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Resumo

A inclusão é um processo pelo qual o indivíduo passa ao ser inserido em


algum setor da sociedade, ou ter acesso aos bens de uma sociedade
culturalmente produzidos. Sob esta perspectiva uma sociedade, deve construir
um ambiente inclusivo para pessoas com deficiência. Fica claro o interesse dos
educadores na buscar por maiores informações sob o autismo e os métodos
educacionais para que possam melhor atender crianças com autismo, e que
possa ser inserida ao meio educacional e social.
De acordo com a Constituição Federal, da Declaração Salamanca e outros
documentos, aos quais deixam claro o direito a diversidade, a participação na
aprendizagem, dando continuidade na escolarização. Portanto, tais indivíduos não
podem ser tratados de outra forma, uma vez que seus direitos estão assegurados
por lei. Além de defender a integração e a efetivação de direitos adquiridos por
todas as crianças, deficientes ou não, de estarem dentro de uma sala de aula.
Esse processo, longe de ser efetivado somente pela comunidade escolar, precisa
ser assumido pelos os pais ou responsáveis, pela sociedade em geral, sem falar
da importância da participação dos governantes, para que possa ser oferecida
uma educação de qualidade para todos. Para que de fato ocorra a inclusão de
pessoa com autismo, a família precisa compreende a importância de sua
participação e colaborar com a capacitação das escolas para acolher o aluno com
qualquer tipo de deficiencia. Uma vez que o acesso e permanência dos alunos
com deficiência ou dificuldade de aprendizagem na rede educacional deve ter uma
posição positiva e acolhedora.

Palavra Chave: TDAH-Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade.


Inclusão Escolar. O Professor e o Aluno
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Introdução

O aluno com TDAH possui distúrbios comportamentais, como dificuldades


de concentração, de aprendizagem e de relacionamento social; por outro lado,
apresenta características intelectuais, afetivas e sociais destacadas como
criatividade, motivação, liderança. Na trajetoria de mudanças de concepções,
ficou uma certa confusão conceitual sobre o TDAH, que se objetiva esclarecer no
decorrer desta produção.
Portanto, é essencial as observações das reais práticas, elementos intrínsecos a
elas, as causas, justificativas e fundamentos destas, os fatores positivos ou
negativos influentes ao pleno desenvolvimento da inclusão, especialmente da
inclusão escolar.
O objetivo deste trabalho que culminou nesta produção apresenta aspectos
sobre a inclusão dos alunos com TDAH-Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade, através das práticas pedagógicas dos educadores no
processo de ensino e aprendizagem escolar no Ensino Fundamental Regular.
Tendo como metoldologia a pesquisa bibliografica.

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Kátia Cruz da Silva - Pós-graduação em Educação Especial- Claretiano- Centro Universitária Boa Vista/RR..
e-mail: katiacruz@gmail.com
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História da Inclusão Escolar

A Educação Inclusiva brasileira a partir da década de 90 passa por vários


processos de mudanças e adaptações com a participação do Brasil na
Conferência Mundial sobre Educação para Todos, em Jomtien na Tailândia.
Tendo como objetivo principal atender as necessidades básicas de aprendizagem
de todas as crianças, jovens e adultos.
Um dos acontecimentos decisivo para a educação inclusiva no Brasil foi a
Declaração de Salamanca. A qual é considerada um dos principais documentos
mundiais que visam a inclusão social.

Inclusão e participação são essenciais à dignidade humana e ao


desfrutamento e exercício dos direitos humanos. Dentro do campo da
educação, isto se reflete no desenvolvimento de estratégias que
procuram promover a genuína equalização de oportunidades (...). Ao
mesmo tempo em que as escolas inclusivas preveem um ambiente
favorável à aquisição da igualdade de oportunidades e participação total,
o sucesso delas requer um esforço claro, não somente por parte dos
professores e dos profissionais na escola, mas também por parte dos
colegas, família, voluntários. A reforma das instituições sociais não
constitui somente uma tarefa técnica, ela depende, acima de tudo, de
convicções, compromisso e disposição dos indivíduos que compõem a
sociedade (UNESCO, 1994, p. 5).

