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Livro ElementosTelecomPropaga
Livro ElementosTelecomPropaga
Elementos de Telecomunicações e
Rádio-Propagação
ESCOLA NAVAL
2017
ii
Historial das Revisões
Capítulo /
Data Apêndice Descrição
28/7/2016 D D.2.3 novo
29/7/2016 B novo
29/7/2016 C novo
1/9/2016 D (várias)
11/9/2017 1, 2, 3, 4 e 5 actualização
11/9/2017 A, B, C e D actualização
11/9/2017 1 correcção séries de Fourier
11/9/2017 3 figura desmodulação FM
iii
iv
Alterações em Curso
Capítulo /
Data Apêndice Descrição
28/7/ 2016 D RADAR
29/7/2016 C Introdução ao Spread Spectrum
29/7/2016 B Introdução aos SDR
? Introdrodução ao SONAR
Conteúdo
Lista de Figuras xi
v
vi CONTEÚDO
Bibliografia 269
x CONTEÚDO
Lista de Figuras
xi
xii LISTA DE FIGURAS
3.1 das potências de sinais AM para várias amplitudes de Xptq, sendo XDC “
1 e AC “ 1, arredondadas à 2a casa decimal. . . . . . . . . . . . . . . . . 110
3.2 da Codificação 8-PSK . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
3.3 da Codificação 8-PSK (Gray) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
3.4 da Codificação 8-QAM (Gray) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
xxi
xxii LISTA DE TABELAS
a
4.2 dos parâmetros de algumas linhas de transmissão, onde Rs “ ωµ{p2σq
e L’ext “ R1 {ω. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169
4.3 dos modos TE e TM e das respectivas frequências de corte, para um guia
de onda a “ 1” e b “ 1{2”. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173
4.4 do dimensionamento da antena rômbica, escolhida a elevação β. . . . . . 184
4.5 dos ganhos G (em dBi) e da largura ψ do feixe (em o ) de parabolóides
reflectores para λ “ 0, 1 m, em função do seu diâmetro D. . . . . . . . . 190
xxiii
xxiv Prefácio
Advertência ao Leitor
Este trabalho, mercê da sua directa ligação ao Ensino, está em constante actua-
lização. Por este motivo, devem os Cadetes-Alunos conferir, na sua capa, através das
datas das revisões, se possuem a versão mais actualizada.
Este trabalho foi redigido usando a aplicação Texmaker1 como editor de LaTex2 .
As figuras foram concebidas pelo autor na aplicação Omnigraffle3 para Mac OS. To-
das as aplicações e programas utilizados na feitura deste trabalho são ou freeware, ou
adquiridas pelo autor ou, ainda, licenciadas ao INESC ID e à Academia Militar, como
é o caso do Matlab
R 4.
1
http://www.xm1math.net/texmaker/
2
http://www.latex-project.org
3
https://www.omnigroup.com/omnigraffle
4
www.mathworks.com/matlab/
xxv
xxvi
Agradecimentos
E, facto menos usual, agradeço aos meus alunos a paciência de terem as suas notas
de estudo sempre desactualizadas pois encontro constantemente deficiências, gralhas,
erros e matérias em falta e, por conseguinte, vou-as corrigindo!
xxvii
xxviii
INTRODUÇÃO ÀS
COMUNICAÇÕES E AOS SINAIS
1.1 INTRODUÇÃO
Definição: Sinais dizem-se dos processos físicos ou outros que resultem numa enti-
dade, tangível ou não, capaz de transportar informação.
1
2 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO ÀS COMUNICAÇÕES E AOS SINAIS
Em termos históricos, nos últimos 150 anos, houve uma notável evolução tecnoló-
gica que acompanhou desde logo a descoberta da electricidade. Para o grande público,
os grandes marcos nesta evolução são o telégrafo, o telefone, a rádio-telefonia e, mais
recentemente, o telemóvel. Se, no domínio da técnica, sem os trabalhos de Cavendish,
Galvani, Volta, Oersted, Ampère, Ohm, Faraday, Henry, Wheatstone, Gauss, Weber,
Morse, Bell, Watson, Hertz, Edison, Tesla, Marconi, nada do que hoje damos por ad-
quirido nas telecomunicações existiria, já no domínio dos conceitos teóricos, os grandes
sinais noutros domínios, nomeadamente na frequência. A título de exemplo, podemos encarar uma
pauta musical é uma descrição das frequências dos sons, uma vez que nela se indicam claramente que
notas musicais (leia-se: as frequências) devem ser tocadas.
1.2. OBJECTIVO: TELECOMUNICAR 3
alicerces das comunicações são Maxwell, Nyquist, Shannon e Hartley. Sem eles, ainda
usaríamos os métodos tradicionais de sinais de luz ou de bandeiras... Esta lista de nomes
não é de forma alguma exaustiva pois, para além destas individualidades, muitos bri-
lhantes cientistas contribuíram de forma indelével para os avanços extraordinários das
tecnologias das telecomunicações e que, por motivos óbvios, não são aqui mencionados.
A codificação a que se alude no parágrafo anterior não deve ser confundida com
a encriptação da mensagem. Trata-se, tão-sòmente, da adequação da mensagem a um
suporte conceptual. Vejamos com maior detalhe: a saudação «bom dia» que proferimos
verbalmente, necessita de ser captada por um microfone que a irá «codificar» electrica-
4 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO ÀS COMUNICAÇÕES E AOS SINAIS
mente antes de a entregar ao emissor para ser enviada por um dado canal. Já a mesma
saudação, se for na forma escrita, deverá ser codificada através de, por exemplo, o código
Morse ou, em alternativa, o código ASCII. A codificação pode ainda revestir outros as-
pectos como veremos oportunamente. O emissor é, essencialmente, uma interface entre
o codificador e o canal de transmissão. Pode ir de um simples acondicionador de sinal
(amplificação) a um sistema de modulação de frequência e uma antena de transmissão.
A título de exemplo, veja-se na figura 1.2 a degradação por ruído2 de uma imagem
da fragata Vasco da Gama. Neste caso, a comunicação não é impossibilitada mas, em
contrapartida, ocorre uma degradação substancial na mensagem enviada, ao ponto de
muitos pormenores da imagem virem mascarados e irreconhecíveis.
2
Normalmente, o ruído ao se sobrepor à mensagem, pode ser, do ponto de vista analítico, considerado
como estando-lhe adicionado e, neste pressuposto, é designado por ruído aditivo.
3
A imagem do lado esquerdo foi retirada de http://www.marinhasplp.org/PT/historico/Pages/
NRPVascodaGamacomandaForçaNavaldaUni~aoEuropeianaSomália.aspx em 3 de Setembro de 2015.
1.3. MEIOS E TECNOLOGIAS DAS TELECOMUNICAÇÕES 5
a) b)
Assim, poderemos distinguir uma época, seguramente a mais longa, que desig-
naremos por pré-electrónica4 . Nesta, desde os nossos primórdios, a comunicação fez-se
4
Electricidade e electrónica são conceitos distintos; muito embora o segundo só faça sentido depois
da existência do primeiro. Contudo, ir-nos-emos apenas, por abuso de linguagem, referir a electrónica
mesmo quando se trate, efectivamente, do primeiro conceito.
6 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO ÀS COMUNICAÇÕES E AOS SINAIS
recorrendo aos meios disponíveis que, ao longo dos tempos, se foram aperfeiçoando quer
para vencer a distância e quer torná-la mais rápida e, logo, mais eficiente:
• Sinais Acústicos
- voz / grito
- assobio5
- instrumentos sopro e percussão
• Sinais Visuais
- gestos (figura 1.3, à esquerda)
- fogo
- telégrafo6 (figura 1.3, ao centro)
- heliógrafo7 (figura 1.3, à direita)
Figura 1.3: Meios de comunicação visual: à esquerda, gestos; ao centro, telégrafo e à direita, o
heliográfico.
O estudo pormenorizado dos emissores e dos receptores está para além do âmbito
deste trabalho.
Figura 1.4: Modelos de transceptores: rádio táctico PRC-525 para transporte individual (cima
e à esquerda) ou montagem veicular (cima eà direita), Kenwood TS-2000 (baixo-esquerda) e
Midland G7 (baixo-direita).
Figura 1.5: Modelos de antenas (da esquerda-cima, segundo sentido retrógrado): «chicotes»
verticais em viatura militar, dipólo vertical, parabólica, agregado GSM, agregado de 4 helicoidais,
agregado de 2 Yaggi-Uda.
senp´αq = ´ senpαq
cosp´αq = cospαq
senpπ{2 ´ αq = cospαq
cospπ{2 ´ αq = senpαq
tgpπ{2 ´ αq = cotgpαq
cos2 pαq ` sen2 pαq = 1
cospα ˘ βq = cospαq ¨ cospβq ¯ senpαq ¨ senpβq
senpα ˘ βq = senpαq ¨ cospβq ˘ cospαq ¨ senpβq
1
cos2 pαq = 2 r1 ` cosp2αqs
1
sen2 pαq = 2 r1 ´ cosp2αqs
1
cospαq ¨ cospβq = 2 rcospα ` βq ` cospα ´ βqs
1
senpαq ¨ senpβq = 2 rcospα ´ βq ´ cospα ` βqs
1
senpαq ¨ cospβq = 2 rsenpα ` βq ` senpα ´ βqs
1
cospαq ¨ senpβq = 2 rsenpα ` βq ´ senpα ´ βqs
Os números complexos são constituídos por uma parte real e por uma parte ima-
ginária,
@a, b P R, Dz P C : z “a`j¨b (1.1)
onde
z ` z‹
a “ Retzu “
2
12 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO ÀS COMUNICAÇÕES E AOS SINAIS
z ´ z‹
b “ Imtzu “
2¨j
onde
?
j fi ´1
e z ‹ representa o complexo conjugado, ou seja,
z‹ “ a ´ j ¨ b (1.2)
Im
z
b
|z|
a Re
a2 ` b2 “ |z|2 ¨ rcos 2
pϕq ` sen2 pϕqs “ |z|2
looooooooooomooooooooooon
“1
Corolário
|ejθ | “ 1
Corolário
ejθ ` e´jθ
cospθq “
2
Corolário
ejθ ´ e´jθ
senpθq “
2j
1 a´j¨b
z ´1 “ “ 2 “ Z ´1 ¨ e´jφ (1.8)
z a ` b2
z1 “ a ` j ¨ b “ Z1 ¨ ejφ
z2 “ c ` j ¨ d “ Z2 ¨ ejψ
Soma e Subtracção
z1 ˘ z2 “ pa ` cq ˘ j ¨ pb ` dq (1.9)
Produto
z1 ¨ z2 “ pa ´ dq ` j ¨ pb ` cq (1.10)
z1 ¨ z2 “ Z1 ¨ Z2 ¨ ejpφ`ψq (1.11)
Quociente
z1 pac ` bdq ` j ¨ pbc ´ adq
“ (1.12)
z2 c2 ` d2
ou, usando a notação polar,
z1 Z1 jpφ´ψq
“ ¨e (1.13)
z2 Z2
Como se pode ver a partir das equações (1.11) e (1.13), a notação polar é a mais
adequada para as operações de multiplicação e divisão de números complexos. Por
outro lado, a soma ou a subtracção de números complexos fica grandemente facilitada
se usarmos a notação cartesiana.
1.5. REVISÃO DE CONCEITOS FUNDAMENTAIS 15
−1
−2
−0.01 0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05
Uma vez que, como se acabou de ver, a potência instantânea de um sinal sinusoidal
é variável10 , faz mais sentido obter-se a potência média, calculada num período T1 “ f11
do sinal,
ż T1 {2 ż T1 {2
1 1 X2
P “ pptqdt “ ¨ r1 ` cosp2 ¨ 2πf1 tqsdt “
T1 ´T1 {2 T1 ´T1 {2 2
1 X 2 T1 {2
ż T1 {2
X2
ż
“ ¨ r 1 dt ` cosp2 ¨ 2πf1 tqdts “
T1 2 looooomooooon
´T1 {2 ´T1 {2
looooooooooooomooooooooooooon 2
“T1 “0
1.5.4 Decibel
Definição: decibel como sendo o dez vezes o logaritmo decimal do módulo do quo-
ciente de duas potências. Assim, seja o quociente de potências (logo adimensional) Po
por Pi que queremos converter em decibel, rdBs,
Po Po
|dB fi 10 ¨ log10 | | (1.24)
Pi Pi
Usam-se ainda outras «unidades» relacionadas com o dB, tais como o dBm , o
dBW , por exemplo.
11
O decibel, submúltiplo do bel, sendo adimensional não pode ser uma unidade de medida.
12
Esta «unidade» é uma homenagem a Alexander Graham Bell.
18 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO ÀS COMUNICAÇÕES E AOS SINAIS
Po Po Po Po
Pi Pi |dB Pi Pi |dB
10´4 “ 0, 0001 -40 104 “ 10.000 +40
10´3 “ 0, 001 -30 103 “ 1.000 +30
10´2 “ 0, 01 -20 102 “ 100 +20
10´1 “ 0, 1 -10 101 “ 10 +10
0, 25 -6 4 +6
0, 5 -3 2 +3
?
0, 707 “ ?12 -1,5 1, 414 “ 2 +1,5
1 0 1 0
Po
Definição: dBm como sendo o logaritmo do quociente Pi em que Pi “ 1 mW. Assim,
uma potência de 0 dBm é 1mW.
Po
Definição: dBW como sendo o logaritmo do quociente Pi em que Pi “ 1 W. Assim,
uma potência de 0 dBW é 1W.
Po Po |dBm Po W Po |dBW
1 µW -30 1 mW = 0,001 W -30
10 µW -20 10 mW = 0,01 W -20
100µW -10 100 mW = 0,1 W -100
1.000µW = 1mW 0 1.000 mW = 1 W 0
?
10 mW +10 1, 414 “ 2 +1,5
100 mW +20 2 +3
1.000 mW = 1 W +30 4 +6
1.6. INTRODUÇÃO AOS SINAIS 19
Definição Sinal Aperiódico diz-se de todo e qualquer sinal que não verifique a
equação (1.28).
Figura 1.8: Forma de onda de fala (vogal ó), assinalando-se a azul o intervalo de periodicidade.
e que não se define na origem, local onde apresenta uma descontinuidade de 1a ordem16 .
0.8
0.6
0.4
0.2
−2 −1 0 1 2 3 4 5
15
A notação usual para esta função é hp¨q. Contudo, como hptq representa no contexto dos sinais
e dos sistemas a resposta impulsiva, para evitar confusões, a função de Heaviside ou escalão unitário
passa a ser representada por uptq.
16
Não há obrigatoriedade no estabelecimento do valor de up0q que, desde que finito, poderá ser
qualquer.
22 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO ÀS COMUNICAÇÕES E AOS SINAIS
Janela Rectangular
Ű t
A janela rectangular p T0 q, figura 1.30, é definida como sendo
#
ę t 1 |t| ă T20
p q fi (1.30)
T0 0 |t| ą T20
Esta função pode ser obtida a partir do escalão unitário,
0.8
0.6
0.4
0.2
−5 −4 −3 −2 −1 0 1 2 3 4 5
ę t T0 T0
p q “ upt ` q ´ upt ´ q (1.31)
T0 2 2
• amplitude unitária
• periodicidade T “ 1{f
Mais adiante veremos como expressar estas funções através de exponenciais complexas.
Este sinal encontra-se representado graficamente na figura 1.11.
1.6. INTRODUÇÃO AOS SINAIS 23
−1
−2
−3
−2 −1 0 1 2 3 4 5
Figura 1.11: Função sinusoidal: a cor azul 3 ˆ senp1, 5t ´ π{4q e a vermelho, 2 ˆ cosp5tq.
Impulso Sinusoidal
Este impulso é útil para, por exemplo, representar uma emissão de código Morse.
Função sinc
senpπxq
sincpxq fi (1.33)
πx
Este sinal encontra-se representado graficamente na figura 1.13.
24 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO ÀS COMUNICAÇÕES E AOS SINAIS
0.8
0.6
0.4
0.2
−0.2
−0.4
−0.6
−0.8
−1
Esta função tem zeros nos múltiplos inteiros (positivos e negativos) de x, e goza
das seguintes propriedades:
Corolário sincp0q “ 1
0.8
0.6
0.4
0.2
−0.2
−10 −8 −6 −4 −2 0 2 4 6 8 10
0.8
0.6
0.4
0.2
−1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Impulso de Dirac
Postulemos a existência de uma função δ tal que a função de Heaviside (ou para
o mesmo efeito, o escalão unitário) dela decorra por integração,
żt
@t, τ P R : uptq “ δpτ qdτ (1.37)
´8
Rapidamente se verifica que esta função δptq é forçosamente nula em todo o seu domínio,
com excepção da origem, onde ocorre uma singularidade. Outra forma de definir este
1.6. INTRODUÇÃO AOS SINAIS 27
0.5
−0.5
−1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0.5
−0.5
−1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Figura 1.15: Partes real (em cima) e imaginária (em baixo) da exponencial complexa amortecida
para σ “ ´0, 5 e ω “ 2 para yptq “ epσ`jωqt ¨ uptq.
d
δptq “ uptq (1.38)
dt
mas que levanta óbvias dificuldades para t “ 0. Vejamos, no seguimento, uma forma
de ultrapassar esta dificuldade. Assim, consideremos a função distribuição normal ou
função de Gauss,
1 t2
nptq “ ? e´ 2σ2 (1.39)
2πσ 2
e sabemos que o seu integral (integral de Euler-Poisson) é unitário
ż `8 ż `8
1 t2
nptqdt “ ? e´ 2σ2 dt “ 1 (1.40)
´8 ´8 2πσ 2
şt
Seja então a função integral de Gauss Nσ ptq “ ´8 npτ qdτ e atentemos na figura
1.16 onde se apresentam vários gráficos de nptq (em cima) e Nσ ptq (em baixo) para
diversos valores de σ.
