
+
METER 10 10
COM 500µ
250m _
DCA 10m

Figura 1.24

Observe que os multímetros possuem uma chave seletora, onde mudamos a sua função
e seu fundo de escala, ou seja, a máxima leitura que o aparelho pode fornecer para aquela
função.

Nos voltímetros e amperímetros é essencial a identificação correta do fundo de escala,


pois se a leitura a ultrapassar podemos causar danos inutilizando o aparelho. Uma importante
observação, é que para medição de correntes ou tensões devemos estar atentos também se
são alternadas ou contínuas, pois isso acarretará em leituras errôneas caso não seja observada.

Centro Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo 1-18


Eletrotécnica Básica Capítulo 1

1.9 – CAPACITORES ELÉTRICOS

Chamamos de capacitores, dispositivos elétricos cuja finalidade é, a princípio, a de


armazenar cargas elétricas. Seu funcionamento é bem simples, bem como sua construção. A
figura 1.25 representa um capacitor de placas planas.

símbolo elétrico

Figura 1.25

Observe que entra as placas existe um espaço ao qual damos o nome de dielétrico.
Estas placas são feitas de materiais condutores elétricos, sendo as mesmas conectadas a dois
terminais, onde estes são utilizados para sua ligação aos circuitos.
Para entender o processo de carga de um capacitor, imagine um circuito contendo um
capacitor, uma pilha e uma chave, conforme a figura 1.26.

+ -
+
+ - -
+
- - +
- -
+ - -

-
- -

Figura 1.26

Quando a chave é fechada, a pilha fornece elétrons para a placa ligada ao seu terminal
negativo e retira elétrons da placa ligada ao seu terminal positivo, eletrizando assim as placas
do capacitor positivamente e negativamente. Este processo é quase instantâneo e esta
corrente de carga se extinguirá quando o capacitor estiver totalmente carregado. Se
introduzirmos resistência elétrica ao circuito o tempo de carga irá aumentar. Esta situação será
analisada posteriormente.
Se desconectarmos então o capacitor do circuito e o ligarmos a uma lâmpada, esta
ficará acesa por alguns instantes, até que toda a carga do capacitor se acabe.

+ -
+
+ - - -
+
-
+
- - -
+ -

-
-
- -

Figura 1.27

Centro Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo 1-19


Eletrotécnica Básica Capítulo 1

1.9.1- Capacitância

A ação de armazenar cargas elétricas, chamamos de capacitância e sua unidade


fundamental é o Farad (F). No entanto a capacitância de um Farad é muito grande em circuitos
práticos. Por esta razão, são utilizados submúltiplos tais como:

milifarad (mF) – 1mF = 10-3F


microfarad (µF) – 1µF = 10-6 F
nanofarad (nF) – 1nF = 10-9 F
picofarad (pF) – 1 pF = 10-12 F

A capacitância, assim como a resistência elétrica, é uma grandeza elétrica que depende
das características físicas do capacitor. Pode-se demonstrar que a capacitância de um
capacitor de placas planas pode ser calculada como:

A
C= .
d

onde:   dielétrico material colocado entre asplacas 


A  área dasplacas [ m ]
2

d  distância entre asplacas [ m ]

Alguns capacitores podem ser polarizados, em particular os eletrolíticos, ou seja, só


permitem a carga em um sentido. Estes capacitores se ligados invertidos podem ser
danificados. Os capacitores despolarizados podem ser cerâmicos, mica ou poliéster. A figura
1.28 representa os tipos de capacitores descritos.

_
_ 10 uF
_ 25 V
10nF _
_

Figura 1.28

Uma característica muito importante que deve ser observada nos capacitores, é a
máxima tensão que suporta, pois esta não pode exceder seu limite.