É a partir daí que a educação inclusiva brasileira ganha um novo cenário e


passa a enfatizar de forma fortalecida novos desafios e possibilidades de
aprendizado para uma sociedade capitalista a qual o ensino formal era direito de
poucos.
Ao longo da história da inclusão escolar surge vários movimentos que vem
desafinado os conceitos contemporâneos na busca dos direitos básicos do
cidadão garantidos em conferencias nacional e internacional, sobretudo, a
Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), a Constituição Federal
(1988), a LDB 9394/96, podendo destacar também a Política Nacional de
Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008).

A Constituição Federal do Brasil assume o princípio da igualdade como


pilar fundamental de uma sociedade democrática e justa, quando reza no
caput do seu Art. 5° que “todos são iguais perante a lei”, sem distinção
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros,
residentes no país, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade" (CF - Brasil, 1988).
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Segundo SASSAKI (1997), a inclusão é um processo amplo, com


transformações, pequenas e grandes, nos ambientes físicos e na mentalidade de
todas as pessoas, inclusive da própria pessoa com necessidades especiais. Ainda
hoje a inclusão escolar é visto como processo social, e tem como objetivo de
modificar o olhar da sociedade e do exercício da cidadania. Uma vez que a
inclusão social apresenta um olhar diferenciado para a diversidade humana.

A forma como a sociedade interage com as pessoas com deficiência se


modificou e vem se transformando ao longo da história. Muitos foram
considerados incapazes, inválidos, inferiores, antes que fossem vistos
como cidadãos de direitos e deveres [...]. Somente com a modificação da
sociedade, propiciada pela interação com as pessoas com deficiência, é
que se pode vislumbrar uma sociedade mais fraterna e cooperativa
(LIMA, 2006, p. 27)

É preciso tornar realidade a educação inclusiva tanto para o indivíduo com


deficiência, quanto para aqueles que têm algum tipo de dificuldade de
aprendizado. Logo a Educação Inclusiva pode ser entendida como uma mudança
de comportamento institucional que representa o fim do preconceito, da não
aceitação da pessoa com deficiência ou algum tipo de dificuldade intelectual.

Educação Inclusiva

A Educação Inclusiva é o processo de inclusão de pessoas com deficiência


ou dificuldade de aprendizagem na rede regular de ensino. A qual torna a
educação um direito de todos e garante a igualdade de condições de acesso e
permanência na escola, sobre tudo o atendimento a crianças com deficiência ou
algum tipo de dificuldade intelectual principalmente na rede regular de ensino.

No entanto a educação por ser um direito constitucional, orienta não somente


na aceitação destas pessoas, como garante uma educação de qualidade, dando o
direto de construir e aprender a respeitar a identidade do individuo e seus valores
culturais.

Segundo Lima (2001), a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do


Adolescente asseguram à população o direito a uma educação de qualidade,
compreendida como um processo educativo que leve os educandos a uma
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formação unilateral. Uma vez que a politica de inclusão não consiste apenas na
permanência física, e sim na busca do potencial respeitando suas diferenças e as
suas necessidades enquanto pessoa.

Para Almeida (2007). Defende que:

No Brasil, a inclusão é garantida por leis e documentos oficiais, que


defendem a criação e execução de políticas públicas para a formação de
professores para a educação inclusiva, numa tentativa de diminuir os efeitos da
exclusão e atender à nova ordem vigente, que é a de ensinar a todos, sem
distinção.

Para Silva (2012):

A formação do profissional é o fator principal para a efetivação da escola


inclusiva, necessitando que o professor acredite na criança como um ser existente
e que ele é a principal peça para que a criança se desenvolva, sendo necessário
adotar estratégias durante o processo educacional. Dessa forma o professor
contribui na organização do conhecimento produzido acerca da inclusão.