28 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO ÀS COMUNICAÇÕES E AOS SINAIS
2.5
1.5
0.5
0
−2.5 −2 −1.5 −1 −0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5
0.8
0.6
0.4
0.2
Figura 1.16: Família de funções normal de média nula (em cima) e do seu integral, a função
integral de Gauss (em baixo), em função do desvio-padrão σ, onde na abcissa t “ 0 e de baixo
para cima temos a seguinte correspondência σ 2 “ 2, 1, 0, 5, 0, 1, 0, 02.
Estes gráficos sugerem que Nσ ptq vai, no limite, «tender» para a função de Hea-
viside com o progressivo anulamento de σ ou seja:
żt
lim Nσ ptq “ lim npτ qdτ Ñ uptq (1.41)
σÑ0 σÑ0 ´8
d
e que, por consequência, sendo nptq “ dt Nσ ptq, então também se terá, no limite20 ,
d
δptq “ dt uptq. Vemos assim que o impulso de Dirac resulta duma sucessão de funções
normais ou de Gauss, n-deriváveis em todos os pontos do seu domínio, preservando uma
ş
área unitária, pois R δptqdt “ 1. Também se verifica que este processo de «definir» ou
aproximar a função de Heaviside, mediante uma sucessão de funções integral de Gauss,
nos leva à determinação21 de up0q, sendo, portanto, up0q “ 21 .
20
Chama-se a atenção para a falta de rigor desta apresentação, uma vez que a preocupação se centra
no resultado que se pretende transmitir.
21
Este facto não invalida a afirmação anterior de que up0q pode ser qualquer valor, desde que diferente
de infinito.
1.6. INTRODUÇÃO AOS SINAIS 29
0.8
0.6
0.4
0.2
−5 −4 −3 −2 −1 0 1 2 3 4 5
Corolário ż `8
δptqdt “ 1 (1.43)
´8
Corolário
xptqδptq “ xp0qδptq (1.44)
Corolário
@t, τ P R : xptq ˚ δpt ´ τ q “ xpt ´ τ q (1.46)
Definição: Convolução de xptq com hptq ou xptq ˚ hptq diz-se da seguinte operação
entre os dois sinais, ż `8
xptq ˚ hptq fi xpτ q ¨ hpt ´ τ qdτ (1.48)
´8
ż `8
“ hpq ¨ xpt ´ qd “ xptq ˚ hptq
´8
˝
ż `8
xptq “ TF ´1
rXpf qs fi Xpf q ¨ ej2πf t df (1.49)
´8
ż8 ż T0
2
´j2πf t
Xpf q “ TFrxptqs “ xptq ¨ e dt “ 1 ¨ e´j2πf t dt “
T
´8 ´ 20
1 senpπf T0 q
“ re´j2πf T0 {2 ´ ej2πf T0 {2 s “ T0 “
´j2πf πf T0
“ T0 ¨ sincpf T0 q (1.50)
24
Um sinal absolutamente integrável é caracterizado por ter norma L1 finita: x P L1 sse @t P R : k
ş
xptq k1 “ R |xptq|dt ă 8.
32 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO ÀS COMUNICAÇÕES E AOS SINAIS
1.5
0.5
−0.5
−5 −4 −3 −2 −1 0 1 2 3 4 5
ż ż
j2πf t
TF ´1
rδpf ´ f0 qs “ δpf ´ f0 qe df “ δpf ´ f0 qej2πf0 t df “
R R
ż
“ ej2πf0 t δpf ´ f0 qdf “ ej2πf0 t (1.52)
R
ejα ` e´jα
cospαq “
2
ejα ´ e´jα
senpαq “ (1.53)
2j
teremos finalmente, para a transformada de Fourier de uma função sinusoidal de frequên-
cia f0
TFrcosp2πf0 tqs “ 21 rδpf ´ f0 q ` δpf ` f0 qs
(1.54)
1
TFrsenp2πf0 tqs “ 2j rδpf ´ f0 q ´ δpf ` f0 qs
1 1
0.5 0.5
0 0
−0.5 −0.5
−1 −1
−1 0 1 2 −1 0 1 2
a) x 10
−3 b) x 10
−3
0.5 0.5
0.4 0.4
0.3 0.3
0.2 0.2
0.1 0.1
0 0
−0.1 −0.1
−5000 0 5000 −5000 0 5000
c) d)
1
@t, f P R, @n, k P Z, DT0 “ PR:
f0
`8
ÿ
xptq “ xpt ´ nT0 q “ ak ej2πkf0 t “ TF´1 rXpf qs
k“´8
ż
1 1
@T0 “ PR: ak “ xptqe´j2πkf0 t dt
f0 T0
T0
`8
ÿ
Xpf q “ TFrxptqs “ ak δpf ´ kf0 q (1.59)
k“´8
36 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO ÀS COMUNICAÇÕES E AOS SINAIS
0.8
0.6
0.4
0.2
−1 0 1 2 3 4 5
`8
1 ÿ
Xpf q “ δpf ´ kf0 q (1.63)
T0 k“´8
Onda Rectangular
e cuja representação gráfica se indica na figura 1.21a) e b). Seja agora rptq a função
periódica de período fundamental T0 obtida à custa desta janela (figura 1.21c) e d)),
1 1
0.8 0.8
0.6 0.6
0.4 0.4
0.2 0.2
0 0
1 1
0.8 0.8
0.6 0.6
0.4 0.4
0.2 0.2
0 0
`8
ÿ ę t ´ nT0
rptq “ p q (1.65)
n“´8
T1
1 T0 {2 ę t ´j2πkf0 t
ż ę ż
1 t ´j2πkf0 t
ak “ p qe dt “ p qe dt “
T0 T1 T0 ´T0 {2 T1
T0
ˇ
ż T1 {2 ˇ T1 {2
1 1 1 ˇ
e´j2πkf0 t dt “ ¨ e´j2πkf0 t ˇ
ˇ
“ ¨ “
T0 ´T1 {2 T0 j2πkf0 ˇ
ˇ ´T1 {2
T1 senpπkf0 T1 q T1
ak “ ¨ “ ¨ sincpkf0 T1 q (1.66)
T0 πkf0 T1 T0
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
−0.1
−0.2
−10 −8 −6 −4 −2 0 2 4 6 8 10
Figura 1.22: Coeficientes da série harmónica da onda rectangular com T1 {T0 “ 1{2 (a azul) e
a função sincp¨q a vermelho.
Onda Rectangular
Ű t´nT0
Consideremos, pois, a série de Fourier de uma onda quadrada rptq “ `8
ř
n“´8 p T1 q
T1 1
em que, sem perda de generalidade, suporemos que FC=50%, ou seja, T0 “ 2 ,
`8 ę t ´ nT0 `8
ÿ 1 ÿ k
rptq “ p q“ sincp qej2πkf0 t (1.67)
n“´8
T1 2 k“´8 2
que se obtém a partir da equação (1.66) fazendo TT01 “ 12 29 . A série de Fourier (equação
(1.67)) pode ser agora explicitada unicamente em termos de funções reais (cossenos) da
29
Recorda-se que se escolheu esta situação apenas para se obterem cálculos mais simples.
40 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO ÀS COMUNICAÇÕES E AOS SINAIS
1 0.8
0.6
0.5 0.4
0.2
0
0
−0.2
0 100 200 300 400 −10 −5 0 5 10
a) b)
1 0.8
0.6
0.5 0.4
0.2
0
0
−0.2
0 100 200 300 400 −10 −5 0 5 10
c) d)
1 0.8
0.6
0.5 0.4
0.2
0
0
−0.2
0 100 200 300 400 −10 −5 0 5 10
e) f)
Figura 1.23: Onda rectangular e transformada de Fourier em função do factor de ciclo FC,
respectivamente, igual a 20% ( TT01 “ 0, 2, em cima), 50% ( TT10 “ 0, 50, ao centro) e 80% ( TT10 “
0, 80, em baixo).
seguinte forma:
`8 ´1 `8
ÿ k j2πkf0 t ÿ k j2πkf0 t ÿ k
sincp qe “ sincp qe `1` sincp qej2πkf0 t (1.68)
k“´8
2 k“´8
2 k“1
2
`8
ÿ k
“1`2 sincp q cosp2πkf0 tq (1.69)
k“1
2
pelo que se obtém, finalmente, a partir desta equação e da equação (1.67),
`8
1 ÿ k
rptq “ ` sincp q cosp2πkf0 tq (1.70)
2 k“1 2
1 1
0.5 0.5
0 0
1 1
0.5 0.5
0 0
1 1
0.5 0.5
0 0
Figura 1.24: Síntese da onda quadrada por série de Fourier truncada (equação (1.71)) para os
vários valores de N assinalados.
Onda Dente-de-Serra
onde #
2 T0
pptq “ T0 t |t| ă 2
T0
0 |t| ą 2
e, uma vez que é um sinal periódico (veja-se que pptq é um sinal de duração limitada
a T0 instantes de tempo e que se repete de T0 em T0 instantes de tempo), pode ser
expresso através da sua série de Fourier,
`8
ÿ
sptq “ ak ¨ ej2πkt0 t (1.73)
k“´8
e que se representa na figura 1.26, para vários valores de N , onde as oscilações de Gibbs
são visíveis.
1.6. INTRODUÇÃO AOS SINAIS 43
0.8
0.6
0.4
0.2
−0.2
−0.4
−0.6
−0.8
−1
−10 −8 −6 −4 −2 0 2 4 6 8 10
ż
Y pf q “ TFryptqs “ TFrhptq ˚ xptqs “ TFr hpτ qxpt ´ τ qdτ s “
R
ż ż ż ż
“ r hpτ qxpt ´ τ qdτ se´j2πf t dt “ hpτ qr xpt ´ τ qe´j2πf t dtsdτ “
R R R R
ż ż ż
´j2πf ´j2πf t
“ hpτ qr xpqe dse dτ “ Xpf q ¨ hpτ qe´j2πf τ dτ (1.77)
R R
loooooooomoooooooon R
looooooooomooooooooon
Xpf q Hpf q
ou seja,
TFrhptq ˚ xptqs “ Hpf q ¨ Xpf q (1.78)
44 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO ÀS COMUNICAÇÕES E AOS SINAIS
1 1
0.5 0.5
0 0
−0.5 −0.5
−1 −1
−0.5 0 0.5 1 −0.5 0 0.5 1
N=1 N=2
1 1
0.5 0.5
0 0
−0.5 −0.5
−1 −1
−0.5 0 0.5 1 −0.5 0 0.5 1
N=3 N=4
1 1
0.5 0.5
0 0
−0.5 −0.5
−1 −1
−0.5 0 0.5 1 −0.5 0 0.5 1
N=5 N=10
Figura 1.26: Síntese da onda dente-de-serra por série de Fourier truncada (equação (1.76))
para os vários valores de N assinalados.
Seja agora yptq o sinal resultante do produto de dois sinais, yptq “ hptq ˆ xptq e
determinemos a sua transformada de Fourier
´1
xptq“TF rXpf qs
hkkkkkkkkkkikkkkkkkkkkj
ż ż
Y pf q “ TFryptqs “ TFrhptq ¨ xptqs “ hptq r Xpµqej2πµt dµs e´j2πf t dt “
R R
ż ż ż ż
´j2πf t j2πf µ
“ Xpµqr xptqe e dtsdµ “ Xpµq r hptqe´j2πpf ´µqt dts dµ “
R R R R
loooooooooooomoooooooooooon
Hpf ´µq
1.6. INTRODUÇÃO AOS SINAIS 45
ż
“ Xpµq ¨ Hpf ´ µqdµ (1.79)
R
que identificamos como o integral de convolução de dois sinais (embora seja não no
domínio do tempo, como foi apresentada anteriormente, mas no da frequência) ou seja,
Este resultado acaba por ser a essência das telecomunicações! Veremos mais adi-
ante que, escolhendo adequadamente o sinal hptq e consequentemente Hpf q, poderemos
deslocar o espectro da mensagem xptq a transmitir para uma gama de frequências ade-
quadas à mais eficiente transmissão e propagação dos sinais rádio-eléctricos.
Podemos ver pelas equações (1.78) e (1.80) que há uma «simetria» ou dualidade
entre os operadores binários convolução e produto, ou seja, a TF do produto no tempo
30
Optámos por utilizar um cosseno em vez do seno uma vez que se facilitam os cálculos, pois a TF
do cosseno é uma transformada real.
31
O espectro de um sinal é (o módulo da) a sua transformada de Fourier.
46 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO ÀS COMUNICAÇÕES E AOS SINAIS
Figura 1.27: Transformadas de Fourier da janela rectangular p Tt0 q (em a)), do cosseno
Ű
Ű t
cosp2π fc tq em b) e do impulso sinusoidal is ptq “ p T 0 q cosp2π fc tq, sendo T0 “ 2 s e fc “ 10
Hz, em c).
2.1.1 Voz
49
50 CAPÍTULO 2. INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES
Cavidade'Nasal'
Palato'
Faringe'
Lábios'e'Dentes'
Língua'
Laringe'
Glote'
Cavidade"Nasal"
)))" )))"
Glote"
Pulmões"
Figura 2.1: Tracto vocal (em cima) e equivalente mecânico-acústico (em baixo).
Os sons que normalmente utilizamos para falar podem ser divididos em sons
vocálicos e não-vocálicos. Grosso-modo, e sem grandes preocupações de rigor, podemos
associar as vogais aos sons vocálicos e as consoantes aos não-vocálicos. Nos primeiros,
há uma certa periodicidade do sinal resultante das vibrações das cordas vocais, enquanto
que nos segundos, o fluxo de ar não é modulado por elas. Nestes últimos sons, são as
próprias ressonâncias e características intrínsecas do tracto vocal que os caracterizam.
Transdutores
Diafragma
Peças polares
N S
Bobina
Condutores
Figura 2.2: Diagrama simplificado de microfone electrodinâmico.
Diafragma (móvel) de
polímero com cargas
electroestáticas
1
As baixas frequências são, na telefonia fixa, utilizadas para a sinalização da comunicação: auscul-
tador levantado ou fora do descanso, sinal de chamar e outros sinais de linha.
2.1. FONTES DE INFORMAÇÃO 53
Diafragma
Peças polares
N S
Bobina
Condutores
Podem operar a frequências muito elevadas, desde cerca de 5 kHz a 10 MHz e com
a capacidade de produzirem potências bastante elevadas. Por exemplo, um sonar para
mapear fundos oceâncos pode operar com potências superiores a 250 W e com picos de
potência de 3 kW. A figura 2.5 apresenta vários tipos de hidrofones em uso.
2.1.2 Texto
sinais eléctricos a fim de serem transmitidos. Se a mensagem não estiver num formato
electrónico ou digital tem de, inicialmente, passar por um processo de digitalização.
Este caso será tratado na secção seguinte.
Suponha-se pois que o texto a enviar provém, por exemplo, de um ficheiro digital;
para o que se segue, é irrelevante o seu formato digital (doc, docx, xls, txt). Uma
vez que os computadores (digitais) apenas aceitam valores binários ("0"e "1"), torna-se
necessária a existência de um sistema de codificação dos símbolos em palavras binárias.
Um exemplo desse sistema de codificação é o código ASCII de 7 bit, cuja tabela se
apresenta no apêndice A. Podemos ver que, por exemplo, a palavra «cadete» é codificada
como sendo
Convém ter presente que o(s) código(s) ASCII ou equivalentes representam todos
os símbolos da mensagem com o mesmo número de bits, independentemente da frequên-
cia com que ocorrem na mensagem (probabilidade de ocorrência). Por isso, é de esperar
que sejam menos eficientes do que outros mecanismos de codificação que levem em linha
de conta as probabilidades com que os símbolos surgem. O exemplo do que estamos a
dizer é o célebre código de (Samuel) Morse e que se representa na figura 2.6.
4
retirado de http://en.wikipedia.org/wiki/File:International_Morse_Code.svg em 27 de
Maio de 2015).
56 CAPÍTULO 2. INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES
Podemos ver que, neste sistema de codifição, a letra e é a que apresenta o código
mais «curto» e, efectivamente, é a letra mais frequente na língua inglesa, tabela 2.1.
Este tipo de mensagens pode, por sua vez, ser «analógico» ou «digital». Co-
meçando por este último caso, em que um filme ou uma imagem já se encontram num
5
valores obtidos a partir de http://www.math.cornell.edu/~mec/2003-2004/cryptography/subs/
frequencies.html, acedido em 27 de Maio de 2015.