1.9.2- Carga armazenada

Sabemos que a capacidade de armazenamento de carga em um capacitor depende de


sua capacitância, porém se aumentarmos a tensão em seus terminais, a carga armazenada no
capacitor também aumentará, onde podemos chegar a seguinte fórmula:

Q = C.V

A unidade de carga elétrica é o Coulomb (C). Assim como o Farad, o Coulomb também é
mais usual com seus submúltiplos: milicoulomb (mC), microcoulomb (µC), nanocoulomb (nC) e
picocoulomb (pC).

Centro Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo 1-20


Eletrotécnica Básica Capítulo 1

1.10- ASSOCIAÇÃO DE CAPACITORES

Quando trabalhamos com circuitos capacitivos é muito comum termos ligações entre
capacitores, podendo ser do tipo série ou do tipo paralelo. Quando capacitores são ligados em
série ou em paralelo, o efeito sobre a capacitância equivalente é o oposto daquele sobre os
resistores ligados da mesma forma.

1.10.1- Associação em série


Na associação em série os capacitores são ligados de forma seqüencial, observe a figura
1.29 a seguir:

C1 C2 C3

_
+

V
Figura 1.29

Analisando este circuito podemos chegar a algumas conclusões. Devido ser um circuito
em série a corrente de carga nos capacitores é a mesma, sendo assim todos armazenarão a
mesma quantidade de carga elétrica, independentemente do valor de suas capacitâncias,
então:

Q1 = Q2 = Q3 = Qeq

Observe que a carga total ou equivalente também será igual a dos capacitores, sendo
assim, teremos:

Q1 = C1.V1
Q2 = C2.V2
Q3 = C3.V3

Assim como nos circuitos resistivos, teremos também uma capacitância equivalente, ou
um circuito equivalente como representado na figura 1.30.

+
V Ceq
_

Figura 1.30

A carga no capacitor equivalente pode ser calculada como:

Qeq = Ceq.V

Centro Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo 1-21


Eletrotécnica Básica Capítulo 1

Uma outra característica importante no circuito série é que as tensões se somam ao


longo da associação, nos permitindo escrever que:

V = V1 + V2 + V3

Calculando a d.d.p. Em cada capacitor e substituindo na expressão anterior teremos:

Q eq Q1 Q2 Q3
=  
Ceq C1 C2 C3

Como as cargas são iguais para todos os capacitores e inclusive o equivalente, podemos
simplificar a expressão obtendo:

1 1 1 1
=  
C eq C1 C2 C3

Observe que esta expressão é idêntica à utilizada no cálculo da resistência equivalente


em paralelo.

1.10.2- Associação paralela


Na associação paralela, os terminais dos capacitores são ligados a pontos comuns,
observe a figura 1.31.

+
V C1 C2 C3
_

Figura 1.31

Este circuito possui algumas particularidades, tais como: a tensão em todos elementos é
a mesma e a carga total armazenada pelo circuito é a soma da carga em casa capacitor, ou
seja:

Qeq = Q1 + Q2 + Q3

Observe que as cargas de cada capacitor agora são independentes, ou seja, se valores
não necessariamente serão iguais, podendo ser calculadas individualmente.

Q1 = C1.V1
Q2 = C2.V2
Q3 = C3.V3

E a carga no capacitor equivalente pode ser calculada através do circuito equivalente da


figura 1.32 como:

+
V Ceq
_

Figura 1.32

Qeq = Ceq.V

Centro Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo 1-22


Eletrotécnica Básica Capítulo 1

Substituindo agora a expressão da carga em cada capacitor em Qeq = Q1 + Q2 + Q3


chegaremos a expressão da capacitância equivalente para circuitos em série, dada por:

Ceq.V = C1.V1 + C2.V2 + C3.V3

Como as tensões em cada capacitor é a mesma, podemos simplificar a expressão


obtendo:

Ceq = C1 + C2 + C3

Que é a mesma expressão utilizada para resistores em série. Observe então que as
expressões são invertidas para o cálculo de capacitâncias equivalentes em relação a
resistência equivalente.

Exemplo 1.8
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Calcule a capacitância equivalente entre os pontos A e B de cada circuito abaixo.