Até porque, as políticas educacionais, afirma que, as escolas vêm se


organizando para enfrentar o desafio de oferecer uma educação inclusiva e de
qualidade para todos os seus alunos. Uma vez que, cada aluno apresenta
características próprias e um conjunto de valores e informações que os tornam
únicos e especiais, trazendo consigo uma diversidade de interesses e ritmos de
aprendizagem. E esses novos desafios, vem fazendo com que as escolas
trabalhem com essas diversidades na tentativa de construir um novo conceito do
processo ensino-aprendizagem, eliminando definitivamente o seu caráter
excludente, de modo que todos sejam incluídos.

Deficiência e Inclusão: Significados e Concepções


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De acordo com a Organização Mundial de Saúde - OMS, deficiência é o


substantivo atribuído a toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função
psicológica, fisiológica ou anatômica do ser humano. Refere-se, portanto, à
biologia do ser humano.

A expressão “pessoa com deficiência” pode ser atribuída a pessoas


portadoras de qualquer tipo de deficiência. Porém, em termos legais,
esta mesma expressão é aplicada de um modo mais restrito e refere-se
a pessoas que se encontram sob o amparo de determinada legislação. É
designado “deficiente” todo aquele que tem um ou mais problemas de
funcionamento ou falta de parte anatômica, embargando com isto
dificuldades a vários níveis: de locomoção, percepção, pensamento ou
relação social. (http://deficiencia.no.comunidades.net/acessado:
23.03.2020).

A expressão “deficiente” era aplicada às pessoas portadoras de deficiência,


e levava impregnada em si uma carga de preconceito, caracterizando um aspecto
depreciativo a pessoa, como um resultado dos longos anos de discriminação
contra as pessoas que apresentavam alguma diferença das demais; isso levava,
cada vez mais, a rejeição, ate mesmos por especialistas da área e, pelos próprios
portadores.
No atual contexto, a palavra “deficiente” é considerada como inadequada e
estimuladora do preconceito a respeito do valor integral da pessoa. Assim, passou
a ser substituída pela expressão: “pessoa especial” e mais recente, “pessoa com
necessidade especial”. Há vários tipos de deficiências; e a pessoa especial pode
ser portadora de deficiência única ou de deficiência múltipla (associação de uma
ou mais deficiências).
A dívida histórica com os alunos Portadores de Necessidades
Educacionais Especiais – PNEE está registrada em livros e documentários; diante
disso, é fundamental que a Educação se assuma como agente de politização que
é e que vive a heterogeneidade, portanto, não se pode planejar uma educação
homogênea, sem considerar as diferenças e as necessidades especiais, que
atualmente, os discursos afirmam que todo ser humano tem.

Não é só a hiperatividade mental que favorece o processo criativo nos


DDAs. Outros aspectos desse funcionamento cerebral devem ser
destacados: a impulsividade, o hiperfoco e a hiper-reatividade. A
impulsividade é responsável pela escolha de uma idéia entre milhares
que circulam pelo cérebro dessas pessoas (SILVA, 2003, p.60)
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Apesar das muitas tentativas dos educadores, na maioria das vezes, o


aluno com TDAH necessita de atendimento em sala multifuncional, ou sala de
recursos em horário oposto ao que estuda. Nessas salas o educando irá
desenvolver suas habilidades com auxílio de profissionais da saúde e professores
especializados, pois em alguns casos um só professor pode "não dar conta" das
necessidades do seu aluno.
Segundo a revista Inclusão, “A formação de professores é elemento central
para elevar a qualidade da educação brasileira, na perspectiva da implementação
da política da educação inclusiva (SÁNCHEZ, 2005, p. 06)”.
A formação de professores para a inclusão de alunos especiais e,
principalmente, de alunos com TDAH traz ao professor um novo olhar educativo,
onde se processa, pela inclusão, a conscientização e a operacionalização da
mudança em todos os segmentos educativos e nos demais da sociedade, onde a
intervenção deve ser iniciada com discussões amplas sobre a necessidade de
mudança.