2.1. FONTES DE INFORMAÇÃO 57
Tabela 2.1: das frequências de ocorrências e do código Morse para as letras do alfabeto5 .
formato digital adequado e, portanto, para além do factor dimensão, não são concep-
tualmente distintas de qualquer ficheiro de texto. Trata-se, no fundo de transimitir, e
receber sequências de ”1” ou de ”0” mais ou menos longas. No caso de se tratar de
fontes analógicas por ditilizar, há forçosamente que a converter neste formato. Esta
58 CAPÍTULO 2. INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES
Codificação JPEG
6
Do ingês coder /decoder.
7
Numa imagem raster, há uma descrição individualizada de cada um dos seus pixéis, como se cada
pixel fosse um elemento de uma matriz que constitui a imagem.
8
Para uma melhor percepção do exposto, sugere-se ao leitor que utilize um programa de desenho
que guarde uma dada figura quer em bmp ou em pdf e que aumentem (zoom) a dimensão do objecto
no écrã.
9
Joint Photographic Experts Group.
2.1. FONTES DE INFORMAÇÃO 59
Figura 2.7: Imagem original (fotografia do autor), à esquerda, e degradada após compactar com
perdas, à direita.
Codificação MPEG
O formato MPEG foi desenvolvido nos finais dos anos 80 para ter uma qualidade
semelhante à dos sistemas domésticos de gravação de imagem, nomeadamente o formato
VHS11 .
10
Moving Picture Experts Group.
11
Video Home System. Este consistia num sistema de gravação com suporte em fita magnética, a
cassette, que era «escrita» e lida com cabeças múltiplas rotativas.
60 CAPÍTULO 2. INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES
Na sua essência, o STA consta de dois equipamentos terminais, ligados por uma
linha ou cabo de transmissão. Um dos equipamentos é localizado no local de residên-
cia/trabalho do assinante), sendo que o outro se encontra na central ou subestação (de
comutação) telefónica. Na central estão localizados os órgãos de comutação que permi-
tem o encaminhamento das chamadas entre os assinantes. É fundamental a existência
de uma alimentação de corrente contínua que, para além de alimentar toda a electrónica
de suporte, alimenta ainda o equipamento do assinante. Normalmente, esta alimentação
é a 48 V e pode fornecer até algumas centenas de mA por cada terminal de assinante.
Este sistemas de marcação era conhecido por marcação decádica. Quando o as-
sinante retira o micro-auscultador do descanso, estabelece-se uma corrente no circuito
de assinante (corrente de lacete) dando indicação à central da tentativa de início de
uma chamada. Após o sinal de marcar (tonalidade de cerca de 400 Hz), o assinante
marca cada um dos dígitos do número telefónico (nos primeiros sistemas, rodando um
disco numerado, levando o número escolhido até um batente mecânico, libertando-o de
seguida, figura 2.8), acção que se traduz na interrupção momentânea da corrente de
lacete, tantas vezes consoante o algarismo em causa13 , conforme figura 2.9 a) e b).
12
As portadoras são, em telecomunicações, sinais sinusoidais que se destinam a transportar para
frequências mais elevadas as mensagens a transmitir.
13
Note-se que o dígito ”0” tem forçosamente de corresponder a 10 impulsos pois, de outro modo, não
haveria distinção entre o ”0” e a ausência de marcação.
2.2. TELEFONIA EM BANDA DE BASE 61
Figura 2.8: Telefone (tipo 7) com marcador decádico, fabricado pela Automática Eléctrica Por-
tuguesa em 1962.
10
0
0 0.002 0.004 0.006 0.008 0.01 0.012 0.014 0.016 0.018 0.02
a)
1
0.5
0
0 0.002 0.004 0.006 0.008 0.01 0.012 0.014 0.016 0.018 0.02
b)
2
−1
−2
0 0.002 0.004 0.006 0.008 0.01 0.012 0.014 0.016 0.018 0.02
c)
Mas o canal telefónico estabelecido entre o assinante e a central pode ser utili-
zado para o envio de dados e, efectivamente, nos primeiros modem14 , era utilizada a
banda espectral reservada ao sinal de fala. Ou seja, ou se utilizava a ligação para uma
comunicação vocal (chamada telefónica) ou para o envio de dados15 . Estes modem per-
mitiam ritmos de transmissão muito baixos (inicialmente, 75 baud16 ) e posteriormente
300 bit/s).
Era utilizada uma modulação DTMF em que o símbolo ”0” era codificado por um
sinal sinosoidal com uma frequência distinta da utilizada para o símbolo ”1”, conforme
se exemplifica na figura 2.11 para a sequência ”101100”.
14
O termo modem provém do inglês modulator demodulator.
15
Pode parecer ridículo mas, em meados da década de 80 os TLP (Telefones de Lisboa e Porto)
exigiam uma autorização especial para o uso de modem e o «serviço» era cobrado muito acima da
vulgar chamada telefónica!
16
Baud é a designação para bit por segundo.
64 CAPÍTULO 2. INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES
0.8
0.6
0.4
0.2
0
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3
a)
0.5
−0.5
−1
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3
b)
Figura 2.11: Modulação DTMF utilizada em modem telefónico; em a) indicação dos dígitos a
enviar e em b) a sinalização DTMF.
As enormes vantagens dos sistemas digitais foram, logo que a tecnologia o per-
mitiu, aplicadas aos sistemas telefónicos. Os sistemas de comutação telefónica sofreram
uma tremenda simplificação, sendo os órgãos mecânicos de comutação substituídos por
computadores e programas informáticos. Para além desta melhoria, foram incluídos
novos serviços, entre os quais, o sistema de identificação do assinante. Contudo, a di-
gitalização da rede telefónica obrigou à digitalização do sinal captado pelo microfone
e, naturalmente, à reconstrução do sinal para o auscultador. Há várias formas de di-
gitalizar sinais que poderemos dividir em codificação da (sua) forma de onda ou em
codificação da fonte (origem) dos sinais.
sinais mas que tem como inconveniente a produção de um ritmo elevado de dados.
0.5
−0.5
−1
−1 −0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5
0.5
−0.5
−1
−1 −0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5
17
Claramente que a frequência de amostragem fa é fa “ 1{Ta .
66 CAPÍTULO 2. INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES
8
ÿ 8
ÿ
xa ptq “ xptq ¨ δpt ´ kTa q “ xptq ¨ δpt ´ kTa q “
k“´8 k“´8
8
ÿ
“ xpkTa q ¨ δpt ´ kTa q (2.4)
k“´8
8
1 ÿ
“ Xpf ´ k ¨ fa qs (2.5)
Ta k“´8
onde, como se sabe, Ta ¨ fa “ 1.
Da análise da figura 2.13, poderemos de imediato concluir que, para garantir que
não ocorre a sobreposição dos espectros de Xpf q transladados para múltiplos de fa é
necessário verificar-se o seguinte teorema, conhecido por teorema da amostragem.
Quantificação Uniforme
X(f)
-B B f
a)
X a(f)
2f a- B
2fa + B
-fa +B
-f a-B
f a+ B
fa - B
b)
X a(f)
2f a- B
2fa + B
-fa +B
-f a-B
f a+ B
c)
2¨A
∆“ (2.6)
2N
Seja xq ptq a versão quantificada de xa ptq e que, pelos motivos expostas, se tem
xq ptq ‰ xa ptq.
Px
SNRq “ (2.8)
Peq
Px
SNRq « (2.9)
∆2 {12
A2
Supondo agora que xptq “ A cosp2πf1 tq e expressando a SNRq em dB, vem que Px “ 2
e usando a equação (2.6), logo teremos
0.5
−0.5
−1
−1 −0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5
a)
0.5
−0.5
−1
−1 −0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5
b)
0.5
−0.5
−1 −0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5
c)
0.5 1
0.5
0 0
−0.5
−0.5 −1
−1 0 1 2 −1 −0.5 0 0.5 1
0.5 1
0.5
0 0
−0.5
−0.5 −1
−1 0 1 2 −1 −0.5 0 0.5 1
0.5 1
0.5
0 0
−0.5
−0.5 −1
−1 0 1 2 −1 −0.5 0 0.5 1
Figura 2.15: Erros de quantificação (do lado esquerdo) e características entrada/saída (do lado
direito) para N “ 3 bit (em cima), N “ 4 bit (ao centro) e N “ 5 bit (em baixo).
f ă ´B) observamos que ficamos apenas com o espectro original da mensagem, figura
2.13a).
e que se apresenta na figura 2.16a), supondo B “ 4 kHz. Vejamos agora o seu com-
portamento no domínio do tempo, pelo que teremos de obter a transformada inversa de
Fourier da sua resposta em frequência, hr ptq “ TF´1 rHr pf qs:
żB
1 ej2πBt ´ e´j2πBt
ż8
hr ptq “ Hr pf qej2πf t df “ Hr pf qej2πf t df “ ¨ “
´8 ´B 2B j2πt
“ sincp2Btq (2.12)
2.3. DIGITALIZAÇÃO E CODIFICAÇÃO DE SINAIS 71
−5
x 10
12
10
0
−1 −0.8 −0.6 −0.4 −0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
a) x 10
4
0.8
0.6
0.4
0.2
−0.2
−0.4
−1 −0.8 −0.6 −0.4 −0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
−3
x 10
Figura 2.16: Filtro de reconstrução: função de resposta em frequência (em cima) e a corres-
pondente resposta impulsiva (em baixo), para B “ 4 kHz.
1.5
0.5
−0.5
−1
−1.5
0 0.5 1 1.5 2 2.5
a) −3
x 10
1.5
0.5
−0.5
−1
−1.5
−2
0 0.5 1 1.5 2 2.5
b) −3
x 10
Amplificador
e
Filtro PBx
Amostragem
N bit
~ Conversor
Canal
~ Ta
Quantificador
paralelo-série
ADC
Codec
Tx
Figura 2.18: Diagrama de blocos da digitalização de sinais telefónicos; ADC significa conversor
analógico-digital.
Codec
Rx
N bit
Conversor Polinómio
Canal
DAC
série-paralelo Interpolador
Compensador ~
~
+
sinc(x) -
Figura 2.19: Diagrama de blocos da reconstrução de sinais amostrados. DAC significa conversor
digital-analógico.
Nos sistemas de PCM20 telefónico, são colhidas amostras de sinal ao ritmo de 8.000
por unidade de tempo, ou seja, a frequência de amostragem fa é igual a 8.000 Hz ou
fa “ 8 kHz a que corresponde um período de amostragem Ta “ 125 µs; por outro lado,
20
Das iniciais Pulse-Code Modulation.
74 CAPÍTULO 2. INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES
cada amostra de fala é quantificada a 8 bit, resultando num ritmo r de dados de 64.000
bit/s, r “ 64 kbit/s. Neste ponto convém referir que, se usássemos uma quantificação
uniforme ou linear (LPCM), necessitaríamos de, pelo menos, 10 bit/amostra para não
haver uma degradação do sinal de fala. Contudo, se usarmos uma quantificação não-
linear, poderemos reduzir o número de bit de quantificação.
lei A
1
0.8
0.6
0.4
0.2
saída
−0.2
−0.4
−0.6
−0.8
−1
−1 −0.8 −0.6 −0.4 −0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
entrada
dados a ritmos de 64 kbit/s e, por exemplo, um vocoder 21 pode operar a ritmos de 2.400
bit/s, ou seja, reduzindo mais de 25 vezes o fluxo de dados do emissor para o receptor.
Então, como se pode explicar uma redução tão grande do ritmo de codificação?
A resposta a esta questão reside em tentar determinar e posteriormente codificar os
parâmetros do sistema de produção da voz. Efectivamente, o papel do diafragma,
pulmões e cordas vocais pode ser assemelhado a um gerador de impulsos! Assim, bastam
poucos parâmetros (energia, frequência, por exemplo) para caracterizar esse gerador.
Para além disso, as variações desses parâmetros são, quando comparadas com a variação
da forma de onda do sinal de fala, muito mais lentas.
Por sua vez, o tracto vocal (faringe, laringe, cavidades bocal e nasal) opera no
fluxo de ar como se fosse um filtro; ora, esse filtro pode ser caracterizado pelas suas
ressonâncias que, também têm uma evolução temporal relativamente lenta.
parâmetros"
ganho"
Gerador"
Ruído"
Filtro" )
)) "
Gerador"
Impulsos" Decisão""
Vozeado"/"Não?Voz."
pitch&
Figura 2.21: Codificador de fonte: vocoder (receptor).
21
Voice Encoder.
22
Basicamente, um sistema de detecção de sons vocais e não-vocais.
76 CAPÍTULO 2. INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES
A comunicação digital pode ser efectuada quer em banda de base quer utilizando
modulação de portadoras. No caso que iremos abordar de seguida, a comunicação em
banda de base, os sinais ou impulsos digitais podem ser provenientes quer de fontes
analógicas que tenham sido previamente digitalizadas, quer a partir de dados intrinse-
camente digitias. Independentemente da sua origem, os sinais digitais que, num compu-
tador, correspondem a valores lógicos, logo imateriais ou intangíveis, terão de ter uma
contrapartida física para que possam ser enviados através dos canais de comunicação.
Códigos de Linha
Unipolar NRZ
Unipolar RZ
Polar NRZ
Polar RZ
Bipolar NRZ
Bifásico Manchester
23
1 ps = 10´12 s.
78 CAPÍTULO 2. INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES
Como se pode observar, a duração dos impulsos não pode ser inferior à duração A
24
Multipath, em inglês.
2.4. REDES DE COMUNICAÇÕES 79
1.5
0.5
−0.5
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
1.5
0.5
−0.5
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
assinalada na figura 2.24, pois ao aumentarmos o ritmo de transmissão (ou seja, dimi-
nuindo a duração de cada impulso individual), a partir de certa altura, seria impossível
distinguir ”1” e ”0”.
Impulsos de Sinalização
B
C
A
Figura 2.24: Diagrama de olho para uma transmissão binária unipolar NRZ. Veja-se o texto
para uma explicação dos parâmetros assinalados.
rmax “ 2 ¨ B (2.15)
0.5
0
0 2 4 6 8 10 12
4
x 10
1
0.5
−0.5
−1
0 2 4 6 8 10 12
4
x 10
1
0.5
−0.5
−1
0 2 4 6 8 10 12
4
x 10
(2.16)
sendo o parâmetro α denominado factor de decaimento e que se situa entre 0 e 1; quando
α “ 0 o impulso de sinalização assume a forma do impulso sincp¨q a que corresponde
um espectro constante para f P r´B Br. Por outro lado, quando α “ 1, o impulso fica
com um espectro com a forma de um cosseno adicionado a uma constante, figura 2.26.
82 CAPÍTULO 2. INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES
0.4
0.3
P(f)
0.2
0.1
0
−2.5 −2 −1.5 −1 −0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5
f
0.8
0.6
0.4
p(t)
0.2
−0.2
−0.4
−2 −1.5 −1 −0.5 0 0.5 1 1.5 2
t
LB “ p1 ` αq ¨ B (2.17)
• redes em barramento;
2.4. REDES DE COMUNICAÇÕES 83
• redes em anel;
• redes em estrela;
• redes em malha;
• redes em árvore;
• redes híbridas
Neste tipo de rede, todos os nós da rede (por exemplo: computadores) estão
fisicamente ligados à mesma rede física (cabo coaxial, por exemplo), conforme se indica
na figura 2.27. Assim, para evitar colisões de dados, quando um nó da rede está a
comunicar (transmitir), todos os outros nós se colocam em escuta (recepção). Caso
acontece que dois (ou mais) nós entrem simultaneamente em comunicação, ocorrendo
colisão, é necessário prever mecanismos de arbitragem (estabelecendo prioridades) e
recomecer o processo de transmissão.
Redes em Anel
Neste tipo de redes, todos os nós estão interligados em série ou cascata, formando
um circuito fechado, donde provém o seu nome, rede em anel, figura 2.28
Redes em Malha
Redes em Estrela
Figura 2.30: Topologia de uma rede em estrela, assinalando-se a cor mais escura o nó concen-
trador.
Redes em Árvore
As redes em árvore podem ser vistas como uma extensão das redes em barra-
mento, figura 2.32.
86 CAPÍTULO 2. INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES
45
40
35
30
25
20
15
10
0
2 3 4 5 6 7 8 9 10
Figura 2.31: Comparação do número de ligações: a vermelho para redes em malha e a azul para
redes em estrela.
Estas redes têm sido abandonadas por apresentarem alguns problemas, entre os
quais exibirem um ritmo de transmissão mais reduzido, uma vez que o tempo de pro-
pagação vai variar com as dimensões dos ramos, obrigando a uma redução do ritmo de
dados.
Redes Híbridas
Estas redes, como o seu próprio nome indica, utilizam mais do que uma topologia
em função das aplicações a que se destinam. Trata-se de compensar, da melhor forma,
os custos da rede, facilidade de expansão, fiabilidade, etc.
Tabela 2.5: do número de conexões em função da tipologia da rede, sendo N o número de nós.