C1=15uF C2=30uF
a)
. .
A B
Quando tínhamos resistores em paralelo, utilizamos uma expressão simplificada do
produto pela soma, aqui também poderemos utilizá-la para calcular a capacitância equivalente
quando tivermos dois capacitores em série.

C 1 . C2
Ceq =
C1 C2
15.30
Ceq=
1530
450
Ceq =
45
Ceq =10 uF

Ceq=10uF

. .
A B

b) A .
C1=4,7uF C2=2,2uF

B .
Como está associação é paralela, podemos simplesmente somar as capacitâncias,
obtendo:

Ceq = C1 + C2
Ceq = 4,7 + 2,2
Ceq = 6,9 uF

Ceq=6,9uF

. .
A B

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Eletrotécnica Básica Capítulo 1

C2=2,2uF

c) A .
C1=2,2uF C3=2,2uF

B .
Primeiramente faremos o série de C2 com C3. Como C2 = C3 = C, temos:

C
C'=
n
2,2
C'= =1,1uF
2

Redesenhando o circuito, temos:

A . Ceq=3,3uF

C1=2,2uF C'=1,1uF . .
A B
B .
Ceq = C1 + C'
Ceq = 2,2 + 1,1 = 3,3 uF

C1=10uF

d) A .
C2=10uF C3=10uF

B .
Primeiramente faremos o paralelo de C2 com C3.

C' = C2 + C3
C' = 10 + 10 = 20 uF

Redesenhando o circuito:

C1=10uF

A .
Ceq=6,67uF
C'=20uF
. .
B . A B

C1 . C'
Ceq=
C 1C'
10.20
Ceq=
1020
200
Ceq= =6,67uF
30

Centro Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo 1-24


Eletrotécnica Básica Capítulo 1

1.11- CIRCUITOS RC

Quando ligamos um capacitor descarregado a uma bateria como o circuito da figura


1.33, através de uma chave CH, observamos que antes de fechar a chave a tensão nos
terminais do capacitor é igual a zero.
CH

+
V C
_

Figura 1.33

Ao fecharmos a chave CH o processo de carga no capacitor se inicia e é praticamente


instantâneo, ou seja, em milésimos de segundos o capacitor já estaria completamente
carregado. Observe que para que isso aconteça a corrente no capacitor deve atingir no
instante inicial um valor altíssimo, tendendo a infinito, pois Q = i.∆t. Podemos concluir então
que no instante que a chave se fecha, o capacitor descarregado comporta-se como um curto
circuito.

Se introduzirmos então resistência elétrica no circuito este tempo de carga irá


aumentar, pois o valor da corrente não seria mais elevado, o que diminui o tempo de carga.
Montando o circuito da figura 1.34, com a chave aberta mediremos a tensão no capacitor e a
corrente no circuito, que no caso serão zero ambas as leituras.

1,0 1,5
0,5 2,0
0 2,5

CH 6 9
R =10Ω 3 12

A
0 15

+
12V _ C V

Figura 1.34

Ao fecharmos a chave CH (figura 1.35) o processo de carga começará. Como


inicialmente o capacitor descarregado comporta-se como um curto circuito, a corrente de carga
será limitada pelo valor do resistor R. Com o passar do tempo esta corrente tende a diminuir
até chegar a zero.

Em contrapartida, inicialmente a tensão no capacitor é zero e com o passar do tempo


tenderá se igualar com a tensão da fonte, pois quando estiver totalmente carregado a corrente
no circuito será zero, não tendo assim queda de tensão em R.

Centro Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo 1-25


Eletrotécnica Básica Capítulo 1

1,0 1,5
2,0
Leitura do amperímetro e
0,5
0 2,5 do voltímetro no instante
A em que a chave CH é
fechada
Chave CH
fechada

6 9
R =10Ω 3 12

A
0 15

+
12V _ C V

1,0 1,5 Leitura do amperímetro e


0,5 2,0
2,5
do voltímetro após a chave
0

A CH estar fechada e o
capacitor ter se carregado
completamente
Chave CH
fechada

6 9
R =10Ω 3 12

A
0 15

+
12V _ C V

Figura 1.35

A corrente no circuito e a tensão no capacitor são representadas graficamente em


função do tempo na figura 1.36.

i(t)

V(t)
V

Figura 1.36

Observe então que o tempo de carga do capacitor não será mais instantâneo, sendo
este maior quanto maior for a resistência elétrica do circuito e da capacitância do capacitor.