O desenvolvimento de escolas inclusivas – escolas capazes de educar a


todas as crianças – não é portanto unicamente uma for- ma de assegurar
o respeito dos direitos das crianças com defi- ciência de forma que
tenham acesso a um ou outro tipo de escola, senão que constitui uma
estratégia essencial para garantir que uma ampla gama de grupos tenha
acesso a qual- quer forma de escolaridade (DYSON, 2001, p. 150).

Ao se falar em mudança, não se restringe a cencepções, valores e princípios,


mas, também nos espaços públicos intencionando possibilitar o desenvolvimento
de um trabalho para a formação de crianças com necessidades educacionais
especiais e incluí-las no convívio escolar, para torná-las aptas à convivência
social, além disso, objetiva-se também que haja sensibilização dos sujeitos
sociais para agirem pela inclusão, onde quer que seja.

A Escola e o Aluno com Necessidades Educacionais Especiais

A Escola que se preocupa com a inclusão deve buscar conhecer seus


alunos, pois, daí decorre o planejamento das demais ações em busca do
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desenvolvimento educacional e a efetivação deste como instrumento de


construção da prática cidadã, em todos os segmentos sociais.

A filosofia da inclusão defende uma educação eficaz para todos,


sustentada em que as escolas, enquanto comunidades educativas,
devem satisfazer as necessidades de todos os alunos, sejam quais
forem as suas características pessoais, psicológicas ou sociais (com
independência de ter ou não deficiência) (SÁNCHEZ, 2005, p. 11).

Geralmente, um aluno especial chega à sala de aula inseguro e com


muitas expectativas, sendo a maior delas e a mais importante, a construção de
um elo que lhe traga confiança e segurança em si mesmo, numa perspectiva de
se sentir parte da sociedade, reconhecendo suas limitações e identificando seus
potenciais.
O cenário educacional é propício à construção da inclusão, por meio da
construção da segurança pelas múltiplas aprendizagens que são possíveis a cada
momento; a diversidade cultural que permeia o ambiente escolar facilita a
aceitação das diferenças com mais naturalidade e deve ser explorada na inclusão
como um fator positivo para elevar a autoestima e se chegar à autoaceitação.

É uma atitude, um sistema de valores, de crenças, não uma ação nem


um conjunto de ações. Centra-se, pois, em como apoiar as qualidades,
e, as necessidades de cada aluno e de todos os alunos na comu- nidade
escolar, para que se sin- tam bem-vindos e seguros e alcancem êxitos
(ARNAIZ, 1996, p. 27-28).

Segundo Beyer (2010, p. 102), neste aspecto a abordagem Vygotskiana na


prática educativa com crianças com necessidades especiais, esclarece a
importância da interação para o desenvolvimento humano e, bem se sabe da
relevância desta para a segurança necessária à vida.
Beyer (2010, p. 102), ressalta que ele não fazia distinção, quanto ao
desenvolvimento ontogenético, entre crianças com e sem psicologia, mostrar
compreender as leis comuns que caracterizariam o desenvolvimento normal e
anormal, buscando-se destacar, contudo, as peculiaridades do desenvolvimento
das crianças com necessidades especiais.
A abordagem Vygotskiana mostra-se contrária as práticas exclusivistas
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e/ou compensatórias, constantemente desenvolvidas na educação especial, isto


é, nas compensações terapêuticas e reforços primários de comportamento há um
certo menosprezo das competências; as melhores possibilidades de
desenvolvimento e aprendizagem das crianças com necessidades especiais
encontram-se justamente na esfera em que menos se acredita que estas possam
crescer, isto é, nas funções mentais superiores, de acordo com Beyer (2010).
De acordo com Vygotski, seria certo o estudo da dimensão social, tendo
considerado que o desenvolvimento psicológico do ser humano se daria pela sua
vinculação ao grupo social (BEYER, 2010), assim, no intuito de haver um
interesse maior de estabelecer uma pedagogia para estas crianças, a vida social
deveria ser tomada como fator básico do desenvolvimento.

Os alunos não podem considerar-se incluídos até que não adquiram as


atitudes necessárias para participar na sociedade e no emprego e/ou até
que as diferenças entre suas atitudes e as de seus iguais seja
considerável (DYSON, 2001, p.157).