Na figura 2.33 apresenta-se uma rede hipotética onde se assinalam os ET, os nós
e as linhas de comunicação (ligações entre os nós e entre os nós e os ET) atrás definidos.
ET
ET
ET
REDE
Nó Nó
Nó
ET
ET
Nó Nó
ET
ET ET
Nó
ET ET
Figura 2.33: Rede de dados, assinalando-se os ET, os nós e as linhas de comunicação, adaptado
de (Hekmat, 2005).
25
É uma repetição pois LAN significa Local Area Network (rede)...
26
De Metropolitan Area Network.
27
De Wide Area Network.
2.4. REDES DE COMUNICAÇÕES 89
Restições de Acesso
Muitas redes são de e para uso exclusivo das organizações, instituições ou em-
presas a que pertencem: são as redes privadas.
Tenha-se presente que o facto de se tratar de uma rede LAN, MAN ou WAN não
determina ou implica que o acesso seja restrito ou público. Contudo, é provável que
uma rede de acesso público, pela sua extensão e natureza seja uma WAN.
No modo de difusão, pelo contrário, e dado que todos os nós partilham a mesma
infra-estrutura de comunicação (figura 2.27), a mensagem enviada por um nó estará
acessível em todos os outros nós da rede. Então, uma parte da mensagem contém o(s)
endereço(s) do(s) nó(s) a que se destina.
Suponha-se uma rede P2P com comutação circuit switching. Neste caso, é alocada
uma ligação fixa entre os nós (eventualemente com nós intermédios), sendo os dados
enviados de modo contínuo. No final da transmissão, o percurso fica libertado para
outros nós.
No caso de ser uma comutação por pacotes, procede-se a uma divisão inicial dos
dados em «pacotes», sendo depois enviados (novamente, podem ser utilizados nós inter-
médios). Os nós intermédios armazenam temporariamente cada pacote até o poderem
90 CAPÍTULO 2. INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES
(re)enviar ao nó de destino, logo que este assinale que está pronto a receber um novo pa-
cotes. Tem a vantagem, face ao anterior modo de comunicação, de não ser necessária a
reserva de um percurso específico durante o tempo de transmissão. Mas a contrapartida
reside na necessidade de armazenar o(s) endereço(s) em cada pacote.
Na tabela 2.6, as camadas inferiores, mais próximas do nível fixo, são representa-
das na parte de baixo do modelo. Na figura 2.34 ilustra-se a utlização das camadas do
modelo OSI num caso simples da ligação de dois ET através de dois nós de uma rede.
ET A Nó Y ET B
Nó X
Aplicação Aplicação
Apresentação Apresentação
Sessão Sessão
Transporte Transporte
Rede Rede Rede Rede
Lógica Lógica Lógica Lógica
Física Física Física Física
Figura 2.34: Exemplo de aplicação do modelo OSI à comunicação entre dois nós com ET em
cada um (adaptado de (ISO, n.d.)).
simplificada.
HUB
Há dois tipos de HUB: activos e passivos. Este últimos apenas promovem ligações
eléctricas entre as redes. Já os activos, recuperam os dados recebidos e amplificam-nos
antes de os rencaminharem.
Ethernet HUB
Switches
À semelhança dos HUB, os Switches interligam redes Internet mas, enquanto que
os primeiros enviam os dados ou a informação para todos os ramais, os Switches só os
enviam para o porto a que se destinam. Para tal, os Switches necessitsam de conhecer
os MAC address 29 . Os Switches comunicam em full-duplex de modo a que os sistemas
podem comunicar enviando e recebendo informação simultaneamente. Desta forma, em
que se juntam as vantagens do full-duplex e da comunicação ser dirigida ao destinatário
certo, aumenta-se enormemente a eficiência da comunicação. Os Switches operam em
três modos distintos:
• Cut-through Transmission, onde os pacotes de dados são enviados logo que são
recebidos. É um método de comunicação rápido mas que não tem em linha de
conta o controlo dos erros de transmissão;
29
De Media Access Control address (MAC address), que é um identificador único atribuído às inter-
faces de redes.
94 CAPÍTULO 2. INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES
• Store and Forward, onde os pacotes, antes de serem reenviados, são primeiramente
verificados, eliminando-se eventuais erros. Consequentemente, a comunicação fica
mais lenta;
• Fragment Free, onde uma parte substancial do pacote de dados é verificada para
ver se não ocorreram colisões. Após a verificação de ocorrência (ou não) da colisão.
o pacote é reenviado.
Bridges
Uma Bridge é um dispositivo que interliga redes que usam o mesmo protocolo.
Operam na camada da rede do modelo OSI. Serve, por exemplo, para interligar duas
LAN n uma outra LAN mais extensa, usando o mesmo protocolo. Mas as Bridges não
servem apenas para agregar LAN noutras de maior dimensão; podem particionar uma
LAN em LAN de menores dimensões. Há vários tipos de Bridges:
• Source Route Bridge, onde o percurso que os pacotes percorrem depende da in-
formação no próprio pacote. Utilizadas nas Token Ring 30 ;
• Translational Bridge, onde os dados de uma rede são convertidos para o formato
de outra rede. Como exemplo, a ligação de uma Token Ring à Internet e vice-versa
Routers
Gateways
Servem para interligar redes distintas, passando os pacotes de uma rede para os
pacotes da outra rede. Operam traduzindo os protocolos de tocas as camadas de uma
rede para os protocolos das camadas da outra rede, conforme se ilustra na figura 2.35.
Por outro lado, a cada 1{8.000 “ 125 µs é produzida uma nova amostra desse
sinal. Entre cada duas amostras consecutivas do sinal há «espaço» para inserir outras
amostras (igualmente espaçadas de 125 µs), conforme se apresenta na figura 2.36.
Esta sequência de amostras (assinaladas por canal na figura 2.36) constitui uma
trama. A composição de cada trama é a seguinte: o canal no 0 é utilizado para sin-
cronismo de trama; 30 canais de comunicação e 1 canal de sinalização (atribuído ao
canal no 16). Ao todo, teremos 32 canais (dos quais 30 de comunicação), a que cor-
responde um total de 8 ˆ 32 bit, ao ritmo de 8.000 amostras por segundo, perfazendo
8 ˆ 32 ˆ 8.000 “ 2.048.000 “ 2, 048 Mbit/s. O tempo atribuído, dentro de uma trama,
96 CAPÍTULO 2. INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES
LAN 1 LAN 2
7 7
6 6
5 5
4 Router 4
3 3 3
2 2 2
1 1 1
LAN 1 LAN 2
7 7
6 6
5 5
4 4
3 Bridge 3
2 2 2
1 1 1
Uma vez que os canais de comunicação são identificados pelas posições (instantes
de tempo) em cada trama, estamos perante um sistema de multiplexagem temporal ou
2.4. REDES DE COMUNICAÇÕES 97
Bit 0
Bit 7
1 Trama
125 µs
canal 15
canal 16
canal 17
canal 31
canal 0
canal 1
canal 2
canal 3
canal 0
canal 1
canal 2
canal 3
Sinalização 3, 9 µs
Sinalização de Trama
Figura 2.36: Estrutura de uma trama PCM primário a 2, 048 Mbit/s ou E1.
TDM31 .
Por sua vez, esta estrutura E1 pode ser agrupada com outras 3, num multiplexer,
obtendo-se uma estrutura E2, cujo ritmo é de 4 ˆ 2, 048 MB/s “ 8, 192 Mb/s, transpor-
tando 4 ˆ 30 “ 120 canais de áudio. Na realidade, o ritmo de transmissão é de 8, 488
Mb/s pois são acrescentados canais de sinalização e sincronismo. Estas duas hierarquias
podem ser expandidas a mais dois níveis superiores: E3, com 480 canais e 34, 368 Mb/s
e E4, com um total de 1.920 canais (4 ˆ 4 ˆ 4 ˆ 30 “ 1.920), como se indica na figura
2.37.
Por facilidade de visualização, cada célula é suposta ter uma forma hexagonal,
com a estação-base no seu centro, cobrindo uma área de cerca de 0,8 km raio (fora dos
2.5. INTRODUÇÃO À TEORIA DA COMUNICAÇÃO 99
N
ÿ
HpAq fi ppsk q log2 ppsk q (2.21)
k“1
N ÿ
I
ÿ 1
HpX|Y q fi ppxk , yi q log2 (2.22)
k“1 i“1
ppxk |yi q
Teorema de Shanon
Ralph Hartley (1928) lançou as bases para os limites da comunicação sobre canais
ruidosos e Claude Shanon, em 1948, estabeleceu que a capaciade, expressa em bit/s, de
um canal ruidoso de largura de banda B Hz é
S
C “ B ¨ log2 p1 ` q (2.26)
N
onde S é a potência do sinal recebido (suposto na ausência de ruído) e N é a potência
S
do ruído (branco32 e gaussiano33 ) na ausência de sinal; sendo N a relação sinal-ruído.
Num canal binário simétrico34 teremos que a capacidade do canal vem dada por
Erros de Comunicação
Seja, por exemplo, 11000111 a sequência transmitida ; dado que tem um número
ímpar de ”1” atribua-se-lhe um ”0” extra, indicando que é uma sequência com um
número ímpar de ”1”, 110001110. Se a correspondente sequência recebida for, 110101110
imediatamente se verifica ter ocorrido um erro (troca de um ”0” em ”1”) pois passou
a haver um número par de ”1”, pelo que se deveria ter recebido 110101111. Mas este
mecanismo simplificado e elementar de detecção de erro sofre de dois problemas: não se
saber onde ou em que bit ocorreu o erro e não se detectar a troca simultânea de, pelo
menos, dois bit.
COMUNICAÇÃO POR
MODULAÇÃO DE PORTADORAS
103
104 CAPÍTULO 3. COMUNICAÇÃO POR MODULAÇÃO DE PORTADORAS
prática desprezável. Deste modo, a adaptação da antena ao emissor será muito próxima
do teoricamente desejável.
TF 1
xptq ¨ cosp2π fc tq Ø Xpf q ˚ rδpf ´ fc q ` δpf ` fc qs “
TF ´1 2
1
“ rXpf ´ fc q ` Xpf ` fc qs (3.1)
2
Esta equação mostra que, através do produto do sinal xptq por um cosseno, se
obtém um sinal cujo espectro se situa agora em torno de fc , ou seja, um sinal «deslocado»
em frequência. Esta é a essência da modulação de amplitude como iremos detalhar
seguidamente.
e cuja TF é
XAM pf q “ TFrxAM ptqs “
Ac ¨ X
“ rδpf ´ fc `fm q ` δpf ´ fc ´fm q ` δpf ` fc ´fm q ` δpf ` fc `fm qs (3.3)
4
1
Sinal modulante é o sinal que irá modificar a portadora; na modulação em amplitude, o sinal
modulante determina a amplitude instantânea da portadora e constitui-se como a mensagem que se
pretende transmitir.
2
Veremos na sequência que esta modulação é efectivamente um caso especial da modulação de
amplitude, a modulação de banda lateral dupla com supressão da portadora.
3.1. MODULAÇÃO DE AMPLITUDE 105
1 0.8
0.6
0.5
X(f))
0.4
0.2
x(t)
0
0
−100 −50 0 50 100
−0.5
0.8
−1
−0.4 −0.2 0 0.2 0.4 0.6
P(f)
0.4
0.2
1
0
−100 −50 0 50 100
0.5
0.4
Xam(t)
0 0.3
Xam(f)
0.2
−0.5
0.1
−1 0
−0.4 −0.2 0 0.2 0.4 −100 −50 0 50 100
t f
Figura 3.1: Modulação de Amplitude (DSB/SC). À esquerda, sinal modulante (cima) e sinal
modulado (baixo); à direita, os espectros do sinal modulante (cima), da portadora (centro) e do
sinal modulado (baixo). Em todos os gráficos foram utilizados sinais sinusoidais de amplitude
unitária.
1.5 0.8
0.6
1
X(f))
0.4
0.5
0.2
x(t)
0 0
−100 −50 0 50 100
−0.5
0.8
−1
−0.4 −0.2 0 0.2 0.4 0.6
P(f)
0.4
0.2
1.5
0
1 −100 −50 0 50 100
0.5
0.4
Xam(t)
0 Xam(f) 0.3
−0.5 0.2
−1 0.1
−1.5 0
−0.4 −0.2 0 0.2 0.4 −100 −50 0 50 100
t f
Figura 3.2: Modulação de Amplitude (DSB) com portadora. À esquerda, sinal modulante (cima)
e sinal modulado (baixo); à direita, os espectros do sinal modulante (cima), da portadora (cen-
tro) e do sinal modulado (baixo). Em todos os gráficos foram utilizados sinais sinusoidais de
amplitude unitária e considerou-se que o valor médio de xptq foi de 1/3.
Se a componente contínua (valor médio) de xptq for maior do que a sua amplitude
X, o resultado é aquele que se apresenta na figura 3.3.
Esta última situação, em que o valor médio de xptq ą X, resulta numa envolvente
superior do sinal modulado igual ao sinal modulante (à parte um dado factor de escala).
Reescrevamos a equação (3.2), fazendo sobressair o valor médio de xptq, representado
por XDC ,
xAM ptq “ rxDC ` xptqs ¨ pptq “ Ac rxDC ` X cosp2πfm tqs ¨ cosp2π fc tq (3.4)
Se, por hipótese, o sinal modulante tiver valor médio nulo (como é o caso do sinal
3.1. MODULAÇÃO DE AMPLITUDE 107
2.5 1.5
2 1
X(f))
1.5 0.5
x(t)
1 0
−100 −50 0 50 100
0.5
0.8
0
−0.4 −0.2 0 0.2 0.4 0.6
P(f)
0.4
0.2
3
0
2 −100 −50 0 50 100
1
0.8
Xam(t)
0 0.6
Xam(f)
−1 0.4
−2 0.2
−3 0
−0.4 −0.2 0 0.2 0.4 −100 −50 0 50 100
t f
Figura 3.3: Modulação de Amplitude (DSB) com portadora. À esquerda, sinal modulante (cima)
e sinal modulado (baixo); à direita, os espectros do sinal modulante (cima), da portadora (cen-
tro) e do sinal modulado (baixo). Em todos os gráficos foram utilizados sinais sinusoidais de
amplitude unitária e considerou-se que o valor médio de xptq foi de 1,2.
de fala, por exemplo), então, para se obter a modulação correspondente à equação (3.2),
há que adicionar ao sinal modulante um dado valor constante: xDC .
Assim, sempre que xDC ě max |xptq|, teremos uma portadora sub-modulada (mo-
dulação [de amplitude] inferior a 100%); denominando-se a igualdade de modulação de
amplitude a 100%.
Naturalmente que, em situações reais, o sinal modulante não terá uma represen-
tação analítica conhecida, pelo que será preferível representá-lo através de um processo
108 CAPÍTULO 3. COMUNICAÇÃO POR MODULAÇÃO DE PORTADORAS
AM - Modulação de Amplitude
Seja, como anteriormente, pptq uma portadora de frequência fc mas com uma fase
que, para simplificação da análise, se considera nula,
Pode-se mostrar que a densidade espectral do sinal6 XAM ptq vem dada por
1 1
GXAM pf q “ A2C XDC
2
rδpf ´ fc q ` δpf ` fc qs ` A2C rGX pf ´ fc q ` GX pf ` fc qs (3.8)
4 4
resultado este ilustrado na figura 3.4.
0.25
0.2
0.15
Gx(f)
0.1
0.05
0
−1000 −800 −600 −400 −200 0 200 400 600 800 1000
0.35
0.3
0.25
Gam(f)
0.2
0.15
0.1
0.05
0
−1000 −800 −600 −400 −200 0 200 400 600 800 1000
f
Figura 3.4: Modulação de Amplitude (DSB) com portadora. Em cima, densidade espectral de
potência arbitrária do processo modulante de valor médio nulo; em baixo, a densidade espectral
de potência do processo modulado em amplitude. Considerou-se, a título de exemplo, B “ 50
Hz e fc “ 700 Hz.
Esta equação mostra que a modulação em banda lateral dupla com supressão da
portadora tem uma potência inferior à da modulação em amplitude com portadora.
110 CAPÍTULO 3. COMUNICAÇÃO POR MODULAÇÃO DE PORTADORAS
Tabela 3.1: das potências de sinais AM para várias amplitudes de Xptq, sendo XDC “ 1 e
AC “ 1, arredondadas à 2a casa decimal.
Outra forma de encarar este resultado consiste em verificar que, para a mesma potência
à saída do modulador, a modulação em amplitude com portadora terá pior eficiência
do que em DSB/SC pois estar-se-á a desperdiçar energia a enviar um sinal que, por
si só, não contém informação útil. Esta observação será mais adiante desenvolvida
aquando do estudo do desempenho dos sistemas de comunicação baseado em modulação
de portadoras.
pois se for muito alta, não será possível acompanhar as variações do sinal modulado; se
for baixa, o sinal desmodulado irá conter bastantes componentes de alta frequência.