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Eletrotécnica Básica Capítulo 1

Chamamos de tempo de carga do capacitor, ou constante RC do circuito, o tempo que o


capacitor gasta para atingir aproximadamente 63% de sua carga total, podendo ser calculado
pelo produto RC, ou seja:

τ = R.C

Para que o capacitor atinja aproximadamente 100% de carga este tempo será em torno
de 5RC. Observe o gráfico da figura abaixo.

Q(t)
Qtotal

0,63Qtotal

τ 5τ t

Figura 1.37

Exemplo 1.9
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Calcule o tempo de carga de um capacitor, ou a constante RC do circuito abaixo.

R =10kΩ

+
12V C=0,1uF
_

τ = R.C
τ = 10x103 x 0,1x10-6
τ = 0,001 s ou 1 ms

Exemplo 1.10
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Calcule o valor da resistência elétrica R do circuito abaixo para que o capacitor se carregue
totalmente em 0,5 s.

+
V C=4,7uF
_

τ = R.C
0,5 = R x 4,7x10-6
0,5
R= =106382,98 
4,7 x10−2

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Eletrotécnica Básica Capítulo 1

___________________________________________________________________________
EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1.1- Para os circuitos abaixo calcule a corrente e a tensão em cada resistor.

a) b)

R1=7Ω
+ +
12 V _ 74 V _ R1=10Ω R2=10Ω
R2=5Ω

R1=5Ω
d)
c)

+ R2=5Ω
7,5 V _ R2=5Ω +
15 V _
R1=10Ω

R3=5Ω

R3=5Ω

R1=4Ω
e)

+
24 V _ R2=6Ω R3=12Ω

R1=4Ω R2=4Ω
f)

+
36 V _ R3=8Ω R4=4Ω

Centro Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo 1-28


Eletrotécnica Básica Capítulo 1

1.2- Um ferro de solda possui valores nominais iguais a 40W/127V. Calcule sua resistência
elétrica e sua corrente elétrica quando ligado corretamente.

1.3- Se por algum motivo o ferro de solda do exercício 1.2 fosse ligado em 220 V, qual seria sua
corrente elétrica e a potência dissipada por ele?

1.4- Em um determinado circuito você precisa acrescentar uma resistência elétrica de 25 Ω,


porém você só dispõe de resistores de 10 Ω. Qual a maneira mais econômica de associá-los
para obter a resistência elétrica desejada?

1.5- Supondo que cada resistore do exercício 1.4 dissipa no máximo 0,5 W, qual a máxima
corrente que poderá passar pela associação e a potência dissipada por ela?

1.6- No circuito abaixo, todas as lâmpadas são idênticas.

L1
CH

+
V _ L2 L3

Pergunta-se:

a) Qual lâmpada brilhará mais com a chave CH fechada?


b) Se por algum motivo a lâmpada L2 se queimasse o que aconteceria com o brilho de L1 e L3 ?

1.7- Determine a tensão na saída do circuito da figura abaixo quando o cursor do


potenciômetro se encontra nas posições 0, 1, 2 e 3, onde:

3
0 → 0% de R
1 → 25% de R
+ 2 → 50% de R
74 V _ 2
3 → 100% de R
1 Sendo R = 10 kΩ
0 (resistência do potenciômetro)

1.8- Calcule a tensão no capacitor do circuito abaixo.