E nessa interação se planeja as suas condições patológicas, chamando de


primarias, decorrentes dessa limitação estrutural-funcional do indivíduo, e as suas
condições denominadas de secundárias, integradas as funções superiores e
mediadas da reflexão, sendo de fundamental importância para se entender esse
pensamento (BEYER, 2010).
De acordo com Beyer (2010), “A pedagogia a ser elaborada para o aluno
com necessidades especiais deve levar em conta esta diferenciação, já que com
isto se estabelecem dois planos de ação, um terapêutico e o outro propriamente
pedagógico”.

O Professor e o Aluno com Necessidades Educacionais Especiais

Ser educador exige ser pesquisador, requer estudo, análise do outro,


percepção da individualidade de cada um, compreendendo que ninguém é
perfeito e que cada ser, em sua essência guarda virtudes, valores e potenciais,
como também limitações e fragilidades, mas, o principal no ser humano é
descobrir elementos para desenvolver o que há de potencialidades, como a
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descoberta do caminho que deve ser trilhado.

Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres


encontram-se um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo
buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque
indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho,
intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não
conheço e comunicar ou anunciar a novidade. (Fala-se hoje, com
insistência, no professor pesquisador. No meu entender o que há de
pesquisador não é uma qualidade ou uma forma de ser ou de atuar que
acrescente à de ensinar. Faz parte da natureza da prática docente a
indagação, a busca, a pesquisa. O de que se precisa é que, em sua
formação permanente, o professor se perceba e se assuma, porque
professor, como pesquisador/nota de rodapé) (FREIRE, 1996, p. 29).

Ser educador é se dispor a estar sensível a todo movimento, a toda


mudança, a todo crescimento e a todo retrocesso do educando; e essa é a
verdadeira habilidade de avaliar, na compreensão e na cumplicidade de quem
tem autoridade e amor como base para o respeito, o que demonstra que para
avaliar exige a sensibilidade, a empatia, a alegria de poder contribuir com o
crescimento do outro.
Ao receber um aluno com necessidades especiais, o professor
provavelmente também se sente inseguro e com muitas dúvidas; o recomendável
para facilitar seu trabalho pedagógico, é buscar informações sobre a criança em
seu ambiente familiar, com outros setores da escola e até mesmo através da
observação dos comportamentos do aluno, registrando para recorrer sempre que
for necessário.

A educação inclusiva centra-se em como apoiar as qualidades e as


necessidades de cada um e de todos os alunos na comunidade escolar,
para que se sintam bem-vindos e seguros e alcancem o êxito. Requer
pensar na heterogeneidade do alunado como uma situação normal do
grupo/classe e pôr em marcha um delineamento educativo que permita
aos docentes utilizar os diferentes níveis instrumentais e atitudinais como
recursos intrapessoais e interpessoais que beneficiem a todos os alunos
(Mir, 1997) (SÁNCHEZ, 2005, p. 12).

Pode-se perceber o quanto é imensurável a importância da teoria


vygotskiana ao processo pedagógico escolar, na busca constante pela efetivação
da interação social, não reduzindo a importância de atualização do professor,
reconhecendo as necessidades de desenvolver métodos de conversação com o
aluno, de acordo com seu grau de entendimento e de desenvolvimento biológico,
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despertando interesses e motivações do aluno.

Cabe ao educador tanto observar a zona proximal (que é distância entre


o que a criança faz sozinha e o que é capaz de fazer com a intervenção
de um adulto), para orientar o aprendizado no sentido de adiantar o
desenvolvimento potencial de uma criança... (COLEÇÃO EDUCATIVA, p.
25, 2007).