2
Xam(t)
−2
−4
−1 −0.8 −0.6 −0.4 −0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
0
−1 −0.8 −0.6 −0.4 −0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
3
Xd(t)
0
−1 −0.8 −0.6 −0.4 −0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
t
Assim, comecemos por analisar o circuito supondo que o condensador C tem uma
capacidade nula. Neste caso, o circuito constituído pelo díodo e pela resistência promove
uma rectificação do sinal de entrada (sinal modulado), como se mostra na figura 3.6
ao centro (a cor vermelha, o sinal modulante que se supôs sinusoidal). O condensador
112 CAPÍTULO 3. COMUNICAÇÃO POR MODULAÇÃO DE PORTADORAS
C vai carregar-se com a tensão de entrada sempre que a tensão no ânodo do díodo for
superior à tensão do cátodo; se a tensão no ânodo for inferior à tensão no cátodo, o
condensador irá descarregar-se através da resistência.
Assim, e como se mostra na figura 3.6, verifica-se que a envolvente detectada (em
baixo, a cor azul) aparece com uma componente de alta frequência sobreposta que se
poderia tentar eliminar aumentando a constante de tempo do circuito de detecção.
2
Xam(t)
−2
−4
−1 −0.8 −0.6 −0.4 −0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
0
−1 −0.8 −0.6 −0.4 −0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
3
Xd(t)
0
−1 −0.8 −0.6 −0.4 −0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
t
Nestas simulações utilizou-se uma portadora com uma frequência que era cerca
de 25 vezes maior do que a frequência do sinal modulante, enquanto que, nas situações
3.1. MODULAÇÃO DE AMPLITUDE 113
reais, esta relação é superior a 100, permitindo uma detecção mais próxima da ideal.
1
Xam(t)
−1
−2
−1 −0.8 −0.6 −0.4 −0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
−1
−1 −0.8 −0.6 −0.4 −0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
1
Xd(t)
−1
−1 −0.8 −0.6 −0.4 −0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
t
Seja então XAM ptq um sinal AM8 conforme a equação (3.7). Lembremos que o
seu espectro aparece apenas não-nulo numa banda 2B centrada em ˘ fc (sendo fc a
frequência da portadora sinusoidal). Assim, o sinal rectificado (em meia-onda) XM O ptq
7
O díodo ideal não necessita da aplicação de uma tensão de condução. Ou seja, comporta-se como
um curto circuito para tensões positivas aos seus terminais e, quando plorarizado inversamente, como
um circuito aberto.
8
Mais correctamente, um sinal modulado em amplitude.
3.1. MODULAÇÃO DE AMPLITUDE 115
resulta do produto de XAM ptq pela hipotética «portadora local» pL ptq. Como pL ptq
é um sinal periódico, é fácil ver que o seu espectro é (conforme as equações (1.59) e
(1.66))
`8
1 ÿ k
PL pf q “ sincp qδpf ´ k fc q (3.13)
2 k“´8 2
`8
1 ÿ k
“ sincp qXAM pf q ˚ δpf ´ k fc q “
2 k“´8 2
`8
1 ÿ k
“ sincp qXAM pf ´ k fc q (3.14)
2 k“´8 2
Uma vez que o filtro passa-baixo irá eliminar todas as frequências para as quais
se tenha |f | ą B, só os termos da série para k “ ˘1 na equação (3.14) têm interesse
para a desmodulação. Assim, para se obter XD ptq “ Xptq, é necessário que o ganho
2
estático do filtro passa-baixo seja Hp0q “ sincp1{2q “ π4 « 1, 27 se considerarmos uma
amplitude AC unitária para a portadora (AC “ 1).
Figura 3.10: Sistema de Comunicação AM: emissor (modulador) e receptor com detecção coe-
rente.
Este resultado pode ser utilizado com vantagem, pois permite enviar, na mesma
banda de frequências duas mensagens distintas, moduladas com sinais em quadratura
(seno e cosseno) e, no receptor, recuperá-las, como se apresenta no parágrafo seguinte.
9
Considerámos, por questão de generalidade, que a portadora do emissor apresenta uma fase não-
nula na origem de θT X rad.
10
Resultante do termo cosp2π2 fc t ` θT X q
3.1. MODULAÇÃO DE AMPLITUDE 117
Este resultado pode ser explorado com vantagem no envio de duas mensagens ou
sinais no mesmo canal de comunicação se, cada um deles for modulado por portadoras
com a mesma frequência mas desfasadas de π{2, como se apresenta na figura 3.11.
sendo a desmodulação efectuada pelo sistema da figura seguinte, figura 3.12, que é uma
extensão do detector coerente.
Embora tenhamos identificado este sistema de comunicação como sendo uma mo-
dulação de amplitude em quadratura (que, efectivamente, o é), o termo QAM é, na
prática, reservado para formas de modulação mista. Mais adiante, retomaremos esta
questão.
118 CAPÍTULO 3. COMUNICAÇÃO POR MODULAÇÃO DE PORTADORAS
11
TJB, transístor de junção bipolar
12
O microfone de electrect é uma variante do microfone de condensador em que as suas cargas
eléctricas, ao invés de provirem duma fonte de alimentação exterior, residem numa película de mylar
previamente carregada.
13
Em rigor, P1 é, neste circuito, um reóstato e não um potenciómetro
3.1. MODULAÇÃO DE AMPLITUDE 119
3.1.7 Receptores de AM
3.16.
Receptor Super-Heterodino
Comecemos por apresentar duas definições relevantes para este tipo de modulação.
3.2. MODULAÇÃO DE ÂNGULO 123
1 d
F ptq fi Φptq (3.22)
2π dt
ou, de modo equivalente
żt
Φptq “ 2π F pτ qdτ (3.23)
´8
Na figura 3.19 ilsutra-se uma portadora modulada em fase por uma sequência
binária (em cima) e por uma sinusoide (em baixo), tendo-se escolhido Ac “ 3, φ∆ “ π.
−1
−2
−3
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
a)
−1
−2
−3
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
b)
Figura 3.19: Portadora sinusoidal modulada em fase (a cor azul), em a) por uma sequência
binária (a cor vermelha) e em b) por uma sinusoide (vermelho).
żt
XF M ptq “ AC cosp2π fc t ` 2πf∆ xpτ qdτ q (3.26)
´8
Na figura 3.20 ilustra-se uma portadora modulada em frequência por uma sequên-
cia binária (em cima) e por uma sinusoide (em baixo), para Ac “ 3.
3.2. MODULAÇÃO DE ÂNGULO 125
−1
−2
−3
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
a)
−1
−2
−3
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
b)
Figura 3.20: Portadora sinusoidal modulada em frequência (a cor azul), em a) por uma sequên-
cia binária (a cor vermelha) e em b) por uma sinusoide (vermelho).
FM de Banda Estreita
şt şt
“ AC cosp2π fc tq cosp2πf∆ xpτ qdτ q ´ AC senp2π fc tq senp2πf∆ xpτ qdτ q
´8 ´8
(3.27)
Se considerarmos, por hipótese, que a frequência de desvio f∆ é muito reduzida,então,
a equação (3.27) pode ser reescrita como
9
XF M ptq « AC cosp2π fc tq ´ p2πf∆ qAC ¨ Xptq ¨ senp2π fc tq (3.28)
şt
9
onde Xptq “ xpτ qdτ q.
´8
Como se pode ver, estamos perante uma modulação de amplitude (pois a am-
plitude da portadora é «modulada» ou seja, multiplicada, pela mensagem)! Como o
suporte de Xptq é B, logicamente que o suporte de XF M ptq é, à semelhança da modu-
lação em amplitude 2B, pelo que, a largura de banda da modulação de frequência de
banda estreita é 2B.
FM de Banda Larga
No caso geral, ou seja, quando não se verificar que a frequência de desvio é muito
pequena, o processo analítico de obter o espectro do sinal FM é demasiado elaborado
para o carácter generalista desta UC, pelo que se apresenta uma regra de larga aplicação:
Regra de Carson
Na figura 3.21 ilustra-se o espectro do sinal FM modulado por uma sinusoide para
vários valores de ff∆1 X, assinalando-se a cor vermelha a largura de banda dada pela regra
de Carson.
1 1
0.5
0.5
0
0
−0.5
−1 −0.5
−100 −50 0 50 100 −100 −50 0 50 100
2 1
1 0.5
0 0
−1 −0.5
−2 −1
−100 −50 0 50 100 −100 −50 0 50 100
4 2
1
2
0
0
−1
−2 −2
−100 −50 0 50 100 −100 −50 0 50 100
−1
−2 −1 0 1 2 3 4 5
1
−1
−2 −1 0 1 2 3 4 5
100
−100
−2 −1 0 1 2 3 4 5
100
50
0
−2 −1 0 1 2 3 4 5
Figura 3.25: Detecção de FM: de cima para baixo, sinal modulante; sinal modulado em frequên-
cia (FM); sinal após o derivador e, por último, após rectificação de onda completa. Neste último
é bem visível que a sua envolvente corresponde ao sinal modulante.
A utilização prática de ciruitos derivadores coloca problemas pelo que o seu uso
como desmoduladores é pouco mais do que uma «curiosidade de laboratório». Têm
sido utilizados dois tipos de detectores: o discriminador de Foster-Seeley e o detector
de razão (ratio) e que se apresentam na fig. 4.32. Se bem que os pormenores do seu
funcionamento estejam fora do âmbito desta UC, trata-se de dispositivos que aproveitam
a diferença de fase entre enrolamentos dos transformadores quando a frequência do sinal
modulado em FM se desvia da frequência de ressonância fc . Com a divulgação dos
circuitos integrados graças ao seu baixo custo, este tipo de detectores que necessitam de
um fabrico e afinação cuidadosos, têm vindo a ser substituídos por malhas de captura
3.2. MODULAÇÃO DE ÂNGULO 131
de fase, PLL16 .
Figura 3.27: Malha de captura de fase, PLL, onde VCO significa: Voltage Controlled Oscilator.
Nos sistemas de rádio-difusão em FM, o sinal modulante de áudio sofre ainda uma
pré-ênfase (utilização de uma malha passa-alto com uma constante de tempo de 50µs17 ).
No receptor haverá uma filtragem passa-baixo correspondente, com igual constante
de tempo. O resultado deste processo é uma melhoria perceptualmente significativa
na relação sinal/ruído nos receptores de FM. No capítulo seguinte iremos justificar
teoricamente esta filtragem.
17
Este valor para a constante de tempo é o adoptado na Europa, enquanto que, nos EUA é de 75µs.
3.2. MODULAÇÃO DE ÂNGULO 133
0.8
0.6
0.4
0.2
0 2 4 6 8 10 12 14
a)
0.5
−0.5
−1
0 2 4 6 8 10 12 14
b)
Figura 3.29: Exemplo de detecção FM usando PLL: em a) com um sinal modulante janela rec-
tangular e, em b) com um sinal modulante sinusoidal; em ambos os casos, os sinais modulantes
estão a cor azul e os detectados a verde.
0.5
0
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200
Sequencia Binaria
1
−1
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200
ASK
1
−1
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200
FSK
1
−1
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200
PSK
Figura 3.32: Sequência binária ”010011010101” (em cima) e respectivas modulações ASK, FSK
e PSK (de cima para baixo).
18
Ou chaveamento de amplitude, de frequência e de fase, pela mesma ordem.
136 CAPÍTULO 3. COMUNICAÇÃO POR MODULAÇÃO DE PORTADORAS
2-PSK e 4-PSK
`1 se ”00”
x1 ptq ÐÑ (3.33)
´1 se ”11”
`1 se ”01”
x2 ptq ÐÑ (3.34)
´1 se ”10”
e utilizarmos o sistema QAM da figura 3.11, teremos uma constelação M-PSK com M “
4, também conhecida como 4-PSK, conforme se apresenta na figura 3.33, onde o eixo
horizontal representa a componente em fase (corresponde aos cossenos) e o eixo vertical
as componentes em quadratura (correspondendo aos senos). As correspondentes formas
01
0 1 11 00
10
2-PSK 4-PSK
8-PSK
Se, como se indica na tabela 3.2, optarmos por codificar ternos de símbolos através
de umas combinação linear de x1 ptq e x2 ptq, Repare-se que, nestas codificações M-PSM,
Símbolos x1 x2
000 1 0
001 ?1 ?1
2 2
010 - ?12 ?1
2
011 0 1
100 ?1 - ?12
2
101 0 -1
110 -1 0
111 - ?12 - ?12
A tabela 3.2 pode ser apresentada de uma forma em que os saltos (variações) de
fase é limitada a π{4 se abandonarmos a codificação binária e adoptarmos a codificação
de Gray, em que há uma mudança de um único bit entre quaisquer duas palavras
adjacentes desse código, tabela 3.3. A constelação 8-PSK (Gray) é conforme se indica
na figura 3.36, a que correspondem as sinalizações da figura 3.37
138 CAPÍTULO 3. COMUNICAÇÃO POR MODULAÇÃO DE PORTADORAS
1 1
0.5 0.5
0 0
−0.5 −0.5
−1 −1
20 40 60 80 100 20 40 60 80 100
x1 −x1
1 1
0.5 0.5
0 0
−0.5 −0.5
−1 −1
20 40 60 80 100 20 40 60 80 100
x2 −x2
0.8
0.6
0.4
0.2
0
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200
Sequencia Binaria
0.5
−0.5
−1
50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600
PSK
Figura 3.35: Sequência binária ”0100110101” (em cima) e respectiva modulação 4-PSK.
Podemos verificar que, ao compararmos as figuras 3.32, 3.35 e 3.40, ocorre uma
diminuição do tempo necessário para enviar a mesma sequência, fruto do aumento de
complexidade do processo de modulação.
Note-se que este processo, permite utilizar os canais com uma dada largura de
banda de modo muito mais eficiente, uma vez que se aumenta a taxa efectiva de trans-
missão.
Este processo de modulação digital tem variadíssimas variantes mas cujo estudo
sai do âmbito deste trabalho.
140 CAPÍTULO 3. COMUNICAÇÃO POR MODULAÇÃO DE PORTADORAS
011
010
001
110 000
111
100
101
Símbolos x1 x2 sinal
000 1 0 s1
001 ?1 ?1 s2
2 2
011 0 1 s3
010 - ?12 ?1
2
s4
110 -1 0 s5
111 - ?12 - ?12 s6
101 0 -1 s7
100 ?1 - ?12 s8
2
Símbolos x1 x2 sinal
000 ´ 12 ´ 12 s1
001 -1 -1 s2
011 1 -1 s3
1
010 2 - 21 s4
1 1
110 2 2 s5
111 1 1 s6
101 -1 1 s7
100 ´ 12 1
2 s8
3.3. INTRODUÇÃO À MODULAÇÃO DIGITAL 141
1 1
0 0
−1 −1
20 40 60 80 100 20 40 60 80 100
s1=000 s2=001
1 1
0 0
−1 −1
20 40 60 80 100 20 40 60 80 100
s3=011 s4=010
1 1
0 0
−1 −1
20 40 60 80 100 20 40 60 80 100
s5=110 s6=111
1 1
0 0
−1 −1
20 40 60 80 100 20 40 60 80 100
s7=101 s8=100
0.8
0.6
0.4
0.2
0
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200
Sequencia Binaria
1.5
0.5
−0.5
−1
−1.5
50 100 150 200 250 300 350 400
8−QAM
Figura 3.38: Sequência binária ”0100110101” (em cima) e respectiva modulação 8-PSK.
101 111
100 110
000 010
001 011
0.8
0.6
0.4
0.2
0
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200
Sequencia Binaria
1.5
0.5
−0.5
−1
−1.5
50 100 150 200 250 300 350 400
8−QAM
Figura 3.40: Sequência binária ”0100110101” (em cima) e respectiva modulação 8-QAM.
144 CAPÍTULO 3. COMUNICAÇÃO POR MODULAÇÃO DE PORTADORAS
1 1
0 0
−1 −1
20 40 60 80 100 20 40 60 80 100
s1=000 s2=001
1 1
0 0
−1 −1
20 40 60 80 100 20 40 60 80 100
s3=011 s4=010
1 1
0 0
−1 −1
20 40 60 80 100 20 40 60 80 100
s5=110 s6=111
1 1
0 0
−1 −1
20 40 60 80 100 20 40 60 80 100
s7=101 s8=100
INTRODUÇÃO ÀS ANTENAS
As antenas são dispositivos recíprocos, ou seja, tanto adaptam ondas que se pro-
pagam em condutores ao espaço livre (antenas emissoras ou de transmissão) como
1
O conceito de espaço livre inclui (mas não se restringe a) o vácuo.
145
146 CAPÍTULO 4. INTRODUÇÃO ÀS ANTENAS
A maioria das antenas são dispositivos ressonantes, pelo que operam com maior
eficiência para larguras de banda reduzidas.
O ˆ E “ ´ BB
Bt Lei de Faraday
O ˆ B “ µpJ ` 0 BE
Bt q Lei de Ampère-Maxwell
ρ
O¨E “ Lei de Gauss (eléctrica)
O¨B “0 Lei de Gauss (magnética)
(4.1)
sem as quais não é possível a compreensão e estudo das antenas e do seu funcionamento.