1K5
+
12 V _

1K5 4,7 uF

Centro Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo 1-29


Eletrotécnica Básica Capítulo 1

CH

1.9- Projeto um circuito temporizador


que dispare um alarme após 12 s do
fechamento da chave CH. Obs.: Não R
utilize capacitores com valores +
comerciais superiores a 10 µF e atente V _
aos valores comerciais de resistores,
que obedecem a série: 1; 1,2; 1,5; 2,2; circuito de
2,7; 3,3; 3,9; 4,7; 5,6; 6,8; 8,2. C
alarme

1.10- Em um trecho de um circuito com capacitância de 100 µF, precisamos aumentar a


capacitância em pelo menos 50%. Para isto você dispõe de capacitores de 22 µF e de 10 µF.
Qual seria a solução mais econômica, sendo o que o preço do capacitor de 22 µF é 20% mais
caro que o de 10 µF.

1.11- Um técnico necessita medir a corrente e a tensão elétrica no resistor de 100 Ω do circuito
abaixo.

50 Ω

+
74 V _ 300 Ω 100 Ω

a) Redesenhe o circuito mostrando a correta ligação do amperímetro


b) Redesenhe o circuito mostrando a correta ligação do voltímetro
c) Determine a leitura do voltímetro e do amperímtro.

1.12- Os motores de tração das locomotivas possuem potência em torno dos 450 HP´s. Sendo a
tensão de alimentação dos motores 600 V, calcule:
Dado: 1 HP = 745 W

a) sua corrente em plena carga.


b) a energia consumida em 10 minutos funcionando em potência nominal.

1.13- Calcule o tempo em horas que uma residência de potência instalada 15 kW utilizaria a
energia consumida pelos motores de tração de uma locomotiva Dash 9 com oito rodeiros
motorizados do exercício 1.11.

1.14- Uma locomotiva G12 possui quatro rodeiros motorizados e um motor diesel de 1300 HP´s.
Determine a corrente nos motores de tração quando a locomotiva entrega toda potência com
um rendimento de 80%. Dado: Tensão nos motores igual a 600 V.

1.15- A locomotiva Dash 9, é utilizada pela EFVM e pela EFC, sendo que na EFVM é adaptada
com 8 rodeiros motorizados enquanto na EFC é adaptada com 6 rodeiros motorizados. Sendo
seu potência 4320 HP´s, determine:
Considere o rendimento do sistema igual a 85%

a) a potência para os motores de tração da Dash 9 utilizada na EFVM.


b) a potência para os motores de tração da Dash 9 utilizada na EFC.
c) a corrente no gerador de tração sendo sua tensão de saída 600 V.

Centro Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo 1-30


Eletrotécnica Básica Capítulo 1

___________________________________________________________________________________________________
Respostas

1.1- a) i1 = i2 = 1 A; V1 = 7 V e V2 = 5 V
b) i1 7,4 A; i2 = 7,4 A; V1 = V2 = 74 V
c) i1 = i2 = i3 = 0,5 A; V1 = V2 = V3 = 2,5 V
d) i1 = 1,5 A; i2 = i3 = 1,5 A; V1 = 15 V; V2 = V3 = 7,5 V
e) i1 = 3 A; i2 = 2 A; i3 = 1 A; V1 = V2 = V3 = 12 V
f) i1 = 6 A; i2 = i3 = i4 = 3 A; V1 = V2 = V4 = 12 V e V3 = 24 V
1.2- 403,225 Ω e 0,315 A
1.3- 0,545 A e 120 W

1.4-

1.5- 0,22 A e 1,25 W


1.6- a) L1 b) L1 diminuiria o brilho e L3 aumentaria o brilho
1.7- 0→0V
1 → 18,5 V
2 → 37 V
3 → 74 V
1.8- 6V

1.10-
22uF 22uF 10uF

1.11- c) 0,444 A e 44,4 V


1.12- a) 558,75 A b) 55,875 kWh
1.13- 29,8 h
1.14- 322,8 A
1.15- a) 341995 W ou 459 HP's
b) 455940 W ou 612 HP's
c) 4559,4 A

Centro Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo 1-31

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