Assim, ao definir, a partir das Zonas de Desenvolvimento Real e Potencial,


a Zona de Desenvolvimento Proximal como a distância ou o caminho que o
indivíduo vai percorrer para desenvolver as funções que estão em processo de
amadurecimento e que, com a ajuda do outro, tornar-se funções consolidadas e
estabelecidas no nível de desenvolvimento real, Vygotsky deixa o legado que
reflete a importância do professor estar atento ao desenvolvimento do aluno para
planejar atividades desafiadoras.
Ora, a Zona de Desenvolvimento Real é determinada por aquilo que a
criança é capaz de fazer sozinha, por possuir um conhecimento já consolidado ou
solução independente do problema e, a Zona de Desenvolvimento Potencial é
determinada por aquilo que a criança ainda não domina, mas é capaz de realizar
com auxílio de alguém mais experiente, sob uma base para fundamentar o
processo educativo escolar.
Ainda na perspectiva interativa de Freire e Vigotsky, há o entrelace
considerando o pressuposto básico da concepção freireana da educação para a
libertação como um processo de comunhão entre os homens e as mulheres e a
concepção interativa de desenvolvimento individual e social como propõe a teoria
vygotskyana.
No pensamento de Paulo Freire, a relação sujeito-sujeito e sujeito-mundo
são indissociáveis, como ele afirma "Ninguém educa ninguém, ninguém educa a
si mesmo, os homens se educam entre si, midiatizados pelo mundo (FREIRE,
2002, p. 68)". Tais pressupostos são elementos que constituem a compreensão
de que a Inclusão deve ser a meta do professor.

Inclusão: Mitos e Desafios

De acordo com Teixeira e Nunes (2010), há duas décadas racionais que se


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discute o questionamento da inclusão de pessoas com necessidades educativas


específicas na escola e na sociedade. Tais discussões tem a participação de
profissionais de todas as áreas humanas e sociais do conhecimento,
especialmente da Educação e da Saúde, debatendo estes questionamentos com
base em experiências internacionais, em teorias da Educação, em ideologias e
em plataformas políticas.
O lado excepcional da Educação Especial, com seus procedimentos e
processos que busca atenuar as soluções plausíveis aos problemas que surgem
no seu contexto é a diferença, a limitação, porém, na compreensão que se tem
hoje sobre pessoa, a diferença e a limitação todos as tem, portanto, este
entendimento esclarece que isso não é mais algo extraordinário que possa
impedir o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem de forma
igualitária, ou seja, inclusivo.

E como se faz a inclusão? Primeiro sem rótulos, e depois, com ações de


qualidade. Nos rótulos, encontram-se as limitações do aprendente, ou
melhor, as nossas limitações. Devemos olhar para ele e transpormos as
impressões externas das barreiras do ceticismo. São elas que mais
impedem a inclusão do educando com nossos esforços e sonhos
(CUNHA, 2009, p. 101).

Conforme Teixeira e Nunes (2010, p. 21), as pessoas com necessidades


educacionais especiais podem possuir uma rotina dita normal, pois, o dia-a-dia
destas pessoas que detém necessidades educativas específicas não sofre
grandes alterações, o que torna imprescindível a reflexão acerca da inclusão
destas no âmbito escolar.
Teixeira e Nunes (2010, p. 22), afirmam ainda que os embates sobre a
interação dos alunos com necessidades educacionais especiais sempre ocorrem
de modo polêmico, por haver educadores e pais que ainda acreditam em
princípios retrógrados onde os alunos que devessem vivenciar a educação em
ambientes segregados, como forma de se obter a garantia regular de
conhecimentos.
Apesar dos elementos que circulam nestas polêmicas, para Teixeira e
Nunes (2010), a inclusão é um movimento mundial de luta das pessoas com
deficiências e seus familiares na busca dos seus direitos e de um lugar na
sociedade e vem conquistando seus objetivos.
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TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatvidade

As causas do Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade-TDAH ainda


são desconhecidas, porém, o descontrole comportamental é bem identificado; ao
se ler as afirmativas de renomados autores, psiquiatras e psicólogos, parece se
estar vendo uma pessoa que esquece com facilidade onde colocou as chaves do
carro, onde deixou a carteira, esquece de uma reunião importante que ela mesma
marcou, que na maioria das vezes, não consegue concluir determinada tarefa
que exige concentração, enfim, uma pessoa que parece estar sempre na correria
e no imprevisto.