2
Para um estudo mais aprofundado sobre antenas, vejam-se, por exemplo, (Jasik, 1961),(Huang &
Boyle, 2008), embora convenha ter previamente conhecimentos de ondas electromagnéticas (Martins &
Neves, 2015).
4.1. PRINCÍPOS DE FUNCIONAMENTO 147
Contudo, podemos tentar dar a noção, sem qualquer rigor, de que o campo eléc-
trico variável tem linhas de força que se fecham sobre si próprias, envolvendo linhas
de força do campo magnético variável; as duas primeiras leis das equações de Maxwell,
equações 4.1. Reparemos que se, quer o campo eléctrico quer o magnético, não fossem
variáveis (logo com derivadas temporais nulas) este mecanismo seria destruído. É este
duplo mecanismo de suporte das linhas de força dos campos E e B que permite a propa-
gação das ondas electromagnéticas sem necessidade de suporte material. Nesta óptica,
(n)a antena vai gerar linhas de força do campo electrico E que progressivamente a vão
abandonando, fechando-se sobre as linhas de B, como sugerido na figura 4.2.
Figura 4.2: Ilustração do funcionamento de uma antena dipólo radiante; a laranja as linhas de
força do campo eléctrico e a verde, do campo magnético.
Polarização
Impedância
F pθ, φq|max
D“ 1 2π π
ş ş (4.6)
4π 0 0 F pθ, φq senpθqdθdφ
ou
1
Di “ 1 2π π
ş ş (4.7)
4π 0 0 F pθ, φq senpθqdθdφ
0.5
−0.5
−1
1
0.5 1
0.5
0
0
−0.5
−0.5
−1 −1
5
A antena isotrópica é uma antena que emite de igual forma (intensidade) para todas as direcções.
150 CAPÍTULO 4. INTRODUÇÃO ÀS ANTENAS
1 1
0.5 0.5
0 0
−0.5 −0.5
−1 −1
1 1
0.5 1 0.5 1
0.5 0.5
0 0
0 0
−0.5 −0.5
−0.5 −0.5
−1 −1 −1 −1
Largura de Banda
4.2.1 Introdução
Nas secções seguintes iremos apresentar diversos tipos de antenas e suas principais
características rádio-eléctricas e aplicações.
152 CAPÍTULO 4. INTRODUÇÃO ÀS ANTENAS
Figura 4.5: Antena de VLF6 operando a 24 kHz com 1,8 MW de potência, diâmetro de 1,9 km.
da baixa eficiência das antenas, o que leva à utilização de potências muito elevadas e
estruturas de suporte dispendiosas.
Dada a sua insensibilidade aos campos eléctricos, estas antenas também são conhe-
cidas por antenas magnéticas. Normalmente, as antenas de quadro têm uma impedância
7
retiradas de, da esquerda para a direita, https://en.wikipedia.org/wiki/Very_low_
frequency#/media/File:Cutler_VLF_antenna_array.png, http://www.thefullwiki.org/Magnetic_
loop e http://www.btv.cz/mla-m em 05 de Agosto de 2015.
154 CAPÍTULO 4. INTRODUÇÃO ÀS ANTENAS
Também são bastante utilizadas antenas em V , rômbicas (figura 4.11) e de banda larga,
figura 4.12.
4.2.6 Antenas de VHF e UHF: dos 30 MHz aos 300 MHz e dos
300 MHz aos 3 GHz
13
Na verdade, cada «Yagi» deste agregado é, por sua vez, um agregado de duas antenas em posições
ortogonais, permitindo a emissão/recepção em polarização simultaneamente horizontal e vertical.
14
retirada de AGI-TV-Antenna-5E-512-.jpg em 5 de Agosto de 2015.
15
retirada de http://www.alphanodehub.com/yahoo_site_admin/assets/images/Vhf_Uhf_
Discone.305104151_large.jpg em 5 de Agosto de 2015.
16
retirada de http://www.army-technology.com/contractor_images/taco/2-taco.jpg em 5 de
Agosto de 2015.
17
retirada de http://antennaproducts.com/wp-content/uploads/2014/04/CRV-2.jpg em 6 de
Agosto de 2015.
4.2. ANTENAS E SUAS CARACTERÍSTICAS RÁDIO-ELÉCTRICAS 157
λ λ
4 4
λ
λ
4
4
> 10 m
18
retirada de https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/67/Kreuzdipolarp.jpg em 5
de Agosto de 2015.
19
retiradas da esquerda para a direita de http://www.militaryaerospace.com/content/dam/
etc/medialib/new-lib/mae/online-articles/2011/05/20272.res/_jcr_content/renditions/
pennwell.web.420.322.jpg e http://radar.kharkov.com/images/pages/11_1.jpg e em baixo de
http://www.ausairpower.net/VVS/Zhuk-AE-Aperture-1S.jpg, em 6 de Agosto de 2015.
20
retirada de http://www.globalspec.com/ImageRepository/LearnMore/20135/
vlaTelescopes90d9a37118a54137a2e5f79f8e8275ca.png em 6 de Agosto de 2015.
158 CAPÍTULO 4. INTRODUÇÃO ÀS ANTENAS
21
retiradas, da esquerda para a direita, de http://www.ahsystems.com/catalog/data/info/
ocSAS-574.jpg, https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/5a/Hogg_horn_
antennas.jpg/300px-Hogg_horn_antennas.jpg e, em baixo, de http://admin.mb21.co.uk/tx/
userimages/7326orig.jpg, em 6 de Agosto de 2015.
4.2. ANTENAS E SUAS CARACTERÍSTICAS RÁDIO-ELÉCTRICAS 159
• linha de transmissão;
• cabo coaxial;
• guia de onda.
Cada uma destas formas distingue-se das restantes pelas suas características físicas
(forma, dimensões, construção) e electromagnéticas (impedância característica, perdas),
sendo a sua utilização dependente de vários factores.
Linhas Bifilares
Uma linha bifilar é constituída por dois condutores metálicos afastados de uma
certa distância que se supõe constante, figura 4.21
ε , µ ,σ d
2a
As linhas bifilares utilizam-se como linhas de transmissão simétricas que vão dos
emissores ou receptores até às antenas e a sua principal vantagem é terem perdas infe-
riores aos cabos coaxiais. Mas apresentam algumas desvantagens, entre as quais terem
23
retirados de http://w4neq.com/img/openwire.jpg, http://www.eham.net/data/articles/
27400/N4JTE-12-21-11_1.jpg e http://www.dtsohio.com/73cnc/images/LadderSnap-Wire.jpg em
7 de Agosto de 2015.
166 CAPÍTULO 4. INTRODUÇÃO ÀS ANTENAS
Na figura 4.22, em cima à direita, apresenta-se uma linha cujo dieléctrico é in-
terrompido periodicamente ao longo do seu percurso. Esta construção pretende insen-
sibilizar a linha às variações de impedância resultantes das acumulação de gelo sobre
o dieléctrico. Efectivamente, o dieléctrico, além de influenciar a impedância da linha,
também apresenta perdas.
120 d d
Z0 “ ? cosh´1 « 276 log10 rΩs (4.8)
2a a
Cabos Coaxiais
ε , µ ,σ d
a
b
Figura 4.23: Diagrama de um cabo coaxial, secção recta, em que a é o raio do condutor interior
e b do condutor (cilíndro oco) exterior.
4.3. LIGAÇÃO A ANTENAS 167
24
retirado de https://en.wikipedia.org/wiki/File:RG-59.jpg em 8 de Agosto de 2015.
25
retirados de http://s3.trianglecables.com.s3.amazonaws.com/images/catalog/product/
168 CAPÍTULO 4. INTRODUÇÃO ÀS ANTENAS
Microstrip
400-n-male-ra-n-male.jpg e http://www.eham.net/data/articles/27400/N4JTE-12-21-11_1.jpg
e http://w4neq.com/img/low_loss_coax.jpg em 8 de Agosto de 2015.
4.3. LIGAÇÃO A ANTENAS 169
a
Tabela 4.2: dos parâmetros de algumas linhas de transmissão, onde Rs “ ωµ{p2σq e L’ext “
R1 {ω.
ε , µ ,σ d ε , µ ,σ d
ε , µ ,σ d
a 2a
b a
d b
Parâmetro
2π π
C’ [F/m] lnpb{aq lnpd{aq ab
σd 1 σd 1 σd 1
G’ [S/m] C C C
µ µ
L’ext [H/m] 2π ln ab π ln ad µ ab
Rs 1 Rs 2Rs
R’ [Ω/m] 2π p a ` 1b q πa b
Δz Δz
1
c“ ? rm{ss (4.14)
L1 C 1
c
L1
Z0 “ rΩs (4.15)
C1
170 CAPÍTULO 4. INTRODUÇÃO ÀS ANTENAS
Nos cabos coaxiais, que são utilizados comummente para ligar componentes em
RF até frequências de 3 GHz, as perdas podem assumir valores elavados. Por exemplo,
um cabo com uma atenuação de 3 dB por cada 100 m para uma frequência de 100 MHz,
apresentará, para a mesma distância, uma atenuação de 10 dB a 1GHz e 50 dB a 10
GHz, tornando-se claramente inútil. Além disso, se a 100 MHz pudesse transportar 1
kW de potência, a 2 GHz apenas poderia suportar 200 W devido ao aquecimento do
dieléctrico e dos condutores. Apesar destes inconvenientes, há cabos coaxiais que, a
curtas distâncias, podem operar até aos 40 GHz.
1 c
fc “ ? “ (4.16)
2a µ 2a
onde a é a dimensão segundo o eixo dos x no caso de guias rectangulares, figura 4.28 à
esquerda, ou
1, 8412 c
fc “ ? “ 1, 8412 (4.17)
2πa µ 2πa
no caso de guias circulares, onde a é o raio interior (figura 4.28 à direita), operam como
filtros passa-alto.
b
a
a
flange
flange
a) b)
TEmn ), podem ser obtidas pela respectiva solução com m, n P N ` t0u na equação
mπ 2 nπ 2πf 2
p q ` p q2 “ p q (4.18)
a b c
para um guia rectangular. Repare-se que a equação (4.16) resulta precisamente da
equação (4.18), fazendo m “ 1, n “ 0, ou seja, trata-se do modo TE10 . Há outros
modos de propagação, sempre com o campo nulo segundo o eixo z, em que são as linhas
de força do campo magnético a serem paralelas ao lado a do guia, modos TM e cujas
frequências de corte são, à semelhança dos modos TE,
c
mn c m n
fc “ p q2 ` p q2 (4.19)
2 a b
sendo que os modos TM0n e TMm0 não existem.
Podemos ver, a partir da coluna da direita da tabela 4.3 que a maior largura de
banda (6,918 GHz) ocorre entre os modos TE02 e TE21, pelo que este guia poderia
operar nas frequências de 16,703 GHz a 23,622 GHz.
Tabela 4.3: dos modos TE e TM e das respectivas frequências de corte, para um guia de onda
a “ 1” e b “ 1{2”.
Definição: Dipólo diz-se, como o seu próprio nome indica, de uma antena consti-
tuída por um único elemento radiante, disposto em duas secções, não necessariamente
com a mesma dimensão, como se ilustra na figura 4.29. O dipólo é «alimentado» onde
o elemento radiante está seccionado ou seja, onde as duas secções começam e estas não
precisam de ser lineares.
Dipólo Curto
λ
l <<
2
90 1.5 90 1
120 60 120 60
0.8
1
0.6
150 30 150 30
0.4
0.5
0.2
180 0 180 0
elevação azimute
90 2 90 1
120 60 120 60
1.5
0.5
180 0 180 0
elevacao azimute
Figura 4.32: Diagrama de radiação do dipólo de meia onda, a cor vermelha, e do dipólo curto
(azul).
O dipólo dobrado (folded dipole), figura 4.33, é uma antena bastante utilizada
e tem propriedades semelhantes à do dipólo de meia-onda, seja a directividade, seja o
ganho. Contudo, a sua impedância é, na ressonância, de valor resistivo, sendo aproxi-
madamente de 292 Ω o que corresponde a quatro vezes a do dipólo de meia-onda.
4.4.3 Monopólos
33
acedidos em http://www.atcs-bf.com/image/antennes/11-Half-wave_Folded_Dipole_Ant.jpg
e http://www.marwynandjohn.org.uk/GM8OTI/proj23cm15eleyagi/DL6WU23cm15ele2.jpg.
34
retirados de https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6b/Antenne_gp_vhf_3.jpg,
de http://1313poppy.home.comcast.net/~1313poppy/easytuneantenna/EBAYAN3.jpg e de http://
www.ahsystems.com/catalog/data/info/oc551.jpg, respectivamente, acedidos em 6 de Agosto de
2015.
4.4. EXEMPLOS DE ANTENAS 177
32
D“ sen3 pθq (4.20)
3π
e que se representa na figura 4.36.
Esta antena, de simples e baixo custo de construção, sendo uma antena direc-
cional, permite ganhos relativamente elevados, com valores típicos maiores do que 10
dB. Normalmente são utilizadas nas bandas de HF a UHF (figura 4.37, embora a sua
largura de banda seja reduzida.
35
retirado de https://www.scmsinc.com/uploads/ecomm/ca7-460a.jpg em 7 de Agosto de 2015.
178 CAPÍTULO 4. INTRODUÇÃO ÀS ANTENAS
Figura 4.34: Exemplos de monopólos de quarto de (comprimento de) onda situado sobre radiais
(à esquerda e ao centro) e sobre um plano condutor, à direita34 .
Monopólo λ
Cabo coaxial 4
Plano de terra
Imagem da antena
Uma das formas de aumentar a largura de banda destas antenas passa pela utiliza-
ção de elementos «cilíndricos» que, na prática, podem apresentar outras configurações,
figura 4.40.
O ganho de uma Yagi-Uda, face à antena isotrópica, pode ser obtido a partir do
número Nd de directores,
G « 1, 66 ˆ Nd (4.21)
ou, em dB,
G « 2, 2 ` 10 log10 Nd rdBis (4.22)
36
retirada de https://www.emcos.com/images/Applications/App_Naval2_Yagi_Uda_Antenna_
Design.gif em 5 de Agosto de 2015.
37
retirada de http://personal.ee.surrey.ac.uk/Personal/D.Jefferies/jpgpics/
bb-yagi-vert-040412.jpg em 7 de Agosto de 2015.
38
O número de elementos refere-se ao número de directores.
180 CAPÍTULO 4. INTRODUÇÃO ÀS ANTENAS
90 4 90 4
120 60 120 60
3 3
150 2 30 150 2 30
1 1
180 0 180 0
elevacao azimute
Figura 4.36: Diagrama de radiação do monopólo de quarto de (comprimento de) onda situado
sobre um plano de terra infinito, a cor vermelha, e do dipólo de meia-onda (azul).
D2 S
G « 6, 2 ˆ N ˆ (4.23)
λ3
onde D é o diâmetro da hélice, N o seu número de espiras e S o seu espaçamento. A
largura do feixe é
λ3{2
ψ « 52 ˆ ? ro s (4.24)
D N ¨S
Antena de Beverage
Na sua forma mais simples, esta antena consiste num condutor paralelo ao solo,
distante dele bastante menos do que o comprimento de onda, cujo comprimento pode
ser bastante elevado, atingindo, nalguns casos, várias centenas de metros. Quando
terminadas (resistivamente), apresentam características unidireccionais e, em vazio, bi-
direccionais. São usadas normalmente em recepção, devido à sua muito baixa eficiência,
figura 4.43, resultado de uma resistência muito baixa (« 0, 1 Ω).
4.4. EXEMPLOS DE ANTENAS 183
Antena em V
Estas antenas, de largura de banda apreciável (a mesma antena pode ser operada
dos 8 MHz aos 30 MHz, por exemplo), têm características marcadamente direccionais,
figura 4.45.
42
NVIS, de Near Vertical Incidence Sky Wave
43
retirado de http://www.antenna.be/image/svaz.gif e http://www.antenna.be/image/svel.
gif, em 7 de Agosto de 2015.
184 CAPÍTULO 4. INTRODUÇÃO ÀS ANTENAS
Figura 4.41: Diagrama de radiação (plano E) de uma antena Yagi-Uda de seis directores, na
posição vertical39 .
Antena Rômbica
A antena rômbica pode ser encarada como resultante de duas antenas V, uma
invertida em relação à outra, formando um losango ou rombus, figura 4.46. São também
antenas de boa largura de banda e direccionais. O seu projecto é complexo, mas na
prática, resume-se a dois critérios: o do alinhamento e do campo máximo. Na tabela 4.4
apresentam-se as equações de dimensionamento de uma antena rômbica(Bakshi et al. ,
2009), isto é, a determinação da sua altura h em relação ao solo, do comprimento L de
cada braço, em função dos dois critérios, sendo o ângulo ϕ “ 90 ´ β, sendo β o ângulo
do máximo do lobo principal.
Figura 4.42: Diagrama de uma antena helicoidal, sendo B o eixo de apoio central, C o cabo
coaxial de alimentação, E o isolador de suporte da hélice e S o elemento condutor radiante40 .