Apesar do grande número de estudos já realizados, as causas do TDAH


ainda não são conhecidas. Estudiosos da neurologia e neuropsicologia
apontam que o TDAH parece ser uma difusão no córtex panetal. Estas
alterações seriam então responsáveis por um déficit de comportamento
imbiritorio, memoria, planejamento, autorregulação da motivação e do
linear para a ação dirigida a um objetivo, definido e internalização da
linguagem (GERMANNI, 2006, p. 68).

Assim, o TDAH vive uma constante instabilidade, haja vista, a limitação em


se planejar e em se organizar no tempo e no espaço, obedecendo a prazos e
priorizando o que precisa ser feito primeiro; esta é uma das principais dificuldades
que um TDAH enfrenta na escola, sempre deixa as atividades para a última hora
e a cobrança dos professores é asseverada.

Mas no caso de trabalhos dissertativos, eu sempre deixava para os 45


minutos do segundo tempo. Fazia no maior desespero, achava uma
porcaria e os professores adoravam! Eu ficava sem entender nada, eu
me achava uma fraude. Sempre desejei fazer os trabalhos de uma forma
disciplinada... o curioso é que nas poucas vezes que consegui, não
saíram tão bons, pelo menos na avaliação dos professores (SILVA,
2003, p. 10).

A fala destacada pela autora na citação anterior apresenta uma


característica pessoal e real de uma estudante de Fonoaudiologia descreve como
se sente uma pessoa com o déficit de atenção, sua frustração consigo mesma,
mas, relata também um fator positivo de competência que não é considerado pela
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maioria dos professores.


É comum se ouvir alunos questionarem o porquê de algum colega
“desorganizado” e que deixa seus trabalhos para a última hora, tirarem as
melhores notas nas atividades dissertativas, quando nem possuem o conteúdo
sistematizado e organizado nos cadernos, pela constante alteração de atenção
que possui, ou seja Déficit de Atenção.
O TDAH, conceituado como um distúrbio comportamental que, geralmente,
causa atraso no desenvolvimento infantil em decorrência da dificuldade de
atenção e concentração, da impulsividade e da hiperatividade, características
marcantes do TDAH que, se identificadas e bem gerenciadas pela família desde a
primeira infância podem reduzir os déficits e reverter o quadro de dificuldades na
aprendizagem, alcançando até um nível destacado de uma pessoa que aprende e
busca executar várias atividades ao mesmo tempo para satisfazer ao constante
anseio referente ao tempo.

Um transtorno do desenvolvimento do autocontrole consiste em


problemas nos períodos de atenção, com o controle do impulso e o nível
de atividade. Esses problemas são refletidos em prejuízo na vontade da
criança ou em sua capacidade de controlar seu próprio comportamento
relativo a passagem do tempo – em ter em mente futuros objetivos e
consequencias. Não se trata apenas de uma questão de estar desatento
ou hiperativo. Não se trata apenas de um Estado temporário que será
superado de uma fase probatoria, porém, normal, da infância. Não é
causado por falta de disciplina ou controle parental, assim como não é o
sinal de algum tipo de “maldade” da criança. (BARKLEY, 2002, p. 35).

Ora, segundo o discernimento de Barkley mencionado acima, o TDAH


causa a falta de controle da vontade do sujeito e, certamente, isso o deixa
inquieto consigo mesmo; não é uma questão de desobediência e indisciplina, nem
é normal da infância, daí pode-se perceber o conflito que existe em uma pessoa
com TDAH.

Com o passar do tempo, o próprio DDA - Distúrbio do Déficit de Atenção


se irrita com seus lapsos de dispersão, pois estes acabam gerando, além
dos problemas de relacionamento interpessoal, grande dificuldade de
organização em todos os setores de sua vida. Essa desorganização
acaba por fazê-lo gastar muito mais tempo e esforço para realizar suas
tarefas cotidianas. (SILVA, 2003, p. 10)
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Assim, dentre as dificuldades enfrentadas por uma pessoa com TDAH


destaca-se os relacionamentos pessoais e sociais, os quais se constituem como
mecanismos do desenvolvimento humano, pelo processo de interação social
natural, onde a concentração para a observação é fundamental e que,
dificilmente, o TDAH percebe. Além disso, as dificuldades de organização e
planejamento interferem bastante nos relacionamentos.
Dentre os sintomas ou características constituintes do TDAH – Transtorno
do Déficit de Atenção/Hiperatividade, pode-se destacar a alteração da atenção, a
qual tem sua importância destacada no meio educacional, onde a atenção é
concebida como requisito fundamental ao sucesso do processo de ensino e
aprendizagem.
“Uma pessoa com comportamento DDA pode ou não apresentar
hiperatividade física, mas jamais deixará de apresentar forte tendência à
dispersão (SILVA, 2003, p. 09)”, o que gera problemas considerados, por vezes,
como indisciplina na sala de aula. Daí a necessidade do diagnóstico, para se
evitar esse tipo de equívoco que prejudica um aluno, em qualquer fase.
Brown (2007), enfatiza em seus estudos que todos os rótulos que o TDAH já
possuiu estão atrelados a uma característica e em muitos casos o transtorno
ainda está associado a varias dessas características; para outros autores, como
Souza (2007), o TDAH é uma síndrome psiquiátrica de alta prevalência em
crianças de idade escolar.

A dificuldade de prestar atenção a detalhes ou errar por descuido em


atividades escolares e de trabalho, dificuldades para manter a atenção
em tarefas ou atividades lúdicas; parecer não escutar quando lhe dirigem
a palavra; não seguir instruções e não terminar tarefas escolares,
domésticas ou deveres profissionais; dificuldades em organizar tarefas e
atividades; evitar, ou relutar, em envolver-se em tarefas que exijam
esforço mental constante; perder coisas necessárias para tarefas ou
atividades; e ser facilmente distraído por estímulos alheios a tarefa e
apresentar esquecimentos em atividades diarias (SENA e NETO, 2007,
p. 21).

As características destacadas na citação anterior podem ser percebidas


com facilidade por pais e professores, pois, as intervenções para evitá-las são
constantes como orientar para ficar quieto, sentar no lugar, prestar atenção, parar
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de mexer com os outros e por aí segue a série de ordens que contrariam os


impulsos de uma criança com TDAH.
Se para um adulto com DDA é difícil ficar concentrado, muito mais o será
para uma criança e isso não é algo prazerozo como a maioria das pessoas pensa
ser ao exortar “não viaja”; ao contrário, é algo angustiante que traz impregnada a
si a complexidade e a recusa à autoaceitação.

Conclusão

Analisar os aspectos de maior relevância ao TDAH – Transtorno do Déficit


de Atenção/Hiperatividadde não se constitui em uma tarefa fácil e simples, requer
um olhar diferenciado a um objeto de análise social que já possui conceitos
previamente convencionados e estabelecidos, inclusive com os preconceitos
arraigados a estes.
Compreender que o TDAH merece o mesmo respeito e valorização que
qualquer outra pessoa não expressa novidade no cenário educacional, no
entanto, as características positivas do cérebro com TDAH parecem ser
destaques inovadores, haja vista as escolas não desenvolverem atitudes e
práticas suficientemente condizentes com as realidades aqui expostas..
Portanto, as aprendizagens decorrentes desta pesquisa são bastante
significativas e abrem o horizonte de busca contínua pelo reconhecimento do
TDAH como pessoa humana merecedora de todo o respeito às limitações e
valorização das potencialidades que viabilizam a construção de habilidades
únicas advindas em decorrência das peculiaridades que o cérebro com TDAH
possuem. Os alunos com TDAH, são realmente excepcionais, e ao contrário dos
que desconhecem a fundo tal limitação pensam que são hiper intelectuais, a
mente deles não descansa.
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REFERÊNCIAS

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nacionais: Adaptações Curriculares- Secretaria de Educação Especial-Brasília:
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