Cabo 75 Ω
Receptor
Carga
2θ resistiva
Carga
resistiva
Suporte
Figura 4.44: Diagrama esquemático de uma antena em V terminada com cargas resistivas.
necessárias, são apenas exequíveis para SHF ou UHF. As suas vantagens são o baixo
custo, facilidade de interligação com a electrónica.
Cornetas Electromagnéticas
10:1 (por exemplo, dos 3 GHz aos 30 GHz) e de alto ganho (10 dB a 20 dB podendo,
nalguns casos, atingir os 25 dB). São também usadas para «alimentar» reflectores.
A teoria das antenas de corneta, bem como das antenas em geral, é bastante com-
plexa. As equações seguintes resultam de uma simplificação mas ou menos aproximada
da realidade e destinam-se apenas a ilustrar alguns conceitos.
2ϕ
linha dissipativa h
linha de transmissão
Reflectores Parabólicos
Como se pode constatar, para reflectores de grandes dimensões, os feixes são muito
estreitos o que implica a utilização de sistemas de posicionamento de alta precisão.
4.4. EXEMPLOS DE ANTENAS 189
L
Linha de transmissão Antena Dieléctrico
Plano de terra
(cobre)
Este tipo de antenas é utilizado para frequências dos 300 MHz aos 24 GHz e
consiste em fendas ou cortes em superfícies condutoras ou até em guias de onda, figura
4.49.
Tabela 4.5: dos ganhos G (em dBi) e da largura ψ do feixe (em o ) de parabolóides reflectores
para λ “ 0, 1 m, em função do seu diâmetro D.
D (cm) G [dBi] ψ [o ]
100 26,9 7,0
150 30,5 4,7
200 33,0 3,5
250 34,9 2,8
300 36,5 2,3
46
retirados, em cima, de http://www2.l-3com.com/randtron/img/slotpanel.JPG e, em baixo, de
http://www.radartutorial.eu/06.antennas/pic/schlitzstrahler6.png, em 7 de Agosto de 2015.
4.4. EXEMPLOS DE ANTENAS 191
INTRODUÇÃO À RÁDIO
PROPAGAÇÃO
5.1 INTRODUÇÃO
Nas secções seguintes iremos tentar apresentar, sempre de forma muito simplifi-
cada, a propagação em diversas situações características.
Mas, antes, façamos uma resenha dos modos de propagação em função da frequên-
cia de trabalho.
• VLF
193
194 CAPÍTULO 5. INTRODUÇÃO À RÁDIO PROPAGAÇÃO
• LF
Dada a sua baixa dependência das condições ionosféricas, estas ondas são utili-
zadas nas comunicações e ajudas à navegação (navios e aeronaves). No entanto,
já são demasiado absorvidas na água salgada, pelo que não são adequadas nas
comunicações com submarinos.
• MF
• HF
Como o seu próprio nome indica, nesta situação, apenas se consideram as duas an-
tenas (a de emissão e a de recepção) isoladas de quaisquer corpos ou campos que possam
perturbar as ondas electromagnéticas que se propagam. Neste caso, consideram-se as
antenas como sendo pontuais (quando a sua dimensão é muito inferior ao comprimento
de onda) e omnidireccionais, pelo que as ondas se propagam como ondas esféricas.
d
Ar
Pr |dBW “ Pt |dBW ` Gt |dB ` Gr |dB ´ 21, 984 ` 20 ¨ log10 pλq ´ 20 ¨ log10 pdq (5.6)
Pr |dBm “ Pt |dBm ` Gt |dB ` Gr |dB ´ 21, 984 ` 20 ¨ log10 pλq ´ 20 ¨ log10 pdq (5.7)
Naturalmente que os ganhos das antenas, sendo adimensionais, serão apenas expressos
em dB.
Pr |dBm “ Pt |dBm `Gt |dB `Gr |dB ´32, 44´20¨log10 pf rM Hzsq´20¨log10 pd rkmsq (5.9)
Pr |dBm “ Pt |dBW `Gt |dB `Gr |dB ´2, 44´20¨log10 pf rM Hzsq´20¨log10 pd rkmsq (5.10)
Podemos verificar que, a 100 MHz e apenas a 10 km, a potência recebida é cerca
de 570 pW (valor correspondente aos -32,44 dBm , 0,00057 mW ou 0,57ˆ10´6 W), um
valor realmente muito reduzido.
a
r “ k ˆ T ˆ R ˆ ∆f rV s (5.11)
A atmosfera terrestre é uma camada de gases que circulam o nosso planeta, retidos
pela gravidade. A sua composição é essencialmente azoto (nitrogénio) com 78, 09 %,
incluindo 20, 95 % de oxigénio, 0, 93 % de árgon, , 039 % de dióxido de carbono, etc.
Contém ainda vapor de água, em quantidades variáveis, entre os 1 % junto ao mar e os
0, 4 % no geral da atmosfera.
Cerca de 3{4 da sua massa total (5, 15 ¨ 1018 kg) estão situados numa coroa de
11 km de espessura. Naturalmenre que, com a dimunuição da gravidade, a atmosfera
vai ficando cada vez mais rarefeita com a altitude, considerando-se como limite, uma
altitude de cerca de 100 km (a linha de Kármán).
8000
6000
4000
2000
−2000
−4000
−6000
−8000
−8000 −6000 −4000 −2000 0 2000 4000 6000 8000
Figura 5.2: Do lado esquerdo, a Terra vista da Apolo 171 e do lado direito, a preto, a corres-
pondente superfície da Terra; a azul, a troposfera e a vermelho, a órbitra da estação espacial
internacional, ISS, situada a 400 km de altitude.
• Mesosfera, entre os 50 e os 80 km
1
retirada de https://pt.wikipedia.org/wiki/Atmosfera_terrestre#/media/File:The_Earth_
seen_from_Apollo_17.jpg, 20 de Agosto de 2015.
5.3. PROPAGAÇÃO NA SUPERFÍCIE TERRESTRE 199
• Estratosfera, entre os 12 e os 50 km
• Troposfera, entre os 0 e os 12 km
Ionosfera
Durante o dia, a atmosfera recebe radiação solar, pelo que apresentar-se-á mais
ionizada do que durante a noite. Este facto explica, por exemplo, o desaparecimento
nocturno da camada mais baixa, a camada D (figura 5.4). É fácil de prever que as
2
retirada de http://sidstation.loudet.org/ionosphere-en.xhtml em 21 de Agosto de 2015.
200 CAPÍTULO 5. INTRODUÇÃO À RÁDIO PROPAGAÇÃO
Absorção na Atmosfera
Chuva Forte
Nevoeiro e Nuvens
Absorção Molecular
Chuva Moderada
do solo na propagação. Por sua vez, o terreno6 também influencia a propagação das
ondas de rádio quer seja através da sua absorção ou da sua reflexão que, tal como a
radiação visível, pode ser especular ou difusa; neste caso dá origem à difusão das ondas
(scattering).
Rg T
onde H “ Matm gm , é a altura efectiva da atmosfera7 , sendo Matm “ a sua massa
6
Naturalmente que a palavra «terreno» deve, neste contexto, ser tomada em sentido lato pois pode
referir a superfície aquática.
7
Um valor típico para H é de cerca de 7,35 km.
204 CAPÍTULO 5. INTRODUÇÃO À RÁDIO PROPAGAÇÃO
distância percorrida
h
horizonte
horizonte
visual
rádio
raio da
Terra
Nas frequências mais baixas, com especial incidência até cerca dos 30 MHz (VLF,
LF, MF e HF), as ondas de rádio seguem trajectórias marcadamente curvilíneas (figura
5.7, a tracejado vermelho), acompanhando o contorno da Terra, na interface entre o
solo e ionosfera (onda de solo).
1
re “ k ¨ rT 6 k“ (5.14)
1 ` rT Bn
Bh
distância percorrida
h
horizonte
rádio
raio da
Terra
modificado
Figura 5.8: Propagação das ondas de rádio na troposfera com raio da Terra corrigido
50
45
40
35
30
Distância [km]
25
20
15
10
0
0 5 10 15 20 25 30
Altura da outra antena [m]
Figura 5.9: Distância de comunicação, em km, entre duas antenas em função da altura da
segunda antena para várias alturas da primeira antena (de baixo para cima): 0 m, 1,8 m, 5 m,
10 m, 20 m e 30 m. A cor azul assinalam-se as distâncias de comunicação para o raio da Terra
modificado (8.500 km) e a vermelho para o raio da Terra (6.370 km).
chegarão à antena receptora com fases diferentes. Esta diferença de fase ∆φ valerá
∆d
|∆φ| “ 2πf0 6 ∆d “ |d ´ pd1 ` d2 q| (5.17)
c
sendo f0 a frequência de trabalho e c « 3 ¨ 108 a velocidade de propagação da onda.
Para termos uma noção da importância desta desfasagem, e como pode ser influenciada
pela frequência da onda, suponha-se que temos duas antenas situadas a 100 m do solo e
distantes uma da outra de 10.000 m. Nestas condições, os raios reflectidos percorrerão
10.002 m, ou seja, apenas mais dois metros do que o percurso directo! É fácil de ver que
esta diferença de percurso pode corresponder a vários comprimentos de onda (UHF).
Naturalmente que as duas ondas, na recepção, irão interferir uma com a outra, po-
dendo ou resultar na (quase) anulação do sinal recebido ou, dependendo da desfasagem,
reforçar mesmo o sinal recebido. Contudo, se a reflexão ocorrer sobre uma superfície
móvel (o mar, por exemplo) iremos ter um sinal recebido que sofrerá atenuações de
carácter aleatório, comprometendo a qualidade da comunicação. Mais adiante parti-
cularizaremos este assunto no caso da comunicação entre uma estação emissora fixa e
duas aeronaves (movendo-se uma na vertical e outra na horizontal).
ou
Pr |dBW “ Pt |dBW ` Gt |dB ` Gr |dB `
Então, pelo exposto, para que duas antenas se considerem comunicando em es-
paço livre, bastará elevá-las de forma a que o 1o elipsóide se situe acima dos obstáculos
do percurso, figura 5.13. Repare-se, nesta figura, que a comunicação com a antena a cor
vermelha será muito difícil pois encontra-se completamente ocultada pelo relevo. Esta
antena está situada na zona de «sombra» pelo que a deterninação teórica do campo elec-
tromagnético recebido é praticamente impossível, dadas as diversas condicionamentes à
propagação.
Nem sempre é possível colocar as antenas a uma altura adequada para, com o
relevo existente, garantir que o elipsóide de Fresnel se encontra completamente desim-
pedido. Então, para efeitos práticos, admite-se que basta garantir o desimpedimento de
cerca de 50% do raio do elipsóide.
12
Ou, em alternativa, comunicar a distâncias suficientemente curtas para que a curvatura da Terra
não seja significativa.
5.3. PROPAGAÇÃO NA SUPERFÍCIE TERRESTRE 211
Figura 5.10: Atenuação das ondas de rádio na troposfera em função da frequência, sobre água
salgada10 .
212 CAPÍTULO 5. INTRODUÇÃO À RÁDIO PROPAGAÇÃO
d1 d2
A B
R
P
d1 d2
Figura 5.12: Definição dos elipsóides de Fresnel na comunicação entre duas antenas.
R
h1 Simulação
do relevo
h2
d1 d2
À onda «devolvida» chama-se, pela sua proveniência, onda de céu (sky wave).
13
retirada de http://radiojove.gsfc.nasa.gov/education/educ/radio/tran-rec/exerc/iono.
htm em 21 de Agosto de 2015.
214 CAPÍTULO 5. INTRODUÇÃO À RÁDIO PROPAGAÇÃO
Para que haja uma reflexão das ondas electromagnéticas na(s) camada(s) da io-
nosfera é necessário que se cumpram alguns requisitos, sem o que as ondas se afastarão
para o espaço exterior, após sofrerem desvios mais ou menos pronunciados, consequência
da refracção.
Na figura 5.15 assinalam-se vários percursos para as ondas de rádio emitidas pela
14
A ionização consiste em retirar electrões aos átomos e a recombinação ocorre quando os electrões
regressam às suas «órbitas» iniciais.
15
Também conhecida por camada de Kennelly-Heaviside, pois foram quem inicialmente propôs a sua
existência.
5.4. PROPAGAÇÃO POR ONDA DE CÉU 215
Ca
m
ad
a
E
Limite 2
onda de Ca
1 solo Zona m m
orta ad
3 a
D
Skip-distance
antena. Por exemplo, assinala-se com (1) o percurso da onda de solo, com (2) o percurso
de uma onda que se reflectiu na camada D. Contudo, se o ângulo de fogo (elevação) da
radiação for superior a um dado valor limite (que depende da frequência, entre outros
factores), a radiação atravessa, embora atenuada e deflectida, essa camada após o que
incide na camada seguinte e, se o ângulo de incidência for adequado, poderá ser reflectida
de volta para a Terra, percurso (3). Contudo, se os ângulos de incidência nas diferentes
camadas forem sempre superiores aos respectivos ângulos críticos, a onda atravessará
essas camadas, perdendo-se no espaço, percurso (4).
Definição: Frequência Crítica (fc ) como sendo a mais alta frequência que, na
vertical, pode ser reflectida de volta à Terra. Se, numa incidência vertical, f ą fc não
216 CAPÍTULO 5. INTRODUÇÃO À RÁDIO PROPAGAÇÃO
Camada de ionosfera
θi
nte
rai
ide
or
inc
efl
ec
o
hv
rai
tid
o
θc
Terra
há comunicação via-ionosfera.
fc
MUF “ (5.25)
cospθi q
Definição: Ângulo Crítico (θc ) como sendo o ângulo θ tal que se θ ą θc não há
reflexão na ionosfera.
5.5. RADAR 217
5.5 RADAR
(usando antenas direccionais de alto ganho) que viajam até encontrarem um alvo (a cor
verde na figura 5.17), reflectindo-se, regressando uma parte dessa energia na direcção
da antena que, entretanto, passou a receptora (a vermelho na mesma figura).
Pt ¨ G
Px “ Pt ˆ σr “ σr (5.27)
4πd2
e, obviamente, ao viajar o percurso inverso, chegará à antena de RADAR com uma
potência
Pt ¨ G 1
Pr “ σ ¨
2 r 4πd2
¨A (5.28)
4πd
looomooon
Px
sendo A a área ou secção rádio da antena e que, como já vimos (equação (5.4)),
λ2 G
A“ (5.29)
4π
resultando em
σ
P r “ P t ¨ G2 λ 2 rW s (5.30)
p4πq3 d4
da qual deriva a célebre equação do Radar,
d
Pt G2 λ2 σ
d“ 4 ¨ (5.31)
Pr p4πq3
Supondo que a mínima potência recebida para detectar um alvo é Pd , teremos que a
máxima distância de detecção virá
d
Pt G2 λ2 σ
dmax “ 4 ¨ (5.32)
Pd p4πq3
d
4 Pt G2 λ2 σ 1
d“ ¨ ¨ (5.33)
Pr p4πq3 Lx
Vejamos na figura 5.18, por exemplo, como a secção radar do alvo (σ) influencia a
distância de detecção, r, pelo que consideraremos que a potência mímina de detecção é
Pd “ 10´12 W (cerca de 30 dB acima da potência do ruído térmico), o ganho da antena
G “ 30 dB (G “ 1000) para uma frequência de 3 GHz.
5.5. RADAR 219
120
100
80
60
40
20
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Figura 5.18: Distância de detecção, em km, em função da secção radar do alvo (eixo das
abcissas, em m2 ), para as potências de emissão de 1 kW, 5 kW, 10 kW e 50 kW, de baixo para
cima.
∆t
ralvo “ c ¨ (5.34)
2
Note-se que o atraso sofrido pelo impulso contabiliza a propagação até ao alvo e o seu
regresso à antena; daí termos que dividi-lo por dois.
220 CAPÍTULO 5. INTRODUÇÃO À RÁDIO PROPAGAÇÃO
Nos exemplos que iremos dar considerámos, por questões de simplicidade ana-
lítica, que a Terra é plana17 e que a superfície do solo é um reflector perfeito (toda a
onda recebida é reflectida segundo uma única direcção).
Convém ter presente que as simulações que iremos apresentar apenas nos poderão
dar uma ideia aproximada da realidade. Por exemplo, não considerámos os efeitos da
ondulação que, seguramente, anulam a hipótese de se considerar uma superfície plana
de reflexão. Por sua vez, há sempre absorção de energia no solo (ou na superfície do
mar), pelo que os fenómenos de interferência destrutiva não serão tão pronunciados. A
interferência a que nos aludimos, resulta de termos (pelo menos) dois percursos para
as ondas de rádio: um que corresponde à propagação livre e outro à onda reflectida.
Ora, chegando duas ondas à mesma antena de recepção com fases diferentes, haverá
interferência entre elas. Assim, se a desfasagem relativa das ondas for próximo dos π
radianos, o resultado será numa acentuada diminuição do sinal recebido e, pelo contrário,
se for próximo dos 0 radianos, resultará no seu reforço.
O problema que iremos apresentar incide sobre a comunicação entre uma embar-
cação e uma aeronave que, para efeitos demonstrativos, se supõe mover exclusivamente
na vertical (helicóptero), figura 5.19.
17
A validade desta aproximação depende, entre outros factores, da distância considerada.
18
retirado de http://xmp.com.pt/inteligenciaeconomica/wp-content/uploads/2011/04/
vasco-da-gama.jpg em 20 de Agosto de 2015.
5.6. COMUNICAÇÃO ENTRE MEIO NAVAL E AERONAVES 221
e uma vez que, numa superfície lisa, o ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão,
r1 é dado por
h1
r1 “ ¨r (5.39)
h ` h1
d1
d2 h
h d
1 3
r
r
1
O problema que iremos agora apresentar incide sobre a comunicação entre uma
embarcação e uma aeronave que, para efeitos demonstrativos, se supõe mover na hori-
zontal a altura do solo constante.
2500
2000
1500
1000
500
0
50 55 60 65 70 75 80 85 90
2500
2000
1500
1000
500
0
65 70 75 80 85 90 95 100 105
Figura 5.21: Atenuação da onda no receptor, em dB (eixo das abcissas) em função da altura
h, no eixo das ordenadas, para f “ 34, 75 MHz (em cima) e f “ 156, 625 MHz (em baixo). As
curvas a cor azul correspondem a r “ 500 m e, a vermelho, a r “ 1.500 m.
5.6. COMUNICAÇÃO ENTRE MEIO NAVAL E AERONAVES 225
−55
−60
−65
−70
−75
−80
−85
−90
−95
−100
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000
−65
−70
−75
−80
−85
−90
−95
−100
−105
−110
−115
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000
Figura 5.22: Intensidade (dB) da onda no receptor em função da distância à aeronave para
f “ 34, 75 MHz (gráfico de cima) e f “ 156, 625 MHz (gráfico dae baixo). As curvas a cor azul
correspondem a uma altura h1 “ 500 m e, a vermelho, a h1 “ 5.000 m.
226 CAPÍTULO 5. INTRODUÇÃO À RÁDIO PROPAGAÇÃO
Apêndice A
227
228 APÊNDICE A. TABELAS DO CÓDIGO ASCII (8 BIT)
INTRODUÇÃO AOS
SOFTWARE-DEFINED RADIO
B.1 INTRODUÇÃO
231
232 APÊNDICE B. INTRODUÇÃO AOS SOFTWARE-DEFINED RADIO
Geralmente, estes modos de operação não são necessários estarem todos presentes
nos SDR, mas é usual aparecerem mais do que um. Em conclusão, o objectivo deste
apêndice é o de apresentar, ainda que resumidamente, os SDR.
Amplificador
Amplificador
Modulador de Frequência Desmodulador
de RF
Intermédia
Oscilador
Local
Uma primeira conclusão que se pode tirar deste receptor é a sua enorme comple-
xidade electrónica o que, naturalmente, condiciona a sua versatilidade. O aparecimento
dos SDR veio, precisamente, colmatar esta limitação.
T 1 : Teorema da Amostragem
Seja um processo X ptq passa-baixo com suporte em r´B, Br; é possível amostrar
este processo sem qualquer perda de informação se for utilizado um ritmo de amostragem
igual ou superior a 2ˆB, ou seja, a frequência de amostragem deve obedecer a fs ě 2ˆB.
˝
234 APÊNDICE B. INTRODUÇÃO AOS SOFTWARE-DEFINED RADIO
Mas, se o processo não tiver as características enunciadas, sabemos que ocorre uma
sobreposição de zonas do espectro, fenómeno conhecido por aliasing. Este fenómeno
pode, contudo, ser de bastante utilidade como iremos ver! Continuemos a supor que o
suporte de GX pf q é no intervalo r´B; Bs e que estamos perante uma amostragem ideal,
em que uma dada função amostra do processo de entrada é multiplicado por um pente
de Diracs:
`8
ÿ
xa ptq “ xptq ˆ δpt ´ kTs q (B.1)
k“´8
Suponha-se agora que, como se indica na figura B.4 a), o processo de entrada é um
processo passa-banda, com suporte em sA; Bs. Pelo teorema da amostragem teríamos
de amostrar este sinal a um ritmo r ě 2B; ora este ritmo, para muitas aplicações em
telecomunicações seria demasiado elevado para os processadores digitais disponíveis.
GX(f)
-B -A A B
-f c fc f
a)
GX(f)
a 1ª zona de Nyquist
GX(f)
-B -A A B
-f c fc f
a)
GX(f)
a 1ª zona de Nyquist
Podemos verificar que, face à figura B.4, ocorreu uma inversão de frequências na
1a zona de Nyquist. Esta inversão de frequências pode ser facilmente corrigida por
software, bastando para tal inverter a polaridade das amostras ímpares, por exemplo1 .
do sinal.
Conversor Conversor
Amplificador Processador
Analógico- Digital-
de RF Digital de Sinal
-Digital -Analógico
MODEM
Relógio
O receptor da figura B.6 pode ser melhorado utlizando uma arquitectura mais
complexa que envolve um andar de conversão para uma frequência intermédia, como a
que se assinala na figura B.7 e que permite, por exemplo, utilizar uma frequência de
amostragem mais reduzida.
Oscilador Relógio
operação que consiste numa redução do ritmo de amostragem, veja-se (Oppenheim et al.
, 1999) ou (Proakis, 2000), por exemplo.
B.5. EMISSORES SDR 239
Relógio Oscilador
O estudo mais aprofundado destas matérias extravasa claramente o âmbito destas notas,
pelo que se recomenda a leitura de, por exemplo, (Proakis, 2000).
5
DAC - Digital to Analog Converter ou conversor digital-analógico.
240 APÊNDICE B. INTRODUÇÃO AOS SOFTWARE-DEFINED RADIO
Apêndice C
INTRODUÇÃO AO
ESPALHAMENTO ESPECTRAL
C.1 INTRODUÇÃO
A expressão espalhamento espectral vem do facto de, nesta técnica, se ocupar uma
largura de banda muito maior do que aquela que seria necessária para transmitir esses
dados (digitais). Podemos dar a noção de que os dados se encontram «escondidos» numa
banda larga. Há três formas comummente empregues para se conseguir este intento:
241
242 APÊNDICE C. INTRODUÇÃO AO ESPALHAMENTO ESPECTRAL
Claro que num sistema de EE/SS se terá, forçosamente, um valor muito baixo
para a eficiência espectral, BRSS
d
.
Supondo que este ruído tem uma função densidade de probabilidade gaussiana,
poderemos determinar qual a sua influência num sistema binário antipodal (por exem-
plo, BPSK) que resulta numa probabilidade de erro de bit (recordemos a equação (??))
˜d ¸
Eb
Pe “ Q 2 (C.6)
ηJ
Eb “ Ps ¨ Tb (C.7)
sendo Ps a potência do impulso de sinalização. É agora fácil de ver que Pe decresce com
o ganho de processamento (conforme se represnta na figuura C.1), pelo que pode ser tão
reduzido quanto se queira. Contudo, estamos a simplificar demasiado esta análise, pois
não são contemplados outros mecansimos, nomeadamento, os erros resultantes da falha
de sincronismo de pacotes ou de tramas que ocorrerão devido ao empastelamento.
C.3. DIRECT-SEQUENCE (DS/SS) 245
−1
10
−2
10
−3
10
−4
10
−5
10
Pe
−6
10
−7
10
−8
10
−9
10
−10
10
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Eb / NJ (dB)
a 8
ÿ
xBP SK ptq “ 2Eb cosp2π fc tq bpnq ¨ ppt ´ nTb q (C.8)
n“´8
−5
−10
−15
10 x log10 |P2|
−20
2Rd
−25
−30
−35
−40
−4 −3 −2 −1 0 1 2 3 4
fxT
b
No entanto, não basta repetir cada bit N vezes para espalhar o espectro (isto
é, aumentar a largura de banda), é importante garantir que se obtém uma sequência
aleatória para que o espectro resultante seja suficientemente branco. Uma forma de
m
obter uma sequência aleatória de dados dpmq a partir de bpnq é através de tbp N qu‘cpmq,
sendo cpmq um polinómio pseudo-aleatório e tp¨ ¨ ¨ qu representa o arredondamento por
6
Admitindo que a sequência binária de informação é aleatória (espectro branco).
C.3. DIRECT-SEQUENCE (DS/SS) 247
100
90
80
70
60
% da potência
50
40
30
20
10
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
f x Tb
Rd N ⋅ Rd N ⋅ Rd
Modulador
Repetição x N ⊕ PAM
× xSS (t)
b(n)
c(m) AC cos(2π fct)
Figura C.4: Modulador de DS/SS baseado na repetição de N vezes (adaptado de (Strøm et al.
, 2002)).
(n+1)N −1
Filtro
xSS (t) ×
adaptado ⊕ ∑ (!) Decisão b̂(n)
m=N⋅n
m
fc
AC cos(2π fct) c(m)
Figura C.5: Receptor de DS/SS para o transmissor da figura C.4 (adaptado de (Strøm et al. ,
2002)).
Para que haja um espalhamento espectral eficaz, é necessário que 1{Th , o ritmo
C.4. FREQUENCY HOPPING (FH/SS) 249
de salto em frequência, seja elevado, o que significa que, no receptor, é difícil estimar a
fase da portadora. Por conseguinte, ficam excluídos os detectores coerentes, optando-
se, normalmente, por sistemas de detecção não-coerentes. Consideremos portanto que
se está em presença de uma modulação FSK com M níveis e que o espaçamento de
frequência permite o uso de detectores não-coerentes.
1 SlowHopping 1
ž (C.10)
Th F astHopping Ts
log2 pM q
Rs “ (C.11)
Tb
Pelo contrário, num sistema de salto rápido, cada símbolo «espalhar-se-á» por
mais do que um salto, como se representa na figura C.6 em baixo
O estudo mais aprofundado destas matérias extravasa claramente o âmbito destas notas,
pelo que se recomenda a leitura do trabalho de síntese de (Strøm et al. , 2002), por
exemplo.
7
A distinção entre tempo (ritmo) de símbolo e tempo (ritmo) de dados, prende-se com a possibilidade
de se incluírem bits extra para detecção/correcção de erros.
250 APÊNDICE C. INTRODUÇÃO AO ESPALHAMENTO ESPECTRAL
0 1 0 0 1 1 0 1 0
a)
frequência
b) t
frequência
c) t
Figura C.6: Método de FH/SS: lento em b) com 3 bit/salto e rápido em c) com 3 saltos/bit;
em a) representa-se a sequência de dados a transmitir.
C.4. FREQUENCY HOPPING (FH/SS) 251
Sequência
Modulador Modulador
de dados
Sequência Sintetizador
de saltos de frequências
Emissor
Sequência
Desmodulador Desmodulador de dados
Sequência Sintetizador
de saltos de frequências
Receptor
Introdução ao RADAR
Como é sabido, RADAR significa RAdio Detection And Ranging ou seja, detecção
e determinação da distância por ondas de rádio. O conceito baseia-se no envio de ondas
de rádio-frequência e na recepção dos seus ecos, resultantes das suas reflexões em alvos.
253
254 APÊNDICE D. INTRODUÇÃO AO RADAR
são tulizadas para radares de muito longo alcance (Radares OTH2 em sistemas
de detecção antecipada3 . Nestas frequências é possível obter potências de emissão
muito elevadas e, para além disso, a atenuação na atmosfera é menor. A con-
trapartida a estas vantagens está no facto de a resolução na detecção ser muito
inferior pois, para frequências baixas, as antenas ou são desmesuradamente gran-
des ou, então, têm aberturas muito elevadas o que limita forçosamente a resolução
2
OTH significa para além do horizonte, Over The Horizon.
3
em inglês early detection.
D.1. BANDAS DE FREQUÊNCIA E SUA UTILIZAÇÃO 255
Tabela D.3: das bandas ITU (International Telecommunications Union) de frequência dos ra-
dares.
• Banda C: Existem alguns radares operando na gama dos 300 MHz aos 1GHz.
A sua importância reside na sua capacidade de detectarem e rastrearem satélites
e mísseis balísticos a longa distância. Alguns radares meteorológicos também
operam nesta banda.
• Banda K: Nesta banda, dadas as altas frequências das ondas de rádio, a absorção
atmosférica é bastante alta, pelo que os radares que operam nesta banda são de
curto alcance. Contudo, embora limitados no alcance, têm uma alta resolução quer
angular quer longitudinal, permitindo a visualização dos contornos dos alvos.
Frequência [GHz]
Figura D.1: Atenuação na atmosfera das ondas de radar (adaptado de (Richards, n.d.)).
De acordo com a (forma de) onda emitida, os radares podem ser classificados
258 APÊNDICE D. INTRODUÇÃO AO RADAR
• pulsados ou de impulsos
– não-coerentes4
– coerentes: Doppler-pulsados
Independentemente do facto dos radares serem classificados nas três classes acima
apresentadas, a teoria do seu funcionamento é comum.
Rt ` Rr
∆t “ (D.1)
c
4
Quando a fase do impulso não é constante ao longo da sua repetição, o radar diz-se não-coerente.
D.2. TIPOS DE RADAR 259
Rt
Rr
Emissor
Receptor
sendo c, como seria de esperar, a velocidade da luz no vácuo. Já no caso dos radares
monoestáticos e dado que Rt “ Rr “ R, o atraso temporal ∆t do eco virá dado por
2¨R
∆t “ (D.2)
c
Tabela D.5: dos atrasos (µs) do eco em função da distância (km) do alvo.
300 µs o que, de acordo com a equação (D.3) nos daria uma distância ao alvo de 30
km aproximadamente. Esta figura serve ainda para nos alertar para a necessidade de
identificar o mais exactamente possível o instante de ocorrência do eco. Ora, dado que
a forma do impulso retornado por reflexão no alvo difere substancialmente da forma do
impulso enviado, esta determinação torna-se mais difícil.
Os radares Doppler são radares de onda contínua (CW) e, por questões de isola-
mento entre a onda emitida e o eco, não podem ter a configuração mono-estática.
É bem sabido em que consiste o efeito Doppler: o sinal recebido tem uma frequên-
cia distinta da frequência com que foi emitido sempre que haja movimento relativo entre
o emissor e o receptor. Esse desvio de frequência é dado por
D.2. TIPOS DE RADAR 261
Impulso de Radar
1
0.5
−0.5
Atraso
−1
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
t [ms]
−3 Eco
x 10
2
−1
−2
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
t [ms]
v
fD “ ¨f (D.4)
c{2 c
sendo v a velocidade radial do alvo e fc a frequência do radar. Recordemos que fD ą 0
significa que o alvo se está a aproximar.
Onda emitida
100
50
0
−50
−100
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
t [us]
−4 Eco com alvo a aproximar−se
x 10
5
−5
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
t [us]
−4 Eco com alvo a afastar−se
x 10
5
−5
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
t [us]
Figura D.4: Simulação do funcionamento do RADAR CW: onda emitida (cima) e o respectivos
ecos, consoante o alvo se aproxima (ao centro) ou se afasta (em baixo).
Este tipo de radar combina os anteriores: são enviados impulsos com fase cons-
tante. O atraso dos impulsos retornados pelo eco é utilizado para avaliar a distância
do alvo e o desvio de frequência da portadora é, por sua vez, utilizado para estimar a
velocidade do alvo.
50
40
30
fD < 0 fD > 0
[dBr] 20
fc
10
−10
0 50 100 150 200 250 300
Efeito Doppler
200
180
160
140
120
fD [kHz]
100
80
60
40
20
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500
[km/h]
Figura D.6: Frequência de desvio (em kHz) em função da frequência do radar, de baixo para
cima, fc “ 10, 20, 40, 80, 100 e 200 GHz.
Os radares meteorológicos enviam cerca de 1.000 impulsos por segundo, com uma
duração de cerca de 1 µs. Os ecos recebidos dependem, entre outros, do factor de
reflectividade Z fi i Di6 , sendo Di o diâmetro da partícula reflectora e que pode variar
ř
dos 0, 001 no caso do nevoeiro aos 50 ¨ 106 no caso do granizo. Assim, a potência
dos ecos recebidos, sendo proporcional a este factor, Pr ∼ i Di6 , varia de uma forma
ř
fortemente não linear com o diâmetro das partículas. Dada a enorme variabilidade de Z,
é usual convertê-lo em dB e usa-se uma escala de cores para facilitar a leitura. A título
de exemplo, na tabela D.7, apresenta-se a convenção em uso no US National Doppler
Radar(wik, n.d.).
2000
1800
1600
1400
Desvio de Frequencia [Hz]
1200
1000
800
600
400
200
0
0 5 10 15 20 25 30
Velocidade do vento [m/s]
Estes radares operam em onda contínua (CW) e servem para «iluminar» o alvo.
Dado que estes se movem a velocidades consideráveis, o efeito Doppler resultante na
onda reflectida é substancial o que permite que estes radares sejam imunes a alvos fixos
ou imóveis (obstáculos no terreno, por exemplo) e a algumas perturbações atmosféricas.
Assim, o «iluminador» pode estar fixo numa viatura ou numa aeronave e o míssil apenas
precisa de transportar o receptor (trata-se de radar bi-estático), diminuindo o volume,
o peso, a complexidade do radar e, por conseguinte, o seu custo.
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